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Sequência

Ficha 1 1. Poesia Trovadoresca Ficha 1


Sequência 1. Poesia Trovadoresca

Grupo I
A
Lê a cantiga que se segue. Se necessário, consulta o glossário apresentado depois do texto.

Que soidade1 de mha senhor ei2,


quando me nembra3 d’ ela qual a vi
e que me nembra que ben a oí4
falar, e, por quanto ben d’ ela sei,
5 rogu’ eu a Deus, que end’ á o poder5,
que mha leixe6, se lhi prouguer7, veer

Cedo, ca, pero8 mi nunca fez ben,


se a non vir, non me posso guardar
d’ enssandecer9 ou morrer con pesar,
1 e, por que ela tod’ en poder ten10,
0
rogu’ eu a Deus, que end’ á o poder,
que mha leixe, se lhi prouguer, veer

Cedo, ca tal a fez Nostro Senhor:


de quantas outras [e]no mundo son
1 non lhi fez par11, a la minha fé12, non,
5
e, poi-la fez das melhores melhor,
rogu’ eu a Deus, que end’ á o poder,
que mha leixe, se lhi prouguer, veer

Cedo, ca tal a quis[o] Deus fazer


2 Que, se a non vir, non posso viver.
0

D. Dinis (CV 119, CBN 481), in FERREIRA, Maria Ema Tarracha, 1991. Antologia
Literária Comentada – Idade Média. 5.ª ed. Lisboa: Ulisseia (pp. 32-33) (1.ª ed.: 1975)

1. Saudade; 2. tenho; 3. lembra; 4. ouvi; 5. end’ á o poder: tem o poder disso; 6. deixe;
7. prouver, agradar; 8. embora; 9. enlouquecer; 10. tod’ en poder ten: tem todo o poder;
11. […] tal fez Nostro Senhor: / de quantas outras [e]no mundo son / non lhi fez par:
Nosso Senhor a fez tal [tão formosa] que não lhe deu par [outra mulher igual] no
mundo; 12. a la minha fé: por minha fé.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Menciona o sentimento que serve de pretexto para o lamento do sujeito poético e refere os
seus efeitos sobre ele.
2. Apresenta três traços caracterizadores da “senhor”, confirmando a tua resposta com
elementos textuais.
3. Analisa a importância do dístico final na construção do sentido global do poema.

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Ficha 1 Sequência 1. Poesia Trovadoresca

B
Lê atentamente a cantiga transcrita. Em caso de necessidade, consulta o glossário.

Ai Deus, se sab’ ora meu amigo


com’ eu senlheira1 estou en Vigo!
E vou namorada!

Ai Deus, se sab’ ora meu amado


5 com’ eu en Vigo senlheira manho2!
E vou namorada!

Com’ eu senlheira estou en Vigo,


e nulhas3 guardas non ei comigo!
E vou namorada!

1 Com’ eu en Vigo senlheira manho,


0
e nulhas guardas migo4 non trago!
E vou namorada!

E nulhas guardas non ei comigo,


ergas5 meus olhos que choran migo!
1 E vou namorada!
5

E nulhas guardas migo non trago,


ergas meus olhos que choran ambos!
E vou namorada!
Martim Codax (CV 887, CBN 1281), in TORRES, Alexandre Pinheiro, 1987.
Antologia da Poesia Trovadoresca Galego-Portuguesa. 2.ª ed.
Porto: Lello & Irmãos (p. 156) (1.ª ed.: 1977)

1. sozinha;
2. estou, permaneço (1.ª pessoa do presente do
indicativo do verbo “maer”: estar, permanecer);
3. nenhumas;
4. comigo;
5. a não ser, senão.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
4. Identifica, fundamentando, o género da poesia medieval a que pertence o poema.
5. Comprova a natureza paralelística da cantiga.

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Ficha 1 Sequência 1. Poesia Trovadoresca

Grupo II
Lê o artigo de divulgação científica que se segue.

A amizade verdadeira faz bem à saúde

Boa companhia
A solidão forçada é fatal para o corpo e para a mente. Pelo contrário, ter um saldo
positivo em matéria de amizades pode prolongar a vida.

[…] O indivíduo solitário adapta-se pior ao stress quotidiano. É o que asseguram cientis-
tas da Universidade do Arizona, após comprovarem que a ausência de afetos leva a que cuide-
5 mos menos de nós e durmamos mal. Além disso, uma equipa da Universidade de Chicago
demonstrou que o sangue das pessoas solitárias contém mais epinefrina, uma das hormonas
que preparam o organismo para a luta ou a fuga. Indica, em concreto, um estado fisiológico
de alerta permanente e desnecessário.
Depois de estudarem 1500 indivíduos durante uma década, cientistas australianos con-
1 cluíram que, nas pessoas com um vasto círculo de amizades, a longevidade aumenta cerca de
0
22 por cento. Por outro lado, um estudo da Universidade da Califórnia revelou que as doentes
com cancro da mama sem amigas íntimas tinham quatro vezes maior propensão para falecer
devido ao tumor do que aquelas que tinham dez ou mais amigas.
Uma experiência recente da Duke University (Durham, Estados Unidos), com mil indiví-
1 duos solteiros afetados por doenças cardíacas, revelou que, decorridos cinco anos, apenas se
5
salvara metade dos doentes que não contavam com um amigo de confiança, perante 85% de
sobreviventes entre as pessoas que tinham, pelo menos, uma relação sólida e de confiança.
Por outro lado, as subidas parecem mais suaves junto de alguém com quem nos damos
bem. Foi o que demonstraram cientistas britânicos e norte-americanos após uma experiência
2 em que os voluntários subiam uma colina sozinhos ou acompanhados. Quanto mais sólida
0
era a amizade, menos sentiam a inclinação. “Até a visão do mundo muda quando há um amigo
por perto”, comentavam os autores no Journal of Experimental Social Psychology.
Quer emagrecer? Convide um amigo para jantar. Assim, consumirá maior quantidade de
fruta, verduras, cálcio e fibra, segundo afirma um trabalho recente da Universidade do Min-
2 nesota, publicado pela revista da Associação Dietética Americana. Pelo contrário, as pessoas
5
que enfrentam a mesa de forma solitária costumam ingerir maior quantidade de refrigerantes
e gorduras; por vezes, nem sequer se sentam para comer.
Durante a infância, as boas companhias contrariam a obesidade, porque “a socialização age
como substituto da comida” e evita o abuso de alimentos que potenciam o excesso de peso,
3 segundo um estudo publicado na revista Annals of Behavioral Medicine. Além disso, Russ Jago,
0
da Universidade de Bristol (Reino Unido), demonstrou que a atividade física das crianças au-
menta de forma considerável quando brincam com aqueles de que mais gostam. Por outro
lado, a depressão infantil está relacionada com a ausência de amigos, como comprovou Wil-
liam Bukowski numa investigação divulgada na revista Development and Psychopathology.

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Ficha 1 Sequência 1. Poesia Trovadoresca

3 John Cacioppo, da Universidade de Chicago, demonstrou que a amizade modifica o fun-


5
cionamento de uma região cerebral chamada “estriado ventral”, associada às recompensas.
Nas almas solitárias, os neurónios dessa área mostram uma atividade menor do que nas ou-
tras pessoas. Um dado a tomar em consideração, pois trata-se de uma zona relevante para a
aprendizagem. Outro: um relatório da Harvard Medical School sugere que o tamanho da rede
4 de amigos de uma pessoa está diretamente relacionado com as dimensões da sua amígdala, a
0
estrutura encarregada de processar e conservar as reações emocionais da mente.
Finalmente, fique a saber que é melhor apanhar uma injeção ou tratar uma ferida com um
amigo. Segundo um trabalho publicado, há alguns anos, na revista Psychosomatic Medicine, a
perceção da dor diminui quando uma pessoa que consideramos próxima está fisicamente
4 presente.
5
SANZ, Elena, 2012. “Boa companhia”. Super Interessante, n.º 169, maio de 2012 (pp. 78-79)

Responde aos itens apresentados.


1. Explicita o sentido global do texto, fundamentando devidamente a tua resposta.
2. Para responderes a cada um dos itens de 2.1. a 2.6., seleciona a opção correta.
2.1. O recurso a formas dos verbos “comprovar” (ll. 4 e 33), “demonstrar” (ll. 6, 19, 31 e 35),
“concluir” (ll. 9-10) e “revelar” (ll. 11 e 15) ao longo do artigo
(A) coloca em evidência a subjetividade do discurso.
(B) corrobora o carácter científico das informações divulgadas.
(C) confere ao texto um tom repetitivo.
(D) acentua a natureza descritiva do texto.
2.2. A apresentação de dados quantitativos nos segundo e terceiro parágrafos
(A) salienta o elevado número de indivíduos envolvidos nas experiências divulgadas.
(B) contribui para o carácter demonstrativo e emotivo do discurso.
(C) sugere a reduzida incidência das situações descritas.
(D) concorre para acentuar o rigor dos factos apresentados.
2.3. As aspas utilizadas nas linhas 21-22 e 28-29
(A) assinalam momentos que introduzem informações adicionais sobre o assunto.
(B) destacam passagens com forte carga expressiva.
(C) delimitam uma passagem em discurso direto e uma citação, respetivamente.
(D) isolam transcrições de estudos científicos.
2.4. O constituinte sublinhado na frase “Convide um amigo para jantar.” (l. 23) desempenha a
função sintática de
(A) modificador (do grupo verbal).
(B) complemento oblíquo.
(C) complemento indireto.
(D) modificador restritivo do nome.

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Ficha 1 Sequência 1. Poesia Trovadoresca

2.5. A frase introduzida por “Além disso” (l. 30), relativamente à informação apresentada
anteriormente, introduz uma ideia de
(A) alternativa.
(B) oposição.
(C) adição.
(D) consequência.
2.6. As múltiplas referências a cientistas e a estudos científicos ao longo do texto
(A) identificam os responsáveis pela produção do artigo.
(B) enumeram as experiências e os especialistas europeus dedicados ao assunto
abordado.
(C) comprovam os comentários críticos da autora do artigo.
(D) explicitam as fontes que credibilizam a informação divulgada.
3. Identifica os processos fonológicos ocorridos nas palavras das alíneas seguintes.
a. solitarium > solteiro
b. personam > pessoa
c. retem > rede
4. Indica a função sintática desempenhada pela oração subordinada adjetiva relativa usada no
sexto parágrafo (ll. 28-34).
5. Classifica as orações introduzidas por “que” nas linhas 42 e 44.

Grupo III
Redige a síntese do artigo de divulgação científica de Elena Sanz (Grupo II), de 578 palavras,
num texto de cento e trinta a cento e sessenta palavras.

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Ficha 1 Sequência 1. Poesia Trovadoresca

Cotações da Ficha 1
Cotação
Questões Total por questão Total do grupo
(C) Conteúdo (F) Forma*
1. 12 8 20
A 2. 12 8 20
Grupo I

3. 9 6 15 90 pontos
4. 12 8 20
B
5. 9 6 15
1. - - 15
2.2. - - 5
2.2. - - 5
2.3. - - 5
Grupo II

2.4. - - 5
70 pontos
2.5. - - 5
2.6. - - 5
3. - - 10
4. - - 5
5. - - 10
Grupo III

ETD** CL*** Total por questão


40 pontos
24 16 40

200 pontos
TOTAL
(20 valores)

* Estruturação do discurso e correção linguística


** Estruturação temática e discursiva
*** Correção linguística

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