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Já que os textos teatrais são produzidos para serem representados e não contados,
geralmente não existe um narrador, fator que o difere dos textos narrativos.
Textos encenados
Gênero narrativo
Discurso direto
Ausência de narrador
Linguagem Teatral
A linguagem teatral é expressiva, dinâmica, dialógica, corporal e gestual. Para
prender a atenção do espectador os textos teatrais sempre apresentam um conflito, ou
seja, um momento de tensão que será resolvido no decorrer dos fatos.
Gêneros Teatrais
Os gêneros teatrais mais conhecidos são:
Tragédia
Comédia
Tragicomédia
Teatro Gil Vicente
Estilo
O autor produzia textos do gênero dramático, textos que deveriam ser representados.
Suas peças passam a ser representadas em um palco, novidade no teatro português. Ele
introduz também o uso de cenário nas apresentações.
A linguagem apresenta certo coloquialismo, o autor busca ser fiel aos falantes de
cada origem, retratando assim os diferentes falares e as diferenças sociais. Com isso,
mistura o popular, o arcaico, o moderno e o elitizado. Vicente era um observador da
realidade.
Teatro vicentino
O teatro vicentino é o nome dado aos textos teatrais produzidos pelo dramaturgo
português Gil Vicente durante o período denominado Humanismo (1434-1527). O
humanismo determina uma fase de transição entre o Trovadorismo e o Classicismo. Ou
seja, é o momento que marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.
O teatro vicentino tem início em 1502, com a apresentação da peça o “Monólogo do
vaqueiro”, também chamado de “Auto da visitação”.
A principal característica do Humanismo é a valorização do ser humano, com o
advento do pensamento antropocêntrico (homem no centro do mundo) no período
renascentista.
Posto que a maior parte de suas peças possua teor satírico, vale lembrar uma das
mais célebres frases do dramaturgo: “Rindo se castigam os costumes”.
O ponto mais forte de Gil Vicente está na criação de tipos humanos como o velho
apaixonado, a alcoviteira, a velha beata, o escudeiro fanfarrão, o médico incompetente, o
judeu ganancioso, o fidalgo decadente, a mulher adúltera e o padre corrupto.
Escritas em versos, as peças estão repletas de trocadilhos e ditados populares. É
importante ressaltar que a crítica do dramaturgo português é muito mais aos indivíduos
corruptos do que à religião em si mesma, seus dogmas e hierarquias.
Nesse aspecto, Gil Vicente crê no teatro como uma forma de denunciar a
degradação dos costumes, seja na Igreja, na família ou entre as classes profissionais
como os médicos ou sapateiros. Acima de tudo, acredita no poder do riso como uma
maneira de recolocar o homem no bom caminho, aquele que o afasta do vício em direção
à virtude.
Trecho de “O Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente – Peça de Teatro
[...]
DIABO
Oh, que caravela esta!
Põe bandeiras, que é festa.
Vela ao alto! Ancora a pique!
O poderoso Dom Henrique,
Cá vindes vos? Que coisa é essa?...
Aproxima-se o Fidalgo e, chegando ao barco infernal, diz:
FIDALGO
Esta barca para onde vai,
Que assim está apercebida? (preparada)
DIABO
Vai para a ilha perdida,
E há de partir daqui a nada.
FIDALGO
E para lá vai a senhora?
DIABO
Sou um senhor,
Ao vosso serviço.
FIDALGO
Parece-me isto um cortiço... (uma embarcação reles)
DIABO
Porque a vedes dai de fora.
FIDALGO
Pois sim, e por que terra passais?
DIABO
Para o inferno, senhor.
FIDALGO
Uma terra sem-sabor...
DIABO
O qué?... Mas também disso zombais?
DIABO
Em que esperas ter guarida? (salvação)
FIDALGO
Que deixo na outra vida, Quem reze sempre por mim.
DIABO
Quem reze sempre por ti?!...
Hi, hi, hi, hi, hi, hi hi...
Tu que viveste a teu prazer, Pensando cá guarnecer (salvares-te)
Por aqueles que lá rezam por ti?!..
Embarcai agora, embarcai!
Que haveis de ir nas traseiras
Mandai meter a cadeira,
Como também passou o vosso pal.
FIDALGO
0 quê!? O quê!? O quê!?
É lá que ele está?!
DIABO
Vai ou vem! Embarcal depressa!
Pelo que em vida escolheste,
Assim cá vos contentais
E como pela morte passastes,
Tereis que passar o río.
FIDALGO
Não há outro navio?
DIABO
Não, senhor, que este preparaste,
E assim que expiraste (morreste)
Me deste logo sinal.
FIDALGO
E que sinal foi esse tal?
DIABO
De que vós vos contentastes.
(que estava condenado)
FIDALGO
Para a outra barca me vou.
-O Anjo Ignora-o-
ANJO
Que quereis?
FIDALGO
Que me digais,
Pois morri tão sem aviso,
Se a barca do Paraíso
É esta em que navegais.
ANJO
Esta é. Que desejais?
FIDALGO
Que me deixeis embarcar.
Sou fidalgo de solar,
É bom que me recolhais.
ANJO
Não se embarca tirania,
Neste batel divinal.
FIDALGO
Não sei por que negais entrada
À minha senhoria...
ANJO
Para a vossa fantasia (vaidade)
Muito pequena é esta barca.
FIDALGO
Para senhor de bom nome,
Não há aqui mais cortesia?
Venha a prancha e atavio!
(a prancha e apetrechos para se subir para o barco) Levai-me desta ribeira!
ANJO
Não vindes cá a pensar
De entrar neste navio.
Aquele ali vai mais vazio.
Ali a cadeira entrará,
O rabo caberá
Desprezaste os pequenos,
Achar-vos-ei tanto menos (*)
Quanto mais foste fumoso. (arrogante).
[…]
Disponível em: <https://www.luso-livros.net/wp-content/uploads/2013/03/Auto-da-Barca-do-Inferna.pdf>. Acesso em 19 sat. 2017.
Referências Bibliográficas
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/gil-vicente-humanismo-e-o-nascimento-do-
teatro-em-portugal.htm
https://www.todamateria.com.br/texto-
teatral/#:~:text=O%20Texto%20Teatral%20ou%20Dram%C3%A1tico,s%C3%A3o%20pertencente
s%20ao%20g%C3%AAnero%20narrativo.