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ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS


ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

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Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
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a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.


O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO.


Diagramação: Ayrton Nícolas Bardales Neves

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
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E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)


nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!..

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professor: Giovanna Rossetto


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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A presente unidade tem a finalidade de compreender a apli-
cabilidade e eficácia da adoção no ordenamento jurídico. Por isso, foi
fundamental trazer o contexto histórico para aprofundar os conhecimen-
tos sobre os procedimentos, modalidades e requisitos do processo de
adoção. Desta maneira, podemos destacar que houve uma mudança
significativa com a entrada em vigor da Lei 12.010/09 e a recente Lei
13.509/2017, que trouxeram novos rumos para o Estatuto da Criança e
do Adolescente e no Código Civil, que passou a estabelecer critérios,
como o de prevenir o afastamento do convívio familiar, desburocratizar
o processo de adoção, mantendo os cuidados necessários para a ga-
rantia da proteção integral à criança e ao adolescente e evitar a perma-
nência prolongada do menor em abrigos. Assim, diante desse quadro, o
enfoque principal da adoção é a família na qual o menor será inserido,
pois é necessário que se tenha amor, afeto e carinho, por isso, é obri-
gatório o estágio de convivência no procedimento da adoção. Além do
mais, a adoção tem como objetivo a igualdade jurídica entre os filhos,
sem distinção entre os filhos biológicos e os filhos adotivos. Assim, é
preciso entender os trâmites envolvidos no referido instituto, bem como,
suas consequências psicológicas e jurídicas para o adotante e o adota-
do, pois a finalidade da adoção é proporcionar ao menor um desenvol-
vimento sadio e uma família que o deseje verdadeiramente. Daí a im-
portância do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente
e ao direito à convivência familiar, tendo em vista a relevância da família
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para a formação da personalidade do indivíduo nela inserida.

Adoção; Apadrinhamento afetivo; Estágio de convivência;


Família substituta.

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Apresentação do módulo ______________________________________ 10

CAPÍTULO 01
APONTAMENTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS
ACERCA DA ADOÇÃO

Conceito de Adoção ___________________________________________ 13


Evolução Histórica da Adoção __________________________________ 15
Relação de Parentesco e o Estado de Filiação ___________________ 20
Acolhimento Familiar e Apadrinhamento Afetivo ________________ 23
Recapitulando _________________________________________________ 27

CAPÍTULO 02
PROCEDIMENTOS DA ADOÇÃO

Habilitação para Adoção e Estágio de Convivência. _____________ 35


O Perfil Ideal Desejado e a Proteção do Grupo de Irmãos ________ 38

Destituição do Poder Familiar __________________________________ 41


Colocação em Família Substituta ______________________________ 44

Recapitulando _________________________________________________ 46
CAPÍTULO 03
REQUISITOS E MODALIDADES DA ADOÇÃO

Requisitos e Condições do Adotante e do Adotado ______________ 54


Modalidades para Adoção ______________________________________ 57
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Multiparentalidade e Homoparentalidade no Contexto da


Adoção ________________________________________________________ 61

Revogabilidade e Impedimentos da Adoção. ___________________ 63

Recapitulando _________________________________________________ 67

Fechando Unidade ____________________________________________ 75


Referências ____________________________________________________ 78

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A sociedade, ao longo dos anos, passou por muitas transforma-
ções e mudanças, e a questão da adoção ganhou novos rumos, novos
direitos e deveres entre os adotantes e adotados. A questão da adoção é
prevista no Brasil desde 1828, mas, somente com o Código Civil de 1916,
iniciou-se o procedimento de adoção. No entanto, anteriormente, a ado-
ção era algo excepcional e totalmente conservador, e só podia adotar as
pessoas heterossexuais, casadas e sem filhos biológicos. Foi por meio da
Constituição Federal de 1988, que a adoção ganhou força, pois o artigo
227, § 6°, eliminou qualquer diferença entre filhos biológicos ou adotados,
determinando direitos iguais para ambos, com o mesmo direito à filiação.
Em 1990 entrou em vigor o Estatuto da Criança e do Adoles-
cente (ECA), que prevê a adoção. Posteriormente, foi sancionada a Lei
12.010/2009, conhecida como a Lei Nacional de Adoção ou Nova Lei da
Adoção, que trouxe grandes inovações, permitindo que pessoas solteiras
pudessem adotar, desde que sejam, no mínimo, 16 anos mais velhas que
o adotado. Surgiu também o conceito de família extensa, e foi estabelecido
o Cadastro Nacional De Adoção (CNA), que consta as informações das
crianças aptas à adoção e os pretendentes. Já em 2017, foi publicada a
Lei 13.509/2017, que trouxe algumas alterações significativas no Estatuto
da Criança e do Adolescente, no Código Civil e até na CLT, e tem como
objetivo acelerar o processo de adoção.
Assim, podemos afirmar que a adoção é o procedimento legal, no
qual uma criança ou um adolescente se torna filho de uma pessoa ou de
um casal, com os mesmos direitos que um filho biológico. Ocorre que, infe-
lizmente, existem casos de abandono de menores, ocasionadas, na maio-
ria das vezes, por uma gravidez precoce ou não desejada, a miserabilidade
e até mesmo a rejeição, ou vivem em um ambiente familiar degradante
devido ao comportamento e atitude dos genitores biológicos como uso de
drogas, abuso sexual, entre outros fatores.
Nesse contexto, com o objetivo de inserir a criança e o adolescen-
te em um novo ambiente familiar, afim de que possa gozar do direito a esse
convívio, foram criadas políticas públicas para adoção. Mas, para que isso
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ocorra, é necessário preencher uma série de requisitos e exigências a fim


de que os menores não sejam encaminhados para lares que dificultem ou
impeçam o seu desenvolvimento e o seu crescimento saudável. Por esta
razão, existem algumas etapas no procedimento da adoção que precisam
ser cumpridas pelo adotante. Inclusive, uma das etapas da adoção é o es-
tágio de convivência, que permite que o adotante e o adotado tenham mais
tempo para se conhecer antes da sentença judicial.
Outro ponto que acaba dificultando o processo de adoção é a
questão do perfil ideal desejado pelos habilitados, pois muitos exigem
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crianças de até 5 anos, de cor branca, do sexo feminino e, de preferência,
sem irmãos e sem qualquer deficiência. No entanto, é fundamental relem-
brar aos interessados em adotar um menor que são apenas crianças que
precisam de um lar com amor e afeto. Nesse contexto, é importante trazer
a questão da destituição do poder familiar e a colocação da criança em
uma família substituta, a fim de preservar o melhor interesse da criança e
do adolescente para que se desenvolva em um ambiente saudável.
Dito isso, será demonstrado no primeiro capítulo desta unidade,
a evolução histórica da adoção, desde o surgimento até as alterações sig-
nificativas realizadas no decorrer dos anos, com a introdução da Lei nº
12.010/2009. Diante do exposto, surgiu a necessidade de apresentar, tam-
bém, o conceito das relações de parentesco e do estado de filiação, além
de demostrar a importância do acolhimento familiar e do apadrinhamento
afetivo. Já no segundo capítulo, avaliaremos as formalidades no procedi-
mento de adoção, desde a sua habilitação, o perfil desejado pelos adotan-
tes, as razões da destituição do poder familiar e a colocação em família
substituta.
No terceiro e último capítulo analisaremos os efeitos da adoção,
trazendo os requisitos, exigências e modalidades da adoção, bem como
a multiparentalidade e homoparentalidade e a questão da revogabilidade
e impedimento dentro desse contexto. Portanto, a presente pesquisa tem
por finalidade permear diversas doutrinas, artigos científicos, jurisprudên-
cia acerca do tema, demonstrando o procedimento do processo de adoção
no cenário brasileiro, bem como as exigências e requisitos dos adotante e
adotando com enfoque principal na real importância e significado da ado-
ção.

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APONTAMENTOS HISTÓRICOS
E CONCEITUAIS ACERCA DA
ADOÇÃO
O presente capítulo tem por objetivo analisar a evolução histó-
rica no tocante à adoção, pois antes do Código Civil Brasileiro a adoção
era regida pelo direito romano, e a questão religiosa, social e cultural
teve grande influência para a alteração do conceito de adoção. Des-
de o Código Civil de 1916, a legislação brasileira no tocante à Adoção
evoluiu, pois a Lei Federal n.º 3.133/57, modificou alguns artigos do
Código Civil referente à adoção, e a Lei n.º 4.655/65, que dispõe sobre
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a Legitimidade Adotiva, proporcionou garantias para os adotantes e os


adotados. No entanto, foi revogada pela Lei nº  6.697/79, Código dos
Menores.
Assim, o Estatuto da Criança e Adolescente focava mais sobre
adoção dos menores de idade, enquanto o Código Civil de 2016 tratava
da adoção dos maiores de idade. Mas, com a entrada em vigor do Có-
digo Civil de 2002, essa questão da adoção de maiores e menores de
idade ficou definida.
Importante mencionar que a ideia da filiação também sofreu

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uma transformação, pois a Constituição Federal/88, não tinha a inten-
ção de promover qualquer discriminação entre os filhos, seja dentro ou
fora do casamento, seja adotivo ou biológico, passaram a ter os mes-
mos direitos e garantias que os demais, conforme disposto no artigo
227, § 6º.
Assim, podemos afirmar que a Adoção é um ato jurídico no
qual uma criança ou adolescente é aceito como filho (a) de forma es-
pontânea por uma pessoa ou por um casal que não são os seus pais
biológicos ou consanguíneos. No entanto, até chegar nesse conceito foi
necessária uma série de mudanças e adaptações na história e contexto
da adoção, as quais veremos a seguir com maiores detalhes.

CONCEITO DA ADOÇÃO
Ao analisarmos a origem da palavra “adoção” percebemos
que ela deriva do latim cujo significado é “escolha” ou “opção”. No
decorrer dos anos, inúmeros doutrinadores trataram do conceito desse
instituto, como podemos observar a seguir:

 «É o ato civil pelo qual alguém aceita um estranho na qualidade de


filho». (BEVILÁQUA, 1976, p.351).

“Adoção é o ato sintagmático e solene, pelo qual, obedecidos os requisitos


fixados em Lei, alguém estabelece, geralmente com um estranho, um vínculo
fictício de paternidade e filiação legítimas, de efeitos limitados e sem total
desligamento do adotando da sua família de sangue” (CHAVES. 1995, p. 23).

“Adoção é o ato jurídico pelo qual se estabelece, independentemente do fato


natural de procriação, o vínculo de filiação. Trata-se de ficção legal, que per-
mite a constituição, entre duas pessoas, do laço de parentesco do primeiro
grau na linha reta” (GOMES, 2000, p. 369).

“Adoção é o ato solene pelo qual se cria entre o adotante e o adotando re-
lação fictícia de paternidade e filiação” (MIRANDA, 2001, p. 217).
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“Adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisi-
tos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de
parentesco consanguíneo, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua
família na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha” (DINIZ,
2011, p. 546).

Ou seja, adoção é um ato jurídico solene e bilateral, em que


o adotante cria vínculo de filiação, surgindo então, a filiação do ado-
tando com a sua família, ato irrevogável e personalíssimo. Observa-se
que todos os conceitos mencionados acima, convergem para um ponto
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comum: a questão do vínculo jurídico de filiação. Os autores afirmam
que a adoção atribuiu à pessoa o estado de filho, e que esta modalidade
é chamada de parentesco civil, já que não há laço de sangue, sendo o
parentesco constituído pela lei que cria uma nova relação de filiação,
com base no afeto:

“A adoção é, portanto, um vínculo de parentesco civil, em linha reta, estabe-


lecendo entre adotante, ou adotantes, e o adotado um liame legal de pater-
nidade e filiação civil. Tal posição de filho será definitiva ou irrevogável, para
todos os efeitos legais, uma vez que desliga o adotado de qualquer víncu-
lo com os pais de sangue, salvo os impedimentos para o casamento “CF,
art. 227, parágrafos 5º e 6º), criando verdadeiros laços de parentesco entre
o adotado e a família do adotante (CC, art. 1.626).” (DINIZ, 2009, pag. 507).

No entanto, a finalidade principal da adoção é dar filhos a quem


não pode tê-los biologicamente e também dar pais aos desamparados
e abandonados por seus pais de sangue. Assim, a adoção é um ato
jurídico bilateral que gera laços de paternidade e filiação entre pessoas
para as quais tal relação inexiste naturalmente (DINIZ, 2002, p. 154).
Ou seja, a filiação natural repousa sobre o vínculo de sangue enquanto
a adoção é uma filiação jurídica que se sustenta sobre uma relação
afetiva.
Portanto, a adoção é um ato jurídico solene que cria relações
de paternidade e filiação, além de ser um ato de amor, dedicação e
carinho:

A adoção não admite ter “pena” nem “dó”, ”compaixão”; a adoção, como a en-
tendemos nos dias de hoje, não se presta para resolver problemas de casais
em conflito, de esterilidade, de transferência de afetividade pelo falecimento
de um filho, de solidão etc. ela é muito mas que isso; é a entrega de amor e
dedicação a uma criança que, por algum motivo, ficou privada de sua família.
Na adoção, o que interessa é a criança e suas necessidades: a adoção de
ser vivida privilegiando o interesse da criança (LIBERATI, 2003, p. 20).

Na legislação, podemos encontrar o conceito da adoção des-


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crito no artigo 41 do ECA e no artigo 1625 do CC:

“Art. 41 do ECA: A adoção atribui a condição de filho ao adotando, com os


mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer
vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.”

“Art. 1.625 do CC: “Somente será admitida a adoção que constituir efetivo
benefício para o adotando.

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Desse modo, a adoção era regulada pelo Código Civil/2002,
nos artigos 1.618 ao 1.629. No entanto, alguns dispositivos foram revo-
gados pela “Lei Nacional da Adoção”, e foi modificado o texto do Esta-
tuto da Criança e do Adolescente. Trata-se da Lei n° 12.010/2009 (Lei
Nacional da Adoção), que foi elaborada com o objetivo de facilitar e
agilizar o processo de adoção e trazer aos adotados maior segurança e
fiscalização na questão processual. 
Portanto, a adoção tinha como objetivo a continuação da famí-
lia para aqueles que não poderiam gerar seus próprios filhos. Atualmen-
te, a adoção tem caráter assistencial, cuja finalidade principal é garantir
o interesse e o bem estar do adotado, visando seus direitos e garantias
previstas em lei.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADOÇÃO

Adoção no Código Civil de 1916 e a Lei nº 4.655/65- Legitimi-


dade adotiva

Inicialmente, a adoção foi elencada no Código Civil de 1916,


surgindo como forma de constituição do ato da adoção a escritura públi-
ca, conforme previsão do Art. 375 do CC/1916: “A adoção far-se-á por
escritura pública, em que se não admite condição, nem termo” (BRA-
SIL, 1916, on-line). Após a escritura pública, esta deveria ser levada
ao Registro Público no Registro Civil das Pessoas Naturais, não sendo
autorizado fornecer informações sobre o passado do adotado. Ou seja,
pelo Código Civil/1916, a adoção era como um contrato entre as partes,
por escritura pública, sem interferência do ente estatal. No entanto, esta
legislação estabelecia direitos e deveres aos adotantes e adotado que
deveriam ser seguidos, conforme veremos a seguir: 

A) Só podiam adotar aqueles com idade mínima de 50 (cinquenta anos), sem


descendentes legítimos ou legitimados e deveria ser, ao menos, 18 (dezoito
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anos) mais velho que o adotado;


B) A adoção conjunta só era possível se ambos fossem casados;
C) Era exigido o consentimento da pessoa que tivesse a guarda do adotado;
D) Eram causas para a dissolução da adoção a convenção entre as partes ou
a ingratidão do adotado contra o adotante;
E) Exceto quanto aos impedimentos para convolar núpcias, o parentesco se
dava apenas entre o adotante e o adotado;
F)  Os efeitos gerados pela adoção não seriam extintos pelo nascimento
posterior de filhos legítimos, exceto se a concepção tivesse precedido o mo-
mento da adoção;
G) Com o nascimento de filhos legítimos, a herança do adotado seria reduzi-

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da à metade do que coubesse a cada um dos filhos;
H) Os direitos e deveres resultantes do parentesco natural permaneceriam,
exceto o poder familiar, que se transferia ao pai adotivo.
(BRASIL, 1916, on-line)

Com efeito, antes do advento de Código de Menores, todas


as adoções eram reguladas pelo Código Civil/1916, independentemen-
te da idade do adotado. Somente em 1953, o Senador Mozart Lago,
apresentou um Projeto de Lei que modificava as regras da adoção. Já
em 1957, tal projeto transformou-se na Lei nº 3.133/57, que alterou o
Código Civil/1916, diminuindo a idade mínima do adotante para 30 (trin-
ta anos). Ademais, a diferença de idade entre o adotante e o adotado
passou a ser de 18 (dezoito anos) para 16 (dezesseis anos) além da
integração do sobrenome do adotante ao do adotado. Caso o adotante
fosse casado, a adoção só seria possível depois de 5 (cinco) anos de
casamento, a não ser que o homem fosse maior de 50 (cinquenta) e a
mulher maior de 40 (quarenta) anos.
Posteriormente, surgiu a Lei nº 4.655/1965, que trata da Legiti-
midade adotiva, que se refere à efetivação do adotado no seio familiar,
que seria integralizado. Contudo, a adoção ganhou relevância jurídica
com o advento do Código Civil/1916, no entanto, houve diversas altera-
ções legislativas no decorrer do tempo.

Adoção no Código de Menores - Lei 6.697/1979.

Em 1927, surgiu o Código de Menores, mas ele não abordava


a questão da adoção, que ficou sob responsabilidade do Código Civil
de 1916, cuja legislação permaneceu inalterada até a Lei 3.133/1957,
a qual modificou alguns critérios: os adotantes deveriam ter mais de 30
(trinta) anos, o adotando deveria ser 16 (dezesseis) anos mais novo que
o adotante, e os adotantes poderiam já ter filhos legítimos, legitimados
ou reconhecidos.
Posteriormente, o Código de Menores (Lei 6.697/1979) revo-
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gou a Lei nº 4.655/1965 (dispõe sobre a legitimidade adotiva) e passou


a regulamentá-la:

Além da adoção pelo Código Civil, sobreviveram no sistema jurídico nacional


duas modalidades de adoção na vigência do Código de Menores: a simples,
prevista no art. 27, relativa ao menor em situação irregular, a qual dependia
de autorização judicial, e a adoção plena, regulada pelo mesmo Código, nos
arts. 29-37 e 107-109. (PEREIRA, 2014, p. 451).

Ou seja, começou-se a aplicar medidas de assistência e prote-

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ção ao menor voltado à sua integração sociofamiliar, sendo aplicáveis
pela autoridade judiciária competente, que priorizava o direito da crian-
ça, diferente da adoção de menores em situação irregular do Código
Civil de 1916. Observa-se, ainda, que o bem juridicamente protegido
pelo Código Civil era o interesse do menor em situação irregular e de
risco, e não o interesse na formação da família do adotado no sentido
de contribuir para seu desenvolvimento e formação.
Assim, o Código de Menores era direcionado aos menores
de até 18 (dezoito) anos, que se encontravam em situação irregular e
aqueles que se encontrassem em uma situação regular poderiam ser
adotados conforme previa o Código Civil/1916, independentemente de
autorização judicial. No entanto, o Código de Menores acabou por es-
tabelecer duas espécies de adoção no ordenamento jurídico: a Adoção
Simples (regida pelo Código Civil de 1916 – com as mudanças da Lei
nº 3.133/57) e a Adoção Plena (disciplinada pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente) (SILVA JÚNIOR, 2011. p. 113).
Ocorre que, mesmo com a revogação do Código Civil/16, pelo
Código Civil/22, alguns doutrinadores ainda admitiam a classificação da
adoção em simples e plena, ou seja, em civil e estatutária (SILVA JÚ-
NIOR, 2011. p. 113). Assim, a Adoção simples ou restrita aplicava-se
aos maiores de idade, maiores de 18 (dezoito) anos e menores de 21
(vinte e um) anos que necessitavam da assistência dos genitores ou
responsáveis legais para a declaração de vontade.
Esta adoção dizia respeito apenas ao adotante e ao adotado,
perdendo os pais biológicos o poder familiar, continuando os impedi-
mentos relativos ao matrimônio. Ou seja, o vínculo com os ascendentes
naturais não se desfazia, podendo o menor postular alimentos em face
do genitor biológico, caso o genitor adotivo não pudesse prover. Contu-
do, mesmo o Código de Menores revogando o Código Civil/1916, per-
maneceu válido os requisitos e efeitos da adoção. No entanto, tal filia-
ção não era definitiva ou irrevogável (DINIZ, 2004. p. 449).
Com a introdução da Lei nº 6.697/79, a adoção de menores
deixou de ser um ato em que o principal interesse jurídico era o do
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adotante, e a escritura pública passou a ser um instrumento válido, mas


começou a depender da participação do ente estatal, por meio de auto-
rização judicial, e sem isso não era permitido adotar.
Já a Adoção plena se aplicava ao menor de idade. Só era
legal desde que tivesse o consentimento dos genitores ou do represen-
tante legal, além disso, era realizado o estágio de convivência pelo tem-
po que o juiz estipulasse, mas dependia de caso para caso (RIBEIRO,
2003, on-line). Assim, podemos observar que o Código de Menores - Lei
6.697/1979, foi fundamental no processo evolutivo da adoção.
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Adoção na Constituição Federal de 1988

Insta frisar que a criança e o adolescente pelo Código/2016,


sofria um processo de “coisificação”, isto é, era visto como objeto, não
havia prioridade ou qualquer preocupação com seu desenvolvimen-
to saudável. A Constituição Federal  de 1988 passou a reconhecer a
família como elemento basilar da sociedade, assegurando direitos e
mecanismos que visavam a proteção e garantias das crianças e dos
adolescentes ao direito à convivência familiar e comunitária.
Dessa maneira, é dever da família, da sociedade e do Estado
proporcionar à criança, ao adolescente, com absoluta prioridade, o di-
reito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissio-
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivên-
cia familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão
(Art. 227 da CF). Assim, a CF/88 afirma que é dever da família, da socie-
dade e do Estado assegurar os direitos das crianças e dos adolescen-
tes, deixando claro que merecem proteção, cuidado e amor, pois têm
prioridade absoluta, sendo titulares de direitos fundamentais (MADALE-
NO, 2013. p. 627).
Ainda, o artigo 227 em seu §6º da CF/88, acabou com a dife-
renciação entre os filhos legítimos, legitimados e adotados, proibindo-se
qualquer discriminação relativa à filiação, veja-se no Art. 227 da CF:

(...)
§ 6º: Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.

 Outro ponto importante a ser destacado é o principio da dig-


nidade da pessoa humana trazida pela CF, que se tornou um princípio
basilar do Estado Democrático de Direito:
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Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado De-
mocrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana.

Por esta razão, passou a assegurar a todas as pessoas, in-


clusive aos adotados, condições básicas que proporciona vida, liber-
dade, integridade física e moral, atribuindo-lhes direitos fundamentais
e as proteções que lhes são inerentes. Com isso, a adoção passou a
18
ser conduzida em razão da afetividade como “a modalidade artificial de
filiação que busca imitar a filiação natural; um ato ou negócio jurídico
que cria relações de paternidade” (VENOSA, 2005, p.295).
Contudo, foi através da CF/88, que a adoção passou a ser con-
siderada um ato jurídico solene, pelo qual estabelece, independente-
mente de qualquer relação de parentesco consanguíneo, um vínculo
fictício de filiação, trazendo para a família, na condição de filho, um novo
indivíduo (DINIZ, 2006, p.1323).

O Código Civil de 2002 e o Estatuto da Criança e do Adoles-


cente com as alterações trazidas pela Lei nº 12.010/2009- Adoção

O Código Civil de 2002 previa sobre a adoção em seu capítulo


IV, nos artigos 1618 a 1629. Porém, com a Lei 12.210/2009, que trata
sobre a adoção, a maioria dos artigos foi revogada. Vale frisar nova-
mente, que tanto o artigo 1596 do CC e o artigo 227, §6º, da CF/1988,
dispõe que os filhos, oriundos ou não do matrimônio, ou aqueles oriun-
dos da adoção, terão igualdade de direitos, proibindo qualquer discrimi-
nação com relação à filiação.
O objetivo era de alterar os preceitos existentes no Código de
Menores e outras legislações na questão da proteção dos menores:

Na vigência do Código de Menores, não havia a distinção entre criança e


adolescente (havia apenas a denominação “menor”) e não havia obediência
aos direitos fundamentais, admitindo-se, p. ex., a apreensão fora da hipótese
de flagrante ou de busca e apreensão (ISHIDA, 2014. p. 5).

Essa diferenciação surgiu com a promulgação da CF/88 e com


o ECA - Lei nº 8.069/1990:

Importante é que, seja vislumbrada pelo Código Civil, seja pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente ou por ambos, a adoção cumpre uma função so-
cial hodierna considerável; deve ser compreendida para além da herança
preconceituosa (que sempre a permeou) e necessita, pois, ser contextuali-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

zada, com a preponderância valorativo-jurídica do afeto e com os princípios


constitucionais norteadores do moderno Direito das Famílias - na realidade,
vigas de sustentação de todo o ordenamento pátrio, a partir da dignidade
humana e da igualdade entre todos(as) os(as) cidadãos(ãs) (SILVA JÚNIOR,
2011. p. 115).

Uma das alterações, com o advento do ECA, foi a sentença


judicial para se constituir a adoção, não sendo mais permitida a ado-
ção por escritura pública como era anteriormente obrigatório. Ou seja,

19
o ECA assegura que as crianças e adolescentes podem ser adotados,
desde que usufruam de todos os direitos. Enfim, a adoção é um instituto
que teve grandes alterações ao longo dos anos. E o ECA trata da ado-
ção como uma forma de minimizar o problema do abandono e da desti-
tuição do poder familiar, em vista dos princípios da dignidade da pessoa
humana e do melhor interesse da criança e do adolescente.
Portanto, a Lei nº 12.010/2009 (Lei da Adoção) alterou e apri-
morou alguns dispositivos do ECA, revogando os artigos 1.620 a 1.629,
do Código Civil, incentivando as crianças e adolescentes a retornarem
ao convívio familiar ou a um lar adotivo, evitando que permaneçam em
instituições de acolhimento (MADALENO, 2013, p. 629). A partir de en-
tão, surge o estágio de convivência, que tem por objetivo estimular a
adaptação do ambiente familiar entre o adotante e o adotado, que foi
estabelecido pela Lei nº 12.010/2009, tendo em vista que, antes disso,
o período de convivência era estabelecido pelo juiz.
A vigência da Lei nº 12.010/2009 trouxe inovações sobre a
adoção, além e destinar todas as normas estabelecidas no ECA a todos
os tipos de adoções, sejam dos maiores de idade ou dos menores, defi-
nindo sua devida importância dentro do ordenamento jurídico. Neste as-
pecto, esta lei, no art. 100, único, inciso IV, prevê o principio do melhor
interesse da criança e do adolescente.
Assim, podemos afirmar que adoção é uma das formas de pra-
ticar a dignidade, respeito, afeto inerentes às crianças e aos adolescen-
tes.

Adoção vem do latim, adoptione, escolher. Adotar. É um ato jurídico pelo


qual o vinculo de filiação é criado artificialmente. Gera, sem consanguinidade
nem afinidade, o parentesco de primeiro grau em linha reta descendente. [...]
Adotar é dar a alguém a oportunidade de crescer. É inserir uma criança numa
família definitiva e com todos vínculos próprios de filiação. É uma decisão
para a vida. A criança deve ser vista realmente como um filho que decidiu ter
(Souza, 1999, pg. 17).

Tanto a CF/88, o ECA, quanto a nova Lei de adoção- Lei nº


ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

12.010/2009 colocam em proteção especial os interesses das crianças


e dos adolescentes, proporcionando-lhes uma vida digna.

RELAÇÃO DE PARENTESCO E O ESTADO DE FILIAÇÃO.


A legislação brasileira prevê o direito à convivência familiar
como um direito fundamental, tornando as crianças e os adolescentes
sujeitos de direito e garantias. Além disso, proibiu quaisquer discrimina-
ção ou diferença com relação à filiação, assegurando direitos iguais aos

20
filhos nascidos ou não da relação de casamento e os filhos adotivos:

Todas essas mudanças refletem-se na identificação dos vínculos de paren-


talidade, levando ao surgimento de novos conceitos e de uma nova lingua-
gem que melhor retrata a realidade atual: filiação social, filiação socioafetiva,
estado de filho afetivo etc. Ditas expressões nada mais significam do que
o reconhecimento, também no campo da parentalidade, do novo elemento
estruturante do direito das famílias. Tal como aconteceu com a entidade fa-
miliar, a filiação começou a ser identificada pela presença do vínculo afetivo
paterno-filial. Ampliou-se o conceito de paternidade, que compreende o pa-
rentesco psicológico, que prevalece sobre a verdade biológica e a realidade
legal. A paternidade deriva do estado de filiação, independentemente de sua
origem, se biológica ou afetiva. A ideia da paternidade está fundada muito
mais no amor do que submetida a determinismos biológicos (DIAS, 2013, p.
363).

Assim, verifica-se que o conceito foi expandindo-se com o


passar dos anos, pois além da relação pai/filho de origem sanguínea/
biológica, foi surgindo outras espécies. Dentro disso, é necessário com-
preender o instituto do parentesco antes de adentramos na filiação.
Assim, o parentesco é o vínculo jurídico que se estabelece entre as
pessoas que têm a mesma origem biológica, além do vínculo natural:

Parentesco seria uma relação jurídica existente não apenas entre pessoas
que descendem da mesma ancestralidade, como também entre o cônjuge
ou o companheiro e os respectivos parentes do outro, entre o adotante e o
adotado e, finalmente, entre o pai institucional e o filho socioafetivo (DINIZ,
2008, p. 431).

É a relação apta a vincular entre si pessoas descendentes umas das outras,


por sangue ou por afinidade, também admitindo aquele constituído por fictio
iuris pela adoção (MIRANDA, 2001, p. 21).

Dentro disso, temos três relações de parentesco, como: a) con-


sanguíneo ou natural; b) por afinidade e c) parentesco civil ou registral.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Conforme veremos a seguir:

a) Consanguíneo ou natural: vínculo que surge pelo fator biológico ou


sanguíneo. O vínculo do parentesco estabelece-se por linhas (Art. 1591 e
1594 do CC) (BEVILÁQUA, 1975, p. 769).

b) Por afinidade: Existente entre o cônjuge ou companheiro e seus fami-


liares. O casal não tem parentesco entre si, somente com os familiares do
outro. (Art. 1595 do CC). Ou ainda, é estabelecido como consequência lógica
de uma relação de afeto (GAGLIANO, 2012, p. 120).

21
c) Parentesco Civil ou registral: decorrente de outra origem que não seja
a consanguinidade ou afinidade, como a adoção. A primeira é decorrente da
técnica de reprodução heteróloga, aquela efetivada com material genético de
terceiro. A segunda tem fundamento na parentalidade socioafetiva como os
filhos de criação. (Art. 1593 do CC). Ou ainda é aquela derivada do registro
civil. Caracteriza-se com o registro de nascimento, que constitui a parentali-
dade registral e tem presunção de veracidade (DIAS, 2013, p. 373).

Com isso, o conceito de parentesco ficou baseado na afetivi-


dade entre pessoas integrantes do mesmo grupo familiar, seja pela as-
cendência e descendência, independentemente de ser consanguíneo,
por afinidade ou civil. Destaca-se que o Código Civil/2002 prevê apenas
duas espécies de parentesco. Todavia, com a expressão “outra origem”,
possibilita uma interpretação extensiva. Ou seja, construiu-se um novo
conceito de entidade familiar, além da consanguinidade, passando a
considerar a afetividade como um elemento da filiação. Assim, a filia-
ção pode ser interpretada como sendo a relação jurídica decorrente do
parentesco por consanguinidade ou outra origem, estabelecida entre os
ascendentes e descendentes de primeiro grau.
Ademais, a filiação é o vínculo existente entre pais e filhos, ou
seja, uma relação de parentesco consanguíneo em linha reta de pri-
meiro grau entre uma pessoa e aqueles que lhe geraram a vida ou que
acolheram (DINIZ, 2010, p. 449):

O vínculo existente entre pais e filhos, vem a ser a relação de parentesco em


linha reta de primeiro grau entre uma pessoa e aqueles que lhe deram vida,
podendo, ainda (CC, arts. 1593 a 1597 e 1618 e s.), ser uma relação socio-a-
fetiva entre pai adotivo e institucional e filho advindo de inseminação artificial
heteróloga DINIZ, 2007, pag. 420).

Com base nisso, é necessário abordar que a filiação possui


três espécies, quais sejam:
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

a) Adotiva, oriunda da adoção;


b) Presumida, se presumem naturais os filhos gerados do casamento;
c) Natural, referente à questão biológica.

Embora a legislação estabeleça que não tenha mais diferen-


ciação entre filiação legítima e ilegítima, há alguns doutrinadores que
entendem que no filho nascido do casamento existe uma presunção de
paternidade; para os nascidos fora do casamento, há reconhecimento
judicial ou voluntário; e, para os adotados, há probabilidade para sua
efetivação.
22
Ademais, a filiação pode ser demonstrada pela certidão de
nascimento, além dos meios de prova presentes no artigo 1.609 do Có-
digo Civil, quando for o caso de reconhecimento voluntário dos filhos
havidos fora do casamento:

Art. 1.609 do CC: O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é


irrevogável e será feito:
I - no registro do nascimento.

Enfim, observa-se que o afeto, o princípio da dignidade da


condição dos filhos e da responsabilidade dos genitores fez surgir a
igualdade entre filhos biológicos e adotivos e o respeito aos direitos
fundamentais destes.

ACOLHIMENTO FAMILIAR E APADRINHAMENTO AFETIVO


O vínculo familiar e o afeto existente, que é proporcionado à
criança, é um dos principais fatores para moldar o seu caráter e a sua
personalidade. O ECA, em seu artigo 7º, assegura às crianças e aos
adolescentes o direito a um crescimento sadio, e de serem criados no
âmbito familiar. No entanto, quando esses direitos são impedidos e
não aplicados por alguma razão, pode haver a suspensão, perda ou
extinção do poder familiar.
Ou seja, quando a criança ou o adolescente está em circuns-
tância de risco e não conseguir colocá-lo em segurança, deve ser en-
caminhado a um serviço de acolhimento. Geralmente, isso acontece
quando o Conselho Tutelar aconselha o afastamento do convívio fami-
liar e comunica os motivos ao Ministério Público, sendo competência
do poder judicial. No entanto, a falta de vínculo afetivo tem prejudicado
o crescimento das crianças, assim como a falta de cuidado e zelo dos
genitores biológicos. Por isso, tem aumentado a quantidade de meno-
res encaminhados ao acolhimento institucional.
Nesse sentido, importante destacar que a Lei 12.010/09, que
alterou o art. 19 do ECA, e estabeleceu que a criança e do adolescente
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

que estão em acolhimento institucional não podem passar mais de dois


anos na instituição. Ocorre que os orfanatos, educandários, abrigos,
casas-lares são utilizados para designar as instituições que recebem
crianças e adolescentes com direitos violados e que, por algum motivo,
são afastados da convivência familiar (KREUZ, 2012, p. 45). O ideal é
que o menor permaneça no acolhimento até que possa retornar para
sua família de origem. Não ocorrendo isso, é recomendado que fique
em família substituta.

23
Na realidade, as crianças e adolescentes em abrigos e casas-
-lares crescem cada dia mais, mas só podem deixar a instituição ao
completarem 18 anos. Atualmente, uma média de 47 (quarenta e sete)
mil crianças e adolescentes no Brasil estão em situação de acolhimento
institucional (BRASIL, 2019, on-line). Portanto, é importante esclarecer
que o acolhimento provisório é dividido entre: Serviço de Acolhimen-
to Institucional e Família Acolhedora. As duas modalidades têm por
objetivo o acolhimento das crianças e adolescentes ao convívio familiar.
No Acolhimento Institucional, o Estado deve oferecer locais
apropriados, devendo ser um ambiente acolhedor e de preferência as-
semelhar-se a uma casa, para que os menores se sintam em seus lares
e não aprisionados. Já a Família Acolhedora  insere a criança em um
lar provisório para que possa se desenvolver adequadamente, dentro
dos parâmetros familiares. A finalidade é que o menor deixe a família
acolhedora para retornar à família natural ou que seja direcionada para
adoção. Em alguns casos, o acolhimento pode se prolongar até os 18
(dezoito) ou 21 (vinte e um) anos, dependendo do programa de acolhi-
mento.
Portanto, as famílias acolhedoras visam a proteção das crian-
ças:

O Programa de Famílias Acolhedoras caracteriza-se como um Serviço que


organiza o acolhimento, na residência de famílias acolhedoras, de crianças
e adolescentes afastados da família de origem mediante medida protetiva.
Representa uma modalidade de atendimento que visa oferecer proteção in-
tegral às crianças e aos adolescentes até que seja possível a reintegração
familiar (BRASIL, 2006, p. 43).

Importante ressaltar que o Serviço de Acolhimento em Família


Acolhedora não se confunde com adoção, pois trata-se de um acolhi-
mento provisório e excepcional. Portanto, quando o menor puder retor-
nar à sua família, será reintegrada. Caso isso não seja possível, os pais
biológicos serão destituídos do poder familiar e o menor será direciona-
do para adoção.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Nesse sentido, as instituições visam promover formas de aco-


lhimento e de criação de vínculo com essas crianças e adolescentes,
como é o caso das famílias acolhedoras e o apadrinhamento afetivo:

Temos estimativas de que apenas 5% das crianças estão em acolhimento


familiar, e isso é muito pouco se comparado com outros países em que esse
índice chega a 50% (LIMA, 2019, on-line).

24
No entanto, isto pode causar danos ao desenvolvimento psico-
lógico e emocional da criança e do adolescente:

A infância é um período fundamental para o crescimento das crianças. A


maioria dos abrigos não oferece uma vivência comunitária adequada. Não
ter o vínculo, o estímulo, o afeto ou a socialização afeta essas crianças, que
crescem com sequelas pela falta destes pilares (LIMA, 2019, on-line).

A história destas crianças não começa quando elas são adotadas. Elas tive-
ram uma história antes do acolhimento. O objetivo é que elas não tenham
essa lacuna na vida, que elas saibam a história delas (LIMA, 2019, on-line).

Com relação ao Apadrinhamento de crianças em acolhimento


ou em famílias acolhedoras pode ser afetivo ou financeiro. O apadri-
nhamento afetivo é uma contribuição financeira à criança instituciona-
lizada, conforme sua necessidades. E o apadrinhamento afetivo tem a
finalidade de manter vínculos afetivos duradouros entre eles e aos que
se dispõem a ser padrinhos e madrinhas.
As crianças aptas a serem apadrinhadas têm mais de 10 (dez)
anos e as chances de ser adotadas são bem menores. Um dos objeti-
vos do apadrinhamento afetivo, é que a criança possa ter experiência
de como é a vida em família, vivendo situações do dia a dia. Portan-
to, é necessário que os padrinhos tenham disponibilidade de tempo e
afeto com os menores, proporcionando melhores condições se desen-
volverem de forma saudável. A ideia principal nesse caso é possibili-
tar um vínculo afetivo fora da instituição de acolhimento. Para isso, é
permitido que os padrinhos possam passar os finais de semana e as
férias com o menor (GONÇALVES, 2010, p. 369). Ou seja, o Padrinho
ou Madrinha é alguém que quer auxiliar e acompanhar a vida do menor
que está em um abrigo, e que tem pouca possibilidade de ser adotado.
No entanto, é necessário cumprir alguns requisitos para o ca-
dastro de famílias no Programa Família Acolhedora como (CORDEIRO,
2017, on-line):
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

1. Disponibilidade afetiva;
2. Ter idade entre 25 e 55 anos;
3. Estar em boas condições de saúde física e mental;
4. Não possuir antecedentes criminais;
5. Possuir situação financeira estável;
6. Possuir uma convivência familiar estável e livre de pessoas dependentes
de substâncias entorpecentes.

25
Já os critérios para o Apadrinhamento Afetivo são
(CORDEIRO, 2017, on-line):

Ter disponibilidade de tempo para participar efetivamente da vida do(a) afi-


lhado(a) (visitas ao abrigo, a escola, passeios, etc.);
Ter mais de 21 anos
Participar das oficinas e reuniões com a equipe técnica do projeto;
Apresentar a documentação exigida;
Consentir visitas técnica na sua residência
Respeitar as regras e normas colocadas pelos responsáveis do projeto e dos
abrigos.

Interessados em ser voluntários para apadrinhamento afetivo


serão avaliados através de um estudo psicológico, além de atender to-
dos os critérios exigidos acima. Além do mais, no caso da adoção, não
há mais vínculo nenhum entre a criança e os pais biológicos, o que não
ocorre no caso apadrinhamento afetivo, pois os pais são responsáveis e
não há alteração na documentação como uma mudança de nome.
As famílias acolhedoras são acompanhadas por uma equipe
técnica do Serviço de Acolhimento. Contudo, casais, mulheres e ho-
mens solteiros podem ser acolhedores e se candidatar a padrinhos afe-
tivos podendo proporcionar melhores condições das crianças enxerga-
rem a vida diferente e a enfrentar os desafios oriundos de uma família
natural.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

26
QUESTOES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2019/ Banca: CESPE /Órgão: TJ-DFT /Prova: Titular de Servi-
ços de Notas e Serviços.
Adoção de maiores de 18 anos de idade deverá ser realizada, ne-
cessariamente,
A) por ato extrajudicial, mediante registro em registro público, sem ne-
cessidade de consentimento dos pais biológicos, ainda que estes sejam
conhecidos.
B) por ato extrajudicial, mediante averbação em registro público, sem
necessidade de consentimento dos pais biológicos, ainda que estes se-
jam conhecidos.
C) por sentença judicial, não sendo admissível a adoção por ato extra-
judicial.
D) por ato extrajudicial, mediante registro em registro público, se houver
consentimento dos pais biológicos, caso estes sejam conhecidos.
E) tanto por sentença judicial como por ato extrajudicial, mediante escri-
tura em registro público, se houver consentimento dos pais biológicos,
caso estes sejam conhecidos.

QUESTÃO 2
Ano: 2015/ Banca: CESPE/ Órgão: TJ-DFT/ Prova: Juiz de Direito
Substituto
Com referência à evolução histórica da proteção jurídica e social
da criança e do adolescente, às doutrinas jurídicas de proteção, à
proteção internacional dos direitos da criança e do adolescente, à
política de atendimento e à atuação do juiz da infância e da juven-
tude, assinale a opção correta.
A) Para garantir a proteção judicial dos interesses individuais, difusos e
coletivos da criança e do adolescente, o ECA estabelece, entre outros
mecanismos, a possibilidade de o juiz impor ao réu multa diária por
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

descumprimento da obrigação de fazer, independentemente de pedido


do autor.
B) De acordo com a CF e o ECA, a proteção aos direitos da criança e do
adolescente inicia-se a partir do nascimento com vida.
C) A Política Nacional do Bem-Estar do Menor, como política de atendi-
mento dos direitos da criança e do adolescente estabelecida pelo ECA,
apresenta uma proposta pedagógica assistencial progressista que visa
garantir atendimento personalizado e respeito aos direitos da criança e
do adolescente.
27
D) A Convenção dos Direitos da Criança não foi ratificada pelo Brasil,
embora tenha servido como documento orientador para a elaboração
do ECA.
E) No primeiro Código de Menores do Brasil (Dec. n.º 5.083/1926), ado-
tou-se a perspectiva de tutelar os direitos subjetivos da criança e do
adolescente por meio da adoção de medidas necessárias à sua prote-
ção integral.

QUESTÃO 3
Ano: 2015/ Banca: CEFET-BA /Órgão: MPE-BA /Provas:  Promotor
de Justiça Substituto 
Assinale a alternativa INCORRETA acerca das relações de paren-
tesco e adoção, segundo o Código Civil Brasileiro:
A) Os filhos, havidos ou não da relação de casamento ou por adoção,
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designa-
ções discriminatórias relativas à filiação.
B) A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento no Registro
Civil.
C) O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogá-
vel e será feito no registro do nascimento, por escritura pública ou es-
crito particular, a ser arquivado em cartório, por testamento, ainda que
incidentalmente manifestado, dentre outros.
D) Só a pessoa maior de 18 (dezoito) anos pode adotar.
E) A adoção dispensa processo judicial.

QUESTÃO 4
Ano: 2018/ Banca: MPE-BA /Órgão: MPE-BA/ Prova: Promotor de
Justiça Substituto
Examine as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta.
I - No atual contexto do ordenamento jurídico, é possível afirmar
que toda paternidade/maternidade é socioafetiva.
II - A filiação, no direito brasileiro se fundamenta no seguinte tripé:
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

a igualdade entre os filhos, a desvinculação ao estado civil dos


seus pais e a proteção integral do Estado, salvo a filiação decor-
rente da adoção.
III - A adoção é um instituto mediante o qual se formarão novos
vínculos jurídicos, dando à condição de adotante e adotado todos
os direitos e obrigações de pais e filhos, inclusive com os mes-
mos direitos e deveres (art. 41 do ECA), mas não rompe os vínculos
parentais anteriores porque biológicos.
IV - A posse do estado de filho seria uma construção doutrinária
28
que está sendo aceita pela jurisprudência, para que se caracterize
primeiro a afetividade como corolário básico das relações familia-
res, em detrimento de uma relação puramente biológica.
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) I e IV.
E) III e IV.

QUESTÃO 5
Ano: 2017/ Banca: CESPE /Órgão: TRE-PE /Prova:  Analista Judi-
ciário - Área Judiciária
A respeito do direito das famílias, assinale a opção correta.
A) O ato jurídico da adoção depende da efetiva assistência do poder
público e de sentença constitutiva, ressalvados os casos de maiores de
dezoito anos de idade, que independem de sentença.
B) O reconhecimento de filhos havidos fora do casamento pode ser feito
por manifestação direta e expressa perante o juiz.
C) Não se admite a alteração do regime de bens no curso do matrimô-
nio.
D) A obrigação de prestar alimentos não é transmitida aos herdeiros do
devedor.
E) O bem de família pode ser instituído mediante qualquer instrumento
que evidencie a vontade da entidade familiar de destacar parte de seu
patrimônio.

QUESTÃO 6
Ano: 2014/ Banca: PGE-MS /Órgão: PGE-MS /Prova: Procurador do
Estado
Analise as afirmações a seguir, acerca das relações de parentesco:
I – Em que pese o legislador civil não a ter disciplinado expressa-
mente, admite-se a parentalidade socioafetiva como modalidade
de parentesco.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

II – A parentalidade socioafetiva é situação excepcional, eis que a


filiação, nos termos da legislação civil, é consequência exclusiva
de relação biológica entre pais e filhos ou de adoção regular.
III – A parentalidade socioafetiva deve ser preservada, sendo insu-
ficiente a ausência de parentesco biológico para a declaração de
nulidade de assento de nascimento. É correto afirmar que:
A) I, II e III são falsas.
B) Apenas II é falsa.
C) Apenas I é verdadeira
29
D) I, II e III são verdadeiras.
E) Apenas I e II são falsas

QUESTÃO 7
Ano: 2015/ Banca: FCC/ Órgão: MANAUSPREV /Prova: Analista
Previdenciário - Administrativa
A respeito das relações de parentesco, na forma disciplinada pela
legislação civil,
A) vínculo de afinidade aplica-se, apenas, à filiação por adoção.
B) reconhecimento de paternidade é irrevogável, salvo quando feito em
testamento.
C) filho maior pode ser reconhecido independentemente de seu con-
sentimento.
D) parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes e descendentes.
E) parentesco é natural ou civil, sendo o primeiro resultante da consan-
guinidade.

QUESTÃO 8
Ano: 2013/ Banca: MPE-SP/ Órgão: MPE-SP /Prova: Promotor de
Justiça Substituto
Dentre as situações abaixo, assinale aquela que NÃO extingue o
poder familiar.
A) Morte dos pais.
B) Emancipação.
C) Adoção.
D) Morte do filho.
E) Deserção.

QUESTÃO 9
Ano: 2015 /Banca: DPE-PE/ Órgão: DPE-PE/ Prova: Estagiário de
Direito
Acerca das relações de parentesco, assinale a alternativa correta.
A) O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes e aos descen-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

dentes do cônjuge ou companheiro


B) São parentes em linha reta, até o quarto grau, as pessoas provenien-
tes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
C) O parentesco sempre resulta da consanguinidade.
D) São parentes em linha colateral as pessoas que estão umas para
com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
E) Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casa-
mento ou da união estável.

30
QUESTÃO 10
Ano: 2018/ Banca: MPE-M/ Órgão: MPE-MS/ Prova: Promotor de
Justiça Substituto
Assinale a alternativa incorreta.
A) A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e sub-
sidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total ou
parcial de seu cumprimento pelos pais.
B) O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de ali-
mentos em proveito de criança ou adolescente, independentemente do
exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar
nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do
Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da exis-
tência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.
C) Parentes colaterais são legitimados ativos para a ação de anulação
de adoção proposta após o falecimento do adotante, em virtude da in-
constitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil declarada pelo Supre-
mo Tribunal Federal.
D) Se, no curso da ação de adoção conjunta, um dos cônjuges desistir
do pedido e outro vier a falecer sem ter manifestado inequívoca inten-
ção de adotar unilateralmente, não poderá ser deferido ao interessado
falecido o pedido de adoção unilateral post mortem.
E) Ante o abandono do adotando pelo pai biológico e o estabelecimento
de relação paterno-filial (vínculo afetivo) entre adotante e adotando, a
adoção de pessoa maior de idade não pode ser refutada sem apresen-
tação de justa causa por parte do pai biológico.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado é determinado


no programa de apadrinhamento, dando prioridade ao menor. Nesse
sentido, discorra sobre o conceito de apadrinhamento estabelecido
pelo ECA.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

TREINO INÉDITO
Assunto: Relações de parentesco
A doutrina conceitua algumas possibilidades da relação de paren-
tesco. Dentre elas qual não se enquadra?
A) Consanguíneo
B) Afinidade
C) Civil
D) Registral
E) Presumida
31
NA MÍDIA

DIA 25 DE MAIO É O DIA NACIONAL DA ADOÇÃO: NO BRASIL,


MAIS DE 9 MIL CRIANÇAS E ADOLESCENTES AGUARDAM SEREM
ADOTADAS

É um momento para lembrar da importância que é o acolhimento de


crianças e adolescentes por novas famílias. Conforme o Conselho Na-
cional de Justiça (CNJ), mais de 12 mil adoções já foram realizadas no
Brasil. O número consta no Sistema Integrado do Cadastro Nacional
de Adoção (CNA). Atualmente, o sistema possui mais de 45 mil interes-
sados em adotar e cerca de 9 mil crianças e adolescentes à espera de
uma nova família.
Assim, conforme o CNA, do total de crianças e adolescentes disponí-
veis para adoção, 67,6% têm entre sete e 17 anos, 55% têm irmãos e
pelo menos cerca de 25% possuem algum problema de saúde.
No ano de 2019 o CNJ lançou a campanha #AdotarÉAmor nas redes
sociais: Facebook, Twitter e Instagram, como uma maneira de incenti-
var a adoção.

Fonte: Revista Exame


Data: 24 maio 2019
Leia a notícia na íntegra: https://exame.abril.com.br/negocios/dino/
dia-25-de-maio-e-o-dia-nacional-da-adocao-no-brasil-mais-de-9-mil-
-criancas-e-adolescentes-aguardam-serem-adotados/

NA PRÁTICA

A MOROSIDADE NO PROCESSO DE ADOÇÃO

Muitos desafios atrapalham a efetividade nos processos de adoção no


Brasil, entre eles: a incompatibilidade entre o perfil desejado pelos pre-
tendentes e a realidade das crianças e adolescentes cadastrados, além
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

da burocracia e morosidade dos processos de adoção, que demandam


tempo e investimento financeiro. Ou seja, a maior dificuldade para os
adotantes está no tempo do processo de adoção.
A Lei 13.509/17 tentou diminuir esse tempo e estipulou um prazo de
120, dias, podendo ser prorrogável uma vez por igual período. Contudo,
o cumprimento desse prazo ainda é um desafio para o judiciário. Além
disso, a compatibilidade de perfis é também um grande desafio para
ambas as partes. Isso porque, é necessário existir afinidade entre elas.
É necessário haver um acompanhamento das pessoas envolvidas no
32
processo de adoção, tanto da Justiça quanto de profissionais que pos-
sam atestar o ambiente adequado a nova rotina da criança ou adoles-
cente depois de chegar na nova família.

Fonte: Revista Exame


Data: 24 maio 2019
Leia a notícia na íntegra: https://exame.abril.com.br/negocios/dino/
dia-25-de-maio-e-o-dia-nacional-da-adocao-no-brasil-mais-de-9-mil-
-criancas-e-adolescentes-aguardam-serem-adotados/

PARA SABER MAIS:

Filme sobre o assunto: De Repente Uma Família-2018


Livro: Adoção. Doutrina e Prática com Comentários a Nova Lei da Ado-
ção Lei 12.0/09
Autora:  Eunice Ferreira Rodrigues GRANATO.
Editora: Juruá; Edição: 2ª (1 de janeiro de 2010)

ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

33
PROCEDIMENTOS DA
ADOÇÃO
Em 2017, foi sancionada a Lei n° 13.509/2017 que trata sobre
adoção e alterações no ECA, no CC e na CLT, introduzindo novas nor-
mas, incentivando e facilitando o processo de adoção. Houve mudança
nos prazos e procedimentos no processo de adoção, tornando-o um
procedimento mais simplificado.
A nova lei também trouxe alterações na legislação trabalhista,
estendendo aos pais adotantes as mesmas garantias que pais biológi-
cos possuem, por exemplo: o direito à licença maternidade, intervalos
para amamentação da criança adotada durante a jornada do trabalho e
estabilidade no emprego no período de adoção provisória. Ou seja, o
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

objetivo principal foi agilizar o procedimento de adoção, tornando-o me-


nos burocrático, seja para quem pretende adotar ou quem deseja dar o
filho para adoção.
No entanto, para que possamos entender melhor estas mu-
danças precisamos analisar alguns pontos importantes, como os que
trataremos a seguir.

34
HABILITAÇÃO PARA ADOÇÃO E ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA.
Trata-se de medida excepcional destinado à criança e ao ado-
lescente que precisam permanecer em acolhimento institucional. Por
isso, o ECA estabeleceu o prazo máximo de 18 (dezoito) meses, exceto
em casos especiais devidamente comprovados. No entanto, como já foi
abordado, a criança ou o adolescente que estiver em risco, o magistra-
do da Vara da infância determina medidas protetivas como acolhimen-
to institucional, acolhimento familiar ou colocação do menor em família
substituta, conforme previsão no Art. 101 do ECA.
Surgindo, desta forma, a figura do “apadrinhamento” que con-
siste em proporcionar ao menor vínculos afetivos com pessoas fora da
instituição ou da família acolhedora onde vivem e que se dispõem a ser
padrinhos e cuidadores, de acordo com o disposto no art. 19-B do ECA.
Com isso, a ideia principal era que a criança ou o adolescente voltasse
para sua casa ou fosse adotado. Quando isso não ocorre, as crianças
vão permanecendo nas instituições ou em acolhimento familiar mais
tempo do que esperavam.
O processo de adoção é gratuito e deve ser iniciado na Vara da
Infância e Juventude, tendo que ter no mínimo 18 anos para se habilitar
à adoção, não levando em consideração o estado civil do adotante, des-
de que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar
e o menor a ser acolhido:

A participação no programa é requisito legal, previsto no ECA, para quem


busca habilitação no cadastro à adoção. O programa pretende oferecer aos
postulantes o efetivo conhecimento sobre a adoção, tanto do ponto de vis-
ta jurídico quanto psicossocial; fornecer informações que possam ajudar os
postulantes a decidirem com mais segurança sobre a adoção; preparar os
pretendentes para superar possíveis dificuldades que possam haver durante
a convivência inicial com a criança/adolescente; orientar e estimular à ado-
ção interracial, de crianças ou de adolescentes com deficiência, com doen-
ças crônicas ou com necessidades específicas de saúde, e de grupos de
irmãos (CNJ, 2019, on-line).
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Contudo, a habilitação é uma etapa obrigatória ao cadastra-


mento dos que pretendem adotar, cujo objetivo é conhecer quais são
as motivações e expectativas dos adotantes, onde será, o estudo para
analisar se possuem preparo para exercer a paternidade e/ou materni-
dade.

35
Figura 1: Passo a passo para adoção

Fonte: Elaborado pela Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ), 2019,


on-line.

O Cadastro Nacional de Adoção (CNA) é uma plataforma digital


ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

gerida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que auxilia os magistra-


dos e equipes técnicas nas varas da infância na busca de adotantes para
as crianças disponíveis para adoção. Nota-se que há uma série de proce-
dimentos a serem cumpridos. Por esta razão, a CNJ explica quais cami-
nhos devem ser tomados, conforme a imagem acima demostra. Ainda, é
importante frisar que a avaliação é individual e deve ser realizada após o
pretendente ter frequentado o curso preparatório conforme previsto no art.
50, §3º e o art. 197-C, §1º, da Lei nº 8.069/90.

36
Além do mais, as pessoas solteiras, viúvas ou que vivem em
união estável também podem adotar. A adoção por casais homoafetivos,
apesar de muita polêmica, passou a ser permitida e ter decisões favoráveis
na justiça:

No entanto, para que ocorra a adoção é necessário ressaltar que o essencial


requisito é de natureza subjetiva, qual seja, a vontade de adotar uma criança,
reconhecendo-a como seu próprio filho, oferecendo-lhe saúde, lazer, família
educação e amor (PRADO, 2013, p.25).

Contudo, o ECA exige um estágio de convivência entre adotan-


te e adotando, com objetivo de se conhecerem melhor e verificar se há
realmente o interesse em adotar. Por isso, o adotado passará alguns dias
com o adotante para ter uma experiência que contemple ambos os lados.
Esse estágio será realizado por uma equipe profissional, com auxilio dos
técnicos responsáveis que ao final elaboram um relatório relatando o caso
(art. 46, § 4º do ECA). Assim, temos o prazo máximo no estágio de convi-
vência que é de 90 (noventa) dias, podendo ser prorrogado por igual perío-
do, conforme dispõe o artigo 46, § 2º do ECA.
O individuo que vive fora do Brasil, se tiver interesse em adotar
uma criança brasileira, também deverá passar pelo estágio de convivên-
cia, dentro do país. O prazo é de, no mínimo 30 dias e no máximo 45 dias,
conforme dispõe o artigo 46, § 3º do ECA. Visando agilizar os procedimen-
tos da adoção o ECA em seu art. 152, § 2°, determinou que os prazos e
os procedimentos devem ser considerados em dias corridos. Portanto, é
importante observar a finalidade principal da adoção, que é sempre o bem
maior: proporcionar amor, carinho, afeto àqueles que precisam de um lar e
de uma família.
Após o período do estágio, os adotantes terão 15 (quinze) dias
para propor a Ação de Adoção. Tendo o magistrado que analisar as parti-
cularidades de adaptação e o vínculo socioafetivo entre o adotante e o ado-
tado. Após isso, o juiz profere a sentença de adoção e determina a novo
registro de nascimento do adotado, com o sobrenome da nova família. Ou
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

seja, o adotado passa a ter todos os direitos de um filho, como os tem o


biológico (CNJ, 2019, on-line). No entanto, o prazo para finalização da ação
de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogáveis uma vez por igual
período (CNJ, 2019, on-line).
De uma forma geral, as histórias de vida de crianças e adoles-
centes que aguardam serem adotadas por uma família são, em sua maio-
ria, caracterizadas por situações de vulnerabilidade, violência, abandono,
subnutrição, uso de drogas entre outras situações. Por estas razões, é im-
portante passar por uma serie de procedimentos e requisitos, tanto para o

37
adotante quanto para a adotado, se adaptarem ao novo estilo de vida em
família.

O PERFIL IDEAL DESEJADO E A PROTEÇÃO AO GRUPO DE IR-


MÃOS
 A grande maioria das famílias habilitadas para adoção, no Bra-
sil, deseja adotar crianças sem irmãos, saudáveis, com idade entre 0 e
2 anos, de preferência da cor branca, do sexo feminino. Esse é o perfil
clássico especificado pelos adotantes.
Conforme informação do CNJ, apesar de haver tantas pes-
soas com interesse em adotar, a demora no procedimento se deve em
decorrência ao perfil indicado e especificado pelos adotantes. Isso fica
mais claro quando observamos que a quantidade de famílias dispostas
em adotar é maior que a quantidade de crianças e adolescentes dispo-
níveis para adoção.

Figura 2: Conta que não fecha


ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Cadastro Nacional de adoção, 2019, on-line

Ou seja, além do processo de adoção ser burocrático por conta


de uma série de fatores, grande parte da demora desse ato é em razão

38
do perfil desejado pelas famílias, que muitas vezes não atendem às ex-
pectativas esperadas. Seja qual for a modalidade da família, os que têm
o sonho de adotar devem conhecer a história de vida dessas crianças,
para que as transformem em pessoas melhores, pois muitas dessas
crianças foram abandonadas e rejeitadas pelos pais biológicos e é co-
mum que sintam raiva, medo, angústia ou, às vezes, sejam violentas.
Por isso é necessário e obrigatório o estágio de convivência,
pois ninguém nasce sabendo ser pai, mãe e filho. Ou seja, os futuros
pais precisam estar conscientes de que, na adoção, não se fala de um
produto ou objeto, mas sim, de uma criança, que tem sentimento e que
merece amor, independentemente da sua idade, cor, raça, etnia, sexo.
Porém, sempre há um perfil “ideal desejado” pelos adotantes.

Figura 3: A realidade da adoção

Fonte: Cadastro Nacional de adoção, 2019, on-line.


ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Nota-se que um dos critérios de exclusão dos adotantes é a ques-


tão da saúde das crianças, principalmente aquelas portadoras de deficiên-
cia física e mental, ou mesmo portadora de doenças graves e/ou crônicas.
Outro critério de exclusão dos adotantes é a questão da idade. Crianças na
entre 6 (seis) e 11 (onze) anos de idade são de difícil colocação pela gran-
de quantidade de pretendentes. Isso tem aumentado devido à quantidade
de grupos de irmãos com vínculo socioafetivo constituído nesta faixa etária.
Um dos critérios dos adotantes está relacionado ao sexo feminino

39
e masculino e à cor da pele. Muitas vezes, pelo preconceito racial enrai-
zado na sociedade ou pelo desejo de semelhança física dos adotantes.
Ou seja, são inúmeros fatores que são levados em consideração pelos
adotantes, mas é necessário atentar-se ao desejo e também ao limite que
isso tudo envolve.
Cumpre destacar a importância de manter os irmãos juntos no
processo de adoção. O problema está quando se tem 8 ou 10 irmãos e os
adotantes não têm condições e capacidade financeira de adotar a todos. O
ECA expõe no artigo 28, §4º, que os grupos de irmãos serão encaminha-
dos para adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, evitando o
rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
A intenção do legislador foi minimizar o sofrimento dos irmãos
que, muitas vezes, separam-se no processo de adoção e não mantêm
mais o vínculo. Em muitos casos, manter o grupo de irmãos irá afrontar
o desejo dos adotantes que buscam crianças de até 5 (cinco) anos e que
não possuem irmãos. Todavia, o artigo 50, § 15, do ECA, prevê que haverá
prioridade no cadastro de pessoas interessadas na adoção de criança ou
adolescente com deficiência, com doença crônica ou com necessidades
específicas de saúde, além de grupo de irmãos.
Caso um dos irmãos aptos para adoção esteja dentro dos parâ-
metros desejados pelo adotante, o pedido de adoção não será homolo-
gado pela Vara da Infância, caso os adotantes não estejam dispostos a
acolher os outros irmãos institucionalizados

A criança tem direito a uma família e esse direito não deve ser embaraçado
porque a criança tem um irmão que não pode ser adotado pela mesma fa-
mília. Defendemos então que em certos casos os irmãos podem ser separa-
dos para adoção por famílias diferentes ou mesmo alguns serem entregues
para adoção e outros permanecerem em entidades de acolhimento (ROCHA,
2013, p. 7).

Às vezes, os grupos familiares colocados para adoção não


mantêm contato com os irmãos consanguíneos, ou não têm conhecimento
que possuem outros irmãos que sofrem abandono familiar. Assim, é neces-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

sário procurar meios eficientes e novas alternativas para que estes grupos
de irmãos não sejam separados e, se caso isto ocorrer, é importante que
mantenham contato entre si, para não acarretar danos ao desenvolvimento
psicológico e emocional das crianças.
O objetivo maior é manter os laços fraternos, sobretudo devido
à ruptura dos vínculos com os pais biológicos e, com isso, diminuir o so-
frimento emocional decorrente do abandono e da rejeição dos menores
deixados em lares adotivos.

40
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR
A família consiste em um envolvimento de pessoas que têm o
objetivo de manter um relacionamento fundado no amor, na dedicação,
no carinho e no afeto, tanto entre os pais como entre os filhos, cujo ob-
jetivo principal é a proteção das crianças e dos adolescentes, conforme
previsto nos artigos 5º e 18, do ECA.
A sanção mais grave imposta ao genitor é a destituição do
poder familiar, que ocorre quando há falha nos deveres e obrigações
do pai/mãe. O Código Civil determina os casos em que ocorre a perda
do poder familiar como a falta, omissão ou abuso. Assim, perderá, por
ato judicial, o poder familiar o pai ou a mãe que:

Art. 1.638 do CC:


I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que:
I  – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de
morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e
familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão;
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de
morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e
familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher;
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual
sujeito à pena de reclusão.

No entanto, a suspensão do poder familiar é um processo que


se inicia pelo Ministério Público, devendo assegurar ao réu o princípio
do contraditório. A sentença de procedência será averbada no registro
de nascimento do menor, conforme estabelece o art. 24 e 155 do ECA,
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

sendo, o máximo de tempo que poderá ficar suspensa ou destituída do


poder familiar, 120 (cento e vinte) dias.
Em um julgamento do STJ, a Corte aceitou que o padrasto
ocupasse o polo ativo da ação de destituição do poder familiar do pai
biológico. A decisão foi fundamentada sob o afeto, conforme veremos a
seguir no julgado abaixo:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.106.637 - SP (2008/0260892-8). RELATORA:


MINISTRA NANCY ANDRIGHI. EMENTA: Direito civil. Família. Criança e

41
adolescente. Adoção. Pedido preparatório de destituição do poder familiar
formulado pelo padrasto em face do pai biológico. Legítimo interesse. Famí-
lias recompostas. Melhor interesse da criança. STJ, Terceira Turma - REsp
1.106.637-SP, Rel. Min. Nancy Andrighijulgado em 01/06/2010 - Fonte: Infor-
mativo STJ nº 437, em 04/06/2010. Cuida-se de ação de adoção com pedido
preparatório de destituição do poder familiar ajuizada por padrasto de filha
menor de sua esposa, com quem tem outra filha. A questão posta no REsp
consiste em definir se o padrasto detém legitimidade ativa e interesse de
agir para propor a destituição do poder familiar do pai biológico em caráter
preparatório à adoção de menor. É cediço que o art. 155 do ECA dispõe que
o procedimento para a perda do poder familiar terá início por provocação do
MP ou de pessoa dotada de legítimo interesse. Por outro lado, o pedido de
adoção formulado nos autos funda-se no art. 41, § 1º, do ECA, o qual corres-
ponde ao art. 1.626, parágrafo único, do CC/2002: um dos cônjuges pretende
adotar o filho do outro, o que permite ao padrasto invocar o legítimo interesse
para a destituição do poder familiar do pai biológico devido à convivência
familiar, ligada essencialmente à paternidade social ou socioafetividade, que,
segundo a doutrina, seria o convívio de carinho e participação no desenvolvi-
mento e formação da criança sem a concorrência do vínculo biológico. Para
a Min. Relatora, o padrasto tem legítimo interesse amparado na socioafetivi-
dade, o que confere a ele legitimidade ativa e interesse de agir para postular
destituição do poder familiar do pai biológico da criança. Entretanto ressalta
que todas as circunstâncias deverão ser analisadas detidamente no curso
do processo, com a necessária instrução probatória e amplo contraditório,
determinando-se, também, a realização de estudo social ou, se possível, de
perícia por equipe interprofissional, segundo estabelece o art. 162, § 1º, do
ECA. Observa ser importante dar ao padrasto a oportunidade de discutir a
questão em juízo, em procedimento contraditório (arts. 24 e 169 do ECA),
sem se descuidar, também, de que sempre deverá prevalecer o melhor in-
teresse da criança e as hipóteses autorizadoras da destituição do poder fa-
miliar, comprovadas conforme dispõe o art. 1.638 do CC/2002 c/c art. 24 do
ECA, em que seja demonstrado o risco social e pessoal ou de ameaça de
lesão aos direitos a que esteja sujeita a criança. Entre outros argumentos e
doutrinas colacionados, somadas às peculiaridades do processo, a Min. Re-
latora, acompanhada pela Turma, reconheceu a legitimidade ativa do padras-
to para o pleito de destituição em procedimento contraditório, confirmando a
decisão exarada no acórdão recorrido. REsp 1.106.637-SP, Rel. Min. Nancy
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Andrighi, julgado em 1º/6/2010.

Ou seja, trata-se de um Recurso interposto pelo pai biológico


em decorrência da ação proposta pelo padrasto de pedido de adoção
em relação à menor, filha de sua esposa, com pedido de destituição do
poder familiar do pai biológico. O autor buscou pleitear que fosse decre-
tada a perda do poder familiar do genitor da menor, como medida para
iniciar a adoção, a teor do art. 155 do ECA. A relatora do recurso no STJ,
Ministra Nancy Andrighi, afirmou que o pedido de adoção se fundamen-

42
ta na convivência afetiva entre a criança e o padrasto.
Além disso, há diversos julgados que tratam sobre a destitui-
ção do poder familiar em casos excepcionais e em casos que se apli-
cam medidas que permitem a suspensão do processo da destituição do
poder familiar, em razão aos deveres do poder familiar:

TJPR reconhece que a medida de destituição do poder familiar, possui


um caráter extremo e excepcional, não podendo ser aplicada como for-
ma de “punição” aos pais.
APELAÇÃO CÍVEL - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE -
SENTENÇA NO SENTIDO DE DESCONSTITUIR O PODER FAMILIAR E
APLICAR MEDIDA DE PROTEÇÃO DE COLOCAÇÃO DO MENOR EM FA-
MÍLIA SUBSTITUTA POR MEIO DE ADOÇÃO - AUSENTES OS ELEMEN-
TOS NECESSÁRIOS - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO PROVIDO. A
perda do poder familiar possui um caráter protetório do menor e não punitivo
aos pais. A decisão de destituição do pátrio poder consiste na conduta omis-
siva da genitora diante de suas obrigações elencadas no art. 22 do ECA e
no art. 1.634 do CC, a qual não se verificou in casu (TJPR. 12ª C. Cív. AC nº
0565628-6, de União da Vitória. Rel. Des. José Cichocki Neto. Unânime. J.
em 02/09/2009).
 

TJRS reconhece a possibilidade da suspensão do processo de destitui-


ção do poder familiar para permitir seja o pai (réu) submetido à medida
de tratamento para drogadição, nos moldes do previsto no art. 129, in-
ciso II, do ECA.
APELAÇÃO CÍVEL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. DES-
TITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. Ainda que comprovada a desídia do pai
biológico no exercício dos deveres inerentes ao poder familiar, antes da des-
tituição é prudente a suspensão, tendo em vista que a causa da má conduta
do genitor está relacionada à dependência química, o que pode ser supe-
rado com a aplicação da medida prevista no artigo 129, II, do Estatuto da
Criança e do Adolescente (inclusão em programa oficial ou comunitário de
trata-mento a alcoólatras). RECURSO IMPRO-VIDO. (TJRS. 8ª C. Cív. Ap.
Cív. nº 70031034424. Rel. Des. Claudir Fidelis Faccenda. J. em 20/08/2009).
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Portanto, o objetivo da destituição do poder familiar dos genito-


res não visa castigar ou punir o infrator, mas proteger o melhor interes-
se da criança e do adolescente. Vale ressaltar que, caso o pai e a mãe
sejam destituídos do poder familiar, e nenhum parente tenha direito à
guarda do menor, ele será encaminhado a um abrigo.

43
COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA.
A família na qual a criança está inserida deverá retirá-la de
qualquer situação de risco. Caso isto não ocorra, o menor é inserido em
uma família substituta. O objetivo da família substituta é trazer para o
ambiente familiar uma criança ou adolescente que tenha sido destituí-
do de sua família natural, auxiliando no crescimento e garantindo sua
proteção:

Em oposição à família natural, quando seus membros estão ligados por laços
consanguíneos, há a família substituta, que, pelos termos da Lei nº 8.069,
assim é considerada em relação ao menos que nela ingressa, em geral sem
qualquer laço de parentesco biológico com os demais membros (RIZZARDO,
2007, p. 567).

Ou seja, a família substituta é aplicada mediante determinação


judicial, destinada aos menores cujos direitos foram violados. Lembran-
do que o artigo 227 da CF/88 garante o princípio da proteção integral
da criança e adolescente, colocando-os a salvo de toda forma de cruel-
dade e violência. No entanto, é preciso cumprir alguns requisitos para a
colocação em família substitua conforme previsto no artigo 165 do ECA.
Assim, a colocação em família substituta trata-se de medida excepcio-
nal e irrevogável.
Apesar da lei da adoção prever que os maiores de 12 anos po-
dem ser ouvidos e depende do seu consentimento, dependerá também
da decisão do juiz para colocação em família substituta, conforme artigo
28, § 2º do ECA. O magistrado deverá ouvir o menor, levando em con-
sideração o desenvolvimento e crescimento emocional e intelectual e
as suas reações, para verificar se está apto para nova família substituta
(OLIVEIRA, 2001, p. 152).
Além do mais, a legislação tomou cuidado no sentido de não
romper os vínculos, principalmente nos casos de irmãos que são deixa-
dos para adoção e colocados na mesma família substituta, de acordo
com o disposto no Art. 28, § 4º do ECA. É importante destacar ainda que
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

é permitida, como medida excepcional, a colocação em família substitu-


ta estrangeira, conforme art. 31 do ECA.
Contudo, é necessário um estudo social ou perícia feita por
uma equipe profissional, determinado pelo juiz, para a avaliação da re-
lação adotiva, de acordo com o disposto nos artigos 28, § 5º e 167 do
ECA. Após esse processo, será verificada a permanência do menor na
família substituta.
Com isso, destaca que a colocação de crianças e adolescente
em famílias substitutas abrange três modalidades, sendo estas: guarda,

44
tutela e adoção. Em relação à guarda, a família substituta torna-se pro-
visória. Em relação à tutela, a família se torna temporária. E em relação
à  adoção,  a família se torna definitiva. Por fim, a família natural e a
família substituta terão o apoio e orientação de uma equipe da Vara da
Justiça da infância para garantir o direito à convivência familiar.

ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

45
QUESTOES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2013 / Banca: FCC/ Órgão: DPE-RS / Prova: Analista - Proces-
sual
O poder familiar:
A) compete ao pai, e, na falta dele, à mãe.
B) não abrange o direito de reclamar o filho de quem ilegalmente o de-
tenha.
C) é extinto pela adoção.
D) não pode sofrer interferência judicial.
E) autoriza o pai a castigar o filho, inclusive causando lesões.

QUESTÃO 2
Ano: 2011/ Banca: FUJB / Órgão: MPE-RJ /  Prova: Analista - Pro-
cessual
Sobre a adoção, é INCORRETO afirmar que:
A) a adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sen-
tença, salvo quando nuncupativa;
B) a guarda é revogável, mas a adoção é irrevogável;
C) é possível a adoção conjunta por divorciados;
D) a adoção terá lugar se não for possível a manutenção do adotando
na família natural ou na extensa ou ampliada;
E) o acesso ao processo de adoção não será deferido ao adotado, salvo
quando atingir a maioridade e houver anuência dos adotantes.

QUESTÃO 3
Ano: 2012/ Banca: CESPE / Órgão: DPE-TO/  Prova: Defensor Pu-
blico
Assinale a opção correta a respeito dos institutos da guarda, da
tutela e da adoção, de acordo com o entendimento jurisprudencial.
A) A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e edu-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

cacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito


de opor-se a terceiros, inclusive aos pais, e confere ao infante a condi-
ção de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, incluídos os
previdenciários, ainda que norma previdenciária de natureza específica
disponha em sentido contrário.
B) O deferimento judicial da guarda provisória ou definitiva de criança
ou adolescente a terceiros suspende o exercício do poder familiar, do
direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos,
exceto se houver acordo entre as partes em sentido contrário, devida-
46
mente homologado pelo juiz.
C) O tutor nomeado por testamento ou por qualquer documento autên-
tico, conforme previsto no Código Civil, fica automaticamente responsá-
vel pelo tutelado após a morte do seu representante legal.
D) Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- companheiros
podem adotar conjuntamente, desde que a ação de adoção tenha sido
julgada em primeira instância ainda no período de convivência do ex-
-casal.
E) A observância, em processo de adoção, da ordem de preferência do
cadastro de adotantes deve ser excepcionada em prol do casal que,
embora habilitado em data posterior à de outros adotantes, tenha exer-
cido a guarda da criança pela maior parte da sua existência, ainda que
a referida guarda tenha sido interrompida e posteriormente retomada
pelo mesmo casal.

QUESTÃO 4
Ano: 2012/ Banca: FCC / Órgão: TRT - 6ª Região (PE) /  Prova: Ana-
lista Judiciário - Psicologia
Sobre a adoção internacional de crianças ou adolescentes brasilei-
ros, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que
A) ocorrerá a adoção quando forem esgotadas todas as possibilidades
de colocação em família substituta brasileira.
B) é desnecessário o parecer de equipe interprofissional brasileira a
Serviço da Justiça da Infância e Juventude.
C) é vedado à Autoridade Central Federal Brasileira solicitar informa-
ções sobre a situação das crianças e adolescentes adotados.
D) deverão ser consultadas somente as crianças de 0 a 6 anos acerca
de seu preparo para a medida.
E) será de no mínimo 90 dias o estágio de convivência, a ser cumprido
no território nacional.

QUESTÃO 5
Ano: 2010/ Banca: FCC / Órgão: DPE-RS /  Prova: Defensor Público
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Tiago, 20 (vinte) anos, estudante universitário e Juliana, 25 (vinte


e cinco) anos, convivem em união estável. Tiago e Juliana preten-
dem adotar a pequena Sofia, com 04 (quatro) anos de idade. A in-
fante é filha biológica de Roberta, irmã de Juliana, sendo que o pai
biológico é desconhecido. Roberta não ostenta mais a condição de
mãe, uma vez que foi destituída do poder familiar, tendo a guarda
de Sofia sido conferida ao casal Tiago e Juliana. Após o ingresso
da ação de adoção, Tiago falece em decorrência de acidente de
trânsito. Ressalta-se que Tiago e Juliana não possuíam inscrição
47
no cadastro de adoção. Em relação ao caso relatado e, em confor-
midade com o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente,
A) Tiago não poderia adotar pelo fato de ser menor de 21 (vinte e um)
anos de idade.
B) Juliana está impedida de adotar em razão do parentesco com a
criança a ser adotada.
C) a adoção será deferida apenas à Juliana, uma vez que ausente o re-
quisito da diferença mínima de idade exigida por lei entre Tiago e Sofia.
D) a adoção depende do consentimento da mãe biológica da criança.
E) a ausência de inscrição no cadastro, nesse caso, não é óbice ao de-
ferimento da adoção ao casal.

QUESTÃO 6
Ano: 2010/ Banca: FCC / Órgão: DPE-RS /  Prova: Defensor Públi-
co- Conc. IV
A Lei nº 12.010/09, conhecida como Lei Nacional de Adoção,
A) ampliou as possibilidades de adoção em favor de candidato domici-
liado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei.
B) introduziu no texto do Estatuto da Criança e do Adolescente o concei-
to de família extensa ou ampliada.
C) impôs a criação e implementação de um único cadastro de pessoas
ou casais, nacionais ou estrangeiros, habilitados à adoção.
D) desjudicializou o controle do acolhimento institucional de crianças e
adolescentes.
E) trouxe modificações essenciais nos princípios que regiam, segundo
a redação original do Estatuto da Criança e do Adolescente, o instituto
da adoção em nosso país.

QUESTÃO 7
Ano: 2002 / Banca: FCC / Órgão: MPE-PE / Prova:  Promotor de
Justiça
O procedimento para a perda ou a suspensão do pátrio poder terá
início por provocação
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

A) do Ministério Público e do Juiz da Infância e da Juventude.


B) do pretendente da tutela e do Juiz da Infância e da Juventude.
C) do Ministério Público e do pretendente da tutela ou adoção.
D) exclusivamente do Ministério Público.
E) do Juiz da Infância e da Juventude e do Conselho Tutelar.

QUESTÃO 8
Ano: 2010/ Banca: FCC / Órgão: TJ-MS / Prova: Juiz
Uma das novidades introduzidas expressamente pela Lei nº
48
12.010/09 no Estatuto da Criança e do Adolescente no que diz res-
peito ao instituto da adoção, foi
A) a extinção dos cadastros locais (da comarca e estaduais de crian-
ças e adolescentes em condições de serem adotados trinta dias após a
transferência dos dados para o cadastro nacional.
B) a ampliação das hipóteses de adoção unilateral.
C) a instituição do procedimento de habilitação de pretendentes à ado-
ção.
D) a possibilidade da adoção por casais compostos por pessoas do
mesmo sexo.
E) o estimulo à adoção, por parte das próprias famílias acolhedoras, de
crianças e adolescentes inseridos em programas de acolhimento fami-
liar.

QUESTÃO 9
Ano: 2011/ Banca: DEGASE / Órgão: CEPE-RJ / Prova: Técnico de
Suporte e Comunicação - TI
Em termos de adoção, salvo se a criança estiver sob a guarda ou
tutela de candidato à adoção, a idade máxima permitida pelo ECA
é de:
A) 18 anos na data de formulação do pedido
B) 16 anos quando do deferimento do pedido
C) 12 anos quando do pedido formulado
D) 21 anos na data da sentença judicial
E) 15 quando da sentença judicial

QUESTÃO 10
Ano: 2007/Banca: DEGASE /Órgão: CEPE-RJ/Prova: Auxiliar Admi-
nistrativo
O ECA introduz algumas inovações em relação ao processo de
adoção de criança ou adolescente, como o fato de passar a ser
apreciada pelo Poder Judiciário e deferida mediante sentença, com
caráter irrevogável. Uma outra novidade é a determinação de que
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

a adoção:
A) depende da concordância do adotando, quando maior de doze anos
de idade.
B) independe do consentimento dos pais ou responsáveis, em qualquer
hipótese.
C) depende de parecer do Conselho Tutelar, depois de ouvidos o ado-
tando e os adotantes.
D) independe da vontade do adotando, desde que haja o consentimento
dos pais ou responsável.
49
E) depende fundamentalmente da melhor condição econômica dos ado-
tantes, em relação à família natural do adotando.

QUESTÃO DISSERTATIVA– DISSERTANDO A UNIDADE

O processo de adoção é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância


e Juventude mais próxima da residência. A idade mínima para se habili-
tar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que
seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a
criança a ser adotada. Para atender todas as exigências legais para
constituir uma família adotiva é necessário seguir alguns passos.
Quais são as exigências que a legislação brasileira exige, segundo
o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), coordenado pelo Conselho Na-
cional de Justiça (CNJ)?

TREINO INÉDITO

Com relação a idade entre adotante e adotado, o ECA estabelece


que o:

A) adotante deve ser 16 anos mais velho que o adotado


B) adotante deve ser 15 anos mais velho que o adotado
C) adotante deve ser 20 anos mais velho que o adotado
D) adotante deve ser 10 anos mais velho que o adotado
E) adotante deve ser 05 anos mais velho que o adotado

NA MIDIA

Adoção de criança esbarra no perfil de interesse dos ‘pais’


Para cada criança ou adolescente à espera de uma família em Minas
Gerais, existem cinco pessoas na fila de adoção, prontas para serem
mães ou pais. Mas o principal motivo para essa conta não bater está
nos próprios interessados em adotar, que exigem um perfil muito restri-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

tivo, contrário ao da maioria daqueles que lotam os abrigos: enquanto


81,9% das pessoas só aceitam menores com até 5 anos, 80,8% deles
têm mais que isso. Meninos e meninas pardas e negras, que têm irmãos
ou possuem algum tipo de deficiência também são excluídas por muitos
adotantes.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, atualmente há 1.001
menores à espera de adoção em Minas e 5.340 pretendentes no Ca-
dastro Nacional de Adoção, onde estão os perfis de crianças e adotan-
tes de todo o país. “Cerca de 70% a 80% das crianças estão fora das
50
faixas de preferência dos casais, que preferem recém-nascidos, bran-
cos e do sexo feminino. Portanto, o principal obstáculo para a adoção é
a restrição das pessoas.

Fonte: O tempo
Data: 26/05/18
Leia a notícia na íntegra: https://www.otempo.com.br/cidades/adocao-
-de-crianca-esbarra-no-perfil-de-interesse-dos-pais-1.1836721

NA PRÁTICA

Adoção bem-sucedida depende da motivação dos pais e de preparo


psicológico
A adoção é uma das alternativas para quem deseja ter filhos e, por
diferentes fatores, não consegue naturalmente. Hoje, o Cadastro Na-
cional de Adoção (CNA), coordenado pelo Conselho Nacional de Jus-
tiça (CNJ), possui 45.633 pretendentes cadastrados e 9.397 crianças
à espera de uma família. No Paraná, são 3.664 pretendentes e 977
crianças. Mais do que ter recursos materiais, espaço adequado para o
desenvolvimento de uma criança e condições financeiras para dar a ela
o que precisa, é fundamental estar preparado psicologicamente para
levar em frente seu processo educativo.
Destaca a psicóloga que os pretendentes têm que estar seguros de sua
motivação, e a adoção tem que ser ancorada em um único desejo: o de
ter um filho. A criança adotada não pode entrar como uma ferramenta
ou um instrumento para consertar o casamento, servir de companhia na
velhice ou resolver problemas existenciais de relacionamento do casal.
É essencial ter certeza do desejo incondicional de ser pai e mãe e, no
caso dos casais, os dois têm que querer. É preciso ter maturidade e
o entendimento de que um filho é para a vida inteira, que não dá para
descartar a criança depois. Se um filho é um projeto de vida, tenha tem-
po, pois crianças exigem e precisam de dedicação, cuidado, carinho e
proteção e amor.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Gazeta do Povo


Data: 23/04/2019
Leia a notícia na íntegra: https://www.semprefamilia.com.br/defesa-
-da-vida/adocao-bem-sucedida-depende-da-motivacao-dos-pais-e-de-
-preparo-psicologico/

51
PARA SABER MAIS:

Filme sobre o assunto: Uma Incrível História de Adoção- 2019


Livro: Adoção 
Autor: Artur Marques da Silva Filho
Editora: Revista dos Tribunais- 4º ed.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

52
REQUISITOS & MODALIDADES
DA ADOÇÃO
Quando uma mulher tem o desejo e o sonho de ter um filho que
não pode gerar, causa certa frustação, nervosismo e mágoa. Em contra
partida, muitas mulheres geram seus filhos mas não os querem, seja
por não ter condições financeiras de sustentá-los ou, simplesmente, por
não ter condições emocionais e físicas para cuidar e proporcionar todo
o suporte que uma criança necessita, acabando, muitas vezes, aban-
donando ou deixando em lares adotivos. Enquanto isso, há inúmeras
crianças e adolescentes esperando ser acolhidos por uma família. As-
sim, o conhecimento sobre os requisitos e a modalidade da adoção é
de suma importância.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

O procedimento talvez seja a parte mais difícil no processo


de adoção, pois é preciso cumprir uma série de etapas burocráticas
determinadas em lei. Ou seja, o procedimento burocrático envolvido no
processo de adoção faz com que o tempo de espera seja diferente em
cada caso, podendo durar meses ou até mesmo uma média de quatro
anos. Contudo, neste capitulo analisaremos a importância da adoção,
as causas e os efeitos, bem como os requisitos e as condições do ado-
tante e do adotado.

53
REQUISITOS E CONDIÇÕES DO ADOTANTE E DO ADOTADO
Uma das formas de iniciar uma família, e que merece ser in-
centivada, é a adoção, que é conhecida como a paternidade socioafeti-
va. Com isso, é necessário esclarecer os requisitos e condições, tanto
do adotante quanto do adotado.
Frisa-se que os menores que estão na fila de adoção já so-
freram por terem sido abandonados pelos seus genitores biológicos,
trazendo consigo, muitas vezes, uma carga emocional muito grande, e
que, consequentemente, influenciará ao ingressar em uma nova família:

A psicologia já demonstrou que o abandono, a rejeição e os maus tratos


causam depressão e que esta, dependendo do grau de intensidade que aco-
mete o indivíduo, pode levar a trágicas consequências (...). As alterações no
funcionamento cerebral decorrentes da ação punitiva do meio social – lem-
bremos que o principal meio social da criança é a família – estão na raiz de
muitos tipos de condutas inadaptadas, como a conduta violenta, e de patolo-
gias, como a depressão, a mania, o pânico, as fobias, as psicopatias, entre
outras (OLIVEIRA, 2004, pág. 286 – 287).

Portanto, os interessados em adotar uma criança ou adoles-


cente devem ir até uma Vara da Infância e Juventude, fazer o cadastro
e agendar uma entrevista. O objetivo é conhecer a família, a condição
financeira, o estado emocional, o estilo de vida, entre outros fatores.
Após a entrevista, o resultado da avaliação será encaminhado ao Minis-
tério Público e ao juiz (CNJ, 2019, on-line).
Após esse procedimento e com o laudo realizado pelo psicó-
logo profissional, o juiz profere a decisão de que vai aprovar ou não a
adoção. A habilitação do adotante é válida por três anos, mas pode ser
renovada pelo mesmo período. Assim, quando faltarem 120 dias para
terminar o prazo de validade, é aconselhável que o habilitado procure a
Vara da Infância e Juventude responsável pelo seu processo e solicite
uma renovação do pedido:

O psicólogo, perito da vara da infância, deve emitir em cada


ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

processo um parecer favorável ou desfavorável sobre a habili-


tação ou processo de adoção daquela pessoa ou casal e para
isso se respalda 33 em teorias científicas psicológicas. Por
exemplo, o processo de habilitação é feito em forma de entre-
vista psicológica, onde o profissional saberá o número neces-
sário que pode variar entre uma ou mais entrevistas, onde são
verificados estrutura familiar dos requerentes, comportamento,
pensamentos, crenças, inseguranças, medos, preconceitos, se
as expectativas condizem com a realidade, perfil da criança
desejada, os motivos deste perfil, o que pensam da paternida-

54
de, maternidade e educação e a motivação verdadeira (incons-
ciente) que leva o requerente a pleitear a adoção, que deve ser
baseada em cima de um desejo legítimo de ter um filho, não
por outro motivo, por companhia, caridade ou filho “salvação
(LIANA, 2011, on-line).

O próximo passo é aguardar na fila de espera até aparecer


uma criança com o perfil desejado. Logo após isso, os adotantes são
convidados a conhecer o menor e podem ter a guarda provisória, sendo
necessário o estágio de convivência:

O período experimental em que o adotando convive com os adotantes, para


se avaliar a adaptação daquele à família substituta, bem como a compatibi-
lidade desta com a adoção. É de grande importância, porque constitui um
período de adaptação do adotando e dos adotantes à nova forma de vida,
afasta adoções precipitadas que geram situações de sofrimento para todos
os envolvidos (GRANATO, 2005, pág. 175).

Importante destacar que as crianças menores de 2 (dois) anos


já são entregues com a guarda definitiva e quando tiverem mais de 12
(doze) anos, é indispensável sua oitiva.
Finalizado o período do estágio de convivência, os adotantes
terão 15 (quinze) dias para propor a Ação de Adoção. Cabe ao juiz ana-
lisar as condições de adaptação da criança/adolescente com a nova
família. Sendo favoráveis, o magistrado determina novo registro de nas-
cimento com o sobrenome da nova família (CNJ, 2019, on-line).
Outro problema é a busca dos adotantes pelo “filho ideal”, que
na maioria das vezes optam por crianças brancas, do sexo feminino,
que tenham, no máximo, 3 (três) anos de idade, saudáveis e, de prefe-
rência, possuam alguma característica genética próxima aos adotantes:

Conforme dados estatísticos, embora pareça, paradoxal, o número de ado-


tantes supera o de adotandos. A justificativa é a de que nem sempre as carac-
terísticas dos adotandos coincidem com a preferência dos adotantes: criança
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

de pele clara, com no máximo três anos de idade e que seja filho único. Esse
é o perfil desejado pela maioria dos casais brasileiros que pretendem adotar.
Ocorre que a maior parte dessas crianças é formada de grupos de irmãos,
que não podem ser separados, com idade superior a três anos e portadores
de algum tipo de necessidade especial (LUZ, 2009, p.238).

Importante destacar que a legislação dá preferência para


famílias brasileiras residente no país e, caso não seja possível, abre-se
a oportunidade de Adoção Internacional. Esse procedimento será rea-
lizado pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (CE-

55
JAI). Assim, diante do exposto, é importante mencionar os requisitos e
as exigências essenciais e fundamentais para o processo da adoção,
conforme disposto na Lei 8069/90, artigos 39 a 52 são:

1) O adotante tem que possuir 18 anos ou mais;


2) O adotante pode ser somente uma pessoa ou um casal, sendo homem e
mulher, casados ou em união estável;
 3) Entre o adotante e o adotado deve existir a diferença de 16 anos;
 4) Sendo um casal adotante, a diferença de idade é auferida pelo adotante
mais novo;
 5) Toda adoção exige a intervenção do Judiciário, através de ação própria;
 6) Sendo conhecidos os pais do adotado, exige-se a concordância pela ado-
ção, participando do processo de adoção;
 7) Se o adotado contar com no mínimo 12 anos de idade, esse poderá ma-
nifestar sua vontade;
 8) Os pais naturais, uma vez consentido em dar o filho em adoção, tal con-
sentimento é irrevogável após o trâmite processual, desta forma até a prola-
ção da sentença poderá voltar atrás;
9) Os divorciados podem adotar em forma de casal, igual situação ocorre
para os separados, desde que no processo seja apontado a questão da guar-
da e as visitas. Exige-se ainda, que o estágio de convivência tenha iniciado
durante a sociedade conjugal;
10) A sentença de adoção constitui o adotado nos direitos do adotante.
11) A sentença atribui a situação de filho ao adotado, desvinculando-se dos
vínculos com a familia natural. Exceção quanto ao “impedimento matrimo-
nial”, que se mantém o vínculo de parentesco;
12) Ao desligar-se do parentesco natural, o adotado liga-se aos parentes
consanguíneos do adotante;
13) O adotado terá o sobrenome automaticamente do adotante. Somente
será alterado o prenome se for pedido pelos adotantes. Quando o adotado
for maior, é proibido tal alteração;
14) Os direitos da adoção começam com o trânsito em julgado da sentença.
Exceção: feita na ocorrência da morte do adotante, no curso do processo;
15) Toda adoção é precedida pelo estágio de convivência. Esse período será
fiscalizado pelo juiz e antes da prolação da sentença (PINHEIRO, 2009, on-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

-line).
 
Assim, para adotar uma criança ou um adolescente é necessário
preencher uma série de exigências e ter as condições mínimas que a
lei estabelece.

56
MODALIDADES DE ADOÇÃO
Adoção por duas pessoas.

A legislação brasileira prevê a adoção conjunta, ou seja, rea-


lizado por duas pessoas. Todavia, a lei exige alguns requisitos primor-
diais, pois é necessário que os adotantes sejam casados ou mante-
nham união estável, com intuito de provar que têm estabilidade familiar,
conforme dispõe o artigo 42, § 2º do ECA e 1.624, § 2º do CC:

A adoção por duas pessoas, ou adoção cumulativa, só é admitida em relação


a marido e mulher que convivam em união estável. Além disso, caso tenha
sido iniciado o período de convivência na constância da sociedade conjugal,
será admitida a adoção pelo casal mesmo após o divórcio ou separação judi-
cial, desde que haja acordo sobre a guarda e o regime de visitas (artigo 1622
do CC) (NEVES, 2007, p. 110).

Assim, podemos perceber que só será possível esta forma de


adoção quando a mulher e o homem convivam em união estável, mes-
mo após o divórcio, caso tenha se iniciado o período de convivência,
devendo ser acordado a questão da guarda e das visitas do menor:

A estabilidade familiar, ao ambiente onde o adotando será criado- elementos


que podem ser colhidos, não apenas mediante depoimentos testemunhais
para que o juiz possa, com segurança, deferir a adoção, na perspectiva da
proteção integral da criança e do adolescente (GAGLIANO; FILHO, 2012, p.
672).

Ou seja, a estabilidade da família é de suma importância para


que o menor cresça e se desenvolva em um ambiente sadio, visando
a sua proteção e segurança. Por esta razão, os depoimentos das tes-
temunhas podem auxiliar o juiz no momento da aceitação da adoção.

Adoção unilateral.
Esta modalidade de adoção é aquela realizada por uma só
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

pessoa, assim como é formada a família monoparental, que é aquela


formada por apenas um pai ou mãe. Assim, podemos afirmar que atra-
vés da adoção unilateral surge a família monoparental:

É reconhecida como família natural, formada pelos genitores ou qualquer


um deles e seus descendestes. A adoção por solteiro constitui uma alterna-
tiva justa, quebrando-se as discriminações que existiam contra as famílias
monoparentais a uma criança. Pode adotar aquele que consegue oferecer
sustento, educação e afeto a uma criança (DIAS, 2010. p. 209).

57
Nas palavras do doutrinador Sílvio da Salvo Nevosa, a adoção
unilateral:

Trata-se de adoção por um dos conjugues ou companheiros, quando adota


o filho do outro. O conjugue ou companheiro do adotante não perde o pátrio
poder. Deste modo, o padrasto ou a madrasta passa ser pai ou mão do filho
de seu conjugue ou companheiro (2009, p. 296).

Portanto, qualquer pessoa que tenha capacidade, vontade,


e legitimidade pode adotar. Não podem adotar os ascendentes e os
irmãos do adotando e além disso o adotante há de ser, pelo menos,
16 (dezesseis) anos mais velho que o adotando, conforme preceitua o
artigo 42 do ECA. Além disso, o viúvo, separado ou divorciado também
pode adotar e formar uma família monoparental:

Qualquer pessoa física nessas condições pode adotar individualmente a


criança ou adolescente. Nada obsta a adoção pelo solteiro, viúvo, separado
ou divorciado que viva sozinho, que constituirá uma família monoparental
(COELHO, 2011, p. 184).

Assim, a adoção unilateral se dá quando um dos conjugues,


conviventes ou companheiros adotam o filho do outro, mantendo víncu-
lo de filiação.

Adoção Internacional

Via de regra, a adoção pode ser nacional ou internacional,


segundo o domicílio dos adotantes. Esta modalidade gera um pouco
de polêmica e insegurança quanto aos riscos que podem vir a ocorrer,
como o tráfico de crianças, entre outros fatores. No entanto, colocar
criança ou adolescente em família substituta estrangeria trata-se de me-
dida excepcional, segundo o artigo 31 do ECA:

A adoção internacional pode ser deferida após consulta aos cadastros de


ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

pessoas ou casais habilitados à adoção e não se encontrar neles nenhum


interessado em adotar aquela criança ou adolescente. Em outros termos, a
lei manifesta sua preferencia pela adoção nacional. Se esta for viável não
terá cabimento a adoção internacional (COELHO, 2011, p. 186).

Constata-se que somente depois de feita as consultas nos ca-


dastros das pessoas habilitadas à adoção e, não existido interesse, po-
derá ser aceita a adoção internacional. Contudo, esta modalidade exige
alguns requisitos essenciais, quais sejam:

58
Art. 51 do ECA:
§ 1º A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou
domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: 
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso con-
creto;
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou
adolescente em família adotiva brasileira, com a comprovação, certificada
nos autos, da inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com
perfil compatível com a criança ou adolescente, após consulta aos cadastros
mencionados nesta Lei; 
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por
meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra
preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofis-
sional, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei.

Ainda, no Art. 51, § 2º, do ECA, estabelece-se que os brasilei-


ros que residem no exterior têm a preferência. Ademais, quando os ado-
tantes são brasileiros e o adotado é estrangeiro, deve-se atentar para
as regras estabelecidas no país (RIZZARDO, 2012, p. 528). Contudo,
tanto a adoção nacional e a internacional são atos irrevogáveis.

Adoção de indígenas.

O Estatuto do Índio, em seu art. 4.º, do título I dos princípios e


definições, prevê três tipos de indígenas, são eles:

I – Isolados, quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem


poucos e vagos informes através de contatos eventuais com elementos da
comunhão nacional;
II – Em vias de integração, quando em contato intermitente ou permanente
com grupos estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de
sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência co-
muns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando
cada vez mais para o próprio sustento;
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

III – Integrados, quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos


no pleno exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e
tradições características da sua cultura.

A Constituição de 1988 foi um grande marco na garantia dos


direitos indígenas e na autonomia desses povos, para que fossem re-
conhecidos aos indígenas sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições (SOUZA FILHO, 1998, p. 112). Devido ao aumento
de criança e adolescentes indígenas abandonas ou em condição de ris-

59
co, houve a necessidade de uma regulamentação expressa para esse
tipo de adoção. Assim, a Lei nº 12.010/09, trouxe a alteração no ECA
em seu Art. 28, § 6º. Ou seja, determina a lei que a colocação familiar
no seio da comunidade indígena ou com os membros de mesma etnia,
ou em família não indígena, deve-se resguardar a identidade social e
cultural, prevalecendo os costumes e tradições.
Assim, a criança ou adolescente, indígena ou não, têm os di-
reitos fundamentais assegurados pela legislação, com absoluta priori-
dade, como o direito à vida, à saúde, à educação, à alimentação, à
dignidade, ao respeito, à convivência familiar e comunitária, bem como
à cultura, devendo ser colocados à salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, conforme
art. 227, caput, do texto constitucional.
A Nova Lei de Adoção trouxe a previsão do respeito à etnias,
identidade social, costumes, tradições e cultura, desde que não incom-
patíveis com os direitos fundamentais previsto na Constituição, pois
como se sabe há práticas de certas tribos indígenas que sacrificam
crianças portadoras de enfermidades físicas graves ou mentais” (FI-
GUEIREDO, 2011, p. 26-27).
A intenção do legislador é de não privar a criança ou o adoles-
cente indígena do convívio familiar com sua comunidade de origem ou
distanciar os membros da sua etnia. No entanto, quando necessário e
se for desrespeitado o direito fundamental previsto na CF atribuídos às
crianças indígenas, estas serão encaminhadas para família não indíge-
na, ou seja, como medida excepcional. No entanto, para isso, é neces-
sário a interferência de representantes da Fundação Nacional do Índio
(FUNAI) e participação de uma equipe multidisciplinar.
Portanto, o ECA estabelece a necessidade de um tratamento
diferenciado para adoção indígena. Assim, conforme dispõe no art. 28,
§6º, do ECA, deve-se buscar a reintegração da criança ou adolescente
indígena no seio de sua família natural; não sendo isto possível, co-
loca-se na família extensa (parentes mais próximos); em seguida, na
mesma comunidade étnica de origem com o intuito de garantir e propor-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

cionar a convivência familiar junto às suas raízes.


Não sendo possível nenhuma dessas alternativas, inicia-se o
processo de adoção de criança e adolescente indígena por família não
indígena, conforme a lista de pessoas devidamente habilitadas e cadas-
tradas para adoção na respectiva Comarca.

60
MULTIPARENTALIDADE E HOMOPARENTALIDADE NO CONTEXTO
DA ADOÇÃO
Novos arranjos familiares foram aceitos, tendo como principal
fundamento o afeto e a solidariedade. Assim, diante da mudança na
questão da estrutura familiar e no conceito da paternidade, passou a ser
aceito um vínculo familiar através do afeto, além da questão biológica.
Além disso, a existência de vínculos biológicos e afetivos é viável em
diversas situações:

No caso em que for possível somar a parentalidade biológica e socioafetiva,


sem que uma exclua a outra, e, ainda, na adoção homoafetiva, ou na repro-
dução medicamente assistida entre casais homossexuais, em que o adotado
passaria a ter duas mães ou dois pais (CASSETTARI, 2014, p. 145).

Ou seja, a função da paternidade e/ou maternidade pode ser


exercida por mais de uma pessoa:

(...) a multiparentalidade garante aos filhos menores que, na prática, convi-


vem com múltiplas figuras parentais a tutela jurídica dos efeitos jurídicos que
emanam tanto da vinculação biológica como da socioafetiva, que, como de-
monstrado, em alguns casos, não são excludentes, e nem haveria razão de
ser, se tal restrição exclui a tutela aos menores, presumidamente vulneráveis
(ALMEIDA e RODRIGUES JÚNIOR, 2010, p. 381).

Assim, podemos afirmar que a multiparentalidade é o papel


do pai ou da mãe, do padrasto ou madrasta, que ama, cria e cuida de
seu enteado como se seu filho fosse. Ou seja, a família multiparental
é quando o filho possui dois pais ou duas mães, um biológico e outro
socioafetivo. Inclusive, há possibilidade de incluir no registro de nas-
cimento do pai ou mãe socioafetivo permanecendo o nome dos pais
biológicos.
O Tribunal de Justiça de São Paulo em 2012, deferiu pedido
para acrescentar, na certidão de nascimento de jovem de 19 anos, o
nome da mãe socioafetiva, sem retirar o nome da mãe biológica, que
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

três dias após o parto veio a falecer. Depois de dois anos, o pai se casou
com outra mulher, postulante da ação em conjunto com o enteado. O
jovem sempre viveu com o pai e com a madrasta, que sempre chamou
e a considerou como mãe. O rapaz, que sempre conviveu entre as três
famílias, tem agora um pai, duas mães e seis avós registrais:

Ementa: MATERNIDADE SOCIOAFETIVA. Preservação da Maternidade


Biológica. Respeito à memória da mãe biológica, falecida em decorrência do
parto, e de sua família. Enteado criado como filho desde dois anos de idade.

61
Filiação socioafetiva que tem amparo no art. 1.593 do Código Civil e decorre
da posse do estado de filho, fruto de longa e estável convivência, aliado ao
afeto e considerações mútuos, e sua manifestação pública, de forma a não
deixar dúvida, a quem não conhece, de que se trata de parentes - A formação
da família moderna não-consanguínea tem sua base na afetividade e nos
princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade. Recurso pro-
vido (FOLHA DE SÃO PAULO, 2012, p. 5).

No entanto, há alguns critérios para a configuração da multiparen-


talidade: a) legitimidade para requerer o reconhecimento da multiparenta-
lidade; b) presença do critério biológico e afetivo na segunda filiação que
se quer reconhecer e c) efetivação das garantias e dos princípios constitu-
cionais.
Além da multiparentalidade, o Supremo Tribunal Federal, em
2011, reconheceu a Família homoparental, inclusive alterou o conceito de
família anteriormente previsto em lei, qual seja “a união de homem e mu-
lher para a constituição da prole”, passando a ter um conceito mais aberto
para família como sendo a “união de duas pessoas com uma finalidade
afetiva comum”, o que passou a gerar repercussão em razão da formação
de novos grupos familiares.
Portanto, em relação à adoção homoparental, ela é aquela reque-
rida por duas pessoas do mesmo sexo que mantêm relação homoafetiva.
Contudo, importante destacar que, o ECA e o CC não mencionam a orien-
tação sexual do adotando como requisitos para adoção. Assim, não existe
qualquer razão para que uma pessoa não seja considerada apta a adotar
em decorrência de sua opção sexual. Ou seja, a adoção é um meio de dar
afeto àqueles que não recebem, dar amor àqueles que foram abandona-
dos. Assim, não existe razão para um menor ser provado da possibilidade
de ter uma família pela orientação sexual dos adotantes.
Importante destacar que há a adoção homoparental individual e
a adoção homoparental conjunta. A adoção homoparental individual tem
previsão no art. 42 do ECA, que possibilita que os homossexuais adotem
unilateralmente uma criança ou adolescente. No entanto, devido à rejeição
e preconceito da sociedade, apesar da decisão de adotar seja de ambos,
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

o receio do indeferimento da inscrição conjunta faz com que apenas um


dos dois se submeta ao processo de habilitação. Há também a adoção
homoparental conjunta, em que dá o direito à maternidade e paternidade,
independentemente da orientação sexual, no qual ambos participam do
processo de habitação da adoção.
  A jurisprudência vem aceitando a adoção por casais homoafe-
tivos. Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul julgou
procedente a apelação de adoção de casais do mesmo sexo na adoção de
uma criança. Vejamos:
62
APELAÇÃO CÍVEL. ADOÇÃO. CASAL FORMADO POR DUAS PESSOAS
DE MESMO SEXO. POSSIBILIDADE. Reconhecida como entidade familiar,
merecedora da proteção estatal, a união formada por pessoas do mesmo
sexo, com características de duração, publicidade, continuidade e intenção
de constituir família, decorrência inafastável é a possibilidade de que seus
componentes possam adotar. Os estudos especializados não apontam qual-
quer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homosse-
xuais, mais importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o
meio familiar em que serão inseridas e que as liga aos seus cuidadores. É
hora de abandonar de vez preconceitos e atitudes hipócritas desprovidas
de base científica, adotando-se uma postura de firme defesa da absoluta
prioridade que constitucionalmente é assegurada aos direitos das crianças
e dos adolescentes (art. 227 da Constituição Federal). Caso em que o lau-
do especializado comprova o saudável vínculo existente entre as crianças
e as adotantes” (BRASIL, APELAÇÃO CÍVEL SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Nº
70013801592, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luis Felipe Brasil Santos,
Julgado em 05/04/2006).

O STJ também vem aceitando a adoção homoafetiva, confor-


me veremos a seguir:

“STJ -  RECURSO ESPECIAL REsp 889852 RS 2006/0209137-4 (STJ)


Data de Publicação: 10/08/2010
Ementa: DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ADOÇÃO DE MENORES POR CASAL
HOMOSSEXUAL. SITUAÇÃO JÁ CONSOLIDADA. ESTABILIDADE DA
FAMÍLIA. PRESENÇA DE FORTES VÍNCULOS AFETIVOS ENTRE OS
MENORES E A REQUERENTE. IMPRESCINDIBILIDADE DA PREVALÊNCIA
DOS INTERESSES DOS MENORES. RELATÓRIO DA ASSISTENTE
SOCIAL FAVORÁVEL AO PEDIDO. REAIS VANTAGENS PARA OS
ADOTANDOS. ARTIGOS 1º DA LEI 12.010 /09 E 43 DO ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. DEFERIMENTO DA MEDIDA”.

Assim, a dignidade da pessoa humana, junto aos princípios da


pluralidade das entidades familiares, do afeto e da igualdade de filiação,
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

deve prevalecer nas questões da adoção das crianças e adolescentes


que merecem amor, cuidado, carinho e principalmente um lar saudável
para se desenvolverem.

REVOGAÇÃO E IMPEDIMENTOS DA ADOÇÃO.


Uma vez concedida a adoção e transitando em julgado a de-
cisão, o ato torna-se irrevogável, quer por acordo entre as partes, quer
por outra decisão judicial, salvo, se tiver vício. Sendo assim, a regra

63
geral é a irrevogabilidade das adoções, mas a revogação de tal ato é
medida excepcional e ocorre quando comprovar que a sua manutenção
puder trazer riscos ou prejuízos à integridade física, psicológica e moral
do adotado:

[...] a noção de irrevogabilidade definida e proposta pelo ECA orienta no sen-


tido de que os efeitos produzidos pela adoção não podem ser desfeitos ou
anulados pela vontade dos interessados. Como se fosse um simples contrato
(LIBERATI, 1995, p. 186).

Ou seja, a revogação da adoção ocorre quando sua manuten-


ção for desfavorável ou prejudicial ao adotando. Contudo, em situações
extraordinárias, é autorizada a revogação da adoção. No entanto, a
mera frustração na relação familiar ou dificuldade de convívio não dá o
direito de revogar o ato de adoção. O adotante não pode, simplesmente,
desistir de adotar, porque não foi como imaginava e queria. O próprio
ECA, determina em seus arts. 41 e 47 que o vínculo da adoção consti-
tui-se por sentença judicial, ou seja, o menor que foi adotado e depois
perde o status de filho sofrerá prejuízos, além das consequências emo-
cionais, morais e psicológicas. Fora isso, não há como reestabelecer as
origens biológicas e perderá o status adotivo.
No entanto, os tribunais tem autorizado o cancelamento da
adoção em casos excepcionais, já que, na regra geral, prevalece a ir-
revogabilidade e irretratabilidade do vínculo de adoção. Ademais, em
alguns casos, o Poder Judiciário, arbitra indenização pecuniária a título
de danos morais, a ser paga pelos adotantes, em razão do sofrimento
causado no adotando pelo abandono ou maus tratos, conforme julgado
abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL. PODER FAMILIAR. DESTITUIÇÃO. PAIS ADOTIVOS.


AÇÃO AJUIZADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. ADOÇÃO DE CASAL DE
IRMÃOS BIOLÓGICOS. IRRENUNCIABLIDADE E IRREVOGABILIDADE
DA ADOÇÃO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA. RENÚNCIA DO PODER FA-
MILIAR. ADMISSIBILIDADE, SEM PREJUÍZO DA INCIDÊNCIA DE SAN-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

ÇÕES CIVIS. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 166 DO ESTATUTO DA


CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. PERDA DO PODER FAMILIAR EM RE-
LAÇÃO AO CASAL DE IRMÃOS ADOTADOS. DESCONSTITUIÇÃO EM
FACE DA PRÁTICA DE MAUS TRATOS FÍSICOS, MORAIS. CASTIGOS
IMODERADOS, ABUSO DE AUTORIDADE REITERADA E CONFERIÇÃO
DE TRATAMENTO DESIGUAL E DISCRIMINATÓRIO ENTRE OS FILHOS
ADOTIVOS E ENTRE ESTES E O FILHO BIOLÓGICO DOS ADOTANTES.
EXEGESE DO ART. 227, § 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL C/C ART. 3º,
5º, 15, 22, 39, §§ 1º, 2º E ART. 47, TODOS DO ESTATUTO DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE C/C ART. 1.626, 1634, 1.637 E 1.638, INCISOS I, II E IV,

64
TODOS DO CÓDIGO CIVIL. MANUTENÇÃO DOS EFEITOS CIVIS DA ADO-
ÇÃO. AVERBAÇÃO DO JULGADO À MARGEM DO REGISTRO CIVIL DE
NASCIMENTO DOS MENORES. PROIBIÇÃO DE QUALQUER ESPÉCIE
DE OBSERVAÇÃO. EXEGESE DO ART. 163, § ÚNICO DO ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE C/C ART. 227, § 6º DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. DANO MORAL CAUSADO AOS MENORES. ILÍCITO CIVIL
EVIDENCIADO. OBRIGAÇÃO DE COMPENSAR PECUNIARIAMENTE
OS INFANTES. APLICAÇÃO DO ART. 186 C/C ART. 944, AMBOS DO
CÓDIGO CIVIL. JUROS MORATÓRIOS. MARÇO INICIAL. DATA EM QUE
A SEQUÊNCIA DE ILICITUDES ATINGE O SEU ÁPICE, MATIZADA, NO
CASO, PELO ABANDONO DO FILHO ADOTADO EM JUÍZO E SUBSCRIÇÃO
DE TERMO DE RENÚNCIA DO PODER FAMILIAR. EXEGESE DO ART.
398 DO CÓDIGO CIVIL EM INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA COM O
ART. 407 DO MESMO DIPLOMA LEGAL. PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA.
PERTINÊNCIA ENTRE O PEDIDO E O PRONUNCIADO. NECESSIDADE
DE FLEXIBILIZAÇÃO E RELATIVIZAÇÃO DAS REGRAS PROCESSUAIS
CLÁSSICAS EM SEDE DE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
MITIGAÇÃO DA DISPOSIÇÃO CONTIDA NO ART. 460 DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL. VÍTIMAS QUE, NA QUALIDADE DE IRMÃOS
BIOLÓGICOS E FILHOS ADOTIVOS DOS RÉUS MERECEM RECEBER,
EQUITATIVAMENTE, A COMPENSAÇÃO PECUNIÁRIA PELOS DANOS
IMATERIAIS SOFRIDOS. HIPOTECA JUDICIÁRIA. EFEITO SECUNDÁRIO
DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. APLICAÇÃO DO ART. 466 DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL (BRASIL, 2015, on-line).

Por isso, o adotante deve conhecer a situação física e psicoló-


gica do adotando, além do estágio de convivência que é indispensável
no processo de adoção. Sendo de suma importância a formulação de
um estudo mais cauteloso sobre o novo ambiente familiar ao qual será
inserido o adotado.
Ainda, é importante destacar que o  ECA, estabelece alguns
impedimentos para a adoção como a impossibilidade da adoção ser fei-
ta por procuração, a realização da adoção por ascendentes ou irmãos e
a adoção por curador ou tutor da criança ou adolescente enquanto não
prestadas contas de sua administração.
Assim, o Art. 39, § 2º do ECA, prevê que é vedada a adoção
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

por procuração. Já o artigo 42, § 1º do ECA estabelece que “não podem


adotar os ascendentes e os irmãos do adotando”. Isto é, os bisavós,
avós e irmãos não poderão adotar os seus bisnetos, netos e irmãos. To-
davia, decisões da justiça permitem, em alguns casos, que netos sejam
adotados por avós. Além disso, o adotando deve possuir, no máximo,
18 (dezoito) anos à data do pedido de adoção, exceto se estiver sob a
guarda ou tutela dos adotantes, conforme artigo 40 do ECA.
Enfim, nesse contexto podemos observar que o ato de adoção
é, via de regra, irrevogável, mas admite exceções dependendo do caso
65
concreto, visando o melhor interesse da criança e analisando os impe-
dimentos da adoção previstos em lei.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

66
QUESTOES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2016/ Banca: FGV / Órgão: MPE-RJ/ Prova:  Analista do Minis-
tério Público - Processual
Felícia, dezenove anos de idade, após ter sido criada por sua tia
Deise desde que tinha quatro anos de idade, foi adotada por ela em
procedimento ao qual os pais biológicos não anuíram. É correto
afirmar que a adoção em questão é ato:
A) inexistente, já que é imprescindível, na hipótese, a concordância dos
pais biológicos;
B) nulo, já que é imprescindível, na hipótese, a concordância dos pais
biológicos;
C) nulo, já que é imprescindível, na hipótese, ao menos a concordância
da mãe biológica;
D) válido, já que não há exigência legal quanto à concordância dos pais
biológicos para o ato em questão.
E) anulável, já que é imprescindível, na hipótese, a concordância dos
pais biológicos.

QUESTÃO 2
Ano: 2004/ Banca: MPDFT /Órgão: MPDFT / Prova:  Promotor de
Justiça
Acerca das relações de parentesco e da filiação, assinale a alter-
nativa correta.
A) O novo Código Civil manteve o prazo prescricional de cinco anos
para o filho impugnar o reconhecimento de filiação e pleitear a alteração
do registro de seu nascimento.
B) As relações de parentesco subdividem-se em parentesco por con-
sanguinidade e por afinidade, ou seja, são parentes as pessoas que
descendem umas das outras, ou de progenitor comum, bem como
aquelas ligadas por afinidade.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

C) Parentesco em linha colateral, decorre da descendência de um só


tronco comum, sem que exista relação de ascendência e descendência
entre os parentes. No parentesco colateral não há limitação do paren-
tesco, conta- se o grau pelo número de gerações existentes entre os
dois parentes.
D) O vínculo jurídico de afinidade associa-se apenas ao casamento, não
sendo gerado pelo companheirismo. Assim, os parentes de um compa-
nheiro não mantêm vínculo de afinidade com o outro companheiro, e da
mesma forma os parentes de um companheiro não são afins do outro
67
companheiro.
E) A adoção, mesmo do maior de dezoito anos, será sempre consuma-
da através de sentença constitutiva, obtida através de processo judicial
e com intervenção do Ministério Público.

QUESTÃO 3
Ano: 2011/ Banca: VUNESP / Órgão: TJ-SP/ Prova: Juiz
O maior de 18 anos também pode ser adotado? Qual o juízo deve
decidir a respeito?
A) Sim, nesse caso a adoção será regulada pelo Código Civil e correrá
na Vara da Família, aplicando-se o ECA subsidiariamente.
B) Não, só o menor de 18 anos é que poderá ser adotado e a questão
deverá ser apreciada na Vara da Infância e da Juventude.
C) Sim, se houve autorização dos pais naturais, e a adoção deverá ser
processada e julgada pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude.
D) Não, e a questão deverá ser apreciada na Vara da Família.
E) Sim, e a questão deverá ser apreciada na Vara da Família, desde
que o processo tenha sido iniciado até os 21 anos de idade do adotado.

QUESTÃO 4
Ano: 2011/ Banca: VUNESP / Órgão: TJ-SP / Prova:  Juiz
Considere as afirmações a seguir.
I. Não cabe investigação de paternidade por mera dúvida do genitor
que voluntariamente tenha reconhecido a criança ou o adolescente.
II. Cabe investigação de paternidade por mera dúvida do genitor
que voluntariamente tenha reconhecido a criança ou o adolescente.
III. O foro competente para a ação de adoção é o do domicílio do adotante.
IV. Não há restrição quanto à diferença de idade entre o adotante e
o adotado.
V. O foro competente para a ação da adoção é o do domicílio do adotando.
Estão corretos apenas os itens
A) I e III.
B) II e V.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

C) II e III.
D) I e V.
E) I e IV

QUESTÃO 5
Ano: 2014/ Banca: UFPR / Órgão: DPE-PR / Prova:  Defensor Pú-
blico
A adoção unilateral:
A) resulta no desligamento de qualquer vínculo com pais ou parentes,
68
salvo os impedimentos matrimoniais.
B) dispensa, conforme o caso, o estágio de convivência, mas exige
sempre prévia habilitação do adotante em procedimento judicial próprio.
C) corresponde à hipótese em que um dos cônjuges ou concubinos
adota o filho do outro.
D) ao contrário da adoção conjunta, ocorre quando a criança ou adoles-
cente é adotado por pretendente habilitado a adotar sozinho, que passa
a ser o único genitor constante de seu assento de nascimento.
E) é a modalidade de adoção decretada sem consentimento expresso
do adotando, bastando a manifestação de vontade do adotante.

QUESTÃO 6
Ano: 2010/ Banca: VUNESP / Órgão: MPE-SP/Prova: Analista de
Promotoria
Assinale a alternativa correta.
A) A idade mínima para adotar é a de 25 anos, dependendo do estado
civil do adotante.
B) Somente poderá haver a adoção desde que haja diferença de 18
anos entre adotante e adotado.
C) Poderá haver adoção por procuração.
D) Poderão adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.
E) Não há vedação que colaterais adotem, de forma que tio pode adotar
o sobrinho.

QUESTÃO 7
Ano: 2010/ Banca: VUNESP / Órgão: MPE-SP/  Prova: Analista de
Promotoria I
Em matéria de adoção, levando em conta, especialmente, as modi-
ficações introduzidas pela Lei n.º 12.010, de 03 de agosto de 2009,
assinale a alternativa correta.
A) Por meio da família extensa ou ampliada intensificam-se os laços de
afeto entre adotante e adotado, muito embora a Lei n.º 12.010, de 03 de
agosto de 2009, ainda não tenha prestigiado as relações de parentesco
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

estabelecidas entre o adotante e os parentes do adotado.


B) A Lei n.º 12.010, de 03 de agosto de 2009, enfatizou a importância
do instituto da adoção, tanto que determinou a obrigatoriedade na pre-
paração psicossocial dos adotantes, incentivando a adoção de irmãos
biológicos, além de dificultar o caminho para a adoção internacional.
C) Passou a ser admitida pela Lei n.º 12.010, de 03 de agosto de 2009,
a adoção por pessoas do mesmo sexo.
D) A adoção intuito personae e a promovida por escritura pública pas-
sam a ser mecanismos úteis para fomentar o instituto, atribuindo maior
69
dignidade e proteção à criança e ao adolescente.
E) A manutenção do pretendente à adoção no seio da família biológica
continua sendo prioridade legislativa; sendo inviável essa permanência,
porém, deve-se recorrer em primeiro lugar à adoção internacional, vale
dizer, àquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domi-
ciliado fora do Brasil.

QUESTÃO 8
Ano: 2010/ Banca: VUNESP / Órgão: TJ-SC/Prova: Assistente so-
cial
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, em caso
de adoção por casal residente fora do país, o estágio de convivên-
cia a ser cumprido no território nacional deve ser de:
A) No mínimo 45 (quarenta e cinco) dias.
B) No mínimo 60 (sessenta) dias.
C) No máximo 15 (quinze) dias.
D) No máximo 20 (vinte) dias.
E) No mínimo 30 (trinta) dias.

QUESTÃO 9
Ano: 2010/ Banca: VUNESP /Órgão: FUNDAÇÃO CASA /Pro-
va: Agente Operacional - Encanador
Para onde, obrigatoriamente, devem ser encaminhadas as ges-
tantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos
para adoção?
A) Ao Conselho Tutelar.
B) À Delegacia de Polícia.
C) À Justiça da Infância e da Juventude.
D) À Fundação CASA.
E) À Procuradoria Geral do Estado.

QUESTÃO 10
Ano: 2005/ Banca: Conc. 84 / Órgão: MPE-SP / Prova: Promotor de
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Justiça
Assinale a alternativa verdadeira.
A) A adoção de criança ou adolescente por casal homossexual é admis-
sível sempre que ficar demonstrado que a medida atende o interesse
do adotando.
B) A pessoa que tenha sido criada desde tenra idade por outra pode
exigir o reconhecimento, por sentença, de sua condição de filho adotivo.
C) A legislação vigente não possibilita a adoção do nascituro.
D) A adoção pode ser revogada nos casos em que se admite a deserda-
70
ção, ou pela vontade das partes.
E) A adoção  post mortem  produz seus efeitos a partir do trânsito em
julgado da sentença.

QUESTÃO DISSERTATIVA– DISSERTANDO A UNIDADE

Joana cuida de sua neta Maria desde que ela tinha três anos de idade.
Os pais de Maria nunca lhe deram atenção emocional ou prestaram
recursos financeiros, sendo poucos os momentos de contato. Maria,
atualmente, está com quinze anos de idade e se refere publicamente à
sua avó como mãe. Depois de longas conversas com seus outros netos
e filhos, que anuíram com a decisão, Joana, que é viúva, decide adotar
sua neta Maria. Partindo da temática “adoção”, responda, às indaga-
ções a seguir, apontando, com base nos dispositivos legais.
A) A lei permite a adoção de pessoa maior de 18 (dezoito) anos?
B) Considerando a situação narrada no enunciado, existe a possibilida-
de legal de Maria ser adotada por sua avó Joana?

TREINO INÉDITO

Assunto: Modalidade de adoção


A lei permite várias modalidades de adoção. Assinale a alternativa
que não é permitida em lei.
A) Adoção de indígena.
B) Adoção internacional.
C) Adoção unilateral.
D) Adoção por duas pessoas.
E) Adoção entre irmãos.

NA MÍDIA

STF reconhece direito de casal gay adotar sem restrições de idade e


sexo
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

Decisão da ministra Cármen Lúcia acaba com a luta de 10 anos de


casal na Justiça. O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve decisão
de acórdão do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) que autorizou a
adoção conjunta para um casal gay, em julgamento de recurso extraor-
dinário interposto pelo MP-PR..
A ministra Cármen Lúcia, ressaltou que as uniões homoafetivas já
são reconhecidas como entidade familiar, com origem em um vínculo
afetivo, e merecem tutela legal. Segundo ela, não há razão para limitar
a adoção, criando obstáculos onde a lei não prevê. “Delimitar o sexo e
71
a idade da criança a ser adotada por casal homoafetivo é transformar
a sublime relação de filiação, sem vínculos biológicos, em ato de cari-
dade provido de obrigações sociais e totalmente desprovido de amor e
comprometimento”, disse. A ministra incluiu em seu voto a interpretação
da Corte no julgamento da ADI 4277/ADPF 132 (2011), de relatoria do
então ministro Carlos Ayres Britto, que reconheceu a união homoafetiva
como entidade familiar.
Segundo ministro Carlos Ayres Britto disse que não devem existir in-
terpretações preconceituosas e homofóbicas na  Constituição  e que a
isonomia entre casais heteroafetivos e homoafetivos somente será ple-
na se tiverem os mesmo direitos à formação da família.

Fonte: IBDFAM
Data: 2015
Leia a notícia na íntegra:
https://ibdfam.jusbrasil.com.br/noticias/175817292/stf-reconhece-direi-
to-de-casal-gay-adotar-sem-restricoes-de-idade-e-sexo

NA PRÁTICA

CASAIS HOMOAFETIVOS CONTAM HISTÓRIA DE ADOÇÃO.


No Brasil, existem mais de 9.300 crianças e adolescentes à espera de
serem adotados, conforme informações coletadas pelo Cadastro Nacio-
nal de Adoção. Do outro lado, existem pais e mães que buscam um filho
para fechar uma espécie de elo e formar uma família. No meio destes,
estão os casais homossexuais.
Pela legislação brasileira, não há qualquer diferença no processo de
adoção por casais gays. Até por isso, não há estatística que mostre
quantos casais formados apenas por homens ou apenas por mulheres
adotaram crianças no Brasil.
Os requisitos seguem os mesmos de um casal heterossexual: inscrição,
curso de preparação, avaliação psicossocial dos pretendentes, entre-
vista técnica, inscrição na fila de adoção, estágio de convivência e ado-
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

ção definitiva.
No entanto, infelizmente, pesquisas revelam que 55% dos brasileiros
são contra a união estável e a adoção de crianças por casais homos-
sexuais.
Fonte: UOL
Data: 21/04/2019 
Leia a notícia na íntegra:
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/04/21/como-e-
-a-adocao-para-casais-do-mesmo-sexo-veja-historias.htm
72
PARA SABER MAIS:

Filme sobre o assunto: Lion: Uma Jornada Para Casa- 2016


Livro: Adoção. Doutrina e Prática com Comentários a Nova Lei da Ado-
ção Lei 12.0/09 - 2010
Autora:  Eunice Ferreira Rodrigues Granato
Editora: Juruá; Edição: 2ª

ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

73
A adoção, regulada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e Código
Civil, ganhou novos rumos e novas facetas com a Lei Nacional da Ado-
ção, em 2009, e recentemente a Lei 13.509/2017, que visa priorizar o
processo daqueles que pretendem adotar crianças e adolescentes com
problemas de saúde e de grupos de irmãos entre outros.
Além disso, a proposta da nova lei é a de aprimorar o instituto da ado-
ção já existente, ou seja, prevenir que o menor seja afastado do con-
vívio familiar e comunitário, mantendo os cuidados necessários para a
garantia da proteção integral à criança e ao adolescente e, ainda, evitar
a permanência duradoura em abrigos.
Assim, por todo o exposto, tem-se que a adoção é um ato de amor,
muitas vezes desejado pelos pais adotantes ou às vezes um ato neces-
sário. Sendo importante ressaltar que é necessário em casos de crian-
ças e adolescentes rejeitados, abandonados, que não possuam famílias
biológicas ou extensas que tenham condições de mantê-los.
No entanto, para que a adoção ocorra é preciso atender aos requisitos
e exigências que a legislação brasileira exige no procedimento da ado-
ção, que apesar que burocrática e demorada são necessários. Apesar
de toda a preparação e instrução para os adotantes, antes de decretada
judicialmente a adoção, ainda se mostram despreparados para desem-
penhar o papel de pais adotivos.
Apesar da irrevogabilidade fazer parte da adoção, fica claro que é ine-
vitável que isso ocorra quando a doação se mostrar mais prejudicial ao
menor do que saudável. Enfim, a adoção não é um instituto que visa
satisfazer os interesses particulares, mas fornecer um lar, convivência
saudável, carinho, atenção e, principalmente, àquelas crianças e ado-
lescentes que tanto necessitam de um lar.
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

74
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
C A E D B
06 07 08 09 10
B E E E C

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

O apadrinhamento proporciona que a criança e o adolescente que es-


tejam em abrigos, ou seja, acolhimento institucional ou em acolhimento
familiar possam formar vínculos afetivos com pessoas de fora da ins-
tituição ou da família acolhedora onde vivem e que se dispõem a ser
“padrinhos”, de acordo com art. 19-B, caput e § 1º do ECA.
Ou seja, o menor têm encontros com seus “padrinhos”, fazem passeios,
frequentam a casa, participam de aniversários. A intenção do programa
de apadrinhamento é fazer com que a criança ou adolescente receba
afeto e possam ter experiência em família, com carinho e amor.
TREINO INÉDITO
Gabarito: E

ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

75
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
C E E A E
06 07 08 09 10
B C C A A

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

1- Procurar o Fórum ou a Vara da Infância e da Juventude da cidade ou


região.
2- Os documentos apresentados serão recebidos pelo cartório e serão
enviados para o MP que fará uma análise para o prosseguimento do
processo. 
3- Será realizado uma avaliação por uma equipe profissional para
conhecer as motivações e expectativas dos candidatos à adoção e ana-
lisar a realidade sociofamiliar.
4- Participação em programa de preparação para adoção, que pre-
para os pretendentes para superar dificuldades que possa haver duran-
te a convivência inicial com o menor.
5- Analise do requerimento pelo juiz.
6- Ingresso no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento e com o
deferimento do pedido de habilitação, os dados são inseridos no siste-
ma nacional de adoção.
7- Iniciará o estágio de convivência, a criança ou o adolescente passa
a morar com a família, sendo acompanhados e orientados pela equipe
do Poder Judiciário.
8- Nova família. Após o término do estágio de convivência, os
pretendentes terão 15 dias para propor a ação de adoção. Sendo as
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

condições favoráveis, o magistrado profere a sentença de adoção


e determina a confecção do novo registro de nascimento, já com o
sobrenome da nova família. 

TREINO INÉDITO
Gabarito: A

76
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
D E A D C
06 07 08 09 10
E B E C C

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

A) O Art. 1.619 do CC estabelece que “A adoção de maiores de 18


(dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de
sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais do
ECA”. No entanto a Lei 12.010/2009 estabelece em seu artigo 45 a
necessidade de autorização e o consentimento dos pais para início do
pedido de adoção.
No entanto, o STJ tem firmado o entendimento que, em sendo o ado-
tando maior e capaz, é dispensada essa autorização dos pais biológicos
para formalização da adoção pela via judicial. Mesmo que o adotando
seja menor, é possível dispensar a autorização do pai biológico, quando
isso implicar em um benefício para vida e bem estar do menor.

B) O ECA proibi no seu artigo 42 § 1º a adoção por ascendentes, ou


seja, os avós não podem adotar seus netos. Todavia, visando o melhor
interesse da criança e em determinada situações isso pode ocorrer. E
decisões recentes da Justiça brasileira permitem, em alguns casos, que
netos sejam adotados por avós.

TREINO INÉDITO
Gabarito: E
ADOÇÃO - GRUPO PROMINAS

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82
83
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