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COMMEDIA DELL’ARTE

Forma teatral única no mundo, desenvolveu-se na Itália no XVI século e


difundiu-se em toda Europa nos séculos sucessivos, a Commedia dell’arte contribuiu
na construção do teatro moderno.

Teatro espetacular baseado na improvisação e no uso de máscaras e


personagens estereotipados, é um gênero rigorosamente antinaturalista e
antiemocionalista.

A Commedia dell’Arte (que se traduz como “teatro do profissional”) começou na


Itália no século 16 cedo e rapidamente se espalhou por toda a Europa, criando uma
influência duradoura sobre Shakespeare, Molière, Ópera, Vaudeville, Teatro Musical
contemporâneo, Comédias, e Improvisação da comédia.

O legado da Commedia dell’Arte inclui o primeiro incorporado (Ie profissional)


companhia de teatro, as primeiras atrizes europeias, e muitos dos temas e enredos
ainda apreciado por o público de hoje.

O estilo da Commedia é caracterizado pelo uso de máscaras, a improvisação,


comédia física e tipos de personagens reconhecíveis.

Esta forma de arte colorido e extremamente teatral é baseado na interação de


personagens de ações tradicionais em cenários improvisados que facilitam um enredo
cômico para se chegar a um clímax bem-humorado.

A TRADIÇÃO

A Commedia dell’Arte, considerada um gênero teatral que surge na Itália em


meados do século XVI, é, no teatro ocidental, o único registro de um teatro de
máscaras, codificado, comparável ao teatro oriental como Nô no Japão, Katakali na
Índia, entre outros.

Neste tipo de teatro popular, o espetáculo é criado através de um roteiro de


intrigas bastante abertas, chamado canovaccio (trama larga), que diz quais máscaras
fazem aquela história, qual é a relação entre elas (quem é da mesma família, quem
são os servos de quem, etc) e traça um caminho, através das relações, para orientar
os atores que improvisam as falas e as cenas, que previamente estudadas, vão compor
o espetáculo no momento em que é apresentado ao público.

As máscaras aparecem independentes de qualquer história, tendo vida própria


e sendo criadas pelos atores, que inspirados na própria vida cotidiana, inventam tipos
críticos à realidade social da época em que vivem, com o propósito primeiro de se
divertirem e depois, de sobreviverem da própria arte.

As histórias, se resumiam, inicialmente, à relação entre os patrões e servos e


posteriormente, com a entrada de mulheres nas companhias de teatro, a histórias de
amor e intriga. Os canovacci traziam sempre um casal central que queria, a qualquer
custo, se casar e diversas intrigas que procuravam separar os jovens enamorados. A
trama se resumia a conseguir driblar as intrigas e os intrigueiros para que o amor entre
os jovens, prevalecesse.

Se as histórias se repetiam com mais ou menos criatividade, o que fazia deste


tipo de espetáculo um fenômeno tão grande a ponto de sobreviver no tempo, quase
três séculos, e ser retomado no século XX com uma força tremenda?

AS MÁSCARAS

O que os espectadores daquele tempo buscavam ver não eram as histórias já


tão sabidas, como as novelas que assistimos nos dias de hoje. O que eles buscavam
era ver como as coisas iriam acontecer e através de quem e como aquelas máscaras,
que ele reconhecia e gostava tanto, iriam resolver seus problemas. Eram as máscaras
o que o público ia assistir no teatro daquela época. E era através da máscara que o
público entendia o que era teatro. Não existiam outras funções para se fazer aquilo,
senão a função do ator, que portava a máscara e era o autor do tipo por ela
representado.

As máscaras tradicionais deste gênero teatral, que sobreviveram através dos


tempos e chegaram até os dias de hoje encantando as plateias atuais, são arquétipos,
ou seja, são caracteres, que contém algo essencial aos seres humanos em diversas e
distintas culturas.

É importante, entretanto, entendermos uma distinção entre o que uma máscara


tradicional representa e a forma que adquire, como objeto, que será o meio de
expressão cênica, através do qual a história será mostrada.

Tomemos como exemplo uma máscara bastante famosa:


O TEXTO

O que mais atrai o olhar contemporâneo nas leituras dos canovacci da


commedia dell’arte, é a inconsistência deles no que se refere ao conteúdo.

Sendo a comédia um espetáculo ligado fortemente a outros valores como as


máscaras, a espetacularidade da recitação, habilidade dos atores, a presença das
mulheres na cena, etc.…, não tinha necessidade de compor dramaturgias exemplares,
novidades de conteúdo ou estilos.

O canovaccio devia obedecer a requisitos de outro tipo, todos funcionais ao


espetáculo: clareza, partes equivalentes para todos os atores envolvidos, ser
engraçado, possibilidade de inserir lazzi, danças e canções, disponibilidade a ser
modificado.

A técnica de improviso que a commedia adotou não prescindiu de fórmulas que


facilitassem ao ator o seu trabalho. Diálogos inteiros existiam, muitos deles impressos,
para serem usados nos lugares convenientes de cada comédia. Tais eram as prime
uscite (primeiras saídas), os concetti (conceitos), saluti (as saudações), e as
maledizioni (as maldições).

Na sua fase áurea, o espetáculo da commedia dell’arte tinha ordinariamente


três atos, precedidos de um prólogo e ligados entre si por entreatos de dança, canto
ou farsa chamados lazzi ou lacci (laços).

O ENCENADOR

O espetáculo da commedia era construído com rigor, sob a orientação de um


concertatore, equivalente do diretor do teatro moderno, e de um certo modo seu
inspirador. Aquele, por sua vez, tinha à disposição séries numerosas de scenari,
minudendes roteiros de espetáculos, conservados presentemente em montante
superior a oitocentos; muitos ainda existem nos arquivos italianos e estrangeiros ser
terem sido arrolados.
O ATOR

O ator na commedia dell’arte, tinha um papel fundamental cabendo-lhe não só


a interpretação do texto, mas também a continua improvisação e inovação do mesmo.
Malabarismo canto e outro feitos eram exigidos continuamente ao ator.

O uso das máscaras (exclusivamente para os homens) caracterizava


os personagens geralmente de origem popular: os zanni, entre os mais famosos
vale a pena citar Arlequim, Pantaleão e Briguela.

Para utilizá-la o ator tinha de dominar muito bem sua técnica. Eram meias-máscaras.
Proporcionava um imediato reconhecimento da personagem pelo público (sentimento
e estado de espírito necessariamente engajavam todo o corpo). As máscaras não
proporcionavam uma caracterização definitiva dos personagens (servem mais para
delimitar do que para definir).

A enorme fragmentação e a quantidade de dialetos existentes na Itália do século


XVI obrigavam o ator a um forte uso da mímica que se tornou um dos mais importantes
fatores de atuação no espetáculo.

O ator na commedia dell’arte precisava ter “uma concepção plástica do teatro”


exigida em todas as formas de representação e a criação não apenas de pensamentos
como de sentimentos através do gesto mímico, da dança, da acrobacia, consoante as
necessidades, assim como o conhecimento de uma verdadeira gramática plástica, além
desses dotes do espírito que facilitam qualquer improvisação falada e que comandam
o espetáculo.

A enorme responsabilidade que tinha o ator em desenvolver o seu papel, com


o passar do tempo, portou à uma especialização do mesmo, limitando-o a desenvolver
uma só personagem e a mantê-la até a morte. A continua busca de uma linguagem
puramente teatral levou o gênero a um distanciamento cada vez maior da realidade.
A commedia foi importante sobretudo como reação do ator a uma era de acentuado
artificialismo literário, para demonstrar que, além do texto dramático, outros fatores
são significativos no teatro.

O TEATRO

Devido as origens extremamente populares a commedia dell’arte por longo


tempo não dispus de espaços próprios para as encenações. Palcos improvisados em
praças públicas eram os lugares onde a maioria das vezes ocorria o espetáculo.

Só no XVII século e mesmo assim esporadicamente a commedia começou a ter


acesso aos teatros que tinham uma estrutura tipicamente renascentista, onde eram
representados espetáculos eruditos.

Já no século XVIII a enorme popularidade deste tipo de representação forçou a


abertura de novos espaços para as companhias teatrais.

Em Veneza, por exemplo, existiam sete teatros: dois consagrados à opera


séria, dois à opera bufa e três à comédia.

Por Commedia dell’Arte entende-se comédia italiana de improviso, que surge


em Itália em meados do séc. XVI e se prolonga até ao séc. XVIII.

As representações teatrais levadas a cabo por atores profissionais, eram feitas


nas ruas e nas praças, e fundaram um novo estilo e uma nova linguagem,
caracterizadas pela utilização do cómico.
Ridicularizando militares, prelados, banqueiros, negociantes, nobres e plebeus,
o seu objetivo último era o de entreter um vasto público que lhe era fiel, provocando
o riso através do recurso à música, à dança, a acrobacias e diálogos pejados de ironia
e humor.

O termo dell’arte traduz bem uma das suas principais características. Trata-se
de uma comédia representada, não por atores amadores, mas sim por atores
profissionais, dotados de um talento particular.

Outro dos seus traços distintivos eram os diálogos improvisados, pelo que este
tipo de arte também é conhecido por commedia all’improviso (comédia de improviso)
ou commedia a soggeto (comédia de tema).

As encenações da commedia dell’arte baseavam-se na criação coletiva. Os


atores apoiavam-se num esquema orientador e improvisavam os diálogos e a ação,
deixando-se levar ao sabor da inspiração do momento, criando o tão desejado efeito
humorístico. Eventualmente, as soluções para determinadas situações foram sendo
interiorizadas e memorizadas, pelo que os atores se limitavam a acrescentar
pormenores que o acaso suscitava, ornamentados com jogos acrobáticos. O elevado
número de dialetos que se falavam na Itália pós-renascentista, determinou a
importância que a mímica assumia neste tipo de comédia.

O seu uso exagerado servia, não só o efeito do riso, mas a comunicação em si.
O mais provável era que uma companhia nada fizesse para mudar o dialeto em que a
peça era representada à medida que fosse atuando nas inúmeras regiões por que
passava. Mesmo no caso das companhias locais, raras eram as vezes em que os
diálogos eram entendidos na sua totalidade. Daí que atenção se centrasse na mímica
e nas acrobacias, a única forma de se ultrapassar a barreira da ausência de unidade
linguística.

As companhias, formadas por dez ou doze atores, apresentavam personagens


tipificados. Cada ator desenvolvia e especializava-se numa personagem fixa, cujas
características físicas e habilidades cómicas eram exploradas até ao limite. Variavam
apenas as situações em que as personagens se encontravam.
Também denominada commedia delle maschere (comédia das máscaras), este
elemento era extremamente relevante na composição das personagens, servindo para
melhor os ridicularizar e caracterizar. O mesmo acontecia com o recurso a
indumentárias coloridas. As máscaras utilizadas deixavam a parte inferior do rosto
descoberto, permitindo uma dicção perfeita e uma respiração fácil, ao mesmo tempo
que proporcionavam o reconhecimento imediato da personagem pelo público.

O comportamento destas personagens enquadrava-se num padrão: o


amoroso, o velho ingénuo, o soldado, o fanfarrão, o pedante, o criado astuto.

Scaramouche, Briguela, Isabela, Columbina, Polichinelo, Arlequim, o capitão


Metamoros e Pantaleone são personagens que está arte celebrizou e eternizou.

As peças giravam em torno de encontros e desencontros amorosos, com um


inesperado final feliz.

As personagens representadas inseriam-se em três categorias: a dos


enamorados, a dos velhos e a dos criados, também conhecidos por zannis (pelo que
este tipo de comédia também é conhecida por commedia dei zanni).

Estes últimos constituíam os tipos mais variados e populares. Havia o zanni


esperto, que movimentava as ações e a intriga, e o zanni rude e simplório, que animava
a ação com as suas brincadeiras atrapalhadas. O mais popular é, sem dúvida,
Arlequim, o empregado trapalhão, ágil e malandro, capaz de colocar o patrão ou a si
em situações confusas, que desencadeavam a comicidade. No quadro de personagens,
merecem ainda destaque Briguela, um empregado correto e fiel, mas cínico e astuto,
e rival de Arlequim, Pantaleone ou Pantaleão, um velho fidalgo, avarento e
eternamente enganado. Papel relevante era ainda o do Capitano (capitão), um covarde
que contava as suas proezas de amor e em batalhas, mas que acabava sempre por
ser desmentido. Com ele procurava-se satirizar os soldados espanhóis.

As representações tinham lugar em palcos temporários, na maior parte das


vezes nas ruas e praças das cidades e, ocasionalmente, na corte. A precaridade dos
meios de transporte e vias e as consequentes dificuldades de locomoção,
determinavam a simplicidade e minimalismo dos adereços e cenários. Muitas vezes,
estes últimos resumiam-se a uma enorme tela pintada com a perspectiva de uma rua,
de uma casa ou de um palácio. O ator surge assim como o elemento mais importante
neste tipo de peças. Sem grandes recursos materiais, eles tornaram-se grandes
intérpretes, levando a teatralidade ao seu expoente mais elevado.

As origens exatas desta comédia são desconhecidas. Alguns reconhecem nela


a herdeira das festas atelanas, assim chamadas porque se realizavam na cidade de
Atella, na península itálica meridional, em homenagem a Baco. As fabulae atellane,
farsas populares, burlescas e grosseiras, eram uma das modalidades de comédia da
antiguidade romana. Tal fato nunca foi historicamente comprovado.

I Gelosi (os ciumentos), dos irmãos Andreni, é a primeira companhia de que se


tem conhecimento. Foi fundada em 1545 por oito atores de Pádua que se
comprometeram a atuar juntos até à quaresma de 1546. Foram os primeiros a
conseguir viver exclusivamente da sua arte. Neste âmbito, destaca-se também o nome
de Ângelo Beolco (1502-42), considerado um percursor da commedia dell’arte. Ele foi
autor dos primeiros documentos literários onde as personagens eram tipificadas. Outra
das suas facetas mais conhecidas foi a de ator. Ele representava a personagem de
Ruzzante, um camponês guloso, grosseiro, preguiçoso, ingénuo e zombador.

Em meados do séc. XVIII, Carlo Goldoni, um escritor veneziano, revitalizou as


fórmulas usadas até à exaustão através da introdução do texto escrito e elementos
mais realistas que tornaram as suas peças conhecidas por todo o mundo.

Desde o seu início, este tipo de comédia fascinou e atraiu o público entre as
classes sociais mais elevadas. As melhores companhias – Gelosi, Confidenti, Fedeli –
conseguiram levar as suas peças da rua para o palácio, fascinando audiências mais
nobres. Devido a este apoio, foi-lhes permitido extrapolar as fronteiras do seu país de
origem e viajar por toda a Europa, especialmente a partir de 1570. As companhias
itinerantes, levaram as suas peças à cena em todas as grandes cidades da Europa
renascentista, deixando a sua marca em França, Espanha, Inglaterra, entre outros.
Mais tarde, dramaturgos como Ben Jonson, Molière, Maviraux e Gozzi vão inspirar-se
nas personagens estereotipadas.
Embora bastante influente e de extrema importância, nenhum texto de
commedia dell’arte resistiu ao passar do tempo. No entanto, não restam dúvidas de
que esta arte ultrapassou as barreiras literárias, pelo que as personagens nela criadas
ainda povoam o nosso imaginário. Os artistas da commedia dell’arte introduziram
inovações de extrema importância que se incorporaram a todo o teatro posterior. Eles
abriram o espaço à participação de mulheres no elenco, criaram um público fiel e uma
linguagem que se sobrepôs ao poder da palavra.

PERSONAGENS

Séculos XVI, XVII e meados do século XVIII. A Possível relação com a Fábula
Atelana

Espécie de farsa popular em 240 a.C. cidade de Atela, Itália. Desenvolvimento


improvisado, mediante tipos fixos, caracterizados por máscaras e com
comportamentos e aspectos de tipos populares.

Um nome importante na Commedia dell’Arte

Autor e ator Padovano.


Camponês guloso, grosseiro, preguiçoso, ingênuo e zombador, estando no centro de
quase todos os contextos cômicos.

Ângelo Beolco (1502 - 1542) – Ruzante


Denominações:

 Commedia all’improviso  fundamentada sobre o improviso;


 Commedia a soggeto  desenvolvida através de um canovaccio;
 Commedia delle Maschere  comédia de máscaras.

1945 – 1ª trupe em Pádua:

8 atores que se comprometem a atuar juntos por um determinado período,


até a quaresma de 1946. Commedia representada por profissionais. O foco está no
ator.

OS ATORES

Intensa preparação técnica (vocal, corporal, musical, etc). Permitia trabalhar o


personagem por toda a vida – codificação precisa do tipo representado.
Personagens fixos – seguiam o canovaccio (roteiro). Canovaccio não eram variados
(intrigas e relações entre personagens). Cada personagem um repertório próprio que
era recombinado conforme a situação.
O improviso não era uma invenção do momento.

AS TRUPES
Personagens & Palco

PALCO

Geralmente formada por 8 ou 12 atores.

Personagens divididos em 3 categorias:

Os ENAMORADOS
Os VELHOS
Os CRIADOS (Zannis)

OS PERSONAGENS

ENAMORADOS (INNAMORATI)

Falavam com elegância. Vestiam-se com roupas da moda. Não utilizavam máscaras.
ORAZZIO

O enamorado masculino, podia também apresentar outros nomes, como Flavio,


Ottavio, Lelio ou Fulvio. Geralmente é filho de um dos vecchi, Graziano.
Orazio é um personagem egoísta, fútil e vaidoso, vestido sempre na última moda.
É também muito ingênuo, sendo alvo fácil das armações do Arlecchino.
O enamorado, como é de se esperar, apaixona-se com extrema facilidade.
É jovem e atraente, movido à paixão pelas donzelas e pela vida.

ISABELLA

Enamorada feminina, geralmente filha de Pantalone, mas pode aparecer


também como sua esposa.
É sedutora, apesar de inocente, e apaixona-se facilmente.
É uma dama refinada e vaidosa, mas também independente e rebelbe, o que ocasiona
diversos conflitos com seu pai.
OS VELHOS

PANTALEONE

Rico mercador veneziano. Geralmente avarento e conservador. Sua máscara era negra
e caracterizava-se pelo nariz adunco. Barbicha pontuda. Figura esguia.

Pantalone era um velho mercador veneziano, conservador e muito avarento. É


autoritário com seus filhos e empregados, e não suporta ser questionado. Geralmente
em uma filha em idade de casar, fazendo o possível para não pagar o seu dote. Outros
personagens tentam tirar proveito de sua avareza. É também um personagem lascivo,
e sua atração por jovens donzelas só não é maior que sua paixão pela riqueza.

Fisicamente, Pantalone é alto e magro. Sua figura é esguia e sua postura é


fechada. Anda com dificuldade e seus movimentos são debilitados devido à idade
avançada, porém suas mãos são extremamente ágeis.

As histórias da commedia dell’arte frequentemente giram em torno das


peripécias de Pantalone, que envolvem sempre seu dinheiro e autoridade, além de
seus criados e filha.
DOTTORE

Pedante. Médico ou advogado. Dialeto bolonhês intercalado com frases e palavras


em latim. Marido ciumento. Sua máscara, um acento que só marca a testa e o nariz.

OS ZANNIS

Dividiam-se em 2 categorias:

1ºZanni: esperto e fazia intrigas que alavancavam as ações.


2ºZanni: rude e simplório, suas atrapalhadas interrompiam as ações e desencadeava
a comicidade.

ARLECCHINO

Inicialmente 2º zanni e com o tempo transformou-se pouco a pouco em 1º


zanni (encarnava uma mistura de ingenuidade e esperteza). Inicialmente, calça
branca, gorro branco, chinelo de couro e bastonete. Com o tempo, retalhos coloridos
e dispersos.

Arlecchino é a representação do homem que busca trabalho e tem o próprio


corpo como única mercadoria para trocar. Ele sai das montanhas e vai para a cidade
que começa a constituir uma nova classe social, a burguesia, oriunda de novas relações
econômicas. Este homem não sabe ler, nem escrever, mas é forte e tem que barganhar
sua força bruta em troca de casa e comida. Arlecchino é a representação daquele que
para comer, tem que trabalhar vendendo a si mesmo.

Esta figura tão conhecida está presente em diferentes sociedades e em todas


elas sua representação é a mesma. O que devemos observar, porém, é que em cada
uma destas sociedades, que se organizam de modo distinto, e são culturalmente
diversas umas das outras, o jeito de ser de Arlecchino é diferente, ou seja, esta mesma
máscara pode ter vários nomes, vários modos de se vestir, andar, falar, de acordo com
sua época e sua cultura, mas terá sempre a mesma representação.

Trocando em miúdos, o que é arquetípico em Arlecchino é o caráter de um


servo tolo, ingênuo, ou de um trabalhador submetido ao poder de seu patrão. Seu
nome, suas roupas de trapos ou losangos, a forma de sua máscara e as formas
encontradas em desenhos que o retratam, são o mito de Arlecchino, construído
naquele tempo, pelos artistas que endossaram está máscara e pelos espectadores que
a viram.
BRIGHELLA

Companheiro mais frequente de Arlecchino. Criado libidinoso e cínico. Ele é o


iniciador das intrigas que giram na Commedia dell’Arte. Também é cantor e
apreciador da boa música. Proveniente de Bérgamo.

Geralmente há certa rivalidade entre Brighella e Pantalone, da qual o criado


sempre se sai bem.

Seu cinismo o ajuda na construção de diversos papéis que ele representa em


suas tramas. Também é cantor e apreciador da boa música.

AS CRIADAS

Não usavam máscara. Colombina geralmente é a criada pessoal da enamorada. É a


única criada feminina, sendo a mais educada e refinada devido à convivência
próxima com Isabella. Por vezes é ambiciosa e criavam intrigas. A Colombina é
apaixonada pelo Arlecchino, apesar de ver suas armações. Ela tenta fazer dele uma
pessoa mais nobre, mas sabe que é impossível.
PIERROT

O mais pobre dos personagens serviçais, vestia roupas feitas de sacos de


farinha, tinha o rosto pintado de branco e não usava máscara. Vivia sofrendo e
suspirando de amor pela Colombina. Por isso, era a vítima preferida das piadas em
cena. Não foi à toa que sua atitude, sua vestimenta e sua maquiagem influenciaram
todos os palhaços de circo.
PULCINELLA

Muitas vezes conhecido como “Punch”. O esquisito, inspirador de pena,


vulnerável e geralmente desfigurado. Na maioria das vezes, com uma corcunda.
Muitas vezes, não é capaz de falar e, por isso, comunica-se através de sinais e sons
estranhos. Sua personalidade pode ser a de um tolo, ou de um enganador. Tem a
voz estridente e sua máscara tem um nariz grande e curvo, como o bico de um
papagaio.

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