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avaliação de desempenho

Perícia trabalhista e

UNOPAR PERÍCIA TRABALHISTA E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO


Perícia
trabalhista e
avaliação de
desempenho

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Perícia
trabalhista e
avaliação de
desempenho
Cleverson A. Beleze

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© 2014 by Unopar

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Capa: Solange Rennó
Diagramação: Casa de Ideias

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Beleze, Cleverson A.
B428p   Perícia Trabalhista e Avaliação de Desempenho /
Cleverson A. Beleze – Londrina: UNOPAR, 2014.
144 p.

ISBN 978-85-87686-54-1

1. Perícia. 2. Trabalhista. I Título.


CDD 344

2014
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Sumário

Unidade 1 — Perícia trabalhista.....................................1


Seção 1  Aspectos legais e contextuais...............................................3
1.1 Histórico da legislação trabalhista............................................................3
1.2 Introdução à perícia trabalhista................................................................4
Seção 2  Metodologia.......................................................................10
2.1 Formulação de quesitos.........................................................................10
Seção 3  Avaliação de desempenho..................................................13

Unidade 2 — Adicional de insalubridade e


periculosidade........................................21
Seção 1  Legislação..........................................................................23
Seção 2  Agentes físicos...................................................................28
2.1 Ruído.....................................................................................................28
2.2 Calor.....................................................................................................31
2.3 Radiações ionizantes.............................................................................33
Seção 3  Agentes químicos...............................................................35
3.1 Gases.....................................................................................................37
3.2 Vapor.....................................................................................................37
3.3 Poeiras...................................................................................................38
Seção 4  Agentes biológicos ............................................................39
Seção 5  Adicional de periculosidade...............................................42
5.1 Explosivos e inflamáveis ........................................................................43
5.2 Energia elétrica......................................................................................45
5.3 Profissionais de segurança pessoal e patrimonial...................................46

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vi  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Unidade 3 — Condições de risco e formas


de controle.............................................51
Seção 1  Tipos de risco.....................................................................52
1.1 Análise de risco ....................................................................................54
1.2 Análise preliminar de risco (APR)...........................................................54
1.3 Análise de falha humana ......................................................................55
1.4 Análise de falhas e efeitos .....................................................................55
1.5 Permissão para trabalhos (PT) ................................................................55
Seção 2  Métodos e técnicas de prevenção......................................56
2.1 Treinamentos ........................................................................................56
2.2 Equipamento de Proteção Individual (EPIs)............................................56
2.3 DDS ou BDS..........................................................................................57
2.4 Equipamento de Proteção Coletiva (EPC)...............................................57
2.5 Inspeção................................................................................................58
2.6 Relatório................................................................................................60
Seção 3  Acidente de trabalho..........................................................61
3.1 Doença profissional ..............................................................................63
3.2 Doença do trabalho...............................................................................64
3.3 Auxílio doença......................................................................................65
3.4 Auxílio acidente.....................................................................................65
3.5 Pecúlio..................................................................................................66
3.6 CAT........................................................................................................67

Unidade 4 — Auditoria.................................................71
Seção 1  Fundamentos da auditoria.................................................73
Seção 2  Áreas da auditoria..............................................................76
2.1 Auditoria interna....................................................................................76
2.2 Auditoria externa...................................................................................81
Seção 3  Aspectos gerais...................................................................84

Unidade 5 — Conceito versus práxis............................91


Seção 1  Multifuncionalidade da perícia..........................................93
Seção 2  Conjuntura dos riscos......................................................101
Seção 3  Registro de ações.............................................................109

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Sumário vii

Seção 4  Ferramentas de apoio.......................................................114


Seção 5  Auditoria de situação conflitante.....................................117

Referências.................................................................123

Anexo..........................................................................127

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Carta ao aluno

O crescimento e a convergência do potencial das tecnologias da


informação e da comunicação fazem com que a educação a distância,
sem dúvida, contribua para a expansão do ensino superior no Brasil,
além de favorecer a transformação dos métodos tradicionais de ensino
em uma inovadora proposta pedagógica.
Foram exatamente essas características que possibilitaram à Unopar
ser o que é hoje: uma referência nacional em ensino superior. Além de
oferecer cursos nas áreas de humanas, exatas e da saúde em três campi
localizados no Paraná, é uma das maiores universidades de educação
a distância do país, com mais de 450 polos e um sistema de ensino
diferenciado que engloba aulas ao vivo via satélite, Internet, ambiente
Web e, agora, livros‑texto como este.
Elaborados com base na ideia de que os alunos precisam de ins‑
trumentos didáticos que os apoiem — embora a educação a distância
tenha entre seus pilares o autodesenvolvimento —, os livros‑texto da
Unopar têm como objetivo permitir que os estudantes ampliem seu
conhecimento teórico, ao mesmo tempo em que aprendem a partir de
suas experiências, desenvolvendo a capacidade de analisar o mundo
a seu redor.
Para tanto, além de possuírem um alto grau de dialogicidade — ca‑
racterizado por um texto claro e apoiado por elementos como “Saiba
mais”, “Links” e “Para saber mais” —, esses livros contam com a seção
“Aprofundando o conhecimento”, que proporciona acesso a materiais de
jornais e revistas, artigos e textos de outros autores.
E, como não deve haver limites para o aprendizado, os alunos que
quiserem ampliar seus estudos poderão encontrar na íntegra, na Biblio‑
teca Digital, acessando a Biblioteca Virtual Universitária disponibilizada
pela instituição, a grande maioria dos livros indicada na seção “Apro‑
fundando o conhecimento”.

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x  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Essa biblioteca, que funciona 24 horas por dia durante os sete dias da
semana, conta com mais de 2.500 títulos em português, das mais diversas
áreas do conhecimento, e pode ser acessada de qualquer computador
conectado à Internet.
Somados à experiência dos professores e coordenadores pedagógicos
da Unopar, esses recursos são uma parte do esforço da instituição para
realmente fazer diferença na vida e na carreira de seus estudantes e
também — por que não? — para contribuir com o futuro de nosso país.
Bom estudo!
Pró‑reitoria

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Apresentação

O tema que será apresentado a você, aluno(a), na Perícia trabalhista e


avaliação de desempenho, é o início de uma situação globalizada e que será
muito utilizada ao longo de sua vida, não só como profissional da área de
segurança mas também como trabalhador, e para tal é necessária a amplia‑
ção dos conhecimentos e todas as possibilidades que envolvem o trabalho
seguro realizado por nós ou por outros. A informação tem que ser replicada,
transmitida e divulgada; para isso, é de extrema importância que você co‑
nheça os desdobramentos desse assunto, que é um tanto teórico dentro da
atribuição profissional, mas que sem ele não é possível uma análise e uma
abordagem empírica dos fatos.
Cada vez mais o conhecimento legal é exigido do profissional, a cada
dia as condições socioprofissionais estão mais específicas, cada vez mais
se exige que o conhecimento amplo do assunto seja dominado para que o
valor profissional seja comprovado, e você tem se preocupado em ampliar
sua esfera de conhecimento. Eu tenho certeza de que você, aluno(a), está
pensando nisso agora. Muito bem, este é seu grande estímulo, ser um pro‑
fissional completo e altamente capacitado.
Nosso papel é lhe fornecer as informações e os meios para que estas
passem à esfera de conhecimento adquirido. Como se dará isso? Com todos
os indicativos que durante as explanações dos temas são colocados nos Links
e, é claro, com sua sede em conhecer mais.
Você terá no primeiro contato uma explicação geral e histórica dos fun‑
damentos desse assunto. Toda a informação repassada tem um cerne do qual
a evolução social se encarrega de realinhar; nada e nenhuma condição atual
saiu da esfera do subjetivo, da hipótese, toda a conjectura atual é fruto de
mudanças scioeconômicas da sociedade.

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xii  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Passado este momento de reconhecimento dos fatos e situações históricas,


chegamos à formulação legal das esferas práticas da organização e realização
das atividades laborais; a legislação vem como resgate das condições desfa‑
voráveis do trabalho.
Subsequente a esse reconhecimento, o momento é de realinhamento das
condições existentes à configuração legal dessas condições; aqui é necessário
um grande e cauteloso trabalho de percepção e reestruturação que atenda tanto
ao empregador quanto ao empregado; fatores culturais, sociais, econômicos
e ambientais devem ser considerados e englobados na tomada de decisões e
ações.
Você está entendendo que existe uma sequência natural desses assuntos,
um desencadeamento de informações que vão tramando uma rede de conhe‑
cimentos e que são cada vez mais envolventes quando nos interamos sobre
cada um desses aspectos apresentados? É um universo cativante e envolvente,
espero que você sinta-se também impelido e ávido por descobrir todos os des‑
dobramentos dessas informações.
Na sequência, uma ferramenta é apresentada para auxiliar na mensuração
de resultados. Assim como nos diversos seguimentos econômicos existe uma
necessidade de comprovação, na esfera trabalhista toda mudança de compor‑
tamento também deve ser mensurada e comprovada.
Ao fim desta unidade, esperamos que você consiga, com as informações
apresentadas, alicerçar e fundamentar seus conhecimentos, que serão, a partir
deste momento, apenas a ponta do iceberg do universo profissional que você
escolheu. Estamos certos de que seu sucesso e carreira trilharão os passos fir‑
mes da ética e legalidade, e o êxito profissional será apenas a consequência de
um trabalho pautado na veracidade dos princípios e conceitos morais e legais.
Desejamos que aproveite todo o conteúdo que está por vir, pois foi pen‑
sando em oferecer a melhor informação e conhecimento que preparamos este
material para auxiliá-lo. Você certamente já está curioso, então adentre
este mundo do conhecimento e faça sua estrela brilhar!

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Unidade 1
Perícia trabalhista
Objetivos de aprendizagem: O objetivo desta unidade é introduzir
você, aluno, ao histórico das perícias e seu papel. Este tipo de proce-
dimento traz à luz uma compreensão da realidade da empresa, que
ora pode transmitir uma situação de perfeita harmonia entre homem
e meio produtivo, ora também pode revelar um desastroso e sinistro
método de administração, pois ao passo que são movidas contra a
empresa inúmeras petições de perícias e nenhuma mudança ocorre
no campo funcional das atividades laborais, pressupõe-se que não há
nenhuma intenção de adequar a empresa ao contexto moderno de
ações prevencionistas, o que pode significar um retrocesso que por
vezes custa o fechamento da empresa.

Seção 1: Aspectos legais e contextuais


Nesta parte do nosso estudo faremos uma exposição
dos aspectos que a perícia tem atualmente e o por-
quê de ela ter alcançado este formato, trataremos
das questões históricas e práticas que no cotidiano
ela tem apresentado enquanto forma de fiscalização
governamental sobre as empresas que podem ser
estatais ou privadas.
Neste contexto, a perícia pode ser vista como um mal
necessário para coagir e corrigir o descaso e a falta de
conhecimento nos processos e relações de trabalho.

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Seção 2: Metodologia
Depois de se constatar que a perícia é uma ferra-
menta indispensável nos processos de comprovação
de métodos ou normas de procedimentos, existe a
necessidade de se estabelecer critérios que fiquem
em concordância com as situações sob perícia, pa-
râmetros que sejam tanto específicos quanto gerais
àquele segmento. A primeira condição é que não
sejam tomados os conceitos e pré-noções como
ponto de partida para um processo pericial. A única
informação de onde se deve partir para iniciar o
processo deve ser o conhecimento teórico sobre
referido assunto e a partir daí começar a estabelecer
linhas de compreensão; vejamos como isso ocorre
nas subseções a seguir.

Seção 3: Avaliação de desempenho


Quando falamos em perícia trabalhista, estamos
avaliando as condições ambientais da empresa para
julgar se a afirmação da parte solicitante está correta
ou não.
Já a avaliação de desempenho pode ser utilizada em
várias situações, por exemplo, nos recursos humanos,
no setor financeiro, na área de marketing, no setor
produtivo ou na gestão de segurança do trabalho.

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P e r í c i a t r a b a l h i s t a  3

Introdução ao estudo
Na economia mundial atual, as situações e as formas produtivas apresentam‑
-se muito diversificadas, como a legislação também vem se modificando muito
rapidamente e todas as pessoas passam agora a ter informações sobre tudo, as
perícias são uma forma de se fiscalizar as empresas para que os órgãos governa‑
mentais não tenham que assumir a custa de um trabalhador afastado. As perícias
têm basicamente três finalidades: a de identificar possíveis não conformidades
que geram insatisfação e dano ao colaborador; a de comprovar inaptidão do
trabalhador e garantir o recebimento de algum benefício; e a específica dos
órgãos estatais, que é chamada de administrativa.

Seção 1  Aspectos legais e contextuais

1.1 Histórico da legislação trabalhista


Neste tópico vamos buscar descrever o que é e como surgiu a perícia tra‑
balhista, procurando descrever a atividade sob o ponto de vista prático.
No Brasil, as relações empregado/empregador iniciaram após a abolição da
escravatura em 1888 e com a vinda dos imigrantes europeus. Entretanto, como
as condições de trabalho eram ruins e os direitos trabalhistas não existiam,
começaram as primeiras discussões sobre o fato. Como o tema não queria ser
aceito pela classe empregadora, surgiram as organizações de trabalhadores que
acabaram por iniciar os primeiros sindicatos.
A primeira lei trabalhista no Brasil surgiu em 1891 para regulamentar o
trabalho infantil (12 a 18 anos).
Em 1934 surgiu a Constituição Federal Brasileira (BRASIL, 1934), sendo
esta o primeiro documento a tratar do tema “Direito do Trabalho”, assegurando
aos trabalhadores direitos como salário mínimo, jornada de trabalho, férias,
indenizações em casos de acidentes, entre outros.
A legislação mais importante nas relações trabalhistas surgiu em 1943 com
a criação da CLT — Consolidação das Leis do Trabalho, criada pelo Decreto-Lei
no 5.452 (BRASIL, 1943), sancionada pelo então Presidente Getúlio Vargas. Seu
principal objetivo é regulamentar as relações trabalhistas individuais e coletivas
do trabalho.

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Com o golpe militar de 1964, a classe trabalhadora foi obrigada a aceitar re‑
gras mais rígidas nas relações trabalhistas, inclusive com a criação do Decreto-Lei
no 4.330 (BRASIL, 1964), conhecido como lei antigreve, que colocou inúmeras
regras para a realização de greves, para que estas se tornassem impraticáveis.
Com o fim da ditadura militar, em 1985, os trabalhadores reconquistaram
seus direitos e em 1988 a Constituição Federal foi revisada, garantindo o direito
de greve e a livre associação aos sindicatos.

1.2 Introdução à perícia trabalhista


A reclamação trabalhista é a ferramenta utilizada pelos empregados desde
1939; através do Decreto-Lei no 1.237 (BRASIL, 1939), que definia as funções
da Procuradoria do Trabalho. Ela serve para requisitar os direitos do trabalhador
junto à Justiça do Trabalho, quando ele julgar que foi prejudicado na relação
empregado/empregador.
Para que o juiz dê seu parecer em matérias não jurídicas, mais especifica‑
mente nas questões de insalubridade e periculosidade, o magistrado institui um
perito como seu auxiliar para realizar o levantamento de informações técnicas
que serão elencadas através de perícia e apresentadas através de laudo pericial.
No caso de Insalubridade e/ou Periculosidade, o magistrado atende a CLT
em seu art. 195, que diz:
A caracterização e a classificação da insalubridade e da pe‑
riculosidade, segundo as normas do Ministério do trabalho,
far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou
Engenheiro do Trabalho, registrada no Ministério do Trabalho
(BRASIL, 1943).

Na Justiça do Trabalho, perícia é a atividade executada por profissional qua‑


lificado e nomeado, para analisar fatos relevantes às ações trabalhistas com o
objetivo de orientar a decisão judicial a respeito da culpa ou não do empregador.
Até 2004 todas as reclamatórias motivadas pelas relações trabalhistas, eram
julgadas pela justiça comum. Surge então a Emenda Constitucional 45, de
30/12/2004, que cria as varas da Justiça do Trabalho e delega em seu art. 114:
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os
entes de direito público externo e da administração pública
direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios;

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Perícia trabalhista 5

[...]
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho;
(BRASIL, 2004).
A atividade do Perito passa a ter vital importância nas decisões judiciais
trabalhistas, visto que este profissional tem a responsabilidade de apresentar
o laudo pericial com informações técnicas, baseadas em seu conhecimento
dos fatos, seu conhecimento pessoal e as provas obtidas durante a realização
da perícia.
O conhecimento dos fatos que motivaram a reclamatória será fornecido ao
perito na petição inicial, que é a parte de ingresso da ação jurídica, e tem seus
requisitos definidos pelo art. 282 do CPC — Código de Processo Civil, que são:
I — o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II — os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domi‑
cílio e residência do autor e do réu;
III — o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV — o pedido, com as suas especificações;
V — o valor da causa;
VI — as provas com que o autor pretende demonstrar a
verdade dos fatos alegados;
VII — o requerimento para a citação do réu.
(BRASIL, 1973).

Para saber mais


O juiz não fica restrito durante o julgamento da perícia realizada; para formar seu parecer pode
equivaler-se de outros elementos ou fatos constantes nos autos.

O conhecimento pessoal foi dividido por Aristóteles em científico (que


explica de modo racional como as coisas funcionam, baseado em experi‑
mentações); prático (adquirido através da execução de determinada ativi‑
dade); e técnico (obtido através de atualização constante e treinamentos
profissionais).
Já as provas que serão obtidas durante a realização da perícia têm que seguir
as regras do direito para obtenção das provas em espécie, que são divididas
em cinco:
Confissão das partes
Ocorre pela confirmação consciente de uma das partes, sobre ale‑
gação da parte contrária.

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Oitiva de testemunhas
Surge pelo depoimento de testemunhas e tende a ser uma prova
insegura, pois cada testemunha irá narrar as informações de modo
a favorecer a parte para o qual está testemunhando.
Documental
É todo meio material capaz de comprovar a existência de um fato,
como documentos autenticados ou que possuem assinatura das
partes.
Prova pericial
É a realização da perícia propriamente dita, que será realizada por
profissional especializado com a finalidade de suprir a falta de co‑
nhecimento técnico do magistrado sobre determinado assunto.
Inspeção judicial
É a verificação de pessoas, ambientes ou coisas pelo próprio juiz,
acompanhado ou não de perito.
E para que o perito possa levantar as informações que julgar necessárias
para a realização do laudo, o mesmo encontra amparo no art. 429 do CPC:
Para o desempenho de sua função, podem o perito e os as‑
sistentes técnicos utilizar‑se de todos os meios necessários,
ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando do‑
cumentos que estejam em poder de parte ou em repartições
públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos,
fotografias e outras quaisquer peças (BRASIL, 1973).

Cabe destacar que para a realização de Perícia em locais que comprometam


a obtenção de informações, como é o caso de fechamento de empresa, o Juiz
poderá fazer uso de outros tipos de prova, que serão definidas por ele.
Outro ponto relevante para a função do perito é o conhecimento das juris‑
prudências sobre o tema em questão.
Jurisprudência, segundo o site Jurisway (2013), “é um conjunto de decisões
judiciais num mesmo sentido, indicando uma tendência a ser seguida em
decisões futuras”. Isto significa que algumas situações podem ainda não estar
enquadradas como lei, mas já possuem uma tendência a ser seguida em seus
resultados pelos magistrados.
Isto significa que algumas situações podem ser caracterizadas como insalu‑
bres ou periculosas mesmo não estando descritas nas Normas Regulamentadoras
15 e 16 ou mesmo na legislação.

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P e r í c i a t r a b a l h i s t a  7

Um exemplo fora do contexto do estudo é sobre o funcionário que se


machuca durante jogo de futebol representando a empresa. Na legislação
não está descrito que é um acidente de trabalho, entretanto já existem várias
jurisprudências que finalizaram a ação a favor do funcionário, caracterizando
como acidente do trabalho.

Questões para reflexão


Um juiz poderia julgar uma ação sem informações técnicas forneci‑
das por uma perícia no caso dele não ter conhecimentos técnicos da
situação?

1.2.1 Habilitação versus conhecimento


Na descrição do Dicionário da Língua Portuguesa o termo Perito é definido
como “indivíduo que tem muita prática e/ou conhecimento de determinada
matéria” ou “aquele que é nomeado judicialmente para fazer um exame, uma
vistoria ou uma avaliação” (DICIONÁRIO..., 2013).
A função do perito não é apenas transcrever para o laudo o depoimento
das testemunhas ou a descrição do ambiente, mas sim esclarecer ao Juiz que
o nomeou suas informações percebidas e analisadas mediante seus conheci‑
mentos científico, prático e técnico.
O art. 145 do CPC estabelece que quando a prova depender de conheci‑
mento técnico ou científico, o Juiz poderá designar um Perito para seu auxílio.
O § 2o descreve: “Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre
que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem
inscritos” (BRASIL, 1973).
Entretanto, pode ocorrer que em determinadas perícias o Perito possua habi‑
litação para a função, porém pouco conhecimento, o que poderá comprometer
o resultado do laudo, visto que a parte contrária poderá contestar seu resultado
e até mesmo solicitar a suspensão do laudo baseada na falta de comprovada
especialidade no assunto ou na falha da execução de uma avaliação quanti‑
tativa de forma errônea.
Para nortear as atribuições de cada categoria, foram criadas a Resolução
o
n 359 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia que atribui
à categoria a atividade de:

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Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer,


laudos técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de
exposição a agentes agressivos de riscos físicos, químicos e
biológicos, tais como poluentes atmosféricos, ruídos, calor,
radiação em geral e pressões anormais, caracterizando as
atividades, operações e locais insalubres e perigosos; Anali‑
sar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo
medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos esta‑
tísticos, inclusive com respeito a custo (CONSELHO..., 1991).

Já o Conselho Federal de Medicina criou a Resolução no 1.488 que atribui


ao médico perito as funções de:
Examinar clinicamente o trabalhador e solicitar os exames
complementares necessários; o perito-médico judicial e as‑
sistentes técnicos, ao vistoriarem o local de trabalho, devem
fazer-se acompanhar, se possível, pelo próprio trabalhador
que está sendo objeto da perícia, para melhor conhecimento
do seu ambiente de trabalho e função; estabelecer o nexo
causal (CONSELHO..., 1998).

Links
Sobre as atribuições do perito, acesse: <http://www.classecontabil.com.br/artigos/ver/403>

Para saber mais


Um perito deve sempre ater-se à verdade dos fatos, procurando sempre colocar-se de forma
neutra e imparcial. Sendo assim, o perito é o olho técnico do juiz.

Analisando a descrição das atividades do Engenheiro de Segurança do Tra‑


balho e do Médico do Trabalho, podemos dizer que para as perícias técnicas
o Engenheiro será definido, e para as perícias médicas o Médico do Trabalho
será requisitado.
Como exemplo, para facilitar a compreensão sobre a realização de uma
Perícia Trabalhista, podemos descrever a atividade de empregado que trabalhava
em um lavador de veículos. A função do Perito será caracterizar a atividade
como salubre ou não, conforme a petição inicial.

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P e r í c i a t r a b a l h i s t a  9

Se o empregado solicitou ação de insalubridade devido à presença de algum


agente químico (poeira, gases, vapores, névoas), ou risco físico (ruído, umidade,
calor), ou ainda algum risco biológico (vírus, bactérias), o Perito deverá ser um
Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Porém, se a petição for sobre uma doença do trabalho ou acidente com
danos ou redução da capacidade laboral, o perito será um Médico do Trabalho.
Para o perito, suas descrições dos fatos devem ser sempre fundamentadas
tecnicamente, não sendo aceito seu embasamento somente nas informações
obtidas pelas testemunhas.

Questões para reflexão


Será que a perícia tem mesmo um peso nas questões trabalhistas? Como
a classe trabalhadora e a classe empregadora entendem a função da
perícia?

A sociedade, a economia e a cultura do país ainda são carentes de noções


morais e éticas; assim, a perícia vem atender a um anseio do trabalhador em
termos de garantia de seus direitos, e antes disso, na sua íntegra, deveria atender
apenas como ferramenta de comprovação, mas seu fim passa a ser uma necessi‑
dade de comprovação dos direitos que muitas vezes já existem, não precisariam
de nenhum método para confirmá-los. Como a situação e a política do país são
instáveis, a perícia passa a ser uma ferramenta imprescindível e não deve ser
dissociada de nenhum tipo de ação que envolva trabalhadores e empregadores,
com vistas de ser questionável o parecer quando não se instaura uma perícia.

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Seção 2  Metodologia

2.1 Formulação de quesitos


Os quesitos são as perguntas escritas feitas ao perito pelos assistentes das
partes da reclamatória trabalhista. A função do perito é respondê-las de forma
clara e com embasamento na vistoria da prova pericial.
A correta formulação dos quesitos pode ajudar ou prejudicar uma das par‑
tes, por isso eles devem ser formulados para cada situação, mas o que se vê
são perguntas pré-fabricadas, que são utilizadas em todas as ações por alguns
advogados, mudando-se apenas o número do processo.
Ocorre que quesitos pré-fabricados são um erro, pois podem induzir o
perito a determinada atitude. Vejamos, por exemplo, o caso de uma perícia de
insalubridade que já estava praticamente definida a favor do empregador, mas
quando o perito foi responder aos quesitos formulados pelo representante da
empresa, se deu conta da existência de determinado produto químico e por
consequência o resultado de ambiente insalubre.
Outra situação errônea é a formulação de quesitos para desviar a atenção
dos fatos, por exemplo, uma perícia de insalubridade com quesitos referentes
à equiparação salarial, horas extra ou acidente do trabalho. Fica claro que o
objetivo desses quesitos é desviar a atenção do perito e este, por sua vez, deverá
ser perspicaz para perceber a situação.
Em teoria, os quesitos deveriam passar pela aprovação do Juiz para que
este julgue se são pertinentes ao caso, mas na prática essa atividade é inviável
devido à enorme quantidade de ações trabalhistas sob responsabilidade de
um magistrado.
Fica então a cargo do perito responder aos quesitos, pois ele não pode
julgá-los como pertinentes ou não aos fatos.
A quantidade de quesitos também pode ajudar ou atrapalhar a perícia,
pois solicitar a resposta à um grande número de quesitos pode ser interpretado
como uma punição à atividade do perito e os trabalhos tendem a se tornar
desconfortáveis para as partes.
O correto é estipular um quesito para aquela ação e em quantidade sufi‑
ciente para sanar a dúvida das partes e auxiliar o Juiz em sua decisão.
A seguir descrevemos alguns quesitos que seriam pertinentes a uma ação
trabalhista:

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Perícia trabalhista 11

função exercida pelo empregado e suas atividades executadas durante


a jornada de trabalho;
descrição do local de trabalho com detalhes para máquinas, mobi‑
liário e ferramentas que auxiliam na execução das atividades;
identificação de riscos químicos, físicos e biológicos aos quais o
empregado esteve exposto;
período e tempo de exposição aos riscos;
utilização de EPI’s e se foram atendidos os itens da Norma Regula‑
mentadora — NR 06 (BRASIL, 2013c), itens 6.3 e 6.6.1;
descrição dos equipamentos utilizados nas avaliações e suas respec‑
tivas calibrações.

Para saber mais


A perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração, científica ou
técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos.
ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. São Paulo: Atlas, 1996, p. 19.

Outra situação para apresentar os quesitos seria quanto ao tipo da ação


judicial, pois podemos ter quesitos para ações de insalubridade, ações de pe‑
riculosidade, quesitos para responder sobre questões comuns do cumprimento
da legislação, existência de treinamentos e muitos outros.
Um detalhe quanto à formulação dos quesitos é que podem ser criadas
perguntas para contradizer afirmações falsas obtidas no depoimento. É o caso
de uma situação em que o empregado informa que permanecia trabalhando o
tempo todo em local insalubre, porém foi verificado pelo perito, para responder
ao quesito formulado pelo representante da empresa, que havia rotatividade
no setor.
Outro caso para a mesma situação citada, seria do empregador que apre‑
sentou ficha de entrega de EPI para tentar neutralizar a insalubridade, mas o
quesito do representante do empregado foi sobre treinamento e troca periódica
de EPI, que não eram feitos pelo empregador.
Fica claro que a formulação correta de quesitos, específicos para a ação
trabalhista, só traz vantagens para ambos os lados e a pretensão é a prestação
de informações verídicas através do laudo pericial.

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12  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Links
Acesse estes links e fique por dentro de muitas outras especificidades:
<http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2055818.PDF>
<http://www.portaldecontabilidade.com.br/noticias/auditoria-responsabilidade-etica.htm>

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Perícia trabalhista 13

Seção 3  Avaliação de desempenho


Para o nosso estudo, a avaliação de desempenho será utilizada para avaliar
a gestão de segurança e como este processo auxilia as empresas a evitarem os
resultados negativos das perícias trabalhistas.
Uma opção para as empresas é a implantação de um sistema de gestão de
saúde e segurança, em que o objetivo é adequar os processos e procedimentos
de forma segura, garantindo um melhor desempenho com o passar do tempo.
Existem inúmeros modelos de gestão que podem ser adaptados à realidade
de cada empresa, dependendo de seu tamanho, número de funcionários,
localização e principalmente da cultura organizacional, para que o modelo
escolhido tenha um objetivo realista e alcançável.

Para saber mais


O principal intuito da avaliação de desempenho é identificar e trabalhar sistematicamente as
diferenças dos colaboradores na organização.

Uma ferramenta que certamente será utilizada na avaliação do desempe‑


nho do programa de gestão escolhido será o Ciclo PDCA ou Ciclo de Deming,
como também é conhecido.
O Ciclo PDCA inicialmente era composto por três fases, mas com sua im‑
plantação no sistema de produção japonês na década de 1950 ele foi adaptado
como é conhecido atualmente.
O PDCA é composto por quatro etapas, (P) Planejamento, (D) Execução, (C)
Verificação e (A) Ação, sendo seu objetivo a melhoria contínua dos processos
em que for implantado.
Sendo a avaliação (C), uma das etapas do ciclo PDCA, a empresa terá que
fazer uso do ciclo para poder aferir o desempenho do seu sistema de gestão
em Segurança e Saúde no Trabalho (SST).

Links
Conheça mais sobre o Ciclo PDCA
<http://www.ubq.org.br/conteudos/detalhes.aspx?IdConteudo=399>

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14  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Para Chianca, Marino e Schiesari (2001, p. 3), avaliação significa “[...] a


coleta sistemática de informações sobre as ações, as características e os resul‑
tados de um programa”.
E conforme descrito na Norma OHSAS 18.001 (2013), desempenho são re‑
sultados mensuráveis do Sistema de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional
(SSO), relacionados ao controle da organização sobre seus riscos à segurança
e à saúde, com base em sua política e objetivos de SSO.
Atualmente, o que algumas empresas julgam por resultados mensuráveis do
seu sistema de segurança são os indicadores de acidentes que ocorreram, dias
perdidos, custos materiais, sendo esta forma de controle um resultado reativo
da situação.
O que as empresas realmente precisam é a implantação de um sistema pro‑
ativo de avaliação de desempenho, onde suas ações poderão ser mensuradas e
adaptadas de acordo com os resultados, visto que o Sistema de Gestão é uma
ferramenta compatível com o ciclo PDCA e, portanto adaptáveis às situações
positivas ou negativas.
A forma de avaliação mais conhecida é a auditoria, que segundo o site da
QSP — Qualidade, Segurança e Produtividade:
Um exame sistemático e, sempre que possível, independente,
para determinar se as atividades e seus resultados relaciona‑
dos estão em conformidade com as providências planejadas,
e se essas providências estão implementadas efetivamente
e são adequadas para atender a política e os objetivos da
organização (CICCO, 1997).

A perícia para nosso estudo pode ser considerada inspeção, avaliação ou


vistoria, que seguindo regras a serem estipuladas na implantação do programa,
trará informações mensuráveis para que o Sistema de Gestão seja adequado,
embora ela esteja sendo altamente utilizada no cotidiano da nossa realidade
econômica como ferramenta de inspeção e fiscalização, até mesmo pela falta
de conhecimento por parte dos empregadores.

Para saber mais


Deve-se tomar muito cuidado na utilização da técnica de PDCA, pois a não execução de uma
das etapas do ciclo pode comprometer seriamente o processo de melhoria contínua.

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Perícia trabalhista 15

Links
Acesse os links a seguir e conheça mais sobre a Oshas 18001: <http://www.qualinter.com.br/
portal/index.php?option=com_content&task=view&id=107> <http://segurancanotrabalhors.
blogspot.com.br/2012/11/o-que-e-norma-ohsas-180012007-sistema.html>

Outras formas de avaliação de desempenho proativas são as comunicações


de ocorrências, realização de diálogos de segurança, quantificação de homens,
hora de treinamento e outros.
A comunicação de ocorrências deve ser um programa de acesso a todos
os empregados, de forma que a participação seja a maior possível. Se em um
primeiro momento a participação não alcançar os resultados esperados, metas
podem ser estipuladas. Por exemplo, a entrega de uma comunicação por mês
para cada empregado.
As ocorrências podem ser desde um incidente como um tropeção, ou uma
condição insegura, como uma escada com o degrau solto, ou até mesmo um
acidente mais sério, como uma fratura.
A ideia principal é para que todos os empregados comecem a pensar em
segurança e, por consequência, praticá-la. Logicamente que todas as comuni‑
cações devem ser analisadas e algumas delas, se não todas, merecerão resposta
ao empregado.
As comunicações deverão ser enviadas ao Setor de Segurança ou Recursos
Humanos da empresa de forma escrita, pois posteriormente serão quantificadas
para que se possa avaliar a quantidade de comunicações, de quais setores,
de quais tipos, e outros tipos de analise. Veja um exemplo de formulário no
Quadro 1.1.

Quadro 1.1  Exemplo de formulário

EMPRESA DDS Nº:


ASSUNTO
ABORDADO
DATA NOME SETOR FUNÇÃO

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Já a realização de diálogos de segurança pode variar de empresa para empresa,


sendo que em algumas grandes empresas os diálogos são feitos todos os dias antes
do início das atividades. Em outras, a realização passa a ser semanal ou mensal.
O importante neste caso é contar com a participação de todos os empre‑
gados e, após a reunião, que todos assinem livro ata ou ficha com o tema do
DDS (Diálogo de Segurança).
A importância neste caso é a divulgação de informações que sejam pertinen‑
tes com as atividades que os empregados realizem como uso de EPIs, cuidados
com as máquinas, cuidados com a saúde, e outros temas de saúde e segurança.
A assinatura de livro ata ou ficha não é só para quantificar a participação
nas reuniões, mas neste caso serve como prova em casos de inspeção do Mi‑
nistério do Trabalho.
A quantidade de HHT (Homens/Hora/Treinamento) se refere às horas que
cada empregado esteve em treinamento pelo período de um ano. Os treina‑
mentos nestes casos podem ser motivacionais, de capacitação ou obrigatórios,
como os exigidos em algumas Normas Regulamentadoras:
NR 01 — Cabe às empresas elaborar ordens de serviço com a ciência
dos empregados (BRASIL, 2013b). Veja o exemplo no Quadro 1.2;

Quadro 1.2 Exemplo de ordem de serviço

ORDEM DE SERVIÇO Nº XXX /2013 DATA: xx/xx/xxxx


SERVIÇO DESTINADO A:

NOME DO CONTRATADO: XXXXXXXXXX


SETOR: XX.XXX.XXX/XXXX‑XX
FUNÇÃO: XXXXXXXXXXXXXX
EPIs OBRIGATÓRIOS:

SUPERVISÃO:
Autorizo V. Sa. a executar o serviço dentro dos padrões necessários e obedecendo as caracterís‑
ticas de segurança, tendo recebido treinamento e orientações adequadas e necessárias para a
realização da atividade com segurança e responsabilidade.
Autorizado em xx / xx / xxxx TECNICO DE SEGURANÇA
DO TRABALHO

CHEFIA IMEDIATA TRABALHADOR

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Perícia trabalhista 17

NR 06 — Cabe às empresas orientar e treinar o trabalhador quanto


ao uso correto dos equipamentos de proteção (BRASIL, 2013a). Veja
exemplo no Quadro 1.3.

Quadro 1.3 Exemplo de orientação de uso correto de equipamentos de proteção

EMPRESA:
NOME:
FUNÇÃO:
DEPARTAMENTO:
DATA DE ADMISSÃO:
CONTROLE DE ENTREGA DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
TERMO DE RESPONSABILIDADE: Declaro ter recebido orientações e instruções de como
utilizar os Equipamentos de Proteção Individual que me foram entregues. Declaro ser de minha
responsabilidade a guarda e conservação dos EPIs abaixo recebidos. Assumo também a res‑
ponsabilidade de devolvê‑lo integral ou parcial, quando solicitado ou por ocasião de eventual
rescisão de contrato, na data do respectivo aviso de qualquer das partes. Declaro também que,
na eventualidade de danificar ou extraviar o equipamento por ato doloso ou culposo, estarei
sujeito ao desconto do valor do mesmo em meu salário.
Observação: Declaro estar ciente que, conforme Artigo 158 C.L.T. parágrafo único, constitui
ato faltoso do empregado o não uso dos EPIs fornecidos pela empresa e tal ocorrência implica
nas penalidades do Artigo 482 da C.L.T.
QUANTIDADE: CA:
DATA: ASSINATURA DO FUNCIONÁRIO

NR 07 (BRASIL, 2013c) — Todo empregado deve receber treinamento


quando ingressa na empresa e realizar exame admissional e perió‑
dico; confira conforme descrito na NR:
7.4.3.1 no exame médico admissional, deverá ser realizado
antes que o trabalhador assuma suas atividades;
7.4.3.2 no exame médico periódico, de acordo com os inter‑
valos mínimos de tempo abaixo discriminados:
a) para trabalhadores expostos a riscos ou situações de traba‑
lho que impliquem no desencadeamento ou agravamento de
doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam por‑
tadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos:
a.1) a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico
encarregado, ou se notificado pelo médico agente da inspe‑
ção do trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação
coletiva de trabalho;

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18 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

a.2) de acordo com a periodicidade especificada no anexo


nº 6 da NR 15, para os trabalhadores expostos a condições
hiperbáricas; (BRASIL, 2013c).

NR 09 (BRASIL, 2013d) — Os empregadores deverão informar aos


trabalhadores sobre os riscos ambientais a que estarão expostos; veja
a instrução desta NR:
9.1.5 Para efeito desta NR, consideram‑se riscos ambientais os
agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambien‑
tes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração
ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar
danos à saúde do trabalhador.
9.1.5.1 Consideram‑se agentes físicos as diversas formas de
energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais
como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas
extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,
bem como o infrassom e o ultrassom.
9.1.5.2 Consideram‑se agentes químicos as substâncias,
compostos ou produtos que possam penetrar no organismo
pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da ativi‑
dade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo
organismo através da pele ou por ingestão.
9.1.5.3 Consideram‑se agentes biológicos as bactérias, fun‑
gos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros (BRA‑
SIL, 2013d).
NR 12 (BRASIL, 2013e) — Os trabalhadores envolvidos na opera‑
ção, inspeção ou manutenção de máquinas devem ter capacitação
compatível com suas funções;
NR 33 (BRASIL, 2013f) — Cabe ao empregador garantir a capacitação
do trabalhador, no caso desta NR, em espaços confinados;
NR 35 (BRASIL, 2013g) — Nesta NR o empregador fica obrigado a
implementar em sua empresa uma gestão para realização de trabalhos
em altura, que deve envolver planejamento e adoção de medidas
técnicas que visem erradicar ou minimizar a ocorrência de quedas
ou acidentes similares.
Citamos algumas das Normas Regulamentadoras e suas exigências quanto
à questão dos treinamentos para os empregados.
O resultado final de horas de treinamento é que, com um empregado mais
capacitado, a empresa corre menos riscos de acidentes, terá uma equipe pre‑
parada para situações inesperadas, além de atender à legislação.

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Perícia trabalhista 19

O que podemos ter certeza é que uma empresa que adote um sistema rea‑
tivo, em conjunto com um sistema proativo, tem uma melhoria nas condições
de saúde e segurança e a redução de gastos pelas perdas materiais e pessoais.

Para concluir o estudo da unidade


Vejamos agora se você conseguiu assimilar e traçar uma linha de
conhecimento para definir a perícia e a avaliação de desempenho, sua
função e eficiência. Tratamos dos aspectos legais, seu surgimento e como
ela foi sendo reformulada para atender ao mundo contemporâneo, como
isso repercutiu nas atividades econômicas de produção e como chegou
ao ponto de ser ferramenta indispensável para comprovar a exatidão de
fatos e situações.
Fechando a análise proposta nesta unidade, podemos afirmar que uma
corporação que prima em zelar pela integridade de seus funcionários e
processos deve atrelar suas atividades a essa importante forma de análise.

Resumo
Fechando esta unidade vamos rever alguns conceitos passados para
você memorizá-los e fazer uso deles quando deparar com situações pecu‑
liares. As perícias são formas de controle para equiparar ou restabelecer
algum dano que possa ter sofrido o trabalhador ou a corporação; são uma
vertente dos modernos meios da economia mundial capitalista, e são
também utilizadas para forçar o empregador a atender às questões legais
que não foram observadas e estão causando prejuízo, tanto ao empregado
quanto à própria empresa.
Quando por ocasião das perdas com ações trabalhistas, a perícia pode
ser uma ferramenta útil que viabilizará e justificará um planejamento
de ações preventivas. Também servirá de parâmetro para as correções
necessárias dos possíveis desvios encontrados e, como última condição,
servirá para apontar a necessidade de ressarcimento de perdas sofridas
pelo trabalhador, devido a algum dano à sua integridade.

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20  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Concluindo, então, o perito que faz este levantamento deve ser, acima
de tudo, uma pessoa capacitada, dotado de conhecimento técnico para
que seu parecer possa, além de ajudar a corrigir possíveis desvios, auxi‑
liar o magistrado a entender e proferir uma sentença justa. A perícia, por
sua vez, é uma ferramenta de controle e fiscalização legalmente carac‑
terizada para responsabilizar o autor dos desvios e não conformidades
encontradas nos processos produtivos, visando a estabelecer um melhor
processo produtivo.

Atividades de aprendizagem
1. Em uma perícia de insalubridade por agente físico ruído, um dos
quesitos ao perito é sobre horas extras. Este quesito é pertinente à
ação?
2. Durante uma perícia trabalhista, o perito recebe a informação de uma
testemunha de que o local foi modificado. Como ele deve proceder?
3. Quem “criou” o Ciclo PDCA?
4. Descreva o que é Auditoria para a Avaliação de Desempenho.
5. Das Normas Regulamentadoras citadas no texto, descreva o tema
principal de cada uma.

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Unidade 2
Adicional de
insalubridade e
periculosidade
Objetivos de aprendizagem: O objetivo desta unidade é estabelecer
uma linha de conhecimento que permita ao aluno identificar situações
em que haja agentes que foram, através da legislação, considerados
insalubres ou perigosos. Repassaremos em tópicos o tema da insalu-
bridade e da periculosidade, os agentes que são considerados pela
legislação e suas características que necessitam de meios de controle,
com o objetivo de preservar a saúde do trabalhador e evitar ações
trabalhistas.

Seção 1: Legislação
Faremos a introdução ao tema insalubridade, com
seus parâmetros legais e históricos.

Seção 2: Agentes físicos


Será apresentada uma breve descrição do tema agen-
tes físicos, suas características e os tipos específicos
de risco descritos em subseções e suas formas de
controle.

Seção 3: Agentes químicos


Para agentes químicos, apresentaremos os indicativos
legais que classificam esses agentes e suas relações
com a atividade laboral.

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Seção 4: Agentes biológicos
Os agentes biológicos serão apresentados, bem
como os principais ramos de atividades em que são
detectados.

Seção 5: Adicional de periculosidade


Esclareceremos os critérios legais da regulamentação
da periculosidade para os materiais inflamáveis e
explosivos, com uma abrangente extensão de ati-
vidades. Vamos apresentar a periculosidade para o
segmento da energia elétrica e eletricitários, para os
profissionais de segurança e, fechando esta unidade,
apresentaremos o aspecto legal para os indivíduos
que trabalham com radiação ionizante.

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Adicional de insalubridade e periculosidade 23

Introdução ao estudo
Passaremos a entender a partir daqui quais os aspectos que motivaram
o estudo e a legislação que regularizou as condições de trabalho nos vários
segmentos, culminando em duas NR´s específicas — NR 15 (BRASIL, 2013h)
e 16 (BRASIL, 2013i) — além da alteração na CLT. Todos os aspectos foram
amplamente discutidos e legislados, para oferecer ao trabalhador condições
mais favoráveis de trabalho, além de legislar sobre condições específicas de
trabalho que foram discriminadas nas NR´s mencionadas.
As demais condições de trabalho não foram renegadas e não se exclui em
absoluto a possibilidade de serem insalubres ou perigosas; elas apenas não
apresentam características intrínsecas para se caracterizarem como tal, por isso
é importante que haja uma investigação sobre os aspectos e situações em que
ocorrem para que, em condições especiais, o trabalho dentro dessas profissões
seja avaliado e orientado, com a finalidade de proteger a integridade física dos
trabalhadores envolvidos.

Seção 4  Legislação
O conceito de insalubre no dicionário português (DICIONÁRIO, 2013) é
tudo aquilo que origina doença.
O termo insalubridade foi criado no Brasil em 1936 pela Lei no 185 (BRA‑
SIL, 1936), e baseava-se no princípio de ajuda na compra de alimentos para
o trabalhador, pois acreditava-se que pessoas bem alimentadas eram mais
resistentes às doenças (DICIONÁRIO, 2013).
Mesmo amparado pela legislação, o trabalhador via seus direitos sendo
usurpados, pois a grande oferta de mão de obra e o poder da classe empre‑
gadora só contribuíam para que os contratos de trabalho fossem a favor do
empregador, restando ao empregado aceitar para manter sua fonte de renda
ou recusar e perder seu sustento.
Para os profissionais que buscam a preservação da saúde do trabalhador, o
pagamento de insalubridade é uma forma de comprar a saúde do empregado,
em que a empresa não tem ou não quer ter controle dos seus riscos. Para o
funcionário, é uma forma de receber a mais, concordando com as doenças que
poderá desenvolver ao longo do tempo.

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24  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

O conceito legal de insalubridade pode ser verificado na CLT, em seu art.


189, que diz:
Serão consideradas atividades ou operações insalubres aque‑
las que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima
dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus
efeitos (BRASIL, 1943).

Analisando o descrito no art. 189, podemos descrever que existem três


situações para que seja enquadrada uma atividade como insalubre.
A primeira diz respeito à “natureza do agente”, que pode ser químico (poei‑
ras, gases, fumos, névoas etc.), físico (ruído, calor, frio, radiação, umidade e
vibração) e biológico (vírus, bactérias e micro-organismos).
Entretanto, somente a exposição ao ruído, por exemplo, não dará direito ao
adicional de insalubridade sem considerarmos as outras situações.
A segunda situação é sobre a ‘intensidade’, que se refere a um valor
estipulado para determinado agente. Neste caso, estaríamos fazendo uma
caracterização quantitativa. Mas existem as substâncias constantes na NR 15
(BRASIL, 2013h) (anexos 13 — químicos e 14 — biológicos), que são avaliadas
qualitativamente, ou seja, sua presença vinculada a determinada atividade já
da direito ao adicional de insalubridade.
E a última situação é referente ao ”tempo de exposição”, através das tabelas
descritas na NR 15.
Para exemplificarmos as três situações citadas, podemos descrever a expo‑
sição ao ruído, em uma concentração de 90 decibéis (dB) por um tempo de 8
horas. Para esta situação, podemos definir o local como insalubre?
A resposta é não, pois ainda precisamos das informações sobre os EPI’s (tipo,
atenuação, exigência do uso e substituição periódica).
A legislação atual exige que o empregador tenha controle de seus riscos
ambientais através da Portaria no 3.214 de 1978, que aprovou as Normas Re‑
gulamentadoras (BRASIL, 1978).
A NR-09 (BRASIL, 2013d), que trata sobre Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais, em seu item 9.3.6.2, diz:
Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que
apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação,
conforme indicado nas alíneas que seguem:

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Adicional de insalubridade e periculosidade 25

a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição


ocupacional considerados de acordo com a alínea “c” do
subitem 9.3.5.1;
b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme
critério estabelecido na NR-15, Anexo I, item 6.

E, para retirar qualquer dúvida quanto às obrigações das empresas, podemos


destacar o art. 157 da CLT que estabelece outras obrigações para o empregador,
como:
I — cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e me‑
dicina do trabalho;
II — instruir os empregados, através de ordens de serviço,
quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes
do trabalho ou doenças ocupacionais;
III — adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo
órgão regional competente;
IV — facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade
competente (BRASIL, 1943).

Fica claro que o simples pagamento de insalubridade está fora de questão


para o empregador. Como muitas outras situações que veremos neste livro, as
empresas têm uma responsabilidade muito grande quanto à saúde e à segurança
de seus empregados.
Mas a responsabilidade pela saúde do funcionário não pode ser atribuída
apenas ao empregador. A CLT também estabelece as obrigações aos emprega‑
dos, através do art. 158, dizendo:
Cabe aos empregados:
I — observar as normas de segurança e medicina do trabalho,
inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior;
II — colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos
deste Capítulo.
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa
injustificada:
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador
na forma do item II do artigo anterior;
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual forneci‑
dos pela empresa (BRASIL, 1943).

Portanto, se o empregador seguir as orientações que lhe são dadas pela


legislação, orientando, criando ordem de serviço, fornecendo EPIs e treinando
o funcionário, restaria apenas cobrar o uso?
A resposta é não, e veremos o motivo logo a seguir.

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26  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Outro ponto importante para a caracterização da insalubridade diz respeito


ao art. 190 da CLT que estabelece:
O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das ativi‑
dades e operações insalubres e adotará normas sobre os
critérios de caracterização da insalubridade, os limites de
tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o
tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes
(BRASIL, 1943).

O quadro de atividades ao qual ao art. 190 faz referência está descrito nos
anexos da NR-15 (BRASIL, 2013h), estabelecendo os critérios de caracterização,
os meios de proteção, os limites de tolerância e o tempo de exposição permitido.
Um problema comum é acreditar que, se um produto ou composto químico
não está presente nos anexos da NR-15, então o empregador não precisa ter
ação alguma. Mas neste caso o empregado pode adquirir uma doença do tra‑
balho e o empregador, arcar com a custa de um processo.
Ainda dentro dessas condições de periculosidade e insalubridade, outro
fator que deve ser considerado e avaliado é a questão do tempo: Intermitente,
Habitual ou Eventual. Apresentamos, então, as características para o estabele‑
cimento desta condição:

Eventual
Seguindo as orientações contidas na Portaria nº 3.311 de
29/11/89, se o trabalhador, ficar exposto durante 5 minutos,
a um determinado risco operacional sem proteção e esta
exposição se repetir por 6 vezes durante a jornada de traba‑
lho, então o seu tempo de exposição é de 30 minutos/dia,
traduzindo a EVENTUALIDADE do fenômeno. (Parágrafo 1º,
Art 2º, Decreto nº 93.412/86) (BRASIL, 1989).

Intermitente
Se, entretanto, ele se expor ao mesmo risco operacional du‑
rante 20 minutos e o ciclo se repete por 15 a 20 vezes, passa a
exposição total a constar com 300 a 400 min/dia de trabalho,
o que caracteriza uma situação de INTERMITÊNCIA. ( Inciso
II, Art. 2º, Decreto 93.412/86). (BRASIL, 1989).

Habitual
Se, ainda a exposição se processa durante quase todo ou todo
o dia de trabalho, sem interrupção, diz-se que a exposição

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Adicional de insalubridade e periculosidade 27

é de natureza CONTÍNUA. (Inciso I, Art. 2º, Decreto nº


93.412/86). (BRASIL, 1989).

Vimos até aqui como a legislação caracteriza ou descaracteriza o adicio‑


nal de insalubridade. Nos próximos itens deste livro, descreveremos os riscos
ambientais por suas características e seus meios de neutralização.

Para saber mais


No exercício de trabalho em condições de insalubridade o trabalhador terá direito a receber um
adicional sobre o seu salário base, ou previsão mais benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho,
equivalente a:
40% para insalubridade de grau máximo;
20% para insalubridade de grau médio;
10% para insalubridade de grau mínimo.

Questões para reflexão


Quais são os padrões que determinam os graus de insalubridade?

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28 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Seção 5 Agentes físicos


A Norma Regulamentadora (NR‑09) (BRASIL, 2013d) descreve como agentes
físicos as diversas formas de energia às quais os trabalhadores podem ser expostos,
tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações
ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom.
Em geral possuem três características:
necessitam de um meio de transmissão;
atuam sobre pessoas que não têm contato com a fonte de risco;
normalmente causam lesões crônicas.

5.1 Ruído
Para a Agencia Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, ruído é um
som indesejado, cuja intensidade é medida em decibéis (dB).
A NR‑15 (BRASIL, 2013h) em seu anexo I define o nível de ruído e o tempo
de exposição permitido, como vemos na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 Norma Reguladora15 — nível de ruído e tempo de exposição

Nível de ruído dB(A) Máxima exposição diária permissível


85 8 horas
90 4 horas
95 2 horas
100 1 hora
105 30 minutos

A Tabela 2.1 tem seus valores baseados na NR‑15 e podemos verificar que
o fator de dobra é 5 dB, ou seja, para cada aumento de 5 dB no ambiente, o
tempo de exposição deve ser reduzido à metade.
Para a Fundacentro (Fundação Jorge Duprat e Figueiredo), o fator de dobra
para o ruído é de 3 dB, deixando a Tabela 2.2 com outra característica.

Tabela 2.2 Fator de dobra para ruído 3dB

Nível de ruído dB(A) Máxima exposição diária permissível


85 8 horas
88 4 horas
continua

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Adicional de insalubridade e periculosidade 29
continuação
91 2 horas
94 1 hora
97 30 minutos
Fonte: Do autor (2013).

A Fundacentro é um órgão vinculado ao Ministério do Trabalho com a


missão de realizar estudos e pesquisas relacionadas à saúde e à segurança do
trabalhador (FUNDACENTRO, 2013).
A sua importância se dá ao fato de que o Instituto Nacional de Seguridade
Social — INSS, faz referência às Normas de Higiene Ocupacionais — NHO
publicadas pela Fundacentro em algumas de suas Instruções Normativas, como
é o caso da IN 99 referente à aposentadoria especial.

Links
Acesse os links a seguir, e descubra mais sobre os riscos físicos do ruído:
<http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/riscos_fisicos.html>
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas../140perda_auditiva.html>

Mas, para nosso livro, levaremos em conta o que exige o Ministério do Tra‑
balho. Desta forma temos o agente ruído, sua intensidade e o tempo máximo
de exposição diária. Precisamos então eliminar ou neutralizar o ruído para que
a insalubridade seja descaracterizada.
Para que se consiga uma maior exatidão dos dados quanto ao ruído no
ambiente de trabalho; é usado o decibelímetro, nas condições previamente
estabelecidas pela Fundacentro, que se apresentam da seguinte forma: aparelho
previamente calibrado, operando em circuito de compensação “A”, e circuito
de resposta lenta “slow”, com leitura próxima ao ouvido do empregado, con‑
siderando períodos de exposição a ruídos contínuos, de diferentes níveis.
As formas de conseguirmos o controle do ruído estão divididas em três
partes:
Na fonte, lubrificando peças, trocando partes metálicas por plásticas,
instalando amortecedores ou trocando o equipamento, se for o caso.
No meio, isolando a fonte, evitando a propagação do som, ou iso‑
lando o receptor com barreiras acústicas ou absorvedoras.

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30 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

No homem, não sendo possível a adoção das medidas anteriores, po‑


derá ser feita a redução do tempo de exposição ou utilização de EPI.
A sequência de como estão elencadas as formas de controle de ruído des‑
crevem a sequência correta para a eliminação da insalubridade, mas, como
já comentamos, algumas empresas partem diretamente para o uso de EPIs
contrariando inclusive o que diz a Norma Regulamentadora 06:
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuita‑
mente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conser‑
vação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam
completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho
ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo
implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência (BRASIL, 2013a).

Optando o empregador pelo uso de EPIs, ele deve observar todas as regras
que o equipamento exige, para que não tenha problemas futuros.
Essas regras serão mais bem detalhadas no item 4.4 deste livro.
Como dito, a avaliação de ruído no ambiente de trabalho é feita por apare‑
lhos denominados decibelímetros ou dosímetros, que são medidores de nível
de pressão sonora, que captam o som através de microfones.
Depois de obtidos os valores de decibéis do ambiente de trabalho, se a
empresa optar pelo uso de EPIs, ela terá que consultar o Certificado de Apro‑
vação (CA) do EPI e verificar se o nível de atenuação do equipamento controla
a exposição humana.
Como exemplo, podemos descrever um ambiente de trabalho com 89
dB(A) e os funcionários utilizando um protetor auricular de inserção CA
11.512, com nível de atenuação de 16 NRRsf. Teríamos, então, com o uso
efetivo, fiscalização e troca, um valor final de 73 dB(A), eliminando o risco
da insalubridade.
Concomitante ao agente físico ruído, podemos também considerar a
vibração, que é o movimento oscilatório de um corpo devido a forças dese‑
quilibradas, e só é considerado um problema capaz de trazer algum risco ao
trabalhador se houver efetivo contato físico entre o indivíduo e a fonte. Quando
assim acontece, alguns sintomas são muitas vezes ignorados, pois manifestam‑se

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Adicional de insalubridade e periculosidade 31

logo após a exposição, mas não são duradouros, como formigamento ou


adormecimentos leves.
As atividades ou operações que exponham o trabalhador, sem a devida pro‑
teção localizada ou de corpo inteiro, caracterizam‑se por atividades insalubres.
As fontes podem ser: furadeiras elétricas, motosserras, furadeiras pneumáticas.
Os efeitos dessa vibração no organismo aparecem de muitas formas como
o desenvolvimento de síndromes dolorosas de origem vertebral, distúrbios
gastrointestinais e efeitos cardiopulmonares.

Links
Para pesquisar sobre EPIs, acesse:
<http://www3.mte.gov.br/sistemas/caepi/PesquisarCAInternet.asp>

Questões para reflexão


Você sabe qual o limite de tempo para a exposição a 115 dB(A)?

5.2 Calor
O calor no ambiente de trabalho é responsável por sudorese, exaustão,
desidratação, cãimbras e quedas de pressão.
Por esses motivos, o controle do agente calor no ambiente de trabalho tem
grande importância para o rendimento do trabalho e preservação da saúde dos
funcionários.
Para a NR‑15 (BRASIL, 2013h), a avaliação do calor se divide em duas
situações:
ambientes internos sem carga solar;
ambientes externos com carga solar.
A avaliação é feita por meio de IBUTG — Índice de Bulbo Úmido Termô‑
metro de, Globo e os valores obtidos devem ser analisados levando em con‑
sideração o regime de trabalho e o tipo de atividades, que podem ser obtidos
no anexo 3 da NR‑15.

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Links
Para você conhecer sobre a avaliação de calor, acesse <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-
-regulamentadoras-1.htm>.

As formas de neutralização do calor são parecidas com a do ruído, ou seja:


na fonte, com isolamento do emissor;
no ambiente, com a instalação de ventilação;
no trabalhador, com a realização de revezamento das atividades.
Observe, na Tabela 2.3, qual o regime de trabalho intermitente com perío‑
dos de descanso no próprio local de prestação de serviço. Na Tabela 2.4, veja
a classificação dos tipos de atividade de acordo com a taxa de metabolismo.

Tabela 2.3 Regime de trabalho intermitente

REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE


COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL
LEVE MODERADO PESADO
DE TRABALHO
(por hora)
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho
30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho sem a adoção
acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
de medidas adequadas de controle
Fonte: Do autor (2013).

Tabela 2.4 Taxa de metabolismo por tipo de atividade

TIPOS DE ATIVIDADE Kcal/h


SENTADO EM REPOUSO 100
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com 150
os braços.
continua

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Adicional de insalubridade e periculosidade 33

continuação
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimen‑ 220
tação.
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos 440
(ex.: remoção com pá).
Trabalho fatigante. 550
Fonte: Do autor (2013).

5.3 Radiações ionizantes


A legislação se ateve às características da radiação ionizante sob o enfoque
Periculosidade e Insalubridade por se tratar de uma radiação emitida através
de energia propagada por ondas eletromagnéticas, que, se não monitoradas,
podem causar diversas alterações ou deflagrar graves problemas na saúde do
homem e também em outros seres vivos, por sua característica capaz de retirar
elétrons das moléculas dos corpos com os quais interage.
A Portaria nº 3.393/87 (BRASIL, 1987), após uma série de considerações,
resolveu adotar como atividade de risco o “Quadro de Atividades e Operações
Perigosas”, aprovado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, e acrescen‑
tar o referido Quadro, como anexo, à NR 16 (BRASIL, 2013i) — Atividades e
Operações Perigosas. Deste fato, repercutiu subsequentemente uma portaria
do Ministério do Trabalho (MTB), criando e introduzindo no mundo do traba‑
lho mais um adicional de periculosidade, entrando em vigor e sendo mais um
anexo da NR 16, que está constituído por duas relações: uma de atividades
consideradas perigosas, e outra de áreas de risco.
Portanto, o direito à percepção do adicional é decorrente do exercício de
determinadas atividades quando executadas em áreas de risco especificadas. A
legislação predefine as atividades e as áreas que estão sob a condição determi‑
nante, embora possa haver situações específicas que deverão ser identificadas
por profissional capacitado. Observe o demonstrativo de relação de atividade
e área de risco no Quadro 2.1.

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34  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Quadro 2.1  Demonstrativo de relação de atividade e área de risco

ATIVIDADE ÁREA DE RISCO


Radiografia industrial. Manuseio de fontes e equipamentos.
Atividades de operação com aparelhos de Salas de irradiação e de operação de aparelhos
raios X, com irradiadores de radiação gama, de raios X e de irradiadores gama, beta ou nêu‑
radiação beta ou radiação de nêutrons. trons (tomografias, e afins).
Diagnóstico médico e odontológico. Laboratórios de testes, ensaios e calibração, com
as fontes de radiação descritas.
Radioterapia. Salas de irradiação.
Atividades de medicina nuclear. Salas de diagnóstico e terapia com medicina
nuclear.
Manuseio e aplicação de radioisótopos para Enfermaria de pacientes, sob treinamento com
diagnóstico médico e terapia. radioisótopos.
Enfermaria de pacientes contaminados com
radioisótopos em observação e sob tratamento de
descontaminação.
Segregação, manuseio, tratamento, Laboratórios para descontaminação e coleta de
acondicionamento e estocagem de rejeitos rejeitos radioativos.
radioativos.
Fonte: Do autor (2013).

Portanto, de acordo com estes parâmetros estabelecidos, para as atividades


relativas a diagnósticos médicos e odontológicos, específicas de médicos e
dentistas, somente esses profissionais farão jus à percepção do adicional, isso
quando paralelamente realizarem operações de raios X.
Toda a atividade que não for assim enquadrada está fora deste adicional.

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Adicional de insalubridade e periculosidade 35

Seção 6  Agentes químicos


São aqueles decorrentes da manipulação e processamento de matérias­
‑primas, substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo
pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou
vapores, ou que, por sua característica e natureza da atividade de exposição,
possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por
ingestão. Quando o risco não é demasiadamente claro ou grande, existe uma
tendência em ignorá-lo ou menosprezá-lo; são essas pequenas e aparentemente
inofensivas características que carregam um poder destrutivo silencioso. Sob
o ponto de vista da higiene do trabalho, é muito importante a capacidade do
agente de se espalhar na atmosfera. Assim, nos interessam os gases e vapores e
os aerodispersoides, que são partículas sólidas e líquidas de tamanho reduzido,
capazes de ficar em suspensão por longos períodos.
Nas atividades laborativas, os diversos agentes químicos presentes no am‑
biente de trabalho podem entrar em contato com o organismo humano através
da inalação, ingestão ou contato com a pele, apresentando ação localizada
ou distribuída aos diversos órgãos e tecidos do corpo, de reação imediata ou
retardada, podendo ser classificados numa ordem mais prática, para que con‑
sigamos estabelecer linhas de conduta para sua eliminação ou controle:
Irritantes: são substâncias que, devido à sua reação química ou corrosiva,
têm a propriedade de produzir inflamação nos tecidos vivos com os quais te‑
nham contato. Ex.: olho, pele, mucosa e vias respiratórias.
Asfixiantes: essas substâncias têm poder de deslocar o oxigênio do am‑
biente. Provocam asfixia, que é o bloqueio das funções vitais, causando falta
de oxigênio e atingindo o cérebro em poucos minutos. Sabe-se que o ar precisa
ter, no mínimo, 18% de oxigênio para que a vida humana seja mantida. Ex.:
hidrogênio, nitrogênio, metano, acetileno, dióxido de carbono, monóxido de
carbono e outros.
Anestésicos: apresentam-se dentro das propriedades próprias, com efeito
comum de anestésico, devido à ação depressiva sobre o sistema nervoso central.
São introduzidos no organismo através dos pulmões, passando então ao sangue
e daí para todo o corpo. Ex.: benzeno, tolueno, xileno, álcool, anilina e outros.
É no PPRA (NR 9) (BRASIL, 2013d) que fica diagnosticado a qualificação do
risco, e através dele que o SESMT ou o empregador deverá traçar um plano de
ação com medidas de controle e monitoramento permanente, visando minorar

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36 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

os efeitos desses agentes, através da alteração de procedimentos, criação de


métodos que visem minimizar ou até mesmo erradicar as fontes geradoras. As
etapas obrigatórias para uma eficiente atuação são:
antecipação e reconhecimento dos riscos;
estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e
controle;
avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
implantação de medidas de controle e avaliação de sua
eficácia;
monitoramento da exposição aos riscos;
registro e divulgação dos dados (BRASIL, 2013d).
De acordo com a fundacentro, são 7 os grupos de agentes
químicos nocivos ao homem:

Grupo I — Substâncias de ação generalizada sobre o orga‑


nismo (ex.: cloro, chumbo, dióxido de carbono, monóxido
de carbono e nitroetano).
Grupo II — Substâncias de ação generalizada sobre o or‑
ganismo, podendo ser absorvida, também por via cutânea
(ex.: anilina, benzeno, bromofórmio, fenol, percloretileno,
tetracloreto de carbono e tolueno).
Grupo III — Substâncias de efeito extremamente rápido (ex.:
ácido clorídico, dióxido de enxofre e formaldeído).
Grupo IV — Substâncias de efeitos extremamente rápidos,
podendo ser absorvidas, também, por via cutânea: corres‑
pondem a apenas quatro substâncias: álcool n‑butílico, m‑
‑butilamona, monoetil hidrazina e sulfato de dimetila.
Grupo V — Asfixiantes simples: são representados por alguns
gases em altas concentrações no ar (ex.: acetileno, argônio,
hélio, hidrogênio, metano).
Grupo VI — Poeiras: são substâncias químicas sólidas pro‑
venientes da segregação mecânica das substâncias no estado
sólido. A NR 15, em seu Anexo 12, prevê três agentes: as‑
bestos (amianto), manganês e seus compostos, e sílica livre.
Grupo VII — Substâncias cancerígenas, (ex.: cloreto de vinila,
asbestos,benzidina, beta‑naftalina, 4 nitrodifenil, 4‑aminodi‑
fenil e, ultimamente, o benzeno) (AGENTES..., 2005).

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Adicional de insalubridade e periculosidade 37

Links
Acesse os links e descubra mais informações sobre Normas e Higiene Ocupacional:
<http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/recomendacao-tecnica-de-procedimento>;
<http://www.fundacentro.gov.br/noticias/detalhe-da-noticia/2013/11/medico-toxicologista
-explana-sobre-riscos-quimicos-e-fisicos>.

Para saber mais


Algumas características interessantes sobre os agentes químicos:
PRODUTO ODOR CARACTERÍSTICO
Acetaldeído Verdura, doce, frutas
Acetato de amila Frutas, banana, pera
Acetato de vinila Penetrante, azedo
Acetona Hortelã, doce
Ácido clorídrico Irritante, pungente
Acrilato de etila Terra, picante, plástico
Acrilato de metila Penetrante, doce, frutas

6.1 Gases
Na indústria, os gases podem ser encontrados sob duas formas:
À pressão atmosférica (baixas temperaturas): estes gases devem ser arma‑
zenados a baixíssimas temperaturas, em tanques com isolamento térmico e um
sistema de refrigeração.
À temperatura ambiente (alta pressão): estes são armazenados em altas pres‑
sões, em recipientes pressurizados, e geralmente na forma de charutos ou esferas.

6.2 Vapor
O vapor é o estado gasoso resultante de uma substância líquida em con‑
dições normais de pressão e temperatura. Ex.: vapores de gasolina, de álcool,

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de acetona e de água. Esses líquidos possuem alta pressão de vapor, são mais
voláteis, e quanto mais alta a temperatura, mais o líquido se volatiliza.

6.3 Poeiras
Resultam de algumas atividades como: lixamento, moagem, trituração, pe‑
neiramento, perfuração, explosão etc. Liberam resíduos que, embora pareçam
imperceptíveis, podem gerar grande malefício, pois são partículas sólidas pro‑
venientes da ruptura de materiais sólidos através de ação mecânica ou manual.

6.3.1 Fumos
Os fumos resultam na sua maioria de operações com aquecimentos, a exem‑
plo de soldagens, fusão de metais e outras operações. São partículas sólidas
muito pequenas oriundas do processo de condensação ou oxidação de vapores
de substâncias sólidas em condições normais.

Para saber mais


Os fumos metálicos de zinco e seus óxidos se inalados podem provocar uma enfermidade cha-
mada de febre de fumo metálico; os sintomas geralmente desaparecem dentro de um dia.

6.3.2 Névoas
A névoa tem aspecto peculiar, pois são partículas maiores que dão noção
turva, a exemplo das operações de pulverização de líquidos, como inseticidas,
tintas, desmoldantes e outros.

6.3.3 Neblinas
Formam-se neblinas através da condensação dos vapores de substâncias líqui‑
das a temperaturas normais, sendo também partículas líquidas e muito pequenas.

Questões para reflexão


Você saberia dizer quantos são os efeitos nocivos dos agentes químicos
para o ser humano?

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Adicional de insalubridade e periculosidade 39

Seção 7 Agentes biológicos


São agentes biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários,
vírus, entre outros. Contemplados na (NR15 Anexo 14) (BRASIL, 2013h), es‑
ses agentes estão mais evidenciados e trabalhamos com mais frequência nos
segmentos relacionados à saúde, embora encontrem‑se também em outras
áreas. Para os trabalhadores destas áreas e expostos aos riscos biológicos, é
importante a realização de exames periódicos, com a complementação de exa‑
mes laboratoriais, a fim de monitorar a situação do trabalhador, aplicação de
vacinas, conforme orienta a legislação, utilização de EPI’s exigidos de acordo
com a área e função do trabalhador. Nessa área, adotou‑se o branco como cor
padrão, por facilitar a visualização de indícios de agentes contaminantes, bem
como sua higienização.
Para realizar uma identificação de todos os riscos dos agentes biológicos nas
atividades laborais, há de se levar em conta a coleta, transporte e manipulação
do material, bem como o tempo de exposição, o grau e a natureza do material.
São inúmeras as variáveis que condicionam o trabalhador à exposição ao
risco biológico. Condições ambientais e pessoais devem ser levantadas para
se diagnosticar o risco biológico.
Consideram‑se também suscetíveis de risco biológico aqueles trabalhadores
que têm contato com resíduos, podendo ser de 3 categorias:
1o: Resíduos Sólidos Urbanos (RSU).
2o: Resíduos Hospitalares.
3o: Resíduos Industriais.
Podemos classificar os agentes biológicos, conforme o seu nível de risco
infeccioso, nos seguintes grupos:
GRUPO 1: baixa probabilidade de causar doenças ao ser humano;
GRUPO 2: risco moderado, uma vez que existe o agente que pode causar
doença ao ser humano, sendo, porém, pouco provavél sua propagação, além
de existir meios eficazes de profilaxia e tratamento;
GRUPO 3: risco alto ao ser humano, por se tratar de um agente que pode
causar doenças graves, de fácil propagação, embora existam meios de controle
e tratamentos dos efeitos nocivos da doença;

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GRUPO 4: risco grave eminente, agente biológico causador de doença grave


ao ser humano, com alto índice de propação, sem meios eficazes de controle
tratamento ou erradicação.
Ainda dentro desta perspectiva de identificar os agentes biológicos que
causam algum tipo de risco devido à sua classificação, podemos considerar que
não só o contato direto e a manipulação são fatores ou meios de propagação.
Há agentes biológicos que existem independente de ser ou não num ambiente
laboral, mas que, se considerados nestes ambientes, tornam‑se mais perigosos
e preocupantes, considerando as implicações dos fatores externos. Podemos
entender melhor essa situação ao observar o esquema da Figura 2.1.

Figura 2.1 Sequência de reconhecimento de ambiente de risco


Ambiente insalubre = trabalhador doente

Reconhecimento/avaliação/controle = ambiente saudável

trabalhador saudável

A seguir, observemos os agentes biológicos que acometem os trababalha‑


dores de determinados segmentos como os hospitais, laboratórios, curtumes,
tratamentos de água e esgoto, açougue, frigoríficos, coletas de lixo etc.:
Protozoários: Causam doença como disenteria ambiena e giardíase
(infecções causadas pela ingestão de alimentos deteriorados).
Fungos: Causam mofo e bolores, deterioram alimentos, podem produ‑
zir toxinas no homem, além de causar micoses (manchas ou feridas
na pele) do tipo pé de atleta ou ferida e sapinho.
Bactérias: Causam pneumonia, infecções alimentares, cólera, lep‑
tospirose (transmitida pela urina do rato) e toxoplasmose.
Bacilos: São bactérias em forma de bastonetes que causam, por
exemplo, a tuberculose (bacilo de Koch).
Vírus: Causa no homem a gripe, a hepatite, a herpes (genital e labial),
hidrofobia, AIDS e outras.

Pericia_trabalhista.indd 40 08/01/14 16:11


Adicional de insalubridade e periculosidade 41

Para saber mais


Provenientes destes riscos ocorrem algumas doenças:
dermatoses infecciosas e fúngicas;
eczemas de tipo alérgico; não infecciosos;
laptospirose;
raiva.
Estas duas últimas fazem parte de um tipo de contaminação biológica por insetos, parasitas e
animais, a que não só profissionais estão sujeitos.

Links
Para você ampliar seu conhecimento não deixe de acessar os links abaixo, que estão repletos
de informações importantes, as quais que você ficará surpreso em saber.
<http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/cartilha_mascara.pdf>;
<http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/contencaocomagentesbiologicos.pdf>.

Questões para reflexão


Será que existem outras doenças que podem ser causadas pelos agentes
biológicos?

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42  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Seção 8  Adicional de periculosidade


Vamos entender o que a NR classifica como perigoso. Será que podemos
dizer que só o que leva a uma atividade perigosa são os elementos com os
quais trabalhamos? Fica a critério das empresas e dos sindicatos das categorias
profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho, através das
Delegacias Regionais do Trabalho, a realização de perícia em estabelecimento
ou setor da empresa, com o objetivo de caracterizar, e classificar ou determinar
atividade perigosa, que deverá ser feita através de perícia a cargo de Engenheiro
do Trabalho ou Médico do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um
adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário, sem os acréscimos resul‑
tantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Temos
que lembrar que o contato permanente pode se dar de maneira contínua ou
intermitente, e a periculosidade só cessa, sob o ponto de vista legal, com a
total eliminação do risco.
Vejamos o que a NR 16 tem para nos informar:
16.5. Para os fins desta Norma Regulamentadora — NR 16,
são consideradas atividades ou operações perigosas as exe‑
cutadas com explosivos sujeitos a:
a) degradação química ou autocatalítica;
b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade,
faíscas, fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos.
16.6. As operações de transporte de inflamáveis líquidos ou
gasosos liquefeitos, em quaisquer vasilhames e a granel, são
consideradas em condições de periculosidade. Exclusão para
o transporte em pequenas quantidades, até o limite de 200
(duzentos) litros para os inflamáveis líquidos, e 135 (cento e
trinta e cinco) quilos para os inflamáveis gasosos liquefeitos.
16.6.1. As quantidades de inflamáveis, contidas nos tanques
de consumo próprio dos veículos, não serão consideradas
para efeito desta Norma.
16.7. Para efeito desta Norma Regulamentadora — NR con‑
sidera-se líquido combustível todo aquele que possua ponto
de fulgor igual ou superior a 70ºC (setenta graus centígrados)
e inferior a 93,3ºC (noventa e três graus e três décimos de
graus centígrados).
16.8. Todas as áreas de risco previstas nesta NR devem ser
delimitadas, sob responsabilidade do empregador (BRASIL,
2013i).

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Adicional de insalubridade e periculosidade 43

Para saber mais


O empregado no exercício de sua atividade poderá optar pelo adicional de insalubridade ou
periculosidade que porventura lhe seja devido, não sendo permitido o pagamento de ambos.

8.1 Explosivos e inflamáveis


Pois bem, vamos agora por partes. Com os explosivos, o que podemos apren‑
der é que são substâncias capazes de rapidamente se transformar em gases,
produzindo calor intenso e pressões elevadas. São considerados risco tipo 1.
São tratados e regulamentados na NR 19 (BRASIL, 2013p), e seguem padrões
rigorosos de classificação, por serem extremamente perigosos.
Para esses riscos especificamente, é necessário pessoal devidamente trei‑
nado, comprometimento e responsabilidade para demarcar e respeitar todo
o entorno espacial necessário, para evitar catástrofes como as causadas por
esses materiais.
Gases como nitrogênio, oxigênio, monóxido de carbono, dióxido de car‑
bono e vapor d’água reagem devido ao calor, expandindo-se rapidamente,
sendo capazes de provocar um deslocamento de ar, tornando a pressão superior
à encontrada na atmosfera normal. Outras substâncias, como azida de chumbo
e fulminato de mercúrio, além de serem também altamente vulneráveis ao calor,
são suscetíveis ao choque e fricção.
Outros exemplos de materiais explosivos: Nitropenta, Trotil, Tetril, Hexogê‑
nio, Nitroglicerina, Dinamite, peróxido de hidrogênio, gasolina.
Já na parte dos inflamáveis, a NR 20 (BRASIL, 2013j) descreverá de forma
detalhada todos os cuidados e características essenciais para o manuseio des‑
tes materiais. Além disso, nesta NR também são determinados padrões para a
atuação dos funcionários, como descrito a seguir:
20.11.1 Toda capacitação prevista nesta NR deve ser reali‑
zada a cargo e custo do empregador e durante o expediente
normal da empresa.
20.11.1.1 Os critérios estabelecidos nos itens 20.11.2 a
20.11.9 encontram-se resumidos no Anexo II.
20.11.2 Os trabalhadores que laboram em instalações classes
I, II ou III e não adentram na área ou local de extração, pro‑
dução, armazenamento, transferência, manuseio e manipu‑
lação de inflamáveis e líquidos combustíveis, devem receber

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44 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

informações sobre os perigos, riscos e sobre procedimentos


para situações de emergências.
20.11.12 Os trabalhadores que realizaram o curso Avançado
I, caso venham a necessitar do curso Avançado II, devem fazer
complementação com carga horária de 8 horas, nos itens 11
e 12 do curso Avançado II, incluindo a parte prática.
20.11.13 O trabalhador deve participar de curso de atuali‑
zação, cujo conteúdo será estabelecido pelo empregador, e
com a seguinte periodicidade:
a) curso Básico: a cada 3 anos com carga horária de 4 horas;
b) curso Intermediário: a cada 2 anos com carga horária de
4 horas;
c) cursos Avançado I e II: a cada ano, com carga horária de
4 horas.
20.11.13.1 Deve ser realizado, de imediato, curso de atu‑
alização para os trabalhadores envolvidos no processo ou
processamento, onde:
a) ocorrer modificação significativa;
b) ocorrer morte de trabalhador;
c) ocorrerem ferimentos em decorrência de explosão e/ou
queimaduras de 2º ou 3º grau, que implicaram em necessi‑
dade de internação hospitalar;
d) o histórico de acidentes e/ou incidentes assim o exigir
(BRASIL, 2013j).
É importante salientar que nas áreas onde estes materiais são armazenados,
manipulados, e nas formas de transporte, são obrigatórias placas sinalizadoras
com os dizeres “NÃO FUME” e “INFLAMÁVEL”. São necessários determinados
cuidados para que na indústria não haja dúvidas por parte dos funcionários
quanto às reais condições de segurança no desenvolvimento das atividades.
Convencionou‑se, então, que cores seriam utilizadas para se identificar esses
elementos, da seguinte forma:
Laranja — ácido
Branco — vapor
Azul real — ar comprimido
Amarelo ouro — gases não liquefeitos
Preto — inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade
Para assegurar a segurança de depósitos e tanques fixos que se destinam à
armazenagem destes fluidos, convencionou‑se que as cores de identificação
seguiriam as mesmas das canalizações.

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Adicional de insalubridade e periculosidade 45

Toda a classificação de embalagens para este tipo de produtos foi regula‑


mentada pela NBR 11564 de Julho de 2002, tendo sido regulamentadas não
só as embalagens, mas também o transporte e a armazenagem.
Conheça também:
NBR 7501:1989 — Transporte de produtos perigosos — Terminologia.
NBR 9198:1985 — Embalagem e acondicionamento — Terminologia.
NBR 9470:1986 — Embalagem — Determinação da estanqueidade
— Método de ensaio.
NBR 9471:1986 — Embalagem — Determinação da resistência à
pressão interna — Método de ensaio.
NBR 9474:1986 — Embalagem e acondicionamento — Determinação
do desempenho em queda — Método de ensaio.
NBR 9475:1986 — Embalagem e acondicionamento — Determinação
da resistência à compressão por carga constante.

Para saber mais


NBR é uma abreviação adotada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), em que:
N = Norma, Br = Brasileira, (NBR = Norma Brasileira).
É uma norma brasileira, de responsabilidade social, que tem caráter de sistema de gestão. É
aplicada para dar subsídio na organização e implementação de procedimentos de segurança.

8.2 Energia elétrica


O adicional de periculosidade só é garantido ao profissional que trabalha
com sistema elétrico de potência, ou equipamentos e instalações similares,
mesmo que em unidades consumidoras de energia elétrica, e que ofereça risco.
Este adicional é restrito aos trabalhadores que operam no ramo de energia
elétrica como atividade fim. Aos demais que não estão dentro desta categoria,
o adicional não contempla.
Para efeito desta concessão, determinou‑se equipamentos e instalações
elétricas em situação de risco, aquelas em que o contato físico e a exposição
aos efeitos da eletricidade colocam os trabalhadores em condições expostas a
acidentes, que podem causar incapacitação, invalidez temporária ou perma‑
nente, ou morte.

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46 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

É de responsabilidade do perito fazer o levantamento e enquadramento do


trabalhador nas atividades e áreas de risco, bem como confirmar se a atividade
e área estão descritas no Quadro anexo ao Decreto 93.412/86, confirmando
assim o adicional de periculosidade em condições efetivamente de risco.
Não devemos deixar de observar duas importantíssimas situações que
colocam todos os trabalhadores que estão neste segmento em condições de
periculosidade:
É o sistema elétrico de potência que condiciona o adicional de pe‑
riculosidade, independentemente se os equipamentos e instalações
são de baixa ou alta tensão.
Se existir a remota possibilidade de energização acidental do equi‑
pamento ou instalação, já se configura a periculosidade.

Para saber mais


É também importante não esquecer que o ingresso ou permanência eventual em área de risco
não geram direito ao adicional de periculosidade.

Links
No Decreto nº 93.412, de 14 de outubro de 1986, você poderá constatar o quadro completo
onde ficam estabelecidos todas as áreas e atividades que estão sob condição indenizatória.
Acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d93412.htm>.

8.3 Profissionais de segurança pessoal e patrimonial


Recém‑publicada, a Lei nº 12.740/2012 (BRASIL, 2012) altera a CLT co‑
locando também os profissionais deste ramo de atividade respaldados pelo
benefício da periculosidade. Assim sendo, veja como ficou o Quadro 2.2 no
seu enquadramento na NR 16:

Quadro 2.2 Atividades e operações perigosas com exposição permanente a roubos ou outras
espécies de violência física

ATIVIDADES OU OPERAÇÕES DESCRIÇÃO

Preservação do patrimônio em estabelecimentos públicos


Vigilância patrimonial
ou privados e a incolumidade física de pessoas.

continua

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Adicional de insalubridade e periculosidade 47

continuação

Manutenção da ordem e da segurança em espaços comu‑


Segurança de eventos
nais públicos ou privados, de uso comum do povo.

Segurança nos transportes coletivos terrestres destinada à


Segurança nos transportes coletivos
manutenção da ordem.
Segurança de estabelecimentos Gestão e operação interna de segurança de estabeleci‑
prisionais mentos prisionais.

Segurança ambiental e florestal Policiamento da conservação de fauna e flora natural.

Transporte de valores Execução do transporte de bens ou valores.


Acompanhamento para a proteção de qualquer tipo de
Escolta armada
carga, de valores ou de pessoas.
Guarda e preservação da integridade física de pessoas ou
Segurança pessoal
grupos.

Fonte: Adaptado de Brasil (2013i).

Ficou claro neste quadro quais são os profissionais que estão enquadrados
neste benefício — os que não se enquadram não têm direito a receber este
benefício. Saiba que é o local vigiado que determina o pagamento do adicional
de periculosidade, e não a função.

Links
Veja no link a seguir a diferença entre os cargos de porteiro, vigia e vigilante. Acesse: <http://
www.sindasseio.org.br/noticias.asp?PORTEIROVIGIA-OU-VIGILANTEuJMuE-.html>.

A função de porteiros, vigias, vigilantes e seguranças na área da saúde não ex‑


põem o trabalhador a risco de roubos ou outras espécies de violência, uma vez
que estabelecimentos de serviços de saúde não sofrem assaltos ou sequestros.
Um fator importante é saber distinguir e identificar as diferentes características
dos profissionais, uma vez que ao vigilante é imputada a responsabilidade de
zelar pela segurança das pessoas, defender o patrimônio e as pessoas, e coibir
atos ilícitos e delitos. Já para o vigia/porteiro, sua característica profissional é
de controlar acesso de pessoas, estar atento a anormalidades, ajudar e prestar
informações em caso de sinistro, prestar auxílio a pessoas com dificuldade de
locomoção, auxiliar na movimentação de mercadorias, e até mesmo executar
e acompanhar pequenos reparos no local de trabalho.

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48  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Para concluir o estudo da unidade


Você pode observar a grandiosidade e complexidade que é o envolvi‑
mento com a atividade laboral, e também pode perceber que atualmente
são inúmeros os esforços para humanizar o ambiente de trabalho e resta‑
belecer a dignidade do trabalhador. A legislação permite que os direitos
dos trabalhadores sejam valorizados, mas para isso é preciso que haja um
esforço mútuo, em que o empregador cumpra com suas responsabilidades
e o trabalhador, por sua vez, seja consciente em aceitar todas as mudanças
que os novos padrões de segurança tendem a implantar. Tendo em vista
que muitos trabalhadores, por exercerem suas profissões por longos anos,
não são receptivos às novas normas e padrões, cabendo ao profissional
desta área abordar e convencer, através de um processo de encultura‑
ção de todos os envolvidos no processo produtivo. Com os aspectos de
insalubridades e periculosidades apresentados nesta unidade, é possível
traçar linhas de ação, conceber ou reciclar metodologias de trabalho, e,
até mesmo de forma efetiva, contribuir para uma melhor relação homem/
meio ambiente, e para a qualidade de vida dos trabalhadores. Essa, talvez,
seja uma das maiores recompensas que podemos vislumbrar.

Resumo
Tendo definido as características de insalubridade e periculosidade,
bem como as diversas extensões do assunto, é possível perceber o quão
grande são as implicações. Inúmeras são as situações que merecem ser
cuidadosamente avaliadas. Agora que você já conhece um pouco deste
universo amplo e complexo, pode aplicar seu conhecimento em detri‑
mento de melhorais no seu ambiente de trabalho e contribuir para a
melhoria de muitos ambientes laborais. Indo mais além, aprofundando‑
-se, você pode ser o diferencial no setor de segurança do trabalho, pois
o intuito desta unidade é realmente este: fazer de você um profissional
talentoso e conhecedor das normas e leis que regularizam e orientam uma
atividade laboral que não seja geradora de doenças profissionais e nem
fonte de incapacidades.

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Adicional de insalubridade e periculosidade 49

Além disso, é possível que haja em um único ambiente mais de um


risco, você concorda? Quando assim ocorrer, é importante o conhecimento
da NR 15. Consultando a tabela, você será capaz de formular um mapa
de risco essencial para esclarecer e direcionar o trabalho, na exaustiva e
permanente tarefa de erradicar e controlar os riscos. Além do mais, você
poderá estabelecer a intensidade do risco — outra característica funda‑
mental no plano de ação para uma ação prevencionista.

Atividades de aprendizagem
1. Quantos são os anexos apresentados pela NR 15 para regularizar
e compreender todas as atividades avaliadas como insalubres e
perigosas?
2. No anexo III, quadro III, da NR 15, como se dá a classificação de
trabalho leve, moderado e intenso?
3. No anexo XI da NR 15, quadro I, identifique o grau de insalubridade
nos locais de trabalho para: acetato de etila; acetaldeído; ácido clo‑
rídrico; ácido acético; álcool isobutílico.
4. A NR 19 trata exclusivamente de explosivos. Quais são as atividades
proibidas no manuseio destes materiais?
5. Quais são as atividades constantes da NR 16 que dão adicional de
periculosidade?

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Unidade 3
Condições de risco e
formas de controle

Objetivos de aprendizagem: O objetivo desta unidade é mostrar a


você, aluno, algumas de muitas tendências que envolvem a análise
dos riscos, para, em se reconhecendo os riscos, também ser possível
uma ação preventiva, que deverá obedecer a algumas características e
padrões. Assim sendo, é a prevenção o segredo para se ter um processo
produtivo limpo e eficiente.

Seção 1: Tipos de risco


Tratará da identificação dos tipos de risco e análise
de risco.

Seção 2: Métodos e técnicas de prevenção


Cuidará de apontar como fazer diante do risco.

Seção 3: Acidente de trabalho


Esta seção expõe o acidente de trabalho como
consequência à não prevenção.

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Introdução ao estudo
Todas as atividades humanas envolvem risco, seja nas mais simples ações,
seja nas mais complexas, sejam pequenos ou grandes riscos. Para isso, tratare‑
mos nesta unidade de identificar os ambientes com risco, reconhecer os riscos
a que os trabalhadores estão expostos, e elaborar estratégias que permitam
minimizar ou erradicar as fontes geradoras destes riscos.
Apontaremos também umas das consequências mais conhecidas destes
riscos: os acidentes de trabalhos, típicos ou não, e também os métodos e pro‑
cedimentos que, implantados ou implementados, podem prevenir o trabalhador
das agressões causadas pelos agentes de risco.
Além do mais os riscos não têm um fator exclusivamente técnico; podem
ser avaliados como uma junção de características éticas e políticas que inter‑
ferem na sociedade. Afinal, os riscos decorrentes dos processos produtivos e
tecnológicos têm, em sua íntegra, o mesmo fator comum: o ser humano.

Para saber mais


Acidentes não acontecem, eles são provocados! Ou pelo fator humano ou pelo fator
mecânico.

Seção 9  Tipos de risco


Uma vez que você é incumbido de fazer a organização do ambiente de
trabalho, uma de suas primeiras atitudes deve ser o reconhecimento deste am‑
biente e o levantamento de todo o processo produtivo que se passa ali. Para
isso, você precisa conhecer os tipos de risco. Como vimos na unidade anterior,
temos os riscos: físicos, químicos biológicos, que trazem um adicional ao tra‑
balhador, mas há também os riscos ergonômicos e de acidentes, que merecem
readequações, monitoramento e controle.
O risco denota em si a possibilidade de, em algum momento ou situação,
ocorrer algum dano à saúde do trabalhador, gerando assim perdas e prejuízos.
Uma vez que existe o reconhecimento do risco, e isso já vem disposto na
CNAE — Classificação Nacional de Atividades Econômicas, somente é preciso

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Condições de risco e formas de controle 53

organizar e implementar os padrões para minimizar ou erradicar os riscos. No


quadro III da NR 5 (BRASIL, 2013k), você poderá conhecer todos os códigos
de classificação em vigor, de acordo com as atividades econômicas.
Na NR 26 (BRASIL, 2013l), também há informações importantes sobre a
identificação dos riscos. Vocês poderão observar nesta NR que está estabele‑
cido, por cores, um roteiro que auxilia na organização do ambiente, para que
seja evitado expor os trabalhadores às condições de risco.

Para saber mais


Amarelo deverá ser empregado para indicar “Cuidado!”.
A cor vermelha deverá ser usada, excepcionalmente, com sentido de advertência de perigo.
O verde é a cor que caracteriza “segurança”.

Um bom gerenciamento dos riscos deve passar pelo PPRA (NR 9) (BRASIL,
2013d), muito bem detalhado, um PCMSO (NR 6) (BRASIL, 2013a) criterioso,
dentro do conhecimento do ramo da atividade, e, se existir Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes (Cipa) no local, esta deve também ser envolvida
no empenho para dar ao trabalhador alternativas mais seguras no desempenho
das atividades, além de um acompanhamento constante de todas as implemen‑
tações, desde a mudança de procedimentos, adoção de EPC´s e EPI´s, treina‑
mentos e vistorias com check list. É importante que, para o reconhecimento
do risco, seja feito um organograma de todo o processo produtivo, bem com
se ter em mãos um layout do ambiente.

Links
Nestes links você ampliará seu campo de conhecimento, não deixe de consultá-los:
<http://www.cnae.ibge.gov.br/>
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr5.htm>
<http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/classificacao_atividades/>
<http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/6.htm>

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Para saber mais


Todo método e técnica empregados para o controle dos riscos no ambiente de trabalho devem
ser registrados em lista de presença, com assinatura dos trabalhadores envolvidos e líderes.

Não podemos deixar de observar também como é importante estabelecer


um método que permita identificar os riscos e, uma vez agindo dessa forma,
deixar abertas as informações para que sejam conhecidas tanto pela parte do
empregador quanto do empregado, e abrir uma discussão que vise melhorar
as condições existentes. Observe o Quadro 3.1.

Quadro 3.1  Reconhecimento dos riscos ambientais do trabalho

MEDIDAS
DE
POSSÍVEIS TEMPO/ CAUSA/
RISCOS/ FUNÇÕES CONTROLE
SETOR LOCAL DANOS À TIPO DE FONTES
AGENTE EXPOSTAS EXISTENTES
SAÚDE EXPOSIÇÃO GERADORAS
OU
NECESSÁRIAS

9.1 Análise de risco


O que seria análise de risco? É a avaliação de pontos críticos que possam
vir a ser fonte causadora de acidentes, ou situações de não conformidade que
possam atrapalhar ou impedir a execução de determinada tarefa. Como faremos
esta análise? Através de métodos que cada segmento econômico deve desenvol‑
ver dentro de suas reais condições de trabalho. São, na verdade, procedimentos
padrão implantados de acordo com as características do ramo de atividade.

9.2 Análise preliminar de risco (APR)


Para seguir esses protocolos, é importante que o profissional esteja em co‑
mum acordo com o empregador e conheça todo o processo operacional. Cada

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Condições de risco e formas de controle 55

segmento, ou melhor, cada atividade econômica tem um tipo de APR que o


atenderá através de quesitos específicos e pertinentes à realização da tarefa.

9.3 Análise de falha humana


Após realização da APR, que deverá conter perguntas técnicas sobre o
processo, segue-se a Análise de Falha Humana que nada mais é do que a ava‑
liação do fator humano no processo produtivo. Aí se incluem as questões de
qualificação profissional, capacitação, experiência profissional, treinamento e
condições de saúde.

9.4 Análise de falhas e efeitos


Já num terceiro momento, será a vez da Análise de Falhas e Efeitos que é
a averiguação das condições físico-espaciais nas quais ocorre o desenvolvi‑
mento das atividades laborais. Para isso, é feito um levantamento dos tipos de
equipamentos envolvidos no processo, características destes equipamentos,
funcionalidade e dispositivos de segurança, enfim, todos os aspectos mecânicos
do processo produtivo.

9.5 Permissão para trabalhos (PT)


A Permissão para Trabalhos deve ser instituída em todos os segmentos que
apresentarem risco eminente ao trabalhador. Ela deve conter a descrição da
atividade a ser realizada, o risco a que o profissional está exposto, as condi‑
ções nas quais se dará a realização da atividade, e também a identificação de
quem está autorizando a execução da tarefa. Deve, ainda, conter os dados do
trabalhador e dados físico-espaciais do ambiente, como, por exemplo o local
exato onde o trabalho deverá ser realizado. Nesta mesma linha segue também
o POP, que é a Permissão para Operações Perigosas. Tem a mesma finalidade
e característica, segue a mesma metodologia, apenas com sigla diferente, para
atender a outro segmento econômico.

Para saber mais


Também é bom lembrar que o trabalho pode ser uma importante fonte de saúde, se realizado
de forma gratificante e em um ambiente saudável.

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Seção 10  Métodos e técnicas de prevenção


Nesta seção, vamos estabelecer como devemos proceder, uma vez realizado
todos os critérios de avaliação. São procedimentos práticos que devem servir
para levar o trabalhador a conhecer o processo produtivo no qual está inserido.
Para tal prática, o empregador deve adotar:

10.1 Treinamentos
São imprescindíveis para chamar a atenção do trabalhador na sua área de
atuação. É nesses treinamentos que o trabalhador fica sabendo dos riscos que
envolvem sua atividade. Também nestes momentos os trabalhadores orientados
conseguem identificar métodos de proteção típicos para seus ambientes. Nestes
treinamentos desperta-se a conscientização para evitar os acidentes de trabalho.

10.2 Equipamento de Proteção Individual (EPIs)


Este método de prevenção vem legalizado pela NR 6 (BRASIL, 2013a) que,
especificamente, trata de todos os procedimentos que envolvem desde a com‑
provação da necessidade de implantação de EPI, sua eficácia, sua eficiência,
sua legalização pela legislação através de CA (Certificado de Aprovação) que é
expedido pelo INMETRO e MINISTÉRIO DO TRABALHO, sua obrigatoriedade
de uso, a obrigatoriedade de entrega para algumas atividades já estabelecidas,
bem como toda uma burocracia necessária de registro de entrega, treinamento
e orientação de uso. Nesta NR também são dispostos através do anexo I, EPI´s
próprios para cada parte do corpo (veja Quadro 3.2). É fundamental que todo
EPI implantado seja, na sua entrega ao trabalhador, acompanhado de uma ficha
de entrega, na qual deverão constar os dados do funcionário, o setor a que
pertence, o tipo de EPI com respectivo CA, data e assinatura do trabalhador.
Assim como existe um EPI para atender a cada parte do corpo, existe tam‑
bém o indicado para cada segmento. Quem vai estabelecer e implementar o
procedimento de adoção do EPI será o profissional de segurança do trabalho,
engenheiro ou técnico de segurança do trabalho.

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Condições de risco e formas de controle 57

Quadro 3.2  Demonstrativo Ambiente/Epi indicado

SEGMENTO INDICAÇÃO EPI


Trabalho espaço confinado (NR33) Sapato de segurança; capacete com jugular; cinto de
segurança modelo paraquedista; luvas de raspa ou PVC;
óculos de segurança; máscara respiratória mod. PFF1 ou
com respirador, trava quedas.
Trabalhos em metalúrgica (NR 11 Sapato de segurança com biqueira de aço; luvas de algo‑
e 12) dão e de vaqueta; capacete com jugular; avental de raspa,
blusão de raspa, protetor auricular, máscara com viseira;
macacão antichamas e, para os que trabalham a céu
aberto, protetor solar.
Trabalhos na construção civil Sapato de segurança; protetor auricular; cinto de segu‑
(NR18) rança modelo paraquedista; luvas de algodão e luvas de
vaqueta; protetor solar; óculos de proteção.
Trabalhos com energia elétrica (NR Capacete classe B; óculos de segurança UVA/UVB; luvas e
10) mangas isolantes de borracha; calçado de segurança com
solado isolante, vestimentas condutivas de segurança,
além de luvas propícias sobre as luvas de borracha.
Fonte: Do autor (2013).

Para saber mais


Você sabia que a validade de um CA para EPI, que está regulamentado pelo SIMETRO, é de 5
anos, e para os que não tem regulamentação, nem nacional nem internacional, é de 2 anos?

10.3 DDS ou BDS


Os Diálogos De Segurança ou Briefing De Segurança são adotados para
que os trabalhadores sejam em seus postos de trabalho abordados e levados
a reconhecer nas atividades corriqueiras situações de risco, nas quais são
apontados, por eles mesmos, condições mais seguras e meios mais eficientes
para a realização das atividades. São formas breves, em geral 15 minutos, em
que fazem uma reflexão dirigida através de um líder que propõe melhorias nas
condições ambientais e pessoais.

10.4 Equipamento de Proteção Coletiva (EPC)


É um método coletivo que, após a identificação dos riscos, o empregador
deve se esmerar para adotar. Visa, em síntese, dar condições gerais de segu‑

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rança, não só aos envolvidos na realização do trabalho, mas também a todos


que, porventura, façam parte da mesma planta de trabalho, e até mesmo na
circunvizinhança. Para esta categoria, não existe NR própria, pois toda a pro‑
teção coletiva depende de condições ambientais locais, contingente humano,
e avaliação dos riscos e sua caracterização.

10.5 Inspeção
Este método também é eficaz como medida de prevenção, pois, ao conhecer
o ambiente de trabalho, o líder ou responsável pode desenvolver um check list,
de situações, outro de equipamentos e um terceiro de condutas; essa inspeção
pode ocorrer semanal, quinzenal ou mensalmente, ou conforme necessidade.
Quando realizado, este mecanismo pode ajudar a detectar riscos ainda não
observados, situações de risco eminente, ou até mesmo de erradicação de risco
outrora detectados.
Observe no Quadro 3.3 um modelo de checklist, embora você possa desen‑
volver um diretamente relacionado à área que você quer avaliar, com perguntas
específicas para o segmento.

Quadro 3.3  NR-15 — Atividades e operações insalubres

1 - DADOS DA INSPEÇÃO
a) Local b) data

c) Inspetor (es) d) Acompanhantes

e) Responsável pelo local f) Ramal

g) Característica do Local

h) Referências técnicas (Além desta NR) i) No de funcionários lotados na área

DESCRIÇÃO SIM NÃO COMENTÁRIOS


01) O
 s níveis de ruídos são medidos próximos ao
ouvido do trabalhador?
02) O
 s tempos de exposição estão ultrapassando
os limites de tolerância fixados?
03) E xistem trabalhadores expostos a níveis de
ruído acima de 115 dB(A)?
04) Se afirmativo, estão adequadamente protegidos?
continua

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Condições de risco e formas de controle 59

continuação
05) Ocorrendo dois ou mais períodos de exposição
a ruído de diferentes níveis, são considerados
os seus efeitos combinados?
06) Os ruídos contínuos ou intermitentes são me‑
didos com decibelímetro operando no circuito
de compensação “A” e circuito de resposta
lenta (Slow)?
07) Os ruídos de impacto são medidos com deci‑
belímetro operando no circuito de compensa‑
ção “C” e circuito de resposta rápida (fast)?
08) É respeitado o limite de tolerância para ruído
de impacto de 130 dB(LINEAR)?
09) A exposição ao calor é avaliada através do
IBUTG?
10) Nesta avaliação são utilizados o termômetro de
bulbo úmido natural, termômetro de globo e
termômetro de mercúrio comum?
11) A medição é feita na altura da região do corpo
mais atingida?
12) Em função do índice obtido, o regime de traba‑
lho intermitente é seguido conforme define o
Quadro nº 1?
13) Os períodos de descanso são considerados
como tempo de serviço?
14) A determinação da atividade (leve, moderada
ou pesada) é feita consultando a tabela nº 3?
15) As medições são realizadas no local onde
permanece o trabalhador com período de
descanso ou em outro local?
16) O local de descanso é um ambiente termi‑
camente mais ameno, com o trabalhador em
repouso ou exercendo atividade leve?
17) Há controle das radiações ionizantes?
18) Existem Supervisores de Proteção Radiológica?
19) Há proteção adequada para trabalhos
envolvendo radiações ionizantes?
20) Existe laudo pericial comprovando a existência
de vibrações?
21) Existe proteção adequada para operações reali‑
zadas no interior de câmaras frigoríficas?
22) Há atividades ou operações nas quais os
trabalhadores ficam expostos a agentes
químicos que ultrapassem os limites de
tolerância no Quadro nº 1?
23) Os valores teto são ultrapassados em algum
momento durante a jornada de trabalho?
continua

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continuação
24) Os trabalhadores utilizam EPIs para a manipu‑
lação de produtos químicos que constem na
coluna “Absorção também pela pele”?
25) A avaliação das concentrações dos agentes
químicos através de amostragem instantânea,
de leitura direta ou não, é feita pelo menos
em 10 amostragens para cada ponto ao nível
respiratório do trabalhador?
26) Entre cada uma das amostragens, deverá haver
um intervalo de no mínimo 20 minutos.
27) Para jornadas de trabalho que excedam as 48
horas semanais, é cumprido o disposto no art.
60 da CLT?
Fonte: Brasil (2013h).

10.6 Relatório
Nesta técnica, o encarregado poderá fazer apontamentos de onde estão
os riscos, identificar práticas não seguras, situações de não conformidades, e
já apontar as possíveis medidas preventivas e adoção de procedimentos segu‑
ros, trazendo benefícios para todo o processo produtivo. Esta também é uma
excelente ferramenta para informar a gestão dos pontos negativos, positivos e
controles necessários para uma maior eficiência do processo.

Links
Neste link você terá oportunidade de ampliar seu conhecimento sobre a funcionalidade das
inspeções e relatórios de segurança, não deixe de consultar:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe350AD/inspecao-seguranca-inspecao-risco>

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Condições de risco e formas de controle 61

Seção 11  Acidente de trabalho


Quando existem falhas no processo de reconhecimento dos riscos, quando
não há adoção de medidas preventivas, é inevitável que aconteça o acidente
de trabalho. Este deveria acontecer apenas nas condições como descreve a
tradução da palavra acidente, acontecimento fortuito, não previsível, mas a
legislação art. 19 da Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991), declara que o acidente de
trabalho é aquele que acontece no exercício do trabalho a serviço da empresa,
que cause incapacidade parcial e temporária, lesão corporal de qualquer tipo
ou perturbação funcional, e mesmo a morte. Quando acontece um acidente
de trabalho, existem fatores que devem ser levantados, investigados e ações
que devem ser realizadas.
Vamos entender, então, um acidente de trabalho e suas implicações legais,
bem como seus desdobramentos. Você também poderá ampliar seu conheci‑
mento consultando a Lei Nº 8.213/91 (BRASIL, 1991). Uma vez conhecido
o que é um acidente de trabalho, e se caracterizado como tal, o trabalhador
terá direito a um benefício, que está regulamentado pelo Decreto 611/92. Este
benefício se dará através de pagamento mensal até que o trabalhador possa
voltar às suas atividades, ou pode ser a título indenizatório a seus beneficiários,
se ele tiver morrido.
Vejamos como se caracteriza um acidente de trabalho de acordo com a
legislação art. 19 da Lei nº 8.213/91:
Acidente de trabalho é aquele que acontece no exercício do
trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional, podendo causar morte, perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho (BRASIL, 1991).

Ainda seguindo a definição de acidente, equiparam-se também os fatores


descritos a seguir e que estão no art. 21 da Lei nº 8.213/91.
a. Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por
terceiros ou companheiro de trabalho.
b. Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo
de disputa relacionada com trabalho.
c.  Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de
terceiros, ou de companheiro de trabalho.
d. Na execução espontânea de qualquer serviço à empresa,
fora do local e horário de trabalho.

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e.  Quando você estiver em viagem a serviço da empresa.


f.  Nos períodos destinados às refeições ou ao descanso.
g. No percurso da residência para o trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de transporte, desde
que não haja alteração ou interrupção por motivo alheio
ao trabalho (BRASIL, 1991).

Comprovada a situação de acidente de trabalho, vejam quais são os direitos


que o acidentado e os seus dependentes têm, independentemente do cumpri‑
mento de carência:

I — SEGURADO:
Auxílio-doença;
Auxílio-acidente;
Aposentadoria por invalidez;
II — DEPENDENTES:
Pensão em caso de morte;
III — SEGURADO E DEPENDENTE:
Serviço social;
Reabilitação profissional.

Uma vez tendo ocorrido qualquer situação que impossibilite o trabalhador


de continuar suas atividades, e se comprovada sua ligação com seu trabalho, o
empregador deverá abrir uma CAT, que significa COMUNICADO DE ACIDENTE
DE TRABALHO. Trata-se de um documento gerado a fim de comunicar o órgão
governamental Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), para que este possa
prestar o auxílio necessário ao acidentado.
A Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991) determina no seu art. 22 que todo acidente
do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao
INSS, sob pena de multa em caso de omissão. Cabe ressaltar a importância da
comunicação, principalmente o completo e exato preenchimento do formulá‑
rio, tendo em vista as informações nele contidas, não apenas do ponto de vista
previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas também trabalhista e social.
A seguir você terá a descrição das principais situações dentro de um quadro
de acidente de trabalho, de acordo com a legislação art. 20 da Lei nº 8.213/91.
Para saber mais acesse os links indicados.

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Condições de risco e formas de controle 63

11.1 Doença profissional


É aquela desencadeada pelo trabalhador devido à atividade por ele exercida.
Já existe no Ministério do Trabalho e Emprego uma lista com os nomes das doen‑
ças relacionadas à atividade — são conhecidas como Doenças de Nexo Causal.
São doenças causadas especificamente pela “nocividade da matéria manipulada”
no trabalho, tendo uma relação direta com ela. Por exemplo, pneumocarnose
(bagaçose): ocorre em atividades relacionadas à cana-de-açúcar (as fibras da
cana esmagada são assimiladas pelo sistema respiratório).
Vejamos no Quadro 3.4 algumas doenças com a classificação de riscos cons‑
tante no regulamento do INSS, que já são consideradas doenças profissionais.

Quadro 3.4  Demonstrativo do agente de risco e a atividade correspondente

AGENTES PATOGÊNICOS DE
TRABALHO QUE CONTÉM O RISCO
ORIGEM QUÍMICA
Chumbo, suas ligas ou Extração de minérios metalurgia e refinação do chumbo;
seus compostos Fabricação de acumuladores, baterias (placas);
(plubismo ou saturnismo). Fabricação e emprego de chumbo-tetraetila e chumbo
tetrametila;
Fabricação e aplicação de tintas, esmaltes e vernizes à
base de compostos de chumbo;
Fundição de chumbo, de bronze
Soldagem;
Indústria de impressão;
Fabricação de vidro, cristal e esmalte vitrificado;
Sucata, ferro velho.
Cromo ou Cromagem eletrolítica de metais (galvanoplastia);
seus compostos tóxicos Curtição e outros trabalhos com o couro;
(cromismo). Pintura a pistola com pigmentos de compostos de cro‑
mopolimento de móveis
Soldagem de aço inoxidável;
Fabricação de cimento e trabalhos da construção civil;
Impressão e técnica fotográfica.
AGENTES PATOGÊNICOS
TRABALHO QUE CONTÉM O RISCO
DE ORIGEM FÍSICA
Mineração, construção de túneis, exploração de pedrei‑
ras (detonação, perfuração); engenharia pesada (fundição
Ruído e afecção auditiva. de ferro, prensa de forja); trabalho com máquinas que
funcionam com potentes motores à combustão; utiliza‑
ção de máquinas têxteis; teste de reatores de aviões.
Vibrações Indústria metalúrgica, construção naval e automobilís‑
(afecções dos músculos, tendões, tica; mineração; agricultura (motosserras); instrumentos
ossos, articulações, vasos pneumáticos; ferramentas vibratórias e elétricas manuais;
sanguíneos periféricos ou dos condução de caminhões e ônibus.
nervos periféricos).
continua

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64 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

continuação
AGENTES PATOGÊNICOS DE
TRABALHO QUE CONTÉM O RISCO
ORIGEM BIOLÓGICA
Microrganismos e parasitas infeccio‑
sos vivos e seus produtos tóxicos:
mycobacterium, vírus hospedados
por artrópodes; cocciclioides; fun‑ Agricultura; pecuária; silvicultura; caça (inclusive a caça
gos; histoplasma; leptospira; ricket‑ com armadilhas; veterinária; curtume).
sia; bacilo (carbúnculo, tétano);
ancilostoma; tripanossoma; pasteu‑
rella.
Bactérias; mycobacteria; brucella;
fungos; mixovírus; ricketsia; pasteu‑ Veterinária.
rella.
Trabalhos em condições de temperatura elevada e umi‑
Fungos (micose cutânea).
dade (cozinhas; ginásios; piscinas).
Fonte: Adaptado de Brasil (1997).

11.2 Doença do trabalho


É aquela adquirida em razão das condições nas quais o trabalho é realizado
ou que tenha relação direta com a atividade realizada. Nos casos de doenças
do trabalho, como nos demais fatores de interferência da saúde, o trabalhador
deve ser conscientizado sobre a importância de preservar sua saúde. São resul‑
tantes de condições especiais de trabalho, não relacionadas em lei, e para as
quais se torna necessária a comprovação de que foram adquiridas em decor‑
rência do trabalho. É preciso que ele esteja preparado ou predisposto a receber
orientações, utilizar os equipamentos de proteção individual e obedecer às
sinalizações e às normas que objetivam proteger sua saúde. Atualmente, estas
doenças acometem, com maior intensidade, os trabalhadores das empresas
de pequeno e médio porte. Exemplo de doenças do trabalho são as alergias
respiratórias, provenientes de locais com ar‑condicionado sem manutenção
satisfatória, principalmente limpeza de filtros e dutos de circulação de ar. Não
são consideradas doenças do trabalho:
doenças degenerativas (diabetes, hipertensão arterial);
doenças peculiares ao grupo etário em que esteja inserido;
doenças que não levam à incapacidade laborativa;
doença endêmica, em região onde ela se desenvolva, sendo consi‑
derada em única e estrita ligação se comprovado que resultou de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

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Condições de risco e formas de controle 65

Veja agora no Quadro 3.5, segundo o estudo feito sobre este assunto, uma
recomendação para prevenir as doenças do trabalho.

Quadro 3.5 Aspectos de risco e aspectos atenuantes

Aspectos Físicos Aspectos Organizacionais

Enclausuramento e automação dos proces‑ Rotatividade das tarefas;


sos e máquinas;
Pausas;
Exaustão;
Redução da carga horário;
Ventilação do ambiente de trabalho;
Evitar premiações por produtividade que
Alterações de processos; traga prejuízo à saúde do trabalhador;
Utilização dos equipamentos de proteção Maior participação dos trabalhadores nas
individuais e coletivos; decisões;
Móveis adequados às características físicas Flexibilidade dos horários;
dos trabalhadores;
Técnicas de relaxamento.
Limpeza regular dos aparelhos de ar‑con‑
dicionado Conhecimento do perigo;

Quando da concepção da instalação, Manter sob controle os exames médicos


aproveitar da melhor forma possível a dos trabalhadores que desenvolvem ativida‑
ventilação natural. des com grande perigo.

Fonte: Ribeiro et al. (1984) e Dimenstein (1993) apud Capítulo VIII... (2013).

Links
Para complementar suas informações, não deixe de acessar o link a seguir, que traz informações
muito pertinentes e necessárias:
<http://www.eps.ufsc.br/ergon/disciplinas/EPS5225/aula8.htm>

11.3 Auxílio doença


É pago ao acidentado que necessitar ficar mais de quinze dias afastado de
suas atividades, sendo que nestes primeiros quinze dias ele recebe sua remu‑
neração integral, e a partir do 16º dia sua remuneração fica a cargo do INSS,
sendo o valor mensal de 91% do salário‑de‑benefício.

11.4 Auxílio acidente


Este é pago quando o trabalhador, apesar de estar restabelecido após o
acidente, não puder mais exercer a mesma atividade que exercia. Tem o valor
de 50% do salário‑de‑benefício do segurado.

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11.5 Pecúlio
É uma indenização paga ao segurado, no caso de invalidez e a seus dependentes
em caso de morte. É de 75% do limite máximo do salário contribuição em caso
de invalidez, e de 150% do mesmo índice, no caso de morte.

Links
Os links sugeridos a seguir são para esclarecer e dar mais informações sobre as questões refe-
rentes a aposentadoria. Dentro destes portais, você pode navegar e saber assuntos mais espe-
cíficos e legalmente adotados referentes ao assunto.
<http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/acidente_resp_empregador.htm>
<http://www8.dataprev.gov.br/e-aps/servico/381>

É preciso cautela quando se tratar de identificar as doenças profissionais ou do


trabalho, pois a legislação constitucional equipara a acidente de trabalho, o
abaixo descrito, em seu art. 133 (CAPÍTULO VIII..., 2013):

I — o acidente ligado ao trabalho não é causa única, mas


contribuiu para a morte do trabalhador, redução ou perda
da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que
exija atenção médica para a sua recuperação;
II — o acidente sofrido pelo trabalhador no local e no horário
do trabalho;
III — a doença proveniente de contaminação acidental do
trabalhador no exercício de sua atividade;
IV — o acidente sofrido pelo trabalhador, ainda que fora do
local e horário de trabalho.

Links
Para conhecer na íntegra o conteúdo desta lei, acesse o link abaixo:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6367.htm>

Para saber mais


Para que o trabalhador tenha direito ao auxílio doença, deverá ter contribuído com a Previdência
Social por um período mínimo de 12 meses.
O auxílio doença deixa de ser pago quando o trabalhador recupera suas capacidades e volta ao
trabalho, ou quando ele se transforma em aposentadoria por invalidez.

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Condições de risco e formas de controle 67

Questões para reflexão


O trabalhador acometido de uma doença grave, como cardiopatia grave,
tuberculose ou doença de Parkinson, terá direito ao auxílio doença?

11.6 CAT
A abertura da CAT se faz através de formulário próprio on‑line junto ao INSS,
dentro de um prazo estipulado pela legislação em vigor. É obrigatório que o
empregador o faça, porém, se não o fizer, o sindicato da atividade correspon‑
dente, o médico que atendeu a ocorrência, os dependentes ou familiares e até
o próprio trabalhador poderão fazê‑lo. A legalização da CAT vem através da
Portaria nº 5.051, de 26 de fevereiro de 1999 (BRASIL, 1999).
A CAT deverá ser corretamente preenchida, com os dados do acidente, da‑
dos do acidentado, nome do médico que atendeu a ocorrência e o CID, dados
do tipo da lesão. Nada deve ser esquecido sob condição de que o docu‑
mento mal preenchido pode trazer prejuízo no pagamento dos recebimentos
do acidentado.
Uma vez que realizada a abertura da CAT o trabalhador se afastado por
mais de quinze dias terá estabilidade de um ano a contar do dia de seu retorno
ao trabalho.
A comunicação será feita ao INSS por intermédio do formulário CAT, preen‑
chido em seis vias, com a seguinte destinação:
1ª via — ao INSS;
2ª via — à empresa;
3ª via — ao segurado ou dependente;
4ª via — ao sindicato de classe do trabalhador;
5ª via — ao Sistema Único de Saúde — SUS. Atualmente esta via
não é mais enviada, pois o formulário está disponível on line, o que
gera um envio eletrônico, disponibilizando um protocolo;
6ª via — à Delegacia Regional do Trabalho.
A fidedignidade das informações constantes na abertura da CAT é funda‑
mental para que o acidente não seja minimizado, pois, se houver recusa de
algum direito do trabalhador, proveniente de alguma informação mal fornecida,
é passível de uma ação por danos morais.

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Veja um modelo de formulário de CAT, tal como aparece no sistema on‑


-line, na Figura 3.1.
Figura 3.1  Formulário modelo na abertura de CAT

Fonte: Brasil (2013).

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Condições de risco e formas de controle 69

Vale lembrar que não só a empresa pode e deve abrir a CAT, esta também
podendo ser aberta pelo próprio trabalhador, pelo médico assistente, ou por
terceiro que esteja envolvido no processo em questão.

Para saber mais


Existem 3 tipos de CAT:
CAT Inicial;
CAT Reabertura;
CAT Comunicação de Óbito.

Para concluir o estudo da unidade


Com todas as informações recebidas até agora, é possível desempenhar
um bom trabalho quando o assunto for ambiente de trabalho salubre.
Você conseguirá fazer uma análise crítica da situação com formas de
abordagem bem consistentes, que lhe permitam atuar de forma eficaz
nas situações de risco.
Com o levantamento dos riscos é possível elaborar formas de controle
que atendam tanto aos interesses e necessidades do trabalhador, quanto do
empregador, que tem que estar em concordância com aquilo que a legis‑
lação determina. É claro que as informações aqui repassadas são a ponta
do iceberg; somente o dia a dia dentro do segmento profissional lhe trará
informações que serão trabalhadas de acordo com as necessidades que se
apresentarem. Você pode e deve utilizar todos os esforços para realizar o
diferencial para as pessoas que estão envolvidas no processo produtivo.

Resumo
A análise de riscos nos locais de trabalho é um processo contínuo, ne‑
cessita de atenção, pois é periodicamente alterada, advindo das constantes
mudanças que envolvem o processo produtivo, seja através da tecnologia,
seja através da mudança da força de trabalho; as empresas continuam a

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70  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

ter obrigatoriedade na adoção de métodos e mecanismos de prevenção à


saúde do trabalhador, mesmo quando estão em acordo com a legislação.
Sempre que existir a necessidade da análise de risco, deve-se observar
tudo que a legislação põe a cumprir.
Atualmente é sabido que na sociedade brasileira as empresas encon‑
tram-se bem distantes da concepção moderna de análise e gerenciamento
de riscos. Muitos segmentos esperam a ocorrência de tragédias ou doenças
graves para então começar um levantamento com ações consistentes.
Trouxemos a você os subsídios que servirão para auxiliá-lo numa ação
de melhorias das condições de trabalho, com conceitos e métodos gerais
de compreensão, além de estratégias de intervenção e controle dos riscos
nos locais de trabalho.

Atividade de aprendizagem
1. Em uma fundição, a quais riscos o trabalhador está exposto? Qual o
CNAE deste ramo de atividade?
2. Quais os passos para se fazer uma análise de riscos?
3. Para o ramo de atividade têxtil, você adotaria quais estratégias de
prevenção?
4. Num caso de acidente de trabalho, como é a forma de pagamento
indenizatório por invalidez?
5. Quais as implicações de uma abertura de CAT, para o trabalhador?

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Unidade 4

Auditoria

Objetivos de aprendizagem: A auditoria em seu fundamento genuíno


tem o objetivo de avaliar o processo de gestão, com a finalidade de
apontar as vulnerabilidades do sistema auditado.
Para fins de nosso estudo vamos nos ater à auditoria trabalhista, que é
uma auditoria do tipo interna. Sabemos também que existem outras, do
tipo: auditoria de qualidade, auditoria de recursos humanos, auditoria
de sistemas, auditoria de demonstrações financeiras e tantas outras.
A auditoria é um procedimento singular, independente, e de asses-
soramento da administração, voltada para o exame e avaliação da
integridade, confiabilidade dos sistemas estabelecidos em todos os
âmbitos da empresa, visando assegurar a observância das politicas,
metas, planos, procedimentos, leis, normas e regulamentos.
Quando se estabelece a necessidade de iniciar uma auditoria traba-
lhista, é importante saber onde queremos chegar, pois o objetivo da
auditoria trabalhista é rever toda a parte documental da empresa que
diz respeito aos documentos exigidos pelo MTE (LEGISLAÇÃO..., 2013)
e INSS (MINISTÉRIO..., 2013), e revisar todo o processo produtivo exis-
tente em todas as rotinas, bem como seus inter-relacionamentos com
o departamento pessoal.

Seção 1: Fundamentos da auditoria


Traremos à luz nesta seção todo o embasamento que
permeia a auditoria como uma técnica lícita, que pode
tanto ser ferramenta de ajuste interno quanto legal.

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Seção 3: Áreas da auditoria
Nesta seção, explanaremos alguns dos muitos seg-
mentos passíveis de uma auditoria. Entretanto, ela
pode ser utilizada de forma intermitente no processo
de crescimento de uma corporação.

Seção 4: Aspectos gerais


Trataremos de apresentar os vários recursos que po-
dem ser utilizados durante um processo de auditoria,
suas formações e vertentes.

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Auditoria 73

Introdução ao estudo
Nesta unidade faremos uma exposição do universo da auditoria. Em breves
relatos descobriremos quais os fundamentos desta ferramenta dos tempos mo‑
dernos. Saberemos para que e como este procedimento adotado tem ajudado
as empresas e também os trabalhadores. A auditoria traz consigo a revelação de
sistemas e procedimentos que organizam e regem a administração da empresa.
Contudo, se sua aplicação não for precisa, vã é sua eficácia.
Todo segmento econômico que se expande e passa a ser um processo
competitivo no universo capitalista, tende a deixar brechas e furos que, se não
detectados e corrigidos, levam grande parte dos esforços da corporação para
uma zona de prejuízos. Evitando os prejuízos é que se alcançam os lucros,
segundo uma visão atual de economia. Aí está o grande bordão das auditorias
contemporâneas: detectar e erradicar os prejuízos, sejam eles de quaisquer
campos dentro da empresa.

Seção 1  Fundamentos da auditoria


A palavra auditor aparece no fim do século XIII na Inglaterra durante o reinado
de Eduardo I. Somente no ano de 1844 foi criada a primeira Lei que regulariza
este procedimento, e ainda apenas dentro do segmento contábil, pois se tratava de
uma técnica de avaliação exclusiva para acompanhar o balanço de patrimônios.
Nos dias atuais, as corporações necessitam prestar contas da gestão, seja
para a sociedade, seja para o fisco, seja para a administração, para fornecedores
ou clientes. Todos estes segmentos têm uma expectativa em relação à empresa,
e a necessidade de uma auditoria é para que haja uma verificação nos diversos
procedimentos que envolvem todas as áreas. Um profissional especialista da
área vai avaliar o setor ou departamento, ou mesmo a entidade como um todo,
para validar a eficiência e eficácia no desenvolvimento de suas atividades,
utilizando-se de evidências e considerando os riscos intrínsecos.
Para tal tarefa existem critérios que cada auditor deverá adotar e vão de acordo
com a finalidade a que se destina a auditoria. Os critérios vão desde a exatidão,
veracidade e validade das informações. Para serem criteriosas com as informa‑
ções, elas devem atender às prerrogativas de: informação suficiente, informação
adequada, informação relevante e útil. Assim sendo, o auditor irá deliberar sobre

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74  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

outros aspectos metodológicos como inspeção, observação e comprovação. Existe


a Normas e Procedimentos de Auditoria — NPA (NPA..., 2013), que rege todos
estes parâmetros. Não são itens consideráveis de forma aleatória.
Após estes passos, o auditor terá recursos suficientes para evidenciar duas
vertentes da auditoria: a ênfase do funcionamento e a ênfase dos resultados.
Se optar pela primeira, seu trabalho analítico irá envolver-se com o processo
produtivo em seus mecanismos e conexões; se considerar o segundo, será a
vez de analisar os efeitos destes processos, os resultados e suas implicações.
Uma importante característica empresarial é de que nada é constante, exceto
a mudança. As empresas devem adotar uma abordagem proativa em relação às
novas ideias, criatividade e inovação. Isto significa criar mudanças, não ape‑
nas adaptarem-se a elas; quando a corporação tem uma equipe especializada
para a inovação, esta deve ser parte da atividade diária e remeter para todos
os funcionários, independentemente da sua posição. A direção tem de criar,
manter e desenvolver o espírito de inovação e incluí-la nas atividades diárias
de todos os níveis e em todos os campos, fazendo com que todos tenham o
mesmo conhecimento e compartilhem das mesmas ideias e ideais profissionais.
Para se instaurar este tipo de cultura nas empresas nacionais é que a auditoria
pode vir a ser a grande aliada.
A saúde do trabalhador é atrelada a fatores sociais, econômicos, e organiza‑
cionais, vinculados ao perfil de produção e consumo, além dos fatores de risco
físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes, presentes nos processos
de trabalho. A inconsistência de informações e dados sobre a real condição
do trabalhador é um empecilho para o desenvolvimento de políticas públicas
mais eficientes, no sentido de assegurar os direitos plenos dos trabalhadores.
A legislação trabalhista no Brasil ainda apresenta características paternalis‑
tas, concepção que há muito deixou de vigorar na economia mundial, cabendo
sempre às empresas o ônus da prova. Por isso, a auditoria atua como uma
ferramenta de apoio e identificação na busca e execução das formas e proce‑
dimentos legalmente corretos, visando atender ao crescente apelo de reduzir
as ações trabalhistas, que são grandes fontes de prejuízos para as empresas.
Assim sendo, a maior característica da auditoria trabalhista é a prevenção, e
não a fiscalização.
Cabe ressaltar que acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho são con‑
sequências previsíveis, portanto evitáveis. A adoção de tecnologias e métodos
gerenciais mais modernos nos processos de trabalho contribuem para modi‑

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Auditoria 75

ficar o perfil da saúde do trabalhador. Cabe ressaltar que as entre as doenças


relacionadas ao trabalho, encontra-se a violência decorrente de relações de
trabalho deterioradas, as violências ligadas a assédio moral, caracterizadas
pelas relações entre pares, chefias e subordinados. Há, ainda, a degradação
ambiental que, por vezes, também pode trazer danos a saúde do trabalhador.
As empresas carecem de mecanismos que incentivem a prevenção de
acidentes, diminuam a existência de conflitos constitucionais, de maneira que
proporcionem um melhor gerenciamento dos fatores de risco que levam a
empresa a sofrer com as perdas e prejuízos. A auditoria é um desses mecanis‑
mos que podem alavancar uma gestão administrativa pré-disposta a superar e
erradicar métodos e procedimentos obsoletos, e implementar uma cultura de
responsabilidade econômica moderna.
O caráter, a natureza e a inexistência de vínculo empregatício não são fatores
que desqualifiquem e nem desassegurem a garantia do trabalhador quanto a
seus direitos. Por isso, há de se ter especial atenção nas questões que envolvam a
saúde do trabalhador. Situações que envolvam riscos devem ser alvos de auditoria
permanente, pois suas configurações e interfaces são extremamente suscetíveis
à condição do momento. A União, o INSS e o Sistema Único de Saúde são os
órgãos que hoje detem o poder e legislam sobre a condição do trabalhador, mas
quando a auditoria é uma ferramenta parceira dentro da empresa, o papel destes
órgãos não passa da fiscalização. A punição por parte destes órgãos só ocorre
mesmo quando o empregador é displicente e desinteressado.
A empresa que deseja estabelecer uma linha de trabalho dentro do campo
da prevenção deve, além de adotar a auditoria permanente, traçar também di‑
retrizes que permitam uma ação interligada nas áreas de risco, pois aí existem
grandes fatores possíveis de causar situações de perdas e prejuízos, não só os
econômicos, mas também o humano, com os acidentes de trabalho.
Normatizar os assuntos referentes à segurança e à saúde do trabalhador
já é um avanço considerável nas corporações e empresas brasileiras, pois na
cultura local as condições de trabalho dignas e seguras ainda não são vistas
como valor agregado.
Compatibilizar o conteúdo das informações nos diversos níveis da produ‑
ção, bem como interligá-los ao processo produtivo como um todo, também
podem ajudar a auditoria a identificar as brechas e pontos falhos que precisam
ser readequados.

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Seção 2 Áreas da auditoria


Muitas das orientações para o exercício profissional de auditoria são se‑
guidos nos diversos segmentos; em alguns casos, as variáveis são levantadas
pelo próprio auditor.
Basicamente, a auditoria se divide em dois grandes grupos: as auditorias
internas e as externas.

2.1 Auditoria interna


Este tipo de auditoria avalia o processo de gestão, com seus aspectos
de administração corporativa, gestão de riscos, e procedimentos de adesão
às normas pré‑definidas pela empresa, com o objetivo único de apontar os
desvios e vulnerabilidades que possam estar ocorrendo ou que possam vir
a ocorrer.
Tem como princípio a identificação e avaliação de procedimentos e padrões
definidos pela corporação, todos os sistemas aplicados na organização e funcio‑
nalidade da empresa em todas as áreas, e se os mesmos estão em conformidade
com aquilo que inicialmente se objetivou. Neste universo da auditoria interna,
prima‑se pela busca dos três Es. São eles:
EFICIÊNCIA, traduzida em menor custo, maior velocidade e melhor
qualidade;
ECONOMICIDADE, significa relação custo‑benefício;
EFICÁCIA, resume a finalidade do processo alcançando os resultados
e efeitos previstos.
As auditorias internas atendem às empresas com suas necessidades próprias
e típicas de seu segmento; alguns passos são quase que obrigatórios e estão
presentes no desenvolvimento das auditorias de forma geral. Itens como os
descritos abaixo são fundamentais no processo de auditoria:
Conhecimento do planejamento estratégico, políticas, planos e metas.
Conhecimento da estrutural funcional, das instalações, da produção etc.
Conhecimento dos métodos e rotinas das atividades desenvolvidas.
Conhecimento dos métodos e controles administrativos e gerenciais.
Conhecimento dos tipos de ação para as perdas prováveis e improváveis.
A gestão dos riscos e o reconhecimento deles nos locais de trabalho pode ser
fundamental para a avaliação da saúde do trabalhador. A saúde e as condições

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Auditoria 77

de trabalho tendem a ser medidas de forma qualitativa e quantitativa, depen‑


dendo do tipo de risco encontrado. Tal análise trará à tona problemáticas onde
as soluções vão depender de uma força e programação extensa dos setores da
malha produtiva, para que se obtenha sucesso. Como são vários os interesses
em jogo, também podem ser distintas as abordagens e ênfases no processo de
auditoria, gerando divergentes nuances dos resultados obtidos.

Links
Para que você compreenda mais a auditoria e suas complexidades, não deixe de consultar os
links sugeridos, eles podem trazer informações adicionais e complementares.
<http://www.portaldeauditoria.com.br/sobreauditoria/objetivos-e-finalidades-da-auditoria-
interna-operacional.asp>
<http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/relacoes_institucionais/relacoes_internacionais/
organizacoes_internacionais/DECLARA%C3%87%C3%83O_DE_LIMA_PORT_0.pdf>

Para saber mais


Nos Estados Unidos as empresas listadas na New York Stock Exchange (NYSE) são obrigadas a
ter em funcionamento a unidade de auditoria interna, ou seja, não se trata de recomendação,
mas de exigência normativa.

Ainda dentro das auditorias internas temos outros tipos de auditorias, tais como:

Auditorias preventivas: este tipo de diagnóstico preventivo vai atender


poucos tipos de empresa no cenário econômico brasileiro, pois se trata de uma
análise da empresa em um determinado período para que no futuro sejam ado‑
tadas melhores práticas, ou seja, sanadas eventuais irregularidades. Com esta
concepção, é realizado o acompanhamento preventivo que é muito similar a
uma auditoria interna. O trabalho preventivo tem por princípio manter a regu‑
laridade contábil e tributária da empresa, fazer o levantamento das situações
adversas, seja na prevenção de fraudes, desvios, falhas e/ou erros internos, ações
trabalhistas, passivo tributário, enfim, busca estar à frente dos possíveis fatos que
resultariam em multas elevadas por inconsistências nos procedimentos fiscais.
Atende também a um princípio um pouco mais profundo, que é o levantamento
de pontos vulneráveis quanto a procedimentos de controle financeiro, estoque,

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materiais de consumo e custos, possibilitando também a tomada de decisões


estratégicas relevantes, gerando métodos que possibilitem o fortalecimento dos
controles internos, auferindo vantagens competitivas em relação ao mercado.
Auditorias de demonstração financeiras: têm a função de especificar a
precisão dos registros financeiros da empresa com informações seguras e trans‑
parentes, podendo ser realizada em qualquer tipo e tamanho de empresa. A
informação dos dados e registros contábeis da empresa assegura uma mínima
probabilidade de desvios e fraudes dos bens patrimoniais, assegurando aos
donos, sócios e acionistas a real condição econômica da empresa.
Auditoria tributária: para efeito desta auditoria, são levantados todos os
dados fiscais e financeiros da empresa, é feito um estudo e diagnóstico de todas
as esferas jurisdicionais, para minimizar cobranças indevidas, autuações fiscais
e mesmo criminais para a obtenção de incentivos fiscais e regimes especiais
de tributação. A complexidade tributária brasileira e o aumento competitivo
da economia torna cada vez mais necessário o estudo de formas para reduzir
os gastos com tributos. As empresas tendem a buscar com avidez uma forma
de tornar o negócio mais rentável e eficiente, e, para isso, passam por refor‑
mulação dos procedimentos operacionais e estrutura societária. Utilizando-se
deste argumento, de que é possível através da auditoria tributária aumentar a
eficiência e a rentabilidade, otimizando as oportunidades tributárias e fiscais,
e, com isso, estar um passo à frente no dilacerador mercado econômico.
Auditoria de sistema de informatização: visa verificar o próprio ambiente
informatizado para garantir a integridade dos dados informáticos manipula‑
dos. Para que se realize essa auditoria, é necessário estabelecer metodologias,
objetivos de controle e procedimentos a serem adotados por todos aqueles
que operam ou são responsáveis por equipamentos de TI e/ou sistemas dentro
da organização. Com os objetivos de controle definidos é então necessário
que o auditor expresse as atividades das pessoas, órgãos e produtos da em‑
presa, de modo que se tenha um controle de como os usuários fazem uso dos
computadores.
Auditoria ambiental: é relativamente nova no meio empresarial e se deve
a uma corrente de interesses dos países mais evoluídos em forçar todas as
economias, em especial a dos países em ascensão, a trabalhar para reduzir os
efeitos do processo produtivo sobre o meio ambiente. Está sendo para muitas
empresas um verdadeiro calcanhar de Aquiles, pois trata de um processo con‑
tínuo, que permite inserir a gestão ambiental na estrutura econômico-produtiva

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Auditoria 79

das empresas, para melhorar a imagem da empresa e aumentar a eficiência


do processo produtivo. Para muitas empresas que visam o mercado externo,
não ter um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) implantado na sua organiza‑
ção significa o fim da possibilidade de adentrar no mercado externo. Assim
sendo, não é obrigatório que a empresa implante um SGA, mas dependendo
de suas aspirações, fazê‑lo quer dizer um compromisso legal irrevogável com
o meio ambiente.
Auditoria trabalhista: esta merece nossa especial atenção. Para alguns
autores, é tida como uma ramificação da auditoria contábil, devido a suas
peculiaridades e especificidades de acordo com a legislação trabalhista e
previdenciária. Contudo, tem vida própria. Para o desenvolvimento dessa
auditoria, o auditor deverá fazer o reconhecimento preliminar da atividade
a ser auditada, bem como ter clareza da solicitação do cliente, e utilizar‑se
do checklist de auditoria, bem como, se necessário, implementar o follow‑
‑up de auditoria.
A auditoria trabalhista é de extrema importância para a empresa, pois é
através dela que se pode acompanhar todos os pressupostos legais e todas as
diretrizes trabalhistas e previdenciárias. Ela tem objetivos bem claros, como:
conferir todos os documentos exigidos pelo MTE e INSS, bem como
todas as normativas e procedimentos contidos nestes documentos;
revisar todos os procedimentos internos e todas as rotinas;
depois de tudo conferido e revisado, criar, sugerir ou reformular
procedimentos a fim de que os processos fiquem de acordo com
a legislação vigente, visando atenuar ou anular a possibilidade de
multas e autuações do Ministério do Trabalho e órgãos competentes.
Este tipo de auditoria culmina no estabelecimento de ações que visam
solucionar os problemas apontados ou preveni‑los, corrigir divergências com‑
portamentais, e, com isso, a empresa ganha, pois reduz a possibilidade de
demandas judiciais e infrações.
Outro fator muito relevante nas ações levantadas pela auditoria trabalhista
é o envolvimento do trabalhador, que deve ser inserido no processo de conhe‑
cimento sobre os riscos, o que vai colocá‑lo numa posição de responsabilidade
solidária nas ações de prevenção que deverão ser sugeridas. Reconhecer os
riscos nas situações reais de trabalho leva os trabalhadores a buscar adequar‑se
às leis e normas institucionalizadas.

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Quando as condições de trabalho ultrapassam os limites toleráveis do


organismo, a probabilidade de provocar uma doença no trabalhador é signi‑
ficativa. Neste caso, têm‑se uma doença profissional que, no sentido restrito,
define‑se como uma doença devida a fatores (físicos, químicos e biológicos)
já definidos no ambiente de trabalho. Ex.: a exposição a um nível elevado de
ruído gera uma perda auditiva nos trabalhadores expostos. Não obstante a isso,
o meio profissional pode também ter um papel importante quando associado
a outros fatores de risco do ambiente fora do trabalho ou do modo de vida do
trabalhador, culminando em doenças do trabalho, como perturbações de sono,
quando o trabalho é realizado a noite em turnos alternados.
Ao dar ao trabalhador a oportunidade de se realizar em seu trabalho, estar‑
‑se‑á contribuindo para a sua satisfação e bem‑estar. Em resumo, com relação
às práticas não conformes dentro do processo produtivo da cadeia econômica,
existe uma relação direta de causa e efeito entre o fator de risco no trabalho
e a doença.
O auditor deve estar atento a todas as condições que se apresentam como
factuais, e sua investigação deve seguir as etapas a fim de que sua avaliação
não perca nenhuma informação em nenhuma fase do processo produtivo/
administrativo. Vejamos as etapas:
análise de todos os documentos existentes na empresa;
verificação de todas as incompatibilidades em todos os processos
realizados;
relatório de todas as rotinas auditadas, nele apontando todas as
práticas válidas e também as que não são pertinentes, juntamente
com a sugestão de melhorias e readequação dos processos falhos e
ineficientes.
Todo esse processo só vem agregar valor para a administração vigente que se
torna eficiente, mas que também exclui a possibilidade de inúmeros problemas.
Vejamos agora alguns benefícios deste tipo de procedimento:
diminuição dos erros, prejuízos e perdas no processo produtivo;
evitar desvios tanto de materiais, como monetários dentro dos pro‑
cessos realizados;
evitar pagamentos desnecessários de indenizações, bem como a
incidência de reclamatórias trabalhistas;

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Auditoria 81

evitar ou erradicar a condição insegura das atividades, e assim sendo


minimizar a incidência de multas;
prever melhorias em todas as atividades desenvolvidas, trazendo
melhores condições de trabalho aos trabalhadores.
Nesta concepção da economia moderna, nenhuma empresa pode mais
deixar de lado as questões trabalhistas. Todas essas etapas passadas anterior‑
mente são uma forte ferramenta de precaução contra o prejuízo causado pelas
ações trabalhistas. Trabalhador satisfeito traz benefícios diretos e indiretos; a
valorização da mão de obra hoje em dia deve ser o diferencial nas empresas
que vislumbram a ascensão no mercado competitivo do capitalismo.
Toda auditoria trabalhista não deixa de compreender o trâmite desde a
admissão até o desligamento do trabalhador, contempla todos os cálculos da
folha de pagamento, jornada de trabalho, férias, recolhimento de FGTS, INSS,
acidente de trabalho, se houver, IRRF, se devido, e rescisão do contrato de
trabalho (MINISTÉRIO..., 2013). Com isso, a auditoria é capaz de identificar
e apontar a correção de processos vulneráveis, tornando‑os mais seguros do
ponto de vista legal. É uma forma de prevenção e de redução de custos e riscos
na área trabalhista.

Para saber mais


Qualquer pessoa de dentro da corporação pode realizar uma auditoria setorial, desde que receba
treinamento para isso e não faça parte do setor auditado.

2.2 Auditoria externa


No contexto histórico das auditorias, observa‑se que no início do sistema
econômico capitalista as empresas que pertenciam a grupos familiares pas‑
saram a ampliar suas instalações fabris e administrativas. Houve também,
consequentemente, o desenvolvimento tecnológico e o aprimoramento dos
controles e procedimentos internos. Todos os novos moldes de administração
capitalista visavam à diminuição de custos, em função da concorrência e da
competitividade, para se manter no mercado.
Para acompanhar todas essas mudanças, grandes investimentos foram feitos
buscando tornar os processos das empresas lucrativos, fazendo com que as

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empresas tivessem de captar recursos com terceiros, na forma de empréstimos


bancários de longo prazo, ou abrindo seu capital social para novos sócios e
acionistas. Dentro desta óptica de trabalho, os agentes bancários ou novos
sócios, acionistas e “futuros investidores”, precisavam conhecer a posição
patrimonial e financeira e a capacidade de gerar lucros das empresas. Para
que houvesse credibilidade e confiabilidade nos processos e transações eco‑
nômicas, era primordial a necessidade de fornecer diversas informações para
que o investidor pudesse avaliar com segurança a liquidez e a rentabilidade
de seus investimentos.
Este tipo de auditoria traz a público um demonstrativo do que foi constatado
através do exame e levantamento dos dados da empresa. Dentro dos limites
de seu objetivo, este tipo de auditoria aponta e acena para a possibilidade de
irregularidades, bem como indica e mostra possíveis melhorias dos controles
internos e planejamentos, além de evidenciar a situação fiscal e as adequações
possíveis.
Façamos uma comparação bem simples para seus entendimentos quanto à
auditoria externa e interna ao analisar o Quadro 4.1.

Quadro 4.1  Principais diferenças entre a auditoria externa e a interna

ASPECTOS PRINCIPAIS DIFERENÇAS


AUDITORIA EXTERNA AUDITORIA INTERNA
Produto final Relatório Recomendações de controle
Responsabilidade Profissional, civil, criminal Trabalhista
Interesse do Trabalho Empresa, público em geral, Empresa
clientes, governo
Intensidade do trabalho por área Menor Maior
Continuidade do trabalho Periódico Contínuo

Para saber mais


Atualmente, a auditoria é meio indispensável de confirmação da eficiência dos controles e fator
de maior tranquilidade para a administração e para os investidores, bem como para órgãos do
governo (municipal, estadual e federal), que têm nela a ferramenta eficiente para promover o
atendimento à legislação a que estiverem sujeitos, principalmente a fiscal.

Vale lembrar que as auditorias internas e externas têm um mesmo cerne


e aplicam procedimentos semelhantes, na sua diferença, a externa não sofre

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Auditoria 83

interferência da empresa e é feita fora do âmbito do processo produtivo e ad‑


ministrativo. O descumprimento ou inaproveitamento dos dados levantados
pelas auditorias pode ser relevante nas decisões da empresa, até mesmo no
seu comportamento no mercado econômico competitivo.
É complexo e dinâmico o campo da legislação empresarial, trabalhista e
contábil da realidade brasileira, por isso as mudanças são constantes, o que
justifica uma permanente atualização e revisão dos processos dentro das cor‑
porações, evitando, assim, dissabores desnecessários às empresas.
Vamos resumir para você entender melhor. A auditoria externa atende a
algumas finalidades:
1) satisfazer o interesse de sócios ou acionistas;
2) viabilizar concessão de crédito;
3) apurar capital e patrimônio.

Links
Confira, no link sugerido, mais informações pertinentes à auditoria trabalhista; você estará
enriquecendo seu conhecimento com detalhes e questões específicas desse segmento:
<http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/7763/auditoria_trabalhista>.

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Seção 3 Aspectos gerais


É importante compreender que a auditoria é um exercício de coleta de infor‑
mações que possibilitará que uma necessidade de melhoria ou de ações corretivas
sejam identificadas. A auditoria deve ser objetiva e concreta, pois tende a atender
a um fim específico que é solicitado. São importantes sistemas de informação
para aqueles que a solicitaram, sejam corporações, setores ou diretorias. Não é
uma caça às bruxas nem é realizada para sair distribuindo e atribuindo respon‑
sabilidades; é, antes, um exercício de coleta de informações, que possibilitará
que uma necessidade de melhoria ou de ações corretivas seja identificada.
Não existe fórmula universal para a realização de uma auditoria, ela deve
atender ao fim que a empresa ou sistema desejar para aquele momento. O
sistema de auditoria deve ser divulgado e entendido por todos os envolvidos,
pois somente assim algumas características intrínsecas poderão ser avaliadas.
É bom lembrar que o número de auditorias e sua frequência devem cor‑
responder ao que foi detectado durante os levantamentos, tais como: números
de deficiências encontradas e sua gravidade, custos destas deficiências e suas
naturezas e exigências.

Para saber mais


É condição sine qua non que as atividades sejam realizadas apenas por pessoal adequadamente
treinado ou por profissionais capacitados.

Devemos também considerar que a auditoria por si mesma elege e aponta


a necessidade da continuidade dos processos auditados por fatores como:
alterações significativas do sistema;
comprovação das ações corretivas indicadas;
quando a segurança ou confiabilidade do que foi auditado estiver
sob ameaça.
Quando o objetivo da auditoria é para validar o processo ou comprovar
a veracidade das atitudes em curso, ainda assim corre‑se o risco de que não
tenham o efeito desejado, e isso se dá por alguns fatores:
falta de comprometimento, envolvimento da cúpula/administração;
resistência por parte da organização;

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Auditoria 85

falta de habilidade por parte do profissional que está realizando a


auditoria;
falha na implantação das alterações apontadas pela auditoria.
Não podemos deixar de lembrar que algumas auditorias seguem prazos
determinados, e os auditores devem ater‑se aos prazos legais que, porventura,
tenham sido estabelecidos por algum órgão governamental.
Uma vez realizado o trabalho de auditoria algumas nomenclaturas serão
adotadas para indicar o resultado obtido nos levantamentos. Conheceremos
algumas destes termos específicos:
ACHADOS: é a diferença entre como a realidade se apresenta e a
realidade como deveria ser, ou seja, no achado você poderá entender
o que acontece no cotidiano, o que deveria acontecer, qual o desvio,
a partir de onde começa a haver o desvio, e a consequência desse
desvio;
CRITÉRIO DE AUDITORIA: esta compreensão denota medir o de‑
sempenho e eficiência, a eficácia e a efetividade da auditoria, ou
seja, serve para esclarecer se o objeto auditado atinge, excede ou
está aquém do esperado;
CONDIÇÃO: esta apresentará a situação que o objeto auditado se
apresenta; juntamente com a condição aparece o efeito, é a diferença
entre a condição e o critério, ou seja, aquilo que era o proposto.
Vejamos o que acontece de maneira prática na Figura 4.1.

Figura 4.1
Critério de auditoria (o que deveria ser)

Evidência de auditoria (o que é)

Achado de auditoria (“o que é” comparado ao “que deveria ser”)

Determinar causas e efeitos do achado

Desenvolver conclusões, recomendações e determinações

Estimar, sempre que possível, os prováveis benefícios da recomendação ou determinação.

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Links
Ao consultar o link a seguir, você terá a oportunidade de conhecer mais estruturas que formam
critérios para as auditorias governamentais, mas que também sugerem critérios para nortear
outras auditorias: <http://auditoriagovernamental.blogspot.com.br/p/intosaiissai.html>

Ao finalizar o levantamento e análise dos dados, o auditor deverá então emitir


um parecer ou relatório que expresse de forma clara todos os passos e metodo‑
logias aplicadas no desenvolvimento da auditoria. Observe o roteiro sugerido:

tipo e objetivo da auditoria;


identificação da equipe auditora;
datas da auditoria;
descrição dos documentos, ações, situações avaliadas e conferidas;
apontamento das não conformidades;
parecer das não conformidades, suas possíveis causas e suas conse‑
quências para a eficiência do sistema;
direcionamento — a quem deve ser entregue o relatório final.
Na finalização das auditorias, o auditor deve ser capacitado de muita pru‑
dência e precisão, pois o parecer por ele emitido pode vir a apresentar não
só situações de não conformidades, mas também de irregularidades, e suas
sugestões de adequação estarão muito relacionadas ao tipo de estrutura cor‑
porativa em que serão aplicadas, por isso, a cautela e a acuidade devem ser
um pré‑requisito ao auditor.

Para saber mais


Auditoria analítica: consiste na avaliação e análise de documentos e processos.
Auditoria operativa: consiste na análise e avaliação de procedimentos legais ou normativos.

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Auditoria 87

Links
No link sugerido a seguir você poderá ampliar seus conhecimentos sobre auditoria. Por se tratar
de um assunto de muitas vertentes, quanto mais informações você puder absorver, melhor será
seu desempenho.
<http://www.portaldeauditoria.com.br/auditoria/relatorio-auditoria-aspectosgerais.htm>

Há de se saber, também, que as auditorias do setor público não obedecem às


regras do direito da sociedade e têm, portanto, obrigações diferentes em matéria
de informação financeira. Os exemplos mais comuns são os hospitais públicos,
as autarquias, as prefeituras etc. Ainda que seja o controle desses segmentos uma
responsabilidade dos tribunais de contas, os profissionais de auditorias são cada
vez mais chamados a realizarem um trabalho minucioso nesses setores.
A administração e utilização dos bens e dos fundos públicos têm de se gerir
por rigoroso cumprimento dos requisitos legais necessários. O Estado, como
representante jurídico e social, deve apresentar respeito e cumprimento ao
princípio da legalidade. Este apêndice da representação do Estado tem tido,
ao longo dos tempos, um papel de primordial importância, pois é esta carac‑
terística que vai expor o sistema governamental como um sistema confiável
de governo. Torna-se, por isso, fundamental que se complete o controle sobre
a atuação dos gestores e sistema, para poder avaliar se a gestão econômica
dos recursos públicos está trabalhando de forma correta e se é eficiente a sua
gestão. A utilização regular e racional dos fundos públicos constitui uma con‑
dição essencial da boa gestão das finanças públicas, e se bem aplicada, é certo
o sucesso dos objetivos a serem alcançados.
É uma situação importante, pois hoje em dia se torna usual serem os próprios
cidadãos a querer saber se os recursos públicos foram utilizados e investidos
de forma eficiente, tendo em conta a satisfação das necessidades coletivas.
Nem sempre o Tribunal de Contas vai tornar público o resultado das auditorias
realizadas, mas a informação estará disponível caso o cidadão tenha a curio‑
sidade de buscá-la.
Existe, ainda, uma diferença muito acentuada das auditorias realizadas
no setor público. Para as empresas torna-se primordial que as demonstrações
financeiras transmitam uma imagem verdadeira e apropriada da situação

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88  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

financeira, dos resultados e também dos fluxos de caixa. Para as entidades


públicas o que interessa, sobretudo, é que a gestão dos fundos públicos te‑
nha sido adequada e que atenda à legalização destes recursos através dos
critérios de legalidade.
A credibilidade de um Estado democrático, que seja eficiente e transparente
junto aos cidadãos, passa pela condição da existência de órgãos de controle in‑
dependentes, dotados de profissionais de elevados perfis técnicos e qualificados,
dos quais a gestão pública tem muito a se beneficiar. Em função desse ponto
de vista e na corrente destas novas exigências, a prática regular de auditorias
no setor público tende a ser crescente e cada vez mais minuciosa.

Para concluir o estudo da unidade


Nesta unidade procuramos passar a você, aluno, o conceito de audito‑
ria e como ela é relevante nos dias atuais para a economia capitalista. Você
conseguiu perceber o quanto a auditoria pode ser eficiente para ajudar
as corporações na melhoria de seus processos de trabalho. Você também
entendeu o quanto uma auditoria pode fazer diferença em um processo
produtivo, o quanto pode contribuir para identificar situações de não
conformidades e como através das informações nela contidas podem ser
apontados as possíveis soluções para sanar muitos e diversos problemas.
Ficou claro que um auditor pode ser qualquer pessoa que reúna conhe‑
cimento sobre o processo e esteja decidida a emitir um parecer fidedigno
às análises realizadas?
Você conseguiu assimilar que o processo de auditoria tem que partir
de uma decisão clara de esclarecer todos os procedimentos envolvidos na
conjectura da realidade em questão? Que quando se torna clara a finali‑
dade da auditoria junto às pessoas envolvidas, o trabalho tende a ser mais
eficiente na análise tanto documental quanto empírica?
Enfim, a auditoria só vem a agregar benefícios quando é entendida
como fonte de informações à disposição para correções e prevenção de
perdas. Dentro do mundo da auditoria tem uma máxima que diz: “Seja
sempre um auditor consigo mesmo, corrija sempre tudo o que faz”.

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Auditoria 89

Resumo
Encerrando esta unidade, você está apto a identificar situações a serem
auditadas. Também já é capaz de indicar o processo de auditoria como
ferramenta de prevenção e melhorias.
Em aspectos gerais, entendemos os fundamentos da auditoria, seu
contexto contemporâneo e sua efetividade no processo contínuo de me‑
lhorias dos segmentos produtivos ou de serviço. Como a auditoria nos
seus mais diversos desdobramentos é capaz de atender realidades tão
distintas, atender a tantas finalidades e como é importante que os altos
círculos gerenciais efetivem as sugestões de correção, pois só corrigindo
processos e procedimentos é que alcançarão a garantia de perdas menores,
devido às possíveis causas judiciais.
Vocês também puderam perceber que o fator econômico é o mais forte
na determinação de processos de auditoria, pois ela é, na atualidade a
maior aliada da prevenção de autuações legais de fiscalização e também
de ações judiciais.
Pensem comigo: se a auditoria é uma excelente ferramenta de gestão
para o administrador moderno, por que não é amplamente utilizada?
Talvez ainda seja preciso quebrar alguns paradigmas!
Em posse dessas informações, mãos a obra, coloque este conhecimento
como ponto diferencial em suas atividades e realize seu trabalho com excelência.

Atividades de aprendizagem
1. Emita seu parecer quanto às mudanças da auditoria, desde seu apa‑
recimento e como é atualmente utilizada.
2. Dentro dos dois campos, interno e externo, identifique mais campos
de atuação da auditoria.
3. Em uma auditoria trabalhista, quais são os pontos fundamentais in‑
vestigados que dão maior tranquilidade ao processo?
4. Identifique pelo menos quatro benefícios da auditoria trabalhista.
5. Para a realização de uma auditoria, quais são os passos que devem
ser observados até que se entregue o documento final?

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Unidade 5
Conceito versus práxis

Objetivos de aprendizagem: Nesta última unidade, você terá a opor-


tunidade de repaginar seus estudos, colocando-os em uma ordem, a
fim de que deixem de ser apenas teorias para tornarem-se metodologias
de trabalho.
Nosso objetivo até agora foi apresentar-lhe as variadas informações
que você deverá desvendar conforme suas atribuições e conforme o
cotidiano for se apresentando. Todo o conteúdo desta unidade será
ordenado para lhe mostrar, da melhor forma o que é a praxis das
teorias apresentadas.

Seção 1: Multifuncionalidade da perícia


Será exposto como acontece e como proceder diante
de uma perícia.

Seção 2: Conjuntura dos riscos


Identificando os riscos existentes de como agir para
atender às prerrogativas da empresa e preservar a
integridade do trabalhador.

Seção 3: Registro de ações


As possiveis ações de controle que vão assegurar
ganhos para ambas as partes do processo produtivo.

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Seção 4: Ferramentas de apoio
Os recursos possíveis para se utilizar no processo
de auditoria.

Seção 5: Auditoria de situação conflitante


Os diferentes aspectos que uma mesma conduta
pode apresentar.

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Conceito versus práxis 93

Introdução ao estudo
Os conceitos vistos nos capítulos anteriores são colocações que, embora
tenham a premissa de expor a realidade, pode não ser tão fidedigno, pelo fator
único sobre o qual até agora pouco se falou, o fator humano, que responde de
maneiras diferentes em uma mesma situação, em tempos diferentes.
Devemos sempre deixar claro que qualquer esforço de se colocar em prática
uma teoria, deve trabalhar com uma margem de segurança, e aí se encaixa o
ser humano — a maior variável que temos quando trabalhamos com sistemas
e corporações.
Nas seções que se seguem, apresentaremos como cada ferramenta e cada
estratégia pode dar agilidade aos resultados, e mesmo mudar seu curso.

Seção 1  Multifuncionalidade da perícia


Este enfoque irá nos remeter à duplicidade da perícia, que pode tanto aten‑
der a uma questão interna de regularização e padronização de procedimentos,
quanto a um cumprimento legal, em vista de falhas e não conformidades nos
processos internos, sejam administrativos ou produtivos.
Relembrando, a perícia tem a finalidade de apontar as debilidades, saber
em que momento do processo existe uma falha. Se for o caso de uma perícia
trabalhista, ela terá apenas o propósito de identificar as situações em júdice,
se elas atendem a todas as normativas legais, e se a condição circunstancial
é desfavorável à integridade do trabalhador. Se o caso for a perícia adminis‑
trativa, é voltada para o servidor público que é regido por uma diferenciada
legislação, e tem seus estatutos e regras próprias; se a perícia for médica, está
intimamente ligada às concessões tangentes a liberação de benefícios no INSS
(MINISTÉRIO ..., 2013).
A perícia tem o papel de reproduzir uma situação idêntica a que está sendo
inquirida, se essa situação porventura não mais se repetir; em caso de ainda
existir situação análoga, o perito tem somente que acompanhar o processo e
conferir as normas e padrões de seu real acontecimento.
No caso de perícias trabalhistas, geralmente quem as realiza são peritos
outorgados pelo magistrado que julga a ação. São comunicadas com antece‑
dência à empresa, e os trabalhadores diretamente envolvidos são convidados a

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acompanhar — veja que disse convidados a acompanhar, pois o reclamante e


advogado são convocados, e o perito é quem dirige todo o processo no ambiente
considerado na ação.

Questões para reflexão


Em uma perícia trabalhista, você é líder do setor apontado na ação,
foi convidado a acompanhar a ação do perito. Ouvindo a conversa
entre as partes, percebe que o trabalhador não está sendo verdadeiro
em suas afirmações. Você interrompe e relata a situação real?

Para saber mais


As perícias mais comuns são:
a administrativa, voltada ao funcionalismo público;
a judiciária, que é oriunda de ações trabalhistas;
a previdenciária, que envolve questões e situações ligadas ao INSS, para deliberar sobre
concessão de benefícios.

O trabalho do perito é auxiliar o juiz com seus conhecimentos técnicos ou


especializados, e pode ser indicado:

Nas VARAS CRIMINAIS; inquérito judicial para efeitos penais;


Na JUSTIÇA TRABALHISTA; indenizações de diversas modalidades;
Nas VARAS DE FALÊNCIA E CONCORDATA; perícias falimentares
em geral;
Nas VARAS DE FAZENDA PÚBLICA E EXECUÇõES FISCAIS; perícias
envolvendo tributos;
Nas VARAS DE FAMÍLIA; avaliação de pensões ou patrimonial.
Na JUSTIÇA FEDERAL; execuções fiscais.

A perícia não deve se confundir com auditoria, a primeira serve a um ques‑


tionamento, uma necessidade, se destina a produzir uma prova técnica com
objetivo determinado, enquanto que a segunda opera através de um processo
de amostragem que busca verificar a veracidade das informações prestadas.

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Conceito versus práxis 95

O profissional que executa a perícia precisa ter um conjunto de capacidades


que são suas qualidades: Moral, Ética, Profissional, Legal. A qualidade do
profissional quase sempre dita a qualidade do trabalho que ele executa, e os
requisitos gerais para uma perícia de qualidade são:

objetividade;
precisão;
clareza;
fidelidade;
concisão;
confabilidade e
plena satisfação da finalidade.

Contudo, a perícia não se caracteriza como profissão, pois não tem caráter
permanente.
Quando, enfim, se percebe que uma perícia vai acontecer, é de fundamental
relevância que o supervisor da área em questão, os setores de departamento
pessoal, departamento jurídico, diretoria da empresa, se houver na empresa
técnico de segurança do trabalho, todos coloquem‑se à disposição, e façam o
acompanhamento de todo os passos e procedimentos elencados pelo perito.
Neste momento, toda a parte documental da empresa será levantada, e só
depois das conferências a verificação in loco acontecerá. Durante esta etapa,
tudo o que acontece no derredor e durante o processo de produção é con‑
siderado, seja de carater ocasional ou contínuo. Cabe ao perito deliberar se
envolvem em sua avaliação outros trabalhadores do mesmo ambiente ou não.
Quando o perito não conhece o ramo de atividade a que terá que periciar,
ele antecipadamente deverá estudar e procurar o maior número possível de
informações do segmento, para que estando ele dentro do processo produ‑
tivo, seja capaz de enxergar e perceber todos os fatores geradores de risco
ou processos contraditórios, que ofendam a integridade do trabalhador, e,
assim atenda a uma das prerrogativas da ética do perito. O laudo pericial é
elaborado individualmente pelo perito, e é ele que consubstancia o trabalho
pericial, principalmente no sentido de expressar a opinião do perito sobre as
questões levantadas.
Quando chegam ao fim, e depois de ter o perito feito todas às perguntas
ao trabalhador enquanto este participava do processo operacional, ele deverá
responder uma série de apontamentos constantes no relatório que entregará

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ao magistrado que o outorgou — são os chamados quesitos, como vimos na


Unidade 1.
Caro aluno, vale lembrar que, no caso de a empresa estar passando por
uma perícia, é sinal de que em algum momento falhou o sistema de gestão da
empresa, que não valorizou a implantação de uma gestão de segurança capaz
de identificar possíveis desvios, e ter uma ação proativa de prevenção. Também
outras perícias podem ser solicitadas em uma corporação, o que, na síntese, vai
acabar deflagrando uma crise no sistema diretor. Levam-se em consideração,
no tangente a uma perícia trabalhista, questões como: folha de pagamento,
recibos, mapas de produção e ou comissões, guias de Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), normatização referente a prêmios de comissões e
ou produção, bases legais para aumentos salariais de qualquer natureza, bases
legais para concessão de adicionais de qualquer natureza.
Quando se valoriza um sistema de gestão de segurança, existem várias pos‑
sibilidades de se implantar com sucesso um sistema de avaliação de resultados,
pois todas as corporações atualmente trabalham com resultados, e os buscam
com muita rapidez. Esses processos dependerão do segmento a que estarão
sujeitos, mas as pessoas que neles estiverem envolvidos são peças fundamentais
para o sucesso ou não do processo. Principalmente se estiverem envolvidas
e não ficarem satisfeitas com seu desempenho, certamente não hesitarão em
tomar medidas judiciais para reavaliar o quadro circunstancial.
Assim sendo, aluno, as perícias existem para demonstrar que em algum
ponto o sistema falhou, mas não só falhou porque deixou de servir a seu pro‑
pósito inicial, falhou porque as pessoas envolvidas no desfecho do processo
operacional não receberam a atenção devida, e o devido e correto acompanha‑
mento e formação, ocasionando assim perdas, e estas muitas vezes irreparáveis.
Passemos a avaliar então o papel humano na estrutura e no comportamento
da organização empresa. O processo produtivo já está mecanizado em nossa
sociedade, ou seja, já estamos na era industrializada e, por que não dizer, digital
dos processos produtivos. Mas o que ainda se vê dentro da estruturação de uma
empresa é que pessoas estão gerenciando ou otimizando os processos, e aí
entra uma grande incógnita, que é: as pessoas que tem esse papel de organizar,
dinamizar e proporcionar para que o trabalho seja convertido em produção,
estão sabendo fazê-lo de forma a respeitar e cumprir o que a legislação traz
no tangente ao processo produtivo? Evitando, assim, que o estado interfira na
relação trabalhador-empregador.

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Conceito versus práxis 97

Das muitas vezes que analisamos a conjuntura e circunstância de uma pe‑


rícia, tudo leva a crer que faltou por parte dos gestores, diretores e líderes esse
compromisso mais amplo com a sociedade trabalhadora, pois os critérios legais
foram suprimidos ou destituídos, ocasionando, então, uma relação deteriorada
baseada no prejuízo para ambas ou uma das partes, que é o indício de que
será necessária a intervenção da perícia para minorar as perdas ocasionadas.
Como você pôde perceber ao longo de toda a unidade 1, a nossa intenção
foi identificar e pontuar os critérios e pontos específicos de onde surge a neces‑
sidade da perícia, a legislação que a rege, e sua utilização como ferramenta dos
orgãos públicos para corrigir e punir empresas que não observam os critérios
determinados em lei, identificar em que circunstâncias se dá a realização da
perícia, pois é de fundamental relevância que, após a perícia, o sistema seja
revisto e reestruturado para que a condição irregular passe por recliclagem.
A perícia tem que deixar um lastro de viabilidade de melhora, ela será
infundada ou infrutífera se após sua realização nada se alterar, será um proce‑
dimento apenas punitivo, como é hoje nosso sistema penitenciário. No cerne
da perícia, existe o desejo de, por meios mais severos e punitivos, levar a uma
conscientização do processo trabalhista, uma vez que, na sua grande maioria,
a perícia se dá em condições insalubres e ou perigosas.
E mencionando as condições insalubres e perigosas, estas devem ser fre‑
quentemente avaliadas. Existe a legislação (NR) que já identifica para o traba‑
lhador os limites toleráveis a que podem ser submetidos enquanto realizam
suas atividades laborais; extrapolando esse valor limite, já é caracterização
de insalubridade, ou em, condições próprias, a periculosidade. Então, não é
difícil identificar a que condições os trabalhadores estão suscetíveis e em risco.
Quando diante dessa condição nada é feito, a única alternativa do trabalhador
é recorrer a essa ferramenta disponível judicialmente.
Passemos a considerar a perícia como uma necessidade atual para fazer
valer os direitos dos trabalhadores. Uma vez que o empregador brasileirro,
tendo em vista que estamos falando em nível nacional, ainda não é educado
politicamente a entender que a globalização do processo produtivo deve con‑
siderar não só o aspecto físico/mecânico, mas também o humano. De forma
mundial, já se entende o valor humano agregado no processo produtivo. Aqui
no Brasil ainda são poucas as empresas que encamparam essa nova concepção.
Não podemos deixar de mencionar que nosso país tem um histórico trabalhista
de extrativismo, algo que é arraigado nos processos produtivos. Lembramos,

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ainda, que nosso país não tem uma política fiscal que favoreça o empregador.
Estes aspectos, somados às divergências culturais regionais, não favorecem em
nada a expansão de políticas mais modernas para o sistema produtivo.
Não queremos de forma nenhuma justificar o grande número de perícias
dentro do segmento trabalhista, mas explicar porque avançamos de forma tão
lenta para alcançar um nível maior de conscientização dos processos opera‑
cionais laborais.
Como mencionado anteriormente, existe também a períca médica, outra face
da perícia que acontece por haver uma controvérsia. Ela vai ao encontro da ex‑
pectativa de subsidiar o INSS para julgar a concessão ou não de seus benefícios.
É regida por um manual próprio, estabelecido dentro dos padrões de saúde. Aqui,
vale lembrar ou esclarecer que um perito do INSS é, via de regra, um médico,
que pode ou não ser médico do trabalho, mas que será criterioso ao avaliar a
doença e a condição do trabalho a que se presta o trabalhador em questão.
Este tema levantado aqui é muito relevante quando você, aluno, torna-se
um profissional da área de segurança do trabalho, pois você passa a ser um
formador de opinião junto aos trabalhadores com os quais atuará, e muitas
vezes o trabalhador tem uma ideia distorcida de seus direitos e obrigações,
no tocante à legislação. Por isso, o seu conhecimento poderá transformar-se
em informação para os trabalhadores, uma vez que, embora o trabalhador
apresente uma doen­ça física e por isso fique emocionalmente fragilizado,
a sua condição perante o INSS será julgada de forma prática e médica, sem
envolvimento emocional, o que muitas vezes resulta em uma divergência de
ponto de vista e conduta.
A perícia médica vem atender a uma necessidade muito mais política do
que propriamente do ponto de vista da saúde do trabalhador, uma vez que
nos últimos 5 anos, muitas foram as alterações que delimitaram a concessão
ou não de benefícios pertinentes à condição de saúde do trabalhador, e até
mesmo no tocante a aposentadoria. Tendo em vista que estabeleceu-se o nexo
técnico-epidemiológico, o FAP, e passou a vigorar o nexo causal, que é uma
lista onde estão predefinidas as doenças relacionadas ao trabalho ou que têm
relação com as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores.
Todos estes fatores são relativamente novos, e ainda não deu tempo para
que o trabalhador se familiarize com estas novas diretrizes. Portanto, quando
este acha que a legislação trabalhista está a sua total disposição, não considera
que, apesar do grande avanço na condição do trabalhador, as normas e con‑

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Conceito versus práxis 99

dutas vigentes atualmente são muito mais específicas do que outrora, e isso
causa estranheza e indignação. Mas estas vieram para dar maior legalidade às
concessões julgadas pelo INSS. Para se obter atualmente os benefícios conce‑
didos como direitos do trabalhador, este deverá estar enquadrado nessas novas
diretrizes padronizadas pelo orgão.
Voltando ao assunto das perícias administrativas, que como vimos no
primeiro capítulo, são peculiares aos órgãos dos serviços públicos, elas se
apresentam muito mais como políticas do que trabalhistas, uma vez que o
funcionalismo público tem um sistema de tratamento distinto do tratamento
dispensado aos demais membros da sociedade. Esta particularidade é outra
herança do Brasil colonial, onde a nobreza não se misturava com a plebe.
Como o sistema não é mais uma monarquia, os cidadãos que circulam neste
segmento laboral privilegiado, têm normas e condições específicas, que os colo‑
cam numa posição diferenciada quanto à necessidade e realização de perícias.
Dentro dessa classe as condições são apresentadas apenas aos envolvidos e
interessados, aplicados dentro do assunto em judice.

Questões para reflexão


Pois bem, e agora, temos condições de formular nosso conceito sobre
perícia? Como entendemos perícia, depois dessas informações que
nos foram apresentadas?

Para saber mais


O § 2º do art. 195 da CLT (BRASIL, 1943) dispõe sobre a obrigatoriedade da elaboração de laudo
pericial quando se tratar de ação que tenha como pedido verba relacionada à insalubridade e
periculosidade, reconhecendo a obrigatoriedade da perícia, mesmo em casos de revelia.

Com todas as informações repassadas, você pode perceber que no que


tange à condição da perícia, ela está regulamentada tanto na CLT, no MTE e
no INSS. Todos esses orgãos são governamentais, e embora possa não parecer,
estes órgãos tem interligações. No âmbito da iniciativa privada, a perícia em
sua aplicabilidade e necessidade acontece não só para atender ao empregador
e ao empregado, as esferas legais, ou seja, os órgãos estatais de onde saem as

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diretrizes e padrões a serem seguidos, sugerem ao empregador que ele esteja


atento às leis e normas deflagradas, pois assim ele terá tempo em se adequar
e impedir que ações e perícias interrompam seu planejamento produtivo. Não
raro, às vezes a displicência do empregador em observar a legislação acaba
por interferir neste processo, pois envolve situações fora dos padrões orçamen‑
tários, o que acarreta prejuízo real na receita da empresa. Além desse tipo de
prejuízo, existe também o prejuízo humano, pois trabalhadores motivados pela
política descompromissada adotada pela empresa, adotam a mesma concep‑
ção gerando acidentes e exposição a riscos desnecessários. Outrossim, existe
um desconforto geral no ambiente produtivo, pois, embora todos tenham a
informação das regras e procedimentos exigidos, nada muda devido ao não
comprometimento geral.

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Conceito versus práxis 101

Seção 2 Conjuntura dos riscos


Nesta seção, vamos nos ater à necessidade de perspicácia em identificar
os riscos que cercam o ambiente de trabalho, os aparentes e os nãos aparente,
mas não menos perigosos. Quando desenvolvemos um programa de gestão de
segurança com avaliação de resultados, é porque a organização ou empresa
prioriza resultados, que perpassam os valores econômicos, e estendem‑se para
o social e o cultural. Pensando assim, realizam campanhas e projetos que en‑
globam todo o efetivo operacional da empresa com o intuito de minimizar ou
erradicar situações que possam ferir a integridade humana dos trabalhadores.
Quando em determinados segmentos específicos, é facil apontar os riscos a
que estão sujeitos os trabalhadores, mas quando os riscos estão camuflados ou
imperceptíveis a uma observação primária, é difícil fazer com que o trabalhador
entenda que dele deve partir também uma iniciativa de prevenção.
Façamos uma breve lembrança dos riscos já anteriormente mencionados na
Unidade 2, que são: físico, químico, biológico, ergonômico e de acidente. Em
muitos segmentos, esses riscos estão evidentes, o que facilita a sua identificação
e uma ação de modo a fazer um controle desses riscos, mas quando tais riscos
extrapolam o limite de tolerância, ou quando eles estão como que subjetivos
no processo produtivo, como podemos identificá‑los e agir de forma eficiente
para que enquanto conscientizamos o trabalhador, também tenhamos uma
ação prevencionista e positiva para o empregador. As dificuldades são muito
maiores quando os riscos não são clarividentes. Trabalhar sobre um a hipótese
não ajuda para uma efetiva conscientização do trabalhador.
Por isso tantas ações trabalhistas, pois não se aperceberam dos riscos ou os
ignoraram, e ainda a gestão de segurança não fez com eficiência seu papel,
que era promover a conscientização e acompanhar seu resultado. Ações do
tipo periculosidade e insalubridade ganham destaque e dentro dessas ações
são inevitáveis as perícias, e com isso o MTE (LEGISLAÇÃO..., 2013) e o INSS
(MINISTÉRIO..., 2013) vão engrossando suas portarias e decretos que acres‑
centam doenças e nexos causais nas mais diferentes profissões.
Quando há uma efetiva preocupação com os resultados no processo de
avaliação do sistema de gestão, algumas características não podemos deixar
de lembrar:
Uso obrigatório dos EPIS, regulamentado pela NR6 (BRASIL, 2013a);
Treinamentos frequentes;

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102 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Conhecimento do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais


(PPRA) e seu plano de ação.
Vamos abrir aqui um parêntese para mensurar como é importante que o
PPRA realizado dentro da empresa, seja acompanhado, seja efetivamente con‑
siderado, e seus apontamentos sejam realizados, pois para elaboração deste
documento, que é obrigatório, um levantamento de toda a empresa é feito, e
quando se realiza este tipo de investigação, aparecem muitos pontos a serem
trabalhados, com um único objetivo, dar maior respaldo legal ao empregador,
mas também garantir ao empregado que as condições em não conformidade
estão sendo revistas e melhoradas.

Questões para reflexão


Você analisou o ramo de atividade e percebeu que ali o risco é bioló‑
gico. Qual será sua ação para impedir que esse risco seja um fator de
ação trabalhista?

Embora tenham ganhado as páginas de destaque os riscos relativos a peri‑


culosidade e insalubridade, estes não são os maiores riscos. Em um passado
não muito distante, coisa de 15 a 20 anos, nada se fazia quanto ao risco ruído
para atividades fora do âmbito da metalurgia. Este agente pode causar sérios
danos ao trabalhador, e não era considerado em outros segmentos profissionais.
Outro risco pouco dimensionado é o risco químico para o segmento da lim‑
peza industrial, por não estar dentro daquela característica tradicional. Enfim,
os riscos que fogem àquele padrão estipulado tendem a ser desvalorizados nas
ações preventivas. Este equívoco deixa os trabalhadores expostos aos riscos
sem as devidas providências, ocasionando assim grandes perdas em termos de
qualidade de vida e grandes agressões à integridade física dos trabalhadores .
Pois bem, você pôde, na Unidade 2, conhecer os riscos que mais geram
problemas, seja de periculosidade ou insalubridade e até mesmo os demais
riscos que por si só são pormenorizados, mas, se agregados a outros, podem
ser avolumados e causarem danos. O que fazer? Como atuar nesse tortuoso
caminho, que necessita ser muito bem traçado, pois deve atender ao trabalhador
e também ao empregador?

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Conceito versus práxis 103

Existem inúmeros pontos que podem intervir na gestão de processos de


segurança por conta dos riscos. Trabalhos em altura, por exemplo, quando são
ocasionais ou não, quais as medidas que devem ser adotadas a partir desta
condição específica?
Para ter uma condição mais eficiente quanto às situações referentes aos
riscos a APR (Análise Preliminar dos Riscos) vem como uma ferramenta a aju‑
dar nas medidas preventivas e proativas da gestão de controle dos riscos que
geram insalubridades e periculosidades, os mais comuns riscos encontrados.
Na APR, devemos ter clareza dos objetivos a que temos que atender. Para isso,
estabeleceu‑se um roteiro de questionamentos que vão nortear o levantamento:
O que pode acontecer de errado?
Com que frequência pode acontecer?
Quais são os efeitos e as consequências?
Precisamos reduzir os riscos, e de que modo isto pode ser feito?
Com este direcionamento, fica mais fácil traçar linhas de atuação e ate‑
nuação para as situações encontradas; também encontramos na APR outra
característica muito peculiar e útil para levantamento e atuação sobre os riscos,
que é a classificação destes segundo o grau de comprometimento em relação
à integridade dos envolvidos, o que facilita para se estabelecer um prazo de
ação que seja eficiente. Vejamos:

Categoria I — desprezível — quando as consequências/danos es‑


tão restritas à área industrial da ocorrência do evento com controle
imediato.
Categoria II — marginal — quando as consequências/danos atingem
outras subunidades e/ou áreas não industriais com controle e sem
contaminação do solo, ar ou recursos hídricos.
Categoria III — crítica — quando as consequências/danos provo‑
cam contaminação temporária do solo, ar ou recursos hídricos, com
possibilidade de ações de recuperação imediatas.
Categoria IV — catastrófica — quando as consequências/danos atin‑
gem áreas externas, comunidade circunvizinha e/ou meio ambiente.
Numa APR, com estas dicas de categorização, fica mais claro montar uma
estratégia para controlar os riscos detectados. A questão é: como estabelecer
uma ação que atenda à condição empírica e às condições controversas da le‑
gislação e interesses patronais? Tarefa que exigirá do técnico de segurança do

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104  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

trabalho e da equipe do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e


em Medicina do Trabalho (Sesmt) um alto nível de conhecimento e habilidade.
Nas situações reais de análise e reconhecimentos dos riscos que colocam
o trabalhador em situação de vulnerabilidade, é extremamente necessário o
conhecimento do que a legislação traz como risco já classificado, pois para
estes já remontam características peculiares de prevenção, não se faz necessário
uma grande investigação, basta uma análise e adequação do que preconiza a
legislação e sua empregabilidade.
Já no caso de os riscos serem de caráter biológico, desde 2002 foi criada
uma Comissão de Biossegurança, para rever em caráter periódico a classificação
de agentes biológicos com efeitos nocivos não só ao homem, mas também à
sociedade e à natureza. Veja no Quadro 5.1, da NR 32 (BRASIL, 2013m), como
são classificados os riscos dos agentes biológicos:

Quadro 5.1  NR 32

RISCO DE
RISCO PROFILAXIA OU
CLASSE DE RISCO PROPAGAÇÃO À
INDIVIDUAL TRATAMENTO EFICAZ
COLETIVIDADE
1 BAIXO BAIXO ___
2 MODERADO BAIXO EXISTEM
3 ELEVADO MODERADO NEM SEMPRE EXISTEM
TUALMENTE NÃO
4 ELEVADO ELEVADO
EXISTEM

Links
No link sugerido, você terá a oportunidade de conhecer a NR 32, que classifica os agentes
biológicos.
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr32_anexoI.htm>.

Quando falamos de risco biológico, logo nos remetemos à NR 32, que tem
aproximadamente 10 anos de existência, ou seja, relativamente nova, embora
os riscos tratados nesta NR já estejam há muito presentes na rotina dos trabalha‑
dores que são em sua maioria dos segmentos de saúde, e só recentemente foram
classificados e estabelecidos nas formas legais de seu gerenciamento. Como
fazer para implementar procedimentos que transformem a cultura e a forma de
trabalho de profissionais que têm 25 anos de carreira neste segmento? Como

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Conceito versus práxis 105

sensibilizar e educar profissionais que desenvolveram cada um a sua própria


forma de conduta e prevenção? Meta desafiadora para as empresas que têm
de se adequar a novas metodologias de controle e procedimentos de rotinas.
Desafio grande também ao trabalhador, que terá que reaprender a realizar sua
atividade observando, seguindo e realizando métodos e práticas muitas vezes
bem diferentes das anteriormente realizadas.
A grande vertente oriunda desta preocupação com o risco biológico dentro
do sistema de controle e prevenção de riscos, foi o surgimento da biossegurança,
uma ciência que vem crescendo para dar apoio às situações sobre como agir
para controlar e manipular os riscos que não podem ser erradicados, como é
o caso de bactérias e vírus presentes em ambientes hospitalares. Ainda dentro
deste perfil de reconhecimento dos riscos e ações que permitam minimizar os
efeitos daqueles que não podem ser erradicados, existe o fator humano dentro
das organizações, pois são as pessoas os responsáveis em agir e atuar nas si‑
tuações de risco. A informação transformada em conhecimento é que acelera
ou retarda o processo de caracterização dos riscos, o que poderá culminar
futuramente em ações que serão julgadas pelas esferas judiciais.
Para impedir que as empresas cheguem a esse recurso, é primordial que
pessoas com conhecimento na área de reconhecimento de riscos componham
os quadros funcionais nos segmentos já identificados pela legislação e, para
aqueles segmentos que ainda não foram pontuados legalmente, estes profis‑
sionais são também importantes, pois podem contornar situações que, via de
regra, tendem a ser muito onerosas.
Já em outra esfera profissional, imaginemos um trabalho em espaço con‑
finado: como ter certeza de que aquele local fechado não oferece risco ao
trabalhador? Somente buscando na legislação vigente é que se terá definido
claramente em quais circunstâncias o espaço é realmente confinado. Para isso
tenha sempre em mãos a NR que lhe dará, na maioria dos casos, a definição
clara da situação; a forma de intervir nela cabe a você desenvolver. Caso ainda
pairem dúvidas, recorra ao RH da empresa ou corporação; eles terão mais dados
legais a respeito do trabalhador daquele setor ou área.
É claro que estas não serão as únicas atitudes que você terá que tomar; a
seguir vamos fazer um roteiro que melhor lhe oriente:
É preciso que você tenha conhecimento das normas e condições
em que se realiza os serviços; não basta buscar de forma urgente a
resposta para uma situação emergente;

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106 P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

O trabalho confinado não é realizado uma única vez, é importante


que os trabalhadores envolvidos sejam não só orientados mas tam‑
bém avaliados, pois fatores pessoais externos podem interferir na
condição física do profissional;
Por último estabelecer com os trabalhadores envolvidos nestas ativi‑
dades um ambiente tranquilo para que possíveis problemas na equipe
sejam identificados antes que se inicie os trabalhos.
Estar atento a em todos estes aspectos favorece para um melhor reconheci‑
mento dos riscos e condições de trabalho.
Realizar um trabalho de identificação clara dos riscos dentro da empresa
pode auxiliar no processo de aculturamento dos profissionais; estabelecer uma
linguagem de placas de sinalização destes ambientes, onde os profissionais
estão mais expostos aos riscos, também favorece uma política prevencionista.

Para saber mais


A avaliação dos riscos dos agentes biológicos é feita de modo qualitativo, e para agentes quí-
micos, é quantitativo.

Seja claro quando estiver à frente de situações de análise de risco, estude


a área de atuação do segmento, acompanhe cada atividade e esteja sempre
bem informado das questões legais do processo produtivo. Considere toda a
legislação e as repasse ao trabalhador dizendo o que espera dele. Só assim
você fará com que a falta de informações passe por um processo de revisão e
mudança de atitudes que certamente trarão o tão esperado resultado que é o
objetivo do projeto de gestão de resultados.
Outro fator importantíssimo é quanto aos riscos para aqueles que trabalham
com a eletricidade. A legislação já determina que a reciclagem desses profis‑
sionais é indispensável para o monitoramento da qualidade de seus serviços.
Muitos empregadores podem até relutar em aceitar que o investimento para a
manutenção desses trabalhadores seja necessário. Conforme a legislação, o que
se entende, é que, como estão expostos a uma condição de alta periculosidade,
sua integridade física depende do seu grau de conscientização, e só se alcança
um alto nível de conscientização com sucessivas e incansáveis abordagens.
Não podíamos deixar de mencionar que os trabalhadores envolvidos nas
atividades com materiais explosivos e os profissionais de segurança tanto pa‑

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Conceito versus práxis 107

trimonial como pessoal fazem hoje jus ao adicional de periculosidade — estes


últimos adquiriram tal direito nesta última década. E antes, como será que eles
trabalhavam? Pois bem, o reconhecimento e estabelecimento de situações para
que estes sejam orientados, treinados e conscientizados é uma tarefa relativa‑
mente nova para os envolvidos desta área.
Uma vez que a empresa tenha alcançando os resultados esperados, serão
diminuídos ou minimizados os efeitos nocivos do trabalho em relação à ativi‑
dade humana. Se assim ocorrer, questões como insalubridade, periculosidade,
perícia trabalhista, auditorias e outras ferramentas passarão a ser mais simples
e menos honerosas, significando acima de tudo um ganho no aspecto social e
humano da organização.
Como entender e adequar-se ao risco muito discutido nos últimos anos que
é o risco ergonômico? Cada ambiente, cada segmento profissional, cada orga‑
nização espacial requer um estudo e uma ação, pois as consequências físicas
de anos em posições inadequadas ocorrem com cada vez mais frequência nos
consultórios médicos. Quem vai arcar com as custas desses trabalhadores que
não mais estão conseguindo desempenhar sua função?
A legislação delibera sobre a ergonomia para alguns segmentos específicos,
como para operadores de checkout, teleatendimento (NR 17) (BRASIL, 2013r). E
os demais trabalhadores que ainda não tiveram suas atividades regulamentadas
pela NR? Como atuar e realizar uma identificação de riscos, que atenda tanto
ao empregador quanto ao empregado? Lembrando sempre que os interesses
do empregador chegam na frente, é necessário adequar as condições legais às
condições da empresa e às condições do empregado. Enfim, um emaranhado de
interesses que devem trazer uma solução justa o quanto menos onerosa possível.
Na ergonomia o trabalho de reestruturação passa antes por um trabalho de
conscientização, não existe ação possível e eficaz se o agente, no caso o tra‑
balhador, não for extremamente comprometido e participante. É uma mudança
muito mais de hábitos do que de formas, não existe solução fácil, para maus
hábitos arraigados na forma de agir dos indivíduos.
Como corrigir posturas em indivíduos que passaram uma vida inteira em
atitudes descomprometidas com a vida saudável? Como estabelecer regras e
padrões para quem nunca deu importância para atitudes simples, como le‑
vantar ou carregar peso, por exemplo? No âmbito do risco ergonômico existe
ainda muita resistência por parte do próprio trabalhador, pois nesse caso em
específico o que deve mudar radicalmente é a pessoa, ou seja, o indivíduo vai

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108  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

ter sua zona de conforto alterada, acarretando assim uma resistência caracte‑
rística ao novo.

Questões para reflexão


Detectados os riscos físicos em uma metalúrgica, apenas a entrega de
EPIs para minimizar a intensidade e gravidade do risco é suficiente?

Links
Para conhecer melhor como está disposta a ergonomia no ambiente de trabalho, acesse o link
a seguir:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm>.

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Conceito versus práxis 109

Seção 3 Registro de ações


Quando em alguns segmentos já é concedido por legislação, o direito à
insalubridade e/ou periculosidade, não menos importante é o trabalho para
monitorar os índices de risco. Estes deverão ser mantidos no mais baixo índice,
segundo a norma que os regulamenta, e se assim não for possível deverão
passar por revisão constante dos processos produtivos, pois é só na execução
diária que se pode, por motivos peculiares, torná‑los mais seguros através de
mudanças de procedimentos.
Não tenha medo de propor mudanças de procedimentos, desde que você
saiba todas as causas negativas do procedimento atual, e como isso repercute
economicamente no contexto da empresa. Suas sugestões devem ser práticas
a ponto de desmitificar a máxima de que “sempre fiz assim, e ”deu certo”
apontando novos caminhos e mais seguros para a instituição e para a pessoa.
A resistência faz parte do processo, e deve ser trabalhada no contexto de apri‑
moramento de gestão de pessoas.
Para que as ações de segurança tenham eficácia na empresa, existem meios
que podem ajudar na implementação de uma cultura de saúde e segurança
no trabalho, uma das características bastante usadas e que se mostra muito
eficiente, apesar se sua simples configuração, é a inspeção de segurança que
se dá através dos passos abaixo exemplificados:
1) Inspeções de rotina (diárias): Visam detectar e eliminar riscos comuns, já
conhecidos tanto do ponto de vista do equipamento como pessoal, por exemplo:

falta de uso de EPI ou sua inexistência;


uniformização;
remoção de proteção de máquina;
ordem, arrumação e limpeza etc.
Para realizar este tipo de inspeção desenvolve‑se um formulário impresso
intrínseco com os dados apresentados conhecido no meio laboral como “Ficha
de Inspeção de Segurança Rotineira — ISR” (veja Quadro 5.2).
2) Inspeções periódicas: Devem ser programadas para serem feitas em
intervalos regulares (semanais — mensais). Podem incluir a inspeção de toda
a fábrica, de um departamento, uma seção, certos tipos de operações, de‑
terminados equipamentos e aspectos relativos à higiene, sendo necessária a
elaboração de um relatório final.

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3) Inspeções especiais ou antecipadas: Requer conhecimentos técnicos bem


como, em alguns casos, a utilização de aparelhos especializados. Exemplos:

penetração em reservatórios;
manutenção em equipamentos tais como, caldeiras, elevadores.
manutenção civil — seja por firmas empreiteiras ou não.

Quadro 5.2 Ficha de inspeção de segurança

FICHA DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA


Inspeção de Segurança n° Data: Hora:
Divisão: Seção: Chefia Responsável:
Local, Máquina ou equipamento (descrever):
Condição a corrigir:

______________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________
Ação Recomendada:

______________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________
Observações:

______________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________
Protocolo Técnico de Segurança:

Data: Visto:

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C o n c e i t o v e r s u s p r á x i s  111

Para saber mais


Você sabia que a NR 15 (BRASIL, 2013h) traz a classificação das atividades laborais segundo os
gastos energéticos ou taxa de metabolismo: trabalho leve (125 a 150 kcal/h), o trabalho leve
compreende manter-se sentado ou em pé com movimentos moderados de braços e/ou tronco
e pernas, trabalho moderado (175 a 300 kcal/h) o trabalho moderado inclui movimentos vigo-
rosos com braços e pernas na posição sentada ou em pé e o trabalho pesado (440 a 550 kcal/h
abarca ação intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos e trabalho fatigante).

De acordo com as técnicas empregadas para identificar os riscos, como você


pôde conhecer no Capítulo 3, e ainda com as várias ferramentas apresentadas
anteriormente para realizar e traçar um plano de ação, o objetivo final será
sem dúvida suprimir toda e qualquer possibilidade de um acidente de trabalho.
Este é o grande monstro com os quais as empresas de grau de risco elevado
travam uma ferrenha luta, pois as implicações de acidentes de trabalho, vão
muito além do afastamento do trabalhador, implica perda de tempo do processo
produtivo, substituição do trabalhador para aquela função, o que por vezes
gera desgaste até adequar outro trabalhador para a função. Todos os encargos
que têm de ser mantidos, mesmo o trabalhador estando sob jurisprudência do
INSS. Estes são alguns dos fatores econômicos mais relevantes.
Mas existem também o fator emocional e social do acidente de trabalho,
este é avaliado pela parte pessoal do trabalhador. Como fica quando o acidente
gera incapacidade parcial ou total, temporária ou permanente, como fica a
condição familiar deste trabalhador, estes aspectos não podem ser mensurados,
pois a cada trabalhador acomete de uma forma, mas são reais.
O acidente de trabalho em geral ocorre por uma junção de fatores podendo
ser sofrido pelo próprio trabalhador, como o trabalhador mal orientado pode
causar acidente a outros. Como fica a responsabilidade da empresa em atuar
para que fatos assim não aconteçam?
Em um acidente de trabalho todos os detalhes são cruciais para que se
desenvolva uma ação preventiva, uma correção que contemple todos os en‑
volvidos no processo produtivo.
Os aspectos de amparo ao acidentado também devem ser bem entendidos,
tanto por parte do empregador quanto por parte dos empregados, uma vez que
após 15 dias de afastamento o empregado deverá recorrer ao INSS para ter

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seus direitos resguardados. Entretanto, quando se dá um acidente de trabalho


neste período em que o trabalhador ainda está sob a tutela da empresa, alguns
cuidados devem ser atentamente observados, como a abertura da CAT de forma
a legalizar a condição do trabalhador perante o INSS.
Neste aspecto de abertura da CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho)
a empresa está explicando e justificando junto ao órgão público seu grau de
comprometimento e sua conduta perante o acontecido. Quando existe na
empresa um Sesmt ou um departamento próprio para tratar de ações relativas
à segurança do trabalho, este procedimento tende a ser muito tranquilo, pois
se pressupõe que existam também ferramentas e formas de controle dos riscos
inerentes ao segmento. Contudo, torna-se um problema para a empresa quando
nada disso existe, pois através da CAT também se revela o total e completo
despreparo do segmento em relação de atendimento a legislação.
Como fazer então quando o acidente gera um afastamento permanente
ou quando o mesmo resulta em morte? Estabelecer uma gestão de segurança
eficiente com vistas a inviabilizar todas as possibilidades de acidente é um
desafio lançado aos empregadores e a suas equipes de gestão; não são todos
que se comprometem com este tipo de atitude, mas recentemente o poder
público vem assertivamente coagindo as empresas a estabelecer este nível de
comprometimento através do FAP (Fator Acidentário Previdenciário), que em
conceitos gerais vai aumentar a carga tributária da empresa que não investe
em prevenção, ou seja, que apresenta um alto índice de acidentes por período.
Vamos apresentar, no Quadro 5.3, uma simulação para que você perceba
como o governo vem tentando forçar o empregador a adotar medidas de con‑
trole dos riscos ambientais de trabalho.

Quadro 5.3  Anexo V do Decreto nº 6.957/2009


ANEXO V do Decreto 6.957/2009
RELAÇÃO DE ATIVIDADES PREPONDERANTES E CORRESPONDENTES GRAUS DE RISCO
(CONFORME A CLASSIFICAÇÃO NACIONAL DE ATIVIDADES ECONÔMICAS)

CNAE 2.0 Descrição Alíquota

6422-1/00 Bancos múltiplos, com carteira comercial 3

8112-5/00 Condomínios prediais 2

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C o n c e i t o v e r s u s p r á x i s  11 3

Exemplo 1:
Banco Azul S/A RAT: 3% FAP: 1,3452
  RAT   FAP   Observação
SEFIP/GFIP 1,34 (duas ca‑ 4,02 (alíquota calculada internamente pelo
3% X =
sas decimais) SEFIP) - duas casas decimais
Folha de Paga‑ 1,3452 (quatro 4,0356 (alíquota a ser aplicada no pro‑
mento/GPS casas decimais) grama de folha de pagamento/GPS, resul‑
3% X =
tado da multiplicação RAT x FAP) — qua‑
tro casas decimais

Exemplo 2:
Condomínio Edifício Palmeiras RAT: 2% FAP: 0,6231
  RAT   FAP   Observação
SEFIP/GFIP 0,62 (duas ca‑ 1,24 (alíquota calculada internamente
2% X =
sas decimais) pelo SEFIP) - duas casas decimais
Folha de Paga‑ 0,6231 (quatro 1,2462 (alíquota a ser aplicada no pro‑
mento/GPS casas decimais) grama de folha de pagamento/GPS, resul‑
2% X =
tado da multiplicação RAT x FAP ) — qua‑
tro casas decimais
Fonte: Brasil (2009)
Como você pôde perceber, todos os tributos e encargos referentes aos de‑
monstrativos contábeis da empresa são considerados para o cálculo de mais
este índice que é imputado ao empregador — uma forma legalizada de dar ao
empregador a conta do tratamento médico dispensado ao funcionário que se
encontra afastado por acidente de trabalho.
Não obstante a isso, os afastamentos por doença profissional também entram
nessa conta onde o empregador assume a responsabilidade de não ter uma
política prevencionista de segurança.

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Seção 4 Ferramentas de apoio


Precisamos agora desempenhar um papel de analista crítico dentro da orga‑
nização empresa, porque uma vez que observamos as debilidades do sistema
produtivo, é hora de traçar metodologias de ataque para driblar as mais diversas
condições de risco, as resistências, as condições orçamentárias e até mesmo o
fator cultural dos funcionários e diretoria.
Não é nada fácil. Quando detectamos riscos que podem ser atenuados
com EPI´s, (NR6) (BRASIL, 2013a), basta que façamos um relatório de entrega,
um treinamento e a aquisição dos mesmos, e está solucionado o problema?
Infelizmente não funciona desta maneira, contamos com o fator humano, e
é neste fator que ocorrem os grandes problemas. A tradição ou a cultura do
segmento profissional tem grande peso quando temos que desenvolver uma
ação preventiva de segurança. As características locais de trabalho apontam
muitas vertentes onde o coordenador do processo de gestão de segurança
deverá se debruçar para fazer um projeto completo que contemple os fatores
físicos e humanos.
Outras ferramentas como a qualificação conhecida como OHSAS (OHSAS,
2013) pode e deve ser utilizada para que as ações sejam as mais eficazes pos‑
síveis, a prerrogativa da OHSAS é disponibilizar o maior número de elementos
possível para as organizações que desejam priorizar o seu ativo mais importante,
o ser humano.
Nesse planejamento de controle dos riscos, utilizando‑se das mais diferentes
ferramentas não podemos esquecer alguns quesitos básicos:
reconhecimento dos riscos e exigências legais de segurança e saúde
ocupacional;
ações voltadas ao controle dos riscos de segurança e saúde ocupacional;
acompanhamento do desempenho do sistema de segurança e saúde
ocupacional, através de revisões, avaliações e aperfeiçoamentos
contínuos do sistema.
Pense que estas ferramentas devem ser desenvolvidas dentro do segmento
que você está inserido, não existe sistema pronto preexistente, existem caminhos
e quesitos indispensáveis para se trabalhar. A metodologia deve ser desenvolvida
de acordo com as necessidades emergentes.

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C o n c e i t o v e r s u s p r á x i s  11 5

Links
No link sugerido a seguir, você irá complementar seu conhecimento com informações pertinentes
a gestão de segurança, gestão ambiental, gestão de qualidade — não deixe de consultar.
<http://www.entropy.com.br/?page_id=302>

Outra ação muito importante são os treinamentos que estão indicados no


PPRA (NR 9) (BRASIL, 2013d). Se foram indicados no documento citado é por
que são obrigatórios dentro da legislação para aquele segmento profissional.
Mas o cotidiano vai apontar também outras necessidades, e estas devem ser
levantadas, e em cima delas um treinamento para informar e formar todo o corpo
operacional da empresa. Esses treinamentos devem ser elaborados dentro dos
riscos apresentados, com situações relativas àquele setor ou serviço para que
os trabalhadores se reconheçam neste processo e assimilem as informações que
estão sendo transmitidas, com o intuito de promover neles uma mudança de
comportamento, visando minimizar os efeitos que determinados riscos podem
trazer para o sistema produtivo e também ao efetivo pessoal.
Todo o processo de reconhecimento e o modo como foi abordado deve ser
registrado em uma lista de presença na qual o assunto e o objetivo é descrito, e
também os participantes deste processo educativo são identificados através de
suas assinaturas. Uma vez realizado este procedimento, e ainda assim as situa‑
ções de riscos persistindo por conta de fatores humanos, medidas disciplinares
devem ser disponibilizadas para que a eficiência do processo seja alcançada.
Uma vez realizados os passos anteriores, é hora de estabelecer um sistema
de controle de eficácia dos processos aplicados. Consiste em realizar um le‑
vantamentos dos fatores e causas das não conformidades com índices e dados
relevantes para se ter uma clareza das implicações jurídicas, financeiras e hu‑
manas do sistema vigente. Com informações deste nível é possível, depois de
trabalhados os fatores de risco, as formas de controle, ter-se a situação do quadro
atual, de forma a se traçar um paralelo qualitativo e quantitativo da situação.
Quando esta análise é feita e apresentada, as informações devem ser traba‑
lhadas para que todo o sistema operacional da empresa passe por mudanças
que gerem maior rentabilidade e lucratividade, podendo ser para isso mudados
procedimentos e normas internas que se façam necessárias para um ajuste à

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legislação vigente. Quem deverão ser os responsáveis por essa mudança de


normas e procedimentos?
Se você respondeu que são os líderes e supervisores, acertou. Todo novo
procedimento e normatização devem, primeiro, ser muito bem definidos e es‑
clarecidos com os gestores das unidades e setores, uma vez que eles entendem e
assimilam a necessidade das mudanças, e sendo eles os conhecedores do setor
que dirigem ou administram, cabe a eles implantar. Claro que os responsáveis
por esta nova padronização estarão sempre no auxílio desta operação, mas sim,
as lideranças têm, acima de tudo, um compromisso com a vida e integridade
física de seu grupo. E embora estejam ali representando o interesse do empre‑
gador têm que desempenhar seu serviço atendendo também o empregado.
Alguns segmentos como Construção Civil, Energia Elétrica, Serviços de
Saúde, têm em suas NR´s específicas (NR 10, 18 e 32) (BRASIL, 2013n; BRASIL,
2013o; BRASIL, 2013m), treinamentos já pré-designados dentro dos fatores de
risco dessa área. É de suma importância que sejam conhecidas e trabalhadas
com o corpo de profissionais dentro das empresas, pois muitos desconhecem
mais da metade dos riscos, e assim sendo, colocam-se de forma até mesmo
simplistas expostos ao perigo eminente.

Links
Consulte os links a seguir e não deixe de perceber as diferentes abordagens de acordo com seus
segmentos correspondentes:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BF2ADC9D13BBC/nr_18_28.pdf>
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr10.htm>
<http://www.fcfas.org.br/arquivos/NR%2032%20Segurana%20e%20Sade%20no%20Traba-
lho%20em%20Servios%20de%20Sade.pdf>

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C o n c e i t o v e r s u s p r á x i s  11 7

Seção 5  Auditoria de situação conflitante


Como visto na Unidade 4, a auditoria vai ao encontro de uma necessidade
da economia do mundo moderno, podendo ser estabelecida em qualquer linha
dentro da empresa — financeira, operacional, administrativa, ou todas estas ao
mesmo tempo. Pode atender cada uma a um objetivo distinto, mas também pode
fazer parte de um sistema integrado de investigação que compõe um quadro
de mudança e regulamentação da empresa ou instituição.
Mas este tipo de procedimento traz consigo, muitas vezes, o desvendar de
situações críticas e desastrosas em seus resultados finais. É claro que você já
pôde perceber que, quando uma auditoria é solicitada, desconfia-se de alguma
coisa, paira no ar uma dúvida, e quando há dúvida que não se possa respon‑
der no dia a dia dos fatos, existe em algum ponto da operação, uma falha, é
aí pontualmente que a auditoria vai determinar, pois o sistema que deve ser
trabalhado na auditoria faz um mapeamento de toda a operação e consegue
com precisão detectar este momento ou situação onde há erro.
Para a auditoria, quem deve ser designado? Alguém de dentro da própria
empresa, alguém vindo de fora? Tudo vai depender do tipo de empresa que se
quer atender e a finalidade desta auditoria. É fundamental que você saiba que
quem quer que seja a desempenhar esta função, deve ser devidamente treinado
e capacitado para tal papel. Tem que ter em si características de valor, moral e
ética muito bem definidas, e acima de tudo, ser imparcial. Só assim prima-se
por uma auditoria de alta performance.

Para saber mais


O grande salto da auditoria ocorreu após a crise na economia americana de 1929.

Por se tratar de uma ferramenta de controle, na cultura da economia brasi‑


leira ainda não é uma prática bem aproveitada, muitas empresas têm medo de
aplicar auditorias e, depois dos resultados apresentados, não saber como lidar
com eles. A auditoria torna-se para alguns segmentos e diretorias uma ameaça
à falta de atitude e competência, por isso na economia brasileira a auditoria é
sugerida e não obrigatória, como nas empresas que são multinacionais e atuam
em nosso território.

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O emprego deste tipo de metodologia consiste na aplicação das técnicas de


identificação de perigos, análise e avaliação de riscos para detectar situações
indesejáveis, descrevendo os possíveis fatores causais e delimitando a pro‑
blemática levantada. Empregar os critérios da auditoria como instrumento de
planejamento e engenharia, buscando o entendimento detalhado do sistema,
vai possibilitar a melhoria de segurança e confiabilidade do sistema produtivo
operacional. Conhecendo-se a complexidade do sistema avaliado e delimitada a
problemática, permitirá desenvolver a partir de programação linear um modelo
matemático que maximize o benefício através da minimização das perdas.
Assim sendo, a informação de que a auditoria é ferramenta eficiente de
combate aos riscos e perdas no processo produtivo, e tem trazido esta prática
para o mundo da segurança do trabalho com força e determinação. Nesta área
de segurança do trabalho e prevenção, a ação antes que o fato seja consumado
é motivo de ganhos, e o que as corporações e empresas mais desejam não são
os lucros propriamente, outrossim a inexistência de prejuízos. Então, detectando
falhas pontuais nos processos produtivos é possível traçar planejamentos estra‑
tégicos para erradicar o problema ou minimizá-lo. É, portanto, um fato inegável
o fato das empresas adotarem planos para reduzir as lesões dos trabalhadores, o
que não aconteceu de forma voluntária, mas devido à pressão dos altos gastos
financeiros oriundos das indenizações e seguros, às reivindicações sociais e
à discriminação, caso não acontecesse uma significativa evolução quanto à
adequação do meio ao homem no quesito da segurança.
Seguindo os padrões de auditoria, a imparcialidade e as pré-noções tem
que ser utilizadas com precisão, a formação dos auditores é muito importante
principalmente se eles estão dentro da empresa e se seu trabalho como auditor
será nos setores onde já existe com os trabalhadores algum tipo de afinidade,
nem que seja por estarem todos a serviço da mesma empresa.
Para se iniciar um processo de auditoria parte-se do principio que é o levan‑
tamento dos documentos legais exigidos para aquele segmento ou setor. Estes
dados são obtidos através da solicitação ao departamento pessoal ou ao RH da
empresa. O auditor deve estar muito bem informado das necessidades legais que
são exigidas para o material ou situação sob auditoria, e deve ter conhecimento
também de todos as políticas desenvolvidas entre a empresa e os funcionários.
Cada etapa do processo auditada deve ser encerrada com um relatório
que necessariamente deverá apresentar de forma clara e sintética o que foi
conferido, as divergências e as possíveis soluções para as não conformidades

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C o n c e i t o v e r s u s p r á x i s  11 9

encontradas. Quando se trabalha com a constante auditoria como ferramenta


de suporte para novas práticas e políticas organizacionais para a empresa,
lembra-se da Pirâmide de Bird (Figura 5.1), que demonstra as proporções a que
se pode chegar uma gestão sem uma metodologia de controle das questões
relacionadas a acidentes de trabalho.

Figura 5.1  Pirâmide de Bird

1 Lesão incapacitante

100 Lesões não incapacitantes

Acidente com danos


500
à propriedade

Fonte: Decicco e Fantazzini (1985).

Links
Acesse o link a seguir e confira toda a amplitude deste estudo sobre as questões referentes a
acidentes de trabalho:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA_NwAC/evolucao-historia-engenharia-seguranca>

Passando ao outro aspecto da auditoria, realizados os levantamentos legais,


é a hora da inspeção. Esta se traduz em uma observação empírica do sistema
auditado nos seus menores detalhes; pode ser rápida ou levar tempo; não é
o tempo que vai determinar a finalização da inspeção e sim a quantidade de
caracteres observados, sua frequência e intensidade. Serão os aspectos das
condições ambientais observadas e tudo que acontece ao derredor e que possa
vir a influenciar a condição em questão sob auditoria.

Para saber mais


Um auditor geralmente começa a atuar em escritórios de auditoria externa e para exercer a
profissão precisa ser formado em Ciências Contábeis e estar registrado no CRC de sua região.

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Quando se recruta auditores de dentro da própria corporação ou empresa,


a auditoria também é válida, mas há de se respeitarem alguns critérios como:
trazer pessoas que não façam parte daquele setor ou departamento (estes devem
ter conhecimento em todos os procedimentos realizados para que não se sintam
impossibilitados de emitir algum parecer e serem devidamente capacitados
através de treinamentos específicos para tal função).
É importante que se trace o objetivo da auditoria, não raras vezes a auditoria
irá se confrontar com as normas previstas na CLT (BRASIL, 1943), nas NRs, na
legislação fiscal, nos acordos sindicais, enfim, podem acontecer dúvidas de
várias formas. É fundamental que o auditor saiba que nenhuma legislação se
sobrepõe ao acordo sindical; pressupõe-se que o sindicato tenha a competên‑
cia e comprometimento de estabelecer procedimentos que não firam nem ao
empregador nem aos empregados, por isso ter conhecimento da legislação
vigente e sindical é muito importante, para emitir os laudos de auditoria.

Questões para reflexão


A empresa está passando uma auditoria operacional no setor de al‑
moxarifado, simultaneamente o setor de financeiro também passa por
uma auditoria; ambas estão sendo realizadas por pessoas da própria
empresa. Como agir para evitar ao máximo que elas tenham suas in‑
formações forjadas?

Ademais, depois de realizada a auditoria, o que fazer com os dados e lau‑


dos emitidos? Espera-se que a empresa, de posse da conclusão deste levanta‑
mento realize uma conferência dos pontos apontados como deficitários a fim
de realmente comprovar que nada foi perdido ou desconsiderado, proceder
uma reavaliação das normas e procedimentos envolvidos em todos os pontos
com não conformidades, e realizar um plano de ação permanente de audito‑
ria, visando, assim, enquadrar-se no sistema econômico capitalista, que visa
eliminar todas as possíveis formas de perdas, sejam elas em quaisquer níveis.

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Conceito versus práxis 121

Para concluir o estudo da unidade


Você pode observar como os assuntos são interligados nas quatro
unidades deste compêndio, e a razão de elas estarem dispostas nesta
sequência é que para o desenvolvimento de uma atividade de qualidade
são necessários conhecimentos em todos esses níveis.
Com as informações aqui repassadas e a forma de utilizar essas infor‑
mações qualquer atividade ligada ao ambiente laborativo terá embasa‑
mento que o tornará confiável e respeitado.
Utilizando-se destes métodos e procedimentos para compor um
ambiente laboral digno e correto certamente a empresa sairá ganhando,
pois atualmente preza-se por métodos e procedimentos que visem gerar o
menor risco possível, pois toda e qualquer maneira inadvertida de trabalho
pode gerar muitos prejuízos. Esses prejuízos são altamente prejudiciais
às empresas, uma vez que além de o serem negativos para a imagem da
empresa, trazem consigo por vezes também prejuízos sociais e humanos,
estes muitas vezes não são recuperáveis.
Pensando assim, a prevenção torna-se mais ainda uma condição da
sociedade moderna em se preservar e preservar seu patrimônio.

Resumo
Para concluirmos o assunto abordado nesta unidade, você, aluno, po‑
deria, ou melhor, saberia reconhecer uma situação de risco e como atuar
diante dela para contribuir com a empresa e com o trabalhador?
Se sim, parabéns; se não aqui vão mais algumas considerações que
podem lhe ser úteis.
Procure identificar os riscos para que se tenha conhecimento da legis‑
lação e normas que os regimentam, procure na legislação todas as infor‑
mações sobre eles, para que não incorra na transgressão da lei, estude o
ambiente para montar um plano de ação que lhe permita atuar de forma
ética junto ao empregado e empregador. Nesta concepção, realize ações
que sejam e tenham caráter instrutivo e documente-as para que possa fazer

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delas provas de físicas de medidas tomadas com o intuito de minimizar


ou erradicar as situações não conformes.
Em se deparando com uma perícia, aja com paciência e imparciali‑
dade, reúna todas as documentações possíveis referentes à situação peri‑
ciada, levante todos os dados relevantes e irrelevantes, procure abster-se
de emitir sua opinião e deixe que o perito tire suas conclusões. Cabe ao
perito deliberar e repassar ao juiz que o nomeou um laudo para que então
a situação possa ser julgada, lembrando que as perícias mais frequentes
são as judiciárias, oriundas de ações trabalhistas, e as previdenciárias que
servem para deliberar sobre a concessão dos benefícios concedidos pelo
INSS (MINISTÉRIO..., 2013).
Sendo necessária uma auditoria, vale lembrar que elas são aliadas do
processo gerencial das empresas; elas não são fontes de espionagem nem
de competição entre os setores da empresa, mas servem para que uma
ação prevencionista venha resguardar a empresa de possíveis perdas e
prejuízos, e também resguardar o trabalhador de situações de riscos que
possam ferir e prejudicar a sua integridade física, emocional e social.

Atividades de aprendizagem
1. De acordo com a NR 16, existe uma condição de periculosidade na
empresa; qual seria sua atitude, sabendo que cabe a você a respon‑
sabilidade por esta ação?
2. Relacione, com base nas informações recebidas, quais as etapas de
uma auditoria.
3. Monte um plano de ação para um risco químico existente em uma
empresa de fabricação de tinta, no setor de laboratório.
4. O relatório de uma auditoria apresentou as não conformidades. A
partir disso, qual seria a ação esperada por parte da empresa?
5. O que você necessita saber se for incumbido de realizar uma auditoria
interna, dentro da empresa para a qual você trabalha, no setor onde
você não tem nenhum tipo de relações pessoais com os trabalhadores?

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Referências

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124  P E R Í C I A T R A B A L H I S T A E AVA L I A Ç Ã O D E D E S E M P E N H O

Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego.


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Referências 125

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CHIANCA, Thomaz; MARINO, Eduardo; DECICCO, Francisco; FANTAZZINI, Mario


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CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. lisPublicacoes.php?codCat=2>. Acesso em:
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ANEXO

Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com


a sua natureza e a padronização das cores correspondentes

Tabela I (Anexo IV)

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5


Verde Vermelho Marrom Amarelo Azul
Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de
Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes
Ruídos Esforço Arranjo físico
Poeira Vírus
físico inadequado
Vibrações Levantamento e Máquinas e
Fumos Bactérias transporte manual equipamentos
de peso sem proteção
Radiações Exigência de Ferramentas
Ionizantes Névoas Protozoários postura inadequadas
inadequada ou defeituosas
Radiações
Controle rígido Iluminação
Não Neblina Fungos
de produtividade inadequada
Ionizantes
Frio Imposição de
Gases Parasitas Eletricidade
ritmo excessivo
Calor Probabilidade
Trabalho em
Vapores Bacilos de incêndio
turno e noturno
ou explosão
Substâncias,
Pressões
Compostos ou Jornada de
anormais Armazenamento
produtos trabalho
inadequado
químicos prolongadas
em geral
Monotonia e
repetitividade
Animais peçonhentos
outras
Outras situações
situações
Umidade de risco que poderão
causadoras
contribuir para
de estresse físico
ocorrência de acidentes
e/ou
psíquico
Fonte: Classificação... (2013).

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avaliação de desempenho
Perícia trabalhista e

UNOPAR PERÍCIA TRABALHISTA E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

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