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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Aula nº.

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Professor: Francisco Valdece Ferreira de Sousa

fvaldece10@gmail.com
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
I - DOS FATOS JURÍDICOS.
01.- DA REPRESENTAÇÃO. CONCEITO.
Os direitos podem ser adquiridos, modificados ou transferidos por ato do próprio interessado
ou por intermédio de outrem. Quem pratica o ato é o representante. A pessoa em nome de
quem ele atua e que fica vinculada ao negócio é o representado.
Representação tem o significado, pois, de atuação jurídica em nome de outrem. Constitui
verdadeira legitimação para agir por conta de outrem, que nasce da lei ou do contrato.
A representação legal é exercida sempre no interesse do representado, enquanto a
convencional pode realizar-se no interesse do próprio representante, como sucede, por
exemplo, na procuração em causa própria.
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I - DOS FATOS JURÍDICOS.
02.- ESPÉCIES DE REPRESENTAÇÃO.
Dispõe o art. 115 do Código Civil:
“Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado”.
A representação, assim, pode ser legal, como a deferida pela lei aos pais, tutores, curadores,
síndicos, administradores etc., e convencional ou voluntária, quando decorre de negócio
jurídico específico: o mandato (procuração).
A representação legal constitui um verdadeiro munus, tendo em vista que o representante
exerce uma atividade obrigatória, investido de autêntico poder, sendo instituída em razão da
necessidade de se atribuir a alguém a função de cuidar dos interesses das pessoas incapazes.
Neste caso, supre a falta de capacidade do representado e tem caráter personalíssimo, sendo
indelegável o seu exercício.
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I - DOS FATOS JURÍDICOS.
01.- ESPÉCIES DE REPRESENTAÇÃO.
Ocorre também a representação legal de pessoas capazes, em diversas situações. É conferida
aos sindicatos, para a celebração de acordos coletivos; ao síndico dos condomínios em
edificações ou edilícios; ao administrador da massa falida; ao inventariante, etc.
A representação convencional ou voluntária tem por finalidade permitir o auxílio de uma
pessoa na defesa ou administração de interesses alheios e, assim, caracteriza-se pelo propósito
de cooperação jurídica, que se alcança por seu intermédio. Mediante acordo de vontades,
intervém na conclusão de um negócio outra pessoa que não o interessado direto e imediato.
Essa modalidade de representação estrutura-se no campo da autonomia privada mediante a
outorga de procuração, que é o instrumento do mandato (CC, art. 653, segunda parte), pela
qual uma pessoa investe outra no poder de agir em seu nome. Pode ser revogada a qualquer
tempo pelo representado, o que não ocorre com a representação legal, da qual não pode o
representante ser privado por ato daquele.
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I - DOS FATOS JURÍDICOS.
03.- REGRAS DA REPRESENTAÇÃO.
O art. 116 do Código Civil dispõe:
“A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em
relação ao representado”.
O representante atua em nome do representado, vinculando-o a terceiros com quem tratar.
Deve agir, portanto, na conformidade dos poderes recebidos. Se os ultrapassar, haverá excesso
de poder, podendo por tal fato ser responsabilizado (CC, art. 118). Enquanto o representado não
ratificar os referidos atos, será considerado mero gestor de negócios (CC, art. 665).
O certo é que: a) os efeitos do negócio jurídico representativo, concretizado dentro dos limites
dos poderes conferidos, repercutem, exclusivamente, na esfera jurídica do representado; b) o
vínculo negocial é estabelecido apenas entre o representado e a contraparte, sendo o
representante estranho ao negócio jurídico representativo celebrado;...
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03.- REGRAS DA REPRESENTAÇÃO.
...c) os efeitos, obrigações e direitos são auferidos e suportados direta e imediatamente pelo
dominus negotii; d) as obrigações inadimplidas do dominus negotii não são de responsabilidade do
representante, salvo quando este pessoalmente responsabilizou-se pelo cumprimento; e) o
dominus negotii é legitimado, ativa e passivamente, para figurar na relação processual tendo por
objeto o negócio jurídico representativo, no exercício do jus persequendi in judicio”.
É de se destacar o art. 119 do novo Código, que prescreve:
“É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com
aquele tratou”.

O conflito de interesses entre representante e representado decorre, em geral, de abuso de


direito e excesso de poder.
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04.- CONTRATO CONSIGO MESMO.
É da natureza da representação que o representante atue em nome de apenas uma das partes
do negócio jurídico no qual intervém.
Todavia, pode ocorrer a hipótese de ambas as partes se manifestarem por meio do mesmo
representante, configurando-se então a situação de dupla representação. O representante não
figura e não se envolve no negócio jurídico, mas somente os representados.
Pode ocorrer, ainda, que o representante seja a outra parte no negócio jurídico celebrado,
exercendo neste caso dois papéis distintos: participando de sua formação como representante,
atuando em nome do dono do negócio, e como contratante, por si mesmo, intervindo com
dupla qualidade, como ocorre no cumprimento de mandato em causa própria, previsto no art.
685 do Código Civil, em que o mandatário recebe poderes para alienar determinado bem, por
determinado preço, a terceiros ou a si próprio.
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04.- CONTRATO CONSIGO MESMO.
... Surge, nas hipóteses mencionadas, o negócio jurídico que se convencionou chamar de
contrato consigo mesmo ou autocontratação. O que há, na realidade, são situações que se
assemelham a negócio dessa natureza. No caso de dupla representação somente os
representados adquirem direitos e obrigações. E, mesmo quando o representante é uma das
partes, a outra também participa do ato, embora representada pelo primeiro.
Desse modo, o denominado contrato consigo mesmo configura-se “tanto na hipótese de dupla
representação como quando figura o representante como titular em um dos polos da relação
contratual estabelecida, sendo sujeito de direitos e obrigações”.
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05.- EFEITOS.
... Dispõe o art. 117 do novo Código Civil:
“Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou
por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante
o negócio realizado por aquele em que os poderes houverem sido subestabelecidos”.

Assevera Pontes de Miranda, referindo-se à autocontratação, que “não há princípio, a priori,


que se oponha à existência, validade e eficácia de tais negócios jurídicos; nem é contra a
natureza dos negócios jurídicos que o manifestante da vontade, em nome de outro, a receba
em seu próprio nome, ou em nome de outro representado, nem que o manifestante da
vontade, em nome próprio, a receba em nome de outrem, nem há contraindicações que
possam ser mais do que sugestões, em certas espécies de negócios jurídicos, e assaz atendíveis
de iure condendo”.
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