Você está na página 1de 7

Generalidades sobre contratos

- Noção de contrato.

O contrato é um acordo entre duas ou mais vontades para criar, modificar ou extinguir
direitos e obrigações.

O conceito de contrato pressupõe a existência de:

Acordo;

Pelo menos duas pessoas;

Objecto;

Acto jurídico.

- O principio da liberdade contratual.

Na medida em que as partes intervenientes - contraentes ou contratantes - têm liberdade


de:

Celebração do contrato;

Fixação do conteúdo.

- A distinção entre capacidade gozo de capacidade de exercício.


A capacidade de gozo de direito passa por uma pessoa poder ser sujeito de direitos e
capacidade de exercício de direito passa por uma pessoa poder exercer os direitos de
que é titular.

Questão:

Dê um exemplo de uma situação em que uma pessoa tenha capacidade gozo mas não
tenha capacidade de exercício.

Requisitos dos contratos * Final da aula.

Os contratos para serem válidos têm de obedecer aos seguintes requisitos:

capacidade dos contraentes;

mútuo consenso;

objecto possível;
forma.

Capacidade dos Contraentes:

- De acordo com o art.º 7.º do Código Comercial, toda a pessoa nacional ou estrangeira,
civilmente capaz, poderá praticar actos de comércio. Da leitura deste artigo conclui-se que
para ter capacidade comercial é necessário, antes de mais ter capacidade civil.

- Mas por outro lado também estipula que todas as pessoas têm direitos e obrigações, nisso
constituindo a sua capacidade jurídica. No entanto têm que se distinguir capacidade de gozo
de direitos (a pessoa poder ser sujeito de direitos) de capacidade de exercício de direitos (a
pessoa poder exercer os direitos de que é titular). Todo o indivíduo tem capacidade de gozo de
direitos mas nem sempre tem capacidade de exercício dos mesmos. Surgem então as
incapacidades pessoais para assumir actos jurídicos:

menoridade;

interdição;

inabilitação.

Incapacidade por Menoridade:

- Um menor (indivíduo com menos de 18 anos) não goza de capacidade de exercício dos seus
direitos, não tendo capacidade jurídica, não tem igualmente capacidade comercial. De acordo
com o art.º 125.º do Código Civil todos os actos praticados pelo menor, que impliquem
exercício de direitos, serão considerados nulos, excepto os actos de administração ou
disposição de bens que o maior de 16 anos haja adquirido por seu trabalho e os actos jurídicos
próprios da vida corrente do menor.

Durante a menoridade os direitos do menor serão exercidos pelos pais ou por um tutor. A
menoridade é uma incapacidade momentânea, pois termina quando, o menor completar 18
anos e não se encontrar sujeito a nenhuma interdição ou inabilitação, podendo reger a sua
pessoa e dispor dos seus bens. E se o menor for emancipado, a emancipação atribui ao menor
plena capacidade de exercício de direitos, permitindo-lhe dispor da sua pessoa e bens, excepto
dois casos do art.º 1649.º do Código Civil.

De acordo com o mesmo artigo a emancipação pode obter-se por casamento, desde que o
menor:

tenha pelo menos 16 anos;

o matrimónio tenha sido autorizado pelos pais ou tutor;

não se encontre sujeito a nenhuma interdição ou inabilitação.

A emancipação pode ser plena ou restrita.

Emancipação plena - permite ao menor o exercício pleno de todos os seus direitos e sujeitos às
obrigações daí decorrentes.
Emancipação restrita - permite o exercício de plenos direitos em actos ou categoria de actos.

Incapacidade por Interdição:

Incapacidade por Interdição é os que podem ser interditos do exercício dos seus direitos, todos
aqueles que apresentem:

Anomalias psíquicas;

Surdez-mudez;

Cegueira.

A interdição pode ser requerida em tribunal pelo(s):

cônjuge;

tutor;

curador;

parente(s);

progenitor(es);

Ministério Público.

Sentenciada a interdição o interdito é equiparado ao menor, sendo-lhe aplicáveis com as


necessárias adaptações, as disposições que regulam a incapacidade por menoridade e fixados
os meios de suprir o poder paternal.

Incapacidade por Inabilitação:

Incapacidade por inabilitação é as situações em que a deficiência apresentada, embora de


carácter permanente não é de tal modo grave que leve a interdição, mas sim à inabilitação. As
causas de inabilitação é:

A prodigalidade (esbanjamento fútil de riqueza);

O abuso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes.

Os inabilitados são assistidos por um curador que administrará todo ou parte do seu
património. A inabilitação por prodigalidade, abuso de bebidas alcoólicas ou de
estupefacientes só poderá ser levantada 5 anos após a sentença.

Mútuo Consenso:

Para que um contrato seja válido, é necessário que haja concordância de vontades, o que
pressupõe declarações negociais baseadas numa proposta contratual - declaração de vontade
de quem propõe a celebração do contrato - e na sua aceitação - declaração de vontade de
quem aceita.
De acordo com o art.º 217.º do Código Civil a declaração negocial pode ser:

Expressa - quando a aceitação das declarações negociais é feita de forma oral ou escrita.

Tácita - quando se deduz dos factos a aceitação das declarações negociais. Entre a proposta e
a aceitação há um período de tempo variável, de acordo com a maior ou menor facilidade de
comunicação entre as partes contraentes.

Nesse período de tempo podem definir-se as seguintes fases:

formulação;

expedição;

recepção;

conhecimento.

Para que seja aceite, a proposta deve:

exprimir uma forte vontade de contratar;

conter todos os elementos essenciais ao contrato;

obedecer à forma exigida pelo contrato.

De acordo com o art.º 227.º do Código Civil que negoceia com outrem deve proceder sempre
de acordo com o princípio da boa fé.

O contrato só fica concluído quando as partes acordarem em todas as cláusulas sobre as quais
qualquer delas tenha julgado necessário o acordo.

Se o destinatário da proposta contratual a tiver rejeitado, pode no entanto modificar a sua


posição inicial.

Objecto Possível:

Os requisitos do objecto negocial encontram-se descritos no art.º 280.º do Código Civil, onde
se pode concluir que para que um negócio jurídico tenha validade é necessário que o objecto
visado seja possível:

fisicamente - como por exemplo um objecto fisicamente impossível: vencer o sol;

legalmente - como por exemplo um objecto legalmente impossível: vender o Convento de


Mafra;

e que esteja em conformidade com:

a ordem pública;

os bons costumes;

as normas contratuais.
É nulo o contrato cujo objecto não satisfaça as condições enunciadas, bem como todo o
negócio usurário.

Forma:

No art.º 219.º do Código Civil consagra o Princípio da liberdade de forma pois todo o contrato
é válido sem o preenchimento de quaisquer formalidades, desde que a lei nada determine em
contrário.

No entanto, há contratos que para serem válidos devem assumir a forma de escritura pública.
Como por exemplo: Contrato de sociedade, compra e venda de imóveis, trespasse de um
estabelecimento.

Cumprimentos dos Contratos


O cumprimento de um contrato consiste na realização integral da acção a que os
intervenientes estão obrigados no prazo previsto.

Quem pode realizar e receber a prestação

A prestação tanto pode ser realizada pelo devedor como por terceiros, salvo se algo
estiver convencionado em contrário.

No entanto, a prestação só deve ser feita ao credor ou a um seu representante e nunca a


um terceiro que nada tenha a ver com o contrato.

Lugar da prestação

De acordo com o art.º 772.º do Código Civil a prestação deve realizar-se em regra no
domicílio do devedor, excepto quando se trate de coisa móvel.

O prazo da prestação

É corrente na celebração de um contrato, estipularem-se prazos durante os quais as


obrigações contratuais devem ser cumpridas.

Não se verificando a existência de tal cláusula, e de acordo com a lei em qualquer


momento tanto o credor pode exigir o cumprimento da obrigação, como o devedor a
pode cumprir.
Existem no entanto situações especiais em que, mesmo estando estipulado um prazo, o
credor pode exigir o cumprimento da obrigação antes de expirar o prazo. Sendo as
seguintes apresentadas:

o devedor torna-se insolvente, isto é, não pode cumprir todos os seus compromissos;

diminuição de garantias por parte do devedor;

na falta de pagamento de uma das prestações do contrato, o credor pode exigir o


pagamento das restantes.

O não cumprimento do contrato por parte do devedor

A falta de cumprimento de uma obrigação por parte do devedor obriga-o a assumir a


responsabilidade de todos os prejuízos causados ao credor. Se não se verificar o
cumprimento voluntário do contrato, cabe ao tribunal, a requerimento do credor, obrigar
devedor ao seu cumprimento.

Solidariedade das obrigações comerciais

De acordo com o art.º 512.º do Código Civil:

a obrigação é solidária quando cada um dos devedores respnde pela prestação integral e
esta a todos libera, ou quando cada um dos credores tem a faculdade de exigir, por si só,
a prestação integral e esta libera o devedor para com todos eles;

a obrigação não deixa de ser solidária pelo facto de os devedores estarem obrigados, em
termos diversos ou com diversas garantias, ou de ser diferente o conteúdo das
prestações de cada um deles; igual diversidade se pode verificar quando à obrigação do
devedor relativamente a cada um dos credores solidários.

Num contrato civil, existe solidariedade se for:

da vontade das partes intervinientes;

imposta por lei.

Nas relações comerciais, os contraentes responderão todos por um e um por todos.

Garantias do cumprimento dos contratos

Na falta do cumprimento do contrato por parte do devedor, pode o credor requerer em


tribunal a liquidação do mesmo, através da execução dos bens do devedor.

Para requerer o pagamento a que tem direito, deve o credor fazer prova da existência da
dívida e do seu não cumprimento.
Para o cumprimento da obrigação, respondem todos os bens do devedor excepto os que
são imprescindíveis à sua vida e da sua família.

Este direito de execução constitui a garantia geral das obrigações, porque é comum a
todas elas, podendo por isso dizer-se que o património do devedor é:

a garantia geral das obrigações;

a garantia comum dos credores.

Você também pode gostar