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Introdução
[...] o precatório [e RPV] existe[m] porque a Fazenda Pública foi parte e foi
vencida. Se seus bens fossem penhoráveis, como são os bens particulares,
atendendo-se às exceções legais, não haveria necessidade de precatório. Diante
da impenhorabilidade de seus bens, criou-se o precatório.
Ora, nas condenações judiciais de particulares, caso a dívida não seja paga
dentro do prazo previsto na lei, a própria legislação prevê a possibilidade de ser
realizado penhora dos bens do particular condenado (como bloqueio de saldos
bancários, de bens móveis ou mesmo de bens imóveis).
Como mencionado na citação acima, a mesma premissa não se aplica ao
Poder Público, já que, caso a dívida não seja paga dentro do prazo previsto, não é
possível aplicar as mesmas medidas disponíveis aos particulares. Isso pois, na
medida em que considerássemos a possibilidade de restrição de um bem público –
por exemplo, um parque – embora o bem estivesse vinculado ao Poder Público, em
verdade a prejudicada seria toda a sociedade.
3. Previsão legal
4. O que é precatório?
A regra para definição de um precatório está ligada ao valor a ser pago pelo
Poder Público: isto é, a partir de determinadas faixas numéricas, o pagamento se
dará por precatório, quando não por meio de Requisição de Pequeno Valor (RPV),
conforme esquematizado abaixo:
a) caso seja condenação imposta a um ente público federal, são executáveis por
precatório somente as dívidas superiores a 60 (sessenta) salários-mínimos (art. 3º, Lei
Federal 10.259/2011, que define o valor máximo para a propositura de ações judiciais
perante os Juizados Especiais Federais);
Mas é necessário atenção, pois o artigo 87, ADCT define que os Estados e
Municípios poderão estipular, via lei local, valor distinto para o piso de precatório,
para que suas condenações judiciais sejam submetidas ao precatório. A mesma
liberdade não é dada ao Governo Federal, já que o valor de piso de precatório é igual
ao teto do valor dos processos perante o Juizado Especial Federal.
Nesse sentido, a Constituição Federal traz, em seu art. 100, § 4º, que cada ente
federativo poderá estipular como valor de piso para precatórios, no mínimo, o valor
do maior benefício do regime geral da previdência social.
Como exemplo de piso de precatório distinto daquele previsto no ADCT, cita-
se o caso do Estado de São Paulo: até 7 de dezembro de 2019, o valor-piso para
expedição de precatórios se sujeitava à previsão do art. 87, I, ADCT. Com a
publicação da Lei Estadual nº 17.205/2019, definiu-se que o piso para precatório
passaria a ser de R$ 12.805,85 (em valores atualizados para 2021).
O que não for precatório dentro da sistemática descrita, deve ser cobrado por
RPV.
A RPV, prevista pela Constituição Federal no art. 100, § 3º, é uma forma mais
rápida para se receber o valor devido judicialmente pelo Poder Público, pois seu
prazo para pagamento é de 60 (sessenta) dias (art. 535, § 3º, II, do Código de Processo
Civil).
Vale lembrar que os precatórios são pagos de acordo com uma fila
administrada pelo Presidente do Tribunal que condenou o ente público e, por sua
vez, o Poder Público quitará o precatório de acordo com a previsão orçamentária
estipulada em sua Lei Orçamentária Anual especificamente para o pagamento dessas
dívidas judiciais.
A RPV, como visto, além de ter prazo para quitação pré-determinado pela
legislação processual, é o expediente de pagamento às condenações judiciais que não
superam o valor-piso previsto aos precatórios.
Deve-se observar que é vedado o fracionamento, a quebra ou a repartição do
valor do precatório com vistas ao recebimento de um precatório em vários RPV – o
que seria uma gritante fraude à fila de precatórios, que é corretamente repelida pelo
art. 100, § 8º, da Constituição Federal.
7. Gestão de RPV/Precatórios
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