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EMPRESA EM REDE

A empresa em rede: a cultura, as instituições


e as organizações da economia
informacional
CASTELLS, Manuel

Iara Maria Dâmaso Cardoso


Júlia Rossi Rodrigues
Lorrane Priscila de Castro
Ricael Spirandeli Rocha
Vinicius Garcia de Souza Tristão

Unidade Curricular: Sociedade, Tecnologia e Educação


Professor Dr. Márcio Bonesso
A EMPRESA EM REDE
O que caracteriza o desenvolvimento da economia
informacional global é exatamente seu surgimento em
contextos culturais/nacionais muito diferentes: na América
do Norte , Europa Ocidental, Japão, "círculo da China",
Rússia, América Latina e outros locais do planeta, exercendo
influência em todos os países e levando a uma estrutura de
referências multiculturais.
Trajetórias organizacionais na reestruturação
do capitalismo e na transição do
industrializado o informacionalismo
1- Quaisquer que sejam as causas e origens de transformação organizacional, houve, de
meados dos anos 1970 em diante, uma divisão importante (industrial em outra) na
organização da produção e dos mercados na economia global.
2- As transformações organizacionais interagiram com a difusão da tecnologia da
informação, mas em geral eram independentes e perceberam essa difusão nas empresas
comerciais.
3- O objetivo principal das transformações organizacionais em várias formas era lidar
com a incerteza causada pelo ritmo veloz das mudanças no ambiente econômico,
institucional e tecnológico da empresa, aumentando a flexibilidade em produção,
gerenciamento e marketing.
4- Muitas transformações organizacionais visavam redefinir os processos de trabalho e
as práticas de emprego, introduzindo o modelo ' produção enxuta" com o objetivo de
economizar mão de obra, eliminação de tarefas e suspensão de camadas administrativas.
Da produção em massa à produção
flexível ou do "Fordismo" ao "pós-
fordismo"
Da produção em massa à produção flexível ou do "Fordismo" ao
"pós-fordismo“. O modelo de produção e massa fundamentou-se em
ganhos de produtividade obtidos por economia de escala em um
processo mecanizado de produção padronizada com base em linhas
de montagem, sob as condições de controle de um grande mercado
por uma forma organizacional específica: a grande empresa
estruturada nos princípios de integração vertical e na divisão social e
técnica institucionalizada de trabalho. Esses princípios estavam
inseridos nos métodos de administração conhecidos como
"taylorismo" e "organização científica do trabalho", adotados tanto
por Henry Ford quando por Lenin.
A empresa de pequeno porte e a
crise da empresa de grande
As empresas de pequeno e médio porte parecem ser formas
de organização bem adaptadas ao sistema produtivo flexível
da economia informacional e também é certo que seu
renovado dinamismo surge sob o controle das grandes
empresas, as quais permanecem no centro da estrutura do
poder econômico na nova economia global. Estamos
observando a crise do modelo corporativo tradicional
baseado na integração vertical e no gerenciamento funcional
hierárquico: " a organização linha-staff" de rígida divisão
técnica e social do trabalho dentro da empresa.
O "toyotismo" é um sistema de gerenciamento
mais destinado a reduzir incertezas que a
estimular a adaptabilidade. A flexibilidade está
no processo, não no produto.
Formação de rede entre empresas
• modelo de redes multiderecional,
FLEXIBILIDADE
ORGANIZACIONAL, posto em prática por empresas de
CARACTERIZADAS pequeno e médio porte
POR CONEXÕES
ENTRE EMPRESAS
• modelo de licenciamento e
subcontratação, sob controle de
uma grande empresa.
Alianças corporativas estratégicas
•São parcerias que dizem respeito a épocas, mercados,
produtos e processos específicos e não excluem
concorrência nas áreas não cobertas pelos acordos.

•A grande empresa nesta nova economia não é mais


autônoma e auto-suficiente.
“Suas operações reais são conduzidas com outras empresas: não apenas
com as centenas ou milhares de empresas sub contratadas e auxiliares, mas
dezenas de parceiras relativamente iguais, com as quais ao mesmo tempo
cooperam e competem neste admirável mundo novo econômico, onde
amigos e adversários são os mesmos”. (p.184)
A empresa horizontal e as redes
globais de empresas

• A rede horizontal é um tipo de rede formada por organizações


que concorrem na oferta de determinado bem, serviço ou
operação. Deste modo, geram um modelo horizontal de rede que
para obter ganhos em áreas comuns, por exemplo, pesquisa,
distribuição, marketing setorial.
A empresa horizontal e as redes
globais de empresas
A empresa horizontal apresenta sete tendências principais:
1 – Organização em torno do processo, não da tarefa,
3 – Gerenciamento em equipe;
4 – Medida de desempenho pela satisfação do cliente;
5 – Recompensa com base no desempenho da equipe;
6 – Maximização dos contatos com fornecedores e clientes;
7 – informação, treinamento e retreinamento de funcionários em
todos os níveis.
A crise do modelo de empresas verticais
e o desenvolvimento das redes de
empresas
• Rede vertical se caracteriza por ser formada por organizações que oferecem
bens, serviços ou operações complementares.

• A formação de redes de subcontratação centralizadas em grandes empresas


constitui um fenômeno diferente da formação de redes horizontais de pequenos
e médios negócios.

• Desintegração do modelo organizacional de burocracias racionais e verticais.

• Dessa crise, surgiram vários modelos e sistemas organizacionais que


prosperaram ou fracassaram de acordo com sua adaptabilidade aos contextos
de competitividade.
As redes de redes: o modelo
Cisco

A própria empresa deve tornar-se uma rede e


dinamizar cada elemento de sua estrutura interna.
Este, é na essência, o significado e o objetivo do
modelo global de empresa em rede que a Cisco
propôs.
A tecnologia da informação e a
empresa em rede
• A maior parte dos métodos de envolvimento de trabalhadores experimentados
pelas empresas japonesas, suecas e norte-americanas exigia mais mudança de
mentalidade que mudança de máquinas;

• Em 1980, supunha-se que a tecnologia da informação fosse a ferramenta


mágica para reformar e transformar a empresa industrial;

• Controles computadorizados causavam até mais interrupções que as redes de


comandos pessoais tradicionais em que ainda havia lugar para alguma forma
de barganha implícita;

• Tecnologia considerada dispositivo para economizar mão de obra e


oportunidade de controlar os trabalhadores.
A tecnologia da informação e a
empresa em rede
• Transformação organizacional ocorreu independentemente da transformação
tecnológica;

• A capacidade de empresas de pequeno e médio portes se conectarem em redes,


entre si e com grandes empresas, também passou a depender da
disponibilidade de novas tecnologias, uma vez que o horizonte das redes
tornou-se global;

• Foi devido a necessidade de utilização de redes pelas novas organizações –


grandes e pequenas – que os computadores pessoais e as redes de
computadores foram amplamente difundidos;

• A integração em redes tornou-se a chave da flexibilidade organizacional e do


desempenho empresarial.
Cultura, instituições e organização
econômica: redes de empresas do
leste asiático
• Formas de organização econômica não se desenvolvem em um
vácuo social: estão enraizadas em culturas e instituições;

• Cada sociedade tende a gerar os próprios sistemas organizacionais;

• A “lógica de mercado” é mediada pelas organizações, cultura e


instituições;

• Os mecanismos de mercado mudam ao longo da história e


funcionam mediante várias formas organizacionais.
Tipologia das redes de empresas
do leste asiático
JAPÃO:
• Grupos empresariais são organizados em redes de empresas que são donas umas das
outras e cujas empresas principais são dirigidas por administradores. Se dividem em dois
subtipos: redes horizontais e redes verticais;

• Companhia trading para cada rede;

• Integradora do sistema;

• Dificulta muito a penetração de qualquer empresa externa ao grupo de mercados;

• Empresas oferecem emprego vitalício a seus trabalhadores;

• Trabalho em equipe e autonomia no desempenho da tarefa são a regra;

• Mulheres e jovens com pouca instrução constituem o grosso dessa mão de obra
periférica.
Tipologia das redes de empresas
do leste asiático
CORÉIA:

• Hierárquicas;

• Empresas da rede são controladas por uma holding central


possuída por uma pessoa e sua família;

• Empresas da chaebol relativamente grande e funciona sob a


iniciativa coordenada da alta administração centralizada da
chaebol.

• Mulheres desempenham um papel bem reduzido


Tipologia das redes de empresas
do leste asiático
CHINA:

• Organização baseia-se em empresas familiares (jiazuqiye) e em redes de


empresas de diversos setores (jiiuanqiye);

• As empresas pertencem a família, e o valor predominante diz a respeito à


família, não à empresa;

• Sistema familiar baseia-se na descendência paterna e na herança igual para os


filhos do sexo masculino;

• Fontes de financiamento informais;

• Administração altamente centralizada e autoritária.


Cultura, organizações e instituições:
redes de empresas asiáticas e o Estado
desenvolvimentista
• A organização econômica do Leste Asiático baseia-se em redes de
empresa formais e informais;

• Segundo Nicole Biggart e Gary Hamilton as empresas japonesas


colocam em prática uma lógica comunitária, já as empresas coreanas
possuem uma lógica patrimonial e as taiwanesas tem uma lógica
patrilinear;

• Essas três culturas misturaram-se ao longo dos séculos e foram


profundamente permeadas pelos valores filosóficos/religiosos do
confucionismo e do budismo em seus vários padrões nacionais e a
principal diferença entre elas está no papel do Estado tanto
historicamente como no processo de industrialização;
Cultura, organizações e instituições:
redes de empresas asiáticas e o Estado
desenvolvimentista
• A confiança e a reputação são as qualidades principais em uma rede de obrigações, por
isso as redes estáveis têm de ser estabelecidas e baseadas na confiança mútua;

• A cultura promove as semelhanças dos modelos de empresas em rede , enquanto as


instituições parecem ser as responsáveis pela grandes diferenças, embora,
concomitantemente, reforcem a lógica do sistema de redes;

• Os grupos empresariais do Japão, por exemplo, tendem a ser organizados verticalmente


baseados em uma empresa principal que desfruta de um acesso direto ao Estado;

• No Japão, o governo orienta o desenvolvimento econômico assessorando as empresas


sobre linhas de produtos, mercados de exportação, tecnologia e organização do trabalho,
as quais são muito dependentes de empréstimos bancários;
Cultura, organizações e instituições:
redes de empresas asiáticas e o Estado
desenvolvimentista
• Na china durante as últimas décadas do Estado Imperial e no breve
período do Estado do Kuomintang, as empresas eram ao mesmo tempo
maltratadas e solicitadas, vistas como fonte de renda e não como
geradoras de riqueza;

• Isso levou a danosas práticas de tributação excessiva, a falta de apoio a


industrialização e ao favoritismo de alguns grupos empresariais, fazendo
com que as empresas chinesas se mantivessem distantes do Estado;

• Esse distanciamento do Estado enfatizou o papel da família. Quando o


Estado não agia para criar o mercado, as famílias responsabilizavam-se
de fazê-lo sozinhas, ignorando-o e inserindo os mecanismos de mercado
nas redes socialmente construídas;
Cultura, organizações e instituições:
redes de empresas asiáticas e o Estado
desenvolvimentista
• A configuração dinâmica das redes de empresa do Leste Asiático,
surgiu na segunda metade do século XX, sob o impulso do que
Chalmers Johnson definiu como Estado Desenvolvimentista;

• O surgimento da empresa em rede é visto como a forma


organizacional preponderante na economia da informação;

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