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REPRESENTAÇÃO

Os direitos, obrigações e atos jurídicos podem ser realizados por ato próprio
(pela pessoa envolvida) ou por intermédio de outra pessoa, que o representa. Este é
o instituto da representação: quem pratica o ato é o representante, que o pratica em
nome do representado.

❖ Existem duas espécies de representação: art. 115, CC


• LEGAL, que deriva da lei.
• CONVENCIONAL, que deriva da vontade das partes (representante e
representado).

REPRESENTAÇÃO LEGAL
É o tipo de representação que decorre da lei. É a lei que determina que
determinada pessoa ou instituição será representada por outra determinada. Essa
representação é obrigatória, e muitas vezes supre a falta de capacidade do
representado.
Tal representação é personalíssima e indelegável. Ou seja, o representante não
pode transferir seus poderes, que são conferidos pela lei, para outra pessoa. Dentro
da classificação de representação legal, ainda tem-se a representação judicial,
quando o juiz nomeia alguém para ser o representante de determinada pessoa (é o
caso do curador judicial, do inventariante, do representante da massa falida, etc).
Veja-se alguns exemplos:
• FILHOS: são representados pelos pais ou tutores
• INTERDITOS: pelos curadores
• CONDOMÍNIOS: pelo síndico
• INVENTÁRIO: o inventariante
• MUNICÍPIO: prefeito – em juízo: o procurador do município
• ESTADO: governador – em juízo: o procurador do Estado
• UNIÃO: o Presidente da República – em juízo: o AGU (advogado geral da União)

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Disciplina: Fundamentos de Direito Civil
Profa: Monique Pereira
REPRESENTAÇÃO CONVENCIONAL
É o tipo de representação que decorre única e simplesmente em decorrência
da vontade das duas partes: representante e representado. Assim, o representante
auxilia o representado na defesa e administração de seus interesses.
A representação legal surge através de um negócio jurídico: o contrato de
mandato. E o instrumento que dá forma ao contrato de mandado é a procuração (art.
653, CC), devidamente assinada pelo outorgante (representado).

❖ REGRAS DA REPRESENTAÇÃO:
1. A manifestação de vontade do representante é limitada aos poderes
que lhe foram conferidos.
Esses poderes são conferidos:
• Pela lei, quando a representação for legal;
• Pelo contrato de mandato, quando a representação for convencional;
Nesse caso, quem é responsável pelo ato?
• Se o representante extrapola os poderes conferidos pela lei ou pelo
contrato, quem responde é o próprio representante por esse ato que
extrapolou.
• Se o representante age conforme os poderes que lhe foram conferidos,
seja pela lei ou pelo contrato, quem responde é o representado.

2. Negócio celebrado consigo mesmo.


O artigo 117 do Código Civil prevê ser anulável o negócio em que o
representante e a outra parte são, concomitantemente a mesma pessoa. Imagine o
seguinte exemplo: João dá poderes para que Pedro, vendedor, o represente na venda
de sua casa. Nesse sentido, Pedro deverá vender a casa de João para alguém. Pedro
pode, nesse caso, ser vendedor e ao mesmo tempo comprador.
O Código Civil prevê que o negócio em regra seja anulável, mas a lei ou as partes
podem estabelecer o contrário, permitindo o negócio do representante consigo
mesmo. Assim, o negócio torna-se válido e eficaz. Porém, tal ressalva tem que constar

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expressamente no negócio jurídico. A mesma regra serve para o caso de existência
de substabelecimento (parágrafo único do artigo 117, CC).

3. Substabelecimento
É o instrumento capaz do representante transferir os poderes recebidos pelo
representado, a um terceiro. Imagine o seguinte exemplo: João é advogado de Pedro.
Porém, João ficou doente e não poderá comparecer à audiência do processo em que
representa Pedro. Nesse caso, João pode, através de um substabelecimento,
transferir poderes que recebeu de Pedro para que Maria, advogada, represente Pedro
na audiência. Veja:

PEDRO deu poderes ao JOÃO tem procuração de MARIA, advogada, com o


adv João, para que este PEDRO e através de um substabelecimento,
o represente no substabelecimento dá pode representar PEDRO
processo X poderes à Maria na audiência.

São duas hipóteses de substabelecimento permitidas:


• COM RESERVA DE PODERES: o representante passa alguns ou todos os
poderes que recebeu do representado ao substabelecido. Nesse caso, o
representante reserva para si ainda os poderes que recebeu do representado.
Assim, têm poderes: o representante e o substabelecido.
• SEM RESERVA DE PODERES: o representante transfere ao substabelecido
todos os poderes que recebeu do representado. Sendo assim, o
representante não reserva para si mais nenhum poder, não sendo mais
representante. Assim, o substabelecido vira o novo e único representante do
representado.

4. Prova da representação
O representante é quem deve provar às pessoas com quem trata que é
representante do representado. Se ele não provar seus poderes ele responde
pelos atos. Então, o representante deve:
• Provar que é representante:
• Provar seus poderes (e sua extensão):

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5. Conflito de interesses entre representante e representado
Exceto na representação legal, o representado deve ter os seus interesses e
suas vontades obedecidas pelo representante. Em ambos os casos (tanto na
representação legal quanto na convencional), se o representante fizer algum negócio
que vá contra os interesses do representado, tal negócio pode ser anulado, se a
pessoa com quem o representante tratou poderia saber da existência de conflito de
interesses.
O prazo para anular o negócio realizado feito de forma contrária aos interesses
do representado é de 180 dias. Esse prazo é contado:
• A partir do fim da incapacidade, quando da representação legal
• A partir da realização do negócio jurídico, quando for representação
convencional.

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