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O cumprimento de uma obrigação é a realização das actuações nela previstas. Nos casos base
ele implica a satisfação do interesse do credor, através da prestação do devedor, de modo a
obter a realização do seu escopo.
A obrigação moderna reduz-se a um vínculo abstrato que une o devedor ao credor. Tudo
opera com vista a uma materialização que surgirá apenas no momento do cumprimento.
O credor vive nessa qualidade em função de algo que só no futuro irá receber: a prestação.
Natureza do cumprimento:
1. Teoria do contrato: o cumprimento pressuporia um contrato entre o credor e o
devedor, a somar à efectiva realização da prestação; teoria demolida por Heinrich
Lehmann, pois nas obrigações que postulem uma simples omissão, não é possível
construir qualquer contrato entre o que cumpre e o que recebe o cumprimento;
2. Teoria do contrato limitado: no direito alemão, os contratos translativos de domínio
são cumpridos através de acordo de transferência (tradição ou transmissão pelo
registo); em certos casos como o contrato promessa, o cumprimento exige um
contrato, mas em regra geral isso não sucede;
3. Teoria do acordo do escopo: o cumprimento ainda que não requerendo propriamente
um contrato exigiria um elemento objetivo (o acordo das partes quanto à afetação da
conduta ao escopo do cumprimento);
4. Teoria da realização finalística da prestação: uma simples conduta não é
cumprimento; sê-lo-á quando o prestador afete essa conduta à realização final da
prestação; não se exige nem um contrato nem um acordo entre as partes: antes um
acto negocial levado a cabo por aquele que cumpre;
5. Teoria da realização real da prestação: no cumprimento assiste-se ao consubstanciar
da conduta prevista na obrigação; o apelo a negócios ou acordos seria ficcioso:
bastaria a realização material da prestação devida para que o cumprimento ficasse
preenchido.
Menezes Cordeiro: o cumprimento feito pelo devedor ou por terceiro adstrito não pode ser
nem um negócio nem acto jurídico stricto sensu. O cumprimento não é um acto jurídico
voluntário; é um acto devido. Nele não se observa nem a liberdade de celebração nem por
maioria de razão liberdade de estipulação: o sujeito não é livre normativamente; não pode
utilizar a sua autonomia jurídica.
O cumprimento é uma actividade humana que o direito não considera voluntária, mas como
produz efeitos jurídicos resta considerá-lo um facto jurídico stricto sensu.
Quando o cumprimento é feito por terceiro não vinculado tem natureza diferente: o
cumprimento já não integra um acto devido, pode ser reconduzido a várias figuras consoante a
função. Nunca é um negócio jurídico; o terceiro cumpre ou não cumpre mas não pode
estipular. Considerá-lo-emos um acto jurídico stricto sensu, sempre que seja motor de uma
sub-rogação.
(Quando desencadeia os pressupostos da repetição do indevido ou do enriquecimento sem
causa, não é considerado como acto voluntário mas sim como facto jurídico.
Questão da doutrina: o devedor tem ou não um direito a cumprir? O devedor não tem um
direito subjectivo ao cumprimento. Apesar do credor estar adstrito a deveres e de o devedor
ter algumas permissões, falta a permissão normativa de aproveitamento de um bem, dirigida
ao devedor.
2. Os princípios do cumprimento
O princípio da propriedade privada (62°/1 CRP): a não haver cumprimento são atingidos
direitos fundamentais do credor.
Princípio da integralidade: a prestação não deve ser efectuada por partes: artigo 763°/1,
excepto se outra coisa for devida por convenção, leis ou usos.
Admite-se porém que o credor possa exigir apenas parte da sua prestação: artigo 763°/2, o
que se compreende, quem pode o mais pode o menos, havendo apenas uma renúncia
temporária a uma parcela do seu direito. O devedor pode oferecer a prestação por inteiro
(artigo 763°/2).
Princípio da concretização:
1. Quem pode fazer a prestação (legitimidade activa);
2. Quem pode receber a prestação (legitimidade passiva);
3. Lugar da prestação;
4. Prazo da prestação;
5. Imputação do cumprimento;
3. O prazo da prestação
Prazo da prestação: momento em que esta deve ser cumprida; quando esse momento chega
ocorre o vencimento da obrigação. O vencimento da obrigação torna esta imediatamente
exigível.
Ex: A deve 100 a B, caso a prestação deva ser efectuada dia 1 de Julho, temos essa data como
o prazo da prestação; quando esse momento chegar a obrigação diz-se vencida, e o B pode por
isso exigi-la de A.
Pode ocorrer que o prazo não esteja determinado ou não seja determinável; nessa altura o
vencimento poderá advir de decisão:
- do tribunal;
- do terceiro;
- do credor e do devedor por acordo;
- do credor;
- do devedor;
A interpelação produz efeitos nos termos gerais aplicáveis às declarações que tenham um
destinatário (artigo 224°/1).
Pode acontecer que a interpelação do devedor pelo credor só seja possível a partir de
determinado momento com a adveniência do qual a prestação também se diz exigível.
Pessoa Jorge: chamar a este tipo de exigibilidade – a possibilidade de interpelar – exigibilidade
fraca (distinguindo-se da forte que ocorre depois do vencimento). Se o credor não utilizar esta
faculdade o devedor pode recorrer ao tribunal (artigo 777°/3).
O prazo pode estar dependente do devedor, quer portes ter estipulado que o mesmo cumprirá
quando puder, quer por se ter estabelecido que tal sucederá quando ele quiser.
O devedor pode apresentar-se em determinada altura a cumprir ou declarar que está disposto
a fazê-lo. E se nunca o fizer?
- sendo a obrigação for para ser cumprida quando ele puder, a prestação é exigível quando o
devedor tenha de facto possibilidade de o fazer ou sempre aos seus herdeiros (artigo 778°/1);
- sendo a obrigação para ser cumprida quando o credor o desejar, a prestação só pode ser
exigida aos herdeiros do devedor (artigo 778°/2).
Quando nada estiver estabelecido nem quanto ao prazo nem quanto a quem o deva
determinar: o credor pode em qualquer momento interpelar o devedor assim como este pode
em qualquer altura oferecer o cumprimento (artigo 777°/1), qualquer das partes é
competente para determinar o prazo da obrigação.
Moratórias e antecipações
1. Prolongamento do prazo;
2. Antecipação do prazo;
Quando outra coisa não se mostre o prazo tem-se por estabelecido a favor do devedor.
Quando o prazo seja estabelecido a favor do devedor, o credor não pode antecipar o prazo; o
devedor pode porém fazê-lo sendo a prestação havida como comprimento efectivo (artigo
440° e 476°/3). Nos termos deste último artigo verifica-se o cumprimento antecipado pelo
devedor, mesmo que feito por erro desculpável, não pode ser desfeito; apenas permite a este
a repetição daquilo com que o credor se tenha enriquecido por força da antecipação.
O devedor pode perder o benefício do prazo com o efeito automático de a obrigação se tornar
imediatamente exigível (em sentido fraco) quando nos termos do artigo (780°/1) fique
insolvente ou por culpa sua diminuam as garantias de crédito ou não sejam prestadas as
garantias prometidas; nesta última hipótese ao credor cabe exigir o esforço ou a substituição
das garantias (artigo 780°/2).
Numa obrigação cuja prestação possa ser fraccionada no tempo, a falta de cumprimento de
uma das sub-prestações implica a perda de benefício do prazo em relação às restantes (artigo
781°).
Sendo o prazo estabelecido a favor do credor este pode provocar o vencimento antecipado da
obrigação, ao contrário do devedor; se o for a benefício de ambos a antecipação só é viável
por acordo salvo excepção legal (ex: artigo 1147°).
Pessoa Jorge: defende que o devedor não tem em principio direito aos frutos naturais
correspondentes ao período da antecipação (interusurium), sempre que a antecipação seja
provocada por ele. Nessa eventualidade o devedor renúncia naturalmente às vantagens que
lhe acarretaria o cumprimento feito no momento estabelecido.
Além desse motivo podemos apontar o artigo 1147° que expressamente determina essa
solução em relação ao mútuo oneroso e o artigo 476°/3 do qual se infere que quando haja
pagamento antecipado sem ser por erro desculpável (ou seja, por erro grosseiro ou
propositado o devedor ao tem direito a qualquer restituição).
Quando o credor possa antecipar o cumprimento nos casos em que a lei lho permita, o
interusurium compete logicamente ao devedor.
Menezes Cordeiro: conclui que o interusurium não cabe em principio nunca a quem tenha
provocado o vencimento antecipado.
4. O lugar da prestação
O lugar do cumprimento advém de Norma jurídica ou da vontade das partes. Sempre que as
disposições legais sejam supletivas (regra do direito das obrigações) as partes podem estipular
sobre o local do cumprimento (artigo 772°/1). O lugar do cumprimento pode advir da natureza
das coisas.
De acordo com o seu âmbito de aplicação as normas jurídicas dirigidas ao lugar da prestação
podem ser:
- genéricas;
- específicas;
Conforme reportem à generalidade das obrigações ou apenas a obrigações específicas.
Norma genérica supletiva dirigida ao local da prestação é a constante do artigo 772°/1: a
prestação deve ser efectuada no lugar do domicílio do devedor (artigos 82°’ss). Caso este
mude de domicílio, deve a prestação ser efectuada no local do novo domicílio, salvo quando a
alteração acarrete prejuízo ao credor, altura em que o cumprimento terá lugar no antigo
(artigo 772°/2).
Neste último caso (artigo 776°) aplicam-se as normas supletivas dos artigos 772° a 774°.
Se as partes não acordarem num local há que recorrer ao tribunal (por aplicação analógica do
artigo 777°/2).
5. A legitimidade e o cumprimento
Podemos operar uma distinção entre factos positivos e factos negativos ou se se quiser: factos
atributivos de legitimidade e factos privativos da mesma legitimidade.
Os factos positivos conferem legitimidade a certos beneficiários; os negativos retiram a
legitimidade a quem de outro modo a teria.
O facto legitimador por excelência é a titularidade nas situações activas. O titular de uma
posição: de um direito subjectivo: tem legitimidade para desencadear os diversos exercícios
que ela faculte.
No domínio do cumprimento tem legitimidade activa aquele que possa efectuar a prestação
devida.
Artigo 767°/1 CC: prestação pode ser feita pelo devedor ou por terceiro, interessado ou não no
cumprimento da obrigação.
Pode a prestação ser efectuada por qualquer pessoa excepto: 767°/2:
- quando tenha sido expressamente acordado que só o devedor possa cumprir;
- quando a substituição prejudique o credor, isto é, quando a prestação seja fungível ou
quando por qualquer outra razão não revista, quando feita por terceiro da mesma qualidade
que teria se fosse efectuada pelo devedor.
CC reforça esta injunção quando determina que o credor incorre em mora perante o devedor
quando recuse a prestação efectuada por terceiro (768°/1).
Excepção (artigo 768°/2): credor pode recusar a prestação quando cumulativamente:
- o devedor se oponha ao cumprimento por terceiro;
- o terceiro não possa ficar sub rogado no crédito nos termos do artigo 592°.
1ª: o terceiro pode ter cumprido nos termos de um contrato celebrado entre ele e o devedor;
2ª: o terceiro pode ter agido como gestor de negócios;
3ª: lugar ao enriquecimento sem causa quando o terceiro tenha cumprido na convicção errada
de estar obrigado a fazê lo.
4ª: pode estar se perante a hipótese de repetição do indevido;
5ª: pode ser o caso de sub rogação
6ª: pode haver uma doação do terceiro ao devedor.
Legitimidade passiva
Tem legitimidade passiva para efeitos do cumprimento aquele que possa receber a prestação.
6. A imputação do cumprimento
É necessário determinar com precisão por conta de que dívida é feito o cumprimento:
Ex: C está adstrito para com D a dois débitos de 100€ cada. Entrega a D 100€. Por conta de que
dívida deve tal prestação ser imputada?
A regra geral é a de que a imputação seja feita pelo devedor (738°/1). O artigo 738°/2 exige o
acordo do credor para que:
1. O devedor designe uma dívida não vencida se prazo tiver sido estabelecido a favor do
credor; tal regime deve ser estendido à hipótese de prazo estabelecido a favor de
ambos.
2. O devedor designe uma dívida de montante superior ao do cumprimento efectuado
quando o credor possa recusar a prestação parcial (763°/1).
Quando o devedor não use a faculdade que lhe é conferida de fazer a imputação (regras
supletivas):
784°
a) O cumprimento deve imputar se na dívida vencida
b) Sendo várias as dívidas vencidas na que oferecer menor garantia para o credor
c) Havendo várias dívidas igualmente garantidas na mais onerosa para o devedor
d) Entre várias dívidas igualmente onerosas, na que primeiro se tenha vencido
e) Vencidas as dívidas ao mesmo tempo, na mais antiga na data da constituição
7. A prova do cumprimento
Efectuado o cumprimento de uma obrigação, tem o seu autor o máximo interesse em poder
provar a ocorrência efectiva da sua realização.
No que toca às obrigações o ônus da prova funciona de forma diferente: ao credor compete
demonstrar o seu direito, provando o seu facto constitutivo (342°/1). Feita tal demonstração
caso tenha havido cumprimento cabe ao devedor mostrá-lo dada a sua eficácia extintiva
(342°/2).
8. Os efeitos do cumprimento
Liberação do devedor
Do cumprimento nem sempre resulta a extinção das obrigações, isto é o que sucede quando
seja nomeadamente realizado por terceiro.
Depois de extinta a relação obrigacional entendo nesse sentido nuclear cessado o contrato,
ainda se manteriam determinados deveres para as partes. São os deveres pós eficazes.
O NÃO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES
Temos não cumprimento/ incumprimento sempre que o devedor não realize de acordo com as
regras aplicáveis a prestação devida.
Podemos distinguir:
1. O incumprimento stricto sensu: não execução da prestação principal;
2. O incumprimento lato sensu: reporta a inobservância de quaisquer elementos
atinentes à posição do devedor ou do próprio credor (deveres acessórios).
Se a prestação não for possível, então ela extingue-se. Porque se o comportamento humano
não for possível de realizar então não pode ser prestada a prestação.
2. Quando pelo contrário, nesse momento, a prestação já não seja possível, ainda que por
obra do devedor, há impossibilidade.
Continuamos a falar de impossibilidade da prestação quando esta não tem lugar devido:
1. A terceiro;
2. Ao credor;
3. A um caso fortuito.
Modalidades de incumprimento
C) Cumprimento defeituoso;
D) Cumprimento parcial.
Regras sobre o prazo da prestação:
E) Incumprimento definitivo;
F) Incumprimento temporário ou mora.
Distinção entre:
Cumprimento retardado
O interesse do credor deve ser apreciado objetivamente – 808°/2 (aptidão que tenha a
prestação para satisfazer as necessidades do credor).
Ao atraso ilicitamente provocado pelo devedor chama-se mora do devedor. Quando seja pelo
credor há mora do credor.
Mora: atraso ilícito no cumprimento. Retardamento do objeto de valoração jurídica negativa.
Há mora do devedor sempre que por acto ilícito e culposo se verifique um cumprimento
retardado.
Requisito geral da exigibilidade da prestação
Em sentido forte: momento em que a prestação devia ser cumprida e o credo pode reclamar
juridicamente a sua execução imediata.
Artigo 805°: momento da constituição em mora. Esse momento é o do prazo da prestação.
Mas as partes podem fixar esse prazo (777°/1).
Distinção entre:
Mora ex persona: implica a fixação do prazo da prestação através da interpelação – 805°/1.
Mora ex ré: pressupõe um vencimento com qualquer outra origem – 805°/2, a) e b).
Responsabilidade obrigacional
Artigo 804°/1 ‘simples mora’ contrapõe o preceito ao incumprimento definitivo (casos em que
já não há interesse do credor, ou não é possível realizar a prestação). A mora implica a
manutenção do dever de prestar principal. Como implica danos para o credor, o devedor tem
de o indemnizar.
Nas obrigações pecuniárias há sempre danos; juros legais + 806°/1. 3 delimitações no 806°/2.
A situação da mora do devedor tem para além da responsabilidade o efeito de fazer correr por
conta deste o risco da impossibilidade superveniente da prestação.
Artigo 807°/1. Ao falar em perda e deterioração o artigo parece limitar a inversão do risco as
obrigações de dare; o professor Menezes Cordeiro entende que esta disposição visa todas as
obrigações.
Havendo mora do credor, a situação jurídica atingida mantém-se. 816°/1 o credor em mora
deve indemnizar o devedor:
1. Das maiores despesas que este seja obrigado a fazer com o oferecimento infrutífero da
prestação;
2. Das despesas que sejam feitas por causa da guarda suplementar da coisa.
A impossibilitação da prestação principal leva à sua substituição pelo dever de indemnizar: não
há alternativa.
Pode acontecer que numa obrigação pendente, o devedor tome a iniciativa de se dirigir ao
credor dizendo-lhe antecipadamente que a não irá cumprir.
Na acção de cumprimento o credor, alegando como causa de pedir o facto jurídico de que
emerge o seu crédito, pede ao tribunal que condene o devedor a cumprir, 817°.
A acção de cumprimento só pode ter lugar em relação à prestação que ainda pode ser
cumprida.
Se a prestação se tiver tornado impossível, a acção de cumprimento deve pedir não a
efetivação da obrigação extinta mas antes a realização da indemnização que caiba.
Qualquer execução específica pressupõe que a prestação a realizar seja ainda possível não se
tendo extinto a obrigação respetiva.
A IMPOSSIBILIDADE DO CUMPRIMENTO
18. A Impossibilidade e a sua Evolução
O credor pode no entanto resolver o negócio quando não tenha interesse no cumprimento
parcial – 793º/2. (quando haja prestações reciprocas).
Ex: A deve entregar a B uma coisa, que C destrói. A prestação impossibilita-se e a obrigação
extingue-se. Se por força de tal destruição A receber de C 50€, deve prestar estes a B. (Não
confundir esta figura com a eficácia externa das obrigações: só seria assim, se B pedisse
directamente o dinheiro a C pelos prejuízos sofridos).
Artigo 801º/1: tornando impossível a prestação por causa imputável ao devedor, é este
responsável como se faltasse culposamente ao cumprimento da obrigação.
O não cumprimento parcial não permite a resolução se, atendendo ao seu interesse, tiver
escassa importância (802º/2).
O risco corre por conta de quem tem a vantagem. Risco cai sobre o credor (normalmente).
No caso das obrigações reciprocas o risco pela impossibilitação de alguma das prestações corre
por conta dos dois contratantes. Uma vez que a parte cuja obrigação se mantem fica
desobrigada (795º) total ou parcialmente (793º) – direito a restituições caso já tenha
efectuado a prestação.
O risco corre por conta do titular do direito. Nas obrigações genéricas e alternativas a
concentração da obrigação opera como forma de determinação da prestação. Risco pelas
mesmas regras.
Não se pode dizer que há cumprimento da obrigação (762º/1): devedor não está liberado com
a realização dessa prestação.
Não há liberação do devedor: podem se dar duas situações: devedor fica em mora (804º) ou
em incumprimento definitivo (808º).
No caso da mora o credor tem ainda interesse na prestação, pelo que cabe ao devedor reparar
o defeito. No segundo caso, do incumprimento definitivo, o credor perde o interesse na
prestação; devedor tem de pagar uma indemnização por incumprimento definitivo.
Não ocorre nenhuma destas situações quando o devedor cumpra defeituosamente antes do
vencimento e repare também os danos antes do vencimento.
STAUB: disse que havia uma lacuna no BGB – limitando-se a prever a responsabilidade por
impossibilidade de cumprimento ou pela mora na execução, omitindo a situação da prestação
defeituosa. Este caso de defeito da prestação, para o autor era um caso de violação positiva do
contrato ao contrário da violação negativa (são os outros dois casos). Resolvia esta lacuna
através da aplicação analógica do regime da mora.
Deveres acessórios
Há cumprimento ou prestação inexacta sempre que chegando o prazo para a sua execução,
esta seja efectivada em termos que não correspondam à conduta devida (insuficiência; má
qualidade).