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5. Aula 1.9.20. Preparo.

Quarentena
Assistida em 1.9.20
Direito Processual Civil - Recursos. 1º bimestre.

Teoria Geral de Recursos


Revisão
Tempestividade
Contagem do prazo – início, final
 Antes mesmo da intimação da decisão já há a possibilidade da
interposição do recurso sem a publicação do mesmo
Suspeição e interrupção do prazo
Prazos especiais: MP, advocacia pública, defensoria pública e litisconsortes
com procuradores distintos vinculados a diferentes escritórios de advocacia

Hoje terminaremos a parte de pressupostos e requisitos


 Verificaremos os 3 requisitos que faltam: preparo, regularidade formal e
inexistência de fato extintivo, modificativo do direito. Prosseguiremos
depois na parte de juízo e efeitos dos recursos

Preparo
Pagamento das custas acrescida do porte de remessa e retorno, ou seja,
pagamento dos valores para a tramitação do recurso. Quanto a isso, veremos
duas partes:
 Custas - fixa
o Basicamente, refere-se a despesas fixas, como o sistema, oficia
de justiça, publicação
 Porte de remessa e retorno – variável
o Relacionada ao transporte
o Também é uma despesa
o Muitos dos recursos estudados acabam sendo interpostos na
instância de origem. Justamente por isso, há a necessidade de
um encaminhamento da instância de origem para a corte ad
quem do respectivo recurso. Neste caso, é despesa variável
primeiramente pela distância entre o juízo a quo e o juízo ad
quem; e pela quantidade de volumes.
o De outro verificamos que não há porque pagar o porte de
remessa e retorno quando os autos forem eletrônicos porque não
há despesa com transporte
o Como há recursos que já são interpostos no próprio tribunal, pode
ser que não haja transporte de remessa, mas poderá haver o
transporte de retorno, isto é, porque o recurso deve retornar para
os seus autos

Há recursos que não é necessário sequer o processo, como por exemplo o ED.
Outros recursos que, por sua natureza, há a possibilidade do pagamento das
custas mas não há porque de se falar de porte de remessa e retorno porque se
encontra no mesmo tribunal, como é o agravo interno (realizado na corte ad
quem) e EDiv.

Em síntese, o preparo é o pagamento dos valores relativos aos custos do


recurso. Será dividido em custas (despesas fixas) e porte de remessa e retorno
(valor variável de transporte)
 Quando não há necessidade de transporte, não haverá em porte de
remessa e retorno para não se configurar enriquecimento sem causa por
parte do Estado.

Momento/Prazo
Art. 1.007, CPC. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido
pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob
pena de deserção.
 No ato da interposição do recurso, o recorrente demonstrará a
realização do preparo, inclusive do porte de remessa e retorno. Portanto,
o preparo deve ser demonstrado no ato da interposição do recurso. –
Regra
o Exceção
 O CPC é lei geral.
 No art. 41 lei 9.099 (especial. Cuida dos juizados
especiais) diz que, em síntese, o prazo para a realização
do preparo é de 48 horas, ou seja, pode interpor o recurso
e, independemente de intimação, deverá demonstrar a
realização do preparo em 48 horas.
 Como o CPC é gera e a lei 9.099 é específica, é a
específica que prevalecerá
 Antes do CPC/15, a Justiça Federal tinha uma lei especial
‘Lei de Custas’ que estabelecia um prazo de 5 dias. Hoje, o
CPC/15 revogou expressamente.

Quem deve realizar


Não há necessidade de realização do preparo para poder recorrer:
 Pessoas jurídicas de direito público
o União, Estados, Municípios, autarquias e fundações públicas
 E o DF?
o Seria o Estado pagando o próprio Estado.
 É muito mais fácil alocar um valor no orçamento x que
fazer com que haja o pagamento do preparo
A pessoa jurídica de direito privado, ainda que o capital social seja público
(como acontece com as empresas públicas e as sociedades de economia
mista) devem pagar preparo, à exceção, julgado pelo STF, em situação de
monopólio, que foi o caso dos Correios, que assentou pela desnecessidade.
Podemos ter empresas públicas em diversas áreas, como a Caixa, no âmbito
federal; BB, sociedade de economia mista.
 Precisam realizar o preparo.
o Caso contrário, haveria concorrência desleal diante dos bancos
particulares; que é justamente o que a CF expressamente
determina que se evite
 A partir do art. 70, a CF impede que alguma benesse seja
dada a empresa pública e sociedade de economia mista e
que não seja estendida para os particulares daquele setor.
 De tal sorte que as empresas públicas e as
sociedades de economia mista (sejam federais,
estaduais ou municipais) precisem fazer o preparo
nos mesmos moldes do particular.

Não há necessidade da realização do preparo por aquele que é beneficiário da


justiça gratuita
 Se é beneficiário da justiça gratuita, é porque aquele dinheiro é para a
subsistência e a falta deste dinheiro prejudicaria esta
 Questão do acesso a Justiça: necessidade da não realização do preparo
 Se, ao final, vier a perder, assim como acontece com o preparo e o ente
público vem a perder, o dinheiro estará incluso nas despesas
sucumbenciais.
 Entretanto, se perder, será condenado nas despesas processuais.
Contudo, se continuar em estado que não pode pagar, ficará isento.
o Pode ser que neste meio tempo o sujeito mude de vida
Pode ser beneficiário da justiça gratuita, basicamente, qualquer pessoa que
comprove que não possa dispor daquele valor sem prejudicar sua subsistência.
 Deve ser analisado caso a caso
 Ex. 1: pessoa que ganha 2 salários mínimos. Será beneficiária.
 Ex. 2: pessoa que ganha 39 mil. Em regra, não será beneficiária
o Se esta pessoa, por exemplo, gasta 35 mil em remédio, será
beneficiária
 Há um valor presumido para a pessoa ser beneficiária da justiça gratuita.
Entretanto, isso não quer dizer que acima deste valor já a impeça de ser.
O que precisará é justificação, que poderá ser oposta pela outra parte.

Hipótese do não pagamento/realização do preparo


No ato da interposição do recurso, ou em até 48 horas (juizado especial), a
parte deverá comprovar o preparo.
1ª situação
 Se não comprovar de modo algum e não tiver justificativa palatável, a
parte será intimada para a realização do preparo em até 5 dias
 Haverá penalidade: o preparo deverá ser realizado em dobro
o Se não for realizado em dobro, não será conhecido. Isto acontece
para evitar que o recorrente não use isto para procrastinar;
porque, caso contrário, seria intimado novamente para corrigir o
valor.
 Pelo CPC/73, o recurso já era considerado como deserto.
o O que se buscou com o CPC/15 era que se tivesse uma
resolução de mérito, deixando as questões formais um pouco
mais de lado
 Justa causa/justo impedimento; e não por displicência
o Ato alheio a vontade da parte e que impediu de praticar o ato por
si ou mandatário
o Não haverá esta penalidade e o preparo poderá ser realizado
posteriormente
o Ex.: estava indo ao fórum realizar o preparo, mas bateu o carro.
Quando chegou ao fórum, o banco já estava fechado.
o O trânsito, como é elemento previsível, não pode ser colocado
como justa causa.
  Ressalta-se que a penalidade do preparo em dobro não é aplicado
aos juizados especiais segundo entendimento do FONAJE e das turmas
reunidas recursais do TJDFT. Não sendo realizado o preparo, será
considerado o recurso como deserto
o Há um regramento próprio
2ª situação
 Quando há a realização do preparo, mas a realização deste está menor
do que deveria
o Ex.: preparo deveria ser de 100 reais, mas o preparo foi de 80
reais. A parte será intimada para complementar em 20 reais.
o Neste caso, o CPC/15 estabelece a intimação da parte para haver
a complementação do preparo.
 Não será em dobro.

Regularidade formal
É o que deve constar na petição de um recurso; seja qual for.
1º requisito
 Deve ser direcionado a um juízo competente; podendo ser o juízo a quo
ou ao juízo ad quem (quem vai julgar)
o Dependerá de cada um dos recursos
o Quando se trata de tribunal, se o recurso já tiver um relator e este
for continuar, direciona ao relator.
 Agravo interno
o Já se ainda não houver distribuição no tribunal, direciona-se ao
presidente do tribunal
 Agravo de instrumento
o Obs.: veremos cada um desses casos especificamente quando
estudarmos os recursos em espécie
 Indicação do juízo compentente
o Como qualquer peça
 Ex.: destinatário da mensagem do WhatsApp
2º requisito
 Nome e qualificação das partes; ou seja, precisa de se identificar quem
é o recorrente e recorrido
o Não precisa colocar a qualificação inteira, apenas precisando de
identificar
 Muitas vezes só o nome é suficiente
 O que não é o caso de dois homônimos
o Se for um terceiro a recorrer, muitas vezes precisará da
qualificação inteira.
 Em síntese, precisa ter apenas nome e qualificação do recorrente e
recorrido
 Além disso, tem que trazer os fundamentos de fato e de direito
o Sempre que se recorre, o fundamento é um erro do juiz; seja erro
in judicando (erro de julgamento do juiz), seja erro in procedendo
(erro relativo a procedimento).
 Se for in procedendo, ocorrerá, geralmente, a anulação de
onde houve o erro para frente
 Se for in judicando, haverá reforma da decisão.
o Além do fundamento, precisa do pedido pois o juiz não pode atuar
aqui de ofício, precisando de atuar nos limites do pedido; seja de
reforma, anulação, integração da decisão. De qualquer forma,
haverá a necessidade do pedido para o recurso.
 Regularidade formal
o Dependendo de recurso para recurso, poderá haver outros
requisitos com relação a regularidade formal
 Agravo de instrumento – o Código estabelece a
necessidade de constar o nome e endereço completo dos
advogados
 Como se interpõe direto no tribunal, exige-se isto
para facilitar eventual intimação
 Algo próprio do agravo de instrumento
o Seja qual for o recurso, haverá a necessidade de direcionar ao
juízo compentente, nome e qualificação das partes, fundamentos
de fato e de direito e o pedido.
 Tudo isto é próprio de todo e qualquer recurso e se
consubstancia na regularidade formal

Inexistência de fato impeditivo, modificativo e extintivo de direito


Pode ser que se venha a recorrer e, por algum motivo, o recurso perde o
objeto, por extinção do direito, por exemplo, podendo ser por questão fática
 Ex.: pai e mãe estavam litigando pela guarda de uma criança. A criança
falece. O direito de guarda se extingue com o objeto: o direito a guarda.
Fato modificativo
 Pode acarretar a perda do objeto, fazendo que não haja mais a
necessidade de um julgamento
Fato impeditivo
 Não tem como consequência o não conhecimento do recurso
 Muitas vezes gera apenas a suspensão pelo período que for necessário.
Se tiver qualquer um desses fatos, acaba gerando a impossibilidade do
recurso. Por isso, é requisito a inexistência destes.

Com isso, terminamos esta parte de recursos


Aula que vem
 Juízo dos recursos
 Efeitos dos recursos
o Devolutivo, suspensivo, tutela provisória recursal, efeito ativo,
efeito regressivo, efeito translativo

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