Você está na página 1de 47

1. A prova terá duração de 5h.

2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova.


3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova.
4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova.
5. No CARTÃO-RESPOSTA, marque, para cada questão, a letra correspondente à opção escolhida para a resposta,
preenchendo com caneta esferográfica de tinta azul. NÃO É PERMITIDO O USO DE CANETAS COM
PONTAS POROSAS.
6. Não dobre, não amasse, nem rasure o CARTÃO-RESPOSTA. Ele não poderá ser substituído.
7. O cartão-resposta deverá ser preenchido desta forma (preenchimento completo). Caso haja qualquer
outra informação / rasura fora dos campos destinados às respostas, o cartão-resposta será anulado /
não lido eletronicamente.
8. O preenchimento incorreto do cartão-resposta implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito.
9. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis, caneta e
borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido
empréstimo de material entre alunos.
10. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida caso venha a
ser usado ou tocar. Na ausência da bolsa, o celular deve ficar na base do quadro durante a prova.
11. O fiscal deve conferir o preenchimento do cartão-resposta antes de liberar a saída dos alunos.
12. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17h da terça-feira, dia 16/04.

13. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova se encerra dia 26/04, sexta-feira. Isso
deve ser feito diretamente com o professor ou com o Pedagogo da Unidade.
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

LINGUAGENS

QUESTÃO 1

Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/297096906642542448/

A crítica ao consumismo na charge acima se estrutura a partir de um recurso linguístico, que é


a) o tratamento de “mulher” dado à esposa.
b) a repetição de negativas na fala da mulher.
c) uma hipérbole no desejo de consumo.
d) a ambiguidade de um vocábulo.
e) uma metáfora no vocábulo “queima”.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A palavra queima pode se relacionar com promoção ou pode ser relacionada ao seu sentido denotativo. A crítica
presente na charge surge a partir do momento em que a mulher ao telefone não sugere que a palavra queima
possa não estar relacionada à promoção e estar relacionada a algo grave, como um incêndio, pois o que estava
importando para ela era aproveitar a promoção, que é o que ela havia entendido com o recado da amiga
ao telefone.

QUESTÃO 2
Perícia no Museu Nacional deve terminar no domingo
Agora o dinheiro deve ser usado para a reconstrução também na recuperação de parte do acervo

06 de Setembro de 2018 às 14:44

A Polícia Federal (PF) continua nesta quinta-feira, 6, os trabalhos de perícia no Museu Nacional. A
expectativa é de que a perícia seja concluída até domingo, dia 9. Na segunda-feira, 10, segundo a vice-diretora do
museu, Cristiana Serejo, deve começar o trabalho de escavação e pesquisa dos escombros.
Nesta quinta-feira, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, se reuniu
com técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para debater os trâmites da
liberação de um financiamento de R$ 21,7 milhões contratado em 6 de junho para obras no Museu Nacional. Após
o incêndio que destruiu o prédio no último domingo, 2, agora o dinheiro deve ser usado para a reconstrução
também na recuperação de parte do acervo.
Em discurso durante uma plenária realizada na frente do museu, para comemorar os 98 anos da UFRJ,
Leher criticou o que classificou como "politização do debate sobre o incêndio": "O museu não é um lugar de
objetos interessantes, é um lugar de pesquisa e produção de conhecimento. Não se pode ter racionalidade
mercantil (para administrá-lo), porque o museu é acadêmico", afirmou. "Argumenta-se que temos aversão a
buscar recursos no setor privado, pela Lei Rouanet. Nós apresentamos projetos: prevenção de incêndio e pânico,
reforma do telhado e outros. Pedimos R$ 17 milhões, conseguimos R$ 1 milhão. Não é verdade que o setor
privado não teve oportunidade de ajudar o museu", afirmou.
"Queremos que (a reconstrução) entre no Orçamento da União, não vamos aguardar doações, isso tem
que ser assegurado pelo Poder Público. Vamos ter apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a

1
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Ciência e a Cultura (Unesco), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Instituto
Brasileiro de Museus (Ibram)", afirmou.
O diretor do Museu Nacional, Alex Kellner, também criticou a politização do debate sobre o museu. "A
gênese do nosso País está aqui, neste prédio. Não é hora de discutir modelo de gestão, é hora de reconstruir",
afirmou. "(Este momento) Está doendo muito", resumiu.
Na manhã desta quinta-feira, pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
Pesquisa de Engenharia da UFRJ (Coppe-UFRJ) usaram drones para sobrevoar o prédio e até mesmo ingressar
em salas, na tentativa de identificar peças que tenham resistido ao incêndio.
Disponível em: https://novo.folhavitoria.com.br/geral/noticia/09/2018/pericia-no-museu-nacional-deve-terminar-no-domingo

O gênero jornalístico notícia informa sobre uma determinada ocorrência. Trata-se de um texto bastante recorrente
nos meios de comunicação de uma forma geral e, para que tenha credibilidade, utiliza de alguns recursos. Na
notícia em questão, um dos artifícios usados pelo jornalista para dar credibilidade ao texto foi
a) citações históricas.
b) a fala de especialistas no assunto.
c) a imprecisão das datas.
d) pesquisas atualizadas que confirmam o que está sendo noticiado.
e) a linguagem não verbal.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O aluno precisa compreender que a notícia trouxe como referência a fala de muitos profissionais que estão
envolvidos no assunto noticiado, e esse fato dá credibilidade ao texto em questão.

QUESTÃO 3
A linguagem jornalística está presente nos textos do gênero jornalístico e apresenta algumas particularidades para
que o conteúdo exposto alcance seus objetivos. Sobre essas particularidades, pode-se afirmar que
a) a linguagem jornalística deve ser subjetiva e fazer uso de termos literários, como metáforas e linguagem
conotativa.
b) deve utilizar expressões que marquem a opinião de quem escreve a notícia para que o leitor possa analisar
aquilo que está expresso no jornal.
c) a linguagem jornalística deve prezar por termos aceitos no registro formal da língua, evitando vícios de
linguagem e vocábulos eruditos ou obsoletos.
d) os fatos narrados devem ser assuntos que sejam de pouca relevância para a sociedade.
e) a mensagem deve ser transmitida de maneira subjetiva, a fim de que sejam evitadas diferentes interpretações
e possíveis dificuldades do leitor em compreender aquilo que está sendo dito ou lido.
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A linguagem jornalística preza por termos aceitos no registro formal da língua com o intuito de evitar vícios de
linguagem e vocábulos eruditos ou obsoletos para que o texto fique mais acessível ao leitor.

QUESTÃO 4

2
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Opportunity é o nome de um veículo explorador que aterrissou em Marte com a missão de enviar informações à
Terra. A charge apresenta uma crítica ao(à)
a) gasto exagerado com o envio de robôs a outros planetas.
b) exploração indiscriminada de outros planetas.
c) vulgarização das descobertas espaciais.
d) circulação digital excessiva de autorretratos.
e) mecanização das atividades humanas.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A questão se refere aos selfies, em português, autorretratos!! A charge critica o crescente hábito de fazer selfies
nas mais diversas circunstâncias.

QUESTÃO 5

Na campanha publicitária, há uma tentativa de sensibilizar o público-alvo, visando levá-lo à doação de sangue.
Analisando a estratégia argumentativa utilizada, percebe-se que
a) a exposição de alguns dados sobre a jovem procura provocar compaixão, visto que, em razão da doença, ela vive
de maneira diferente dos demais jovens de sua idade.
b) a campanha defende a ideia de que, para doar, é preciso conhecer o doente, considerando que foi preciso
apresentar a jovem para gerar identificação.
c) as escolhas verbais associadas à imagem parecem contraditórias, pois constroem uma aparência incompatível com
a de uma jovem doente.
d) o questionamento seguido da resposta propõe reflexão por parte do público-alvo, visto que o texto critica a prática
de escolher para quem doar.
e) a campanha explora a expressão da jovem a fim de gerar comoção no leitor, levando-o a doar sangue para as
pessoas com leucemia.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A campanha publicitária visa promover uma proximidade com o interlocutor de forma intencional, para que, a partir
do diálogo “Para doar sangue você precisa conhecer a pessoa? Pronto. Agora você já conhece a Bianca”, o leitor
reflita sobre a necessidade de doar sangue sem a adoção de rótulos, pois a campanha critica aqueles que
escolhem para quem doar de forma seletiva.

3
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 6

CURY, C. Disponível em: http://tirasnacionais.blogspot.com. Acesso em:13 nov. 2011.

A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de
informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude
a) crítica, expressa pelas ironias.
b) resignada, expressa pelas enumerações.
c) indignada, expressa pelos discursos diretos.
d) agressiva, expressa pela contra-argumentação.
e) alienada, expressa pela afirmação da realidade.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A postura assumida pelo produtor da charge frente ao uso da tecnologia para fins interativos é altamente crítica,
porque há demonstração de oposições entre as máximas colocadas nos retângulos e as atitudes e falas das
personagens que representam o homem, estando presente a figura de linguagem conhecida como ironia.

QUESTÃO 7
Este é o trecho de um assunto publicitário:
“Fotografe os bons momentos agora, porque depois vem o casamento.”

A possível interpretação sugerida pelo trecho é que


a) o casamento não merece fotografias.
b) os compromissos assumidos no casamento limitam os momentos dignos de fotografia.
c) a felicidade após o casamento dispensa fotografias.
d) o casamento é uma segunda etapa da vida que também deve ser registrada.
e) o casamento é uma cerimônia que exige fotografias exclusivas.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A interpretação possível para o trecho publicitário em questão se resume a entender que a fase da vida do
indivíduo após o casamento é cheia de compromissos, por isso, torna-se cada vez mais difícil que haja momentos
oportunos para serem fotografados.

QUESTÃO 8

A última edição deste periódico apresenta mais uma vez tema relacionado ao tratamento dado ao lixo
caseiro, aquele que produzimos no dia a dia. A informação agora passa do material jogado
na estrada vicinal que liga o município de Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no local em questão,
a reportagem encontrou mais uma forma errada de destinação do lixo: material atirado ao lado da pista como
se isso fosse o ideal. Muitos moradores, por exemplo, retiram o lixo de suas residências e, em vez de um
destino correto, procuram dispensá-lo em outras regiões. Uma situação no mínimo incômoda. Se você sai
de casa para jogar lixo em outra localidade, por que não o fazer em local ideal? É muita falta de educação
achar que aquilo que não é correto para a sua região possa ser para outra. A reciclagem do lixo doméstico
é um passo inteligente e de consciência. Olha o exemplo que passamos aos mais jovens!
Quem aprende errado coloca em prática o errado! Olha o perigo!
(Disponível em http://jornaldacidade.uol.com.br. Acesso em 10 ago. 2012 (adaptado)).

4
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma notícia veiculada no jornal. Tal diferença traz à tona uma das
funções sociais desse gênero textual, que é
a) apresentar fatos que tenham sido noticiados pelo próprio veículo.
b) chamar a atenção do leitor para temas raramente abordados no jornal.
c) provocar a indignação dos cidadãos por força dos argumentos apresentados.
d) trabalhar uma informação previamente apresentada com base no ponto de vista do autor da notícia.
e) interpretar criticamente fatos noticiados e considerados relevantes para a opinião pública.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Para solucionar esta questão, o estudante deve reconhecer as características do gênero textual editorial: texto
jornalístico argumentativo, que apresenta e defende a opinião de determinado meio de comunicação
diante de uma notícia por ele veiculada.

QUESTÃO 9

Os anúncios publicitários, frequentemente, fazem uso de verbos no imperativo. Analisando as formulações "use
música" e “Não deixe a droga controlar sua vida” é correto afirmar que esse modo verbal
a) é um modo mais incisivo e breve, por esse motivo revela-se adequado ao impacto que o texto quer causar.
b) diminui a eficácia da mensagem porque não se dirige diretamente ao leitor.
c) é mais eficaz que o modo indicativo, pois é uma forma mais educada de levar o leitor à ação.
d) impede que a campanha cumpra o seu efeito, uma vez que não sugere ação alguma.
e) não interfere na leitura da campanha, uma vez que se trata de uma questão meramente estilística.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O aluno precisa interpretar que a utilização do modo imperativo do verbo em anuncio publicitário ajuda a impactar
o leitor.

QUESTÃO 10
Novas tecnologias

Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas
ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas
tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo,
de consumo obrigatório. Por esse motivo, carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.
Todavia, não podemos nos reduzir a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um
aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto,
desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se estreita a
cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea
vontade, a essa relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto
somos controlados.
SAMPAIO A. S. A microfísica do espetáculo.
Disponível em: <http://observatoriodaimprensa. com.br>.

5
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permita
alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha
das formas verbais em destaque objetiva
a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias.
b) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas
é manipulado.
c) enfatizar a probabilidade de que toda a população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias.
d) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas tecnologias.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem
as pessoas.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A escolha do uso dos verbos na primeira pessoa do plural demonstra que o ponto de vista defendido pelo autor
inclui não somente ele próprio como também todos os possíveis leitores de seu artigo. Dessa forma, a indução a
compartilhar as ideias presentes no texto dá-se de forma natural.

QUESTÃO 11
O Realismo tem como característica:
a) Preocupar em justificar, à luz da razão, as reações das personagens, seus procedimentos e os problemas
sentimentais e metafísicos apresentados.
b) Apresentar o homem como um ser dominado pelos instintos, taras, pela carga hereditária, em detrimento da
razão.
c) Preocupar em retratar a realidade como ela é, sem transformá-la. O autor, ao relatar, deverá estar baseado
na documentação e observação da realidade.
d) Ver o amor unicamente sob o aspecto da sexualidade e apresentado como uma mera satisfação de
instintos animais.
e) Aspectos descritivos e minuciosos, sempre que possível, baseados na observação da realidade e do
subjetivismo e sentimentalismo do autor.
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O Realismo se distingue do Romantismo justamente pela forma de retratar a realidade – daí o nome da escola
literária –, uma vez que a preocupação do escritor está na verossimilhança da obra, enquanto uma forma de
criticar o que está posto.

QUESTÃO 12
O realismo, como escola literária, é caracterizado pelo(a)
a) exagero da imaginação. d) subjetivismo.
b) culto da forma. e) objetivismo.
c) preocupação com o fundo.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O realismo opera com uma linguagem objetiva, que busca aproximação com o real.

QUESTÃO 13
Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo, que
a) se volta para a Natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de renovação.
b) pretende expressar com naturalidade a vida simples dos homens rústicos nas comunidades primitivas.
c) defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a realidade social.
d) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral religiosa.
e) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos e biológicos e a conduta
das personagens.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Exemplos perfeitos de obras naturalistas são “O Cortiço” e o “Bom Crioulo”, em que os indivíduos são retratados
como resultados dos meios sociobiológicos em que vivem. Tal visão é fruto da corrente determinantista comum ao
contexto histórico da escola literária em questão.

6
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 14

"Desnudam-se as mazelas da vida pública e os contrastes da vida íntima; e buscam-se, para ambas, causas
naturais (raça, clima, temperamento) ou culturais (meio e educação), que lhes reduzem de muito a área de
liberdade. O escritor tomará a sério as suas personagens e se sentirá no dever de descobrir-lhes a verdade, no
sentido positivista de dissecar os móveis do seu comportamento."
(Alfredo Bosi)

O texto refere-se ao
a) romantismo.
b) realismo.
c) simbolismo.
d) parnasianismo.
e) modernismo.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O trecho retrata alguns dos traços que caracterizam o Realismo (e em grande parte o Naturalismo) no Brasil,
sobretudo no tocante a retratar os indivíduos como fruto do meio em que vivem e interagem.

QUESTÃO 15

E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a
luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das
baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma
outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que
abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que
esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras
embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha
daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de
cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
Aluísio Azevedo, O cortiço.

Em que pese a oposição programática do Naturalismo ao Romantismo, verifica-se no excerto – e na obra a que
pertence – a presença de uma linha de continuidade entre o movimento romântico e a corrente naturalista
brasileira, a saber, a
a) exaltação patriótica da mistura de raças.
b) necessidade de autodefinição nacional.
c) aversão ao cientificismo.
d) recusa dos modelos literários estrangeiros.
e) idealização das relações amorosas.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A linha de continuidade entre os movimentos Romântico e Naturalista, a partir da leitura do excerto, é a menção à
fauna e à flora brasileira. O movimento romântico empregou a exaltação ao quadro físico brasileiro como
instrumento de definição da nação que se tornava independente; o mesmo instrumental é empregado em O
Cortiço, com a descrição da natureza indicada no trecho, porém sem a idealização característica dos românticos.

QUESTÃO 16
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro
lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas
considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto,
mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e
mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre
este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela
chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos
contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

7
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Pode-se apontar, no texto, a contradição, que repercute na obra a que ele pertence, entre
a) o discurso ostensivamente racional e as alegações incompatíveis com a esfera da razão.
b) o tom elevado, solene, e o vocabulário de caráter oral-popular.
c) a evidente filiação do narrador ao Espiritismo e sua referência ao Velho Testamento.
d) o caráter clássico da erudição do narrador e o romantismo de sua demanda de originalidade.
e) a frieza analítica da argumentação e a intensidade emocional do conteúdo nela veiculado.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A relação e a difícil definição de fronteiras entre a razão e a loucura é um tema recorrente na produção literária de
Machado de Assis, assunto explorado com muita perspicácia pelo escritor. Em Memórias póstumas de Brás
Cubas, Brás Cubas, narrador e protagonista, apresenta um discurso aparentemente fundamentado na razão, mas
que, repleto de ironia, não combina com a situação fantástica de um defunto que conta histórias.

QUESTÃO 17

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e
ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e
português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o
maior escritor do país e um mestre da língua perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês,
também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentou o
autodidata Machado de Assis.

Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de


a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter realista, relativos à vida de um renomado escritor.
b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida cotidiana.
c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como tema seus
principais feitos.
d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua intimidade familiar
em detrimento de seus feitos públicos.
e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da narração, com
um estilo marcado por linguagem objetiva.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O texto apresenta uma breve biografia do escritor Machado de Assis, de forma cronológica e objetiva, sem
emissão de opiniões. Não há indícios de argumentação e literariedade no texto.

QUESTÃO 18

O mulato

Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de
francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da
virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha;
bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir.
Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se
em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias.
– Mulato!
Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara
para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de
seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue.
AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento).

O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o
narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois
a) relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça.
b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX.
c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres.
d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender socialmente.
e) critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos dispensados aos negros.

8
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O trecho mostra a inquietação da personagem Ana Rosa ao perceber as dificuldades que a paixão por Raimundo
a fariam passar. Ela é descrita como filha da pequena burguesia, com certo grau de instrução e habilidades
manuais desenvolvidas pelas moças da época. Com isso, começou a perceber o preconceito quase velado que a
sociedade maranhense tinha com relação a sua paixão por Raimundo, simplesmente por ser mulato.

QUESTÃO 19

As falas do tigre Haroldo e do menino Calvin, nos dois últimos quadrinhos, apresentam analogias,
respectivamente, com temas preferenciais dos movimentos
a) árcade e romântico.
b) barroco e modernista.
c) realista e modernista.
d) modernista e barroco.
e) naturalista e árcade.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Remonta-se a aproveitar o dia, filosofia expressa no latinismo “carpe diem”, presente no Arcadismo e, também,
cita-se acerca da melancolia, “spleen”, sentimento de angústia, características estas abordadas pelos românticos.

QUESTÃO 20
O poema abaixo é de autoria de Cecília Meireles:
Canção
Nunca eu tivera querido
Dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente a palavra,
Deixou ficar o sentido.
O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.
Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só se aquele mesmo vento
fechou teus olhos, também.
Cecília Meireles. Poesias completas. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1993, p. 118.

9
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Com base no poema acima, é correto afirmar, no que diz respeito à especificidade da linguagem literária, que
a) embora o texto seja um poema, sua linguagem não revela transfiguração artística nem opacidade.
b) da linguagem denotativa do texto depreende-se que o poema é uma declaração de amor à pessoa amada.
c) a palavra, de acordo com o poema, não revela toda a força do sentimento que habita o eu lírico.
d) sem os versos de sete sílabas e as rimas, a literariedade estaria ausente do poema.
e) versos como “neste perdido suspiro que te segue alucinado” revelam a dimensão literal das palavras no
contexto do poema.
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A linguagem literária diferencia-se dos demais tipos de linguagem pela constituição e finalidade, que transcende
a comunicação.

QUESTÃO 21
Aula de Português

A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.
O português são dois; o outro, mistério.
Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar. Rio
de Janeiro: José Olympio, 1979.

Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da
linguagem em
a) situações formais e informais.
b) diferentes regiões dos pais.
c) escolas literárias distintas.
d) textos técnicos e poéticos.
e) diferentes épocas.
GABARITO: A
COMENTÁRIO: No texto, o eu lírico reflete sobre as variedades linguísticas de que faz uso ao longo de sua vida,
como quando diz que esqueceu “a língua em que comia,/ em que pedia para ir lá fora,/ em que levava e dava
pontapé (...)”. Nessa passagem, explicita-se a adequação do falante ao contexto comunicativo, exigindo dele um
maior ou menor grau de monitoramento linguístico.

QUESTÃO 22
eu gostava muito de passeá… saí com as minhas co lgas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins…
bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… a palhaça da turma… ((risos))… eu acho que foi
uma das fases mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos meus treze aos
dezessete anos…
A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito).

10
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da
língua é
a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.
b) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português.
c) realização do plural conforme as regras da tradição gramatical.
d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados.
e) presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O texto apresenta características da oralidade (língua falada). Logo, um aspecto da composição estrutural é o
predomínio da linguagem informal com interrupções (entrecortadas) por pausas. A opção A expressa
essa afirmação.

QUESTÃO 23

A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um


dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à
aplicação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136)
analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra
pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se
evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica,
quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade”
no século XVIII por Said Ali.
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua.
Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o bom
uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e,
através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado, In: Cadernos de Letras da UFF, n.° 36,
2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
b) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A autora, ao explicar os usos do “ter” e do “haver” ao longo da história, critica o comportamento purista ao
questionar uma visão hierárquica do uso da língua sobre apenas um dos verbos.

QUESTÃO 24

O léxico e a cultura

Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar qualquer conteúdo. A
pesquisa linguística do século XX demonstrou que não há diferença qualitativa entre os idiomas do mundo – ou
seja, não há idiomas gramaticalmente mais primitivos ou mais desenvolvidos. Entretanto, para que possa ser
efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa realizar-se na prática histórica do idioma, o que nem
sempre acontece. Teoricamente, uma língua com pouca tradição escrita (como as línguas indígenas brasileiras)
ou uma língua já extinta (como o latim ou o grego clássicos) podem ser empregadas para falar sobre qualquer
assunto, como, digamos, física quântica ou biologia molecular. Na prática, contudo, não é possível, de uma hora
para outra, expressar tais conteúdos em camaiurá ou latim, simplesmente porque não haveria vocabulário próprio
para esses conteúdos. É perfeitamente possível desenvolver esse vocabulário específico, seja por meio de
empréstimos de outras línguas, seja por meio da criação de novos termos na língua em questão, mas tal tarefa
não se realizaria em pouco tempo nem com pouco esforço.
BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Manual do professor. Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento).

11
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Estudos contemporâneos mostram que cada língua possui sua própria complexidade e dinâmica de
funcionamento. O texto ressalta essa dinâmica, na medida em que enfatiza
a) a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas, pois o léxico contempla visão de mundo particular
específica de uma cultura.
b) a existência de línguas limitadas por não permitirem ao falante nativo se comunicar perfeitamente a respeito
de qualquer conteúdo.
c) a tendência a serem mais restritos o vocabulário e a gramática de línguas indígenas, se comparados com
outras línguas de origem europeia.
d) a existência de diferenças vocabulares entre os idiomas, especificidades relacionadas à própria cultura dos
falantes de uma comunidade.
e) a atribuição de maior importância sociocultural às línguas contemporâneas, pois permitem que sejam
abordadas quaisquer temáticas, sem dificuldades.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
De acordo com o texto cada língua possui sua própria complexidade e dinâmica de funcionamento. Esse
desenvolvimento pode ocorrer tanto "por meio de empréstimos linguísticos, quanto por meio da criação de novos
termos na língua em questão". Isso significa que a cultura de uma comunidade é fundamental na formação de
uma língua, pois cria suas especificidades.

QUESTÃO 25

Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele
sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu
não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de
uma palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas
Gerais, falei em “varreção” – do verbo “varrer”. De fato, trata-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me
valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da
página 827 do dicionário, aquela que tem, no topo, a fotografia de uma “varroa”(sic!) (você não sabe o que é uma
“varroa”?) para corrigir-me do meu erro. E confesso: ele está certo. O certo é “varrição” e não “varreção”. Mas
estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim porque nunca os vi falar de “varrição”. E se eles
rirem de mim não vai me adiantar mostra-lhes o xerox da página do dicionário com a “varroa” no topo. Porque
para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala
“varreção” quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada
sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela mas reclama
sempre que o prato está rachado.
ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento).

De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se deu ao trabalho de fazer um xerox da página
827 do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece
a) a supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
b) a necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação escrita.
c) a obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de uma comunicação efetiva.
d) a importância da variedade culta da língua, para a preservação da identidade cultural de um povo.
e) a necessidade do dicionário como guia de adequação linguística em contextos informais privados.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O autor constata, ao receber a carta do amigo que sinaliza um erro de ortografia, a necessidade da norma padrão
em situações formais da comunicação escrita, uma vez que é essa exigida e solicitada. Tal constatação é
confirmada pelo autor quando diz "um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação."

QUESTÃO 26
TEXTO I
A característica da oralidade radiofônica, então, seria aquela que propõe o diálogo com o ouvinte: a simplicidade,
no sentido da escolha lexical; a concisão e coerência, que se traduzem em um texto curto, em linguagem coloquial
e com organização direta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que deve ser o mais natural (do diálogo). É esta
organização que vai “reger” a veiculação da mensagem, seja ela interpretada ou de improviso, com objetivo de dar
melodia à transmissão oral, dar emoção, personalidade ao relato do fato.
VELHO, A. P. M. A linguagem do rádio multimídia. Disponível em: www.bocc.ubi.pt. Acesso em: 27 fev. 2012.

12
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

TEXTO II

A dois passos do paraíso

A Rádio Atividade leva até vocês


Mais um programa da séria série
“Dedique uma canção a quem você ama”
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta
Uma carta d'uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
“Mariposa Apaixonada de Guadalupe”
Ela nos conta que no dia que seria
o dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo
Um caminhoneiro conhecido da pequena e
Pacata cidade de Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
Oh! Arlindo Orlando volte
Onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos e para-choque duro...
BLITZ. Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em: 28
fev. 2012 (fragmento).

Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem do rádio, o Texto II apresenta, em uma letra de canção,
a) estilo simples e marcado pela interlocução com o receptor, típico da comunicação radiofônica.
b) lirismo na abordagem do problema, o que o afasta de uma possível situação real de comunicação radiofônica.
c) marcação rítmica dos versos, o que evidencia o fato de o texto pertencer a uma modalidade de comunicação
diferente da radiofônica.
d) direcionamento do texto a um ouvinte específico divergindo da finalidade de comunicação do rádio, que é
atingir as massas.
e) objetividade na linguagem caracterizada pela ocorrência rara de adjetivos, de modo a diminuir as marcas de
subjetividade do locutor.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Uma das características da oralidade radiofônica é estabelecer um diálogo simples com o ouvinte. Nessa questão,
faz-se uso de um segundo texto (texto II) para confirmar essa intenção. A opção A é a única que afirma
essa característica.

QUESTÃO 27

Aquele bêbado

— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana.
Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
— Curou-se 100% de vício — comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava bêbado que nem um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma
carraspana de pôr de sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo
da narrativa, ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O efeito irônico no texto ocorre porque o verbo beber é utilizado com o valor conotativo, ou seja, no sentido
figurado. A opção A traduz essa ideia de metaforizar o sentido literal do verbo beber.

13
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 28

SINTAXE À VONTADE
O TEATRO MÁGICO

“(...) Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser,


Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado,
Nem tampouco a frase, nem a crase,
nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida
nos põe entre pausas, entre vírgulas,
E estar entre vírgulas pode ser aposto,
E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples (...)”

Sobre a composição de Fernando Anitelli, é possível afirmar que


a) critica a organização semântica da língua portuguesa.
b) anuncia uma nova gramática da língua portuguesa na qual a morfologia deve ter sua liberdade.
c) ridiculariza o uso da norma culta nas instituições de ensino.
d) denota a criatividade proporcionada pela norma culta da língua.
e) utiliza a sintaxe da língua para criticar a falta de liberdade que as normas impõem.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O texto faz alusão à gramática normativa e suas regras, as quais determinam o registro da modalidade culta da
língua. As imposições mencionadas limitam o uso fluente da linguagem falada, da liberdade poética nas
produções artísticas e da fluência dos usos e registros observados na variação linguística.

QUESTÃO 29
Para a interpretação do conjunto de informações do folheto de divulgação a seguir, que utiliza tecnologias
diversificadas ao explorar texto visual e verbal, é necessário considerar que

14
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

a) o uso de dois códigos ilustra uma representação fiel de mundo que constitui o significado dos signos
verbais e visuais.
b) o interlocutor que não domine o código linguístico não recebe informações suficientes para compreender as
informações visuais.
c) a comunicação plena nesse gênero textual depende da estruturação prévia de significados não ambíguos em
diferentes códigos.
d) o uso adequado de signos verbais e visuais permite que se elimine um dos códigos porque as informações
são fornecidas pelo outro.
e) a coerência do texto se constrói na integração das informações constituídas em linguagem verbal e em
linguagem visual.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Textos ditos de “linguagem mista”, isto é, que operam com linguagem verbal e não verbal simultaneamente, têm
seus sentidos produzidos na relação entre essas formas de constituição da linguagem.

QUESTÃO 30

Um dos traços marcantes do atual período histórico é [...] o papel verdadeiramente despótico da informação. [...]
As novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta, dos objetos que o
formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade intrínseca. Todavia, nas condições atuais,
as técnicas da informação são principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus objetivos
particulares. Essas técnicas da informação (por enquanto) são apropriadas por alguns Estados e por algumas
empresas, aprofundando assim os processos de criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do
sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios
de produção, seja porque lhe escapa a possibilidade de controle. O que é transmitido à maioria da humanidade é,
de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.
(Milton Santos, Por outra globalização)

Em “porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção”, o verbo em destaque se classifica, quanto à
transitividade, como o verbo presente em:
a) Não vimos ninguém.
b) Desmaiou de medo.
c) As crianças chegaram de viagem ontem.
d) Houve um pequeno problema no escritório.
e) Todos acreditam na sua capacidade.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O verbo dispor (de) é transitivo indireto, assim como acreditam (em), na alternativa e. Resposta: E

QUESTÃO 31

Entrevista com Marcos Bagno

Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se
baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam,
por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os
portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós,
brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é
porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e
moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas:
regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas
ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de
comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só
aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por
menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em toda
a Europa!
Informativo Parábola Editorial, s/d.

15
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em toda a
extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso
da norma padrão.
b) apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser
verificado na materialidade do texto.
c) propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a
norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
d) acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu
cotidiano a gramática normativa do português europeu.
e) defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com
a hegemonia do antigo colonizador.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão na entrevista, porque o
contexto solicita esse procedimento. Significa que ele adapta o nível de linguagem à situação comunicativa,
conforme afirma a opção A. O gênero entrevista requer o uso da norma padrão.

QUESTÃO 32

Uma das imagens fortes contra os regimes totalitários na América Latina é a da queima de livros
comunistas, retratada como algo sacrílego. Queimar os livros, nessas novas inquisições, era uma metonímia para
o assassinato de pessoas, e se revestia, portanto, de uma simbologia demoníaca. Geralmente, dava-se em clima
de euforia pública, para servir de exemplo aos demais revolucionários.
(...) Estes atos sempre estiveram identificados coma barbárie e por isso tendemos a ser tolerantes com
tudo que vem encadernado. Mas a queima de livro tem um outro sentido: é um reconhecimento de seu
poder, nem que seja um poder corruptor — como entendem os moralistas de todos os credos.
(SANCHES NETO, Miguel. Herdando uma Biblioteca. Rio de Janeiro, Record, 2004).

Em “como entendem os moralistas de todos os credos”, encontramos o mesmo tipo de sujeito de:
a) “Faço carreteadas daqui pro Rio e de lá pra cá.” (Érico Veríssimo)
b) “A Rua Barão de Itapetininga é um depósito sarapintado de automóveis gritadores.” (Antônio de
Alcântara Machado)
c) “Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura.” (Graciliano Ramos)
d) “Mas parece que hoje chove.” (Machado de Assis)
e) “Lá não pode haver mais bichos do que no meu sertão.” (Coelho Neto)
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O sujeito da oração é simples (“os moralistas de todos os credos”), como o da alternativa b (“a Rua
Barão de Itapetininga”).

QUESTÃO 33

16
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

A seleção francesa participante da Copa do Mundo de Futebol de 2018, composta de 19 jogadores filhos de
imigrantes da África e de outros países da Europa, foi mais multicultural que o elenco campeão da Copa de 1998.
Apenas o goleiro Lloris, o lateral Pavard, o atacante Giroud e o meia Thauvin não se encaixam nessa descrição.
Tal composição suscitou inúmeros debates acerca da presença de imigrantes na sociedade francesa e do
multiculturalismo na Europa. À perspectiva multicultural se contrapõem a xenofobia, o racismo, a islamofobia,
entre outras formas de segregação humana, sobretudo de imigrantes e seus descendentes.
Disponível em: Acesso em: 10 jul. 2018 (adaptado).

Considerando as informações apresentadas, é correto afirmar que


a) a admiração dos torcedores pelos jogadores da seleção francesa evidencia a redução do preconceito de
cidadãos franceses contra descendentes de imigrantes.
b) o aumento do número de jogadores filhos de imigrantes e a ampliação da diversidade de nacionalidades
ameaçam a perpetuação dos valores e da tradição do povo francês.
c) a inclusão de jogadores de origem árabe e africana na seleção francesa teve o efeito imediato de minimizar
visões e interpretações equivocadas dos efeitos da imigração, como desemprego e pobreza.
d) a presença de jogadores franceses de origem africana sinaliza a efetiva integração dos imigrantes e de seus
descendentes à sociedade francesa, após longo processo de incentivo à inclusão social de
estrangeiros no país.
e) a composição da seleção francesa aponta para a importância da perspectiva multicultural, em que se
valorizam as formas de convívio entre os diferentes, a mediação de conflitos identitários e o exercício
da alteridade.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O multiculturalismo é a reposta para a segregação humana tão recorrente nos países europeus, inclusive no meio
esportivo, e essa visão proposta no texto tem como objetivo a não aceitação a posturas preconceituosas, a
exemplo da xenofobia, o que se torna evidente na alternativa E, uma vez que as demais referências abordam
relações não condizentes ao texto de apoio.

QUESTÃO 34

A FAMA E A CAMA

Com a chegada do Carnaval, aumenta a oferta sexual no Rio, situado abaixo da linha do Equador e vendido
para o turismo interno e externo como a nova Gomorra ou como a antiga Babilônia, que os profetas da Bíblia
chamavam de “Grande Meretriz”.
Natural que a polícia, Justiça e imprensa fiquem escandalizadas e botem a boca no trombone chamando a
atenção de si mesmas para aquilo que classificam de “escabrosidade”, ou seja, o exercício da mais antiga
profissão do mundo, para o qual nenhum ministério do trabalho fixou a idade mínima, havendo apenas o natural
limite da idade máxima.
Quando Puccini fez Madame Butterfly, história da menina de 15 anos que é comprada em Nagasaki por um
oficial da Marinha norte-americana (o prazo de validade da compra era modesto, apenas 999 anos), Gustav
Mahler, o deus que fazia chover na Viena daquela época, considerou a ópera imoral, indigna de ser encenada no
santuário musical do qual era diretor. Bem verdade que, anos mais tarde, muita gente considerou imoral uma certa
bomba que estourou na mesmíssima cidade, matando milhares de butterflies com menos idade.
É constrangedor passar à noite por certos pontos da orla do Rio. Na Paris da “belle époque”, a oferta era farta
também, e o “quarteirão dos prazeres”, em Hamburgo, não ficava atrás. O Rio criou uma fama igual e diz o ditado
que, criada a fama, deita-se na cama.
(Carlos Heitor Cony)

A alternativa em que todas as palavras e expressões extraídas do texto pertencem ao mesmo campo de
significação é:
a) Nagasaki, bomba, estourou, matando.
b) oferta sexual, “quarteirão dos prazeres”, turismo, ministério do trabalho.
c) Puccini, diretor, oficial da Marinha, butterflies.
d) oferta, vendido, ópera imoral, farta.
e) Gomorra, Babilônia, profetas da Bíblia, Paris, Hamburgo.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A alternativa em que todos os termos apresentam o mesmo grupo semântico condiz à letra A, pois as palavras
presentes estão vinculadas à bomba atômica lançada na cidade de Nagasaki. Nas demais alternativas, pelo
menos um dos elementos se desvincula do grupo significativo.

17
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 35

Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo? Imaginei que fosse
alguma misteriosa medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico, como a braça, a légua, etc.
Outro mistério era o triz. Qual a exata definição de um triz? É uma subdivisão de tempo ou de espaço. As coisas
deixam de acontecer por um triz, por uma fração de segundo ou de milímetro. Mas que fração? O triz talvez
correspondesse a meio tintim, ou o tintim a um décimo de triz.
Tanto o tintim quanto o triz pertenceriam ao obscuro mundo das microcoisas.
Há quem diga que não existe uma fração mínima de matéria, que tudo pode ser dividido e subdividido. Assim
como existe o infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba – existiria o infinito para
dentro. A menor fração da menor partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e cada triz por dois
tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por diante, até a loucura.
Descobri, finalmente, o que significa tintim. É verdade que, se tivesse me dado o trabalho de olhar no
dicionário mais cedo, minha ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é a última coisa que nos
ocorre. Está no Aurelião. Tintim, vocábulo onomatopaico que evoca o tinido das moedas.
Originalmente, portanto, "tintim por tintim" indicava um pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda.
Isso no tempo em que as moedas, no Brasil, tiniam, ao contrário de hoje, quando são feitas de papelão e se
chocam sem ruído. Numa investigação feita hoje da corrupção no país tintim por tintim ficaríamos tinindo sem
parar e chegaríamos a uma nova concepção de infinito.
Tintim por tintim. A menina muito dada namoraria sim-sim por sim-sim. O gordo incontrolável progrediria pela
vida quindim por quindim. O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. E você e eu vamos ganhando
nosso salário tin por tin (olha aí, a inflação já levou dois tins).
Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem de tempo nem de espaço nem de matéria,
resta o triz. O Aurelião não nos ajuda. "Triz", diz ele, significa por pouco. Sim, mas que pouco? Queremos
algarismos, vírgulas, zeros, definições para "triz". Substantivo feminino. Popular.
"Icterícia." Triz quer dizer icterícia. Ou teremos que mudar todas as nossas teorias sobre o Universo ou
teremos que mudar de assunto. Acho melhor mudar de assunto.
O Universo já tem problemas demais.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.)

Considerando o texto “Tintim”, de Luis Fernando Veríssimo, é possível inferir que


a) em “Assim como existe o infinito para fora –isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba – existiria o
infinito para dentro”, a expressão grifada tem a função de indicar uma conclusão.
b) em “A menor fração da menor partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e cada triz por
dois tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por diante, até a loucura”, a expressão destacada indica que
a regra formulada é válida, apenas, para alguns casos.
c) em “O Aurelião não nos ajuda.”, o pronome em destaque atua sintaticamente como objeto indireto.
d) em “Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo?”, o termo grifado
tem a função de substituir o termoantecedente, embora tal retomada tenha comprometido a clareza da frase.
e) “em O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. E você e eu vamos ganhando nosso salário tin
por tin (olha aí, a inflação já levou dois tins)”, a expressão grifada é uma onomatopeia e indica um som
característico de um canal de televisão.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A expressão “isto é” indica uma conclusão, e em “e assim por diante”, percebe-se que a regra formulada é válida
para outros casos. O pronome “nos”, no trecho, exerce função sintática de objeto direto e o pronome “aquilo”
garante a coesão textual, evitando a repetição.

QUESTÃO 36

Dependendo do contexto em que são empregados, termos como “aí”, “até” e “ir” ora denotam espaço,
ora denotam tempo. Esses variados sentidos que as palavras podem assumir nem sempre são precisamente
especificados no dicionário.
Talvez o exemplo mais interessante para ilustrar a indicação de tempo ou de espaço com a mesma
palavra seja o verbo “ir”. O sentido primeiro (aceitemos isso para efeito de raciocínio) do verbo “ir” é de
deslocamento: “alguém vai de A a B” quer dizer que alguém se desloca do ponto A ao ponto B. Trata-se de
espaço.
Dizemos também, por exemplo, que a Bandeirantes vai de Piracicaba a S. Paulo. Mas é claro que a
rodovia não se desloca: ela começa em uma cidade e termina em outra. Não há sentido de deslocamento nessa
oração, mas ainda estamos no domínio do espaço.
Agora, veja-se outro caso: também dizemos que o período colonial vai de 1500 a 1822 (ou a 1808,
conforme o ponto de vista). Nesse exemplo, ninguém se desloca, nem se informa sobre dois pontos do espaço,
dois lugares extremos. Agora não se trata mais de espaço. Trata-se de tempo. E o verbo é o mesmo.
POSSENTI, Sírio. Analogias. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/analogias>. Acesso em 23 mai. 2014.

18
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

O verbo “ir” tem, ainda, outro uso corrente não contemplado no texto: pode ser uma partícula unicamente
gramatical responsável por marcar o tempo futuro do verbo principal da oração. É a alternativa representativa
desse uso:
a) Enquanto aguardamos o telefonema da Joana, o Luís vai ao mercado e compra os salgados para o café.
b) O período de inscrição para o concurso foi divulgado: vai de novembro a dezembro.
c) Já noticiaram: o técnico vai divulgar o nome dos jogadores convocados nesta semana.
d) Amanhã, este carro vai para a oficina, para reparos no freio e na lataria.
e) Você já guardou tudo? Vai que ele chegue sem avisar...
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Na alternativa [C], o verbo “ir” forma uma locução verbal (“vai divulgar”) que substitui o verbo no futuro do presente
do indicativo (“divulgará”).

QUESTÃO 37

Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua
presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão
mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo
em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é
culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
(Antônio Vieira)

Na oração “Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu” ocorre uma inversão sintática –
hipérbato –, pois o sujeito aparece posposto ao verbo. O mesmo procedimento estilístico ocorre em:
a) “como fosse trazido à sua presença um pirata”
b) “que por ali andava roubando os pescadores”
c) “Basta, senhor”
d) “porque roubais em uma armada’’
e) “O roubar pouco é culpa”
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Nessa alternativa, ocorre inversão sintática, porque o sujeito pirata aparece posposto ao verbo da oração na voz
passiva (fosse trazido).

QUESTÃO 38

Lava Mae: Creating Showers on Wheels for the Homeless

San Francisco, according to recent city numbers, has 4,300 people living on the streets. Among the many
problems the homeless face is little or no access to showers. San Francisco only has about 16 to 20 shower stalls
to accommodate them.
But Doniece Sandoval has made it her mission to change that. The 51-year-old former marketing executive
started Lava Mae, a sort of showers on wheels, a new project that aims to turn decommissioned city buses into
shower stations for the homeless. Each bus will have two shower stations and Sandoval expects that they'll be able
to provide 2,000 showers a week.
ANDREANO, C. Disponível em: abcnews.go.com. Acesso: 26 jun. 2015 (adaptado).

A relação dos vocábulos shower, bus e homeless, no texto, refere-se a


a) empregar moradores de rua em lava a jatos para ônibus.
b) criar acesso a banhos gratuitos para moradores de rua
c) comissionar sem-teto para dirigir os ônibus da cidade.
d) exigir das autoridades que os ônibus municipais tenham banheiros.
e) abrigar dois mil moradores de rua em ônibus que foram adaptados.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A questão pede especificamente o significado das palavras Shower (chuveiro), bus (ônibus) e Homeless (sem
teto). Conhecendo o significado dessas palavras, se pode fazer a associação à resposta que é a criação de meios
para a higiene pessoal para pessoas que vivem nas ruas.

19
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 39

National Geographic News


Christine Dell’Amore. Published April 26, 2010

Our bodies produce a small steady amount of natural morphine, a new study suggests. Traces of the chemical are
often found in mouse and human urine, leading scientists to wonder whether the drug is being made naturally or
being delivered by something the subjects consumed. The new research shows that mice produce the “incredible
painkiller” — and that humans and other mammals possess the same chemical road map for making it, said study
co-author Meinhart Zenk, who studies plant-based pharmaceuticals at the Donald Danforth Plant Science Center in
St. Louis, Missouri.

Ao ler a matéria publicada na National Geographic, para a realização de um trabalho escolar, um estudante
descobriu que
a) os compostos químicos da morfina, produzidos por humanos, são manipulados no Missouri.
b) a produção de morfina em grande quantidade minimiza a dor em ratos e humanos.
c) os seres humanos têm uma predisposição genética para inibir a dor.
d) a produção de morfina é um traço incomum entre os animais.
e) os ratos e os humanos possuem a mesma via metabólica para produção de morfina.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Lendo o texto, percebemos que o estudante pôde descobrir que ratos são capazes de produzir um forte
analgésico (“the ‘incredible painkiller’”). A morfina também pode ser encontrada na urina de humanos que
possuem a mesma via metabólica de produção dos ratos (“and that humans and other mammals possess the
same chemical road map for making it”).

QUESTÃO 40

A wave of anger is sweeping the cities of the world.

The protests have many different origins. In Brazil people rose up against bus fares, in Turkey against a
building project. Indonesians have rejected higher fuel prices. In the euro zone they march against austerity, and
the Arab spring has become a perma-protest against pretty much everything.
Yet just as in 1848, 1968 and 1989, when people also found a collective voice, the demonstrators have
much in common. In one country after another, protesters have risen up with bewildering speed. They tend to be
ordinary, middle-class people, not lobbies with lists of demands. Their mix of revelry and rage condemns the
corruption, inefficiency and arrogance of the folk in charge.
Nobody can know how 2013 will change the world – if at all. In 1989 the Soviet empire teetered and fell.
But Marx’s belief that 1848 was the first wave of a proletarian revolution was confounded by decades of flourishing
capitalism and 1968 did more to change sex than politics. Even now, though, the inchoate significance of 2013 is
discernible. And for politicians who want to peddle the same old stuff, news is not good.
The Economist, June 29, 2013. Adaptado.

Ao comparar os protestos de 2013 com movimentos políticos passados, afirma-se, no texto, que
a) nem sempre esses movimentos expressam anseios coletivos.
b) as crenças de Marx se confirmaram, mesmo após 1848.
c) as revoltas de 1968 causaram grandes mudanças políticas.
d) não se sabe como os protestos de 2013 irão mudar o mundo.
e) mudanças de costumes foram as principais consequências de movimentos passados.

20
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
No terceiro parágrafo, diz “Nobody can know how 2013 will change the world” literalmente traduz-se como a
alternativa D. “Ninguém pode saber como os protestos de 2013 mudarão o mundo.”

QUESTÃO 41

O grupo O Teatro Mágico apresenta composições autorais que têm referências estéticas do rock, do pop e da
música folclórica brasileira. A originalidade dos seus shows tem relação com a ópera europeia do século XIX a
partir da
a) disposição cênica dos artistas no espaço teatral.
b) integração de diversas linguagens artísticas.
c) sobreposição entre música e texto literário.
d) manutenção de um diálogo com o público.
e) adoção de um enredo como fio condutor.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
As apresentações do grupo O Teatro Mágico são semelhantes à integração das diversas linguagens artísticas da
ópera europeia do século XIX, os aspectos teatrais e a música.

QUESTÃO 42
Além de envolver complexas questões da arte e da percepção humana, a produção de Vik Muniz tem forte apelo
popular. O artista brasileiro ficou conhecido por trabalhos com materiais inusitados, como geleia e sucata. Além de
artista, atuou como embaixador da Boa Vontade da UNESCO, e o engajamento social encontrou a arte em
projetos como o que realizou com catadores do aterro sanitário localizado no Jardim Gramacho (atualmente
fechado), em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A experiência foi mostrada no documentário Lixo
Extraordinário, indicado ao Oscar e premiado no festival de Berlim e no Festival de Sundance.

Marat (Sebastião) - Vick Muniz

21
2018 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Considerando a obra “Marat (Sebastião)”, de Vik Muniz, podemos afirmar que


a) foi desenvolvida através da colagem de materiais retirados do lixo e pintura a óleo.
b) trata-se de uma releitura e faz parte da série de fotografias “Imagens do lixo”.
c) o artista retrata catadores do Jardim Gramacho em pleno exercício de suas funções.
d) utilizou técnica mista, onde foram utilizados materiais recicláveis e performance.
e) o artista faz uso da pobreza alheia para promover marketing pessoal.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Com um trabalho diferente, criativo e multissignificante, o artista não apenas usa elementos diferentes para
montar suas obras, mas faz um trabalho de imersão nesses materiais e conta uma história com eles. Assim, suas
fotografias não são apenas fotos, são estudos sobre materiais que se revertem em montagens e releituras de
obras icônicas. Atualmente Vik Muniz é reconhecido em galerias e coleções particulares no mundo todo.

QUESTÃO 43
Na busca constante pela sua evolução, o ser humano vem alternando a sua maneira de pensar, de sentir e de
criar. Nas últimas décadas do século XVIII e no início do século XIX, os artistas criaram obras em que predominam
o equilíbrio e a simetria de formas e cores, imprimindo um estilo caracterizado pela imagem da respeitabilidade, da
sobriedade, do concreto e do civismo. Esses artistas misturaram o passado ao presente, retratando os
personagens da nobreza e da burguesia, além de cenas míticas e histórias cheias de vigor.
(RAZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003.)

Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos, charges, grafismo e até de ilustrações de livros para compor
obras em que se misturam personagens de diferentes épocas, como na seguinte imagem:
a) d)

b) e)

c)

22
2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Entre as opções apresentadas, a única em que o retrato mistura personagens de diferentes épocas é a opção C.
Nele, temos uma paródia de “Mona Lisa”, famoso quadro de Leonardo da Vinci. Sobre a imagem aplicou-se uma
foto do personagem “Mr. Bean”, além disso, a paródia coloca nas mãos da “Mona Lisa” um ursinho de pelúcia,
objeto característico de “Mr. Bean”.

QUESTÃO 44
Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos da moda. Novos espaços e
práticas esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus corpos. Multiplicaram-se as
academias de ginástica, as salas de musculação e o número de pessoas correndo pelas ruas.

Diante do exposto, é possível perceber que houve um aumento da procura por


a) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica), que são exercícios de baixo impacto, evitando o atrito
(não prejudicando as articulações), e que previnem o envelhecimento precoce e melhoram a qualidade de vida.
b) mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a aquisição e manutenção
de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com padrões de beleza instituídos socialmente.
c) programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na regulação metabólica, função
imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao longo do envelhecimento.
d) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um melhor funcionamento do
organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e hábitos saudáveis com base em produtos naturais.
e) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes (carboidratos, gorduras
ou proteínas), bem como exercícios que permitem um aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A ingestão de suplementos e de dietas que ajudam no desenvolvimento da modelação e da massa muscular, bem
como exercícios elaborados advindos dessa modernidade.

QUESTÃO 45
Há um consenso razoável entre os autores de que os sistemas defensivos são constituídos pelos tipos de
marcação (como se marca) e pelas linhas ou variações defensivas (onde se marca). Evidentemente que marcar
não se resume a isso: há ainda uma série de exigências quando se coloca uma equipe para marcar de
determinada forma em determinado local da quadra.

De que forma a equipe pode marcar no futsal?


a) Marcação por zona, individual e tripla.
b) Marcação simples, combinada e por zona.
c) Marcação mista, dupla ou tripla.
d) Marcação por zona, individual ou combinada.
e) Marcação simples, dupla ou tripla.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Por Zona - Quem marca se preocupa em marcar o outro apenas quando este adentrar o seu setor. Observe que a
referência continua sendo o jogador, mas não precisa mais acompanhá-lo por onde for. Basta marcá-lo no espaço
previamente determinado. Este tipo de marcação é utilizado geralmente por equipes que marcam numa linha 3 ou
4 (explico-as logo abaixo), isto porque os jogadores estão mais próximos uns dos outros, o que facilita a cobertura
e dificulta o ataque. Numa linha 2, exigiria, além de muito esforço físico, uma sincronização excepcional da equipe.
Marcar por zona na 3 ou na 4, por conta do espaço de quadra que se cria atrás de quem ataca, facilita, também, o
jogo de contra-ataque.
Individual - Quem opta em marcar individual tem sempre como referência o outro jogador. Logo, terá de
acompanhá-lo por onde este se movimentar. Pode-se marcar individualmente com troca de marcação. Em geral,
essa marcação é utilizada por equipes que têm jogadores mais experientes, com mais tempo de prática. Isto
porque exige trocas entre quem marca.
Marcação combinada (zona + individual) - A marcação de forma combinada ou mista é quando a equipe destina
alguém (ou mais de um jogador) para marcar individualmente e outros por zona. É pouco utilizada.

23
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

QUESTÃO 46
Em 1773, procurando aliviar as dificuldades financeiras da Companhia das Índias Orientais, o governo britânico
concedeu-lhe o monopólio do chá nas colônias. Os colonos reagiram e, disfarçados de índios, patriotas de Boston,
abordaram navios que transportavam chá, lançando a mercadoria nas águas do porto.

A ação descrita pelo texto levou o parlamento britânico a promulgar, em 1774, as Leis Coercitivas ou, como foram
chamadas pelos colonos, Intoleráveis. Tais leis
a) lançavam impostos sobre vidro e corantes.
b) interditavam o porto de Boston até que fosse pago o prejuízo causado pelos colonos.
c) proibiam a emissão de papéis de crédito na colônia que, até então, eram usados como moeda.
d) impunham aos colonos os custos do alojamento e fornecimento de víveres para as tropas britânicas enviadas
para a colônia.
e) enfraqueceram a autoridade do governador de Massachusetts.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Colonos norte-americanos já estavam sofrendo com uma série de leis estabelecidas pala Inglaterra após suas
perdas com a Guerra dos Sete Anos. O auge da tributação culminaria nas Leis Coercitivas que, em seu texto,
fechariam o porto de Boston.

QUESTÃO 47
Os processos de ocupação do território americano do norte simbolizam, para muitos historiadores, a presença do
ideário europeu no Novo Mundo. Os pioneiros ingleses do Mayflower construíram uma sociedade baseada na
justiça e no cumprimento dos valores religiosos e morais protestantes. Essa base fundadora teve papel essencial
na formação dos Estados Unidos da América.

A relação correta entre a fundação e a formação dos Estados Unidos é:


a) A Revolução Americana de 1776 representou, nos Estados Unidos, a presença dos valores da Revolução
Francesa, mostrando como os americanos estavam sintonizados com a Europa e não queriam se separar
da Inglaterra.
b) A Revolução Americana de 1776 foi o episódio que representou, de forma mais cabal, a presença da tradição
dos primeiros colonos, por meio do sentido de liberdade e da ideia de “destino manifesto”.
c) A Revolução Americana de 1776 apresentou valores que eram oriundos das culturas indígenas da região
americana e, por isso, garantiu a expressão radical de liberdade, na Revolução.
d) A Revolução de 1776 foi um episódio isolado na história dos Estados Unidos, pois se fundamentou em valores
de unidade que não foram capazes de fazer dos Estados Unidos um país americano.
e) A Revolução Americana de 1776 foi apenas um ensaio do que ocorreria no século XIX, nos Estados Unidos,
por isso, podemos pensá-la como um apêndice da Guerra de Secessão, esta, sim, vinculada à
Revolução Francesa.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O espírito de luta e de independência na América Inglesa esteve centrado no contexto de luta protestante. O navio
Mayflower serviu de inspiração para o Pacto Myflower. O povo que se constituiu naquele local teve em si o
ideal libertário.

QUESTÃO 48
Todas as revoluções civis e políticas tiveram uma pátria e sobre ela se fecharam. A Revolução Francesa não teve
um território específico, antes pelo contrário, o seu efeito foi de algum modo o de apagar do mapa todas as
antigas fronteiras. Vimo-la aproximar ou dividir os homens a despeito das leis, das tradições, dos caracteres, da
língua, transformando por vezes em inimigos, compatriotas, e estranhos em irmãos; ou antes, ela formou ainda de
todas as nacionalidades distintas uma pátria intelectual comum da qual os homens de todas as nações puderam
tornar-se cidadãos.
TOCQUEVILLE, Alexis de. O Antigo Regime e a Revolução. 1856. Livro I, cap. 3.

1
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

De acordo com o trecho anterior, poder-se-ia ver na Revolução Francesa, iniciada em 1789, um caráter
a) nacionalista e patriótico.
b) fortemente sectário.
c) globalizante e moderno.
d) regionalista.
e) pretensamente universalista.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A Revolução Francesa não representou um ideal nacionalista ou patriota. No seu contexto geral, foi uma
revolução universalista, tratava do homem, de direitos iguais, da liberdade humana, rompendo valores medievais.

QUESTÃO 49
A Revolução Francesa constitui um dos capítulos mais importantes da longa e descontínua passagem histórica do
feudalismo ao capitalismo. Com a Revolução (científica) do século XVII e a Revolução Industrial do século XVIII
na Inglaterra, e ainda com a Revolução Americana de 1776, a Grande Révolution lança os fundamentos da
História contemporânea.
MOTA, C. G. A Revolução Francesa.

Entre as transformações promovidas pela Revolução na França, iniciada em 1789, é correto afirmar que
a) os privilégios feudais e o regime de servidão foram abolidos destruindo a base social que sustentava o Antigo
Regime absolutista francês.
b) a Revolução aboliu o trabalho servil e fortaleceu o clero católico, instituindo uma série de medidas de
caráter humanista.
c) os revolucionários derrubaram o rei e proclamaram uma República fundamentada no igualitarismo radical na
qual a propriedade privada foi abolida.
d) a Revolução rompeu os laços com a Igreja católica, iniciando uma reforma de cunho protestante que se
aproximava dos ideais da ética do capitalismo moderno.
e) a Revolução, mesmo em seu momento mais radical, não foi capaz de romper com as formas de propriedade e
trabalho vigentes no antigo regime.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Durante o processo revolucionário, os privilégios feudais e o regime de servidão foram abolidos. Destruindo a
base social que sustentava o Antigo Regime absolutista francês, romperam-se tradições medievais.

QUESTÃO 50
A igualdade, a universalidade e o caráter natural dos direitos humanos ganharam uma expressão política direta
pela primeira vez na Declaração da Independência americana de 1776 e na Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789. Embora se referisse aos “antigos direitos e liberdades” estabelecidos pela lei inglesa e
derivados da história inglesa, a Bill of Rights inglesa de 1689 não declarava a igualdade, a universalidade ou o
caráter natural dos direitos. Os direitos são humanos não apenas por se oporem a direitos divinos ou de animais,
mas por serem os direitos de humanos em relação uns aos outros.
HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 19. (Adaptação).

É correto afirmar que


a) a prática jurídica da igualdade foi expressa na Declaração de Independência dos EUA e assegurada nos
países independentes do continente americano após 1776.
b) a lei inglesa, ao referir-se aos antigos direitos, preservava a hierarquia, os privilégios exclusivos da nobreza
sobre a propriedade e os castigos corporais como procedimento jurídico.
c) no contexto da Revolução Francesa, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão significou o fim do
Antigo Regime, ainda que tenham sido mantidos os direitos tradicionais da nobreza.
d) os direitos do homem, por serem direitos dos humanos em relação uns aos outros, significam que não pode
haver privilégios, nem direitos divinos, mas devem prevalecer os princípios da igualdade.
e) o documento inglês promovera a liberdade da burguesia na Inglaterra, sua supremacia sobre o
domínio monárquico.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Identifica-se no texto o valor presente na ideia de igualdade. Os direitos do homem, por serem direitos dos
humanos em relação uns aos outros, significam que não pode haver privilégios, nem direitos divinos, mas devem
prevalecer os princípios da igualdade.

2
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 51
O período pós-medieval foi um período de vastas demarcações e de consolidações em grande escala. Dentro dos
limites definidos do novo domínio territorial, estabeleceram-se áreas unificadas de administração. [...] Na Idade
Média, o mosaico histórico constituído pelos privilégios, deveres e direitos feudais e municipais, fundados em
dedicatórias, preempções, conquistas, cartas, casamentos, quase dispensaria referência; fora da Igreja não havia
campo contínuo de governo. Mas o novo domínio territorial, ao contrário, podia ser visto ou pelo menos imaginado;
era um todo visível, e cada país que fosse politicamente unificado tornava-se, por assim dizer, um quadro completo
em si mesmo. Essa imagem mental do poder só se tornou possível quando a continuidade territorial passou a ser um
atributo do Estado soberano. Ali onde as fronteiras geográficas vieram reforçar essa imagem, como na Inglaterra, o
Estado nacional se desenvolveu mais cedo e continuou por mais tempo o seu desenvolvimento.
(MUMFORD, 1958, p. 192-193).

Do ponto de vista da geopolítica europeia no século XIX, o Congresso de Viena representou


a) a busca por territórios por parte das grandes potências e restabelecer o Antigo Regime.
b) a oportunidade para o reconhecimento dos direitos nacionalistas de pequenos estados aniquilados pela
política napoleônica.
c) a vitória do liberalismo divulgado pela Revolução Francesa e o combate sistemático aos governos orientados
pelo “despotismo esclarecido”.
d) o reconhecimento da legitimidade dos grandes impérios coloniais, cujas fronteiras foram desenhadas na
Conferência de Berlim.
e) a perda definitiva da autonomia política dos pequenos estados, como a Turquia, o Líbano e a Argélia.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O Congresso de Viena produziu um retrocesso revolucionário, a busca pelo conservadorismo, o retorno ao Antigo
Regime e o interesse de potências europeias por territórios.

QUESTÃO 52
Em 1793, Schiller, um crítico da Revolução Francesa, vislumbrou os possíveis resultados contrarrevolucionários
gerados pelo movimento de 1789 na seguinte passagem:

“A tentativa do povo francês de instaurar os sagrados Direitos do Homem e de conquistar a liberdade política não
fez mais que trazer à luz sua impotência e falta de valor a este respeito; o resultado foi que não apenas esse povo
infeliz mas junto com ele boa parte da Europa e todo um século foram atirados de volta à barbárie e à servidão”.

O processo contrarrevolucionário que veio confirmar o receio do autor foi


a) a eclosão da Guerra dos Cem Anos.
b) a formação da Santa Aliança.
c) a proclamação da Comuna de Paris.
d) as jornadas de 1830 e 1848.
e) o estabelecimento do Comitê da Salvação.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A Santa Aliança foi inicialmente formada pela Rússia, Prússia e Áustria, as 3 (três) potências vencedoras
da Guerra contra Napoleão Bonaparte, como forma de garantir a realização prática das medidas que foram
aprovadas pelo Congresso de Viena, bem como impedir o avanço corruptor das
ideias liberais e constitucionalistas, muito espalhadas com a Revolução Francesa e que haviam criado revoltosos
um pouco por toda a Europa.

QUESTÃO 53

As ordens de Napoleão: soldados franceses queimando importações britânicas em 1810.


HENDERSON, W. O. A Revolução Industrial. São Paulo: Verbo / EDUSP, 1979. p. 27.

3
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

A explicação para o quadro anterior está


a) na repulsa da população francesa aos produtos ingleses vendidos na Europa Continental, em geral muito
caros e de péssima qualidade.
b) no protesto de operários franceses contra o desemprego causado na Inglaterra pela introdução de máquinas
no processo produtivo (início da chamada “Revolução Industrial’’).
c) na disputa, até militar, entre uma Inglaterra já em acelerado estado de industrialização e uma França que
busca o mesmo intento, abrindo concorrência ao produto inglês.
d) na tentativa francesa de evitar que matérias-primas mais baratas, oriundas da Inglaterra, arruinassem os
produtos franceses.
e) na revolta dos franceses contra o apoio dado pela monarquia inglesa à família real portuguesa quando esta
decidiu retornar à Europa, após sua estadia no Brasil.
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Estratégias e o desespero napoleônico na busca por conter o domínio industrial inglês, muito à frente de várias
nações europeias no processo industrial. Ações que culminaram em eventos militares e no bloqueio continental.

QUESTÃO 54
Artigo 5º – O comércio de mercadorias inglesas é proibido, e qualquer mercadoria pertencente à Inglaterra, ou
proveniente de suas fábricas e de suas colônias é declarada boa presa. [...]
Artigo 7º – Nenhuma embarcação vinda diretamente da Inglaterra ou das colônias inglesas, ou lá tendo estado,
desde a publicação do presente decreto, será recebida em porto algum.
Artigo 8º – Qualquer embarcação que, por meio de uma declaração, transgredir a disposição acima, será
apresada e o navio e sua carga serão confiscados como se fossem propriedade inglesa.
EXCERTO do Bloqueio Continental, Napoleão Bonaparte. In: MATTOSO, Kátia M. de Q. Textos e documentos para o estudo da História
Contemporânea (1789-1963). 1977.

Esses artigos do Bloqueio Continental, decretado pelo imperador da França em 1806, permitem notar a disposição
francesa de
a) estimular a autonomia das colônias inglesas na América, que passariam a depender mais de seu
comércio interno.
b) impedir a Inglaterra de negociar com a França uma nova legislação para o comércio na Europa e nas
áreas coloniais.
c) provocar a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, por meio da ocupação militar da
Península Ibérica.
d) ampliar a ação de corsários ingleses no norte do Oceano Atlântico e ampliar a hegemonia francesa nos
mares europeus.
e) debilitar economicamente a Inglaterra, então em processo de industrialização, limitando seu comércio com o
restante da Europa.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Por não conseguir conter o processo comercial inglês, que já estava mergulhado na Revolução Industrial, a
França Napoleônica resolveu lançar o Bloqueio Continental, visando debilitar a Inglaterra.

QUESTÃO 55
O hispano-americano principia como uma justificação da independência, mas se transforma quase imediatamente
num projeto: a América é menos uma tradição a seguir que um futuro a realizar. Projeto e utopia são inseparáveis
do pensamento hispano-americano, desde o final do século XVIII até nossos dias.
PAZ, Octavio. Labirintos da solidão. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984. p. 109.

Sobre o processo de Independência na América Espanhola, é correto afirmar que


a) o Congresso do Panamá, de iniciativa de Simón Bolívar, tinha como objetivo a criação de uma confederação
pan-americana e contava com a simpatia britânica.
b) a utopia da unidade era compartilhada por líderes da Independência, como San Martín, Hidalgo e Morelos.
c) a luta pela Independência visava à libertação dos criollos da tutela do domínio metropolitano, possibilitando,
assim, a modificação da estrutura social e econômica das colônias.
d) as guerras de Independência, inicialmente lideradas pelas elites nativas, ganharam força com a participação
de índios e escravos que concretizaram a emancipação do domínio espanhol.
e) Bolívar, chamado de o “libertador”, era um político conservador, defensor de uma monarquia panamericana.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
As lutas de Independência na América Espanhola tiveram como principais elementos membros da elite criolla,
mas, a participação das camadas populares como agentes históricos foi um processo decisivo para a
concretização das emancipações.

4
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 56

Era o fim. O general Simón José Antonio de La Santísima Trinidad Bolívar y Palacios ia embora para sempre.
Tinha arrebatado ao domínio espanhol um império cinco vezes mais vasto que as Europas, tinha comandado vinte
anos de guerras para mantê-lo livre e unido, e o tinha governado com pulso firme até a semana anterior, mas na
hora da partida não levava sequer o consolo de acreditarem nele. O único que teve bastante lucidez para saber
que na realidade ia embora, e para onde ia, foi o diplomata inglês, que escreveu num relatório oficial a seu
governo: “O tempo que lhe resta mal dá para chegar ao túmulo.”
MÁRQUEZ, Gabriel García. O general em seu labirinto, 1989.

O perfil de Simón Bolívar, apresentado no texto, acentua alguns de seus principais feitos, mas deve ser
relativizado, uma vez que Bolívar
a) foi um importante líder político, mas jamais desempenhou atividades militares no processo de independência
da América Hispânica.
b) obteve sucesso na luta contra a presença britânica e norte-americana na América Hispânica, mas jamais
conseguiu derrotar os colonizadores espanhóis.
c) defendeu a total unidade das Américas, mas jamais obteve sucesso como comandante militar nas lutas de
independência das antigas colônias espanholas.
d) teve papel político e militar decisivo na luta de independência da América Hispânica, mas jamais governou a
totalidade das antigas colônias espanholas.
e) atuou no processo de emancipação da América Hispânica, mas jamais exerceu qualquer cargo político nos
novos Estados nacionais.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Simón Bolívar, sem dúvidas, fora o grande nome na luta libertadora da América Hispânica. Seu sonho e sua luta
passavam pelo processo pan-americanista. Tal elemento, porém, morreu com Bolívar, e a América fragmentou-se
em várias nações.

QUESTÃO 57
Para a América Espanhola e, pode-se acrescentar, para o Brasil oitocentista e os Estados Unidos, o Haiti foi um
exemplo e uma advertência, observados com crescente horror tanto por governantes como por governados.
LYNCH, John. In: BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina. São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial do Estado; Brasília: Fundação
Alexandre de Gusmão, 2001. v. 3. p. 69.

Nesse trecho, faz-se referência


a) ao subdesenvolvimento e à miséria da ilha caribenha, país mais pobre da América Latina.
b) à desagregação da sociedade haitiana, reforçada pelas constantes turbulências econômicas.
c) ao aumento crescente da influência dos ideais anarquistas e evolucionistas na ilha caribenha.
d) ao processo de Independência da ilha, marcado por uma sublevação maciça de escravos negros.
e) ao exclusivo processo abolicionista haitiano, marcado pela vitória negra no processo diplomático.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A Independência do Haiti fora um episódio ímpar na História. Produziu-se um processo de independência junto ao
processo abolicionista. O episódio foi liderado e conduzido por negros, culminando num final violento para a
população branca da ilha.

QUESTÃO 58
A ideia de ocupação do continente pelo povo americano teve também raízes populares, no senso comum e
também em fundamentos religiosos. O sonho de estender o princípio da “união” até o Pacífico foi chamado de
“Destino Manifesto”.
NARO, Nancy S. A formação dos Estados Unidos. São Paulo: Atual, 1986. p.19.

A concepção de “Destino Manifesto”, cunhada nos Estados Unidos da década de 1840,


a) difundiu a ideia de que os norte-americanos eram um povo eleito e contribuiu para justificar o desbravamento
de fronteiras e a expansão em direção ao Oeste.
b) tinha origem na doutrina judaica e enfatizava que os homens deviam temer a Deus e respeitar a todos os
semelhantes, independentemente de sua etnia ou posição social.
c) baseava-se no princípio do multiculturalismo e impediu a propagação de projetos ou ideologias racistas no Sul
e no Norte dos Estados Unidos.
d) derivou de princípios calvinistas e rejeitava a valorização do individualismo e do aventureirismo nas
campanhas militares de conquista territorial, privilegiando as ações coordenadas pelo Estado.
e) defendia a necessidade de se preservar a natureza e impediu o prosseguimento das guerras contra indígenas,
na conquista do Centro e do Oeste do território norte-americano.

5
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A justificativa estadunidense para ocupar as terras do oeste centrou-se no “Destino Manifesto”, no qual o povo
norte-americano parece ter sido enviado por Deus para realizar a tarefa expansionista.

QUESTÃO 59
A Guerra Civil Norte-americana (1861-65) representou uma confissão de que o sistema político falhou, esgotou os
seus recursos sem encontrar uma solução (para os conflitos políticos mais importantes entre as grandes regiões
norte-americanas, a Norte e a Sul). Foi uma prova de que mesmo numa das democracias mais antigas, houve
uma época em que somente a guerra podia superar os antagonismos políticos.
EISENBERG, Peter Louis. Guerra Civil Americana. São Paulo: Brasiliense, 1982.

Dentre os conflitos geradores dos antagonismos políticos referidos no texto está a


a) manutenção, pela sociedade sulista, do regime de escravidão, o que impediria a ampliação do mercado
interno para o escoamento da produção industrial nortista.
b) opção do Norte pela produção agrícola em larga escala voltada para o mercado externo, o que chocava com a
concorrência dos sulistas, que tentavam a mesma estratégia.
c) necessidade do Sul de conter a onda de imigração da população nortista para seus territórios, o que ocorria
em função da maior oferta de trabalho e da possibilidade do exercício da livre-iniciativa.
d) ameaça exercida pelos sulistas aos grandes latifundiários nortistas, o que se devia aos constantes
movimentos em defesa da reforma agrária naquela região em que havia concentração da
propriedade da terra.
e) adesão dos trabalhadores sulistas ao movimento trabalhista internacional, o que ameaçava a estabilidade das
relações trabalhistas praticadas na região norte.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A causa maior da Guerra Civil Americana foi a questão escravagista, da qual o sul defendia a manutenção, e o
norte, a extinção. O estopim para o início do confronto foi a vitória de Lincoln na eleição.

QUESTÃO 60
Progresso americano (1872)

Disponível em: <www.askart.com>.

A tela de John Gast simboliza a difusão de progressos materiais, como as ferrovias e o telégrafo, nos EUA, no
decorrer do século XIX. Essas mudanças contribuíram para a conquista de novos territórios e foram justificadas
pelo seguinte conjunto de ideias:
a) Doutrina Monroe
b) Política do Big Stick
c) Política da Boa Vizinhança
d) Doutrina do Destino Manifesto
e) Missão Civilizatória
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A imagem de Columbia, a visão divina estadunidense que avança iluminada para a escuridão do oeste, levando o
progresso, expressos no fio de telégrafo, na Constituição em suas mãos, locomotivas e navios ao fundo: é o
Destino Manifesto.

6
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 61
Existe uma cultura política que domina o sistema e é fundamental para entender o conservadorismo brasileiro. Há
um argumento, partilhado pela direita e pela esquerda, de que a sociedade brasileira é conservadora. Isso
legitimou o conservadorismo do sistema político: existiriam limites para transformar o país, porque a sociedade é
conservadora, não aceita mudanças bruscas. Isso justifica o caráter vagaroso da redemocratização e da
redistribuição da renda. Mas não é assim. A sociedade é muito mais avançada que o sistema político. Ele se
mantém porque consegue convencer a sociedade de que é a expressão dela, de seu conservadorismo.
NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado).

A característica do sistema político brasileiro, ressaltada no texto, obtém sua legitimidade da


a) dispersão regional do poder econômico.
b) polarização acentuada da disputa partidária.
c) orientação radical dos movimentos populares.
d) condução eficiente das ações administrativas.
e) sustentação ideológica das desigualdades existentes.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Como mencionado corretamente na alternativa [E], segundo o texto, a característica do sistema político brasileiro
é o conservadorismo propagando-se como a expressão da sociedade, fato que permite sua legitimação a despeito
das demandas sociais por mudanças. Estão incorretas as alternativas: [A], porque o texto não faz referência ao
poder econômico; [B], porque o texto não faz referência à questão partidária; [C], porque, segundo o texto, o
conservadorismo se mantém em razão da expressão conservadora da sociedade; [D], porque o texto não faz
referência à gestão governamental.

QUESTÃO 62
Colhe o Brasil, após esforço contínuo dilatado no tempo, o que plantou no esforço da construção de sua inserção
internacional. Há dois séculos formularam-se os pilares da política externa. Teve o país inteligência de longo prazo
e cálculo de oportunidade no mundo difuso da transição da hegemonia britânica para o século americano.
Engendrou concepções, conceitos e teoria própria no século XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio Branco.
Buscou autonomia decisória no século XX. As elites se interessaram, por meio de calorosos debates, pelo destino
do Brasil. O país emergiu, de Vargas aos militares, como ator responsável e previsível nas ações externas do
Estado. A mudança de regime político para a democracia não alterou o pragmatismo externo, mas o aperfeiçoou.
SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silêncio do parlamento. Correio Braziliense, Brasília, 28 maio 2009 (adaptado).

Sob o ponto de vista da política externa brasileira no século XX, conclui-se que
a) o Brasil é um país periférico na ordem mundial, devido às diferentes conjunturas de inserção internacional.
b) as possibilidades de fazer prevalecer ideias e conceitos próprios, no que tange aos temas do comércio
internacional e dos países em desenvolvimento, são mínimas.
c) as brechas do sistema internacional não foram bem aproveitadas para avançar posições voltadas para a
criação de uma área de cooperação e associação integrada a seu entorno geográfico.
d) os grandes debates nacionais acerca da inserção internacional do Brasil foram embasados pelas elites do
Império e da República por meio de consultas aos diversos setores da população.
e) a atuação do Brasil em termos de política externa evidencia que o país tem capacidade decisória própria,
mesmo diante dos constrangimentos internacionais.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A política externa brasileira apresenta alguns princípios importantes consolidados ao longo do tempo que
conferem relativa autonomia:
- o respeito à soberania e não ingerência direta em assuntos internos de outros países;
- a atuação como mediador em processos de paz principalmente na América Latina;
- a adesão ao TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear);
- a participação em missões de paz da ONU em vários países (Angola, Timor Leste, Haiti...);
- a reivindicação de reforma no Conselho de Segurança da ONU para inclusão de novos membros permanentes
(G4: Brasil, Alemanha, Japão e Índia);
- o trabalho em prol de um mundo multipolar e a participação ativa em organismos multilaterais econômicos e
políticos (BRICS, G20, OMC, Mercosul, Unasul, CELAC, OEA etc.)
- a adesão aos acordos internacionais na área ambiental (Protocolo de Kyoto, Acordo de Paris, Protocolo de
Nagoya, entre outros).

7
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 63
Apesar de ser estratégica para a integração sul-americana, a Faixa de Fronteira configura-se como uma região
pouco desenvolvida economicamente, historicamente abandonada pelo Estado, marcada pela dificuldade de
acesso a bens e serviços públicos, pela falta de coesão social, pela inobservância de cidadania e por problemas
peculiares às regiões fronteiriças.
(Ministério da Integração Nacional. Faixa de fronteira, 2009. Adaptado.)

Sob o ponto de vista do território brasileiro, configuram exemplos de problemas peculiares às regiões fronteiriças:
a) a captação de recursos por instituições financeiras internacionais e a evasão de divisas.
b) a ausência de tributação legal e a desarticulação político-institucional dos municípios.
c) a formação de economias de subsistência e a organização de movimentos separatistas.
d) a entrada de produtos ilícitos e a saída de recursos naturais explorados ilegalmente.
e) a livre atividade de grileiros e a comercialização de títulos de propriedade para terras devolutas.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Como mencionado corretamente na alternativa [D], o contrabando, o mercado negro ou ilegal é um exemplo
clássico dos problemas associados às fronteiras. Estão incorretas as alternativas: [A], porque financiamentos
internacionais não se configuram como um problema; [B], porque a desarticulação político-institucional não é um
problema inerente à fronteira; [C], porque a subsistência não é inerente à fronteira e o país não tem movimentos
separatistas; [E], porque a ação dos grileiros não se limita às fronteiras.

QUESTÃO 64

De acordo com as figuras, a intensidade de intemperismo de grau muito fraco é característica de qual tipo
climático?
a) Tropical.
b) Litorâneo.
c) Equatorial.
d) Semiárido.
e) Subtropical.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O intemperismo (desagregação da rocha por processos físicos e químicos) é “muito fraco” no Sertão do Nordeste,
onde prevalece o clima semiárido. A baixa pluviosidade (inferior a 600 mm anuais) proporciona menor infiltração
de água e menor intemperismo químico, levando à formação de solos menos desenvolvidos.

8
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 65
Um dos principais objetivos de se dar continuidade às pesquisas em erosão dos solos é o de procurar resolver os
problemas oriundos desse processo, que, em última análise, geram uma série de impactos ambientais. Além
disso, para a adoção de técnicas de conservação dos solos, é preciso conhecer como a água executa seu
trabalho de remoção, transporte e deposição de sedimentos. A erosão causa, quase sempre, uma série de
problemas ambientais, em nível local ou até mesmo em grandes áreas.
GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma atualização de bases e
conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007 (adaptado).

A preservação do solo, principalmente em áreas de encostas, pode ser uma solução para evitar catástrofes em
função da intensidade de fluxo hídrico. A prática humana que segue no caminho contrário a essa solução é
a) a aração.
b) o terraceamento.
c) o pousio.
d) a drenagem.
e) o desmatamento.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A natureza mecânica dos fenômenos associados a deslizamentos de encostas resulta de variados fatores que
atuam em conjunto. Em áreas de encostas acentuadas, o terreno é naturalmente mais frágil e suscetível aos
deslizamentos. A ação humana, no caso, serve de aceleradora do processo, principalmente quando se destaca o
desmatamento de áreas de encosta. O terraceamento, o pousio, a aração em curvas de nível e projetos de
drenagem contribuem para a retenção ou retardo dos deslizamentos de encostas.

QUESTÃO 66
Muitos processos erosivos se concentram nas encostas, principalmente aqueles motivados pela água e pelo
vento. No entanto, os reflexos também são sentidos nas áreas de baixada, onde geralmente há ocupação urbana.
Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é
a) a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água em seus leitos.
b) a contaminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matéria orgânica.
c) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela redução do escoamento superficial pluvial na encosta.
d) a maior facilidade de captação de água potável para o abastecimento público, já que é maior o efeito do
escoamento sobre a infiltração.
e) o aumento da incidência de doenças como a amebíase na população urbana, em decorrência do escoamento
de água poluída do topo das encostas.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Com a erosão pluvial das encostas devido, principalmente, ao processo de desmatamento, as áreas rebaixadas
ao entorno sofrem as consequências. Quando há chuvas intensas, os sedimentos erodidos das encostas são
levados para os rios nas partes mais baixas do relevo, assoreando esses rios, que acabam não comportando o
volume de água adequado em seu leito.

QUESTÃO 67

A leitura dos dados revela que as áreas com maior cobertura vegetal têm o potencial de intensificar o processo de
a) erosão laminar.
b) intemperismo físico.
c) enchente nas cidades.
d) compactação do solo.
e) recarga dos aquíferos.

9
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Em áreas com maior cobertura vegetal, o processo de infiltração de água nos solos é mais eficiente, pois os
galhos, folhas e raízes promovem a captura mais lenta de água.

QUESTÃO 68
No mapa atual do Brasil, reproduzido abaixo, foram indicadas as rotas percorridas por algumas bandeiras
paulistas no século XVII.

Nas rotas indicadas no mapa, os bandeirantes


a) mantinham-se, desde a partida e durante o trajeto, em áreas não florestais. No percurso, enfrentavam
períodos de seca, alternados com outros de chuva intensa.
b) mantinham-se, desde a partida e durante o trajeto, em ambientes de florestas densas. No percurso,
enfrentavam chuva frequente e muito abundante o ano todo.
c) deixavam ambientes florestais, adentrando áreas de campos. No percurso, enfrentavam períodos muito
longos de seca, com chuvas apenas ocasionais.
d) deixavam ambientes de florestas densas, adentrando áreas de campos e matas mais esparsas. No percurso,
enfrentavam períodos de seca, alternados com outros de chuva intensa.
e) deixavam áreas de matas mais esparsas, adentrando ambientes de florestas densas. No percurso,
enfrentavam períodos muito longos de chuva, com seca apenas ocasional.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Na época das bandeiras, o ponto de partida era o estado de São Paulo (Mata Atlântica/Floresta Tropical). De São
Paulo, eles se deslocavam para Minas Gerais (Floresta Tropical e Cerrado), Goiás (Cerrado) e Mato Grosso
(Cerrado e Floresta Amazônica). Assim sendo:
[A] Falsa: afirma que desde a partida do trajeto era feito em áreas não florestadas.
[B] Falsa: afirma que todo o trajeto era feito em ambientes de florestas densas.
[C] Falsa: caracteriza o clima semiárido não percorrido pelos bandeirantes.
[E] Falsa: eles saíam da Mata Atlântica, e não de matas mais esparsas.

QUESTÃO 69

10
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Uma scena franco-brazileira: “franco” – pelo local e os personagens, o local que é Paris e os personagens que são
pessoas do povo da grande capital; “brazileira” pelo que ahi se está bebendo: café do Brazil. O Lettreiro diz a
verdade apregoando que esse é o melhor de todos os cafés. (Essa página foi desenhada especialmente para A
Ilustração Brazileira pelo Sr. Tofani, desenhista do Je Sais Tout.)
A Ilustração Brazileira, n. 2, 15 jun. 1909 (adaptado).

A página do periódico do início do século XX documenta um importante elemento da cultura francesa com base no
que é revelador ao papel do Brasil na economia mundial na época, indicado no seguinte aspecto:
a) Prestador de serviços gerais.
b) Exportador de bens industriais.
c) Importador de padrões estéticos.
d) Fornecedor de produtos agrícolas.
e) Formador de padrões de consumo.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O Brasil no início do século XX era reconhecidamente o “país produtor do café”, que era a base da economia
nacional e sustentadora da presente oligarquia política dominante do período.

QUESTÃO 70

Nas imagens, constam informações sobre a formação de brisas em áreas litorâneas. Esse processo é resultado
de
a) uniformidade do gradiente de pressão atmosférica.
b) aquecimento diferencial da superfície.
c) quedas acentuadas de médias térmicas.
d) mudanças na umidade relativa do ar.
e) variações altimétricas acentuadas.

GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A reação à radiação solar é diferente entre as massas oceânicas e as massas continentais, por isso, ocorre o
desencadeamento das brisas.

QUESTÃO 71
As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão.
Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré-
Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São
três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a São Francisco.
ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.

As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de
escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de
mineração e destacam-se pela sua história geológica por
a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês).
b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro.
c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país.
d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural.
e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura.

11
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Os escudos cristalinos são estruturas geológicas muito antigas da litosfera, com formação no
Arqueano/Proterozoico – cerca de três bilhões de ano atrás. Essas áreas são caracterizadas pela formação de
minerais metálicos, constituindo áreas importantes para a extração de minérios de ferro, ouro e manganês.

QUESTÃO 72

A preservação da sustentabilidade do recurso natural exposto pressupõe


a) impedir a perfuração de poços.
b) coibir o uso pelo setor residencial.
c) substituir as leis ambientais vigentes.
d) reduzir o contingente populacional na área.
e) introduzir a gestão participativa entre os municípios.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O aquífero Alter do chão abrange três estados e várias cidades, por isso a gestão participativa precisa ser levada
em conta, visto que a falta de cuidado de alguns municípios pode afetar a qualidade da água de toda a extensão
do aquífero.

QUESTÃO 73
A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de ajustamento à extensão e aos modos como as
sociedades funcionam em uma relação harmônica com seu clima. O homem e suas sociedades são vulneráveis
às variações climáticas. A vulnerabilidade é a medida pela qual a sociedade é suscetível de sofrer por
causas climáticas.
AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010 (adaptado).

Considerando o tipo de relação entre ser humano e condição climática apresentado no texto, uma sociedade
torna-se mais vulnerável quando
a) concentra suas atividades no setor primário.
b) apresenta estoques elevados de alimentos.
c) possui um sistema de transporte articulado.
d) diversifica a matriz de geração de energia.
e) introduz tecnologias à produção agrícola
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Quando uma sociedade concentra suas atividades na agropecuária e no extrativismo, a dependência das
condições climáticas é maior, pois tais atividades dependem do regime de chuva, são vulneráveis à geada e à
neve, e a falta de chuvas pode comprometer a eficiência e a qualidade dessas atividades.

12
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 74

Em 1932, o Estado Brasileiro instalou campos de concentração de flagelados no Ceará, desde a região do Cariri
até Fortaleza, destinados a isolar os retirantes que saíam do interior. No total, esses campos chegaram a
concentrar mais de 73 mil pessoas vivendo sob condições precárias.

Sobre o tema das secas no Nordeste, é correto afirmar que


a) o chamado “Polígono das Secas”, abrangendo a Zona da Mata, desde a Bahia até o Maranhão, foi
oficialmente demarcado nos anos 1930, no contexto da grande seca.
b) grandes levas de retirantes flagelados do Ceará saíam do sertão e se direcionavam ao agreste nordestino, em
busca de trabalho nos canaviais, ou às capitais do Sudeste, à procura de emprego no comércio.
c) o projeto de transposição de águas do rio São Francisco, implantado na atualidade como medida de combate
à seca, resultará em desassoreamento desse canal fluvial.
d) a ocorrência de campos para flagelados explica-se pela ausência de políticas de combate às secas,
implantadas apenas em 1960 pela Sudene – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste.
e) a explicação do fenômeno de migração para as cidades como decorrente da pobreza no sertão e
exclusivamente relacionada à seca é insuficiente, pois omite a lógica da concentração fundiária e
suas consequências.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A afirmativa [E] está correta porque a estagnação econômica da região e consequente migração da população
para as cidades são fortemente embasadas pela permanência de estruturas governamentais patriarcais aliadas à
concentração fundiária. As afirmativas incorretas são: [A], porque o Polígono das Secas abrange áreas do sertão e
foi oficialmente demarcado em 1946; [B], porque os retirantes se dirigiam à Zona da Mata; [C], porque a
transposição desvia parte das águas do São Francisco para áreas do sertão; [D], porque as políticas de combate
às secas se iniciam com a criação do Polígono das Secas em 1946.

13
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 75
A questão refere-se ao cartograma abaixo.

A deficiência hídrica superficial no Polígono das Secas, do semiárido nordestino, pode ser explicada pela(o)
a) localização em latitudes baixas.
b) predomínio de altitudes elevadas.
c) verificação de alto albedo terrestre.
d) presença de centros de alta pressão.
e) passagem de correntes marítimas quentes.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Como mencionado corretamente na alternativa [D], a presença de centros de alta pressão resulta na formação de
correntes de ar que transferem o calor para latitudes maiores resultando em ausência de chuvas. Estão incorretas
as alternativas: [A], [C] e [E], porque embora os fatores citados genericamente favoreçam a concentração de
umidade, fatores como a localização do centro de alta pressão no sertão impedem a formação de nuvens de
chuvas; [B], porque o sertão não registra elevadas altitudes.

QUESTÃO 76
Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço
geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa
aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984.

O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela constante
relação entre
a) fé e misticismo.
b) ciência e arte.
c) cultura e comércio.
d) política e economia.
e) astronomia e religião.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
No Renascimento, houve uma alteração na sensibilidade artística e uma valorização do racionalismo, do
humanismo, da cultura clássica e, sobretudo, da ciência. Em suas obras, os artistas passaram a produzir suas
pinturas e esculturas baseadas na observação do mundo visível se valendo de técnicas, princípios matemáticos e
racionais como proporção, equilíbrio, harmonia e perspectiva, além da utilização de novos temas, como a natureza
e o corpo humano.

14
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 77
Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na qual o
filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evita-la, ordenaram a um criado que matasse o menino. Porém,
penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que morava longe de Tebas para que
o criasse. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para evitar a
tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que,
insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber
que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele
decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia.
Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em 28 ago. 2010 (adaptado).

No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do
mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina.
A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é:
a) "Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo." Jean Paul Sartre
b) "Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser." Santo Agostinho
c) "Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte." Arthur Schopenhauer
d) "Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo." Michel Foucault
e) "O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança." Friedrich Nietzsche
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A única alternativa possível é a B, pois somente ela expressa, por meio da citação de Santo Agostinho, a tese do
determinismo, isto é, que a vida humana está fadada a ser governada por forças superiores, restando ao homem
pouca liberdade para alterar seu destino, pois mesmo que ele tente mudar o rumo das coisas não conseguirá
mudar seu futuro, sendo exatamente essa a mensagem que o mito Édipo Rei tenta transmitir.

QUESTÃO 78
A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem
estar separados; como na inscrição existente em Delfos, ― das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é
a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes
atividades, e entre essas a melhor nós identificamos como a felicidade.
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Cia. Das Letras, 2010

Ao reconhecermos na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude espiritual e ascese pessoa.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento político.
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A concepção aristotélica de felicidade estava ligada à ética, ou seja, às boas ações humanas baseadas em regras
que nortearão a vida em sociedade. Para Aristóteles, a felicidade não provém de um entretenimento, mas de uma
ação, do trabalho e do esforço. A felicidade é, assim, uma busca e um progresso. Dessa maneira, a felicidade
deveria estar ligada à finalidade das ações e das condutas humanas.

QUESTÃO 79
Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar as
evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que uma
outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em razões e evidências e questionar
tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.

Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado


importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à
a) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade.
b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas.
c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade.
d) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade.
e) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente.

15
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Depois de Platão e Aristóteles, devemos compreender que a simples aceitação de uma crença qualquer é uma
escolha, é um procedimento arbitrário e não mais uma posição mística agraciada por deus ou deuses misteriosos.
A respeito do surgimento da filosofia e seu relacionamento com o discurso mítico, podemos dizer que existe
sempre uma tensão tanto estabelecida pela oposição quanto pelo confronto – pensando a oposição como
estabelecimento de métodos e temas absolutamente distintos.

QUESTÃO 80
Ora, desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus existe.
Com efeito, esta palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que lhe seja maior.
Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que existe apenas no pensamento. Donde se
segue que o objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde que se entenda esta
palavra, também existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é evidente.
TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro. Loyola.

O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por


a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.
b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
c) explicar as virtudes teologais pela demonstração.
d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados.
e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O texto base da questão representa uma das contribuições mais significativas de São Tomás à discussão da
questão, central na filosofia cristã, da prova da existência de Deus pela razão. Ilustra assim um dos aspectos mais
importantes do pensamento de São Tomás, a concepção segundo a qual a razão procura demonstrar
racionalmente aquilo que a fé revela, sendo portanto um caminho para a fé, como se vê nas “cinco vias”, que
consistem em cinco grandes linhas de argumentação por meio das quais se pode provar que Deus existe.

QUESTÃO 81
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e
leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade,
permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009.)

No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A
manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O ‘príncipe’ deveria ter, em um primeiro princípio, a dureza de um tirano para atuar contra os opressores e evitar o
ódio da maioria da população, como também deveria ser possuidor de virtudes práticas que possibilitem ser
amado por aqueles fortes e pelos fracos em momentos de crises políticas e limitações econômicas.

QUESTÃO 82
Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o
devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não
chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o
qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim,
o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente
para o fim.
AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos

16
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de
a) refrear os movimentos religiosos contestatórios.
b) promover a atuação da sociedade civil na vida política.
c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.
d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.
e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
São Tomás de Aquino foi um filósofo medieval que teve por base de seus pensamentos as teorias aristotélicas.
Dentro dos pensamentos que defendia, um deles era a busca por um bem comum, que seria alcançado através
da monarquia.

QUESTÃO 83
O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890 dizia: Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e
destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem: andar em correrias, com armas ou
instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens. Pena: Prisão de dois
a seis meses.
SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890. Rio de Janeiro:
Secretaria Municipal de Cultura, 1994 (adaptado).

O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal
regulamento expressava
a) a manutenção de parte da legislação do Império com vistas ao controle da criminalidade urbana.
b) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos primeiros governos do período republicano.
c) o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada, desejosa de um equilíbrio entre progresso
e civilização.
d) a criminalização de práticas culturais e a persistência de valores que vinculavam certos grupos ao passado
de escravidão.
e) o poder do regime escravista, que mantinha os negros como categoria social inferior, discriminada
e segregada.
GABARITO: D
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A alternativa endossa a capoeira, desenvolvida pelos afrodescendentes, como manifestação cultural, embora
também visasse à autodefesa de seus praticantes. Nessa linha de interpretação, as punições impostas pelo
Código Penal Republicano tinham não apenas caráter repressivo, mas também objetivavam a exclusão social de
uma expressiva parcela da população.

QUESTÃO 84
O conceito de função social da cidade incorpora a organização do espaço físico como fruto da regulação social,
isto é, a cidade deve contemplar todos os seus moradores e não somente aqueles que estão no mercado formal
da produção capitalista da cidade. A tradição dos códigos de edificação, uso e ocupação do solo no Brasil sempre
partiram do pressuposto de que a cidade não tem divisões entre os incluídos e os excluídos socialmente.
QUINTO JR., L. P. Nova legislação urbana e os velhos fantasmas. Estudos Avançados (USP), n. 47, 2003 (adaptado).

Uma política governamental que contribui para viabilizar a função da cidade, nos moldes indicados no texto, é a
a) qualificação de serviços públicos em bairros periféricos.
b) implantação de centros comerciais em eixos rodoviários.
c) proibição de construções residenciais em regiões íngremes.
d) disseminação de equipamentos culturais em locais turísticos.
e) desregulamentação do setor imobiliário em áreas favelizadas.
GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Para que a cidade cumpra sua função social, ou seja, possa absorver todos moradores com formas de vida e
ocupação dignas, é necessário oferecer serviços públicos de qualidade, como transporte público, coleta de lixo,
saneamento, atendimento médico entre outros, ou seja, a importância de se qualificar (melhorar a qualidade do
serviço público). Alternativa [A]. Implantar centros comerciais nas rodovias não torna a cidade mais acessível.
Construções em regiões íngremes tem uma série de regulamentações, mas apesar do problema das favelas e
ocupações em regiões de morros, a melhor solução são programas de habitação. Equipamentos culturais em
locais turísticos, sem dúvida, melhoram a prestação de serviço turística, mas não tornam a cidade mais acessível.
O setor imobiliário nas favelas não é regulamentado, na verdade, são áreas que constituem as chamadas cidades
“ilegais”, pois não há documentos de posse dos lotes.

17
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 85
A favela é vista como um lugar sem ordem, capaz de ameaçar os que nela não se incluem. Atribuir-lhe a ideia de
perigo é o mesmo que reafirmar os valores e estruturas da sociedade que busca viver diferentemente do que se
considera viver na favela. Alguns oficiantes do direito, ao defenderem ou acusarem réus moradores de favelas,
usam em seus discursos representações previamente formuladas pela sociedade e incorporadas nesse campo
profissional. Suas falas se fundamentam nas representações inventadas a respeito da favela e que acabam por
marcar a identidade dos indivíduos que nela residem.
RINALDI, A. Marginais, delinquentes e vítimas: um estudo sobre a representação da categoria favelado no tribunal do júri da cidade do Rio de
Janeiro. In: ZALUAR, A.; ALVITO, M. (Orgs.). Um século de favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.

O estigma apontado no texto tem como consequência o(a)


a) aumento da impunidade criminal.
b) enfraquecimento dos direitos civis.
c) distorção na representação política.
d) crescimento dos índices de criminalidade.
e) ineficiência das medidas socioeducativas.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O conceito de estigma faz referência a uma desaprovação de características ou posições pessoais, que vão
contra normas culturais e levam frequentemente à marginalização. As representações do imaginário coletivo
relacionam os moradores da favela com criminalidade e violência, produzindo um efeito de não reconhecimento do
direito de cidadania política, o que gera uma perda dos direitos civis.

QUESTÃO 86
O Império Inca, que corresponde principalmente aos territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar enorme
contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente
estratificada e composta por imperadores, nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, camponeses,
escravos e soldados. A religião contava com vários deuses, e a base da economia era a agricultura,
principalmente o cultivo da batata e do milho.

A principal característica da sociedade inca era a


a) ditadura teocrática, que igualava a todos.
b) existência da igualdade social e da coletivização da terra.
c) estrutura social desigual compensada pela coletivização de todos os bens.
d) existência de mobilidade social, o que levou à composição da elite pelo mérito.
e) impossibilidade de se mudar de extrato social e a existência de uma aristocracia hereditária.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A sociedade incaica era estamental, o que fazia do nascimento o elemento definidor da posição social. Nessa
estrutura fortemente hierarquizada, as funções administrativas e guerreiras eram monopolizadas por uma
aristocracia hereditária, que sustentava o poder teocrático do Sapa Inca (imperador, considerado “Filho do Sol”).

QUESTÃO 87
A política de pacificação não resolve todos os problemas da favela carioca, ela é apenas um primeiro e
indispensável passo para que seus moradores sejam tratados como cidadãos. As Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs) recuperaram um território que estava ocupado por bandidos com armas de guerra,
substituíram a opressão de criminosos pela justiça formal do Estado. [Mas] se a UPP não for seguida por escola,
hospital, saneamento, defensoria pública, emprego, daqui a pouco a polícia de ocupação terá que ir embora das
favelas por inútil. Ou será obrigada a exercer a mesma opressão que o tráfico exercia para se proteger.
CACÁ DIEGUES. A contrapartida do lucro. O Globo, 28 jul. 2012.

Para o autor, a consolidação da cidadania nas comunidades carentes está condicionada à


a) efetivação de direitos sociais.
b) continuidade da ação ofensiva.
c) superação dos conflitos de classe.
d) interferência de entidades religiosas.
e) integração das forças de segurança.

18
2019 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: A
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
De acordo com o texto de Cacá Diegues, a consolidação da cidadania nas comunidades carentes depende
necessariamente da efetivação de direitos sociais para essas populações. A política pacificadora seria, de acordo
com ele, um fator importante para a melhoria de vida de muitas pessoas que vivem nas favelas do Rio, mas nada
disso resolveria, de maneira profunda, os problemas vividos por elas caso não houvesse um grande investimento
público para que seus direitos fossem reconhecidos. Entende-se que, para o sucesso de uma política pública, é
necessário implantar medidas que permitam ao cidadão ter diversas oportunidades e condições de superar sua
realidade de exclusão. Por esse motivo, a atuação do Estado deve ser estratégica atuando em diversos
seguimentos e setores ao mesmo tempo.

QUESTÃO 88
Existe uma cultura política que domina o sistema e é fundamental para entender o conservadorismo brasileiro. Há
um argumento, partilhado pela direita e pela esquerda, de que a sociedade brasileira é conservadora. Isso
legitimou o conservadorismo do sistema político: existiriam limites para transformar o país, porque a sociedade é
conservadora, não aceita mudanças bruscas. Isso justifica o caráter vagaroso da redemocratização e da
redistribuição da renda. Mas não é assim. A sociedade é muito mais avançada que o sistema político. Ele se
mantém porque consegue convencer a sociedade de que é a expressão dela, de seu conservadorismo.
NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado).

A característica do sistema político brasileiro, ressaltada no texto, obtém sua legitimidade da


a) dispersão regional do poder econômico.
b) polarização acentuada da disputa partidária.
c) orientação radical dos movimentos populares.
d) condução eficiente das ações administrativas.
e) sustentação ideológica das desigualdades existentes.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A questão interpreta o conservadorismo da sociedade brasileira sob um viés ideológico, ao afirmar que “a
sociedade [brasileira] é muito mais avançada que o sistema político”. Face ao exposto, a explicação que resta
para esse paradoxo é a de que as aspirações populares acabam sendo manipuladas por uma ideologia
conservadora que influencia o processo político.

QUESTÃO 89
TEXTO I
As fronteiras, ao mesmo tempo em que se separam, unem e articulam, por elas passando discursos de
legitimação da ordem social tanto quanto do conflito.
CUNHA, L. Terras lusitanas e gentes dos brasis: a nação e o seu retrato literário. Revista Ciências Sociais, n. 2, 2009.

TEXTO II
As últimas barreiras ao livre movimento do dinheiro e das mercadorias e informação que rendem dinheiro andam
de mãos dadas com a pressão para cavar novos fossos e erigir novas muralhas que barrem o movimento
daqueles que em consequência perdem, física ou espiritualmente, suas raízes.
BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

A ressignificação contemporânea da ideia de fronteira compreende a


a) liberação da circulação de pessoas.
b) preponderância dos limites naturais.
c) supressão dos obstáculos aduaneiros.
d) desvalorização da noção de nacionalismo.
e) seletividade dos mecanismos segregadores.
GABARITO: E
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Com o processo de globalização, as fronteiras ganham uma ressignificação, atendendo aos interesses do Estado.
Assim, o Estado é responsável por essa seletividade, deixando-as por vezes livres ou flexibilizadas para o fluxo de
capital, enquanto por outras restritivas e fechadas para circulação de pessoas. Tal condição caracteriza essa
seletividade dos mecanismos segregadores.

19
2019 - SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 90
A tribo não possui um rei, mas um chefe, que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o
chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar uma ordem. O
chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é
o lugar do poder. Essencialmente encarregado de eliminar conflitos que podem surgir entre indivíduos, famílias e
linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a ordem e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a
sociedade. Mas evidentemente prestígio não significa poder, e os meios que o chefe detém para realizar sua
tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da palavra.
CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982 (adaptado).

O modelo político das sociedades discutidas no texto contrasta com o do Estado liberal burguês porque se
baseia em
a) imposição ideológica e normas hierárquicas.
b) determinação divina e soberania monárquica.
c) intervenção consensual e autonomia comunitária.
d) mediação jurídica e regras contratualistas.
e) gestão coletiva e obrigações tributárias.
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
O poder político em relação no texto volta-se para um consenso e para o incentivo à autonomia comunitária.

20
JARDIM DA PENHA
(27) 3025 9150

JARDIM CAMBURI
(27) 3317 4832

PRAIA DO CANTO
(27) 3062 4967

VILA VELHA
(27) 3325 1001

www.upvix.com.br

Você também pode gostar