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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO

MÓDULO II – SEMINÁRIO V
ISS
Nayrê Silva Barbosa

BAURU
2023
Questões

1. Construa a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do ISS.

Resposta: Regra Matriz de Incidência Tributária do ISS

Antecedente:

Aspecto material: Segundo Regina Helena Costa em seu livro “Curso de Direito
Tributário” (fls. 431) o aspecto material do referido tributo é a “prestação de
utilidade de qualquer natureza a terceiro, efetuada em caráter oneroso, sob
regime de direito privado, e que não configure relação de emprego.”

Aspecto espacial: A Lei Complementar n.116/2003 estabeleceu em seu art. 3º,


que o aspecto espacial é o local do estabelecimento prestador de serviço (lugar
onde o contribuinte desenvolve sua atividade de prestar serviços, de modo
permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional),
ou, em sua falta, o local do domicílio do prestador do serviço.

Todavia, existem várias exceções dispostas pela lei, à título de exemplo, no caso
de serviços prestados na execução de obra o aspecto espacial é o local desta.

Aspecto temporal: momento em que se aperfeiçoa a prestação de serviço.

Consequente:

Aspecto pessoal: São sujeitos ativos o Município e o Distrito Federal, são sujeitos
passivos o contribuinte (prestador do serviço) e os responsáveis (terceiros
expressamente indicados em lei).

Aspecto quantitativo: A Lei Complementar trata desse aspecto em seus artigos 7º,
8º e 8-A. A base de cálculo é o preço do serviço prestado e a alíquota mínima é
de 2% e a máxima de 5%.

2. Há um conceito constitucional de “prestação de serviço tributável por meio do


Imposto sobre Serviços”? Para fins de definição da materialidade tributável por
meio do ISS, é possível afirmar que o constituinte adotou os conceitos de
“contrato de prestação de serviço” e de “obrigação de fazer” do Direito Civil (em
oposição ao conceito de “obrigação de dar”)? Ou seria necessário afirmar que
essa dicotomia está superada e o que deve ser adotado para a definição dessa
materialidade é o chamado “conceito econômico de serviços”? Considere, na sua
resposta, a Súmula Vinculante n.º 31 do STF e a ementa do RE 651.703/PR
(anexo I).

Resposta: Até o julgamento do RE nº 116.121-3, o Supremo Tribunal Federal


considerou constitucional a incidência do ISS sobre locação de bens móveis por
entender que o conceito constitucional de “serviços de qualquer natureza”
pressupunha uma obrigação de fazer (conceito do direito privado).
Este precedente mudou o entendimento da Corte ao considerar inconstitucional o
ISS sobre locação de bens móveis porque colidia com o conceito constitucional
de serviço que pressupõe uma obrigação de fazer (conceito de direito privado).
Todavia, no julgamento do ISS sobre o leasing financeiro muito se questionou
acerca da adoção do STF pelo conceito econômico de serviços.
Contudo, acredito que até os dias atuais o conceito do direito privado continua
sendo validado pelo Tribunal.

3. Com relação à lista de serviços anexa à Lei Complementar n. 116/03, pergunta-


se:
a) Qual é o seu papel na definição da materialidade tributável por meio do ISS?
Essa lista é taxativa, exemplificativa ou extensiva? (vide anexo II)
b) Lei Municipal pode prever a cobrança de ISS sobre prestação de serviço que
não conste nessa lista?

Resposta: a) A meu ver, tendo em vista que a Constituição foi clara ao afirmar
que cabe ao Município instituir ISS, cujos serviços serão definidos em lei
complementar, essa lista prevista na Lei Complementar n. 116/03 seria taxativa.

b) Mantendo o mesmo raciocínio adotado na questão de letra “a” Lei Municipal


não pode prever a cobrança de ISS sobre prestação de serviço que não conste
nessa lista.

4. Analise os fatos jurídicos seguintes, comentando se podem ser considerados


serviços tributáveis por meio do ISS e, em caso afirmativo, qual é o fundamento
legal para a sua cobrança:
(i) serviços notariais: 21 – Serviços de registros públicos, cartorários e notariais.
Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116.
(ii) disponibilização de quarto ou apartamento próprio para aluguel por temporada
em site especializado em turismo: 9.01 – Hospedagem de qualquer natureza em
hotéis, apart-service condominiais, flat, apart-hotéis, hotéis residência, residence-
service, suite service, hotelaria marítima, motéis, pensões e congêneres;
ocupação por temporada com fornecimento de serviço (o valor da alimentação e
gorjeta, quando incluído no preço da diária, fica sujeito ao Imposto Sobre
Serviços). Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116.
(iii) franquia ou franchising: 17.08 – Franquia (franchising). Lista de serviços
anexa à Lei Complementar nº 116.
(iv) locação de bem móvel com operador: Não
(v) participação em programa de fidelidade que oferece descontos na aquisição
de ingressos para shows: 12.07 – Shows, ballet, danças, desfiles, bailes, óperas,
concertos, recitais, festivais e congêneres. Lista de serviços anexa à Lei
Complementar nº 116.
(vi) carga e descarga realizada diretamente pelo transportador em caso de
transporte interestadual e intermunicipal: Não
(vii) disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo,
imagem e texto por meio da internet (tais como Netfix e Spotify): 1.09 -
Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e
texto por meio da internet, respeitada a imunidade de livros, jornais e periódicos
(exceto a distribuição de conteúdos pelas prestadoras de Serviço de Acesso
Condicionado, de que trata a Lei no 12.485, de 12 de setembro de 2011, sujeita ao
ICMS) Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116.
(viii) cessão de andaimes, palcos, coberturas e estruturas de uso temporário:
3.05 – Cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso
temporário. Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116.

5. Uma empresa que preste um serviço que resulte na entrega de um produto está
sujeita ao pagamento de ISS, de ICMS ou de ambos os impostos? Caso seja
possível a incidência de ambos, como deve ser apurada a base de cálculo de
cada um? Responda considerando os seguintes exemplos e o anexo III:
(i) remédio produzido por uma farmácia de manipulação: Sujeito a ISS - 4.07 –
Serviços farmacêuticos.
(ii) conserto de um veículo com a troca de uma peça do freio: Quando se trata de
serviços relativos a bens de terceiros, o conserto de veículos está sujeito ao
pagamento de ISS, todavia, quando se tratam de peças e partes empregadas
ficam sujeitas ao ICMS.
14.01 – Lubrificação, limpeza, lustração, revisão, carga e recarga, conserto,
restauração, blindagem, manutenção e conservação de máquinas, veículos,
aparelhos, equipamentos, motores, elevadores ou de qualquer objeto (exceto
peças e partes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS).
(iii) prato feito por um chef renomado em um restaurante de luxo: Não
(iv) calendário personalizado confeccionado por uma gráfica: ISS, exceto se
destinados a posterior operação de comercialização ou industrialização ainda que
incorporados a outra mercadoria que deva ser objeto de posterior circulação.
13.05 - Composição gráfica, inclusive confecção de impressos gráficos,
fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia e fotolitografia, exceto se
destinados a posterior operação de comercialização ou industrialização, ainda
que incorporados, de qualquer forma, a outra mercadoria que deva ser objeto de
posterior circulação, tais como bulas, rótulos, etiquetas, caixas, cartuchos,
embalagens e manuais técnicos e de instrução, quando ficarão sujeitos ao ICMS.
6. Considerando-se os enunciados dos artigos 3º e 4º da Lei Complementar n.º
116/2003, pergunta-se:
a) Qual é o critério espacial da regra-matriz de incidência tributária do ISS? (Vide
anexos IV e V)

Resposta: A Lei Complementar n.116/2003 estabeleceu em seu art. 3º, que o


aspecto espacial é o local do estabelecimento prestador de serviço (lugar onde o
contribuinte desenvolve sua atividade de prestar serviços, de modo permanente ou
temporário, e que configure unidade econômica ou profissional), ou, em sua falta, o
local do domicílio do prestador do serviço.
Todavia, existem várias exceções dispostas pela lei, à título de exemplo, no caso de
serviços prestados na execução de obra o aspecto espacial é o local desta.

b) Qual critério deve ser utilizado para dirimir conflito de competência entre
Municípios quando o prestador de um serviço está estabelecido em um Município, o
tomador desse serviço está domiciliado em outro Município e o serviço é executado
em um terceiro Município?

Resposta: De acordo com o estabelecido na Lei Complementar, em regra, o ISS


será devido no local de estabelecimento do prestador do serviço.

c) O que caracteriza estabelecimento para fins de incidência do ISS? Se uma


empresa prestadora de serviços que está estabelecida no Município X desloca cinco
funcionários para um espaço alugado no Município Y para atender mais rapidamente
alguns clientes pelo período de um mês, esse Município Y pode considerar que há
estabelecimento prestador no seu território e cobrar ISS daquela empresa? E se, a
partir do mês seguinte, eses mesmos funcionários forem deslocados para uma sala
dentro do estabelecimento de um cliente específico, localizado no Município Z, e lá
permanecerem por um ano executando as atividades da empresa, o Município Z
poderia considerar que ali há estabelecimento prestador para fins de cobrança do
ISS? Justifique e fundamente sua resposta, considerando também o anexo VI.

Resposta: Estabelecimento para fins de ISS é o lugar em que o contribuinte


desenvolve sua atividade de prestar serviços de modo permanente ou
temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo
irrelevantes para sua caracterização as denominações de sede, filial, agência,
posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou
quaisquer outras que venham a ser utilizadas.

Com base no conceito mencionado acima, acredito que exista a possibilidade


do Município Y exigir ISS do estabelecimento.

No mesmo sentido, seria possível o Município Z considerar que ali há


estabelecimento prestador para fins de cobrança do tributo.

7. Diante da previsão do §1º do art.1º da Lei Complementar n.º 116/2003, considere


o seguinte caso: um advogado domiciliado na cidade de Florianópolis/SC adquire
um curso de extensão oferecido por uma Universidade da Inglaterra, que será
ministrado de forma totalmente on-line durante o período de quatro meses, e o
disponibiliza para a equipe do seu escritório, que está sediado na cidade de São
Paulo/SP.
Nesse caso, haverá importação de serviço? Em caso positivo, em qual Município
será devido o ISS? Justifique e fundamente a sua resposta, considerando o anexo
VII.

Resposta: Considerando que o ISS será devido no lugar do prestador do serviço


e que a competência dos entes federados é delimitada pelo princípio da
territorialidade, nesse caso, divirjo da posição adotada na jurisprudência juntada
por entender pela não incidência do tributo.

8. Qual é a base de cálculo do ISS? O que pode ser considerado como “preço do
serviço”? Apenas os materiais fornecidos pelo prestador de serviço de construção
civil podem ser deduzidos da base de cálculo ou qualquer outro valor que não
corresponda à remuneração pela prestação do serviço também pode ser
deduzido? Justifique suas respostas e considere o anexo VIII.

Resposta: A base de cálculo do ISS é o preço do serviço prestado. O que pode


ser considerado como valor do serviço depende da legislação, uma vez que em
alguns casos a Lei Complementar entende que o valor do serviço envolve o
fornecimento de materiais que não serão tributados pelo ISS.
Existe outra possibilidade de dedução, à título de exemplo, reparação e
conservação de obras públicas.

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