Conforme está definido no artigo 1788º do Código Civil, “o divórcio
dissolve o casamento e tem juridicamente os mesmos efeitos da dissolução por morte, salvas as excepções consagradas na lei.” Desta forma, se um casal sentir que já não faz sentido continuar com o matrimónio, tem o direito de se separar, podendo fazê-lo de forma amigável através de um processo mais célere, tratado numa conservatória do registo civil, ou de forma litigiosa, tendo de recorrer a um tribunal. Para pedir o divórcio não é necessário o consentimento de ambos os membros do casal nem provar que houve incumprimento dos deveres no casamento, mas se houver entendimento entre as partes, o processo é mais simples e rápido. - O divórcio de um cidadão português realizado no estrangeiro deve, obrigatoriamente, ser reconhecido pelo Tribunal Português. É preciso constituir um advogado em Portugal.
Segue abaixo a documentação processual necessária, porém é preciso
aguardar o pedido formal do profissional contratado: 1 - capa do processo; 2 - inicial; 3 - sentença; 4 - certidão do trânsito em julgado da sentença. Os autos do Processo de Divórcio devem ser fotocopiados e devidamente apostilhados, antes de serem enviados ao advogado.
Um advogado no Brasil fará o pedido de desarquivamento do processo
no Fórum. Todavia, vale a pena averiguar a possibilidade de conseguir o desarquivamento sem contratar advogado.
Com relação aos documentos pessoais:
- Certidão de nascimento de inteiro teor de cada cônjuge, atualizadas
com averbação do casamento e divórcio - apostiladas; - Certidão de casamento inteiro teor, brasileira, atualizada com averbação do divórcio - apostilada; - Assento de casamento português - cópia simples; - Assento de nascimento do cônjuge português - cópia simples; - Documento identidade do cônjuge português -cópia do CC ou passaporte português - se não tiver poderá ser cópia autenticada do passaporte brasileiro ou RG; - Documento do cônjuge estrangeiro - cópia autenticada do RG ou Passaporte Brasileiro
Procuração conjunta ou individual assinada pelos cônjuges com
reconhecimento de firma por autenticidade. Se houver cooperação entre as partes a homologação será mais rápida- em torno de 5 a 6 meses com uma taxa da justiça de 306 euros. Sem a participação do cônjuge estrangeiro a taxa e o tempo para o reconhecimento da sentença dobram.
Após a confirmação da sentença, o Tribunal notifica oficiosamente a
Conservatória do Registo Civil para que seja providenciado o averbamento do divórcio nos assentos de nascimento e casamento do cidadão português. - Divórcio amigável e divórcio litigioso: quais as diferenças? Em Portugal, um casal que pretenda divorciar-se pode fazê-lo de duas formas: através do divórcio amigável (ou por mútuo consentimento) ou por meio de divórcio litigioso (ou sem consentimento). O artigo 1773º do Código Civil define as modalidades do divórcio da seguinte forma: “1 – O divórcio pode ser por mútuo consentimento ou sem consentimento de um dos cônjuges. 2 – O divórcio por mútuo consentimento pode ser requerido por ambos os cônjuges, de comum acordo, na conservatória do registo civil, ou no tribunal se, neste caso, o casal não tiver conseguido acordo sobre algum dos assuntos referidos no n.º 1 do artigo 1775.º 3 – O divórcio sem consentimento de um dos cônjuges é requerido no tribunal por um dos cônjuges contra o outro, com algum dos fundamentos previstos no artigo 1781.º” O divórcio amigável ou por mútuo consentimento dá-se quando ambas as partes estão de acordo relativamente ao término do casamento e à partilha dos bens comuns, sendo o processo iniciado a pedido dos dois e resolvido de forma simples. Se o casal estiver de acordo em relação ao fim do casamento, mas haja desentendimentos em face às partilhas dos bens comuns, o divórcio toma também a forma amigável, porém é necessário recorrer a tribunal. No entanto, caso não exista consentimento entre os membros do casal relativamente à decisão de separação e exista uma violação dos direitos e deveres conjugais de uma das partes, poderá ser necessário iniciar o processo de divórcio litigioso em tribunal. A lei portuguesa, segundo consta no artigo 1781º do Código Civil, contempla diversas razões que podem fundamentar o divórcio sem consentimento de um dos cônjuges, sendo estas: “a) A separação de facto por um ano consecutivo; b) A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure há mais de um ano e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida em comum; c) A ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um ano; d) Quaisquer outros factos que, independentemente da culpa dos cônjuges, mostrem a ruptura definitiva do casamento.” Esta é uma forma mais demorada e delicada de pedir o divórcio, implicando um desgaste maior de ambas as partes face a um divórcio amigável.