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Ndalu Almeida Edição

#10

Ondjaki
Ndalu almeida

Ondjaki
O poeta e escritor africano Ndalu de Almeida,
popularmente conhecido como Ondjaki, nasceu na
cidade de Luanda, capital de Angola,em 1977. A
sua trajetória artística passou também pela atuação
teatral e pela pintura. As suas obras foram
traduzidas para diversas línguas, entre elas francês,
inglês, alemão, italiano, espanhol e chinês, como
por exemplo"a bicicleta que tinha bigodes".

Em 2000, o grande poeta conquistou a segunda


posição no concurso literário angolanoAntónio
Jacinto e foi premiado pelo Grande Prémio de
Conto Camilo Castelo Branco em 2007, pelo seu
livro Os da Minha Rua que vouapresentar, entre
muitos outros prémios.

Os da minha rua
“Os da Minha rua” é composto por 22 capítulos narrados por Ndalu (que também é o nome real do
escritor Ondjaki). Este, um menino asmático, narra as suas aventuras enquanto criança, em Luanda,
capital da Angola. O livro revela traços da sociedade angolana, numa prosa inocente vivida por uma criança
doce e apaixonante.

O autor faz-nos um retrato da sua casa: das memórias, do afeto, da identidade.


Reconstrói-se o universo da sua infância e o quotidiano em Luanda naqueles tempos: a escola e os
professores cubanos, brincadeiras e descobertas, festas em casa dos amigos e dos amigos dos familiares,
paixões entre outros aspetos.
Ondjaki revela-nos também os problemas e as contradições de uma Angola pós-independência (anos
80/90). O autor apresenta-nos um universo completamente diferente do que estamos habituados: brincava
na rua, colhia frutos das árvores, participava em desfiles escolares, sentava-se ao redor dos mais velhos para
ouvir histórias... nada de tecnologias modernas como as que temos hoje em dia...

Relativamente á linguagem Ondjaki envolve uma escrita simples e com recurso ao humor. Alem disso, é
recorrente o uso de expressões muito utilizadas nos nossos dia , como “bue” e “tuga” , o que torna a obra
mais interessantes para os jovens principalmente.

Dois dos contos que vou destacar são “Os Calções Verdes do Bruno” (em que Bruno aparece
misteriosamente na escola com roupas novas e de banho tomado) e “Voo de Jika” (o menino mais novo
da rua, que pedia sempre para almoçar na casa de Ndalu).

Em “Os Calções Verdes do Bruno”, é relatada a história amorosa de um amigo do narrador chamado
Bruno, em que um dia chega à sala de aula e todos os seus colegas, inclusive a Professora ficam
admirados, pois não só tinha mudado de roupa, como cheirava muito bem e estava todo arranjadinho. Não
tinha vestido os seus calções verdes, os calções que usava sempre. Mas esta mudança tinha um motivo,
ele estava apaixonado pela colega Romina. Acaba por lhe escrever uma carta amorosa, mas a Professora
rasga-a e destrói assim todas as suas provas de amor por ela.

No “Voo de Jika”, é narrada a história de um amigo de Ndalu chamado Jika, que tinha por hábito
perguntar sempre a Ndalu, se não o convidava para almoçar. Um dia, depois do almoço, Jika lembra-se de
levar um guarda-chuva para brincarem, embora Ndalu não tivesse gostado muito da ideia. Acabaram por
subir a um telhado e saltaram com o guarda-chuva aberto, como se fosse um paraquedas. Acabaram por se
aleijar, então Jika decide ir buscar um guarda-chuva maior, pois achava que não se voltavam a magoar
quando saltassem. Ndalu não concordou e pôs fim à brincadeira. No dia seguinte, Jika faz o mesmo
pedido ao amigo.

“Os da Minha Rua” é um livro de memórias de infância do narrador, uma infância feliz, mas vivida num
país pobre que foi também o que me levou a escolher estes dois contos. No “Voo de Jika” admirou-me o facto
das crianças daquela rua não terem muitos brinquedos, então divertiam-se usando a imaginação. Por
exemplo, no conto, Jika usa um guarda-chuva como se fosse um paraquedas. Enquanto que em “Os calções
verdes do Bruno”, me apelou o facto da turma de Ondjaki ter ficado muito espantada devido à mudança de
Bruno em trocar de roupa e tomar banho, salientando que os jovens naquele país não tinham muito cuidado
com a higiene pessoal.
Este livro acaba por ser um hino à infância, à amizade, à família, à descoberta, aos risos e às gargalhadas,
mas também nos demonstra que é tão fácil sorrir mesmo perante as dificuldades da vida.
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