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Contexto histórico

O feudalismo;

As cruzadas;

Monopólio clerical;

Teocentrismo;

Geocentrismo;

A vida palaciana;

Relação de vassalagem.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Galego-português

Tradição oral e coletiva

Amor cortês;

Mesura;

Amor platônico;
Vassalagem amorosa;

Fusão entre a palavra e a música;

GÊNEROS

Lírico

Cantiga de amigo

Cantiga de amor

Satírico

Cantigas de

escárnio

Cantigas de

maldizer

CANTIGA DE AMOR

Amor do trovador pela

mulher amada;

Mulher idealizada;
Contemplação platônica;

Sofrimento por amor;

Vassalagem amorosa;

Amor cortês;

Estribilho ou refrão

CANTIGA DE AMIGO

Eu - lírico feminino

Mulher concreta (real);

Dialogo com a natureza;

Mulher do povo;

Sensualismo;

paralelismo

CANTIGA DE ESCÁRNIO
Referências indiretas;

Ironia;

Ambiguidade;

Não se revela o nome da

pessoa satirizada;

CANTIGA DE MALDIZER

Sátira direta

Maledicência;

Uso de palavras obscenas;

Erotismo;

Citação nominal

A cantiga de amor

"A dona que eu am'e tenho por Senhor

amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,


se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus

e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,

se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer

de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,

se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,

mostrade-me-a algo possa con ela falar,

se non dade-me-a morte."

Cantiga de amigo

"Ai flores, ai flores do verde pino,

se sabedes novas do meu amigo!

ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,

se sabedes novas do meu amado!

ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,

aquel que mentiu do que pôs comigo!

ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

aquel que mentiu do que mi há jurado!

ai Deus, e u é?"

Cantiga de escárnio

Ai, dona fea, foste-vos queixar

que vos nunca louv[o] em meu cantar;

mais ora quero fazer um cantar


em que vos loarei toda via;

e vedes como vos quero loar:

dona fea, velha e sandia! (...)

NOVELAS DE CAVALARIA

PROF. IGOR

CARACTERÍSTCAS

Primeiros romances;

Defesa dos valores sociais;

Tradição oral e coletiva

Ciclos:

Clássico;

arturiano/bretão;

corolíngio/francês

Fin...Trovadorismo
Daniela Diana Daniela Diana Professora licenciada em Letras

O trovadorismo é um movimento literário que esteve marcado pela produção de cantigas líricas (focadas
em sentimentos e emoções) e satíricas (com críticas diretas ou indiretas).

Considerado o primeiro movimento literário europeu, ele reuniu registros escritos da primeira época da
literatura medieval entre os séculos XI e XIV.

Esse movimento, que ocorreu somente na Europa, teve como principal característica a aproximação da
música e da poesia.

Nessa época, as poesias eram feitas para serem cantadas ao som de instrumentos musicais. Geralmente,
eram acompanhadas por flauta, viola, alaúde, e daí o nome “cantigas”.

O autor das cantigas era chamado de “trovador”, enquanto o “jogral” as declamava e o “menestrel”,
além de recitar também tocava os instrumentos. Por isso, o menestrel era considerado superior ao jogral
por ter mais instrução e habilidade artística, pois sabia tocar e cantar.

Todos os manuscritos das cantigas trovadorescas encontradas estão reunidas em documentos chamados
de “cancioneiros”.

Em Portugal, esse movimento teve como marco inicial a Cantiga da Ribeirinha (ou Cantiga de Guarvaia),
escrita pelo trovador Paio Soares da Taveirós, em 1189 ou 1198, pois não se sabe ao certo o ano em que
ela foi produzida.

Escrita em galego-português (língua que se falava na época), a Cantiga da Ribeirinha (ou Cantiga de
Guarvaia) é o registro mais antigo que se tem da produção literária desse momento nas terras
portuguesas.

Confira abaixo um trecho dessa cantiga:

No mundo non me sei parelha,

mentre me for' como me vai,


ca ja moiro por vós - e ai!

mia senhor branca e vermelha,

Queredes que vos retraia

quando vos eu vi em saia!

Mao dia me levantei,

que vos enton non vi fea!

Embora o trovadorismo tenha surgido na região da Provença (sul da França), ele se espalhou por outros
países da Europa, pois os trovadores provençais eram considerados os melhores da época, e seu estilo
foi imitado em toda a parte.

O trovadorismo teve seu declínio no século XIV, quando começou outro movimento da segunda época
medieval portuguesa: o humanismo.

Contexto histórico do Trovadorismo

O trovadorismo teve origem no continente europeu durante a Idade Média, um longo período da
história que esteve marcado por uma sociedade religiosa. Nele, a Igreja Católica dominava inteiramente
a Europa.

Nesse contexto, o teocentrismo (Deus no centro do mundo) prevalecia, cujo homem ocupava um lugar
secundário e estava à mercê dos valores cristãos.

Dessa maneira, a igreja medieval era a instituição social mais importante e a maior representante da fé
cristã. Ela que ditava os valores, influenciando diretamente no comportamento e no pensamento do
homem. Assim, somente as pessoas da Igreja sabiam ler e tinham acesso à educação.

Nesse período, o feudalismo era o sistema econômico, político e social que vigorava. Baseado em
feudos, grandes extensões de terras comandadas pelos nobres, a sociedade era rural e autossuficiente.
Nele, o camponês vivia miseravelmente e a propriedade de terra dava liberdade e poder.
Principais características do Trovadorismo

União da música e da poesia;

Recitação de poemas com acompanhamento musical;

Produção de cantigas líricas (que evidencia os sentimentos, emoções e percepções do autor) e satíricas
(que tem como objetivo criticar ou ridicularizar algo ou alguém);

Principais temas explorados: amor, sofrimento, amizade e críticas política e social.

Saiba mais sobre as Características do Trovadorismo.

O Trovadorismo em Portugal (1189 ou 1198 - 1418)

O trovadorismo português teve seu apogeu nos séculos XII e XIII, entrando em declínio no século XIV.

O ano de 1189 (ou 1198) é considerado o marco inicial da literatura portuguesa e do movimento do
trovadorismo.

Essa é a data provável da primeira composição literária conhecida “Cantiga da Ribeirinha” ou “Cantiga de
Guarvaia”. Ela foi escrita pelo trovador Paio Soares da Taveirós e dedicada a dona Maria Pais Ribeiro.

Na Península Ibérica, o centro irradiador do Trovadorismo aconteceu na região que compreende o norte
de Portugal e a Galícia.

Desde o século XI, a Catedral de Santiago de Compostela, centro de peregrinação religiosa, atraía
multidões. Ali, as cantigas trovadorescas eram cantadas em galego-português, língua falada na região.

Embora os textos em prosa tenham sido explorados no trovadorismo (novelas de cavalaria, nobiliários,
hagiografias e cronicões), foi na poesia que esse movimento se destacou.

Assim, temos as poesias líricas trovadorescas, que incluem as cantigas de amor e de amigo, e as poesias
satíricas, que reúnem as cantigas de escárnio e maldizer.

Veja também sobre as Origens da Literatura Portuguesa e o Humanismo.


Principais autores do trovadorismo em Portugal

O rei D. Dinis (1261-1325) foi um grande incentivador que prestigiou a produção poética em sua corte.
Foi ele próprio um dos mais talentosos trovadores medievais com uma produção de 140 cantigas líricas e
satíricas.

Além dele, outros trovadores que obtiverem grande destaque em Portugal foram:

Paio Soares de Taveirós

João Soares Paiva

João Garcia de Guilhade

Martim Codax

Aires Teles

As cantigas do Trovadorismo

Dependendo do tema, da estrutura, da linguagem e do eu lírico, as cantigas trovadorescas são


classificadas em quatro tipos: cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer.

Cantigas de amor

Originárias da região de Provença, na França, apresenta uma expressão poética sutil e bem elaborada.
Os sentimentos são expressos com mais profundidade, sendo que o tema mais frequente é o sofrimento
amoroso.

“Cantiga da Ribeirinha” de Paio Soares de Taveirós

No mundo non me sei parelha,

mentre me for' como me vai,

ca ja moiro por vós - e ai!

mia senhor branca e vermelha,


Queredes que vos retraia

quando vos eu vi em saia!

Mao dia me levantei,

que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, des aquelha

me foi a mí mui mal di'ai!,

E vós, filha de don Paai

Moniz, e ben vos semelha

d'haver eu por vós guarvaia,

pois eu, mia senhor, d'alfaia

nunca de vós houve nen hei

valía dũa correa.

Tradução

No mundo ninguém se assemelha a mim

Enquanto a vida continuar como vai,

Porque morro por vós e - ai! -

Minha senhora alva e de pele rosadas,

Quereis que vos retrate

Quando eu vos vi sem manto.

Maldito seja o dia em que me levantei

E então não vos vi feia!

E minha senhora, desde aquele dia, ai!

Tudo me ocorreu muito mal!

E a vós, filha de Dom Paio

Moniz, parece-vos bem


Que me presenteeis com uma guarvaia,

Pois eu, minha senhora, como presente,

Nunca de vós recebera algo,

Mesmo que de ínfimo valor.

Cantigas de amigo

Originárias da Península Ibérica, as cantigas de amigo constituem a manifestação mais antiga e original
do lirismo português.

Nelas, o trovador procura traduzir os sentimentos femininos, falando como se fosse uma mulher. Nessa
época, a palavra “amigo” significava “namorado” ou “amante”.

Cantiga “Ai Deus, se sab'ora meu amigo” de Martin Codax

Ai Deus, se sab'ora meu amigo

com'eu senheira estou em Vigo!

E vou namorada...

Ai Deus, se sab'ora meu amado

com'eu em Vigo senheira manho!

E vou namorada...

Com'eu senheira estou em Vigo

e nulhas gardas nom hei comigo!

E vou namorada...

Com'eu senheira em Vigo manho


e nulhas gardas migo nom trago!

E vou namorada...

E nulhas gardas nom hei comigo,

ergas meus olhos que choram migo!

E vou namorada...

E nulhas gardas migo nom trago,

ergas meus olhos que choram ambos!

E vou namorada...

Cantigas de escárnio e cantigas de maldizer

Esses tipos de cantigas são satíricas e irreverentes, as quais reuniam versos que criticavam a sociedade,
os costumes e ridicularizavam os defeitos humanos.

Cantiga de escárnio “A Dom Foam quer'eu gram mal” de João Garcia de Guilhade

A Dom Foam quer'eu gram mal

e quer'a sa molher gram bem;

gram sazom há que m'est'avém

e nunca i já farei al;

ca, desquand'eu sa molher vi,

se púdi, sempre a servi

e sempr'a ele busquei mal.

Quero-me já maenfestar,

e pesará muit'[a] alguém,

mais, sequer que moira por en,


dizer quer'eu do mao mal

e bem da que mui bõa for,

qual nom há no mundo melhor,

quero-[o] já maenfestar.

De parecer e de falar

e de bõas manhas haver,

ela, nõn'a pode vencer

dona no mund', a meu cuidar;

ca ela fez Nostro Senhor

e el fez o Demo maior,

e o Demo o faz falar.

E pois ambos ataes som,

como eu tenho no coraçom,

os julg'Aquel que pod'e val.

Saiba mais sobre A Linguagem do Trovadorismo.

Os cancioneiros do Trovadorismo

Os Cancioneiros são coletâneas de manuscritos das cantigas trovadorescas que foram produzidas em
galego-português na primeira época medieval (a partir do século XI).

Eles reúnem cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer, e que foram escritas por diversos
autores.

Estes são os únicos documentos que restaram para o conhecimento das obras do Trovadorismo e, hoje
em dia, podemos encontrá-los em bibliotecas da cidade de Lisboa e do Vaticano.

Os três cancioneiros que reúnem as cantigas trovadorescas são:

Cancioneiro da Ajuda: constituído de 310 cantigas, esse cancioneiro se encontra na Biblioteca do Palácio
da Ajuda, em Lisboa, originado provavelmente no século XIII.

Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa: conhecido também pelo nome em italiano, “Cancioneiro
Colocci-Brancuti”, esse cancioneiro, composto de 1647 cantigas, foi compilado provavelmente no século
XV.

Cancioneiro da Vaticana: originado provavelmente no século XV e composto de 1205 cantigas, esse


cancioneiro está na Biblioteca do Vaticano.

Teste seus conhecimentos sobre esse tema em: Exercícios sobre trovadorismo

Daniela Diana

Daniela Diana

Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção
Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde
2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.

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Características do Trovadorismo

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A Linguagem do Trovadorismo

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Características do Trovadorismo

Daniela Diana Daniela Diana Professora licenciada em Letras

O trovadorismo foi o primeiro movimento literário europeu (séculos XI a XIV) que se caracterizou pela
união da música e da poesia com a produção de cantigas líricas (com foco em sentimentos e emoções) e
satíricas (com críticas diretas ou indiretas).

Como principais características do trovadorismo, temos:


1. Forte relação da música e a poesia

No trovadorismo, grande parte dos textos eram produzidos para serem cantados e acompanhados de
instrumentos musicais (viola, flauta e alaúde). Isso porque, na Idade Média, a maior parte pessoas não
sabiam ler e escrever.

Sendo assim, as poesias cantadas (cantigas) eram memorizadas e recitadas para os nobres que viviam na
corte e também para pessoas comuns, por exemplo, nos mercados medievais.

2. Presença de trovadores, jograis e menestréis

Os autores das cantigas, que faziam trovas e rimas, eram conhecidos como “trovadores”, daí o nome do
movimento. De maneira geral, os trovadores eram homens pertencentes à nobreza ou ao Clero.

Além dele, haviam os “jograis” e os “menestréis”. Os jograis eram os responsáveis por memorizar as
cantigas e recitá-las em locais públicos. Os menestréis também memorizavam as cantigas, mas, além
disso, tocava os instrumentos musicais.

3. Produção de cantigas líricas e satíricas

O trovadorismo se destacou com a produção de poesias líricas (cantigas de amor e amigo) e poesias
satíricas (cantigas de escárnio e maldizer).

A poesia lírica explora os sentimentos e emoções do autor e, por isso, são escritas em primeira pessoa
(eu). Nas cantigas de amor, o eu lírico (a voz da poesia) é masculino e o tema mais explorado é o
sofrimento amoroso. Já na cantiga de amigo, o eu lírico é feminino e o tema mais frequente é a saudade
e o lamento amoroso da dama que sofre com a ausência do amado.

Já a poesia satírica critica diversos aspectos da sociedade da época, além de ridicularizar as pessoas. As
cantigas de escárnio fazem críticas indiretas, enquanto as cantigas de maldizer produzem críticas diretas
através de uma linguagem mais grosseira.

4. Amor cortês e vassalagem amorosa

Uma forte característica explorada nas cantigas de amor do trovadorismo é o amor cortês e a vassalagem
amorosa. Juntos, esses conceitos representam a submissão e fidelidade amorosa do homem diante de
sua amada. Esse sentimento é expresso pela promessa de honrar e servir a dama com humildade e
paciência.

Nesse sentido, a mulher é idealizada, inatingível e considerada o ser mais belo e puro. No amor cortês,
os homens idealizam as mulheres da corte que eram casadas e, por isso, trata-se de um amor adúltero e
incapaz de se realizar.

5. Produção de textos em prosa

Embora o trovadorismo tenha se popularizado e se destacado na produção poética, ele reuniu também
diversos textos em prosa, como as novelas de cavalaria, as hagiografias, os cronicões e os nobiliários.

As novelas de cavalaria são textos narrativos que relatam grandes feitos e aventuras fantásticas de heróis
e cavaleiros medievais que enfrentavam batalhas e monstros.

As hagiografias são textos narrativos e biográficos de valor histórico-religioso que retratam a vida dos
santos e os milagres realizados. Os cronicoes são crônicas de valor histórico que, de maneira cronológica,
reúnem textos de acontecimentos reais ou fictícios relacionados com o contexto medieval.

Já os nobiliários, também conhecidos como livros de linhagem, são textos que apresentam as árvores
genealógicas das famílias dos nobres medievais.

6. Produção de textos teatrais

No trovadorismo, os textos teatrais também foram explorados e está composto de mistérios, milagres,
moralidades, autos e sotties. No teatro medieval, esses textos eram dramatizados e apresentados ao
público das cortes ou mesmo nos ambientes mais populares como as feiras e os mercados medievais.

De caráter religioso estavam os mistérios e os milagres. Os mistérios eram encenações sobre a vida de
Jesus Cristo, enquanto os milagres representavam as vidas de santos e os milagres realizados por eles.

Com teor didático estavam as moralidades, que além de ensinar alertavam sobre alguns aspectos morais
da vida em sociedade.
Com conteúdo mais satírico e profano estão reunidos os autos e os sotties. Os autos eram peças curtas e
cômicas que ridicularizavam pessoas. Os sotties também possuíam um teor crítico e satirizante, mas
diferente dos autos, tinham um personagem bobo que fazia o papel cômico.

Características das cantigas trovadorescas

As cantigas foram a principal manifestação literária do trovadorismo. Produzidas pelos trovadores, elas
eram recitadas e acompanhadas de instrumentos musicais.

Dessa forma, eram cantados em coro, sobretudo nos ambientes aristocráticos da corte.

Dependendo do eu lírico, do tema explorado, da estrutura e da linguagem utilizada, elas foram


classificadas em 4 tipos: cantigas de amor, cantigas de amigo, cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.

Características das cantigas de amor

influência dos trovadores provençais

escritas em primeira pessoa (eu)

eu lírico é masculino

o cenário é a rotina palaciana e aristocrática das cortes

declaração de amor à amada

a amada é reverenciada e inatingível

demonstração da servidão amorosa

sofrimento amoroso, aflição e desgosto

Exemplo de cantiga de amor de Dom Dinis

Quant'há, senhor, que m'eu de vós parti,

atam muit'á que nunca vi prazer,

nen pesar, e quero-vos eu dizer

como prazer, nen pesar non er (vi):

perdi o sen e non poss' estremar


o ben do mal, nen prazer do pesar.

E, des que m'eu, senhor, per bõa fé,

de vós parti, creed' agora ben

que non vi prazer nen pesar de ren,

e aquesto direy-vos porque (é):

perdi o sen e non poss' estremar

o ben do mal, nen prazer do pesar.

Ca, mha senhor, bem des aquela vez

que m'eu de vós parti, no coraçon

nunca ar ouv'eu pesar des enton

nen prazer, e direy-vos que mh-o fez:

perdi o sen e non poss' estremar

o ben do mal nen prazer do pesar.

Características das cantigas de amigo

influência da tradição ibérica popular

escritas em primeira pessoa (eu)

eu lírico é feminino, mas os autores eram homens

o ambiente é rural ou urbano

sofrimento da mulher separada do amante ou amigo

sentimento de angústia e tristeza

Desejo de relacionamento entre nobres e plebeias

Reflexo da sociedade patriarcal

Exemplo de cantiga de amigo de Nuno Fernandes Torneol


Levad', amigo, que dormides as manhanas frias

tôdalas aves do mundo d'amor dizia[m]:

leda m'and'eu.

Levad', amigo que dormide'las frias manhanas

tôdalas aves do mundo d'amor cantavam:

leda m'and'eu.

Tôdalas aves do mundo d'amor diziam,

do meu amor e do voss[o] em ment'haviam:

leda m'and'eu.

Tôdalas aves do mundo d'amor cantavam,

do meu amor e do voss[o] i enmentavam:

leda m'and'eu.

Do meu amor e do voss[o] em ment'haviam

vós lhi tolhestes os ramos em que siíam:

leda m'and'eu.

Do meu amor e do voss[o] i enmentavam

vós lhi tolhestes os ramos em que pousavam:

leda m'and'eu.

Vós lhi tolhestes os ramos em que siíam

e lhis secastes as fontes em que beviam;


leda m'and'eu.

Vós lhi tolhestes os ramos em que pousavam

e lhis secastes as fontes u se banhavam;

leda m'and'eu.

Características das cantigas de escárnio

poesias satíricas

críticas indiretas

uso de linguagem irônica

presença de trocadilhos e ambiguidades

crítica ao contexto político e social

nome da pessoa satirizada não é revelado

Exemplo de cantiga de escárnio de Pero Larouco

De vós, senhor, quer'eu dizer verdade

e nom já sobr'[o] amor que vos hei:

senhor, bem [mor] é vossa tropidade

de quantas outras eno mundo sei;

assi de fea come de maldade

nom vos vence hoje senom filha d'um rei.

Nom vos amo [eu] nem me perderei,

u vos nom vir, por vós de soidade.

E s[e] eu vosco na casa sevesse

e visse vós e a vossa color,


se eu o mundo em poder tevesse,

nom vos faria de todos senhor,

nem doutra cousa onde sabor houvesse.

E d'ũa rem seede sabedor:

que nunca foi filha d'emperador

que de beldade peor estevesse.

Todos vos dizem, senhor, com enveja,

que desamades eles e mi nom.

Por Deus, vos rogo que esto nom seja,

nem façades cousa tam sem razom:

amade vós [o] que vos mais deseja

e bem creede que eles todos som;

e se vos eu quero bem de coraçom,

leve-me Deus a terra u vos nom veja.

Características das cantigas de maldizer

poesias satíricas

críticas diretas

linguagem grosseira com uso de palavrões

uso de ironia e expressões de duplo sentido

ridiculariza pessoas, a sociedade medieval e os costumes da época

nome da pessoa satirizada é identificado

Exemplo de cantiga de maldizer de Fernão Velho

Maria Pérez se maenfestou


noutro dia, ca por [mui] pecador

se sentiu, e log'a Nostro Senhor

pormeteu, polo mal em que andou,

que tevess'um clérig'a seu poder,

polos pecados que lhi faz fazer

o Demo, com que x'ela sempr'andou.

Maenfestou-se ca diz que s'achou

pecador muit', e por en rogador

foi log'a Deus, ca teve por melhor

de guardar a El ca o que a guardou;

e mentre viva, diz que quer teer

um clérigo com que se defender

possa do Demo, que sempre guardou.

E pois que bem seus pecados catou,

de sa mort'houv'ela gram pavor

e d'esmolnar houv'ela gram sabor;

e log'entom um clérigo filhou

e deu-lh'a cama em que sol jazer,

e diz que o terrá, mentre viver;

e est'afã todo por Deus filhou.

E pois que s'este preito começou

antr'eles ambos houve grand'amor

antr'ela sempr'[e] o Demo maior,

atá que se Balteira confessou;


mais, pois que vio o clérigo caer

antr'eles ambos, houv'i a perder

o Demo, des que s'ela confessou.

Saiba mais sobre o movimento do Trovadorismo:

Trovadorismo

Cantigas Trovadorescas

A Linguagem do Trovadorismo

Exercícios sobre Trovadorismo

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Daniela Diana

Daniela Diana

Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção
Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde
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