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Patrick Lustosa Brandão Literatura

PARNASIANISMO NO BRASIL
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ORIGENS DO PARNASIANISMO
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O nome da escola já evidencia a sua razão estética: Parnasianismo vem de


Parnaso (ou Parnasso), monte grego localizado na Fócida, uma das subdivisões
da Grécia clássica. Acreditava-se que ali, no alto do Monte Parnaso – onde,
segundo as lendas, habitavam as musas e o deus Apolo-, chegava-se mais perto
do Olímpo. O Parnaso passou, então, a ser o local simbólico onde viviam os
poetas.
Com as ideias resgatadas, mais uma vez, dos preceitos clássicos, o
Parnasianismo compilou uma série de ideais contrários aos do Romantismo, que
ainda vigorava com grande força na literatura, como o culto à objetividade na
linguagem, a busca pela perfeição formal, a quase ausência do sentimentalismo
e a descrição apurada de cenas e objetos.
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PARNASIANISMO
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A escola parnasiana surgiu na França, em 1866, com a publicação de uma


singular antologia denominada Parnasse Contemporain, que continha obras de
um grupo de poetas racionalistas franceses, liderados por Leconte de Lisle, que
priorizava o exotismo e a elaboração minuciosa do poema. Representou, na
poesia, o espírito positivista e científico da época, em oposição ao forte lirismo da
produção literária romântica.
Acreditando muito mais na prática do trabalho do que na inspiração, os
parnasianos preocupavam-se excessivamente com o uso da palavra, do verso
medido, do vocábulo escolhido e aperfeiçoado, do ritmo de cada frase e do tom
racional do poema, o que combinava com o ideário estético, cientificista e
objetivo da época.
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O Parnasianismo manifestou-se por meio da poesia. O procedimento


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estético do poeta parnasiano era diferente do procedimento do poeta


romântico. Enquanto este tratava, principalmente, de sentir o objeto de
sua poesia, o poeta parnasiano passava a descrevê-lo, buscando
apresentar cada detalhe. Assim, um poema parnasiano era lapidado,
não apenas escrito. Havia uma preferência por temas ligados à natureza,
à mitologia, às cenas históricas e às obras de grande engenho, como
vasos, tapetes e esculturas, mas sempre em um tom impessoal, para não
reproduzir a mesma emotividade expressa pelos românticos. O próprio
poema era o objeto de desejo, o que significa um forte apego à
estrutura, respeitando as rimas e a métrica dos versos.
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CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA PARNASIANA


O estilo parnasiano caracteriza-se pelo preciosismo
vocabular, pelo respeito às regras de versificação, pela
adoção de rimas ricas e ritmo acentuado e pela preferência
por estruturas fixas, como o soneto. A perfeição da forma é
prerrogativa para a grandiosidade do conteúdo.
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CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA PARNASIANA


O culto à arte, à forma e à perfeição, portanto, era comum
na poesia parnasiana, que utilizava vocabulário mais
rebuscado, palavras de difícil compreensão e bastante
eruditas. Na forma, além do uso fixo do soneto, havia
predileção pelos versos alexandrinos (com 12 sílabas) e
decassílabos (heroicos).
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Nel mezzo del camin...


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Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada


E triste, e triste e fatigado eu vinha,
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
O enjambement pode ser notado nos
E paramos de súbito na estrada trechos grifados. Observe que, na segunda
Da vida: longos anos, presa à minha estrofe, todos os versos são encadeados,
A tua mão, a vista deslumbrada tornando-os mais longos como se fosse uma
Tive da luz que teu olhar continha. estrofe de apenas três versos. Esse
Hoje, segues de novo... Na partida alongamento aproxima os versos do ritmo da
Nem o pranto os teus olhos umedece, prosa.
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
Sarças de fogo, de Olavo Bilac
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CARACTERÍSTICAS CRUCIAIS DO PARNASIANISMO


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ARTE PELA ARTE CULTO À FORMA


A poesia vale por si mesma, pelo que é, sem outra Valorização da forma, da estrutura adotada, da
finalidade além de propiciar o prazer estético. métrica e da rima, da palavra medida e da correção
gramatical.
OBJETIVIDADE
O poeta apresenta os fatos e os objetos como são na PRECIOSISMO VOCABULAR
realidade. Utilização de palavras raras e eruditas em busca da
extrema precisão.
IMPESSOALIDADE
Combatendo a subjetividade dos românticos, o RIMAS RICAS
poeta parnasiano discorre a respeito das coisas sem São evitadas palavras de mesma classe gramatical nos
modificá-las com sua maneira pessoal de ver o termos que rimam. Há ênfase nas rimas alternadas.
mundo ou de experimentá-lo.
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A um poeta O Parnasianismo é um estilo literário,


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Longe do estéril turbilhão da rua, especificamente poético, de reação e negação do


Beneditino, escreve! No aconchego subjetivismo romântico. Seus defensores tinham como
Do claustro, na paciência e no sossego, princípio a perfeição formal, isto é, a palavra como objeto
a ser trabalhado como esmero. Nasceu assim a teoria da
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
“Arte pela Arte”, agregada à objetividade na descrição do
Mas que na forma se disfarce o emprego mundo, com pormenores de objetos e cenas. A
Do esforço; e a trama viva se construa preferência pela história antiga é uma das propostas da
De tal modo, que a imagem fique nua, famosa revista “Le Parnase Contemporain” que remete o
Rica mas sóbria, como um templo grego. artista ao Monte Parnaso, região da Fócia (Grécia),
segundo a lenda, era a morada dos deuses e poetas que
Não se mostre na fábrica o suplício se isolavam do mundo para dedicar-se exclusivamente à
Do mestre. E, natural, o efeito agrade, ARTE. O soneto de Bilac manifesta essa preocupação com
Sem lembrar os andaimes do edifício: o elemento estético e filosófico. Entendemos que o poeta
Porque a beleza, gêmea da Verdade, parnasiano é isolado da realidade social; enquanto o
Arte pura, inimigo do artifício, poeta realista é comprometido com essa realidade. No
Brasil, O Parnasianismo foi um estilo muito popular e de
É a força e a graça na simplicidade.
BILAC, O. Poesias. Coleção poesia comentada. São Paulo: Núcleo, 1996.
muita influência, tornando-se uma das principais causas
da Semana de Arte Moderna.
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PARNASIANISMO
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ARTE PELA ARTE;

PERFEIÇÃO FORMAL;

ESTÉTICA EXCESSO DESCRITIVISTA;

GOSTO PELO SONETO;

OBJETIVIDADE E IMPESSOALIDADE;
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CARACTERÍSTICAS
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VASO GREGO
ARTE PELA ARTE Esta de áureos relevos, trabalhada
A literatura parnasiana De divas mãos, brilhante copa, um dia,
não se preocupava com as Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
questões sociais do contexto
Era o poeta de Teos que o suspendia
em que se inseria. Buscava Então, e, ora repleta ora esvasada,
somente a perfeição da A taça amiga aos dedos seus tinia,
forma a ser elaborada. Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas, o lavor da taça admira,
COPA = Taça. Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
TEOS = Anacreonte, poeta grego que Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
celebra a diversão e os prazeres. Ignota voz, qual se da antiga lira
COLMADA = Cheio. Fosse a encantada música das cordas,
CANORA = Cantante. Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
OLIVEIRA, ALBERTO DE, 1895.
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CARACTERÍSTICAS
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ESTETICISMO
Por esteticismo entende-
se a valorização da forma.
Essa característica revela-se
CHEIRO DE ESPÁDUA
Alberto de Oliveira
na aplicação rígida dos
recursos estilísticos. Quando a valsa acabou, veio à janela. (Substantivo)
Sentou-se. O leque abriu. Sorria e arfava,
RIMA RICA Eu, viração da noite, a essa hora entrava
E estaquei, vendo-a decotada e bela. (Adjetivo)
Consiste em estabelecer
rimas entre termos de classes
gramaticais diferentes.
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RIMA
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 A rima é um dos elementos do verso, mas não é essencial ou


obrigatório.

 As composições poéticas onde as rimas não são usadas recebem o


nome de Poesia Branca ou Poesia Solta.

 As rimas são classificadas quanto à disposição nas estrofes, e de


acordo com as classes gramaticais que a compõem.
Quando não ocorrem rimas no poema, dizemos que
ele apresenta VERSOS BRANCOS.
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RIMA
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A rima é a sonoridade comum entre palavras a partir da


última vogal tônica.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Luís Vaz de Camões. Lírica. São Paulo: Cultrix, 1995. p. 118.
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RIMA
1 – Quanto à posição:
Entrelaçada – A B B A
Emparelhada – A A B B
Alternada – A B A B
Interpolada – A A B C C B
Misturadas - não obedece a uma ordem determinada
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RIMA
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2 – Quanto ao valor:
 Pobre – Formada por palavras da mesma classe
gramatical.
Existe (verbo) A
Teimoso (adjetivo) B
Aviste (verbo) A
Amoroso (adjetivo) B
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RIMA
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2 – Quanto ao valor:
 Rica – Formada por palavras de classes gramaticais
diferentes.
Espero (verbo) A
Vida (substantivo) B
Sincero (adjetivo) A
Querida (adjetivo) B
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RIMA
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2 – Quanto ao valor:
 Imperfeitas – Formada por palavras homógrafas (escrita
igual ou semelhante, e significado diferente) e
homofônicas (pronúncia igual ou semelhante).
Estrela (Homógrafa) A
Tranquilo (Homofônica) B
De gala (Homógrafa) A
Por certo fi-lo (Homofônica) B
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CARACTERÍSTICAS
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METRIFICAÇÃO A CAVALGADA
Raimundo Correia
Os poemas
parnasianos têm São/ fi/ dal/ gos/ que/ vol/ tam/ da/ ca/ ça/ da
métrica definida, 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
pois, para seus Vêm/ a/ le/ gres,/ vêm/ rin/ do,/ vêm/ can/ tan/ do
autores, essa era 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
uma das maneiras de E as/ trom/ pas,/ a/ so/ ar,/ vão/ a/ gi/ tan/ do
atingir a perfeição. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
O/ re/ man/ so/ da/ noi/ te em/ bal/ sa/ ma/ da...
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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MÉTRICA
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As palavras dividem-se em sílabas gramaticais, mas,


quando se trata de poesia, é preciso esclarecer que os
versos dos poemas são divididos em SÍLABAS
POÉTICAS.
A sílaba poética é a unidade de medida do verso,
pois todos eles apresentam um tamanho.
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1.Contagem das sílabas métricas:


a) Só contaremos até a última sílaba tônica de um
verso.
Tal / a / chu / va
Trans / pa / re / ce
Quan / do / des / ce
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1.Contagem das sílabas métricas:


b) Quando em um verso uma palavra terminar por
vogal átona e a palavra seguinte começar por vogal ou
H (que não tem som), dar-se-á uma elisão.

A/mo/-te, ó/ cruz/ no/ vér/ti/ce/ fir/ma/da


De es/plên/di/das/ i/gre/jas.
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2. Classificação do verso quanto ao número de


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sílabas:
a)Isométricos: são os versos de uma só medida:
. Monossílabos . Heptassílabos (redondilha maior)
. Dissílabos . Octossílabos
. Trissílabos . Eneassílabos
. Tetrassílabos . Decassílabos (medida nova)
. Pentassílabos (ou redondilha menor) . Hendecassílabos
. Hexassílabos (heroico quebrado) . Dodecassílabos (ou alexandrinos)
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1. Tome o verso inteiro como se ele fosse uma só palavra,


assim você tanto pode fazer a divisão das sílabas palavra a
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palavra, prestando atenção na ligação entre elas, como


imaginá-la foneticamente, ou seja, quanto ao som. Por
exemplo:
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
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Palavra a palavra, o método ortodoxo de metrificação, ficaria:


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Meu/ can/ to/ de/ mor/ te,


1 2 3 4 5
Guer/ rei/ ros,/ ou/ vi;
1 2 3 4 5
Sou/ fi/ lho/ das/ sel/ vas,
1 2 3 4 5
Nas/ sel/ vas/ cres/ ci;
1 2 3 4 5
Guer/ rei/ ros, / des/ cen/ do
1 2 3 4 5
Da/ tri/ bo/ Tu/ pi.
1 2 3 4 5
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As sílabas em negrito são as últimas tônicas de cada verso,


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ou seja, nas quais a contagem deve parar. Quando um verso


termina com uma palavra oxítona, tem a última sílaba tônica, é
chamado agudo; quando essa palavra é paroxítona, é denominado
grave; e quando termina com uma proparoxítona, esdrúxulo.
Nessa estrofe do poema “I-Juca Pirama”, Gonçalves Dias alterna
versos graves e agudos. Perceba que, além de os versos
apresentarem a penúltima ou a última sílaba tônicas, em todos os
seis versos a segunda também é tônica, gerando, assim, um efeito
sonoro peculiar que lembra o soar de um tambor.
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2. Quando ocorrem encontros vocálicos no


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interior do verso, ou seja, quando uma palavra


termina em vogal e a próxima inicia-se com
vogal, isso pode gerar hiatos, ditongos ou
tritongos. Como reconhecê-los? Adote os
seguintes critérios:
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a. Vogal átona (de som fraco, não tônico) + vogal


átona: junte-as na mesma sílaba, formando uma
espécie de ditongo dentro do verso. Por definição,
ditongo é o encontro de duas vogais na mesma sílaba.
As/ ar/ mas/ e os/ ba/ rões/ as/ si/ na/ la/ dos.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(Luís Vaz de Camões)
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b. Vogal tônica (de som forte) + vogal tônica: separe-


se, as integrando sílabas diferentes e formando um
hiato no verso.
As/ gló/ rias/ que/ vêm/ tar/ de/ já/ vêm/ fri/ as;
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(Tomás Antônio Gonzaga)
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c. Vogal átona + vogal tônica (ou vice-versa): junte-as ou separe-as.


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A tendência, é que os poemas sejam construídos com versos


isométricos, isto é, com o mesmo número de sílabas poéticas. Assim,
você vai deixar as vogais juntas ou separadas de modo a acompanhar
a tendência de número de sílabas dominante no poema. Veja:
E a/ go/ ra,/ Jo/ sé?
1 2 3 4 5
A/ fes/ ta a/ ca/ bou,
1 2 3 4 5
a/ luz/ a/ pa/ gou,
1 2 3 4 5
o/ po/ vo/ su/ miu,
1 2 3 4 5
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CARACTERÍSTICAS
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MÚSICA BRASILEIRA
Olavo Bilac
SONETO E Tens, às vezes, o fogo soberano
Do amor: encerras na cadência, acesa
CHAVE DE OURO Em requebros e encantos de impureza,
O soneto foi a forma Todo o feitiço do pecado humano.
poética mais produtiva no Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza
Parnasianismo. Ele é formado Dos desertos, das matas e do oceano:
Bárbara poracé, banzo africano,
por dois quartetos e dois E soluços de trova portuguesa.
tercetos. O último verso é,
És samba e jongo, xiba e fado, cujos
geralmente, uma chave de Acordes são desejos e orfandades
ouro, que é o final de efeito, De selvagens, cativos e marujos:
no qual se revela a mensagem E em nostalgias e paixões consistes,
plena da poesia. Lasciva dor, beijo de três saudades,
Flor amorosa de três raças tristes.
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PARNASIANISMO NO BRASIL
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O Parnasianismo brasileiro tem início em 1882 com a


publicação do livro Fanfarras, de Teófilo Dias. Embora
tenha sido publicada em Portugal, a obra influenciou os
poetas brasileiros, esgotados pelo sentimentalismo
romântico.
O Realismo e o Naturalismo foram as escolas literárias
que se destacaram na prosa. Assim, na poesia, coube ao
movimento parnasiano associar a observância da forma
ao senso estético rígido da cultura clássica, rejeitando a
linguagem coloquial do Romantismo e se dedicando à
busca por temas exóticos, bem como ao uso de palavras
raras e rimas ricas.
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PARNASIANISMO NO BRASIL
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O Parnasianismo firmou-se
definitivamente no cenário nacional
com um grupo de poetas conhecido
como tríade parnasiana: Raimundo
Correia, Alberto de Oliveira e Olavo
Bilac. Além deles, outros nomes que
merecem destaque são Vicente
Carvalho e Francisca Júlia.
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ALBERTO DE OLIVEIRA
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Nasceu em Palmital de Saquarema (RJ), em 1857.


Formou-se em Farmácia, em 1883. Ao longo de sua vida
exerceu funções públicas como a de diretor-geral da
Instrução.
Em 1897 tornou-se o fundador da cadeira número
oito da Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 1937.
Suas principais obras são Meridionais (1884) e
Versos e Rimas (1895).
Alberto de Oliveira é dos escritores parnasianos o
que mais rigidamente seguiu os preceitos da estética
vigente.
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VASO CHINÊS
Alberto de Oliveira
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Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,


Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Percebe-se em sua obra uma
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio concepção estética daquilo a ser
Em rubras flores de um sutil lavrado, retratado. A obra desse
Na tinta ardente, de um calor sombrio. “parnasiano ortodoxo” apresenta
Mas, talvez por contraste à desventura, reduzida variabilidade temática.
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
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RAIMUNDO CORREIA
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Nasceu na costa litorânea do Maranhão, a


bordo de um barco, em 1859. Estudou Direito
em São Paulo, tornando-se bacharel em 1882.
Na década de 1890, dedicou-se à vida
diplomática. Foi um dos fundadores da ABL
(cadeira n:5). Faleceu em Paris, em 1911.
Suas principais obras são: “Sinfonias”
(1883) e “Aleluias” (1891).
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MAL SECRETO
Raimundo Correia
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Se a cólera que espuma, a dor que mora


N'alma, e destrói cada ilusão que nasce
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Encontramos versos que
Se se pudesse, o espírito que chora,
expressam melancolia e tristeza
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora frente à vida. O poeta assume
Nos causa, então piedade nos causasse! uma postura existencial de
Quanta gente que ri, talvez, consigo desilusão, de perda dos sonhos.
Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
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OLAVO BILAC
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Nasceu em 1865, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).


Estudou Medicina, porém interrompeu o curso e
matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, que
também não concluiu. Dedicou-se à vida jornalística e
exerceu funções em cargos públicos, como inspetor
escolar do Distrito Federal. Apoiava veementemente o
serviço militar obrigatório. Foi eleito o “príncipe dos
poetas parnasianos”. Faleceu em 1918.
Suas principais obras são: Poesias (1888) e Tarde
(1919).
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O Parnasianismo é um estilo literário,


A UM POETA especificamente poético, de reação e negação do
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Longe do estéril turbilhão da rua, subjetivismo romântico. Seus defensores tinham como
Beneditino, escreve! No aconchego princípio a perfeição formal, isto é, a palavra como
Do claustro, na paciência e no sossego, objeto a ser trabalhado como esmero. Nasceu assim a
teoria da “Arte pela Arte”, agregada à objetividade na
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
descrição do mundo, com pormenores de objetos e
Mas que na forma se disfarce o emprego cenas. A preferência pela história antiga é uma das
Do esforço; e a trama viva se construa propostas da famosa revista “Le Parnase Contemporain”
De tal modo, que a imagem fique nua, que remete o artista ao Monte Parnaso, região da Fócia
Rica mas sóbria, como um templo grego. (Grécia), segundo a lenda, era a morada dos deuses e
poetas que se isolavam do mundo para dedicar-se
Não se mostre na fábrica o suplício exclusivamente à ARTE. O soneto de Bilac manifesta
Do mestre. E, natural, o efeito agrade, essa preocupação com o elemento estético e filosófico.
Sem lembrar os andaimes do edifício: Entendemos que o poeta parnasiano é isolado da
Porque a beleza, gêmea da Verdade, realidade social; enquanto o poeta realista é
Arte pura, inimigo do artifício, comprometido com essa realidade. No Brasil, O
Parnasianismo foi um estilo muito popular e de muita
É a força e a graça na simplicidade.
BILAC, O. Poesias. Coleção poesia comentada. São Paulo: Núcleo, 1996.
influência, tornando-se uma das principais causas da
Semana de Arte Moderna.
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OBRIGADO, TURMA!
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