Você está na página 1de 19

Aula 04 teoria da norma jurídica

ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA NORMAJURÍDICA

 A validade, vigência e eficácia são três aspectos fundamentais das normas jurídicas. Esses
conceitos são fundamentais para a compreensão e aplicação das leis em um determinado
ordenamento jurídico.
 Validade das Normas Jurídicas:
 A validade da norma jurídica é um dos aspectos fundamentais do Direito, uma vez que
uma norma inválida não pode ser aplicada. A validade, portanto, está relacionada à
conformidade da norma com a Constituição Federal e as demais normas jurídicas do
sistema.
 Assim, uma norma jurídica válida o é por existir num sistema e ter sido posta nesse
sistema pelo órgão competente e de acordo com as regras exigidas no sistema (que são os
critérios para fazer da linguagem competente, jurídica).
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 A validade formal e material são dois aspectos diferentes da validade da norma jurídica.
 A validade formal está relacionada ao processo de criação e edição da norma jurídica. Para
que uma norma seja considerada formalmente válida, é necessário que tenha sido
elaborada e aprovada de acordo com os procedimentos estabelecidos pela Constituição
Federal e pelas demais normas do sistema jurídico.
 Assim, a validade formal de uma norma é determinada pela observância das regras e
procedimentos previstos em lei para a sua elaboração e aprovação. Essas regras podem
incluir a competência do órgão que a emitiu, o respeito ao devido processo legislativo e a
publicação adequada da norma.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 Por sua vez, a validade material está relacionada ao conteúdo da norma jurídica. Para que
uma norma seja considerada materialmente válida, é necessário que seu conteúdo esteja
em conformidade com os princípios e valores previstos na Constituição Federal e nas
demais normas do sistema jurídico.
 Assim, a validade material de uma norma é determinada pela sua conformidade com os
princípios constitucionais e com as demais normas do sistema jurídico. Essa conformidade
pode incluir a observância de princípios como a igualdade, a liberdade, a dignidade da
pessoa humana, entre outros.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 É importante destacar que a validade formal e material não são aspectos independentes.
Para que uma norma seja considerada válida, ela deve ser formal e materialmente válida,
ou seja, deve ter sido criada e aprovada de acordo com as regras e procedimentos previstos
em lei e seu conteúdo deve estar em conformidade com as normas hierarquicamente
superiores.
 Em suma, a validade formal e material são dois aspectos fundamentais da validade da
norma jurídica, que devem ser observados para garantir a segurança jurídica e a
estabilidade do ordenamento jurídico. A validade formal está relacionada ao processo de
criação e edição da norma, enquanto a validade material está relacionada ao seu conteúdo e
conformidade com as normas superiores.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 Validade como existência – toda norma que existe é valida ?
 Quem equipara existência e validade decide descrever o direito sob a perceptiva de quem
decide, como se fosse um órgão julgador. O estar no sistema, por si só, já é suficiente para
que se possa afirmar que a norma é, pelo menos presumivelmente, válida. É o que sustenta
Paulo de Barros Carvalho no seguinte excerto:
 “(…) A validade não deve ser tida como predicado monádico, como propriedade ou como
atributo que qualifica a norma jurídica. Tem status de relação: é o vínculo que se
estabelece entre a proposição normativa, considerada na sua inteireza lógico-sintática e o
sistema de direito posto, de tal sorte que ao dizermos que u’a norma ‘n’ é válida, estaremos
expressando que ela pertence ao sistema ‘S’. Ser norma é pertencer ao sistema, o ‘existir
jurídico específico’ a que alude Kelsen. (...) Seja como for, ingressando no ordenamento
pela satisfação dos requisitos que se fizerem necessários, identificamos a validade da
norma jurídica, que assim se manterá até que deixe de pertencer ao sistema”.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 A fragilidade deste ponto de vista está em não descrever, adequadamente, aqueles casos em
que a norma jurídica foi produzida sem fundamento de validade. Esse ponto é, justamente,
o que ressalta Pontes de Miranda nessa bela passagem:
 Os juristas que não distinguem o não existente e o nulo, excluem a classe nula, e tropeçam
com ela a cada momento, porque o Direito, histórica e sistematicamente, alude a ela. Ao
pretenderem tratá-la como sinônimo de não-existente, cometem erro de lógica (confusão
entre “nulo” no sentido de não ter todos os elementos componentes, de modo que os que
têm não operam, e ‘não existente’
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 Os que separam os conceitos de validade e existência, assim o fazem por entender que a
norma pode estar no sistema de direito positivo sem ser válida. Assim, uma coisa é existir,
outra é ter sido produzida de acordo com o que prescreve a norma de competência. A esse
respeito, Pontes de Miranda afirma:
 “1. EXISTIR E VALER – Para que algo valha é preciso que exista. Não tem sentido falar-
se de validade ou de invalidade a respeito do que não existe. A questão da existência é
questão prévia. Somente depois de se afirmar que existe é possível pensar-se em validade
ou em invalidade. Nem tudo que existe é suscetível de a seu respeito discutir-se se vale, ou
se não vale. Não há de afirmar nem de negar que o nascimento, ou a morte, ou a avulsão,
ou o pagamento valha. Não tem sentido. Tão-pouco, a respeito do que não existe: se não
houve ato jurídico, nada há que possa ser válido ou inválido. Os conceitos de validade ou
de invalidade só se referem a atos jurídicos, isto é, a atos humanos que entraram (plano da
existência) no mundo jurídico e se tornaram, assim, atos jurídicos”
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 Em resumo, a diferença entre uma norma válida e uma norma inválida para Norberto
Bobbio está relacionada à sua conformidade com o ordenamento jurídico como um todo. A
validade de uma norma é determinada pela sua conformidade com as normas e princípios
do sistema jurídico, enquanto a invalidade é decorrente da sua falta de conformidade com
essas normas e princípios.
 Desta forma, o sistema das normas que existem se divide em dois conjuntos, o das normas
válidas e o das normas inválidas. A invalidade, portanto, está no sistema de direito
positivo, sendo qualificada e tendo os efeitos da sua ocorrência programados por outras
normas.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 É com a publicação da lei que esta se torna obrigatória. Com a publicação, os cidadãos são
informados sobre a existência da nova norma jurídica e ninguém pode alegar
desconhecimento da lei para não cumpri-la. A publicação é o complemento da
promulgação e, normalmente, a lei entra em vigor a partir da data em que é publicada.
 No Brasil, o órgão responsável pela publicação das leis é a Imprensa Nacional, que tem a
função de publicar os atos oficiais do governo federal, incluindo leis, decretos, portarias e
outros documentos. A publicação das leis é feita no Diário Oficial da União, que é o
veículo oficial de comunicação do governo federal.
 Vale destacar que, no Brasil, a publicação das leis é condição essencial para a sua
vigência, ou seja, para que elas possam produzir efeitos jurídicos e ser aplicadas. Dessa
forma, a ausência de publicação impede a entrada em vigor da lei e a sua aplicação no
ordenamento jurídico.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 Para garantir a efetiva publicação das leis, a Constituição Federal estabelece um prazo
máximo de 48 horas para que elas sejam publicadas no Diário Oficial da União. Esse prazo
é contado a partir da data de assinatura da lei pelo presidente da República, pelo presidente
do congresso, em caso de derrubada do veto.
 Em resumo, a publicação das leis brasileiras é um requisito fundamental para a sua
vigência e aplicação no ordenamento jurídico do país. A Imprensa Nacional, por meio do
Diário Oficial da União, é o órgão responsável pela publicação dos atos oficiais do
governo federal, incluindo as leis. O cumprimento do prazo para publicação é essencial
para garantir a segurança jurídica e a efetividade das normas no sistema jurídico.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 A vigência da norma jurídica refere-se ao período em que ela está em vigor, ou seja, é
aplicável às relações sociais e jurídicas. Para que uma norma jurídica seja considerada
vigente, é necessário que ela tenha passado pelo processo de criação e edição previsto na
Constituição e nas demais normas do sistema jurídico.
 Além disso, é fundamental que a norma especifique a sua data de início e término da
vigência. A norma deve dizer claramente quando ela entrará em vigor e até quando ela será
aplicável. Esse aspecto é fundamental para garantir a segurança jurídica e evitar conflitos e
incertezas no momento de sua aplicação.
 Caso a norma não especifique a data de início da vigência, a legislação brasileira
estabelece um prazo de 45 dias ( artigo 1º da Lei de Introdução às normas do Direito
Brasileiro) para que ela entre em vigor. O período entre a publicação e a vigência é
conhecido como "vacatio legis" e tem como objetivo permitir que as pessoas possam se
adaptar às novas regras e procedimentos trazidos pela norma.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 A vacatio legis é o período de tempo que decorre entre a publicação da norma e o início de
sua vigência. Esse período é importante para que a sociedade e os agentes públicos se
adaptem às novas regras. A vacatio legis, portanto, é um período em que a norma não está
em vigor, mas já foi publicada e é conhecida pelos destinatários.
 suponha que seja aprovada uma nova lei no dia 1º de janeiro, mas a norma estabelece que
ela só entrará em vigor após 30 dias contados a partir de sua publicação oficial no Diário
Oficial da União. Isso significa que a vacatio legis dessa lei será de 30 dias.
 Durante a vacatio legis, a nova lei já é conhecida e pode ser estudada, discutida e analisada
por todos os interessados. No entanto, a sua aplicação ainda não é obrigatória, o que
significa que quem descumpri-la durante esse período não poderá ser punido por isso.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 A eficácia da norma jurídica pode ser entendida como a capacidade que ela tem de
produzir os efeitos esperados na realidade social. Isso significa que uma norma jurídica é
eficaz quando consegue regular as condutas humanas e as relações sociais, alcançando os
objetivos que foram estabelecidos quando ela foi criada.
 A eficácia da norma jurídica é fundamental para garantir a ordem e a harmonia na
sociedade, pois ela serve como um instrumento de controle dos comportamentos
individuais e coletivos. Quando uma norma jurídica é eficaz, ela pode contribuir para a
prevenção e a solução de conflitos, para a proteção dos direitos individuais e coletivos e
para o fortalecimento da democracia e do Estado de Direito.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA
NORMAJURÍDICA
 No entanto, a eficácia da norma jurídica pode ser afetada por diversos fatores, como a sua
clareza e objetividade, a sua adequação às necessidades sociais e culturais, a sua coerência
com outras normas jurídicas, a sua compatibilidade com os valores e princípios
constitucionais, entre outros.
 Além disso, a eficácia da norma jurídica também depende da sua aplicação correta pelos
órgãos competentes, bem como do grau de aceitação social e do respeito por parte dos
cidadãos e das instituições. Por isso, é importante que as normas jurídicas sejam elaboradas
de forma clara, objetiva e coerente, levando em consideração as necessidades e as
demandas da sociedade, e que sejam aplicadas de forma justa e imparcial pelos órgãos
responsáveis.
retirada da norma do ordenamento jurídico

 A revogação da norma jurídica é a retirada de validade de uma lei ou norma anterior por
meio de outra lei ou norma posterior. Essa revogação pode ser total ou parcial, e pode
ocorrer por diferentes motivos, como a incompatibilidade com novas leis ou mudanças nas
circunstâncias sociais e econômicas.
 No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversas espécies de revogação de normas,
que são classificadas de acordo com a origem da nova norma que as revoga. As principais
espécies são:
 Revogação expressa: ocorre quando a nova norma explicitamente revoga a norma anterior.
Nesse caso, a norma anterior perde completamente sua validade.
retirada da norma do ordenamento jurídico

 Revogação tácita: ocorre quando a nova norma é incompatível com a norma anterior.
Nesse caso, a norma anterior perde sua validade apenas na medida em que entra em
conflito com a nova norma. A revogação tácita pode ser reconhecida a partir da análise da
coerência sistemática do ordenamento jurídico.
 Revogação por derrogação: ocorre quando a nova norma restringe a aplicação da norma
anterior, mas sem revogá-la completamente. Nesse caso, a norma anterior continua em
vigor, mas sua aplicação fica limitada ao que não conflita com a nova norma.
 Revogação por caducidade: ocorre quando a norma anterior é revogada por ter perdido sua
utilidade ou validade em função de mudanças sociais, políticas, econômicas ou
tecnológicas.
A repristinação e o direito Brasileiro

 A repristinação é um conceito jurídico que se refere à restauração de uma norma jurídica


que havia sido revogada quando a norma que a revogou também é revogada
posteriormente. Em outras palavras, a repristinação ocorre quando uma norma
anteriormente revogada volta a ter validade em razão da revogação da norma que a havia
revogado.
 No entanto, é importante destacar que a repristinação não é aplicável no direito brasileiro
em algumas situações. Isso porque a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, em
seu parágrafo 3º do artigo 2º, estabelece que a revogação de uma lei não restaura a
vigência da lei revogada, salvo disposição em contrário. Esse dispositivo significa que a
repristinação só será aplicável se houver expressa disposição legal permitindo a
restauração da norma anterior.
A repristinação e o direito Brasileiro

 Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) já se manifestou diversas vezes sobre o
tema, consolidando o entendimento de que a repristinação é uma exceção à regra da
irretroatividade da lei, e, por isso, deve ser interpretada de forma restritiva. Isso significa
que a repristinação só será admitida se houver expressa previsão legal ou se for
estritamente necessária para a garantia de direitos fundamentais.
 Em resumo, embora a repristinação seja um conceito importante no direito, sua
aplicabilidade no ordenamento jurídico brasileiro é limitada e deve ser analisada caso a
caso, considerando a existência de expressa disposição legal e a observância dos princípios
constitucionais.

Você também pode gostar