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ARAPIRACA – AL
2023
ANÁLISE DE POEMAS DE
MANUEL BANDEIRA
O ÚLTIMO POEMA; VOU-ME EMBORA PARA PASÁRGADA; PNEUMOTÓRAX; TERESA
BIOGRAFIA
Manuel Bandeira foi um poeta, ensaísta e crítico literário
brasileiro nascido em Recife, em 1886, e falecido no Rio de Janeiro,
em 1968. Ele é considerado um dos principais representantes da poesia
modernista brasileira.
Bandeira começou a escrever poesia ainda na adolescência e
publicou seu primeiro livro, "Carnaval", em 1919. Entre suas
principais obras estão "Libertinagem" (1930), "Estrela da Manhã"
(1936), "Guia de Cegos" (1939) e "Belo Belo" (1948).
Seu estilo poético é marcado pelo uso de uma linguagem simples
e coloquial, além de uma temática intimista e pessoal, com temas
como o amor, a doença e a morte. Ele também é conhecido por seu
engajamento político, que se reflete em alguns de seus poemas.
Em termos de escola literária, Bandeira é geralmente associado ao
modernismo brasileiro, movimento que surgiu na década de 1920 e que
propunha uma ruptura com as formas literárias tradicionais. Dentro do
modernismo, ele faz parte da segunda geração, que se consolidou na
década de 1930 e tinha como principais características a valorização da
linguagem coloquial, a experimentação formal e o engajamento social
e político.
Alguns dos poemas mais conhecidos de Manuel Bandeira são
"Vou-me embora pra Pasárgada", "Poética", "O bicho", "Evocação do
Recife", "Pneumotórax" e "Lira dos Cinquent'anos".
O ÚLTIMO POEMA
Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos
intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais
límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
VOU-ME EMBORA PARA PASÁRGADA
Vou-me embora pra Pasárgada E como farei ginástica
Lá sou amigo do rei Andarei de bicicleta
Lá tenho a mulher que eu quero Montarei em burro brabo
Na cama que escolherei Subirei no pau-de-sebo
Vou-me embora pra Pasárgada. Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Vou-me embora pra Pasárgada Deito na beira do rio
Aqui eu não sou feliz Mando chamar a mãe - d’água.
Lá a existência é uma aventura Pra me contar as histórias
De tal modo inconsequente Que no tempo de eu menino
Que Joana a Louca de Espanha Rosa vinha me contar.
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive.
Vou-me embora pra Pasárgada E quando eu estiver mais triste
Em Pasárgada tem tudo Mas triste de não ter jeito
É outra civilização Quando de noite me der
Tem um processo seguro Vontade de me matar
De impedir a concepção - Lá sou amigo do rei -
Tem telefone automático Terei a mulher que eu quero
Tem alcalóide à vontade Na cama que escolherei
Tem prostitutas bonitas Vou-me embora pra Pasárgada.
Para a gente namorar
PNEUMOTÓRAX
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.