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“Jurisprudência”
JURISPRUDÊNCIA TRIBUTÁRIA
Legislação aplicável
Critério material
Critério temporal
Critério espacial
Critério pessoal
Critério quantitativo
II - IPTU E ICMS
Legislação aplicável
Critério material
1. Art. 32 do CTN: “O imposto, de competência dos Municípios, sobre a
propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou
por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do
Município”;
a. Houve alargamento da hipótese de incidência constitucional?
A jurisprudência entende que não (posse ad usucapionem),
mas José Eduardo Soares de Melo reconhece a controvérsia;
2. Propriedade (art. 1228 do CC): “O proprietário tem a faculdade de usar,
gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer
que injustamente a possua ou detenha”;
3. Posse (art. 1196 do CC): “Considera-se possuidor todo aquele que tem
de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade”. Com animus domini, isto é, posse ad usucapionem;
4. Domínio útil (doutrina): direito de algum ou alguns dos poderes
inerentes à propriedade, inerente ao foreiro (enfiteuse) ou ao
usufrutuário, em relação ao uso de terrenos da União, dos Municípios, de
Igrejas ou até de particulares.
Critério temporal
Critério espacial
Critério pessoal
Critério quantitativo
Obrigações acessórias
Legislação aplicável
Critério material
1. Art 156, II, da CF: “transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos
reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a
sua aquisição”;
2. Art. 35 do CTN: “O imposto, de competência dos Estados, sobre a
transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato
gerador;
a. A transmissão, a qualquer título (a título oneroso e inter
vivos) da propriedade ou do domínio útil de bens
imóveis por natureza ou por acessão física, como
definidos na lei civil;
b. A transmissão, a qualquer título (a título oneroso e inter
vivos) de direitos reais sobre imóveis, exceto os
direitos reais de garantia;
c. A cessão (a título oneroso e inter vivos) de direitos
relativos às transmissões referidas nos incisos I e II
(art. 35 do CTN) e transmissão de direitos reais sobre
imóveis (art. 156, II, da CF);
3. Transmissão de bem imóvel (arts. 1227 e 1245 do CC);
4. Jurisprudência: somente e tão somente no registro. A antecipação da
ocorrência do fato gerador é inconstitucional, como na promessa de
compra e venda. Esta jurisprudência não protege a figura do “contrato de
gaveta”.
5. Cessão de direitos relativos às transmissões de bens imóveis:
transferência de direitos de que detém um sujeito, em relação a um
imóvel, para terceiros. Exemplos: cessão onerosa de direitos hereditários
ou à sucessão, cessão onerosa de compromisso de compra e venda
irretratável de imóvel e quaisquer outros atos onerosos ou contratos
translativos de imóveis;
6. José Eduardo Soares de Melo, citando José Alberto Oliveira Macedo:
“Celebrado um compromisso de compra e venda de bem imóvel, pode
acontecer, por razões diversas, de o promissário comprador – depois de
certo tempo, inclusive residindo no imóvel, e de ter pago certo número de
parcelas – não estar mais interessado em permanecer no imóvel. Ele,
então, cede seus direitos sobre o compromisso celebrado originalmente
para um terceiro. É realizado, pois, um contrato de cessão de direitos,
sobre compromisso de compra e venda, a partir do qual o atual
cessionário, muitas vezes, também já passa a residir no imóvel. Acontece
que essa cadeia de sucessão de direitos (de natureza pessoal, apesar de
ter gerado manifestações de riqueza pelas partes em cada contrato), pode
passar ao largo da tributação se tais negócios não forem registrados.
Basta que o último cessionário, ao quitar a dívida, convoque para
participar da lavratura da escritura pública apenas aquele que figurou
como promitente vendedor no compromisso de compra e venda original.
Uma sucessão de posses de imóvel e de cessões de direito à aquisição
constará registrado na matrícula do imóvel”. Crítica possível à forma de
lançamento e à fiscalização;
7. Cessão de direitos reais sobre imóveis (exceto os de garantia).
8. Incidência de ITBI: (i) compra e venda registrada ou permuta
registrada, permuta, (ii) mandato em causa própria com poderes
equivalentes para a transmissão de bem imóvel (criticável), (iii)
arrematação em hasta pública (criticável – aquisição originária), (iv)
partilha de imóvel que, na divisão do patrimônio comum for atribuído a
um dos cônjuges separados na meação não exata dos bens, de forma a se
configurar transmissão onerosa; A aquisição da propriedade pode ser
originária ou derivada. Arrematação em hasta pública cessa a cadeia,
como se o imóvel não tivesse sido de ninguém. Não é uma transmissão.
Você paga por parte da dívida e leva o imóvel por um preço menor.
9. Não incidência de ITBI: (i) usucapião e outros modos originários de
aquisição da propriedade, (ii) desapropriação, (iii) instituição de servidões
administrativas, (iv) contratos de promessa de compra e venda sem
registro no Cartório de Registro de Imóveis (contrato de gaveta) e (v)
contratos de promessa de compra e venda com pactuação de
arrependimento, mesmo se registrados;
10. Imunidade de ITBI (art. 156, §2º, I, da CF): “Não incide sobre a
transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa
jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou
direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa
jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do
adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação
de bens imóveis ou arrendamento mercantil”;
11. Atividade preponderante: 50% da receita bruta operacional (art.
37, §1º, do CTN), apurada 2 anos antes e 2 anos depois da transmissão.
Se for pessoa jurídica nova, apenas 3 anos depois da transmissão (art.
37, §2º, do CTN).
12. Não incidência de ITBI: segundo o art. 36 do CTN, o ITBI não
incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e direitos
adquiridos, em decorrência da sua desincorporação do patrimônio da
pessoa jurídica a que foram conferidos. Segundo o AgRg no AREsp
55.873/RS: “O acórdão recorrido, acolhendo ensinamento de Hugo de
Brito Machado, concluiu que a norma contida no art. 36, parágrafo único,
do CTN há de ser interpretada com a Carta Magna, de modo que, na
hipótese de extinção da pessoa jurídica, é irrelevante quem seja o
destinatário dos bens transferidos. Salienta que a interpretação a ser dada
pelo referido normativo federal, para harmonizar-se com o texto
constitucional, implica sua aplicação aos casos de simples redução do
capital social, com desincorporação dos bens imóveis ou direito a eles
relativos do patrimônio de pessoas jurídicas”;
13. Imunidade ou isenção heterônoma?
14. Este artigo foi recepcionado pela CRFB/1988? E se lei municipal
previr essa hipótese?
Critério espacial
Critério temporal
Critério pessoal
Critério quantitativo
1. A base de cálculo é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos
(art. 38 do CTN);
2. A base de cálculo é o valor de venda ou o mesmo valor venal a título de
IPTU? REsp 1.199.964/SP, com citação da professora Misabel Derzi:
“Como é tarefa difícil para a Administração, em um tributo lançado de
ofício, como é o caso do IPTU, avaliar a propriedade imobiliária de
milhares de contribuintes, medidas de simplificação da execução da lei
têm sido tomadas pelo Poder Executivo. Uma dessas medidas são as
plantas ou tabelas de valores […]. No ITBI, o preço efetivamente pago
pelo adquirente do imóvel tende a refletir, com grande proximidade, seu
valor venal, considerado como, repito, o valor de uma venda regular, em
condições normais de mercado”;
3. Lançamento do IPTU versus lançamento do ITBI;
4. O fato de haver descompasso entre o valor de mercado e o valor da
transação não impede que o Município lance o restante do que entende
devido a título de ITBI ex officio, arbitrando o valor que entende
efetivamente devido (AgRg no AREsp 263.685/RS e art. 148 do CTN).
Proteção do Fisco contra evasão fiscal.
5. Súmula 108 do STF: “É legítima a incidência do ITBI sobre o valor do
imóvel ao tempo da alienação, e não da promessa, na conformidade da
legislação local”;
6. Súmula 407 do STF: “O ITBI não incide sobre a construção, ou parte dela,
realizada inequivocamente pelo promitente comprador após a promessa
de compra e venda, mas sobre o valor do que tiver sido construído antes
da promessa de venda”.
7. As alíquotas não poderão ser progressivas segundo a jurisprudência do
STF (súmula 656 do STF e seus julgados-paradigma);
8. Serão fixadas segundo a lei municipal, vedada a utilização com efeito de
confisco. É possível instituir alíquotas distintas para o valor financiado do
imóvel e o valor que é pago a título de entrada (art. 199 do
CTM/Seropédica).
Obrigações acessórias
Legislação aplicável
Critério material
1. Art. 155, III, da CF: “Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre propriedade de veículos automotores”;
2. Propriedade (art. 1228 do CC): “O proprietário tem a faculdade de usar,
gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer
que injustamente a possua ou detenha”;
3. Veículo automotor (Anexo I do CTB): “Todo veículo a motor de
propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente
para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de
veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo
compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não
circulam sobre trilhos (ônibus elétrico)”;
4. A discussão sobre a incidência de IPVA sobre a propriedade de
embarcações e aeronaves. RE 379.572/RJ, RE 255.111-2/SP e a falácia
argumentativa da interpretação da Constituição atual sobre situações pré-
constitucionais (Taxa Rodoviária Única) e dos órgãos de registro da
propriedade de embarcações e aeronaves (Registro Aeronáutico Brasileiro
e Tribunal Marítimo, com jurisdição interestatal). Conceito de
embarcação: usa água (elemento natural) para se mover. Conceito de
aeronave: usa o ar para se sustentar e circular, mediante reações
aerodinâmicas.
5. Não incidência de IPVA (não ocorrência do fato gerador – arts. 13 e 13-
A da Lei Estadual 2.877/1997): perda total por sinistro, roubo ou furto,
apropriação indébita ou qualquer outro delito que resulte a privação do
direito de propriedade a partir da data do sinistro, dividindo-se o valor do
IPVA por 12 e se excluindo o mês do sinistro. O contribuinte terá direito à
restituição do valor pago até o mês do sinistro;
6. Não incidência de IPVA (isenções – art. 4º, VI, e art. 5º da Lei Estadual
2.877/1997): de empresas públicas estaduais custeadas pelo Tesouro
Estadual, de países do estrangeiro, de estrangeiros que possuam
habilitação para circular e conduzir por até 1 ano no Brasil (só para
veículos brasileiros), tratores e máquinas agrícolas, veículos de PCD ou de
seu representante legal, veículos com mais de 15 anos de fabricação,
táxis de propriedade de profissionais autônomos (inclusive se arrendados
em leasing), ambulâncias pertencentes às instituições de saúde e
assistência social sem fins lucrativos, veículos automotores de associações
representativas de PCDs; vans, kombis, topics ou veículos similares
pertencentes às cooperativas destinadas ao transporte complementar de
passageiros e veículos para transporte escolar, devidamente legalizados
pelo órgão público municipal.
Critério espacial
1. Art. 146, III, da CF e art. 24, §3º, da CF: a ausência de lei complementar
federal sobre o IPVA e a proliferação de divergências;
2. Quando há identidade do domicílio do contribuinte e do local de
licenciamento, não há qualquer empecilho. E quando não houver?
3. José Eduardo Soares de Melo: “O local de recolhimento do imposto
constitui matéria controvertida no Judiciário […]”. Afirma haver
repercussão geral firmada no STF no sentido de se decidir pelo domicílio
do contribuinte ou o local onde for registrado e licenciado o veículo
automotor. Vários Estados cobram IPVA em relação ao local do domicílio
do contribuinte, e é esse o local em que o contribuinte praticaria em tese
a maior parte dos atos relativos ao fato continuado (propriedade),
também em consonância com o art. 120 do CTB, mas a relação de
propriedade de veículo automotor pode ser travada em qualquer lugar;
4. Art. 1º, caput, da Lei estadual 2.877/1997 (RJ): “O Imposto sobre a
Propriedade de Veículos Automotores Terrestres – IPVA, devido
anualmente, tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor
terrestre por proprietário domiciliado ou residente no Estado do Rio de
Janeiro”.
5. Mas o art. 158, III, da CF prevê que a repartição do IPVA com os
Municípios se dará em relação aos Municípios em que estiverem
licenciados os veículos (o STF está se afiliando a esta tese no RE
1.016.605/MG – ATENÇÃO a este leading case, que só teve tese de
repercussão geral julgada);
6. A propriedade de veículo automotor pode ser exercida em muitos locais,
então não é relevante o fato de o automóvel estar dentro ou fora de um
Estado em um dado momento, mas sim que nele esteja registrado. A
relação de propriedade é importante, e o licenciamento é um indício de
riqueza de que pode se servir à lei para disciplinar a incidência do IPVA.
7. Parecer da PGR (Rodrigo Janot) sobre a inconstitucionalidade de
lei de Minas Gerais que elegeu como critério espacial o domicílio
do contribuinte: “É de se destacar aqui incidir o IPVA sobre o
proprietário final, que assim se intitula mediante registro e licenciamento
do veículo no órgão próprio. Do contrário, a exação também incidiria, por
exemplo, sobre as montadoras. O registro e o licenciamento são sinais
distintivos ímpares na caracterização da propriedade veicular, elemento
escolhido pelo legislador como sinal distinto de riqueza a justificar o
tributo. Críticos desse entendimento apontam a possibilidade de entes
federativos flexibilizarem as regras de licenciamento para atraírem as
rendas decorrentes do imposto devido por pessoas naturais ou jurídicas
domiciliadas ou sediadas em outras unidades da federação, estabelecendo
assim modalidade específica de guerra fiscal. Todavia, a própria
Constituição trouxe remédio apto a solucionar tal patologia: a fixação das
alíquotas mínimas pelo Senado Federal, conforme previsto no seu art.
155, §6º, inciso I. É certo que tal poder ainda não foi exercido pela Casa
Legislativa. É preciso lembrar, porém, ser essa uma opção legislativa
válida, resultante da dinâmica dos debates parlamentares”;
8. Apesar de o domicílio ser o local presumido de exercício da propriedade do
veículo, ele não cobre todas as hipóteses e não faz referência formal
alguma com o veículo (uma pessoa pode ser domiciliada no Estado X e ter
seu veículo licenciado no Estado Y). O licenciamento refere-se ao veículo.
Critério temporal
Critério Pessoal
Obrigações acessórias
Legislação aplicável
1. Art. 155, I e §1º, da CF;
2. Arts. 35 a 42 do CTN – recepção pelo texto constitucional como tributo de
competência estadual;
3. Lei estadual/distrital pertinente;
4. Competência estadual/distrital;
5. Lançamento por homologação, a depender da legislação estadual.
Critério material
Critério material
Critério pessoal
Critério quantitativo
IV – ICMS
Parte I – REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA DO ICMS-MERCADORIAS
(Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços)
Legislação aplicável
1. Art. 155, III, da CF: “Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e prestações se iniciem no
exterior”;
2. Art. 155, § 2º, IX, da CF: “Incidirá também: a) sobre a entrada de bem
ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda
que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua
finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o
imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento
do destinatário da mercadoria, bem ou serviço; b) sobre o valor total da
operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não
compreendidos na competência tributária dos Municípios”;
3. Art. 155, §3º, da CF: “à exceção dos impostos de que tratam o inciso II
do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá
incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do
País”.
4. Art. 2º da Lei Kandir: “O imposto incide sobre: I – operações relativas à
circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e
bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II –
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por
qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; III – prestações
onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a
geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a
repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; IV –
fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não
compreendidos na competência tributária dos Municípios; V –
fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao
imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei
complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto
estadual”;
5. Art. 3º da Lei Kandir (isenções heterônomas).
Critério material
Critério temporal
Critério espacial
Critério quantitativo
Obrigações acessórias
08.12.22
EMENTA:
EMENTA:
EMENTA:
Legislação aplicável
1. Art. 153, §2º, I, da CF: “O imposto no inciso III será informado pelos
critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade”:
a. Generalidade (em relação ao sujeito passivo). Renato Romeu
Renck: “Com este fundamento, pode-se afirmar que a renda deve
ser reconhecida com a observância do critério da generalidade, em
que não se admitem classes de contribuintes. Todos,
indistintamente, são contribuintes, potenciais, ou de fato, do
imposto. Por isso igualmente não se pode admitir classe de
patrimônio, nem espécies de renda: todos os ganhos – todo
acréscimo novo decorrente do ato de produção de renda – deve ser
objeto de tributação respeitado o critério da progressividade”;
b. Universalidade (em relação à base de cálculo). Leandro
Paulsen: “Em face do critério constitucional da universalidade, ter-
se-ia de considerar a totalidade das rendas do contribuinte como
uma unidade, sem estabelecer distinções entre tipos de rendas para
efeito de tributação diferenciada”;
c. Progressividade (em relação à alíquota). Leandro Paulsen:
“Como imposto de natureza pessoal, o IR deve, necessariamente,
ser graduado segundo a capacidade econômica do contribuinte
também por força de determinação expressa constante do art. 145,
§1º, da CF. A progressividade, aliás, serve de instrumento para a
tributação da renda conforme a capacidade contributiva”.
1. Art. 153, III, da CF: “Compete à União instituir impostos sobre renda e
proventos de qualquer natureza”;
2. Art. 43 do CTN: “O imposto, de competência da União, sobre a renda e
proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido
o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de
proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior”;
a. Aquisição: obter, conseguir, passar a ter;
b. Disponibilidade: qualidade ou estado do que é disponível, do que se
pode usar livremente, qualidade dos valores e títulos integrantes do
ativo de um comerciant;
c. Disponibilidade jurídica: regime de competência para a maioria das
pessoas jurídicas (art. 187, §1º, “a” e “b”, da Lei 6.404/1976);
d. Disponibilidade econômica: regime de caixa e todas as pessoas
físicas. Riqueza livre e desembaraçada.
3. Teorias econômicas: renda real como um todo, tudo que tiver
expressão econômica. Produto do capital (lucro ou salário), qualquer
influxo de riqueza ou mesmo o acréscimo de valor patrimonial sem
representar fluxo de riqueza (valorização de um ativo fixo), colheita de
frutos, consumo de um bem, satisfação psíquica;
4. Teorias da renda-produto: renda como produto da atividade
desempenhada com o capital (fonte produtiva), sendo irrelevante a renda
real e a renda psicológica. São concepções:
a. Renda-produto stricto sensu (teoria das fontes): renda é aquilo que
advém de uma fonte produtiva com certa periodicidade e com a
aptidão para se renovar. É muito restrito, porque só abarca o lucro
(produto do capital) e o salário (produto do trabalho);
b. Renda-produto lato sensu (teoria da renda separada do capital):
renda é aquilo que advém de uma fonte produtiva, mas se separa
da sua fonte – a periodicidade e a manutenção da fonte são
características secundárias, o importante é que a renda esteja
separada da fonte para a aquisição da disponibilidade. Ainda é
restrita, porque há renda que se separa da fonte, como é o caso
dos ganhos de capital.
5. Teorias da renda-acréscimo patrimonial: renda é acréscimo
patrimonial, riqueza nova, acréscimo de riqueza representativo da
obtenção de produto, da ocorrência de fluxo de riqueza ou de simples
aumento no valor do patrimônio. É irrelevante a renda real e a renda
psicológica. Aqui, haverá renda a partir de um encontro de influxos e
defluxos em um período de tempo, a partir do qual, se houver
resultado positivo, haverá tributação;
6. Para Bulhões Pedreira, o CTN adotou a teoria da renda-acréscimo, por dar
à “renda” e aos “proventos de qualquer natureza” o mesmo tratamento,
porque define os proventos de qualquer natureza como “acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior”. Polizelli entende que
o CTN positivou as teorias da renda-produto e da renda-acréscimo
patrimonial;
7. Renda: fruto de uma fonte produtora duradoura;
8. Proventos: fruto de uma fonte que já cessou.
9. Mesmo que não haja consenso sobre a existência de um conceito bem
delimitado de “renda”, Luís Queiroz entende que há;
10. Para Queiroz, saber o que é “renda” envolve três etapas:
a. Desprezar, no texto constitucional, qualquer menção a “renda” que
não se refira à norma de incidência do imposto;
b. Investigar as teorias construídas ao longo de séculos para a
delimitação do conceito de renda. Não há teoria perfeita, tanto
que o Brasil “combina” duas. Neste caso, utiliza-se o conceito
mais amplo possível;
c. Com o conceito mais amplo possível, concatenam-se os elementos
do conceito com normas que o conformam. Por exemplo: igualdade,
universalidade, capacidade contributiva, mínimo existencial etc.;
11. Conceito constitucional de renda para Luís Queiroz: “Renda e
proventos de qualquer natureza (ou renda em sentido amplo ou
simplesmente renda) é conceito que está contido em normas
constitucionais relativas ao imposto sobre a renda e proventos de
qualquer natureza e que designa o acréscimo de valor patrimonial,
representativo da obtenção de produto ou de simples aumento no valor do
patrimônio, apurado, em certo período de tempo, a partir da combinação
de todos os fatos que contribuem para o acréscimo de valor do patrimônio
(fatos-acréscimos) com certos fatos que, estando relacionados ao
atendimento das necessidades vitais básicas ou à preservação da
existência, com dignidade, tanto da própria pessoa quanto de sua família,
contribuem para o decréscimo de valor do patrimônio (fatos-
decréscimos)”;
12. Este conceito constitucional é refletido pela legislação.
13. Incidência de IRPF: em razão do princípio da universalidade,
“tudo” (art. 3º, caput e §1º, da Lei 7.713/1988);
14. Não incidência de IRPF:
a. Imunidades constitucionais (art. 150, VI, da CRFB/1988). O artigo
153, §2º, II, da CRFB/1988, foi revogado;
b. Não incidência stricto sensu (“não é renda” = não é acréscimo
patrimonial):
1. Indenizações trabalhistas: súmulas 498, 463, 386, 215, 136
e 125 do STJ;
1. Juros de mora em razão de atraso no pagamento de
remuneração em razão de emprego, cargo ou função:
o art. 16, § único, da Lei 4.506/1964 não foi
recepcionado pela Constituição, conforme julgamento
no RE 855.091/RS;
2. Indenização por desapropriação para fins de reforma agrária:
Art. 22, § único, da Lei 7.713/1988 e súmula 42 do CARF;
3. Indenizações constituídas por danos emergentes (lucros
cessantes não!) e extrapatrimoniais;
4. Lucro inflacionário;
c. Isenções (art. 6º da Lei 7.713/1988): apresentar em sala;
d. Isenções (arts. 5º a 11 da IN 1.500/2014): apresentar em sala;
e. Isenção (art. 10 da Lei 9.249/1995): sobre lucros ou dividendos
pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no
lucro real, presumido ou arbitrado.
Critério temporal
Critério espacial
Critério pessoal
Obrigações acessórias
Legislação aplicável
1. Art. 153, III e § 2º, da CF;
2. Arts. 43 a 45 do CTN;
3. Leis 8.981/1995, 9.249/1995 e 9.430/1996;
4. IN 1.700/2017 da Receita Federal do Brasil;
5. Regulamento do Imposto de Renda – Decreto 9.580/2018
6. Competência federal;
7. Lançamento por homologação.
Critério material
1. Art. 153, III, da CF: “Compete à União instituir impostos sobre renda e
proventos de qualquer natureza”;
2. Art. 43 do CTN: “O imposto, de competência da União, sobre a renda e
proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido
o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de
proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior”;
a. Aquisição: obter, conseguir, passar a ter;
b. Disponibilidade: qualidade ou estado do que é disponível, do que se
pode usar livremente, qualidade dos valores e títulos integrantes do
ativo de um comerciant;
c. Disponibilidade jurídica: regime de competência para a maioria das
pessoas jurídicas (art. 187, §1º, “a” e “b”, da Lei 6.404/1976);
d. Disponibilidade econômica: regime de caixa e todas as pessoas
físicas. Riqueza livre e desembaraçada.
3. Incidência de IRPJ: em razão do princípio da universalidade, “tudo”
(art. 1º, caput, da Lei 9.430/1996 e art. 26 da Lei 8.981/1995);
4. Não incidência de IRPF:
a. Imunidades constitucionais (art. 150, VI, da CRFB/1988 e arts. 179
a 183 do RIR/2018);
b. Não incidência stricto sensu (“não é renda” = não é acréscimo
patrimonial):
1. Indenizações constituídas por danos emergentes (lucros
cessantes não!) e extrapatrimoniais;
2. Lucro inflacionário;
3. Benefícios fiscais de outros tributos;
4. Juros de mora;
5. Rendimentos de sociedades cooperativas relativos à atividade
econômica, sem proveito de lucro (artigo 193 do RIR/2018);
c. Isenções (arts. 13 a 25 da IN 1.700/2017 e arts. 184 a 195 do
RIR/2018): apresentar em sala;
d. Isenção (art. 10 da Lei 9.249/1995): sobre lucros ou dividendos
pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no
lucro real, presumido ou arbitrado.
Critério temporal
Critério espacial
Critério pessoal
Legislação aplicável
Critério material
Critério espacial
Critério temporal
Critério pessoal
Critério quantitativo
Obrigações acessórias
Legislação aplicável
Critério material
1. Art. 153, III, da CF: “Compete à União instituir impostos sobre produtos
industrializados”. Art. 46 do CTN: “O imposto, de competência da
União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I – o seu
desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II – a sua
saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo
51; III – a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado
a leilão”. Art. 1º da Lei 4.502/1964;
a. IPI-importação: apesar de não haver uma competência tributária
expressa da União para o IPI-importação, o STF chancela a
existência da competência tributária porque, se não houvesse,
haveria menos tributação sobre os produtos estrangeiros que sobre
os produtos nacionais. Leandro Paulsen: “Costuma-se destacar a
importância da cobrança do IPI na importação como modo de
evitar a discriminação inversa. Não fosse cobrado IPI na
importação de produtos industrializados, teríamos tratamento
tributário mais gravoso ao produto nacional que ao estrangeiro. Na
importação, incidem os tributos que gravam a produção
internamente (IPI, ICMS, PIS e COFINS) e, ainda, o imposto de
importação (II), de caráter predominantemente extrafiscal”, o que
decorreria do princípio da igualdade tributária (artigo 150, II,
da CF) e da livre concorrência (artigo 170, IV, da CF). São
pontos trazidos no RE 723.651/PR:
i. O IPI é substituto do Imposto sobre o Consumo (Lei
4.502/1964) – todas as Constituições e a legislação
infraconstitucional previram a incidência deste imposto na
importação. Em 2006, no RE 255.682/RS, o STF decidiu que
não incidia IPI-importação para consumidores finais em razão
do princípio da não-cumulatividade (o consumidor não dá
saída ao produto, então não tem como escoar o crédito), o
que também era seguido para o ICMS-importação. Houve um
overruling RE 723.651/PR: “Incide, na importação de bens
para uso próprio, o Imposto sobre Produtos Industrializados,
sendo neutro o fato de tratar-se de consumidor final”, caso
de importação de veículo automotor para uso próprio;
ii. Melhor, sobre o princípio da livre concorrência, Luís Roberto
Barroso no RE 723.651/PR: “Registro, ainda, que em termos
de comércio internacional, se adota o princípio da tributação
do país de destino como regra, o que importa na
desoneração das exportações e, consequentemente, na
concentração da tributação na importação (destino). Em
relação ao IPI, a adoção desse princípio fica muito clara
quando se observa que há norma expressa na Constituição
desonerando as exportações (art. 153, IV, 3º, III, da CF).
Essa desoneração não significa que para ser permitida a
incidência na importação por pessoas físicas e não
contribuintes deveria existir regra expressa. Pelo contrário,
em verdade, essa regra implicitamente constitucionaliza o
princípio do país de destino, reforçando a necessidade de
tributação na entrada desses bens industrializados no país,
independente da destinação”.
2. [...];
a. IPI-próprio: saída dos estabelecimentos dos contribuintes (artigo
51 do CTN) de produtos industrializados. Para Leandro Paulsen,
“saída” equivale a “operações”, então o IPI-próprio pressupõe a
industrialização e a saída de produtos industrializados. São os
elementos:
i. Operação: negócio jurídico que transfere a posse ou a
propriedade de um objeto (vide a aula de ICMS);
ii. Produto: qualquer bem tangível resultado da produção,
destinado ou não à venda posterior (isto é, destinado à
venda ou ao consumo). Obtém-se de uma operação física
com insumos, considerados matéria-prima, produto
intermediário ou material de embalagem;
iii. Industrializado: submissão a processo de industrialização,
significando a modificação da natureza ou da finalidade, ou
aperfeiçoando o produto para o consumo;
b. IPI-arrematação: arrematação de produtos industrializados
quando apreendidos ou abandonados e levados a leilão.
1. Espécies de insumos:
a. Matéria-prima: todo bem empregado no processo de
industrialização que não se caracteriza como produto industrializado
e será modificado para atingir o produto final, incorporando-se a
ele;
b. Produto intermediário: todo bem empregado no processo de
industrialização que já se caracteriza como produto industrializado,
incorporando-se a ele;
c. Material de embalagem: bem empregado no processo de
industrialização para apresentação ao consumidor final que não
necessariamente modificará a natureza, as características
principais, o seu funcionamento ou a finalidade do produto.
Critério espacial
Critério temporal
Critério quantitativo
Não cumulatividade
Obrigações acessórias
Legislação aplicável
Critério material – II
1. Art. 153, I, da CF: “Compete à União instituir impostos sobre importação
de produtos estrangeiros”. Art. 19 do CTN: “O imposto, de
competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem
como fato gerador a entrada destes no território nacional”. Artigo 1º do
Decreto-Lei 37/1966: “O Imposto sobre a Importação incide sobre
mercadoria estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no
Território Nacional”;
a. Entrada: ingresso físico de um produto no território nacional com o
objetivo de incorporar este produto à economia brasileira, com uso
comercial, industrial ou consumerista, excluindo-se as hipóteses de
mero trânsito, como nos casos de automóveis de turistas que
entram no Brasil e o ingresso de produto estrangeiro por porto ou
aeroporto brasileiro com destino a outro país (admissão temporária,
com suspensão do II);
b. Produtos estrangeiros: qualquer produto (mercadorias e outros
bens não destinados à revenda) cuja fabricação tenha ocorrido no
estrangeiro;
i. Também é produto estrangeiro a mercadoria nacional ou
nacionalizada exportada que retorne ao país, salvo se: a)
enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado,
b) devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou
para substituição, c) por motivo de modificações na
sistemática de importação por parte do país importador, d)
por motivo de guerra ou de calamidade pública ou e) por
outros fatores alheios à vontade do exportador (artigo 70 do
RA/2009);
ii. Apesar de o artigo 1º fazer referência a “mercadoria”,
interpreta-se mais extensivamente, abarcando também
qualquer bem que não necessariamente será vendido – REsp
392/RS: “As expressões ‘mercadoria’ e ‘produto’, do contexto
do Decreto-Lei 37/66, foram utilizadas com o mesmo sentido
[...]. A importação de produtos em geral, ainda que
destinados ao ativo fixo e não ao comércio, sujeita-se ao
imposto de importação”;
iii. Incidirão nas operações internacionais com energia elétrica:
ICMS, II e IE (artigo 155, §3º, da CF);
c. Território nacional: deve ser interpretado mais restritivamente
como “território geográfico”, excluídas as ficções legais, como
representações diplomáticas no exterior, aeronaves e embarcações
brasileiras. O artigo 2º do RA/2009 fala em “território aduaneiro”,
que equivale ao território nacional, com as seguintes divisões:
i. Zona primária, constituída pelas áreas demarcadas pela
autoridade aduaneira local (área terrestre ou aquática,
contínua ou descontínua, nos portos alfandegados; área
terrestre, nos aeroportos alfandegados; área terrestre, que
compreende os pontos de fronteira alfandegados);
ii. Zona secundária: o restante do território aduaneiro, incluídas
as áreas territoriais e o espaço aéreo.
Critério material – IE
Critério espacial – II e IE
Critério temporal – II e IE
Critério pessoal – II
Critério pessoal – IE
Critério quantitativo – II
Obrigações acessórias