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Caso 46

Lei de 1 de janeiro de 2001 – lei antiga

Decreto-lei de 2 de fevereiro de 2002 – lei nova

a) Possivelmente, estaremos perante um caso de direito transitório material, ou seja, é regulado um regime
jurídico para as situações enunciadas. (arrendatário pode fazer alterações sem consentimento do senhorio
apenas em casos de imperiosas razoes se seguranças – em caso que sejam formados antes da entrada em
vigor do decreto-lei).
b) Estamos perante um caso de direito transitório formal. Aplica-se a lei antiga. Como António é arrendatário
desde 1999, não se aplica a lei nova.
c) Direito transitório geral, artigo 12ºCC. António precisa de o consentimento do senhorio para realizar as
obras.

Caso 47

Lei de 1 de março de 2012 – alunos com deficiências visuais podem escolher entre provas escritas (com tempo
ilimitado + aparelhos informáticos que possibilitem leitura dos enunciados) vs. provas orais.

15 de março EE pretendem anulação das provas escritas do ano letivo de 2012 por não ter sido dada a mesma
possibilidade ao seu filho.

Aplica-se o artigo 12º1 – a lei aplica-se para o futuro, não há retroatividade.

Caso 48

Lei nºx de 2009 contratos de compra e venda feitos por escritura publica, não obedecendo a forma tem como efeito
a nulidade – validade formal –

Decreto lei y 2019 – compra e venda por escrito deve ser feita por documento escrito assinado pelo vendedor

Sim, quando estamos perante casos de validade formal (como é o caso supra explicitado), a lei nova só dispõe para o
futuro, ficando ressalvados os factos e efeitos jurídicos produzidos no passado, ou seja, não há retroatividade (artigo
12º nº2 primeira parte). (artigo 220º CC – inobservância da forma legal).

Caso 49

Agosto de 2012 – Plínio faz 18 anos de idade (idade quando se atinge a maioridade segundo o artigo 122º CC).

Lei setembro 2012 – maioridade adquire-se aos 21 anos. Fazer 18 anos é um facto, atingir a maioridade, não é uma
valorização jurídica. Tem um caráter duradouro.

Caio fez 18 anos em outubro.

*Neste caso supra enunciado, estamos perante um aspeto de validade substancial. A lei competente é aquela que
está em vigor na data em que faz 18 anos.

A norma apenas atribui um estatuto ao indivíduo, ou seja, produz um efeito jurídico.

Os amigos decidiram ir a uma festa noturna na qual o porteiro requisita os seus cartões de identificação,
relembrando-os que segundo a lei x de 200 era proibida a entrada a menores de idade. Coloca-se a questão de saber
se, após a alteração da idade com que se atinge a maioridade (18 para 21) se Caio e Plínio são maiores de idade.

Ora Plínio fez anos em agosto de 2012, um mês antes da alteração da idade para se atingir a maioridade. Pelo
elemento substancial, podemos indagar, segundo o artigo 12º nº2 primeira parte, que a lei y 2012 de setembro só se
aplica aos casos futuros, fazendo Plínio anos ao abrigo da lei antigo.

Quanto a Caio, pelas razoes já apresentadas, aplica-se a lei nova que altera a idade para atingir a maioridade (para
21 anos), sendo por isso menor.

Assim, o porteiro tem o dever de permitir a entrada de Plínio e, por sua vez, “barrar” a entrada a Caio.
Caso 50

Lei x 2013 de 24 de julho – proprietários de imóveis qualificados como património cultural não podem ser alienados
alvo de o adquirente for o Estado ou outra entidade pública.

1 de outubro de 2013 – clarissa celebra com Dalila contrato de compra e venda de um palacete que havia adquirido
no fim do ano. Apos a celebração Dalila descobre que era qualificado como património cultural. Qual a validade do
contrato.

Usar artigo 12º 1 primeira parte e nº2 primeira parte. Ato já estava em vigor aquando da venda, visando o facto,
logo seria invalido.

Esta norma estabelece uma condição de validade.

Quando alguém vende um imóvel dispõe dos seus bens. Quando esta condicionado por circunstâncias restringe o
direito de propriedade desses bens.

1ª hipótese – validade substancial

2ª hipótese - conteúdo

Caso 51

Lei a 1982 de 2 de agosto – taxa de juro máxima (restringe a autonomia privada) nos contratos de concessão de
crédito nos 25%.

Lei b 2004 de 1 de setembro – juro passa para 20%

Coloca-se o problema de saber se um contrato celebrado à taxa de 23% em 2002 se é abrangido pela lei. Seguimos o
artigo 12º 1ª parte sendo o contrato valido.

Esta norma até onde as partes podem estipular. Vem estabelecer um limite à validade. Estabelece as condições de
validade, ou seja, 12º nº2 primeira parte.

a) Aplica-se a lei antiga ao caso em análise.

b) Retroatividade ordinária (artigo 12º, nº1, segunda parte), mas não põe em causa os efeitos por eles produzidos
num período anterior à entrada e vigor da lei em questão (lei nova), ou seja, não havia retroatividade aos juros já
pagos (artigo 12º 1), mas, a partir da entrada em vigor o juro baixará 5%, tendo por isso que ser cobrado no máximo
os 20% estipulados pela nova lei. Os juros pagos anteriormente não são justificados, não tendo de ser devolvidos.

Caso 52

Lei a 2003 entra entrada em vigor a 11 de junho – caso as partes em um contrato de mútuo não estabeleçam a taxa
de juro aplicável, esta é de 5%.

Lei b 2005 entrada em vigor a 3 de março – caso as partes não estabeleçam a taxa de juro aplicável aos contratos e
mútuo, esta é de 8%.

Asdrúbal celebra um contrato de mútuo com bernardo a 5 de junho de 2004 (ou seja, estava em vigor a lei b de
2005).

No presente caso teremos de problematizar se o contrato de mútuo já estava extinto antes da entrada em vigor da
lei b de 2005.

O direito fiscal/impostos (artigos 203º/204º), é um limite à retroatividade, sendo esta aplicada quando beneficie o
indivíduo. No caso de o contrato ter terminado antes da entrada em vigor da lei 2005 não há retroatividade, os
efeitos são regulados pela lei que estava em vigor na data da celebração do contrato de mútuo (artigo 12º nº2, 1ª
parte).
Por sua vez, se o contrato ainda se encontrava em vigor à data da entrada em vigor da lei de 2005, então aplicar-se-á
o artigo 12º, nº2, 2ªparte - a lei abrange as próprias relações já constituídas, que subsistam à data da sua entrada em
vigor – ficando ressalvos, porém, os efeitos já produzidos pelo cumprimento da obrigação (artigo 13). (por outras
palavras, até a data da entrada em vigor da lei b de 2005 paga 5% de juros, após a entrada da lei passa a pagar 8%).

Resolução aula: não se abstrai do facto – caso as partes não acordem. Usa-se o artigo 12º, nº2, 1ª parte – só visa os
factos novos.

Caso 54

Decreto lei x 2013 entrou em vigor dia 1 janeiro – cominar aos empregadores da construção civil o dever de celebrar
e manter um seguro contra acidentes de trabalho em benefício de todos os trabalhadores. Caso os empregadores
não cumprissem este dever, teriam de indemnizar os danos que os seus trabalhadores sofressem durante a
realização da prestação laboral, independentemente de terem culpa na causação desses danos.

Francisco, trabalhador da construção civil desde 1986. Em 2012 sofreu um acidente e partiu dois dedos.
A empresa não tinha celebrado nenhum seguro.

a) A lei enuncia a sua retroatividade – artigo 12º, nº1, segunda parte retroatividade ordinária.
Aqui seguimos o enunciado no artigo 12º, nº1, segunda parte. Aplica-se. Pode pedir indemnização. Aqui
atribuímos efeitos que não estavam previstos.
Poderá ser punida por uma norma que desconhecia no determinado momento? Sanção indemnizatória.
b) 29º/4 primeira parte – aplica-se por analogia às normas contraordenacionais.
Sanção penal/contraordenacionais.

Caso 55
a) Artigo 297º/1ºCC. Quando a lei nova estabelecer um prazo mais curto do que o aplicado pela lei antiga, tem
de aplicá-lo também nos prazos que já estiverem em curso, isto é, a lei nova só se aplica quando o total dos
dias no fim do prazo é inferior ao que estava previsto pela lei antiga. E, quando se aplica a nova lei, a
contagem é feita a partir da sua data da entrada em vigor. Tem até ao dia 13.
b) Artigo 297º/2ºCC. Se a lei nova estabelecer um prazo mais longo que o aplicado pela lei antiga, é o prazo da
nova lei que se aplica, isto é, aplica-se sempre a nova lei, mas neste caso contam-se os dias que já passaram.
Tem até ao dia 21 de junho.

Caso 56
Cabe entender se tem efeito retroativo.
Artigo 12, nº2 primeira parte –
297º pensa na sucessão de prazos e não zela pela autonomia privada das partes.
Regula os efeitos da celebração do contrato.
relação jurídica entre vendedor e comprador no âmbito do artigo 916 (pelo menos num prazo de seis meses) no
decorrer dessa relação surge uma nova lei que aumenta esse período de “relacionamento jurídico” pelo que a lei
nova tem um efeito retroativo, tendo, por isso, o vendedor o dever de indemnizar o comprador. Aqui, NÃO SE
ABSTÉM DOS FACTOS.

Caso 57
O réu pode contestar no prazo de 30 dias a contar da citação.
Lei nº1/2014 (lei posterior (que por sua vez, se diga, pode alterar uma estipulação do CC) – o réu pode contestar no
prazo de 20 dias a contar da citação.
É sempre aplicada a situação mais favorável ao arguido independentemente da lei que vigore à data da verificação
da “condenação”. No caso sub judice, Vasco tem 30 dias para contestar.

Caso 58
Lei x/2012 – presidentes de juntas de freguesa que já tenham cumprido três mandatos não podem candidatar-se
novamente ao mesmo cargo.
Debate: será que esta lei impedia que um sujeito que tivesse exercido três mandatos como PJF se podia candidatar a
presidente de outra junta de freguesia.
Aproximadas as eleições presidentes tinham a pretensão de se voltar a candidatar.
Aprovação do decreto lei nº y/2012 – o artigo 10º da lei x/2012 deve ser interpretado como proibindo apenas a
candidatura de PJF pelos sujeitos que tenham cumprido três mandatos como presidentes dessa mesma junta.
Mais: a presente lei tem efeitos retroativos desde a daa de netrada em vigor da lei x/2012, devendo as decisões
judiciais ser reformadas.
Alfredo – decisão transitada a julgado antes da entrada em vigor da lei y/2012: o tribunal entendeu que Alfredo não
se podia candidatar.

Pode Alfredo candidatar-se?


Artigo 13º
A lei interpretativa considera-se para efeitos da sua aplicação integrada na lei interpretada, do que resulta o
conhecimento de eficácia retroativa à lei interpretativa, PORÉM, ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelo
cumprimento da obrigação, por sentença passada em julgado.

Caso de uma retroatividade extrema ou de grau máximo: a lei nova (interpretativa) aplica-se retroativamente sem
qualquer limite, nem mesmo o caso julgado. Incompatível com a CRP – artigos 282º/3 – ficam ressalvados os casos
julgados. Viola o princípio da separação de poderes (ao permitir uma imposição legislativa de possibilidade de
revisão de decisões que já se haviam consolidado como casos julgados pelos Tribunais), bem como o pincipio do
Estado de Direito.

Caso 59
143º CP – quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com pena de prisão até três anos ou com
pena de multa - pune os crimes contra a ofensa à integridade física.
1 de janeiro de 2020 lei 1/2020 – alteração ao CP – quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com
pena de prisão até dois anos ou com pena de multa.
10 de outubro de 2020 Adolfo deu um murro a Bertoldo. É julgado a 2 de fevereiro de 2022 e, em julgamento, o
murro é dado como provado.

Qual a lei que deve ser aplicada?


Em matéria criminal, numa questão de conflito da lei no tempo, imaginemos, um ato criminal praticado na vigência
de uma lei e, entretanto, sai nova lei sendo julgado à data em que essa lei já se encontra em vigor, discute-se qual
das leis vigora. Em matéria penal recorre-se à designada retroatividade in mitius, ou seja, existe uma obrigação
Constitucional de aplicação da lei penal mais favorável ao arguido retroativamente.
No caso sub judice não parece existir esse problema, uma vez que a prática criminal ocorre, e é julgada, ao abrigo da
lei nova que revoga substitutivamente a lei antiga. Assim, será aplicada a ei 1/2020.
A resposta não seria diferente, uma vez que o ato já é exercido no âmbito da vigência da lei nova.

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