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IBET – Goiânia, 07/10/2022

Respostas do seminário V – ISS


Diogo Lima Rezende Rios

1) RMIT ISS:
a. Hipótese:
i. Critério material: prestar serviços de qualquer natureza,
excetuando-se os serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação.
ii. Critério espacial: âmbito territorial do município
iii. Critério temporal: momento da prestação do serviço
b. Consequente
i. Critério pessoal: sujeito ativo: Município, sujeito passivo:
prestador de serviço
ii. Critério quantitativo: BC: preço do serviço; Alíquota: a prevista
na legislação do imposto.

2) A CF não traz um conceito constitucional do que seria o serviço tributado pelo


ISS, ela apenas faz a ressalva de que seriam os serviços que não são englobados
pelo ICMS, ficando à cargo da Lei Complementar, como delimitadora e sendo
norma introdutora, a definição dos serviços de qualquer natureza suscetíveis de
tributação de ISS pelos Municípios.

O conceito de prestação de serviço foi pego emprestado do Direito Civil pelo


constituinte para definir competência tributária, não podendo sofrer alteração
pelo legislador infraconstitucional. Ficando definido que para incidir ISS,
precisa obrigatoriamente de prestação de serviço à terceiro (obrigação de fazer),
de utilidades materiais ou imateriais, com traços de habitualidade e com
substrato econômico (capacidade contributiva), debaixo do regime do direito
privado e realizada dentro dos limites geográficos do serviço ao interessado.
Pelo exposto, resta claro que o ISS pega emprestado conceitos sempre incide
através de uma obrigação de fazer por parte do prestador de serviço para com o
tomador, não há que se falar em obrigação de dar no caso deste tributo.

Conforme STF - RE-AgR: 446003 PR, em sua ementa: “Não se revela


tributável, mediante ISS, a locação de veículos automotores (que consubstancia
obrigação de dar ou de entregar), eis que esse tributo municipal somente
pode incidir sobre obrigações de fazer, a cuja matriz conceitual não se ajusta a
figura contratual da locação de bens móveis”.
Também de acordo com a Súmula Vinculante 31. É inconstitucional a
incidência do imposto sobre serviços de qualquer natureza - ISS sobre
operações de locação de bens móveis.
No mesmo sentido o RE 651.703 RG / PR.
Pelos estudos realizados em módulos passados, não se pode confundir os
conceitos trazidos pela Economia com os trazidos pelos Direito, dizem respeito a
áreas diferentes, podendo ser complementares, mas um não substitui o outro.
Nesse sentido, os conceitos que devem ser utilizados para entender e analisar a
perspectiva do ISS, são os trazidos pelo Direito, como ciência autônoma que é.

3) a) A função da LC 116/03 é listar quais são os serviços passíveis de tributação


pelo ISS. Trata-se de uma lista taxativa, mas que, segundo o STF e o STJ, pode
ser dada interpretação extensiva, para que se possa enquadrar os serviços
correlatos, prevalecendo a natureza do serviços prestado.
b) Entendo que o município não pode criar uma Lei que inova no rol taxativo da
LC 116/03, uma vez que a Lei Municipal deve obediência aos ditames da LC, a
qual vai balizar e delimitar o percurso que a Municipal pode percorrer ao
instituir o ISS sobre determinados serviços. Mas, segundo o STF, devido à
interpretação extensiva, no caso de serviços congêneres e inerentes às atividades
listadas na LC, pode haver a tributação (RE 784439) – Tema 296.
c) A LC 157/2016 é constitucional e ampliou as hipóteses de incidência do ISS,
percebe-se que o legislador buscou atualizar a lista anexa na LC 116/2003, de
modo a harmonizar a normatização do imposto com a realidade posta,
respeitando o princípio da legalidade e buscando maior segurança jurídica.
Entretanto, ao final, o que aconteceu de fato foi a burocratização da cobrança do
ISS de modo a tornar ainda mais complexa a arrecadação do imposto. Entendo
que para tributar a nova lista trazida pela LC 157/2016 os municípios devem
realizar o mesmo procedimento previsto na constituição e que foi feito conforme
a primeira oportunidade, ou seja, devem alterar suas leis municipais para
poderem tributar as novas atividades – Princípio da Legalidade.

4) a) No caso dos serviços notariais, enquadram-se na exceção trazida no art. 150, §


3º da CF. Incidindo ISS pela exploração de atividade econômica visando lucro.
b) No caso dos restaurantes, pelo fato de haver circulação de mercadoria, incide
o ICMS, já que não importa se quem compra vai consumir no local ou não. A
relação não é pautada em obrigação de fazer.
c) Locação de bens imóveis, não incide ISS por não caracterizar prestação de
serviço, não havendo previsão em qualquer uma das LC do ISS.
d) Incide ISS, obrigação de fazer.
e) O ato de vender franquias, incide ISS, obrigação de fazer por parte do
franqueador.
f) funciona como um clube de assinatura, não há ISS.
g) A atividade meio para que se concretize a atividade fim, não incide ISS.
h) Obrigação de dar e não de fazer, não incide ISS.
i) Obrigação de dar e não de fazer, não incide ISS.

5) Se a prestação de serviços estiver listada nas LC do ISS ou até mesmo no caso


de congêneres (interpretação extensiva), mesmo que haja cumulação ao
fornecimento, incidirá o ISS, descontando o ICMS sobre os produtos
relacionados à obrigação de dar. Para identificar se deve incidir ISS ou ICMS,
deve-se verificar se na atividade é preponderante obrigação de dar ou de fazer,
se for a primeira, ICMS, se for a segunda, ISS. Ademais, deve-se verificar se
quem comprou dará nova circulação, se a resposta for positiva, sempre incidirá
ICMS. No caso de possível incidência de ISS e ICMS, o primeiro subsistindo, as
mercadorias sujeitas à ICMS entrarão na BC do ISS, mas descontado o que seria
devido através do ICMS.

6) a) O ISS é devido no município em que se localiza o estabelecimento do


prestador de serviço, devendo ser considerada o local em que a atividade é
desenvolvida e não o local em que é formalmente indicada, conforme arts. 3 e 4
da LC 116/03.

b) Para fins de ISS, estabelecimento é o local onde a atividade é desenvolvida,


independente de ser considerada formalmente como sede ou filial da PJ. Desse
modo, nem sempre a tributação será devida no local em que foi prestado o
serviço. Será levado em conta a localidade em que estiver configurada uma
organização – complexo de bens – necessária ao exercício da atividade
empresarial ou profissional.

O Município Y pode exigir o ISS, desde que comprovado o que foi exposto
acima, independente de ser outro o local da sede formalmente constituída.

No segundo caso, como não há dependências da empresa, só poderá ser exigido


o ISS no Município X, já que o serviço é prestado diretamente na casa do
cliente.

7) Como a prestação de serviços de arquitetura pode ser feito de forma remota, não
há necessidade da empresa francesa vir até o Brasil para que seja realizado o
serviço, desse modo, claro está que não há incidência de ISS, porque o fato
gerador ocorreu no exterior, conforme § 1º da LC 116/03.

8) A BC do ISS é o preço do serviço prestado. Preço do serviço é o valor pago pelo


tomador ao prestador, pela obrigação de fazer que foi realizada e contratada
entre ambas as partes. Apenas os matérias podem ser deduzidos, isso porque a
CF é clara ao estabelecer que o ISS incide de acordo com as exceções do ICMS,
em outras palavras, o que for serviço e não for tributado pelo ICMS, pode ser
tributado pelo ISS.

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