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AULA 2

Discussão do texto: RODRIGUES JR., Otávio Luiz. Autonomia da vontade, Autonomia Privada e
Autodeterminação. Revista de Informação Legislativa, Brasília a. 41 n. 163 jul./set. 2004.

 Pergunta de minuto: Qual o conceito contemporâneo de autonomia?

1. DECLARAÇÃO/MANIFESTAÇÃO DE VONTADE NO NJ: A manifestação da vontade pode ser


expressa, tácita ou presumida. A expressa é aquela que se realiza de forma explícita, por
meio de palavras ou gestos que possibilitem o conhecimento imediato da intenção do
agente. A manifestação de vontade tácita é a que se revela pelo comportamento do
agente: ou seja, ainda que não seja explicitada, a pessoa adota condutas que demonstram
a sua intenção, só é aceitável quando a lei não exigir que ela seja expressa. E, por fim, a
manifestação de vontade presumida se assemelha à tácita, mas desta difere por ser
decorrente de situações previstas na lei (ex: arts. 324 e 1.805).

 Declarações receptícias e não receptícias de vontade: são as declarações


endereçadas/ não endereçadas.

 Reserva mental: o que se passa na mente das partes no negócio jurídico é irrelevante,
face à vontade manifestada. Por isso, diz o art. 110: A manifestação de vontade
subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que
manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

 Silêncio: pode ser interpretado como manifestação tácita de vontade, nos termo do
art. 111: O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (ex.: art. 432).

 Representação: Na representação, quem pratica o ato é o representante enquanto


que quem fica vinculado ao negócio jurídico é o representado. Representação
significa a atuação jurídica em nome de outrem. Segundo o art. 115, os poderes de
representação são conferidos pela lei ou pelo interessado.

 Representação legal: decorre da lei, como, p. ex., a dos pais em relação aos
filhos menores e nos casos de tutores e curadores.

 Representação judicial: é estabelecida pelo juiz no âmbito de um processo,


como é o caso do inventariante e do síndico na falência.

 Representação convencional: é a que é estipulada pela vontade das partes,


como ocorre na procuração.

o Distinção entre representação, mandato e procuração

 Prova: Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem


tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus
poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes
excederem.

 Conflito de interesses: O negócio jurídico realizado pelo representante confere


direitos e imputa obrigações ao representado, por isso, não pode haver na
representação conflito de interesses, vide arts. 117 e 119, CC

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o Terceiro de boa-fé: O art. 119 prevê a causa de anulabilidade que é o
conflito de interesses entre representante e representado. No entanto,
na ignorância do terceiro, prevalecerá o negócio praticado, por
prestígio da boa-fé, mas o representante responderá perante o
representado, ou seus herdeiros, pelos danos que daí provierem.

2. INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO: O ideal é que coincidam vontade (aspecto interno)


e declaração (aspecto externo). Entretanto, podem ocorrer divergências entre a vontade
real e a declarada, impondo-se aí a interpretação dos efeitos jurídicos pretendidos. As regras
de interpretação têm por objetivo ·fixar o conteúdo da declaração de vontade.

 Teoria da confiança: Diz o art. 112: Nas declarações de vontade se atenderá


mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da
linguagem. Assim, o intérprete não deve ater-se unicamente ao exame
gramatical dos termos constantes do negócio jurídico, mas fixar-se na
intenção manifestada, para dali extrair as consequências jurídicas da sua
realização.

 Boa-fé objetiva: Deve o intérprete valer-se também do princípio da boa-fé


objetiva e dos costumes vigentes no lugar da celebração do negócio jurídico
(art. 113). Incluem-se aí conceitos de lealdade, honestidade, retidão de
conduta e mútua confiança.

 Negócios benéficos e renúncia: dispõe o art. 114 que: Os negócios jurídicos


benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Assim, p. ex., se João
declarou doar a José os livros de sua biblioteca, não se incluem na doação as
estantes, os armários nem o sistema de catalogação dos livros.

Tópicos geradores: Como saber que há um negócio jurídico entre pessoas? Em que circunstâncias
um negócio jurídico pode ser inválido?

Metas de compreensão: Esclarecer adequadamente os negócios jurídicos: conceito, existência,


validade e eficácia.

LEITURA COMPLEMENTAR:

RECURSO ESPECIAL Nº 1881149 – DF

TARGA Maria Luiza Baillo; RIEMENSCHNEIDER Patricia Strauss. Função hermenêutica do princípio
da boa-fé objetiva: interpretação dos contratos nas relações civis e de consumo. Civilistica.com.
Rio de Janeiro, a. 11, n. 3, 2022.

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