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O conto

O conto é uma narrativa breve e


concisa, contendo um só
conflito, uma única ação,
unidade de tempo, e número
restrito de personagens.
A estrutura do conto é baseada nos elementos fundamentais da tipologia narrativa. Nesse sentido,
é importante analisar as características desse tipo textual.

• O texto narrativo tem como objetivo relatar fatos, acontecimentos, ações, numa sequência
temporal.

• Possui marcas linguísticas como verbos, advérbios e conjunções (tempo, lugar...); verbos no
presente ou pretérito perfeito do indicativo.

ELEMENTOS DA ESTRUTURA

• Personagens - corresponde aos seres que executam e sofrem ações durante o enredo das narrativas. Nesse


sentido, podem ser personagens tanto seres humanos quanto outros seres viventes, tais
quais animais, plantas ou até objetos humanizados.

• Narrador - é aquele que conta a história ao leitor, possui tipos, conforme se explica a seguir.
• Narrador em 1ª pessoa- também conhecido como narrador personagem, é aquele que participa do enredo
que narra. Os verbos utilizados são flexionados na 1ª pessoa do discurso.

• Narrador observador - não participa da história, é alguém externo a ela, desconhecido das personagens e
irrelevante ao conflito. Os verbos usados são flexionados na 3ª pessoa do discurso. É importante dizer: esse
narrador conta apenas o que vê, desconhecendo o futuro ou os pensamentos das personagens.

TEMPO
• Tempo cronológico ou tempo da história - é o tempo em que a ação acontece.

• Tempo histórico - refere-se à época ou momento histórico em que a ação se desenrola.

ESPAÇO - É o cenário no qual as personagens executam e sofrem as ações que compõem o enredo.

ENREDO - É definido como a sequência das ações que compõe a história.

CONFLITO - Pode ser definido como a situação-problema vivenciada pelas personagens em uma
narrativa. No caso do conto, por ser um gênero curto, o conflito costuma ser único.
CONTO POPULAR
• Esse gênero engloba histórias tradicionais, geralmente curtas, criadas e enriquecidas
pela imaginação popular. Cada povo e cada geração contam a mesma história à sua
maneira, muitas vezes corrigindo, eliminando ou acrescentando pormenores no enredo.
Há contos populares africanos, assim como ocorre no Brasil, originários de diferentes
regiões. Alguns autores recolheram muitos desses contos da tradição oral e os
recontaram, publicando-os em livros para preservá-los – assim como fizeram Charles
Perrault, na França do século XVII, e os irmãos Grimm, na Alemanha do século XIX, com
as histórias conhecidas, hoje, como contos de fada (SANTOS; RICHE; TEIXEIRA, 2018).
• O conto que veremos a seguir, chamado “Furos no Céu”, é um conto popular, que narra
um mito de origem, tentando explicar como nasceram as estrelas.

Fonte: LEONOR, Werneck Santos; RICHE,Rosa Cuba;TEIXEIRA, Claudia Souza. Análise e produção de textos. Contexto: São Paulo, 2018.
Houve um tempo em que o Céu e a Terra eram muito próximos um do outro. Diziam que da torre
do palácio se podia colher um ramalhete de nuvens, rabiscos de pássaros, carneirinhos saltitando...
Esta história aconteceu numa aldeia africana. Havia tanta luz naquele dia que duas mulheres
pegaram seus pilões para amassar grãos de milho no quintal de casa. Elas diziam amar a claridade e
o festejo da lua cheia na aldeia. Tudo era muito mágico.
Assim, trocavam mexericos e gargalhadas narrando histórias, que as levaram longe, longe.
Naquele converseiro o tempo ia passando e as histórias se derramando, feito um rosário de ave-
marias. Uma das mulheres entusiasmada com a conversa, levantou a mão do pilão com tanta força e
tão alto, que fez um furo no Céu.
O Céu tomou um susto ao ver aquele furo e desabou a berrar. Elas de tão entretidas nem
ouviram, continuaram em sua conversa, pisando nos seus pilões.
Assim o infinito azul foi ganhando furos e mais furos. Aquelas mulheres jamais imaginavam que
seus pilões iam transformando o Céu numa grande peneira. O Céu irado, da cor das violetas, gritou
mais que um tanto: - Aiiiiiiiiiiiiiiiiiii!Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
O grito chamou a atenção das mulheres, que olharam para o alto e disseram: “vai chover”.
Diziam uma para outra: “Avia, avia, avia... Recolhe o milho e o pilão...” Parecia uma cantoria.
Indignado, o Céu resolveu ordenar ao tambor de autoridade:
“Toque alto, por favor!
Atravesse portas e janelas
Chegue aos ouvidos das piladeiras
Convidando-as a me olharem
Sob as sete luas que as iluminam.”
Elas, encantadas pelo soar do tambor, aproveitaram para dançar. A cadência foi crescendo,
crescendo, crescendo. O Céu achou bonito aquela dança, que alegrava o seu universo. Mas nada
podia mudar sua decisão de separar-se da Terra. Ou subia ou ficava todo furado. Foi subindo,
subindo, até chegar num lugar perfeito: ne tão perto que alguém pudesse tocá-lo com a mão do
pilão, nem tão alto que ninguém pudesse vê-lo.
E não é que ele sentiu saudades do tum-tum-tum do tambor, do barulho dos grãos no pilão,
das histórias das mulheres e de suas canções?! Foi então que o Céu teve a ideia de transformar os
furos que as mulheres haviam feito em estrelas, para que pudesse continuar espiando as coisas da
terra.
Satisfeito, o Céu sorriu. E foi contando essa história de aldeia em aldeia, com a intenção de
que ela se espalhasse pelo mundo e pudesse ser contada e recontada onde houvesse alguém para
escutá-la.
Assim, segundo os africanos, nasceram as estrelas do céu, pontinhos luminosos no azul, para
iluminar a África.

Fonte: GOMES,Lenice. Furos no Céu In:____et al. Nina África: contos de uma África menina para
ninar gente de toda idade. São Paulo: Elementar,2010, pp.6-10.
Disponivél em http://editoraelementar.com.br/
acesso em 29/06/2020
ATIVIDADE DE LEITURA, ANÁLISE LINGUÍSTICA E PRODUÇÃO TEXTUAL.

1. Numere os fatos a seguir na ordem em que acontecem no texto.


( ) Indignação, o céu resolveu ordenar ao tambor em tom de autoridade: Toque alto, por
favor!
( ) O céu tomou um susto ao ver aquele furo e desabou a berrar.
( ) O céu teve a ideia de transformar os furos que as mulheres haviam feito em estrelas.
( ) O infinito azul foi ganhando furos e mais furos.
( ) Numa aldeia africana, mulheres amassavam grãos de milho no quintal de casa.
( ) Assim, segundo os africanos, nasceram as estrelas do céu.

2. Em muitos contos, o narrador inicia situando o tempo e o espaço em que ocorrem os


fatos. Identifique, no 2º parágrafo, as expressões adverbiais que expressam essas
informações.

3. Esse conto faz parte da tradição oral africana, que passa de geração para geração. Retire
uma parte do texto em que isso fica claro.
4. Analise a capa e o título do livro de onde foi retirado o conto ( Nina África: contos de uma
África menina para ninar gente de toda idade) e responda as seguintes questões:
a) Descreva a ilustração da capa.
b) Em que será que a menina está pensando?
c) Observando o semblante da menina e o jeito curioso do macaco, o que podemos imaginar
que está acontecendo?

5. A linguagem conotativa, mesmo não sendo exclusiva da literatura, marca os textos literários,
como o conto. Através dela, as palavras remetem a novos conceitos por meio de associações,
dependendo do contexto. Retire do primeiro parágrafo duas expressões com valor conotativo e
indique seus sentidos.
Sugestão de
filme
O filme “Kiriku e a feiticeira” narra a
história de um menino africano
minúsculo, cujo tamanho não alcança
nem o joelho de um adulto, que tem
um destino: enfrentar a poderosa e
malvada feiticeira Karabá, que secou
a fonte d'água da aldeia de Kiriku,
engoliu todos os homens que foram
enfrentá-la e ainda pegou todo o ouro
que tinham. Para isso, Kiriku enfrenta
muitos perigos e se aventura por
lugares onde somente pessoas
pequeninas poderiam entrar. Nesse
filme é possível ver algumas
características do povo africano.
GABARITO
1.
(4)
(2)
(5)
(3)
(1)
(6)

2. “numa aldeia africana”, “naquele dia”

3. “Satisfeito, o Céu sorriu. E foi contando essa história de aldeia em aldeia, com a intenção de que
ela se espalhasse pelo mundo e pudesse ser contada e recontada onde houvesse alguém para escutá-
la.”

4. A ilustração mostra uma menina negra com o macaco de um lado e seu brinquedo no outro olhando
para as estrelas. Há uma relação entre as linguagens verbal do texto e a visual, que retratam
esteticamente elementos do contexto africano, como as cores vivas, o estilo das barras laterais, que
se repete no vestido da menina, lembrando o desenho e a pintura dos tecidos usados pelo povo
africano. Observe que a menina está hipnotizada pelas estrelas e o macaco, animal típico do
continente, olha para ela com uma feição de preocupação.
5.Observe que a expressões “colher um ramalhete de nuvens, rabiscos de pássaros” são conotativas,
pois não se pode colher nuvens e nem rabiscos dos pássaros. Na realidade, o seu sentido denota a
aproximação, o toque nas nuvens e o deslocamento veloz dos pássaros.

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