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ESTUDOS LITERÁRIOS:
Conteúdos – A Literatura Medieval e o Trovadorismo / O Ciclo Humanístico e Renascentista
Conforme as palavras do Prof. Antônio Cândido, entende-se por literatura “todas as criações de toque
poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o
que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das
grandes civilizações”. Ou seja, é a “manifestação universal de todos os homens em todos os tempos”.
Nesse momento, vamos estudar a Literatura Medieval a fim de compreender o seu contextohistórico de
produção e os principais autores e obras dessa estética literária.
Produzida ao logo da Idade Média (século V até o século XV), a Literatura Medieval apresenta obras
marcadas pelo forte apelo aos temas religiosos, cujos autores eram monges, arcebispos, bispos e papa.
Essa literatura é restrita aos membros do clero e da nobreza, já que grande parte da população era
analfabeta.
A Literatura Medieval desenvolve-se sob influências do contexto histórico e social da época.Na primeira
fase da Idade Média, denominada “Alta Idade Média”, que vai do século V ao século IX, destaca-se o
Sistema Feudal exercendo grande influência política, econômica, cultural e social;uma forte expansão de
reinos e o advento do Islamismo (século VII, Maomé). Já a segunda fase da Idade Média, chamada “Baixa
Idade Média”, compreende os séculos X ao XV, nota-se uma criseno Sistema Feudal; a expansão do
Cristianismo (Cruzadas); o renascimento urbano e comercial ea formação de monarquias.
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(Iluminura medieval em que servos oferecem peças de um animal ao senhor feudal.)
(Fonte: googleimagens.com. Acesso em maio/2023)
Temas religiosos (alma humana, santos, existência de Deus, moral cristã, um olhar sobre o
cotidiano da vida sob uma ótica religiosa);
Textos escritos nos pergaminhos na língua latina (falada pelo clero e nobreza);
Produção de livros a mão (produção em monastérios), destacam-se os monges copistas;
Presença de histórias épicas (feitos heroicos), relatos de guerras e batalhas, cavaleiros,
cruzadas;
Uso de textos religiosos (passagens da Bíblia) para fins educativos devido ao analfabetismo.
Dante Alighieri
Giovanni Boccaccio
Santo Agostinho
São Tomás de Aquino
Pedro Abelardo
Geoffrey Chaucer
Boccio
Paio Soares de Taveirós
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TROVADORISMO
Movimento literário e poético surgido durante a Idade Média, no século XI, na localidade deProvence
(sul da França) que se espalhou por toda a Europa, tendo o seu declínio no século XIV quando começa
o Humanismo.
(Fonte: https://poesiatgp.wordpress.com)
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As características mais marcantes da escola literária trovadora ou trovadoresca são:
Podemos notar que nas cantigas de amigo o eu lírico é representado como uma mulher,o trovador se
coloca como o eu feminino ao cantar a canção e fala sobre seu amado (amigo) normalmente no primeiro
verso. Já nas de amor, o eu lírico se coloca na posição de vassalo, se coitando por não ter o amor de sua
amada (a senhoria). Nas cantigas de escárnio, normalmente não há o nome da pessoa satirizada e a
expressão é de forma irônica. Por outro lado, nas cantigas de maldizer o satirizado é de forma direta e é
nomeado.
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Produção literária do Trovadorismo
Tradução:
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Cantiga de amor, de Bernardo de Bonaval
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Cantiga de Escárnio, de João Garcia de Guilhade
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Síntese (2ª parte):
O CICLO HUMANÍSTICO E RENASCENTISTA
Como você percebeu, na primeira época medieval, entre os séculos XII e XIV, as cantigas trovadorescas
protagonizam a vida cultura e as manifestações literárias galego-portuguesas. A segunda época medieval
é marcada por uma transição denominada Humanismo – um movimento intelectual e artístico surgido no
século XV, na Itália, com o Renascimento, inspirado na civilizaçãogreco-romana.
O Humanismo rompe o pensamento teocêntrico (Deus como centro do Universo) da Idade Média e,
consequentemente, valoriza um saber crítico voltado para um maior conhecimento do homem e uma
cultura que promove o desenvolvimento das potencialidades da condição humana. Na Literatura, esse
movimento representa a transição entre o Trovadorismo e Classicismo, assim como da Idade Média para
a Idade Moderna.
O termo humanismo está etimologicamente atrelado à palavra latina “humanitas”, implica valorizar o
ser humano a condição humana, isto é, o homem provido de uma capacidade racional é considerado a
finalidade das coisas – Antropocentrismo, o que lhe permite compreender melhoro mundo e o próprio ser.
A produção da Literatura Humanista foi muito inovadora dadas as perspectivas estético -literárias:
1. Poesia Humanista: com traços semelhantes aos da poesia trovadoresca, nela separa-se amúsica da
poesia. A poesia passa a ser declamada nos palácios, sendochamada de poesia palaciana;
2. Crônicas Históricas: visavam relatar a vida dos reis por meio dos documentos históricos;nos
textos havia rigor e objetividade na forma e no conteúdo;
4. Textos Teatrais: eram escritos para a representação, sendo divididos em Autos e Farsas. Estas
tratavam do cotidiano da sociedade da época, com traços de humorsobre os tipos e costumes sociais.
Já aqueles eram peças curtas sobre cenas bíblicas.
O teatro de Gil Vicente foi a principal manifestação literária em Portugal. Durante a primeira época
medieval, o teatro era ligado à Igreja e consistia na encenação, realizadas em igrejas e monastériosno geral,
de episódios bíblicos e da vida dos santos, ou na tentativa de transmissão de preceitos morais
(representação de ideias como os vícios e as virtudes). O teatro, em Portugal, com Gil Vicente é produzido
fora dos domínios da Igreja, instaurando o desenvolvimento de um teatro leigo(não religioso).
Esse novo teatro, cujo público-alvo era os monarcas portugueses e sua corte, caracterizava-se por
uma rica linguagem poética e pela sátira cruel aos costumes da sociedade portuguesa. Gil Vicente
construiu imagens, ambiguidades, ironias e trocadilhos que satirizam e criticam os comportamentos
considerados condenáveis por ele. Ao mesmo tempo que visava à diversão do público, o seu teatro
almejava a moralização dos costumes e a reforma dos homens. Esse caráter moralizante e reformador
de sua obra não tinha como alvo as instituições – por exemplo a Igreja, mas os homens corruptos e
inescrupulosos que delas participavam.
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AUTO DA BARCA DO INFERNO – GIL VICENTE
INFORMAÇÕES GERAIS:
O Auto da Barca do Inferno ou Auto da Moralidade é uma obra de dramaturgia que foi escrita em
1517 pelo escritor humanista português Gil Vicente.
Essa peça é uma das mais emblemáticas do dramaturgo, considerado o “pai do teatro português”.
Foi encenada em 1531 e faz parte da Trilogia das Barcas, ao lado do Auto da Barca do Purgatório e
o Auto da Barca da Glória.
Lembre-se que “auto” é um gênero que surgiu na Idade Média. São textos curtos de temática cômica
e geralmente formados por um único ato.
Por meio da presença de dois barqueiros, o Anjo e o Diabo, eles recebem as almas dos passageiros
que passam para o outro mundo.
A cena passa-se num porto e portanto, um dos barcos vai em direção ao céu, e outro para o inferno.
A maioria dos personagens vão para a barca do inferno. Durante suas vidas não seguiram o caminho
de Deus, foram trapaceiros, avarentos, interesseiros e cometeram diversos pecados.
Por outro lado, quem seguia os preceitos de Deus e viveu de maneira simples vai para a barca de
Deus. São eles: Joane, o parvo, e os quatro cavaleiros.
O Auto da Barca do Inferno é um grande clássico da literatura portuguesa. Ele possui diversas sátiras
envolvendo a moralidade.
Pelo destino das almas de alguns personagens, a obra satiriza o juízo final do catolicismo, além da
sociedade portuguesa do século XVI
A alegoria do juízo final é um recurso utilizado pelo dramaturgo através de seus personagens (diabo e
anjo).
Além disso, cada personagem possui uma simbologia associada à falsidade, ambição, corrupção,
avareza, mentira, hipocrisia, etc.
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PERSONAGENS E SEUS PECADOS:
Referências:
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 48ª. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
CEREJA, Willian Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens, Vol. Único. São Paulo:
Atual, 2006.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. 7ª. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 37ª. ed. rev. e atual. São Paulo: Cultrix, 2008.
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