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GRADUAÇÃO EM DIREITO - 6 DD
Cruzeiro- SP
2022
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RECURSOS JURÍDICOS NO PROCESSO PENAL
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Keywords/Palabras-claves/Mots-clés: Criminal Procedure, Criminal Appeals,
Criminal Procedure Code, Legal Resources in Criminal Procedure, Resource
Requirements.
INTRODUÇÃO
Na qual cada recurso é interposto na situação que lhe cabe, seguindo seus
requisitos, como os prazos para sua interposição, como a admissibilidade. Na qual os
preceitos para Juízo de admissibilidade dos recursos no Processo Penal , ocorre quando
o juízo a quo verifica, após a interposição do recurso, se este deve ser ou não ser
recebido e processado. Assim, faz uma análise da presença ou ausência dos
pressupostos objetivos e subjetivos; sendo os requisitos objetivos o Cabimento,
Tempestividade, Regularidade formal, e Ausência de fatos impeditivos e extintivos, e os
requisitos subjetivos de admissibilidade, sendo a Legitimidade e o Interesse em recorrer,
desse modo, devem estar tudo de acordo com os requisitos, assim se tudo estiver
positivo o recurso será conhecido.
Os princípios gerais dos recursos são elencados pela Doutrina sendo: duplo grau
de jurisdição, preclusão consumativa e complementaridade, voluntariedade,
taxatividade, unirrecorribilidade ou singularidade, fungibilidade, vedação da reformatio
in pejus, e o da dialeticidade. São estes que cumprem o papel de nortear e orientar a
aplicação específica das regras. Também permitem a interpretação do sistema recursal.
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Desse modo, o presente artigo busca discorrer de maneira clara sobre o assunto,
ao decorrer do texto serão feitas breves exposições e apresentação dos conceitos, e
assim contribuir para sanar possíveis dúvidas sobre o assunto.
1-RECURSO
Estes existem para que a prestação jurisdicional seja entregue de maneira mais
plena à população. A falibilidade humana é uma das razões que amparam a existência
dos recursos, pois, um juiz de primeiro grau, bem como um desembargador em uma
decisão monocrática, por exemplo, pode errar e não se pode privar o jurisdicionado de
ter esta decisão revista por órgão superior ou colegiado, entendo que estes buscarão
decisões que unifiquem a jurisprudência, bem como se terá um debate sobre a questão.
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1.2Pressupostos de Admissibilidade dos Recursos:
Inicialmente, qualquer distinção conceitual que pretenda ser objetiva tem por
destinatário o objeto. Será subjetiva quando se referir aos sujeitos envolvidos.
Em tema de recursos, e, mais especificamente, em tema de requisitos de
admissibilidade dos recursos, serão objetivos todos aqueles que, previstos em
lei, não estejam relacionados diretamente com a identificação ou com uma
particularidade específica do sujeito recorrente. (PACELLI, 2014, p. 954)
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Alguns requisitos no que diz respeito à tempestividade recursal estão previstos
no artigo 798 do Código de Processo Penal.
Vale ressaltar ainda que, diferentemente do Processo Civil, cujos prazos para o
MP são dobrados, no Processo Penal ocorre da seguinte maneira, conforme previsão do
Código de processo Penal, em seu artigo Art. 800 § 2o, que (BRASIL, 1941. p. 187): “Os
prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para a interposição
do recurso.”
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da decisão impugnada. Exige-se, portanto, sucumbência, que se verifica quando a
decisão não atende a expectativa juridicamente possível.
1.3-Princípios Recursais
Os Princípios são caracterizados como um conjunto de normas ou padrões de
conduta, na qual as pessoas devem seguir. Os princípios servem como um fundamento
para que se possa ter uma ampla interpretação da lei, desse modo conduzem o direito e
toda sua extensão. Existem vários tipos de princípios previstos no nosso ordenamento.
Com relação aos princípios, Nery (2014, pág. 46), pontuou que: “princípios são
normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das
possibilidades jurídicas e reais existentes”
A doutrina aponta como princípios recursais penais o duplo grau de jurisdição,
preclusão consumativa e complementaridade, voluntariedade, taxatividade,
unirrecorribilidade ou singularidade, fungibilidade, vedação da reformatio in pejus, e o
da dialeticidade.
O princípio do duplo grau de jurisdição está previsto na Constituição Federal, o
princípio vetor dos recursos, na qual assegura que as decisões proferidas possam ser
reexaminadas por um órgão superior.
Conforme o princípio da taxatividade são considerados recursos somente aqueles
os recursos que estão previstos no ordenamento jurídico, assim sendo vedado à criação
de novos recursos pelas partes.
Já o princípio da Unirrecorribilidade ou singularidade, é aquele que caberá
somente um recurso para cada decisão judicial, desse modo é vedada a interposição
simultânea ou cumulativa de dois ou mais recursos, pela mesma parte, contra uma
mesma decisão judicial.
Com relação ao princípio da fungibilidade, está diretamente relacionado com a
possibilidade do juiz aceitar o recurso errado como sendo o correto ou determinar que a
parte realize a correção, desde que haja a boa-fé. Entretanto, desde que o prazo não
tenha transcorrido. Como em algumas situações não há como saber com o recurso
conveniente, para ajudar o direito defesa, a parte não terá prejuízo.
Com relação ao princípio da dialeticidade recursal preceitua que a parte, ao
recorrer, não deve apenas manifestar sua inconformidade com o ato judicial impugnado,
mas, necessariamente indicar os motivos de fato e de direito pelos quais requer o novo
julgamento da questão nele cogitada, sem o que não se conhece o recurso.
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O princípio da voluntariedade está previsto no art. 574, caput, do Código de
Processo Penal, na qual a parte não é obrigada a interpor o recurso, com relação à
decisão que lhe é desfavorável. Desse modo os recursos são de âmbito voluntário, pois
somente quem possui vontade de reformular a decisão, recorre.
Já o reformatio in pejus se configura quando, a parte, ao recorrer a decisão, não
poderá ter sua situação piorada em decorrência da interposição de seu próprio recurso.
Por exemplo, seria se o réu condenado recorre-se à sua prisão por 4 anos de reclusão E o
Tribunal reformar-se sua sentença para 5 anos de reclusão, de tal modo tendo um
resultado mais gravoso. Tal conduta é vedada pelo princípio do non reformatio in pejus,
positivado na legislação infraconstitucional no artigo 617 do Código de Processo Penal.
Quanto à preclusão consumativa e complementaridade, temos que a parte tem
um prazo para interpor o recurso e passado este prazo não pode complementar as suas
razões, ainda que dentro do prazo. De outra parte, não pode também desistir do recurso
e apresentar novo apelo dentro do prazo, pois consumou-se a oportunidade de fazê-lo.
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III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
IV – que pronunciar o réu;
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade
provisória ou relaxar a prisão em flagrante;
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a
punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra
causa extintiva da punibilidade;
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão
prejudicial;
XVIII - que decidir o incidente de falsidade; (BRASIL, 1941. p. 140).
Enquanto o art. 586 do CPP dispõe dos prazos processuais para interposição do
recurso em sentido estrito são, via de regra, de 5 dias. Contudo, essa regra comporta
algumas exceções, e também existem outros prazos relativos ao recurso em sentido
estrito que são diferentes.
2.1-Apelação
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(BRASIL, 1941. p. 143).
2.2-Embargos de Declaração
Nesse mesmo conceito Humberto Theodoro Júnior, (1997, p. 584) ensina: "Dá-
se o nome de embargos de declaração ao recurso destinado a pedir ao juiz ou tribunal
prolator da decisão que afaste obscuridade, supra omissão ou elimine contradição
existente no julgado.”
Em regra, esse recurso não tem o poder de alterar a essência da decisão, e serve
apenas para sanar os pontos que não ficaram claros ou que não foram abordados.
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Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou
turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de 2 (dois)
dias contado da sua publicação, quando houver na sentença ambiguidade,
obscuridade, contradição ou omissão. (BRASIL, 1941. p. 148).
2.3-Carta Testemunhável
Este recurso não tem efeito suspensivo, mas sim, devolutivo e deve ser feito
como petição. Ao chegar à instância superior, segundo artigo 645, CPP, segue o mesmo
processo do recurso denegado.
2.4-Agravo em Execução
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Se tratando de Agravo em Execução, é um recurso aplicado na impugnação de
qualquer decisão do juiz da execução penal.
O CPP não traz maiores detalhes sobre ele, portanto se aplica a ele
subsidiariamente as regras do RESE (recurso em sentido estrito). Sua única previsão no
art. 197 da Lei de execução penal. Sua forma de interposição pode ser por petição ou
termo (art. 578, CPP) e seu prazo, nos termos da súmula 700, STF, são de 05 (cinco)
dias. Quanto às razões, devem ser apresentadas no prazo de 02 (dois) dias, quando
receber a intimação do juiz (art. 588, CPP).
2.5-Embargos infringentes
Devo lembrar que para ser cabível tal recurso, a decisão não pode ser unânime e
os votos, em sua maioria, devem ser desfavoráveis ao réu. Seu prazo é de 10 (dez) dias
para interposição e são feitas em forma de petição.
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tribunal vota em desempate. Se ele tiver votado, e ainda estiverem em empate os votos,
se segue os termos do artigo 615, §1º, CPP:
Qual seja, prevalecerá o voto que favorece o acusado, quando não ocorrer o voto
de minerva proporcionado pelo presidente do tribunal.
Ressaltando que, no CPPM em seu artigo 538, (BRASIL, 1969. p. 94) prevê o
seguinte: “O Ministério Público e o réu poderão opor embargos de nulidade,
infringentes do julgado e de declaração, às sentenças finais proferidas pelo Superior
Tribunal Militar.”
2.6-Correição parcial
Dependendo do Estado, cada tribunal tem sua legislação interna que prevê esse
recurso. No Estado de São Paulo, a Correição parcial foi criada pelo Decreto-Lei
Estadual n.14.234/44, um tempo depois, através da Lei Estadual n.8.040/63 se
estabeleceu que o prazo para interpor esse recurso seria de cinco dias, e que o modo de
processamento seria o mesmo do agravo de instrumento. Já o Decreto-Lei
Complementar nº 3, de 27 de agosto de 1969 - Código Judiciário do Estado de São
Paulo, em seu artigo 94 dispôs: “Observar-se-á, no processo de correição parcial, o rito do
agravo do instrumento, ouvido o Ministério Público” (BRASIL, 1966, p.37). Em âmbito federal
encontra-se previsto na Lei 5.010/66.
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O seu procedimento segue o mesmo do agravo de instrumento do processo civil,
no qual o com as novas regras trazidas pela Lei n. 13.105/2015 prazo da correição não
pode ser mais de cinco dias, mas o de quinze dias. Nesse sentido:
No Supremo Tribunal Federal ele será cabível em dois casos: o primeiro será
quando as decisões dos Tribunais Superiores que julgar em única instância o mandado
de segurança, o habeas data, o habeas data e o mandato de injunção, desde que sejam
denegatórias, como previsto no art.102, II, “a” da CF. Já o segundo caso ocorre quando
houver decisões que são referentes aos crimes políticos, que está previsto na Lei de
Segurança Nacional, encontrado no art.102, II, “b” da CF. Nessa hipótese o recurso
recebe o nome de Recurso Criminal Ordinário Constitucional.
2.8-Recurso Extraordinário
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querelante, a defesa e o assistente de acusação) realizar a interposição do recurso
extraordinário.
Esses três requisitos deverão ser seguidos à risca para que nesse parâmetro o
recurso seja admitido. Já quando estabelecer-se através de dissídio jurisprudencial
seguirá da seguinte forma:
2.9-Recurso Especial
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competência para julgar esse recurso, como descrito no artigo 105, inciso III, alíneas
“a”, “b” e “c” da Constituição Federal.
Para que seja conhecido pelo STJ, deve se seguir algumas condições específicas
para que haja a admissibilidade desse recurso, são os chamados pressupostos específicos
do recurso especial. Nesse mesmo sentido:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ante o exposto, podemos perceber que o recurso tem como finalidade reverter
uma decisão desfavorável e que, sem sua existência, voltaríamos a viver sobre um
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tempo em que a decisão era soberana e, portanto, iria ferir um princípio muito
importante: do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF).
Além disso, é preciso encontrar o recurso correto para que a decisão seja
reexaminada. Portanto, as espécies têm suas exceções, prazos, competência e
especificações diferentes uma da outra, com isso, devem ser estudadas com cuidado,
pois, caso seja utilizado de forma errônea, não será considerado.
Podemos perceber também que cada recurso tem seus efeitos, sendo ele
devolutivo, no caso, esse todo recurso possui, em que, tudo o que estiver presente no
recurso será devolvido ao tribunal e, em alguns casos, como Recurso em Sentido Estrito
(RESE), Agravo em Execução e Carta Testemunhável, também apresentam o efeito
suspensivo onde a decisão não produz efeitos enquanto o recurso não for julgado.
Para que possa se julgar o mérito desses recursos é necessário que seja feito o
juízo de admissibilidade, ou seja, a verificação feita pelo juízo a quo que comprovaram
que o recurso está de acordo com os pressupostos para sua admissibilidade,
pressupostos que se assemelham aos do Processo Civil, mas sendo agrupados de
maneiras diferentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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20
BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm>. Acesso em: 21
out. 2022.
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