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Por seu turno, Fávila Ribeiro entende que o Direito Eleitoral dedica-se ao
estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do
poder de sufrágio popular, de modo que se estabeleça a precisa adequação entre a
vontade do povo e a atividade governamental3 .
Para ele, são fontes primárias (ou diretas): a Constituição Federal, o Código
Eleitoral, a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97), a Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei nº
9.096/96) e a Lei Complementar nº 64/90 (lei das inelegibilidades); e fontes secundárias
(ou indiretas): as resoluções do TSE, as consultas ao TSE, o Código Civil, o Código de
Processo Civil, o Código Penal e o Código de Processo Penal5 .
Nenhuma norma, por mais clara que aparente ser, dispensa ser
interpretada. A atividade é extremamente importante, porquanto confere alcance e
significado aos postulados legais, fazendo-lhes incidir (ou não), regular desse ou daquele
modo, uma determinada situação. Acerca da questão Ronaldo Dworkin afirma que o
direito como integridade pede que os juízes admitam, na medida do possível, que o
direito estruturado por um conjunto coerente de princípios sobre a justiça, a equidade e o
devido processo legal adjetivo, e pede-lhes que os apliquem nos novos casos que se lhes
apresentem, de tal modo que a situação de cada pessoa seja justa e equitativa6.
5 CHALITA, Sávio. Manual Completo de Direito Eleitoral. Indaiatuba: Foco, 2014, 28-29.
6DWORKIN, Ronald. O império do Direito. (Trad. Jefferson Luiz Camargo) São Paulo: Martins
Fontes, 2010, 291.
saber: adequação, necessidade e proporcionalidade (em sentido estrito). É certo que o
critério (ou etapa) da adequação está atrelado à idoneidade, e à viabilidade, para que o
resultado possa ser alcançado. Já a necessidade se caracteriza quando é menos
gravoso para atingimento do objetivo visado. Por seu turno, proporcionalidade diz
respeito ao sopesamento de valores ou interesses conflitantes, que ensejam a
ponderação desses valores para que um se imponha sobre (ou se articule com) o outro.
Como preceitua Virgílio Afonso da Silva, diante de um caso concreto, deve-se observar a
ordem em que essas três regras aparecem, pois tal ordem é essencial. Contudo, não é
preciso que todas sejam sempre examinadas, porquanto há entre elas uma relação de
subsidiariedade7.
7SILVA, Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002,
pp. 23-50.
8BARROSO, Luís Roberto. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, pp.
98-102.
4. Princípios do Direito Eleitoral
Este princípio foi ser invocado para evitar nulidade de votos contidos em
urnas eletrônicas ou nas cédulas, quando a Junta Eleitoral verificar que é possível, pela
adoção do princípio da razoabilidade, separar os votos nulos dos válidos (não
contaminados pela eventual fraude).
Para assegurar o sigilo das votações, o art. 91-A, da Lei nº 9.504/97 proíbe
que o eleitor acesse a cabine de votação com máquinas fotográficas, filmadoras ou
aparelhos celulares. O sigilo do voto compreende, pelo menos, duas vertentes: a) para
que o eleitor não sofra pressões políticas quanto ao voto, e b) para não se permitir ao
terceiro (ou ao próprio eleitor) revelar seu voto ou publicá-lo ilegalmente.
Insculpido no art. 16, da Constituição Federal, ele estabelece que a lei que
alterar o processo eleitoral entrará em vigor na das de sua publicação, e não se aplicará à
eleição que ocorra em até um ano da data de sua vigência. Esse dispositivo procura dar
segurança e estabilidade jurídica às eleições, posto que os pleitos não devem ficar à
mercê de inovações ou mudanças repentinas de última hora.
Se é verdade que a justiça em geral deve ser célere, essa verdade torna-se
verdadeiro dogma em termos eleitorais, já que as eleições obedecem a um calendário
apertado e não pode haver vácuo de poder. Essa celeridade processual destaca-se em
vários momentos, inclusive no art. 257, do Código Eleitoral que determina que a
execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, por comunicação, ofício ou
telegrama, pela simples cópia do acórdão. Em atenção à celeridade, os advogados dos
candidatos, partidos e coligações devem fornecer obrigatoriamente o número do fax,
telefone e endereço, inclusive eletrônico de seus escritórios, para as devidas
comunicações.