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MÉTODO KORSAKOVIANO PARA A ESCALA DECIMAL A PARTIR DA

TINTURA-MÃE, DE DROGA SOLÚVEL E INSOLÚVEL

OS INSUMOS INERTES
Para as seis primeiras dinamizações decimais utilizar o mesmo insumo
inerte empregado na preparação da TM ou, no caso de drogas solúveis, o mesmo
insumo inerte que dissolveu a droga. Para as potências intermediárias e matrizes,
utilizar etanol 70%. Para a última potência, o insumo inerte a ser utilizado vai
depender da forma farmacêutica a ser dispensada, se líquida (dose única líquida e
preparações líquidas administradas sob a forma de gotas) ou sólida (dose única
sólida, glóbulos, comprimidos, tabletes e pós). Para as drogas insolúveis utilizar a
lactose como insumo inerte.

A TÉCNICA DE PREPARAÇÃO

1. Adicionar 1 mL de TM em um frasco de 15 mL de capacidade. No caso


de insumo ativo solúvel, pesar 1 g e colocá-lo em um cálice.
2. Agregar 9 mL de insumo inerte no frasco que contém a TM. Para o
insumo ativo solúvel, acrescentar quantidade suficiente de insumo inerte para 10
mL (2/3 da capacidade do frasco) ao cálice que contém a droga pesada. Não
esquecer de utilizar o mesmo insumo inerte que diluiu a TM e a droga, até a sexta
dinamização decimal preparada segundo o método korsakoviano.
3. Proceder a cem sucussões vigorosas. Temos a proporção de uma
parte do insumo ativo para dez partes do insumo inerte. Está pronta a 1D.
4. Com a pipeta de 10 mL desprezar 9 mL da dinamização 1D, de tal
forma que fique 1 mL dela no frasco dinamizador.
5. Agregar 9 mL de insumo inerte no mesmo frasco dinamizador em que
está a 1D.
6. Proceder a cem sucussões vigorosas. Temos a proporção de uma
parte da TM
ou da droga solúvel para cem partes do insumo inerte. Está pronta a 2D.
7. Com a pipeta de 10 mL desprezar 9 mL da dinamização 2D, de tal
forma que fique 1 mL dela no frasco dinamizador.
8. Agregar 9 mL de insumo inerte no mesmo frasco dinamizador em que
está a 2D.
9. Proceder a cem sucussões vigorosas. Temos a proporção de uma
parte da TM
ou da droga solúvel para mil partes do insumo inerte. Está pronta a 3D.
10. Proceder do mesmo modo para as demais dinamizações.
Somente será possível utilizar o método korsakoviano para a escala decimal
a partir de droga insolúvel se utilizarmos como ponto de partida a 6DH trituração.
Para solubilizar a 6DH trit., em um cálice dissolver uma parte do triturado em
oitenta partes de água destilada e completar para vinte partes de etanol 96%.
Sucussionar cem vezes para obter diretamente a 8DH, pois a lactose utilizada na
trituração é insolúvel na proporção 1/10. Daí para a frente preparar de acordo com
o método korsakoviano descrito para a escala decimal.

MÉTODO KORSAKOVIANO A PARTIR DA POTÊNCIA 30CH

OS INSUMOS INERTES

O insumo inerte utilizado nas preparações intermediárias obtidas por meio


do método korsakoviano a partir da potência 3OCH é o etanol 70% (p/p). Para a
última potência, o insumo inerte a ser utilizado vai depender da forma
farmacêutica a ser dispensada, se líquida (dose única líquida e preparações
líquidas administradas sob a forma de gotas) ou sólida (dose única sólida, glóbulos,
comprimidos, tabletes e pós).
A TÉCNICA DE PREPARAÇÃO
1. Colocar no frasco dinamizador quantidade suficiente da potência
3OCH de modo que possa ocupar 2/3 de sua capacidade.
2. Emborcar o frasco, deixando escoar livremente o líquido por cinco
segundos.
3. Adicionar o insumo inerte no mesmo frasco de modo que restabeleça
o volume de 2/3 de sua capacidade.
4. Proceder a cem sucussões. Está pronta a 31K.
5. Para obter as demais potências, repetir esse procedimento.

MÉTODO DE FLUXO CONTÍNUO A PARTIR DA POTÊNCIA 30CH

O INSUMO INERTE
O insumo inerte utilizado nas preparações intermediárias obtidas por meio
do método de fluxo contínuo a partir da potência 3OCH é a água destilada.

O DINAMIZADOR DE FLUXO CONTÍNUO


As altíssimas dinamizações são praticamente impossíveis de serem
preparadas à mão. Para tanto, essas potências são obtidas por meio de um
aparelho denominado “Dinamizador de Fluxo Contínuo”. Para a padronização da
técnica, os dinamizadores de fluxo contínuo devem apresentar algumas
características obrigatórias e para obtenção de medicamentos de qualidade os
operadores precisam tomar alguns cuidados especiais.
A entrada do insumo inerte na câmara deve acontecer próximo ao centro
do vórtice do líquido em dinamização. Assim, a água que entra na câmara de
dinamização pode ser turbilhonada antes de ser expulsa.

• A capacidade total da câmara deve ser medida até a altura da saída


lateral do líquido, com o aparelho em funcionamento.
• Cem sucussões correspondem a cem rotações da palheta
dinamizadora. As partes que entram em contato com o líquido dinamizado
(câmara de dinamização e palheta dinamizadora) devem ser de material
termorresistente, para serem devidamente lavadas em água destilada e, a seguir,
esterilizadas, a cada nova dinamização.
• As partes que entram em contato com o insumo inerte (funil de
separação de fases, coluna de vidro e válvula de regulagem do fluxo) devem ser
lavadas em água destilada e esterilizadas. Os anéis de vedação dessas partes,
geralmente feitos de plástico ou de borracha de qualidade, devem ser lavados em
água destilada e deixados imersos por duas horas numa solução de etanol a 70%.
Tudo deve estar seco e limpo antes do início do processo de preparação das altas
potências.
• A potência desejada será determinada pelo tempo necessário para
sua obtenção. Alcançado o tempo programado para o término da operação,
desligar simultaneamente a entrada de água e o motor.
• O processo será interrompido sempre duas dinamizações anteriores
àquela que se pretende obter. Fazer mais duas dinamizações manuais de acordo
com o método hahnemanniano: a primeira preparada em álcool 70%, para ficar
armazenada no estoque e servir como matriz, e a segunda para atender à
prescrição médica.
• As potências que deverão ficar estocadas como matrizes são: 199 FC,
499 FC, 999 FC, 4.999 FC, 9.999 FC, 49.999 FC e 99.999 FC, para preparar,
respectivarnente, as potências 200 FC, 500 FC, 1M FC, 5M FC, 10M FC, 50M FC e
l00M FC.
• Segundo a Farmacopeia Homeopática Brasileira II, a dispensação do
medicamento homeopático obtido a partir do método de fluxo contínuo deve dar-
se somente a partir da 200 FC até a lOOM FC, como limite máximo.
• A calibração da entrada de água destilada na câmara de dinamização
é fundamental para que ocorra um fluxo contínuo e constante. Ela depende,
basicamente, da capacidade da câmara de dinamização e do número de rotações
que o motor proporciona a cada sessenta segundos. Ela deve ser realizada sempre
que o aparelho for novamente montado, após ter sido feita sua manutenção e
limpeza.

A CALIBRAÇÃO DO FLUXO

Com o dinamizador de fluxo contínuo montado, o funil de separação de fases


com água destilada e a câmara de dinamização vazia, a operação de calibração
pode ser iniciada. Fazer os seguintes cálculos, tomando como exemplo um
aparelho de fluxo contínuo com uma câmara de 2 mL de capacidade e com um
motor de 3.600 rpm:
3.600 rotações 60 segundos
100 rotações X segundos
X = 1,66666 segundos

Portanto, para cada cem rotações temos 1,66666 segundos, ou seja, 2 mL


devem passar pela câmara de dinamização em 1,66666 segundos. Como é
impossível medir 2 mL neste curto espaço de tempo, deve-se usar um cálice de
60 mL como padrão:
2 mL 1,66666 segundos
60 mL X segundos
X 50 segundos
• Abrir a válvula de controle do fluxo e acionar o motor deixando fluir a
água até que a câmara de dinairiização fique totalmente cheia e comece a vazar
pela saída lateral através de um dreno que vai dar numa pia, por exemplo.
• Fechar a válvula de controle do fluxo, esperar o término da saída da
água e desligar o motor.
• Trocar o dreno por um cálice de 60 mL, conforme o exemplo dado,
para a coleta da água que sai pela lateral da câmara de dinamização.
• Iniciar o processo, abrindo a válvula de controle do fluxo e acionando
ao mesmo tempo o motor.
• Anotar o tempo necessário para que o nível atinja 60 ml.
• Repetir a operação regulando a válvula de controle do fluxo até que
esse tempo seja de cinquenta segundos.

• Está pronta a calibração do fluxo de água que entrará na câmara de


dinamização. Refazer os cálculos quando a capacidade da câmara de dinamização
e a velocidade do motor forem outras.

A TÉCNICA DE PREPARAÇÃO
Tomando por base um aparelho de fluxo contínuo com câmara de
dinamização com capacidade de 2 ml e com motor de 3.600 rpm, teremos o tempo
de 1,6666 para cada dinamização, conforme visto anteriormente. Para preparar
uma 200FC, por exemplo, faremos os seguintes cálculos antes de iniciar o processo
básico de dinamização com o aparelho de fluxo contínuo:
N = (FC —2) — 3OCH
onde:
N = número de dinamizações
FC = potência FC final
Assim, para a 200FC, teremos:
N = (200FC — 2) — 3OCH N=198FC— 3OCH
N = 168 dinamizações
Se, para cada dinamização, são consumidos 1,66666 segundos, teremos:
1,66666 seg. x 168 dinamizações = 280 seg.
Para saber o volume de insumo inerte a ser colocado no reservatório de
água destilada, basta multiplicar o fluxo pelo tempo:
V=FxT
V = 60 ml/50
seg. x 280
seg. V = 336 mL

O procedimento-padrão para o método do fluxo contínuo é o seguinte:


1. Preparar uma 3OCH em etanol 70% (ponto de partida para as
dinamizações preparadas pelo método de fluxo contínuo).
2. Encher a câmara de dinamização com a potência 3OCH.
3. Acrescentar quantidade suficiente de água destilada no reservatório
superior e na coluna. Se o volume de solvente para atingir a dinamização desejada
for superior à capacidade do reservatório de água destilada, ir alimentando o funil
de separação de fases durante o processo. Isto pode ser realizado sem interrupção
da dinamização.
4. Acionar simultaneamente a entrada de água e a rotação do motor.
5. Esgotado o tempo previsto para a operação, interromper o processo.
6. Realizar mais duas dinamizações manuais (1/100).

BIOTERÁPICOS

Bioterápicos, de acordo com o Manual de Normas Técnicas da Associação


Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, são “produtos não quimicamente
definidos (secreções, excreções fisilógicas ou patológicas, certos produtos de
origem microbiana e alérgenos) que servem de matéria-prima para as preparações
bioterápicas de uso homeopático”. Estes medicamentos podem ser classificados
em duas grandes categorias:
BIOTERÁPICOS DE ESTOQUE
1. Códex - soros, vacinas, toxinas e anatoxinas, inscritos na
Farmacopeia Francesa, preparada por laboratórios especializados (Instituto
Pasteur francês ou Mérieux).
Ex: BCG, Staphylo Toxinum, Tuberculinum.
2. Simples - Obtidas a partir de “vacinas estoques” constituídas por
culturas microbianas puras, lisadas e atenuadas em determinadas condições. Ex:
Colibacillinum, Influenzinum, Streptococcinum.
3. Complexos - definidos pelo seu modo de obtenção (secreções ou
excreções patológicas) ou seu modo de preparação. Ex. Luesinum, Psorinum,
nosódios intestinais Bach-Paterson.
4. Ingleses (Nosódios Intestinais de Bach-Paterson).
5. Bioterápicos Dr. Roberto Costa - (nosódios vivos Roberto Costa) - São
preparados com micro-organismos vivos, na escala decimal, usando como diluente
cloreto de sódio 0,9%. A solução de partida é uma suspensão contendo três bilhões
de micro-organismos por ml, em solução. Até a D 11 as diluições são feitas em
solução fisiológica 0,9%. Da D12 em diante, as diluições são feitas em solução
hidroalcoólicas 50%. Para cada diluição são dadas 50 sucussões.

ISOTERÁPICOS
1. Isoterápicos ou heteroisoterápicos são preparados a partir de
substâncias exógenas (alérgenos, toxinas ou medicamentos), tudo que de alguma
forma “sensibilize” o paciente. Estão nessa categoria todos os alérgenos, pólens,
poeiras, pelos, solventes, medicamentos alopáticos, alimentos, etc.
2. Autoisoterápicos ou endógenos (autonosódios) - são preparados a
partir de excreções ou secreções obtidas do próprio doente (sangue, urina,
escamas, fezes, pus, etc). Antigamente eram camadas de nosódios.

Prescrição
Poderá ser solicitado por médicos, veterinários e dentistas. No receituário
deve constar material que deve ser ou foi coletado (dinamização e forma
farmacêutica desejada). Como as farmácias não estão preparadas para a
realização de coletas de materiais veterinários, seria interessante conversar com
a (o) farmacêutica (o) responsável de uma farmácia homeopática e se informar
sobre o modo de coleta e conservação.
Nunca se esquecer de avisar se o material for de doença infectocontagiosa,
com mais ênfase ainda se for uma zoonose. Segundo os farmacêuticos, FORMOL
não é ideal, devendo ser evitado, melhor são água/álcool/glicerina, soro fisiológico
ou álcool 96°. O material tem prazo de validade, é interessante consultar a
farmácia.

Exemplos

Bioterápicos ditos “Códex”


• Aviare (sinonímia: Tuberculinum aviarium) - produto otido a partir de
culturas de mycobacterium tuberculosis, variedade aviare, sem adição de
antissépticos.
• Diphtericum - soro antidiftérico proveniente de animais imunizados
com toxina ou com anatoxina diftérica.
• D.T.T.A.B. - toxina diftérica diluída, obtida dissolvendo-se o líquido da
cultura do bacilo diftérico recentemente preparado e filtrado em filtro de porcelana,
com solução isotônica de cloreto de sódio.
• Gonotoxinum - vacina antigonogócica constituída por uma suspensão
de bactérias provenientes de culturas de “gonococos” mortos por aquecimento,
em solução isotônica de cloreto de sódio.
• Staphylo Toxinum - preparado a partir de anatoxina estafilocócica
descrita no “Códex”.
• Tuberculinum - tuberculina bruta obtida a partir de culturas de
espécies de Mycobacterium tuberculosis de origem humana e bovina. Antiga
denominação: T.K.
• Vaccinotoxinum - vacina antivariólica preparada a partir de
fragmentos epidérmicos recolhidos por raspagem de uma erupção cutânea de
varíola em uma novilha inoculada, após cinco dias com o vírus da varíola.

Bioterápicos simples
• Colibacilinum - lisado obtido a partir de culturas de Escherichia coli,
sem adição de antissépticos.
• Eberthinum - lisado a partir de culturas de Salmonella typhi, sem
adição de antisséptico.
• Enterococcinum - lisado obtido a partir de culturas de Streptococcus
faecalis, sem adição de antisséptico.
• Paratyphoidinum B - lisado obtido a partir de culturas de Salmonella
paratyphi B sem adição de antisséptico.
• Staphylococcinum - lisado obtido a partir de culturas de
Staphylococcus aureus, sem adição de antisséptico.
• Streptococcinum - lisado obtido a partir de culturas de Streptococcus
detoxicados, sem adição de antisséptico.

Bioterápicos complexos
• Anthracinum - preparado a partir de um lisado de fígado de coelho
infectado por carbúnculo (Bacillus anthracis).
• Luesinum - lisado de serosidades treponêmicas de cancros duros,
preparados sem adição de antissépticos. Antiga denominação: Syphilinum.
• Medorrhinum - lisado de secreções uretrais blenorrágicas colhidas
antes de tratamento por antibióticos ou sulfamidas.
• Pertussinum - lisado de expectoração de doentes com coqueluche,
colhidas antes de qualquer tratamento.
• Psorinum - lisado de serosidade de lesões de sarna, colhida de
doentes sem tratamento prévio.

Bioterápicos ingleses

• Bacilo de Morgan (Proteus morgani) Bacilo Gram-negativo, móvel,


anaeróbio facultativo, isolado de fezes de crianças com diarreia estival; ele seria
responsável pela diarreia.
• Dysentery-Co ou B. dysenteriae (Shigella dysenteriae) - Bacilo Gram-
negativo imóvel, anaeráobico facultativo, agente da disenteria bacilar à qual só o
homem e o macaco são sensíveis.
• B. Gaertner (Samonella enteritidis) - S. enteritidis é um sorotipo de
Salmonella, frequente nos animais, que provoca intoxicações alimentares no
homem.
• Sycotic-Co ou Sycoccus-Paterson (Streptococcus faecalis) -
estreptococo ovoide, alongado, não hemolítico, isolado de matérias fecais do
homem e dos animais.
• Bacillus nº 10 - não há correspondente na nomenclatura bacteriógica.
Preparado pela Farmácia Nélson, de Londres, sem mais informações.

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