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FASES Prof. Dr. Dr. Hermes Zaneti Jr.

METODOLÓGICAS DO Professor da Universidade


Federal do Espírito Santo
PROCESSO
PARTE III
FASES
METODOLÓGICAS
DO PROCESSO
FASES DO PROCESSO
1) Praxismo Modelos de Estado
2) Processualismo Predominância das fontes
3) Instrumentalismo Validade do direito (norma de
reconhecimento)
4) Formalismo-valorativo (Processo no
Estado Constitucional) Conceito de ação
Conceito de processo
Autores de referência
Polo metodológico
Papel do juiz
PRAXISMO
- PRAXISTA / PRIVATISTA / IMANENTISTA
- TEORIA IMANENTISTA DA AÇÃO: DIREITO
MATERIAL
- PROCESSO COMO CONTRATO OU QUASE
CONTRATO
- DIREITO JUDICIÁRIO E DIREITO
ADJETIVO
POLÊMICA DA ACTIO
Windsheid – Anspruch (Pretensão) Muther - Actio
Passou para a história como quem
polemizou, e ganhou, a polêmica sobre a
Actio.
Conceito de direito subjetivo: é o poder
da vontade ligado a um interesse
tutelado pela norma (Jellinek).
Combina: Ihering e Windsheid
NA DOUTRINA:
“A primeira referência de assimilação da diferença entre a ação e o direito material deriva da célebre polêmica
entre Windscheid e Muther. Disse Windscheid (Die Actio des römischen Civilrechts, vom Standpunkte des
heutigen Rechts, 1856) que a ordenação romana era uma ordenação de pretensões que podem ser perseguidas
judicialmente, e que, assim, a pretensão de direito material seria o equivalente da actio romana. Muther (Zur
Lehre von der Römischen Actio, dem heutigen Klagrecht, der Litiscontestation und der Singularsuccession in
Obligationen - Eine Kritik des Windscheid'schen Buchs: Die Actio des römischen Civilrechts, von Standpunkte
des heutigen Rechts, 1857), ao se contrapor à tese de Windscheid, sustentou que a ordenação romana era de
direitos, e que desde o direito romano se podia conceber que, ligado ao direito privado, havia um direito contra o
Estado, de modo que também no direito moderno, diante da ideia de Klagerecht, existiria um direito de agir
autônomo em relação ao direito privado, ainda que a ele vinculado. Embora a importância da tese de
Windscheid, especialmente em face do direito romano, tenha se sustentado, algumas das ponderações de Muther
foram por ele aceitas em parte, o que lhe permitiu admitir a existência de uma ação processual ao lado da
pretensão de direito material. Embora esclarecendo que a admissão de uma ação dirigida contra o Estado não se
choca com a tese de que a actio romana estava no plano do direito privado - a qual, exatamente por isso, deveria
ser vista como uma pretensão de direito material -, Windscheid admitiu a convivência, no direito moderno, da
pretensão de direito material ao lado do "direito à tutela do Estado". A polêmica permitiu ver a separação entre os
planos do direito material e do direito à tutela do Estado.” MARINONI, ARENHART, MITIDIERO, 2017, item
10, Ação.
PROCESSUALISMO: OSKAR VON BÜLLOW

- A U T O N O M I S TA : A U T O N O M I A E N T R E A R E L A Ç Ã O J U R Í D I C A
D E D I R E I T O M AT E R I A L E P R O C E S S U A L ( P R E S S U P O S T O S
PROCESSUAIS – QUESTÕES DE ADMISSIBILIDADE)
- E S TATA L I S TA : T É C N I C A P R O C E S S U A L
PUBLICIZADA
- P R O C E S S U A L I S TA : F O C O N A R E L A Ç Ã O
JURÍDICA PROCESSUAL E NO SEU CARÁTER PÚBLICO
- PRIMEIRO INSTITUTO: AÇÃO
WA C H (HANDBUCH DES DEUTSCHEN CIVILPROZESSRECHTS ,
VOL. 1, 1886)
CHIOVENDA:
PA L E S T R A D E B O L O N H A : 1 9 0 3 –
“A AÇÃO NO SISTEMA DOS DIREITOS” – DIREITO
P O T E S TAT I V O O U F O R M AT I V O G E R A D O R – A Ç Ã O C O N C R E TA
DEGENKOLB, ALEMANHA E PLÓSZ, POLÔNIA – AÇÃO
A B S T R ATA
PROCESSUALISMO
A) JURISDIÇÃO:
V O N TA D E C O N C R E TA D A L E I ( C H I O V E N D A , D I R E I T O P Ú B L I C O ,
I N F L U Ê N C I A D I R E TA D E A D O L F WA C H ) ;
B ) J U S TA C O M P O S I Ç Ã O D A L I D E ( C A R N E L U T T I ) .
- A Ç Ã O A B S T R ATA ( A Ç Ã O É O D I R E I T O A B S T R AT O E A U T Ô N O M O
F R E N T E A O E S TA D O - D A G E N K O L B , P L Ò S Z , 1 8 7 7 )
E C O N C R E TA :
( WA C H – “ A A Ç Ã O É U M D I R E I T O A U T Ô N O M O , N Ã O
PRESSUPONDO NECESSARIAMENTE O DIREITO SUBJETIVO
M AT E R I A L V I O L A D O O U A M E A Ç A D O , C O M O D E M O N S T R A M A S
A Ç Õ E S M E R A M E N T E D E C L A R AT Ó R I A S . D I R I G E - S E C O N T R A O
E S TA D O , P O I S C O N F I G U R A D I R E I T O D E E X I G I R A P R O T E Ç Ã O
J U R Í D I C A , M A S TA M B É M C O N T R A O A D V E R S Á R I O , D O Q U A L S E
EXIGE A SUJEIÇÃO [...] O DIREITO DE AÇÃO SÓ EXISTIRIA
Q U A N D O A S E N T E N Ç A F O S S E FAV O R Á V E L ” . C H I O V E N D A –
D I R E I T O P O T E S TAT I V O O U F O R M AT I V O G E R A D O R : “ A A Ç Ã O
CONFIGURA UM DIREITO AUTÔNOMO [...] DIRIGE-SE CONTRA O
ADVERSÁRIO [...] A AÇÃO CONFIGURA O PODER JURÍDICO DE
D A R V I D A À C O N D I Ç Ã O PA R A AT U A Ç Ã O D A V O N TA D E D A L E I ”
( A D A , D I N A M A R C O , C I N T R A , T G P, P. 2 8 0 / 2 8 1 ) .
20 ANOS DEPOIS DE BÜLLOW
“Vinte anos depois da polêmica surgem as teorias de Degenkolb (Einlassungszwang
und Urteilsnorm. Beiträge zur materiellen Theorie der Klagen, insbesondere der
Anerkennungsklagen, 1877) e Plósz (Beiträge zur Theorie des Klagerechts, 1880),
voltadas a explicar a ação diante das sentenças que não reconhecem o direito
material. Degenkolb e Plósz firmam a premissa de que o direito de agir em face do
Estado não exclui uma sentença desfavorável, concluindo Plósz que o direito de agir
não seria apenas um direito autônomo em face do direito material, mas na verdade um
direito abstrato, independente do direito material. Ambos os juristas, porém, sentiram
alguma dificuldade para explicar a existência de um direito em face do Estado diante
do não reconhecimento do direito material que lhe serviria de impulso, tendo então
argumentado que o autor teria direito de agir quando dotado de boa-fé ou consciente
da existência do direito para se livrarem do peso de estarem criando um direito sem
conteúdo e limites.” MARINONI, ARENHART, MITIDIERO, 2017, item 10, Ação.
ADOLF WACH
FRANCESCO
CARNELUTTI
PIERO
CALAMANDREI
ESCOLA PAULISTA
DE PROCESSO
ENRICO TULLIO
LIEBMAN
TEORIA Condições da ação: legitimidade, interesse e
possibilidade jurídica do pedido
ECLÉTICA Ação abstrata, verificada in statu assertionis
DA AÇÃO Ação concreta, ultrapassadas as condições da ação
NA DOUTRINA
“Para Liebman, da presença das condições depende a existência da ação. Na falta de
condição da ação o juiz fica impedido de apreciar o litígio e, assim, não profere
sentença de procedência nem de improcedência. A tutela do direito material fica
obstaculizada. Para Liebman, quando o juiz reconhece falta de condição da ação e,
portanto, sua inexistência, não há "vero esercizio della giurisdizione", já que no seu
raciocínio não há jurisdição sem ação. Mais ainda: para Liebman a própria existência
da ação e, assim, a apreciação do mérito ou do litígio, não faz com que o juiz
necessariamente preste tutela jurisdicional ao autor. O juiz só presta tutela
jurisdicional àquele que tem razão e, portanto, só presta tutela jurisdicional ao autor
quando reconhece o seu direito (L'azione nella teoria del processo civile, Rivista
Trimestrale di Diritto e Procedura Civile, 1950, p. 47 e ss.).” MARINONI,
ARENHART, MITIDIERO, 2017, item 10, Ação.
F R A N C I S C O C AVA L C A N T I
PONTES DE MIRANDA
OVÍDIO ARAÚJO
BAPTISTA DA
SILVA
“Como temos insistido em dizer, é
indispensável, e mais do que
indispensável, urgente, formar juristas que
não sejam, como agora, técnicos sem
princípios, meros intérpretes passivos de
textos, em última análise, escravos do
poder (…) pois o servilismo judicial frente
ao império da lei anula o Poder Judiciário
que, em nossas circunstâncias históricas,
tornou-se o mais democrático dos três
ramos do Poder Estatal, já que, frente ao
momento de crise estrutural e endêmica
vivida pelas democracias representativas,
o livre acesso ao Poder Judiciário,
constitucionalmente garantido, é o espaço
mais autêntico para o exercício da
verdadeira cidadania” (Jurisdição e
execução na tradição romano canônica, p.
219).
Por sua importância para uma das mais relevantes escolas de processo, especial
capítulo deve ser dedicado ao estudo da ação de direito material. Tendo Pontes
de Miranda e Ovídio Araujo Baptista da Silva como principais expoentes, a
ação de direito material é pressuposto para falar-se em uma orientação dualista
(ação de direito material e “ação” de direito processual).

Determina a divisão entre os planos de direito material e direito processual,


explicitando que existe o direito subjetivo material, a pretensão material e

“AÇÃO” E ação de direito material, ao lado do direito subjetivo processual, da


pretensão processual e da “ação” de direito processual. Com isso, pretende
solucionar o impasse histórico entre as teorias da ação: a ação imanentista e a

AÇÃO ação concreta seriam a própria ação de direito material, enquanto o direito
subjetivo ao processo e a pretensão à tutela jurídica seriam pré-processuais, e a
“ação” processual seria abstrata. Nesse sentir, a admissão, por esta doutrina, da
insuperável qualidade da “ação” abstrata de demonstrar com segurança a
existência de “ação” processual, quando a ação material é julgada
improcedente, vencendo as resistências opostas à ação como direito concreto.
Conforme explicitou Daniel Francisco Mitidiero: “Se tivermos em conta que a
ação imanentista não representa outra coisa que a ação material (...) as noções
ofertadas pelos juristas da orientação clássica, salvo certas imprecisões
terminológicas, afiguram-se essencialmente corretas.”
MAURO CAPPELLETTI
PROJETO FLORENÇA
O N D A S R E N O VA T Ó R I A S D O P R O C E S S O :
A T E N Ç Ã O V O LT A D A P A R A O S C O N S U M I D O R E S
DA JUSTIÇA
1ª ONDA: HIPOSSUFICIENTES
2ª ONDA: DIREITOS DIFUSOS E
COLETIVOS
3 ª O N D A : D E S B U R O C R AT I Z A Ç Ã O
DA JUSTIÇA
ADA PELLEGR IN I
GRINOV ER
I N S T R U M E N TA L I S M O
CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO
TEORIA
GERAL
DO
PROCESSO
- ESTADO SOCIAL
- ACESSO À JUSTIÇA E EFETIVIDADE
- PROCESSO É UM INSTRUMENTO PARA
REALIZAÇÃO DO DIREITO MATERIAL
(VISÃO TELEOLÓGICA DO PROCESSO)
- FIM DO PROCESSO: REALIZAÇÃO E
DECLARAÇÃO DA VONTADE CONCRETA DO
DIREITO
- JURISDIÇÃO COMO POLO METODOLÓGICO
DA TGP
- ESCOPOS JURÍDICOS, POLÍTICOS E
SOCIAIS DA JURISDIÇÃO
- DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL
E DIREITO CONSTITUCIONAL PROCESSUAL
JOSÉ CARLOS
BARBOSA MOREIRA
FORMALISMO-VALORATIVO
CARLOS ALBERTO ALVARO
DE OLIVEIRA
- P ROC ES S O NÃO É UM FIM EM SI MESMO: O
FOR MA LIS MO É VALORATIVO
- TEN S Ã O EN TRE SEGURANÇA JURÍDICA E
EF ETIVID AD E
- EQUILÍBRIO ENTRE AS NORMAS
C ONS TITUC IONAIS E OS DIREITOS
FU N DA MENTAIS, OS VALORES LIBERAIS E OS
VALOR ES S OCIAIS, OS DIREITOS
IN D IV ID U AIS E OS DIREITOS COLETIVOS
- ES TA D O DEMOCRÁTICO CONS TITUCIONAL
- TÉC N IC A A SERVIÇO DA JUSTIÇA
- C ON TR AD ITÓRIO COMO VALOR- FONTE
- P ROC ES S O COMO POLO METODOLÓGICO
D A TGP
- A C OOPER A ÇÃO/COLABORAÇÃO É A FORMA
D E TRA BA LHO
Fases METODOLÓGICAS do
Processo

1) Praxismo
2) Processualismo
3) Instrumentalismo
4) Formalismo-valorativo (Processo
no Estado Constitucional)

EM RESUMO:
FASES METODOLÓGICAS DO
PROCESSO
Modelos de Estado Predominância das fontes

1) Praxismo: Idade Média (Formação 1) Praxismo: direito comum (1-


dos Estados); Absolutista; Liberal interpretação dos professores/2-grandes
(início); rotas dos tribunais)
2) Processualismo: Liberal; Social 2) Processualismo: lei
(emergência da questão social);
3) Instrumentalismo: lei e constituição
3) Instrumentalismo: Social;
4) Formalismo-valorativo: constituição,
4) Formalismo-valorativo: Estado lei e precedentes
Democrático Constitucional.
FASES METODOLÓGICAS DO
PROCESSO
Validade do direito (norma de
Conceito de ação
reconhecimento)
1) Praxismo: justiça/jusnaturalismo. 1) Praxismo: imanentista.
2) Processualismo: 2) Processualismo: ação concreta/ação
lei/paleojuspositivismo (vontade abstrata/eclética;
concreta da lei).
3) Instrumentalismo: ação abstrata;
3) Instrumentalismo: lei e
Constituição/vontade concreta do 4) Formalismo-valorativo: ação no
direito; Estado Constitucional.

4) Formalismo-valorativo:
Constituição/jusconstitucionalismo.
FASES METODOLÓGICAS DO
PROCESSO
Conceito de processo Autores de referência

1) Praxismo: iudicium est actum trium 1) Praxismo: Bulgaro (actum trium


personarum personarum);
2) Processualismo: relação jurídica + 2) Processualismo: Oskar Büllow;
procedimento
3) Instrumentalismo: Cândido Rangel
3) Instrumentalismo: relação jurídica Dinamarco/Mauro Cappelletti;
complexa + procedimento
4) Formalismo-valorativo: Carlos
4) Formalismo-valorativo: procedimento Alberto Alvaro de Oliveira.
em contraditório.
FASES METODOLÓGICAS DO
PROCESSO
Polo metodológico Papel do juiz

1) Praxismo: não há; 1) Praxismo: Isônomico (na prática judex


perfectus)
2) Processualismo: ação;
2) Processualismo: Assimétrico (aplicador
3) Instrumentalismo: jurisdição; da lei – Estado-juiz)
4) Formalismo-valorativo: processo. 3) Instrumentalismo: Assimétrico
(aplicador do “direito” – Estado-juiz)
4) Formalismo-valorativo: Cooperativo
(Arbeitsgmeinschaft – comunidade de
trabalho – case management, fatos, direito,
estímulo à autocomposição).

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