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NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

PRIMEIRA UNIDADE – 14/03/2023


RESOLUÇÃO DE QUESTÕES

Na aula de ontem, tomando como base esse arquivo, resolvi as seguintes questões
(identificadas pelo número de ordem em que aparecem): 1, 2, 3, 4, 6, 8, 9, 11, 13, 14, 15, 16,
18, 22, 23 e 24.

1ª PARTE – QUESTÕES OBJETIVAS

DISPOSIÇÕES GERAIS DA LEGISLAÇÃO (ARTS. 96 A 100 DO CTN)

QUESTÃO 1 (FCC - PROC JUD RECIFE/PREF RECIFE/2014) Considere as seguintes afirmações:


I. O contribuinte recifense que observar as decisões colegiadas de órgãos de jurisdição
administrativa municipal, com ou sem eficácia normativa, não deve ser penalizado por infração
à legislação tributária do Município.
II. A obediência às práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas
municipais recifenses serve de motivação para a exclusão dos juros de mora em eventuais
cobranças por atrasos no pagamento dos tributos municipais.
III. Eventual convênio celebrado entre o Estado de Pernambuco e o Município do Recife é
considerado norma complementar das leis municipais, sendo que sua observância obsta a
eventual imposição de penalidades.
Está correto o que consta APENAS em
(A) II e III.
(B) I.
(C) II.
(D) III.
(E) I e III.

VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA (ARTS. 101 A 106 DO CTN)

QUESTÃO 2 (CEBRASPE - JF TRF5/TRF 5/2017) Sob a vigência de determinada norma


tributária, contribuintes deixaram de recolher o tributo devido, do que resultou a autuação do
fisco e a impugnação dos contribuintes. Antes mesmo do fim do processo administrativo fiscal,
foi aprovada e entrou em vigor legislação tributária que concedeu isenção parcial, reduzindo
em
50% o referido tributo, para as mesmas operações. Com relação a essa situação hipotética,
assinale a opção correta, conforme as normas a respeito da aplicação e vigência da lei
tributária dispostas no Código Tributário Nacional (CTN).
(A) Os contribuintes inadimplentes não poderão recolher os 50% do tributo devido, dada a
impossibilidade de retroação no caso de a lei nova ser interpretativa, o que
ocorreu na situação hipotética apresentada.
(B) Os contribuintes inadimplentes terão o direito de recolher o valor do tributo em 50%, já
que o ato ainda não se encontra definitivamente julgado.
(C) A irretroatividade da lei tributária não alcança algumas exceções previstas no Código
Tributário Nacional (CTN), como é o caso da concessão da isenção parcial
prevista na situação hipotética apresentada, uma vez que a exceção busca aplicação do
princípio da segurança jurídica.
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(D) Os contribuintes inadimplentes não poderão se beneficiar do recolhimento com base na


nova lei, já que ela passou a viger após o nascimento da obrigação tributária e não há
fundamento legal para desconsiderá-la.
(E) Os contribuintes inadimplentes terão o direito de recolher 50% a título de tributo devido,
pois a lei retroage para beneficiá-los, mesmo antes do fim do processo administrativo fiscal,
dado o princípio da lei mais benigna.

INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA (ARTS. 107 A 112 DO CTN)

QUESTÃO 3 (CEBRASPE - AFRE SEFAZ RS/SEFAZ RS/2019) O Código Tributário Nacional (CTN)
disciplina o que a autoridade competente pode fazer para interpretar a norma tributária, a fim
de resolver dúvidas e solucionar casos de ausência de disposição expressa acerca de
determinada questão. Com relação à interpretação e à integração da legislação tributária, é
correto afirmar que
(A) os princípios gerais de direito público precedem os de direito tributário.
(B) a equidade pode ser utilizada para estender a isenção de tributos a outros sujeitos
passivos.
(C) é vedado o uso da analogia para instituir contribuições sociais não previstas em lei.
(D) não se admite a interpretação literal de norma que trate de suspensão ou exclusão do
crédito tributário.
(E) devem ser interpretadas em favor do fisco as questões que envolvam imputabilidade e
circunstâncias materiais do fato

DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

QUESTÃO 4 (CEBRASPE - AFRE SEFAZ RS/SEFAZ RS/2019) A atividade estatal de arrecadação


de tributos depende do cumprimento de obrigações de naturezas distintas pelo contribuinte e
pelo não contribuinte, para que se materialize todo o percurso de lançamento, cobrança e
fiscalização do crédito tributário. Com relação a esse assunto, é correto afirmar que
(A) as relações contributivas dispensam a atuação do fisco.
(B) presume-se por facultativa a obrigação que vise auxiliar a fiscalização tributária atribuída a
terceiro não contribuinte.
(C) obrigação acessória, quando descumprida por terceiro não contribuinte, converte-se em
principal, exceto quanto às penalidades pecuniárias.
(D) o contribuinte que usufrui de imunidade deve cumprir as obrigações acessórias relativas
ao benefício fiscal.
(E) obrigações acessórias extinguem-se com a ocorrência do fato gerador em relação a terceiro
não contribuinte.

QUESTÃO 5 (CEBRASPE - JE TJCE/TJ CE/2018) No direito tributário, obrigação tributária


principal e obrigação tributária acessória são de naturezas distintas. Nesse sentido, assinale a
opção correta.
(A) A obrigação principal refere-se apenas ao contribuinte; a obrigação acessória, ao
responsável tributário.
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(B) A obrigação principal decorre da legislação tributária; a obrigação acessória, de ato


administrativo concreto.
(C) A obrigação principal é pessoal e intransferível; a obrigação acessória pode ser transferida
para terceiros.
(D) A obrigação principal é de natureza patrimonial; a obrigação acessória, de natureza não
patrimonial.
(E) A obrigação principal tem por objeto o pagamento de um tributo; a obrigação acessória, o
pagamento de uma penalidade.

FATO GERADOR (ARTS. 114 A 118 DO CTN)

QUESTÃO 6 (FCC - AFRE SC/SEF SC/GESTÃO TRIBUTÁRIA/2018) O Código Tributário Nacional


estabelece que a “autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos
praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a
natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária”. De acordo com o referido
Código, a norma retrotranscrita
(A) não poderá ser aplicada, sem prévia autorização judicial.
(B) poderá ser aplicada, desde que sejam observados os procedimentos a serem
estabelecidos em lei ordinária.
(C) é autoaplicável, independentemente da observância de qualquer procedimento.
(D) poderá ser aplicada, desde que sejam observados os procedimentos a serem estabelecidos
em lei complementar.
(E) poderá ser aplicada, nos termos de disciplina a ser estabelecida pelo Poder Executivo.

QUESTÃO 7 (FCC - PROC PGE RN/PGE RN/2014) Segundo o Código Tributário Nacional, a
definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos
efetivamente praticados, da natureza do seu objeto e seus efeitos, bem como dos efeitos dos
fatos efetivamente ocorridos. Diante disso,
(A) somente os negócios juridicamente válidos podem ser definidos como fato gerador de
tributos.
(B) a hipótese de incidência pode ter em seu aspecto material fatos ilícitos, desde que
compatíveis com a regra-matriz de incidência prevista na Constituição Federal.
(C) somente os negócios jurídicos com agente capaz, objeto lícito e forma prevista ou não
proibida em lei serão fatos geradores de tributos.
(D) a circulação de mercadoria objeto de contrabando não pode ser fato gerador do ICMS,
tendo em vista que o objeto do negócio, qual seja, a mercadoria, é ilícita.
(E) o recolhimento de ITCD incidente sobre doação de bem imóvel em fraude contra credores
é válido, mesmo diante de anulação do negócio jurídico por decisão judicial irrecorrível.

SUJEITO: ATIVO E PASSIVO (ARTS. 119 A 123 DO CTN)

QUESTÃO 8 (FCC - PROC JUD RECIFE/PREF RECIFE/2014) José das Pindaíbas, residente em
bairro modesto do Recife, com muita alegria, recebeu a visita de seu velho amigo de infância,
Félix Feliciano, rico dono de resort na região de Porto de Galinhas. Em reservada conversa
regada a generosos goles de boa cachaça servida antes, durante e após o jantar, José das
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Pindaíbas confidenciou a seu amigo Félix que estava com problemas financeiros e que,
inclusive, não conseguiria honrar com o pagamento do IPTU no ano de 2014. Imediatamente,
com largo sorriso, Félix sacou de papel e caneta e firmou sério compromisso por escrito de
pagar em nome de José o tributo municipal a ser cobrado em 2014. Inclusive fez questão de
destacar um alerta, também por escrito, ao fisco municipal, para que fizesse a cobrança direta
na sua residência em Porto de Galinhas, pois ele, agora, seria o sujeito passivo contribuinte e
não mais seu amigo José. Os dois amigos despediram-se com muitos abraços e
agradecimentos por parte de José pela generosidade demonstrada pelo amigo. É correto
afirmar que o
(A) documento firmado pode ser levado em consideração pelo fisco recifense, quanto à
modificação da definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes
desde que haja lei ordinária municipal permitindo este tipo de tratativa particular.
(B) documento firmado deve ser levado em consideração pelo fisco recifense, tendo em vista
que fora feito por escrito e de comum acordo pelos dois amigos.
(C) fisco recifense não deve levar em consideração o documento firmado porque as
convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, de forma
alguma podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito
passivo das obrigações tributárias correspondentes, mesmo se lei municipal dispuser em
sentido diverso.
(D) documento firmado não deve ser levado em consideração pelo fisco recifense, tendo em
vista que, apesar de ter sido firmado por escrito e de comum acordo pelos dois amigos, não
fora registrado em cartório, condição essencial em face de tratar-se de matéria tributária.
(E) fisco recifense deve levar em consideração o documento firmado porque as convenções
particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos podem ser opostas à
Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias
correspondentes.

CAPACIDADE TRIBUTÁRIA (ART. 126 DO CTN)

QUESTÃO 9 (ESAF - PFN/PGFN/2015) Não tem capacidade ou sujeição tributária passiva


(A) o menor impúbere.
(B) o louco de todo gênero.
(C) o interdito.
(D) o ente despersonalizado.
(E) a pessoa alheia ao fato gerador, mas obrigada pela Administração Tributária ao
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO (ART. 127 DO CTN)

QUESTÃO 10 (FCC - PROC CAMPINAS/PREF CAMPINAS/2016) É correto afirmar que a regra


vigente no Direito Tributário brasileiro é a do domicílio
(A) legal, que, para pessoa natural, é o lugar onde estabelece sua residência com ânimo
definitivo.
(B) legal, ou seja, aquele definido em lei como sendo o lugar do fato gerador.
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(C) de eleição, salvo se este domicílio impossibilitar ou dificultar a arrecadação ou


fiscalização do tributo, hipótese em que será o local da situação dos bens ou da ocorrência
do fato gerador.
(D) de eleição, salvo se houver dificuldade do Fisco para fiscalizar ou arrecadar os tributos,
hipótese em que será aplicado como domicílio tributário o domicílio civil.
(E) de eleição ou legal dependendo do tributo, ou seja, para taxas e contribuições é o domicílio
legal da ocorrência do fato gerador e para impostos é o domicílio eleito pelo sujeito passivo.

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA (ARTS. 128 A 138 DO CTN)

QUESTÃO 11 (CEBRASPE - JE TJPR/TJ PR/2019) A empresa X adquiriu todo o fundo de


comércio da empresa Y e passou a explorar o negócio sob outra razão social. Após a venda do
fundo, Y encerrou regularmente suas atividades, sem que tenha havido falência ou
recuperação judicial.
De acordo com a jurisprudência majoritária do STJ, em relação a tributos e multas devidos pela
empresa Y e referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão, a empresa X
responderá
(A) apenas pelos tributos devidos, e não pelas multas moratórias ou punitivas.
(B) pelos tributos devidos e pelas multas moratórias, mas não pelas multas punitivas.
(C) pelos tributos devidos e pelas multas moratórias ou punitivas.
(D) apenas pelas multas moratórias ou punitivas, e não pelos tributos devidos

Súmula 554 - Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange


não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas
referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. (Súmula 554, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/12/2015, DJ 15/12/2015)

QUESTÃO 12 (FGV - TT SEFIN RO/SEFIN RO/2018) Com relação à responsabilidade tributária,


analise as afirmativas a seguir.
I. O promitente adquirente de um imóvel só se torna responsável pelo IPTU após a devida
averbação do título no Registro de Imóvel, momento em que ocorre a transferência de
propriedade.
II. Encerrado o inventário com a partilha de bens, eventual débito, posteriormente aferido, não
poderá mais ser cobrado do espólio e dos herdeiros.
III. A empresa sucessora, resultante de fusão, é responsável pelos tributos devidos pela
sucedida e pelas multas de mora e punitiva.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) II e III, apenas.
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QUESTÃO 13 (CEBRASPE - PROC JOÃO PESSOA/PREF JOÃO PESSOA/2018) Empresa devedora


de tributo municipal e multas moratórias e punitivas aplicadas pelo município foi extinta, e um
dos sócios continuou, com firma individual, a exploração da mesma atividade empresarial.
Nessa situação hipotética,
(A) não ocorreu transferência da responsabilidade por sucessão.
(B) ocorreu transferência da responsabilidade de pagamento dos tributos, mas não das multas
punitivas.
(C) ocorreu transferência da responsabilidade de pagamento dos tributos e das multas
moratórias, mas não das multas punitivas.
(D) ocorreu transferência da responsabilidade de pagamento dos tributos e das multas
moratórias e punitivas.
(E) ocorreu transferência da responsabilidade por substituição.

QUESTÃO 14 (CEBRASPE - JE TJPR/TJ PR/2017) A empresa ABC declarou regularmente débito


de ICMS no valor de R$ 6.000, referente ao mês de junho de 2012, e não o pagou.
Posteriormente, a empresa ABC recebeu notícia de que haveria fiscalização em seu setor e, por
isso, realizou denúncia espontânea de seu débito ao fisco para eximir-se do pagamento da
multa moratória. Acerca dessa situação hipotética e de aspectos legais a ela pertinentes,
assinale a opção correta.
(A) O contribuinte pode, por declaração, constituir o crédito tributário, confessando-o, mas
isso não o impede de realizar denúncia espontânea.
(B) No caso de tributo por homologação e com declaração regular, não cabe a denúncia
espontânea, não sendo, portanto, válido o ato praticado pelo contribuinte.
(C) Apenas o lançamento constitui o crédito tributário, podendo sempre o contribuinte, antes
do início de ação de cobrança, realizar a denúncia espontânea, o que, no
caso, leva à exclusão da multa de mora.
(D) Na hipótese considerada, a mera notícia de fiscalização não é início de ação fiscal, de modo
que a empresa ABC poderia proceder à denúncia espontânea, que, no entanto, não excluiria a
multa moratória.

STJ, Súmula nº 436: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal
constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.

STJ, Súmula nº 360: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a
lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

QUESTÃO 15 (CEBRASPE - JE TJPR/TJ PR/2017) Uma sociedade limitada, tendo declarado


regularmente seus tributos, deixou de pagá-los, sem que houvesse qualquer fraude ou
comportamento análogo. No momento da inscrição em dívida ativa, apenas com base no
inadimplemento, o sócio-gerente foi incluído como responsável pelo crédito tributário. A
respeito dessa situação hipotética e de aspectos diversos a ela pertinentes, assinale a opção
correta.
(A) O sócio-gerente não responde por simples inadimplemento, devendo-lhe ser imputado,
para que haja a sua responsabilização, excesso de poderes ou infração de lei, contrato social
ou estatutos, sendo incabível a sua responsabilização no caso em questão.
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(B) Os sócios, administradores ou não, só respondem solidariamente no caso de liquidação


irregular de pessoa jurídica, sendo incabível a sua responsabilização na situação em apreço.
(C) O sócio-gerente será responsável pelo crédito tributário apenas nos casos em que praticar
ilícitos penais ou agir com dolo específico.
(D) No caso de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, os sócios, apenas com base nessa condição, respondem solidariamente pelo
crédito tributário da pessoa jurídica, estando correta a responsabilização do sócio-gerente no
caso em questão.

STJ, Súmula nº 430: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si
só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.

QUESTÃO 16 (FCC - JE TJGO/TJ GO/2015) A responsabilidade tributária


(A) é atribuída ao sujeito passivo da obrigação tributária que pratica o fato gerador.
(B) é do contribuinte quando a lei lhe impõe esta obrigação, mesmo que não pratique o fato
gerador.
(C) pode ser atribuída a terceiro estranho ao fato gerador através de contrato particular
firmado entre o contribuinte e terceiro.
(D) independe de qualquer vínculo jurídico entre o terceiro e o contribuinte, bastando que
haja expressa disposição legal ou convenção entre as partes.
(E) é atribuída expressamente por lei à terceira pessoa, que não praticou o fato gerador, mas
que está a ele vinculado, podendo ser exclusiva ou supletiva à obrigação do contribuinte.

QUESTÃO 17 (CEBRASPE - PROC MUN SALVADOR/PREF SALVADOR/2015) João, proprietário


de um imóvel locado para José, microempresário individual que mantém uma barbearia no
local, vendeu o imóvel para Lucas. Sobre o imóvel e a atividade há débitos pendentes
decorrentes do IPTU, da TLEOUAP e do ISSQN, além de não ter sido expedida quitação de
tributos na operação.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta desconsiderando questões
relacionadas à alienação de imóvel objeto de locação empresarial.
(A) João é responsável pelo IPTU, por ser proprietário, e José, pelo ISSQN e pela TLEOUAP, haja
vista que, ainda que exista cláusula em sentido contrário aposta no contrato de locação, ela
será ineficaz perante o fisco.
(B) Lucas é o responsável pelo IPTU e pela TLEOUAP, por ser o adquirente do imóvel, mas
não o é sobre o ISSQN, dadas a natureza de imposto real daqueles tributos e a natureza
pessoal do ISSQN.
(C) Se, no contrato de locação, constar expressamente cláusula que atribua ao proprietário a
responsabilidade tributária do imóvel, João será o responsável tributário pelos tributos
incidentes sobre a propriedade e sobre a atividade.
(D) Se, ao adquirir o imóvel, não tiver solicitado nem recebido quitação expressa dos tributos,
Lucas será o responsável tributário pelos tributos incidentes sobre a propriedade e sobre a
atividade.
(E) José é responsável tributário pelos tributos incidentes sobre a propriedade e sobre a
atividade, porque foi ele o contribuinte que deu causa aos fatos jurídicos tributários.
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LANÇAMENTO E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ARTS. 142 A 150 DO CTN)

QUESTÃO 18 (FCC - Aud Fisc SEFAZ BA/SEFAZ BA/Administração, Finanças e Controle


Interno/2019) O Código Tributário Nacional, ao tratar do crédito tributário e do lançamento
tributário, assim dispõe:
(A) As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão, seus efeitos, as
garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade afetam a
obrigação tributária que lhe deu origem.
(B) Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador
da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ou
ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas.
(C) Ao constituir o crédito tributário, a Administração Fiscal não poderá aplicar ao lançamento
a legislação que, posteriormente à data da ocorrência do fato gerador, tenha ampliado os
poderes de investigação das autoridades administrativas.
(D) A lei posterior à ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, que tenha outorgado
ao crédito maiores garantias ou privilégios, poderá atribuir responsabilidade tributária a
terceiros.
(E) O lançamento constitui o crédito tributário e rege-se pela lei vigente na data de sua
notificação ao sujeito passivo.

QUESTÃO 19 (FCC - JATTE SEFAZ PE/SEFAZ PE/2015) Considere as proposições a seguir, com
base no CTN:
I. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda
estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da
ocorrência do fato gerador da obrigação.
II. A observância das normas complementares exclui a imposição de penalidades, a cobrança
de juros de responsabilidade mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do
tributo.
III. A é pessoal ao agente quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente
seja elementar.
Está correto o que se afirma em
(A) III, apenas.
(B) I, apenas.
(C) I, II e III.
(D) II e III, apenas.
(E) I e II, apenas.

QUESTÃO 20 (FCC - PROC CUIABÁ/PREF CUIABÁ/2014) Ao analisar auto de infração, cujo


termo de início de fiscalização e lavratura deu-se em 2013 por autoridade administrativa
fazendária municipal, em face de infração cometida em 2009 por contribuinte do ISSQN,
verifica-se que a legislação aplicável ao contribuinte à época do fato gerador fora revogada em
2011, e a legislação instituindo novos critérios de apuração e processos de fiscalização fora
alterada em 2012. Com base nestas informações, considere as assertivas a seguir:
I. A legislação aplicável ao lançamento referente ao contribuinte infrator deve ser a vigente em
2009.
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II. A legislação aplicável ao lançamento referente ao contribuinte infrator deve ser a de 2009 e
a aplicável à autoridade administrativa, em sua fiscalização e procedimento de lavratura, deve
ser a vigente em 2013.
III. A legislação aplicável à autoridade administrativa em sua fiscalização e procedimento de
lavratura deve ser a vigente em 2009.
Estão de acordo com os dispositivos do Código Tributário Nacional em relação ao lançamento
tributário, o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) I.
(C) II.
(D) III.
(E) I e III.

QUESTÃO 21 (FCC - AFTE SEFAZ PE/SEFAZ PE/2014) O Município de Recife-PE lavrou auto de
infração em desfavor da empresa de plano de saúde Medida, exigindo-lhe a título de ISSQN o
valor correspondente a 5% sobre o total das mensalidades pagas pelos usuários do plano de
saúde, deduzidas despesas incorridas pela operadora com os prestadores de serviços de saúde
conveniados, tais como hospitais, clínicas, laboratórios e médicos, sob o argumento de que a
empresa não teria recolhido o imposto incidente sobre o montante recebido pela prestação de
serviços. Notificado pela autoridade fiscal, a Medida efetuou o pagamento do débito no
período compreendido para sua defesa com o benefício de redução das penalidades.
Posteriormente, o superior hierárquico do agente fazendário responsável pela formalização do
lançamento tributário procedeu à revisão de ofício do lançamento tributário, alegando que,
nos serviços de plano de saúde, a base de cálculo do ISSQN é o valor bruto recebido pela
operadora, ou seja, o valor total pago pelos consumidores. O valor pago pela Medida foi
imputado ao total do débito apurado por ocasião da revisão de ofício. A Medida foi notificada
da revisão de ofício, tendo-lhe sido concedido prazo para defesa ou pagamento com redução
das penalidades, conforme legislação vigente. Em sua defesa, alegou impossibilidade de
revisão de ofício. Em julgamento administrativo, o Auto de Infração objeto da revisão de ofício
foi mantido inalterado.
A situação hipotética está em
(A) conformidade com o CTN, pois o lançamento é passível de alteração de ofício a qualquer
tempo, desde que não tenha havido a decadência do direito à constituição do crédito
tributário.
(B) conformidade com o CTN, pois ocorreu um erro de fato, o que autoriza a revisão do
lançamento, mesmo após a notificação do sujeito passivo da relação jurídico-tributária
originalmente constituída.
(C) conformidade com o CTN, pois ocorreu um erro de direito, o que autoriza a revisão do
lançamento, mesmo após a notificação do sujeito passivo da relação jurídico-tributária.
(D) desconformidade com o CTN, pois o lançamento, após a notificação do sujeito passivo da
relação jurídico-tributária, não pode ser revisado em virtude de erro de direito.
(E) desconformidade com o CTN, pois o lançamento, após a notificação do sujeito passivo da
relação jurídico-tributária, não pode ser revisado por erro de fato.
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2ª PARTE – QUESTÕES DISCURSIVAS – OAB

QUESTÃO 22 (OAB/XXV EXAME/2018) A pessoa jurídica Z fez uma Declaração de Débitos e


Créditos Tributários Federais (DCTF) e não pagou o débito referente ao Imposto sobre a Renda
(IRPJ). Meses depois, com o intuito de obter a regularidade fiscal necessária para celebrar
contrato com pessoa jurídica de direito público, a pessoa jurídica Z realizou o pagamento do
tributo. Entendendo que seu pagamento se deu de forma espontânea, face a ausência de
qualquer procedimento por parte do fisco, não efetuou o recolhimento da multa de mora.
Sobre a hipótese descrita, responda aos itens a seguir:
(A) A multa de mora é devida? Fundamente.
(B) Poderia o contribuinte recolher espontaneamente os valores devidos, acrescidos de multa
e encargos legais, após o início de um procedimento de fiscalização relativo ao mesmo tributo
e período de apuração? Justifique.
Comentário: (A) Sim a multa de mora é devida. A questão trata do alcance da denúncia
espontânea disciplinada pelo Art. 138 do CTN. O examinando deverá indicar que não é cabível
a denúncia espontânea para tributos sujeitos a homologação e regularmente declarados, ainda
que pagos a destempo, consoante Súmula 360 STJ. (B) No caso, como o procedimento foi
iniciado pelo fisco, o Art. 138, parágrafo único, do CTN prevê que não se considera espontânea
a denúncia apresentada após o início de procedimento administrativo.

QUESTÃO 23 (OAB/XXV EXAME/2018) Eduardo arrematou em hasta pública um imóvel


situado no Município Alfa, no ano de 2013. Eduardo não efetuou o pagamento referente ao
IPTU do imóvel nos anos de 2014 e 2015. Em 2016, surpreende-se com a sua citação, em sede
de execução fiscal, para o pagamento do imposto referente aos anos de 2012, 2014 e 2015.
Em seus Embargos à Execução Fiscal alegou que não deveria pagar o imposto referente a 2012
porque arrematou o imóvel em hasta pública. Com relação aos anos de 2014 e 2015,
argumentou ter alugado o imóvel a Fernando e com ele realizado contrato por meio do qual o
locatário seria o responsável pelo recolhimento do IPTU. Baseando-se na situação acima,
responda aos itens a seguir.
(A) Eduardo está correto com relação ao argumento utilizado para se esquivar do pagamento
do imposto referente a 2012? Justifique.
(B) Eduardo está correto com relação ao argumento de que Fernando seria o responsável pelo
IPTU?
Comentário: (A) Sim, Eduardo está correto. Conforme o Art. 130, parágrafo único, do CTN, no
caso de arrematação de bem em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.
Assim, todos os impostos incidentes sobre a propriedade do imóvel deverão ser descontados
do preço pago pelo arrematante do bem. (B) Eduardo não está correto. Conforme o Art. 123
do CTN, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos,
não podem ser opostas à Fazenda Pública para modificar a definição legal do sujeito passivo.
Ou seja, contratos privados não têm força para alterar o sujeito passivo definido pela lei. No
caso, o contribuinte do IPTU é o proprietário do imóvel.

QUESTÃO 24 (OAB/XXV EXAME/2018) A sociedade empresária ABC Ltda., devedora de


tributos não pagos no prazo devido e de multas tributárias punitivas não pagas, foi
incorporada pela sociedade XYZ Ltda. A sociedade XYZ resolveu pagar os tributos atrasados da
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sociedade incorporada, mas foi informada pela Administração Tributária que também era
responsável pelas multas tributárias moratórias e punitivas devidas pela sociedade ABC Ltda.,
ainda que referentes a fatos anteriores à incorporação. Diante desse quadro, responda aos
itens a seguir.
(A) A Administração Tributária está correta em exigir da sociedade empresária XYZ Ltda. as
multas tributárias moratórias e punitivas a que não deu causa, por serem anteriores à
incorporação?
(B) Os sócios-administradores da sociedade incorporadora podem ser pessoalmente
responsabilizados pelo pagamento das multas tributárias punitivas da sociedade incorporada
antes da incorporação?

Comentário: (A) Sim. Nos termos do Art. 132 do CTN, a pessoa jurídica de direito privado que
resultar de incorporação em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas
pessoas jurídicas de direito privado incorporadas, conforme interpretado pela Súmula 554 do
STJ: "Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não
apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou
punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão". (B) Não. Os sócios-
administradores da sociedade incorporadora não podem ser pessoalmente responsabilizados.
Para que houvesse responsabilidade pessoal, seria necessário que, à época dos fatos que
ensejaram a aplicação de multa punitiva, fossem administradores da sociedade incorporada.
Somente são pessoalmente responsáveis aqueles que praticarem atos "com excesso de
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos" (Art. 135, caput, do CTN). Ademais, o
Art. 137 do CTN, que trata de responsabilidade por infrações, não cria responsabilidade
pessoal do agente pelo mero fato de ser sócio-administrador de sociedade incorporadora.
Portanto, apenas a sociedade incorporadora, com seu patrimônio, responde por esses débitos
em razão da sucessão de empresas.

QUESTÃO 25 (OAB/XI EXAME/2013) No ano de 2012, Caio doou um bem móvel no valor de R$
100.000,00 para Tício, sem que tenha sido recolhido qualquer tributo. No ano seguinte, Tício,
aconselhado por um amigo, antes de qualquer fiscalização por parte da Fazenda do Estado “X”,
declarou e recolheu o Imposto sobre Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens
ou direitos (ITCD) devido, acompanhado de juros de mora e correção monetária. Ao tomar
ciência do fato gerador do ITCD e verificar que não houve recolhimento da multa moratória, a
Fazenda autuou Caio, visando à cobrança da multa. Considerando o caso descrito e que a lei
estadual previa que o doador é o contribuinte do ITD, responda aos itens a seguir,
fundamentadamente.
(A) Está correta a exclusão da multa moratória?
Comentário: (A) Para se caracterizar o instituto da denúncia espontânea, o pagamento do
tributo deve vir acompanhado da correção monetária e dos juros moratórios, conforme
previsão legal. A denúncia espontânea, no entanto, exclui as multas de caráter punitivo,
decorrentes do atraso no pagamento. Sendo assim, o candidato deve responder que está
correta a exclusão da multa moratória no caso descrito, tendo em vista a ocorrência da
denúncia espontânea, prevista no Art. 138, do CTN.
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QUESTÃO 26 (OAB/VII EXAME/2012) Até o ano de 2007, o Sr. José da Silva exerceu a função
de sócio com poderes de gestão da “Acampados Turismo S.A.”, tendo, posteriormente, se
desligado da sociedade. Em fevereiro de 2011, é surpreendido ao ser citado em execução fiscal
para responder por débitos fiscais pendentes relativos ao IRPJ, e pela falta de recolhimento de
contribuições previdenciárias dos funcionários as quais foram devidamente descontadas,
ambos referentes a período de apuração em que José administrava a empresa. Considerando a
situação acima, responda aos itens a seguir:
(A) É possível a cobrança integral do ex-sócio dos montantes tributários e previdenciários
devidos e não recolhidos pela companhia, quando ele já não exercia mais atos de
administração da S.A.?
(B) Houve infração legal imputável a José da Silva?
Comentário: (A) SIM, para a contribuição previdenciária, conforme art. 135, III do CTN, os
diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado são
pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou
estatutos. NÃO, em relação ao IRPJ, visto que neste caso se trata de inadimplemento da
obrigação tributária, razão pela qual deve ser aplicada a Súmula 430 do STJ. (B) Os sócios
(diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica) são responsáveis, por substituição,
pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes da prática de ato ou fato
eivado de excesso de poderes ou com infração de lei, contrato social ou estatutos, nos termos
do art. 135, III, do CTN. Sempre que a empresa deixa de recolher o tributo na data do
respectivo vencimento, a impontualidade ou a inadimplência é da pessoa jurídica, não do
sócio-gerente (ou diretor). Ademais, o simples inadimplemento não caracteriza infração legal.
Súmula 430 STJ. CONTUDO, a falta de recolhimento das contribuições previdenciárias
descontadas dos empregados se afigura em infração à lei, apropriação indébita.

3ª PARTE – QUESTÕES DISCURSIVAS – CONCURSOS

QUESTÃO 27 (VUNESP - JUIZ ESTADUAL TJ RJ/2012/XLIV) José da Silva é proprietário de um


imóvel residencial na Zona Sul do Rio de Janeiro. Em sua configuração original, dito imóvel era
de dois pavimentos, sendo certo que José sempre quitou o IPTU devido, lançado anualmente
pela Prefeitura do Rio de Janeiro, rigorosamente em dia. Em 2008, desejando ampliar a área
útil do imóvel, José construiu um 3º andar. A construção foi precedida do regular pedido de
licença de obras na prefeitura, das devidas comunicações à Secretaria de Urbanismo e demais
providências administrativas necessárias à cientificar a administração pública municipal acerca
do aumento da área útil. Em 2011, novamente desejando ampliar a área útil do imóvel, José
construiu um 4º andar. Desta vez, no entanto, não deu entrada no pedido de licença de obras,
tampouco fez qualquer comunicação aos órgãos municipais competentes. Em 2012, José
recebeu lançamentos complementares do IPTU de 2008 e 2011, referentes respectivamente,
às áreas dos 3º e 4º pavimentos. Na sua opinião, procede a revisão do lançamento? Responda
fundamentadamente.

A revisão de lançamento procede apenas em relação ao lançamento complementar de 2011,


pois a Administração incorreu em erro de fato (não tinha conhecimento da construção do 4º
andar - incidência do inciso VIII, do art. 149, CTN), não alcançado pela decadência - parágrafo
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único do referido artigo. Tal possibilidade de revisão decorreu da inexatidão das informações
cadastrais do imóvel, ou seja, de fato não conhecido. José deixou de informar ao município a
referida ampliação. Muito embora o IPTU seja típico exemplo de tributo lançado de ofício,
independente de declaração do sujeito passivo, o município constitui o crédito com base nas
informações cadastrais do imóvel. Assim, se inverídicas/omissas, cabível a revisão da exação.
Tal entendimento foi chancelado pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos.

Diversamente, quanto à revisão relativa ao ano de 2008, impossível a complementação de


ofício. Nesse caso, a municipalidade detinha plena ciência da ampliação da área construída (3º
andar). Assim, deve-se proteger a confiança do contribuinte no acerto do lançamento
efetuado, prevalecendo a presunção de veracidade/legitimidade do ato de exação e evitando
surpresa ilegítima no ato de cobrança ulterior.

No mais, impende destacar que o erro de direito, a mudança dos critérios jurídicos adotados
no lançamento (base de cálculo do IPTU), não permite à municipalidade rever fatos geradores
anteriores, apenas os posteriores (efeito 'ex nunc' - teor do art. 146, CTN).

QUESTÃO 28 (OFFICIUM - JUIZ ESTADUAL TJ RS/2012) Compete privativamente à autoridade


administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido e
identificar o sujeito passivo (Código Tributário Nacional, art. 142).

Estabeleça a diferença entre lançamento direto e lançamento por homologação,


exemplificando com o tributo correspondente.

O lançamento está regulamentado entre os arts. 142 e 150 do Código Tributário Nacional.
Consoante preceitua o parágrafo único do art. 142, a atividade administrativa de lançamento é
vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

As modalidades de lançamento estão entre os arts. 147 e 150 e são três: lançamento por
declaração; lançamento de ofício ou direto e lançamento por homologação. Interessa-nos as
duas últimas.

O lançamento de ofício ou direto se dá nos casos em que não há colaboração do sujeito


passivo para a constituição do crédito tributário. Todas as informações para o lançamento já
estão de posse da Administração Tributária, tornando-se desnecessária a atuação do
contribuinte para a constituição do crédito tributário. As hipóteses de lançamento de ofício
estão no art. 149 do Código Tributário Nacional. Dentre os tributos que são lançados de ofício
temos o IPTU e o IPVA.

O lançamento por homologação, por sua vez, requer uma colaboração do contribuinte, que,
além de prestar as informações ao Fisco, recolhe antecipadamente o tributo, cabendo à
Administração Tributária apenas a sua homologação (caso regular). Como exemplo, temos o
Imposto de Renda e o Imposto sobre Produtos Industrializados.

QUESTÃO 29 (COM. EXAM. TRF 2 - JUIZ FEDERAL TRF 2ª REGIÃO/2014/XV) Em que consiste o
instituto da denúncia espontânea? Explique os requisitos de sua configuração, bem como sua
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aplicabilidade às obrigações tributárias principal e acessória, e aos tributos sujeitos ao


lançamento de ofício, declaração e homologação?

A denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN, consiste no comparecimento do infrator


ao Fisco, que confessa a infração e recolhe o tributo eventualmente devido. Esse recolhimento
deve ocorrrer com acréscimo do juros de mora. A vantagem da denúncia espontânea para o
sueito passivo é que este fica livre da multa pela infração. O parágrafo único do art. 138 prevê
que não se considera denúncia espontânea se o Fisco já tiver iniciado processo de fiscalização.
O STJ entende que o parcelamento do tributo, em regra, não dá direito à denúncia
espontânea. Prevalece também o entendimento de que a denúncia espontânea afasta, além
da multa fiscal, a multa moratória. Cabe destacar ainda a Súmula 360 do STJ, que aduz que a
denúncia espontânea não se aplica aos tributos lançados por homologação regularmente
declarados, mas pagos a destempo pois nesse caso a declaração importa em confissão de
débito.
A obrigação tributária poderá ser principal ou acessória. Diz-se principal aquela que tem como
objeto a obrigação patrimonial decorrente do fato gerador; é o dever de pagar o tributo ou
penalidade pecuniária.
A obrigação acessória, por sua vez, é a decorrente de situação que imponha a prática ou
abstenção de ato que não configure uma obrigação principal, sendo assim, entende-se ser
obrigação acessória a prestação positiva ou negativa de informações ou dados no interesse da
arrecadação ou da fiscalização.
O STJ tem entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não é aplicável no caso de
descumprimento de obrigações acessórias pois tais obrigações são desvinculadas do fato
gerador do tributo. No entanto, tal instituto é plenamente aplicável às obrigações principais, já
que está é o dever de pagar tributo ou penalidade.
No lançamento de ofício, a autoridade fiscal realiza o lançamento diretamente, sem
colaboração relevante do devedor. Dessa forma, verifica-se a não aplicação da denúncia
espontânea nesse tipo de lançamento já que para que esta se aperfeiçoe é necessário que a
confissão seja realizada antes que o Fisco tome qualquer providência no sentido de lançar o
tributo.
No lançamento por declaração o Fisco realiza o lançamento com base nas informações
prestadas pelo contribuinte. Assim, entende-se que é cabível a denúncia espontânea nos
tributos lançados por declaração na hipótese em que o contribuinte, após a declaração parcial
do débito tributário, acompanhado do pagamento, retifica-a, antes de qualquer procedimento
por parte do Fisco, notificando a existência de diferença a maior.
Já nos tributos lançados por homologação, a Súmula 360 do STJ só veda a aplicação da
denúncia espontânea nos casos de tributos declarados mas pagos a destempo. Na hipótese em
que o tributo não foi sequer declarado, é possível a aplicação da denúncia espontânea.

QUESTÃO 30 (COPS UEL - PROCURADOR DO ESTADO DO PARANÁ/2011/XIV) Acerca da


sujeição passiva tributária, estabeleça a distinção entre responsabilidade por transferência e
responsabilidade por substituição.

Em sentido estrito, a responsabilidade tributária refere-se àquela terceira pessoa, que não o
contribuinte, e que, por força de lei, é chamada a responder pelo cumprimento da obrigação
tributária.
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Doutrinariamente, uma classificação bem estudada é que a diferencia a responsabilidade em


duas modalidades: a responsabilidade por transferência e a responsabilidade por substituição.
Na primeira, no momento do fato gerador existe apenas o contribuinte, o qual fica obrigado.
Porém, por um fato posterior definido em lei, outra pessoa ficará responsável pelo
pagamento. A responsabilidade por transferência alcança os casos de responsabilidade por
sucessão, por solidariedade e de terceiros, conforme disposições do Código Tributário
Nacional. Essa transferência de responsabilidade poderá ocorrer do contribuinte para o
responsável ou do responsável para o responsável. A responsabilidade por transferência se dá
após a ocorrência do fato gerador, em razão de circunstâncias posteriores previstas em lei,
provocando uma transferência da responsabilidade para um terceiro, podendo o contribuinte
permanecer ou não
no polo passivo da obrigação. Em outras palavras, há a transferência do dever jurídico, que
migra, total ou parcialmente, da pessoa do contribuinte para o responsável. Há, em verdade,
uma sub-rogação.
Por outro lado, na segunda, a sujeição passiva do responsável tributário surge
contemporaneamente à ocorrência do fato gerador. O contribuinte em momento algum será
obrigado pelo recolhimento do tributo, e sim uma terceira pessoa designada pela lei. Assim, a
fonte pagadora substitui, no polo passivo da obrigação tributária, a pessoa que naturalmente
figuraria em tal relação jurídica na condição de contribuinte. Evidentemente que o
contribuinte irá arcar com o ônus financeiro do tributo, já que o responsável a ele repassará o
valor. Entretanto, isso foge do escopo da relação tributária. Essa responsabilidade pode ser:
regressiva, para trás ou antecedente (ocorre nos casos em que as pessoas ocupantes das
posições anteriores na cadeia de produção são substituídas no dever de pagar tributo por
aquelas que ocupam posições posteriores) ou progressiva, para frente, ou subsequente
(ocorre nos casos em que as pessoas ocupantes das posições posteriores das cadeias de
produção e circulação são substituídas, no dever de pagar tributos, por aquelas que ocupam as
posições anteriores nessas mesmas cadeias).

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