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Escola Estadual Raul Soares

Ubá-MG

TRABALHO
DE
LÍNGUA PORTUGUESA

Alunos:
Carlos Henrique Gomes Sousa
Sara Machado Pereira
Sara Martins de Freitas
Yasmin Vitória Fonseca Santos
Os heterônimos de Fernando Pessoa e as suas biografias
www.ebiografia.com

Álvaro de Campos (1890-1935), o poeta da vida moderna

Nascido em Tavira, na região do Algarve, sul de Portugal, no dia 15 de outubro de 1890, às


13:30h, Álvaro de Campos veio para Lisboa estudar quando ainda era muito novo. No final da
adolescência entrou para o curso de engenharia mecânica e depois naval na Escócia (em Glasgow),
onde se formou.
Álvaro de Campos nunca trabalhou porque não conseguia se imaginar preso a uma
rotina de escritório. O poeta da vida moderna deu voz ao cansaço, à ansiedade, à depressão e
à sensação de estar perdido, típica da sua geração.
Fernando Pessoa criou o seu heterônimo mais famoso em 1915. Fisicamente o descreveu
como sendo "alto (1,75 de altura, mais dois centímetros do que eu), magro e um pouco tendente a
curvar-se (...) Tipo vagamente de judeu português." De cabelo liso, usava sempre um monóculo.

Segundo o poeta:

de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um


novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda,
surgiu a "Ode Triunfal" de Álvaro de Campos a Ode com esse nome e o homem
com o homem que tem.

Os versos de Álvaro de Campos falam sobre a civilização moderna, sobre a vida industrial
veloz, intensa e sobre o excesso a que o seu corpo (e os da sua geração) não estava habituado.
Álvaro de Campos escreveu sobre a máquina, sobre a mecanização, sobre toda uma nova
era e sobre o seu desajuste com esse novo tempo. Ele foi também um poeta rebelde e revoltado,
que muitas vezes demonstrava a sua insatisfação na poesia.
Campos viajou para o Oriente, conheceu outras realidades e transpareceu a sua fome de mundo
nos versos.
Muitos dos seus poemas elogiam a infância, que leu como sendo o lugar do paraíso perdido.
Depois de conhecer o heterônimo Alberto Caeiro, no Ribatejo, Álvaro de Campos virou seu
discípulo: "O que o mestre Caeiro me ensinou foi a ter clareza; equilíbrio, organismo no delírio
e no desvairamento, e também me ensinou a não procurar ter filosofia nenhuma, mas com
alma".
O heterônimo faleceu no final de 1935, em Lisboa. Conheça mais sobre a vida de Álvaro de Campos.

Ode triunfal (trecho)

À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica Tenho febre


e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a
beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó
engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos
modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

Alberto Caeiro (1889-1915), o poeta da natureza

Caeiro é considerado o mestre dos outros heterônimos.

Nascido em Lisboa, no dia 16 de abril de 1889, ficou órfão de pai e mãe cedo e foi criado por
uma tia numa quinta no Ribatejo, onde conheceu Álvaro de Campos.
Não entrou para a universidade, tendo feito apenas o curso primário e não tinha profissão.
Caeiro aparece para Fernando Pessoa no dia 8 de março de 1914, de forma inesperada e o faz escrever
mais de três dezenas de poemas de uma vez.
Sobre o nascimento do heterônimo, Pessoa escreveu que se lembrou um dia de pregar uma peça ao
também poeta e amigo Mário de Sá-Carneiro inventando:
um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como,
em qualquer espécie de realidade. Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada
consegui. Num dia em que finalmente desistira foi em 8 de Março de 1914
acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé,
como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie
de êxtase cuja natureza não conseguirei definir.
Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título,
O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a
quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe- me o absurdo da frase:
aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive.

O heterônimo que louva a simplicidade e a ingenuidade levou uma vida no campo. Até a
própria linguagem que usa é simples e objetiva, muitas vezes se assemelha a linguagem das crianças.
Caeiro usa versos livres e muito acessíveis.
O heterônimo permanentemente elogia a natureza, deseja se integrar a ela com todas as suas
forças. Essa sua forma de estar à vontade no campo tem a ver com a sua criação nesse ambiente rural.

O poeta fala nos seus versos muito das sensações do corpo - não por acaso é conhecido como
sendo o poeta das sensações -, daquilo que experimenta com a pele, do que vê, do que ouve e do
que cheira.
O heterônimo privilegia o sentir e não o pensar: tudo é como é.
Em termos físicos é descrito como sendo louro, de olhos azuis e estatura média. Caeiro
faleceu de tuberculose em 1915, tendo tido uma curta vida.

Descubra mais sobre o percurso de Alberto Caeiro.

Eu nunca guardei rebanhos, Mas é como se os guardasse.


Minha alma é como um pastor, Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estacões A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr do Sol Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego Porque é natural e justa


E é o que deve estar na alma Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Ricardo Reis (1887-), o poeta erudito


Ricardo Reis nasceu no dia 19 de setembro de 1887, no Porto, às 16:05h. Sobre o
nascimento do heterônimo, o poeta Fernando Pessoa escreveu:

O Dr.Ricardo Reis nasceu dentro da minha alma no dia 29 de Janeiro de 1914, pelas
11 horas da noite. Eu estivera ouvindo no dia anterior uma discussão extensa sobre os
excessos, especialmente de realização, da arte moderna.
Segundo o meu processo de sentir as cousas sem as sentir, fui-me deixando ir na onda
dessa reacção momentânea. Quando reparei em que estava pensando, vi que tinha
erguido uma teoria neoclássica, que se ia desenvolvendo.

Apesar de ter dito que Ricardo Reis nasceu na sua cabeça em 1914 (em Páginas Íntimas e de
Auto-Interpretação), numa carta posterior, que escreveu para Adolfo Casais Monteiro, em janeiro de
1935, Pessoa assumiu que pensou pela primeira vez em Ricardo Reis dois anos antes, em 1912.
Ricardo Reis foi educado num colégio jesuíta e é monarquista. Formado em Medicina, é um homem
profundamente culto, que sabe latim e grego.
Com uma formação clássica, o heterônimo louva a civilização e a mitologia grega. Usa nos seus versos
uma linguagem culta, elaborada, e formas métricas.
Reis é obcecado pelo tema da morte e relembra muitas vezes nos seus versos como a vida é passageira. As
suas primeiras obras foram publicadas na revista Athena, mas os poemas mais famosos saíram na Revista
Presença.
Em termos sociais, é distante dos outros, não se relaciona bem com quem está ao redor e recusa qualquer tipo
de compromisso afetivo.
Fisicamente era descrito como mais baixo e mais pesado do que Caeiro. Não usava barba. Depois que a
República é proclamada em Portugal, Ricardo Reis se exila voluntariamente no Brasil, em 1919.
O heterônimo escreveu entre 1914 e 1933. A sua data de falecimento nunca foi atribuída por Fernando Pessoa.
Saiba mais sobre a biografia de Ricardo Reis.

Vivem em nós inúmeros;


Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma. Há mais
eus do que eu mesmo. Existo todavia
Indiferente a todos. Faço-
os calar: eu falo. Os
impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto Disputam em
quem sou. Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.

Semi-heterônimo

Semi-heterônimo é quando o heterônimo tem as suas características semelhantes ao seu criador,


como Bernardo Soares, ele é um semi-heterônimo de Fernando Pessoa por ter suas características
semelhantes a ele, sendo enigmático e misterioso sempre cultivando traços de Fernando Pessoa em seu modo
de escrever.
É Fernando Pessoa quem aponta Bernardo Soares como semi-heterônimo. É um semi-heterônimo
porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela,
escreve na Carta a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935.
Bernardo Soares é uma figura de ficção criada por Fernando Pessoa, mas é  também  quem escreve o Livro
do Desassossego.
Já Bernardo Soares, com seu Livro do desassossego, apresenta um texto em fragmentos que traz
reflexões sobre a própria inviabilidade, inutilidade e imperfeição da escrita e o tédio e o trágico do existir,
além de uma indagação muito contemporânea, o anonimato e o cotidiano comum de um universo urbano
como Lisboa.
O Livro do Desassossego vem retratar a condição da alma humana, onde o autor nos traz confissões e
sensações expostas em cada fragmento solto. Aqui Fernando Pessoa procura nos levar para uma viagem à
mente humana de forma poética e reflexiva, ao mesmo tempo uma viagem intensa e emocionante.
O autor reflete com profundidade e perfeição a condição da alma humana em seu século, de tal
modo que o leitor vai ser identificar em algum momento com as confissões do guardador de livros conhecido
como Bernardo Soares.
Em toda sua prosa poética, Fernando Pessoa traz novos rumos de pensamentos, reflexões e
sensibilidades que vai aflorando em cada momento, em cada trecho da obra. Ele ainda sintetiza os sonhos, as
angústias, os valores morais e o conhecimento. Todos esses fatos sem uma ordem específica ou linha
cronológica.

Fernando Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888, na cidade de Lisboa,


Portugal. Viveu parte da infância e sua adolescência em Durban, na África
do Sul. Em 1905, voltou a morar em Portugal, onde escreveu a sua obra,
criou heterônimos, fundou duas editoras, trabalhou como tradutor e
conheceu sua única namorada.

O poeta, que morreu em 30 de novembro de 1935, em Lisboa, é um dos


principais autores do modernismo português. Pertencente à Geração de
Orpheu, Fernando Pessoa produziu textos caracterizados pelo
nacionalismo crítico e pela liberdade formal, além de conterem traços
do simbolismo, cubismo e futurismo.

Fernando Pessoa, poeta português, nasceu em 13 de junho de 1888, em


Lisboa. Ficou órfão de pai quando tinha 5 anos de idade. Dois anos depois,
em 1895, sua mãe se casou com o cônsul João Miguel Rosa. Por isso, em
1896, o menino se mudou para a África do Sul, onde estudou no colégio
de freiras Convent School, na Durban High School e na Commercial School
de Durban.

Em 1905, voltou para Portugal e iniciou o curso superior de Letras, em


Lisboa, mas o deixou dois anos depois. Em 1909, ao receber a herança de
sua avó paterna, tornou-se dono da tipografia e editora Íbis, que logo foi
à falência. Assim, nos anos seguintes, o autor se dedicou à escrita
literária e à criação de diversos heterônimos.
No ano de 1912, publicou, na revista A Águia, o artigo A nova poesia
portuguesa sociologicamente considerada. Já em 1915, na
revista Orpheu, porta-voz do modernismo português, publicou os
textos: O marinheiro, Opiário, Ode triunfal, Chuva oblíqua e Ode marítima.
No ano seguinte, tirou o acento de seu sobrenome (Pessôa), para o tornar
mais universal.

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