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Direito Civil – II

Professora Luiza Loureiro Coutinho


Das obrigações – Aula 1
Dia 28/02/2023
1. Apresentação da Disciplina
2. Evolução Histórica
Código Civil Frances (1804) – Código Napoleônico – Início do
século XIX
Com o objetivo de proteger a burguesia, as propriedades das
burguesias.
Código Civil de 1916 que vigorou até o Código Civil de 2002
A base do nosso Código Civil Francês e do Código Civil Alemão
Três pilares:
 Propriedade (Direito Reais) –
 Contratos (Direito das Obrigações) –
 Família (Direito das famílias e sucessões):
Parte Geral e Parte especial (Obrigações e Contratos/ Propriedades
– Direito das Coisas e Família e sucessões) Responsabilidade Civil
adentra/perpassa todos os outros pilares.
O código Civil Alemão que deu inspiração a divisão entre parte
Geral (Relações Jurídicas; que são relações sociais mais
repercussão Jurídica) e parte especial (3 pilares do CC Francês).
A divisão da Parte Geral do Código Civil é:
Livro I: Das Pessoas (Do sujeito, quem são os sujeitos; o elemento
subjetivo)
Livro II: Dos Bens (Do objeto, o elemento objetivo das relações
jurídicas)
Livro III: Dos fatos jurídicos (Do fato, o elemento fático).
Na parte especial; os livros irão se destinar aos pilares do CC
Francês.
Livro I: Da propriedade
Livro II: Dos Contratos
Livro III: Da Família
Falamos em obrigações de forma dinâmica.
Como é construída a Relação Jurídica Obrigacional:
Sujeitos: CREDOR (sujeito ativo) e DEVEDOR (sujeito passivo)
Elemento objetivo é uma prestação
Aristóteles já falava de obrigações; voluntárias (com vontade, de
acordos entre as partes) e involuntárias (decorre de um dever
jurídico, não só da lei, de princípios, boa-fé objetiva).
3. Conceito
Obrigação – “Obligatio” traz uma ideia de ligação entre duas ou
mais pessoas em torno de um objeto (em um sentido amplo), de um
vínculo do direito.
Savigny (savini): A obrigação consiste na dominação sobre uma
pessoa estranha, não sobre toda a pessoa, mas sobre atos
isolados, que seriam considerados como restrição à sua
personalidade.
Clóvis Beviláqua: Define a obrigação relação transitória de direito,
que nos constrange a dar, fazer, ou não fazer alguma coisa, em
regra economicamente apreciável, em proveito de alguém ou em
virtude de lei.
Caio Mário da Silva Pereira: Obrigação é o vínculo jurídico em
virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestação
economicamente apreciada (valor).
Vínculo jurídico entre uma pessoa (credor) e outra (devedor), para a
concretização de uma prestação economicamente apreciada.
4. Nomenclatura: Dois sentidos do termo “obrigações”:
Sentido “lato” amplo/ genérico: Dever jurídico de qualquer natureza
Sentido “stricto” restrito/ estreito/escrito: Obrigação é uma relação
complexa e dinâmica, em espécie, quando contratamos uma conta
com um banco, fazemos um contrato, e por trás de todo o contrato
tem uma obrigação, e temos um credor, devedor e uma prestação
econômica apreciável, está acontecendo uma relação importante
para o direito, e apesar de após abrir ela continua por isso ela
dinâmica, e se você deixar ela parada sem dinheiro pode gerar
juros e por isso ela é complexa.
5. Importância do Direito das obrigações:
Ações de obrigação de fazer, são a base para todo direito daqui por
diante.
É o mais refratário a mudanças, em objetiva definição ele traz um
conjunto de normas que regulam relações jurídicas patrimoniais e
extrapatrimoniais (chamadas de existenciais).
Direito Obrigacional (obrigacional ou pessoal o foco dele é entre o
devedor e o credor, ninguém precisa saber, somente os envolvidos)
e Direito Reais / “rem” ou “res” / que vem da coisa (envolve a
relação entre a pessoa com um objeto, titular da propriedade e a
propriedade).
Esquemática:
Relação Jurídica Obrigacional / Pessoal / Creditícia (vínculo entre
duas pessoas “credor e devedor” e uma prestação)
Credor – prestação – devedor
Situação jurídica de crédito.
Relação jurídica Real (Somente a pessoa e a coisa)
Titular do Direito Real – Coisa (elemento Objeto)

Dever Jurídico (é imposto a todos, é contra todos, é coletivo, que


decorrer da norma jurídica, de leis e princípios), que é diferente de
obrigação (ela é imposta contra a outra parte, do credor e devedor)
e que é diferente de ônus (é a necessidade de agir de um certo
modo, para tutelar o interesse próprio).
6. Quadro comparativo entre Direito das obrigações e Direitos
Reais:
Critérios Direito Reais Direito Obrigacional

Eficácia (efeitos “erga omnes” contra “interpartes” entre as


jurídicos) todos, posso impor. partes.
Faculdades sobre a Prestação
Objeto coisa / determinado/ economicamente
apreciável
/determinado ou
determinável/
Exercício Direito sobre a coisa Direito a cobrar uma
“res”. (“ius in rem”) prestação. (“ius ad
rem”)
Natureza da relação É estática ou É dinâmica ou
jurídica/ do vínculo permanente (até que transitória.
jurídico alguém passe essa
propriedade),
registrado.
Prazos Indeterminado Determinado (em
(regra) regra)
Publicidade (tem que Relatividade (faz frente
ser conhecido, a oponibilidade, ela é
registro imobiliário), relativa as partes, não
oponibilidade contra atinge terceiros.)
todos (ninguém toma
o que é meu), Consensualidade
Base principiológica (acordo)
taxatividade
(“numerus clausus”
clausura / fechada / Autonomia (vontade)
número fechado, Não há taxatividade, rol
existe uma lista que aberto “numerus
não pode ser abertus”.
ampliado por Contratos de
interpretação). paridades.

7. Obrigações e Figuras Híbridas (misturam direito obrigacional e


direito real)

7.1 Obrigações com eficácia real

 Escada Ponteana: Pontes de Miranda



|____Eficácia
|____Validade
|____Existência
|

Existência: Fato Jurídico= Fato social + Repercussões para o


Direito. É do direito das obrigações.

Validade: É do direito das obrigações.


Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz; (Subjetivo)

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;


(Objetivo)
III - forma prescrita ou não defesa (não proibido) em lei.
(Formal)

É vedado, é defeso, é proibido.

Eficácia: Vai tratar da produção de efeitos no negócio jurídico.


É do direito real. Eficácia “erga homnies”.
Contrato de locação que é levado para registrar na matrícula
do imóvel.

7.2 Obrigações “propter rem” (“ob rem”, mistas ou reais)


Incidem sobre tudo que você tem. Todo o meu patrimônio
responde para pagar as minhas dividas.
Ambulatoriedade (se confundem/ se movimenta) com
ônus reais.

Caem muito em provas*


Qual é a natureza jurídica/ qual é o gênero real da obrigação
“propter rem”?
É uma figura hibrida entre os direitos reais e os direitos
obrigacionais.
É uma obrigação que acompanha a coisa, exemplo; conta
condominial (quando vendo um apartamento que tem dívida
condomínio, e a dívida irá junto com o apartamento).
Tenho a natureza dinâmica e estática.
Ouvir novamente o áudio 3.
Segundo o entendimento pacífico do STJ a obrigação de
pagamento das despesas condominiais é de natureza “propter
rem”, ou seja, uma obrigação própria da coisa, assumida por
causa da coisa, que acompanha a coisa.
O STJ também determina que Impostos territoriais IPTU
(urbano) e ITR (rural) são também obrigações tributárias reais.
7.3 Ônus reais (divergência doutrinária) Acompanham as
coisas como as obrigações “propter rem”.
Incidem só sobre a coisa. Cláusula de inalienabilidade, a
pessoa não pode vender. Deixo o bem (um bônus) e também
uma cláusula de inalienabilidade (o ônus que incidem sobre a
coisa).
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens
por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e
incomunicabilidade.
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens
clausulados, ou de sua alienação, por conveniência
econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização
judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens,
sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.
Segundo Gustavo Tepedino Ônus reais são também obrigações
ambulatoriais, que acompanham o direito real sobre certa coisa,
mas o vínculo com o direito real é mais intenso que nas obrigações
“propter rem”; o ônus real é dever que surge sobre a coisa e com
ela permanece. Um exemplo é o seguro obrigatório do carro.

7.4 Sub-rogação real: Ela se relaciona com a ideia do ônus


real.
Maria é viúva e caiu em desgraça, onde seu único filho ao defender
o seu TCC e quando as pessoas da banca estavam rindo e ele se
jogou do apartamento e veio a morte.
Após o suicido do seu filho ela não quer mais morar nesse
apartamento, e tenta vende-lo e descobre que o apartamento está
com cláusula de inalienabilidade, e o testamento é válido. O que
pode fazer dona Maria sobre esse caso?
Ela pode fazer sub-rogação real, levando essa cláusula para outro
bem de valor equivalente, outro imóvel que ela já tenha, que
pertença a ela.
Dia 07/03/2023
Aula 2
1. Fonte das obrigações: Lei (que é uma fonte imediata e direta,
porque ela se aplica a todos, exemplo; obrigação de custear
os alimentos dos filhos);

2. negócios jurídicos (fontes indiretas ou mediatas; porque só se


aplicam as partes do negócio jurídico), (contratos);
3. atos ilícitos (fontes indiretas ou mediatas, porque só se
aplicam as partes do negócio jurídico) (geram obrigação de
reparar, exemplo atropelamento);

4. declarações unilaterais de vontade (fontes indiretas ou


mediatas, porque só se aplicam as partes do negócio jurídico)
(geram obrigação de cumprir a vontade declarada, exemplo;
promessa de recompensa).

Visão clássica ou tradicional das obrigações Civis X Visão Moderna:


A visão (forma de se estudar)
clássica se baseia nas estruturas das obrigações. Falar nos
elementos das obrigações (credor; devedor e prestação econômica
apreciada). A pergunta que se faz para responder a estrutura de
uma obrigação é como é; o que o instituto é?
A visão moderna se baseia nas funções da obrigação.
Um autor italiano Pietro Perlingieri; idealizador da visão moderna e
ele fala sobre: O Direito Civil é um Direito privado por excelência,
mas ele deve se curvar a constituição.
Visão moderna: Metodologia do estudo do Direito Civil
Constitucional ou Constitucionalização do Direito Civil ou
Funcionalização dos Institutos de Direito Civil.
A pergunta que se faz para responder a função de um instituto eu
pergunto para que serve? Qual a finalidade da obrigação? É ser
dinâmica.
Obrigação jurídica dinâmica é vista como um processo.
Obrigação jurídica complexa é aquela que possui uma
multiplicidade nos elementos estruturais da obrigação, ou seja, uma
relação obrigatória, com duas partes determinadas ou
determináveis, sendo um sujeito ativo (credor), e um sujeito passivo
(devedor)
Funcionalização da Relação Jurídica Obrigacional
Função Negocial: É decorrente do princípio da autonomia privada
(liberdade de contratar).
Função de Responsabilidade Civil: Função de reparar, decorrem
das obrigações de atos ilícitos; gerando responsabilidade civil.
Função de reparar ENQUECIMENTOS SEM CAUSA OU
INJUSTIFICADOS:
Art. 884 CC, aquele que sem justa causa, se enriquecer à custa de
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa
determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa
não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época
em que foi exigido.
Estrutura da relação obrigacional e os elementos constitutivos da
obrigação.
3. Elementos estruturais ou essenciais das obrigações:
3.1 Elemento subjetivo → Sujeito ativo: Credor
3.2 Elemento subjetivo → Sujeito passivo: Devedor
O primeiro elemento é a duplicidade (no mínimo dois sujeitos),
pluralidade (mais de um sujeito de cada lado), uma exceção da
duplicidade é a doação ao nascituro (aquele que está no ventre)
nesse caso não tem o lado do credor.
Segunda característica do elemento subjetivo é determinabilidade,
não é preciso que os sujeitos estejam determinados no momento da
formação do vínculo, eles podem ser determináveis. Um exemplo é
o concurso. Alguém bateu no meu carro, só descubro após buscar
as câmeras de segurança, até então o credor era determinável.
Terceira característica do elemento subjetivo é a mutabilidade,
transmissibilidade, ambulatoriedade; é possível que eu deixe
dividas para os meus filhos, então muda o credor ou devedor, pode
mudar a pessoa e a condição. A Obrigação pode ser Ambulatória
um exemplo é o título ao portador (cheque). Despesas reais,
condominiais, propter rem.
Princípio da Relatividade, a obrigação como um processo e a tutela
externa do crédito.
Essa característica (mutabilidade) gera uma
flexibilização/mitigação/atenuação do Princípio da Relatividade que
determina que o negócio, a eficácia “inter partes” (a produção de
efeitos entre as partes do negócio jurídico) é alterado pela
mutabilidade quando o contrato não atinge só as partes.
Relativação da relatividade.
Tutela (proteção) externa do crédito, de terceiros intervenientes
(interviu). Ato ilícito obrigação de reparar o dano. Caso Zeca
Pagodinho, brahma, nova skin. É uma exceção, mitiga a
obrigatoriedade do contrato, “pacta sunt servanda” princípio da
obrigatoriedade do contrato.
Clovis do Couto e Silva, diz que não é a obrigação estática como
uma fotografia, mas sim dinâmica como um filme.
3.3 Elemento Objetivo → Objeto da relação obrigacional: A
prestação
Art. 104, II, CC
Primeira característica do elemento Objetivo, Art. 104. A validade do
negócio jurídico requer: II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável; e a quarta característica é a prestação ser
economicamente apreciável.
Prestação Lícita:
Prestação possível: Tanto do ponto de vista material, quanto do
jurídico.
Prestação determinável: Objeto nos objetos reais seja determinada
ou determinável.
Prestação patrimonialmente apreciável: Tem que ter um conteúdo
patrimonialidade.
Situações jurídicas patrimoniais:
Situações jurídicas extrapatrimoniais ou existenciais:
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o
seu exercício sofrer limitação voluntária.
Por serem irrenunciáveis e intransferíveis, as situações existenciais
encontram -se excluídas do âmbito negocial. Gustavo Tepedino.
Obrigações como geradora de direitos de crédito: Vínculo jurídico
ele decorre do fato da obrigação ser geradora de um direito de
crédito.
Somente aqueles com conteúdo econômico (direitos de crédito) de
transmissibilidade poderão participar de relações obrigacionais, o
que descarta, de plano, os direitos da personalidade. Porque tem
um conteúdo econômico.
Orlando gomes diz:
Objeto da obrigação mediato ou direto: Começa com M, ele é o beM
da vida, que se negocia, a coisa, a casa, o carro. Em regra, é
tangível. O nome não é bem tangível e pode ser vinculada.
Objeto da obrigação imediato ou indireto: É uma ação positiva ou
negativa. Prestação; obrigação de “dar” certa ou incerta, de “fazer”
ou de “não fazer” (um dever de se omitir a uma determinada coisa).
Os sujeitos da Relação jurídica obrigacional: Credor(es) e
devedor(es).
Elemento Virtual/ ideal/ Espiritual das obrigações não é abstrato. É
o que une o credor ao devedor, meio o qual fica o devedor obrigado
(vinculado) a cumprir uma prestação patrimonial de interesse do
credor.
O vínculo jurídico tem uma obrigação geradora de um direito de
crédito, relação jurídica crédito débito.
Acepções (sentidos/concepções de um mesmo termo) da Palavra
“Obligatio” (deve ser compreendida como Responsabilidade) x
“debitum” (deve ser compreendido como obrigação)
“Haftung” (responsabilidade) “Shuld” (obrigação/ débito) termos em
alemão! Cai em prova!!!
Como requisitos do vínculo jurídico obrigacional, é possível que
haja débito sem responsabilidade.
Um exemplo é um fiador; que só entra em cena sua
responsabilidade quando a pessoa deixa de pagar.
Um exemplo de débito sem responsabilidade, dividas prescritas
(IPTU), pagar dividas de jogos de azar. Quando se perde o tempo
para cobrar essa dívida.
Liquides: Dar um valor.
Ilíquidas: O valor deve ser de acordo com a qualidade do
produto/serviço prestado.
Se tem um credor, um devedor, um objeto (Obrigação Simples)
Se for multiplicidade Obrigação Composta ou complexas.
o
Aula 14/03/2023
Aula 03
1. Obrigações Positivas e Negativas
2. Obrigação de Dar ≠ Obrigação de Fazer
Relação Jurídica transitória entre credor (sujeito ativo) e devedor
(sujeito passivo), cujo o objeto consiste em uma prestação
situada no âmbito dos direitos pessoais. Positiva ou negativa.
Flavio Tartuce
Relação Sinalagmáticas (reciproca)
Elementos constitutivos (essenciais)
Subjetivo: credor e devedor
Objetivos: Objeto prestação
Imaterial, virtual ou espiritual: Vinculo jurídico: Responde
patrimonial
Obrigações positivas e negativas: Será positiva quando tiver
como conteúdo uma ação (ou comissão) dar e fazer, e negativa
quando relacionada com uma abstenção (ou omissão) não fazer.
Contrato de compra e venda: Credor: (Dar / entregar a coisa) e
devedor (pagar o preço, ação; atividade) (obrigação de fazer).
Obrigação especifica é uma coisa certa.
Obrigação incerta, ainda não individualizou de um grupo.
Orlando Gomes diz que Prestação de Coisas (objeto mediato é
uma coisa a obrigação é de dar/ entregar coisa) é diferente de
Prestação de Fatos (objeto mediato é um serviço uma obrigação
de fazer).
Objeto imediato é o bem da vida.
Tradição (entrega/dar)
Pode ser dividida em duas, obrigação de dar ou obrigação de
restituir (devolver).
Exemplo: Contrato de locação: Também tem uma obrigação de
restituir (devolver o móvel ou imóvel alugado).
Contrato de Comodato: Empréstimo de coisa insubstituível/
infungível.
Na obrigação de dar você tem uma transferência de uma
propriedade da coisa. “Venda do Astra, o carro outrora de
patrícia, passa agora a ser do PQD”.
Na obrigação de restituir você tem uma relação entre possuidor e
proprietário.
“Tutu e Nado pegam o carro de Patrícia emprestado para ir ao
cinema, este, ainda é de patrícia, pois as crianças tem a
responsabilidade de devolver/restituir o carro para a mãe,
apesae de serem possuidores no momento da ação”.

A obrigação de fazer é uma prestação de fatos, que consistem


em atividade pessoal do prestador de serviços. É necessário
diferenciar a obrigação de dar e fazer (através da
preponderante), visto que assim saberemos que artigo usar na
ação, logo, olha-se o que se sobressai.
Zona grísea – zona cinzenta
No contrato de empreitada, pode se ter duas obrigações, de
materiais e de trabalho (lavor). O empreiteiro pode ser contratado
para a obra completa, ou apenas para a aquisição dos materiais.
Quando é apenas para a aquisição dos materiais, temos uma
obrigação de dar, enquanto na de lavor, contrata-se também a
mão de obra, logo, obrigação de fazer (pois as pessoas
contratadas exercerão um serviço). Quando se realiza um
contrato misto, prepondera – segundo Orlando Gomes – a
obrigação de fazer.

“Será faciendi a obrigação, quando a operação de entregar


pressupõe o facere.”

A distinção entre as obrigações de dar e as de fazer deve ser


traçada em vista do interesse do credor, porquanto as
prestações de coisas supõem certa atividade pessoal do devedor
e muitas prestações de fatos exigem dação.
1- De referência a extensão de poder do credor, converte-se
em obrigação de dar.
2- Quanto a possibilidade de cumprimento da obrigação por
intermédio de terceiros. Quando é especializado, pode-se
entregar por outra pessoa, porém, o contratado por fazer
não pode ser trocado.
3- Por fim, somente as obrigações de dar se transmite por
sucessão hereditária.

- Obrigação de dar coisa certa – abrange também os acessórios


destas coisas, frutos, produtos, benfeitorias que seguem o
principal. O brocardo que diz a teoria da gravitação jurídica, visto
que a coisa principal é o centro da gravitação jurídica.
Quantos aos acessórios, são estes: produtos, frutos,
benfeitorias.

A pertença é uma parte não integrante do principal (adega).


Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam,
de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

As pertenças são exceções ao princípio da gravitação jurídica.


OBRIGAÇÃO DE DAR/ENTREGAR COISA CERTA:
A coisa incerta se distingue da coisa certa na qualidade, Coisa
Certa tem qualidade, incerta não.
Gênero é dizer do que se trata de fato, se é um carro, moto...
Um carro identificado pelo chassi é um exemplo de coisa certa,
outro carro identificado por suas características gerais (mas sem
o chassi) é incerto.
Ainda falando de coisa certa. Há hipóteses de que aconteça a
perda (destruição completa da coisa) ou deterioração (passível
de reconstrução) da coisa. Descumprimento ou inadimplemento
da obrigação de dar ou de restituir.
 Analise do caso concreto, Dar (Art. 234-237, CC) ou
restituir – locatário ou comodatário, (Art. 238-240, CC),
foi perda ou deterioração? Com culpa ou sem culpa?
CAI NA PROVA

COISA CERTA: OBRIGAÇÃO DE DAR - -OBRIGACAO


DERESTITUIÇÃO

OBRIGAÇÃO DE DAR OU ENTREGAR COISA CERTA

a) PERDA > Sem Culpa (art. 234, 1" parte. CC/02) - Extinção da
obrigação - res perit domino (a coisa perece para 0 dono) -
Não cabe pedir perdas e danos

> Com Culpa (art. 234, 2" parte, CC/02) - Responde pelo valor
equivalente a coisa certa devida, além de indenização por perdas e
danos
b) DETERIORAÇÃO > Sem_ Culpa (art 235, CC/02) - Não cabe
pedir perdas e danos.
Extinção da obrigação ou o credor fica com a coisa deteriorada, no
estado em que se encontra.com o correspondente abatimento
proporcional no preço
-> Com Culpa (art_ 236, CC/02) - pagará 0 equivalente + perdas e
danos, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR COISA CERTA

a) PERDA -> Sem Culpa (art. 238, CC/02) - Extinção da Obrigação -


res perit domino (quem suporta a perda do bem é o seu dono) -
Porém, o devedor custeara os direitos do credor até o dia da perda
-> Com Culpa (art. 239. CC/02) - requerer o valor equivalente à
coisa perdida + indenização por perdas e danos
b) DETERIORAÇÃO -> Sem Culpa (art_ 240, 1* parte, CC/02) - Não
cabem perdas e danos-A obrigação pode ser resolvida e extinta ou
pode o credor receber a coisa no estado em que se encontra, com
abatimento proporcional do preço
-> Com Culpa (art 240. 2% parte, CC/02) - Cabem perdas e danos +
equivalente em dinheiro ou poderá optar por receber o bem no
estado em que se encontra com abatimento proporcional do preço.

“Res perit domino” A coisa se perde/ deteriora pelo dono da coisa.


A consequência da culpa é a restituição ou não.

Culpa “lato sensu” (em sentido amplo) é o gênero que se subdivide


em Culpa “stricto sensu” (em sentido estrito) e “dolo”.
Culpa “stricto sensu” pode ser por imprudência (ação descuidada,
sem cautela) imperícia (uma ação sem qualificação técnica) e
negligência (omissão com esquecimento).

A obrigação de dar a coisa certa abrange os acessórios dela teoria


da gravitação jurídica (art. 233 do CC) – embora não mencionados
expressamente no contrato, salvo se o contrário resultar do título ou
das circunstâncias concretas.
Ocorrendo a deterioração (perda parcial), e não o perecimento
(perda total), a regra é a mesma.
A obrigação especifica estará presente nas situações em que o
devedor se obriga a dar coisa individualizada, móvel ou imóvel,
cujas características foram acertadas pelas partes, geralmente em
um instrumento negocial. O credor não é obrigado a receber outra
coisa, ainda que mais valiosa (art.313 do CC/2002). É a máxima
nemo aliud pro alío invito creditore solvere potest.

Possuidor de boa-fé ou de má-fé. (art. 97, art. 1201 (não sabia do


vício), art. 1202, art. 1203)
A quem cabe a escolha da coisa incerta? A escolha cabe ao
devedor. Se o contrato estiver expresso que o credor escolha. A
partir do momento que o devedor escolheu a coisa e cientifica o
credor sobre a escolha da coisa, a coisa passa a ser certa.
Regra “genus nunquam perit” gênero nunca perece. Art. 246 CC n.f.
Art. 1930, art. 342
Exceção: Gênero limitado/restrito (Flávio Tartuce
)
21/03/2023

Conceito de obrigação de fazer

As obrigações de fazer são aquelas em que a prestação consiste


em um comportamento ativo do devedor, equivalente a uma
prestação de fato (Orlando gomes), ou seja, uma prestação de
trabalho, ou ainda uma prestação que consiste na emissão ou
manifestação de vontade pelo devedor.
Na obrigação de fazer, o devedor se compromete frente ao credor a
efetuar determinada atividade(...) a obrigação de dar também tem
como objeto determinado comportamento do devedor (o entregar
algo ao credor). Gustavo Tepedino entende a obrigação de fazer
uma prestação de atividade.
A doutrina que ser verifique se o entregar é mera consequência do
fazer, a partir da qualificação do negócio jurídico em questão e sua
função prático- econômica.
Quando a obrigação de dar for após a obrigação de fazer
(prestação de trabalho), o que prevalece é o fazer.

Art. 610. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com
seu trabalho ou com ele e os materiais.
§ 1o A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta
da lei ou da vontade das partes.
§ 2o O contrato para elaboração de um projeto não implica a
obrigação de executá-lo, ou de fiscalizar lhe a execução.

Contrato de empreitada=

Materiais= Dar/ entregar coisa certa ou incerta


Lavor, laboral, mão de obra= Prestação de fato/ de fazer é a que
prevalece
Mista=
Art. 247 CC

Na obrigação de fazer, (infungível, “intuito personae”,


personalíssima), quem é insubstituível é a figura/pessoa do
devedor.
Exemplo: Vestido de noiva, obrigação de fazer personalíssima,
escolher a estilista, específica. Se não for cumprido, pode resultar
em indenização, o dano é presumível, se for sem culpa pode ter
conversa.
Exequível exigível.

Dizer que vai se resolver a obrigação é extinguir a obrigação.


Culpa “lato sensu” = Dolo
Culpa “estrito sensu” = Imprudência, imperícia, negligencia.
Teve culpa = indenização por perdas e danos. → Inadimplemento

Art. 248 CC

Impossibilidade jurídica: Não posso te prometer o sol, coisas ilícitas.


Impossibilidade material: Não tem como fazer um bolo de 15
andares. Se a prestação for impossível, por parte do devedor,
responderá com indenização por perdas e danos.
Art. 249 CC

Obrigação de fazer “FUNGÍVEL” onde pode ser substituível, o fato


puder ser executado por terceiro, será livre o credor manda-lo
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora
(demora/atraso) deste, sem prejuízo (sem afastar a indenização
cabível, sem afetar o direito de indenização) da indenização cabível.

Parágrafo único: Em caso de urgência (indeterminado esse período


de tempo/ as partes irão acordar), pode o credor (quem está
esperando o serviço), independentemente de autorização judicial,
executar (comprar) ou mandar executar o fato (o serviço) (um
terceiro), sendo depois ressarcido.
A pintura do carro, pode ser feita em outra loja que preste o mesmo
serviço com um valor parecido.
Emissão de vontade para a futura celebração do contrato principal.
Possível contrato.

Sem prejuízo para o credor (aqui fala-se em sem indenização).

Fungível: Não é da coisa, mas sim do serviço.

“Astreintes” = multa diária. Os juízes passaram a compreender que


quando dói no bolso o devedor se mexe. A astreintes é um meio de
execução forçada para o devedor pagar o credor.

Na obrigação de dar o juiz pode mandar apreender a coisa, mas


caso de não conseguir pegar a coisa, ele pode aplicar a “astreintes”.

A tutela específica pode ser cumprida pelo próprio devedor, ou por


um terceiro as custas do devedor. O devedor é infungível, é a
pessoa que o credor quer que cumpri o acordo, o contrato, caso
não consiga entra a tutela específica, em que pode entrar um
terceiro.

Enriquecimento sem causa é vedado pelo artigo 884/ CC

Essa tutela específica, cabe ao credor tornar o que era infungível,


passar a tornar o devedor fungível, se o credor faz questão do
devedor infungível ele faz a tutela específica.
No que tange (no que se refere) especificamente as obrigações de
fazer infungíveis, ou de caráter intuitu personae, não seria
admissível.

De ofício ou “ex officio”


Art. 247/ 250 CC c/c arts. CPC

O art. 499 do CPC diz que a tutela específica deve ser a preferencia
do juiz, sendo perdas e danos uma exceção neste caso.

Sem prejuízo (sem afastar a multa). A multa é a “astreintes” .


Emissão de declaração de vontade.
Exequente: É quem move a ação (o credor).
Executado: É quem responde a ação (o devedor).
A obrigação de meio é quando o devedor se obriga a utilizar de
todos os meios disponíveis para o cumprimento satisfatório da
obrigação em beneficio do credor.
Exemplo: O serviço do médico

Obrigação de resultado: O dever se obriga, além de aplicar os


mecanismos disponíveis para satisfação do credor, em alcançar o
resultado pretendido pelo credor.
Exemplo: Cirurgia plástica estética.

Cai em prova
28/03/2023

Obrigação de meio é aquele que exige do devedor a obrigação de


cautela, de cuidado, de diligência.

Em alguns casos, temos uma obrigação que vai além de prover os


meios, mas também de atingir o resultado almejado pelo credor,
tendo que executar o resultado, obrigação de resultado. Exemplo
muito comum cirurgia plástica para fins estéticos. Transporte de
carga, o transporte nesse trajeto é um meio para obtenção de
resultado. A obrigação de resultado não ilidir/afasta as obrigações
de meio.
Classificação de obrigação de Garantia
É quando um terceiro, não faz parte do vínculo de negócio entre o
credor e o devedor.
Prestação economicamente apreciável, credor devedor (tem culpa)
(obrigação de garantia
) (com a seguradora um terceiro), e acontece um acidente (um ato
ilícito). O terceiro entra no negócio para garantir o negócio.
Relações de consumo e obrigações de fazer: Não será cobrado na
prova.

CDC Art. 14 §4º é dito que a atividade dos trabalhadores /


profissionais liberais/ autônomos é de responsabilidade subjetiva
(tem que ser observada a culpa/em strito sensu ou em lato sensu),
em regra eles tem obrigação de meio.
No caput, é diferente, fala-se sobre atividade empresarial, em uma
clínica quem responde é o médico (subjetivamente), a clínica
responde de forma objetiva (não tem analise de culpa
).

Obrigações de não fazer, é objetiva típica e gera um dever de


abstenção (é deixar de fazer), podendo ser definitiva ou permanente
(dever de abstenção firmado entre as partes com prazo permanente
ou transitória (dever de abstenção firmado entre as partes com
prazo determinado). Algumas obrigações de não fazer transitória,
(exemplo é o apartamento que compra o direito de do prédio da
frente de não construir mais de 5 andares na beira da praia, pode
ser transitória), (exemplo de obrigação objetiva típica permanente
pode ser da legislação do município que obriga determinado).
Art. 250 CC um exemplo a pessoa que se comprometeu a não
pegar mais gatos, mas a última gatinha estava prenha e dentro
desse episódio é “impossível abster-se do ato” que se obrigou a não
praticar, até que os gatinhos desmamem para serem doados.
Art. 251 CC quando é possível desfazer o credor pode exigir que o
ato se desfaça.
1) Estou falando de coisa incerta. O exemplo o pai que vai
comprar um cachorrinho e quem escolherá o cachorro

Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela


quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não
resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa
pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
A questão está errada.

2) C

3) B
Art. 233. A obrigação o de dar coisa certa abrange os acessórios
dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do
título ou das circunstancias do caso.
Aula 5
Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Art. 257 CC Obrigação divisível
Art. 258 CC Obrigação indivisível (uma coisa (dar) ou um fato
(fazer)).
Art. 87 CC: Definição Bens Divisíveis.
Art.259 CC: Multiplicidade de sujeitos, se a coisa ou o serviço não
puderem ser divididos e houver vários devedores, posso pedir a um
só devedor para cumprir com a prestação em nome dos outros.
Parágrafo único: Ele entrega a coisa e se torna credor do dinheiro,
para dividir o valor com os outros coobrigados.
Art. 260CC: Caução de ratificação (um instrumento de concordância
em que um dos credores recebe no nome dos outros, com a devida
autorização dos outros).
Flávio Tartuce diz que obrigação divisível é aquela que pode ser
cumprida de forma fracionada, ou seja, em partes. Cota-parte,
quota-parte (percentual de que cada um recebe).
Obrigação indivisível: é aquela que não admite fracionamento
quanto ao cumprimento.
Normas de ordem privada depende das partes, do que foi
acordado/convencionado entre as partes.
Art. 257 e 258 CC fazer remissão no código, com o Art. 314 CC!
A indivisibilidade com relação a sua causa, ela pode ser: Art. 258
1-Material ou natural: indivisível por sua natureza.
2-Legal ou jurídica: Por motivo de ordem econômica.
3-Convencional: Dada a razão determinante do negócio jurídico.
O credor que receber em nome dos demais credores, o devedor
pode exigir a apresentação caução de ratificação. Art. 260 CC.

Imagine que um devedor paga em nome dos demais, esse devedor


recebe a quitação do credor e ele fica de apresentar aos demais o
recibo sendo configurada uma sub-rogação onde esse devedor
passa de devedor a credor na qualidade/condição aos demais.
CJF: Conselho da Justiça Federal.
Perecimento é perda, perda total.
Somente o culpado paga perdas e danos.
Quinhão ou cota-parte.
Remissão é perdão da dívida.
Quando ocorre a conversão de uma obrigação indivisível (o objeto
imediato se tornou impossível) em perdas e danos, isso acarreta a
perda da indivisibilidade, ART. 263 CC.

Próxima aula entra em obrigações solidárias.

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