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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

Recurso Ordinário Trabalhista


0010206-45.2019.5.15.0073
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Relator: LUCIANE STOREL

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 30/05/2019


Valor da causa: R$ 206.394,99

Partes:
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO
ADVOGADO: RAPHAEL PAIVA FREIRE
RECORRENTE: RENUKA DO BRASIL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO


RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO
ADVOGADO: RAPHAEL PAIVA FREIRE
RECORRIDO: REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
RECORRIDO: REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
RECORRIDO: REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
RECORRIDO: RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
RECORRIDO: RENUKA DO BRASIL FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
RECORRIDO: RENUKA DO BRASIL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO


RECORRIDO: RENUKA GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO
JUDICIAL
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
RECORRIDO: RENUKA COGERACAO LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
RECORRIDO: SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA.
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
RECORRIDO: SHREE RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO
JUDICIAL
ADVOGADO: JORGE MIGUEL MANSUR FILHO
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Birigui

(lgb)

Processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
AUTOR: JOSE ALEXANDRE AFONSO
RÉU: REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL e outros (9)

DESPACHO

Designe-se audiência, intimando-se as partes com as cautelas de praxe.

Em 25 de Fevereiro de 2019.

Juiz(íza) do Trabalho

Assinado eletronicamente por: ELEN ZORAIDE MODOLO JUCA - 25/02/2019 10:24:16 - d6660b0
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19022509191396300000043749240
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. d6660b0 - Pág. 1
Número do documento: 19022509191396300000043749240
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Destinatário:

NOTIFICAÇÃO EM PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO (PJe)

Processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 - Processo PJe-JT


Classe: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO (985)
Autor: JOSE ALEXANDRE AFONSO
Réu: REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL e outros (9)

=DAR CIÊNCIA AO SEU CONSTITUINTE=

Fica V. S. notificado para à audiência Una designada para o dia 03/04/2019 13:50 h. O não
comparecimento de V. S à referida audiência implicará no arquivamento da reclamacão trabalhista,
cabendo ao reclamante a responsabilidade pelo pagamento das custas e emolumentos processuais.

A peticão inicial e documentos poderão ser acessados apenas em meio eletrônico, mediante consulta ao
seguinte endereco na internet: http://pje.trt15.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento
/listView.seam.Testemunhas na forma do artigo 825 da CLT.

Em 20 de Março de 2019.

MARLI APARECIDA GOMES VIEIRA

Assinado eletronicamente por: MARLI APARECIDA GOMES VIEIRA - 20/03/2019 14:37:32 - 9fa89d9
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19032014372254700000043749239
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 9fa89d9 - Pág. 1
Número do documento: 19032014372254700000043749239
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VARA DO TRABALHO DE BIRIGUI

TERMO DE AUDIÊNCIA RELATIVO AO PROCESSO 0010206-45.2019.5.15.0073

Em 03 de abril de 2019, na sala de sessões da VARA DO TRABALHO DE BIRIGUI/SP, sob a


direção da Exmo(a). Juíza ROSANA NUBIATO LEAO, realizou-se audiência relativa a AÇÃO
TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO número 0010206-45.2019.5.15.0073 ajuizada por JOSE
ALEXANDRE AFONSO em face de REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL.

Às 14h18min, aberta a audiência, foram, de ordem da Exmo(a). Juíza do Trabalho,


apregoadas as partes.

Presente o reclamante, acompanhado do(a) advogado(a), Dr(a). RAPHAEL PAIVA FREIRE,


OAB nº 356529/SP.

Presente o preposto dos reclamados REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM


RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA. e SHREE RENUKA
SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL, Sr(a). Marcos José da
Silva, acompanhado(a) do(a) advogado(a), Dr(a). LUCIANO BACCIOTTE RAMOS, OAB nº 98218/SP.

Conciliação rejeitada.

O(A) reclamado(a) apresenta defesa escrita, acompanhada de procuração, carta de preposição e


documentos, com vista à parte contrária, pelo prazo de 10 dias, sob pena de preclusão.

As partes dispensam, reciprocamente, os depoimentos pessoais.

As partes convencionam o seguinte ajuste processual:

A) O(a) autor(a) reconhece a correção dos cartões de ponto quanto à frequência, requerendo
aplicação do disposto na Súmula 338 do TST quanto ao período que não foi apresentado cartão;

B) Sem prejuízo das alegações da inicial e da defesa quanto ao tema, fixa-se o tempo de
deslocamento correspondente a vinte e cinco minutos, por trecho, nos dias de trabalho.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 03/04/2019 17:25:23 - 7789489


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19040315325736800000043749223
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 7789489 - Pág. 1
Número do documento: 19040315325736800000043749223
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As partes requerem, para as demais matérias, a utilização da prova oral produzida nos autos do
processo 0010397-27.2018, desta Vara

Defiro.

Segue transcrito o depoimento colhido no processo referido:

"DEPOIMENTO DA PRIMEIRA TESTEMUNHA DO(A) RECLAMANTE - Cesar Augusto


Rocha, brasileiro(a), casado, desempregado, nascido(a) em 23/05/1973, portador(a) do RG 28323863-
SSP/SP, residente na rua Augusto Pereira de Moraes, 2215, Penápolis. Advertida, compromissada e
inquirida na forma da Lei, respondeu que: “trabalhou na reclamada de 2007 a junho de 2018, tendo
exercido por último a função de técnico de processo industrial; que o depoente trabalhou com o
reclamante; que usufruíam de 30 min de intervalo para refeição tanto na safra quanto na entressafra;
que as horas extras não eram registradas no cartão de ponto, sendo apontadas pelo depoente, que era o
superior hierárquico do reclamante; que as horas extras eram registradas em um banco de horas
informal; que o reclamante realizava horas extras de 2 a 3 vezes por semana tanto na safra quanto na
entressafra; que realizavam de 2 a 3 horas extras por dia; que sempre trabalharam em escala 5x1; que o
banco de horas era usado a critério da reclamada; que os funcionários da reclamada trabalhavam no
mínimo 8h diárias; que houve parcelamento de verbas rescisórias e até o momento receberam 3 ou 4
parcelas; que no banco de horas informal o depoente anotava corretamente as horas extras, mas no
sistema da usina não anotava corretamente as horas extras realizadas para que não desse divergência
com relação as horas extras que poderiam ser realizada por dia, evitando-se que a usina fosse multada;
que era a gerência da reclamada que determinava a folga relativa ao uso do banco de horas; que nem
todas as horas apontadas no banco de horas informal foram gozadas em folgas, ressaltando o depoente
que muitos funcionários saíram sem usufruir essas folgas; que o depoente não se recorda se o
reclamante usou todas as horas do banco de horas; que nos últimos 5 anos o depoente exerceu a função
de supervisor do reclamante".

Sem mais provas a produzir, as partes requerem o encerramento da instrução processual.


Deferido.

Razões finais remissivas.

Conciliação final rejeitada.

Após o prazo de réplica, tornem os autos conclusos para prolação de sentença, sendo que da r.
decisão as partes serão intimadas.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 03/04/2019 17:25:23 - 7789489


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19040315325736800000043749223
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 7789489 - Pág. 2
Número do documento: 19040315325736800000043749223
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Cientes os presentes.

ROSANA NUBIATO LEAO

Juíza do Trabalho

Ata redigida por Patrícia Caretta Pastore, que secretariou a audiência.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 03/04/2019 17:25:23 - 7789489


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19040315325736800000043749223
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 7789489 - Pág. 3
Número do documento: 19040315325736800000043749223
Fls.: 8

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Birigui

Processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
AUTOR: JOSE ALEXANDRE AFONSO
RÉU: REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL e outros (9)

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 1
Número do documento: 19042314444059400000043749220
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JOSÉ ALEXANDRE AFONSO, qualificado na inicial,ajuizou reclamação trabalhista


contra as reclamadas REVATI AGROPECUÁRIA LTDA.-EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL;
REVATI S.A. AÇÚCAR E ALCOOL - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL; REVATI GERADORA
DE ENERGIA ELÉTRICA LTDA-EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL; RENUKA DO BRASIL
AGROPECUÁRIA LTDA; RENUKA DO BRASIL FERTILIZANTES AGRÍCOLAS LTDA; RENU
KA DO BRASIL S.A.; RENUKA GERADORA DE ENERGIA ELÉTRICA LTDA - EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL; RENUKA COGERAÇÃO LTDA.-EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL; SHREE RENUKA PARTICIPAÇÕES LTDA; e SHREE RENUKA SÃO PAULO
PARTICIPAÇÕES LTDA.-EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, pleiteando o pagamento o
pagamento de horas extras, horas "in itinere", adicional noturno, intervalo intrajornada, tudo
com os seus respectivos reflexos, além das multas previstas nos artigos 467 e 477 da CLT e
da multa de 40% sobre o FGTS. Por fim, requereu a responsabilização solidária das
reclamadas, a concessão dos benefícios da justiça gratuita e honorários advocatícios. Atribuiu
à causa o valor de R$206.394,99 (duzentos e seis mil trezentos e noventa e quatro reais e
noventa e nove centavos). Juntou documentos.

Na audiência inicial (ID. 7789489), rejeitada a proposta conciliatória, o Juízo


recebeu a defesa conjunta e os documentos, oportunamente apresentados pelas reclamadas.
Na sequência o autor reconheceu a correção parcial dos cartões de ponto. Ainda, as partes
concordaram acerca do tempo de percurso. Por fim, as partes requerem, para as demais
matérias, a utilização da prova oral produzida nos autos do processo 0010397-27.2018, desta
Vara.

Sem outras provas, a instrução processual foi encerrada.

Razões finais remissivas.

O autor manifestou-se em réplica (ID. 0dfc0fe).

Todas as tentativas conciliatórias foram rejeitadas.

É relatório.

D E C I D O.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 2
Número do documento: 19042314444059400000043749220
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II - FUNDAMENTAÇÃO

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Considerando a data de ajuizamento da presente ação (20/2/2019), os seus pedidos


serão apreciados à luz da Lei 13.467/2017.

No tocante ao direito material do trabalho, será observada a legislação vigente à


época dos fatos, bem como a jurisprudência então dominante (tempus regit actum).

JUSTIÇA GRATUITA

Comprovado que o reclamante está desempregado (ID. 53c58f0 - Pág. 6), defiro a
concessão dos benefícios da justiça gratuita, conforme o disposto no art. 790, §4º, da CLT.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 3
Número do documento: 19042314444059400000043749220
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RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A recuperação judicial da empresa em nada altera o trâmite das ações judiciais


trabalhistas, no tocante à competência desta Justiça Especializada.

Assim, os conflitos decorrentes das relações de trabalho disciplinados por legislação


trabalhista continuam, normalmente, sendo processados e dirimidos pela Justiça do Trabalho,
onde as ações tramitarão até a apuração do crédito que, posteriormente, deverá ser inscrito
no quadro geral de credores pelo valor determinado na sentença, onde estará assegurado o
direito de preferência, sobre os demais créditos.

Entretanto, o pedido de habilitação no juízo cível é medida que deverá ser analisada
oportunamente pelo juízo da execução, razão pela qual fica, por ora, indeferido o
requerimento da ré.

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

A presente Reclamação foi ajuizada em 20/2/2019, motivo pelo qual declaro


prescritos os créditos exigíveis anteriores a 20/2/2014, extinguindo-os com resolução de

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 4
Número do documento: 19042314444059400000043749220
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mérito, com fulcro no artigo 487, II do Novo Código de Processo Civil, sem prejuízo das
pretensões de cunho declaratório, as quais não se sujeitam a prescrição.

Ressalto que a prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança


o respectivo recolhimento da contribuição para o FGTS, nos termos da Súmula 206 do C. TST.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

Sendo incontroversa a formação de grupo econômico, declaro a responsabilidade


solidária das reclamadas pelos créditos eventualmente deferidos na presente decisão, nos
termos art. 2º, § 2º da CLT.

DIFERENÇAS DE HORAS LABORADAS

Improcede o pedido de pagamento das diferenças entre as horas laboradas e pagas


e o fator 220, uma vez que foi contratado justamente sob o pagamento de salário/hora.

Ademais, o reclamante desconsidera o fato de que a reclamada quitava as supostas


diferenças a título de DSR. A exemplo, destaco o mês de junho de 2014 (ID. 3f2ed69 - Pág.
16), onde consta o pagamento das 176 horas de trabalho, acrescidas de 44 a título de DSR,
totalizando as 220 horas no mês.

Indefiro.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 5
Número do documento: 19042314444059400000043749220
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DURAÇÃO DO TRABALHO

Alega o reclamante, que duas ou três vezes na semana, estendia a jornada normal
em uma hora e trinta minutos, sem o devido registro no cartão de ponto. Além disso, destaca
que jamais gozou o intervalo intrajornada mínimo.

A reclamada acostou os cartões de ponto do trabalhador, com horários variados de


início e término das jornadas (ID. 27eb607).

Em audiência (ID. 7789489), o reclamante reconheceu a correção dos cartões de


ponto quanto à frequência, requerendo aplicação do disposto na Súmula 338 do TST quanto
aos eventuais períodos, para os quais não foram apresentados os controles de jornada.

Compulsando os referidos documentos não constatei a ausência de registro de


jornada de qualquer período, razão pela qual fica afastada a incidência da Súmula 338 do C.
TST.

A prova oral emprestada, no entanto, confirmou que o reclamante usufruía apenas 30


(trinta) minutos por dia de intervalo intrajornada, tanto na safra, como na entressafra, e que as
horas extras realizadas não eram devidamente apontadas nos cartões de ponto.

Desse modo, reputo que a duração do trabalho do reclamante era a seguinte:

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 6
Número do documento: 19042314444059400000043749220
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- dias e horários de início da jornada: de acordo com aqueles lançados nos


controles de jornada;

- intervalo intrajornada: 30 (trinta) minutos;

- horário de término da jornada: de acordo com aqueles lançados nos cartões de


ponto, acrescidos de 40 minutos.

Em consequência, condeno a reclamada ao pagamento de horas extras, assim


consideradas as excedentes à sete horas e vinte minutos diárias, com o adicional de 50% e de
100% pelo trabalho realizado em domingos e feriados não compensados.

Sobre as horas laboradas no período a partir de 22h, deverá incidir o adicional noturno
de 30%, aplicando-se a redução ficta e a prorrogação previstas nos §§ 2º e 5º do art. 73 da
CLT.

Tendo em vista a habitualidade de sua prestação, as horas extras e o adicional noturno


deverão refletir pela média física (Súmula 347 do C. TST), independentemente da limitação do
art. 59, caput, da CLT (Súmula 376 do C. TST), no cálculo de DSR (Lei 605/1949, art. 7º, "a";
Súmula 172/TST) e, com estes, em 13º salário (Súmula 45/TST), férias + 1/3 (CLT, art. 142, §
5º), aviso-prévio e FGTS + 40%.

Para fins de cálculo, serão adotados os seguintes parâmetros: a) evolução e


globalidade salarial; b) divisor 220; c) base de cálculo: parcelas de natureza salarial pagas com
habitualidade ao reclamante, nos termos do artigo 457 da CLT; d) devem ser excluídos da
apuração das horas extras os dias em que foi comprovado nos autos que o reclamante esteve
afastado do serviço, como em férias, licenças ou compensação de banco de horas, por
exemplo; e) o adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no
período noturno (TST/SDI1/OJ - 97); e f) a dedução dos valores pagos a idêntico título (OJ-415
SDI-1 do C. TST), desde que comprovados nos autos mediante os recibos de pagamentos,
bem como dos eventuais dias/horas relativos às folgas compensatórias no banco de horas.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 7
Número do documento: 19042314444059400000043749220
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INTERVALO INTRAJORNADA

Ante a supressão do intervalo intrajornada, além das horas extras, condeno a


reclamada a pagar ao reclamante, nos termos do §4° do artigo 71 da CLT, o equivalente a 30 (t
rinta) minutos a título de intervalo intrajornada, por dia de efetivo trabalho, acrescido do
adicional de 60%, com reflexos em repousos semanais remunerados, férias acrescidas do
terço constitucional, aviso-prévio, décimos terceiros salários e FGTS+40% (Súmula 437, item
III do C. TST).

A partir de 11/11/2017 não são devidos os reflexos, conforme o disposto na nova


redação do §4º, do art. 71, da CLT.

Ressalto que acerca do tempo deferido, o entendimento desta Magistrada sempre foi
no sentido de que em caso de concessão parcial do mesmo, como no caso em apreço, o
pagamento deva corresponder ao total do período suprimido, apenas, pois do contrário
teríamos o enriquecimento ilícito do trabalhador, na medida em que obrigaria o empregador a
"remunerar" também o período já concedido, o que se mostra injustificável.

HORAS "IN ITINERE"

No que tange ao tempo de percurso, em audiência (ID. 7789489), as partes


convencionaram que o tempo demandado pelo trabalhador correspondia a vinte e cinco
minutos em cada sentido, totalizando cinquenta minutos por dia.

Em defesa, a reclamada sustenta que o reclamante não fazia jus ao pagamento do


tempo de percurso, uma vez que realizava o seu trabalho na sede da usina e, conforme o

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 8
Número do documento: 19042314444059400000043749220
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pactuado em negociação coletiva, estes trabalhadores não tinham direito à percepção de tal
parcela. Além disso, aduz que a partir de outubro de 2017, com o início da vigência da Lei
13.467/17, nada é mais devido ao reclamante a tal título, uma vez que a referida norma
suprimiu o direito postulado.

Pois bem.

Em primeiro lugar, nas normas coletivas invocadas e acostadas pela reclamada não
há qualquer pacto acerca das horas de percurso.

Em segundo, sendo incontroverso que a reclamada fornecia condução ao


trabalhador, competia à reclamada comprovar os fatos impeditivos do direito do reclamante,
ônus do qual não se desincumbiu.

Por fim, o tempo de trajeto convencionado deve integrar a jornada de trabalho do


autor mesmo após a vigência da Lei 13.467/17, posto que tal condição aderiu ao contrato do
trabalhador, além de se tratar de condição mais benéfica ao reclamante.

Diante do exposto, condeno a reclamada a pagar ao reclamante cinquenta


minutos"in itinere", por dia de efetivo trabalho durante o período não prescrito, as quais
deverão ser enriquecidas com o adicional de horas extras de 50% e 100% para os domingos e
feriados não compensados, bem como dos reflexos sobre DSR's e, com estes, em aviso-
prévio, férias acrescidas do terço constitucional, 13º salário e FGTS + 40%.

Defiro a dedução dos valores eventualmente pagos a igual título.

MULTA DE 40% DO FGTS

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 9
Número do documento: 19042314444059400000043749220
Fls.: 17

Comprovado o depósito da multa de 40% sobre o FGTS (ID. 0bfaf0d), indefiro o


pedido.

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT

Diante da inexistência de condenação da reclamada na multa de 40% do FGTS, in


defiro o pedido.

MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT

O artigo 477 da CLT possui conteúdo imperativo e, assim, não admite qualquer
exceção à regra imposta de pagamento dentro do prazo de 10 (dez) dias, razão pela qual é
nulo o acordo coletivo de parcelamento nesse sentido.

Não havendo o pagamento das parcelas rescisórias devidas à reclamante dentro do


prazo legal, defiro o pedido de pagamento da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT, no
importe de um salário-base.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 10
Número do documento: 19042314444059400000043749220
Fls.: 18

PARÂMETROS DE LIQUIDAÇÃO

Na apuração do "quantum debeatur", concernente às parcelas deferidas nesta


fundamentação, deverá ser observada a evolução salarial e a dedução das quantias solvidas
pelos mesmos títulos deferidos, com o objetivo de tornar defeso o eventual enriquecimento
sem causa do Reclamante. Para esse fim, em regular execução de sentença, serão
considerados tão somente os valores constantes nos recibos eventualmente existentes nos
autos (fase de conhecimento), haja vista a ocorrência da preclusão da faculdade de
apresentação de novos documentos.

Os valores apurados serão corrigidos monetariamente, aplicando-se o índice a partir


do vencimento da obrigação, sendo em relação aos salários aquele previsto para o mês
subsequente ao fato gerador da obrigação, ou seja, índice correspondente ao mês
subsequente ao da prestação de serviços, quando a obrigação se torna vencida e exigível
(artigo 459, § 1, da CLT, e Súmula 381 do C. TST).

Juros de mora são devidos a partir do ajuizamento da ação (artigo 883 da CLT) e
incidirão sobre os valores corrigidos monetariamente (Súmula 200 do C. TST), sendo de 1%
ao mês, de forma simples (artigo 39 da Lei 8.177/91). Para atualização da indenização por
danos morais deferida, deverão ser observados os termos da Súmula 439 do C. TST.

CONTRIBUIÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


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Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 11
Número do documento: 19042314444059400000043749220
Fls.: 19

Ficam autorizados os descontos fiscais e previdenciários pelo empregador, às


expensas do empregado (no que lhe couber), em conformidade com a jurisprudência
predominante (Súmula 368 do C.TST). Os descontos devem observar, entretanto, as alíquotas
que seriam incidentes mês a mês, caso os títulos houvessem sido correta e oportunamente
pagos (e não em regime de caixa), ou haveria inaceitável prejuízo ao empregado em
decorrência de irregularidades perpetradas por seu empregador, além de benefício indevido no
cálculo das cotas previdenciárias (recolhimento, pelo teto de contribuição, apenas no mês da
condenação).

Recolhimentos previdenciários são de exclusiva responsabilidade do empregador


(cota do empregado e do empregador - artigo 43 da Lei 8.212/91) e deverão ser comprovados
nos autos, no prazo legal, sob pena de execução direta do valor devido (artigo 114, VIII, da CF
/88 - Súmula 368 do C. TST), sem prejuízo de expedição de ofício ao INSS para bloqueio de
Certidão Negativa de Débito.

O critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048


/99 que regulamentou a Lei nº 8.212/91, Na apuração deverá ser observado o critério mês a
mês, as alíquotas previstas no art. 198 e o limite máximo do salário-de-contribuição (Súmula
368 do C. TST).

As contribuições incidirão sobre todas as verbas ora deferidas, exceto sobre o valor
referente ao intervalo intrajornada, após 11/11/2017, a multa do artigo 477 da CLT e reflexos
das diferenças salariais em férias com 1/3, aviso-prévio e FGTS+40%.

Não haverá incidência de imposto de renda sobre o valor que for apurado a título de
juros, porquanto os juros de mora decorrentes do inadimplemento de obrigação de pagamento
em dinheiro não integram a base de cálculo do imposto de renda, independentemente da
natureza jurídica da obrigação inadimplida, ante o cunho indenizatório conferido pelo art. 404
do Código Civil de 2002 (Súmula nº 26 do e. TRT da 15ª Região e Orientação Jurisprudencial
nº 400 da SDI-1 do colendo Tribunal Superior do Trabalho).

HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


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Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 12
Número do documento: 19042314444059400000043749220
Fls.: 20

Nos termos da Lei 13.467/17, os honorários advocatícios são devidos de forma


recíproca (artigo 791-A, §3º, da CLT).

Assim, condeno a reclamada a arcar com honorários advocatícios de 15% sobre o


valor que resultar da liquidação da sentença, em favor do patrono da reclamante.

A reclamante também deverá pagar os honorários advocatícios sucumbenciais em


favor do patrono da reclamada, no percentual de 15% sobre o valor atribuído na petição inicial
aos pedidos julgados improcedentes, observado o disposto no §4º do art. 791-A da CLT.

III - DISPOSITIVO

Pelo exposto, e por tudo o mais que dos autos consta, decido DECLARAR a
prescrição quinquenal, extinguindo o feito, com resolução do mérito em relação a eventuais
créditos exigíveis anteriores a 20/2/2014, na forma do disposto no artigo 487, II, do Novo
Código de Processo Civil e, no mérito, ACOLHER PARCIALMENTE os pedidos formulados
por JOSÉ ALEXANDRE AFONSO contra REVATI AGROPECUÁRIA LTDA.-EM RECUPERA
ÇÃO JUDICIAL; REVATI S.A. AÇÚCAR E ALCOOL - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL;
REVATI GERADORA DE ENERGIA ELÉTRICA LTDA-EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL;
RENUKA DO BRASIL AGROPECUÁRIA LTDA; RENUKA DO BRASIL FERTILIZANTES
AGRÍCOLAS LTDA;RENUKA DO BRASIL S.A.; RENUKA GERADORA DE ENERGIA ELÉT
RICA LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL; RENUKA COGERAÇÃO LTDA.-EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL; SHREE RENUKA PARTICIPAÇÕES LTDA; e SHREE RENUKA
SÃO PAULO PARTICIPAÇÕES LTDA.-EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, para declarar o
direito do reclamante e condenar as reclamadas, solidariamente, nos termos da
fundamentação supra, parte integrante deste dispositivo.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


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Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 13
Número do documento: 19042314444059400000043749220
Fls.: 21

Defiro os benefícios da justiça gratuita ao reclamante.

Juros, correção monetária e recolhimentos previdenciários e fiscais, conforme


exposto na fundamentação.

Defiro a dedução dos valores pagos a idênticos títulos dos ora deferidos, como
forma de evitar o enriquecimento sem causa.

Custas, pela reclamada, no valor de R$1.400,00 (mil e quatrocentos reais),


calculadas sobre o valor da condenação, provisoriamente, arbitrado em R$70.000,00 (setenta
mil reais).

As partes deverão arcar com os honorários sucumbenciais, nos termos da


fundamentação.

Advirto as partes de que a interposição de Embargos Declaratórios com


caráter meramente procrastinatório está sujeita a multa de 2% (dois por cento) sobre o
valor atualizado da causa, nos termos do §2º do artigo 1.026 do NCPC, e que na
reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até dez por cento, ficando
condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.

Intimem-se as partes.

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 14
Número do documento: 19042314444059400000043749220
Fls.: 22

Birigui/SP, 30 de abril de 2019.

ROSANA NUBIATO LEÃO

Juíza do Trabalho Substituta

Assinado eletronicamente por: ROSANA NUBIATO LEAO - 30/04/2019 17:44:24 - 6a7d85f


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19042314444059400000043749220
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 6a7d85f - Pág. 15
Número do documento: 19042314444059400000043749220
Fls.: 23

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL


JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
Vara do Trabalho de Birigui
RUA YOUSSEF ISMAIL MANSOUR , 300, JARDIM ALTO DO SILVARES, BIRIGUI - SP - CEP:
16202-484
TEL.: (18) 36413352 - EMAIL: saj.vt.birigui@trt15.jus.br

PROCESSO: 0010206-45.2019.5.15.0073
CLASSE: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO (985)

AUTOR: JOSE ALEXANDRE AFONSO


RÉU: REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL e outros (9)
mg

DECISÃO PJe-JT

Pressupostos extrínsecos:

O recurso ordinário interposto pelo reclamante (ID 583b0cf) é tempestivo.


Regular a representação.

O recurso interposto pela reclamada (ID 04fc7c0) é tempestivo e a recorrente está isenta do depósito
recursal, na forma do art. 899, § 10, da CLT, por se encontrar em Recuperação Judicial.

Recolhidas as custas pela reclamada.

Pressupostos intrínsecos:

Todas as matérias debatidas preenchem o requisito de admissibilidade.

Apresentem os recorridos contrarrazões no prazo legal e, após, remetam-se os autos ao segundo grau.

Intimem-se ainda os patronos das partes para que efetuem, se for o caso, seu cadastramento junto ao
sistema PJE na 2ª instância.

BIRIGUI, 16 de Maio de 2019.

Assinado eletronicamente por: ELEN ZORAIDE MODOLO JUCA - 16/05/2019 09:36:22 - 02ddb70
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19051608553044200000043749215
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 02ddb70 - Pág. 1
Número do documento: 19051608553044200000043749215
Fls.: 24

Juiz(a) do Trabalho

Assinado eletronicamente por: ELEN ZORAIDE MODOLO JUCA - 16/05/2019 09:36:22 - 02ddb70
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19051608553044200000043749215
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 02ddb70 - Pág. 2
Número do documento: 19051608553044200000043749215
Fls.: 25

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

Identificação
PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA
DE ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO
LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL
JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO
RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os


pedidos, recorrem as partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às
seguintes matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19110815085969100000051123164
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 1
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 26

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em


recuperação judicial, de modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da
CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no


art. 790-A da CLT, que trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente
recolhidas pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que


cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo


intrajornada e seus reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em
função do trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este


título, e não apenas do período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a
irretroatividade das novas regras de direito material.

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19110815085969100000051123164
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 2
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 27

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas


30 minutos, matéria de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de


modo que a maior parte de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que
alterou a redação do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o


pagamento do período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento
sumulado do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO.


APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs
307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e
27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica
o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com
acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho
(art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de
remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido


como o mínimo necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer
trabalhador submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada


pacificou-se a partir da edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação
introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido
pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação,
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava


que o empregador deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não
indenizá-lo.

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


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Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 3
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 28

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à


reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de


horas extras pelo labor executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da
hora do período intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os
pedidos são diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante


ao pagamento do período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos
do art. 71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação pela
privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo não usufruído
corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite máximo da jornada de
trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII, da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467


/2017, é devido o pagamento apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como
ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local


de trabalho era de difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017
excluiu o direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467
/2017, "O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer
meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de
difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19110815085969100000051123164
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 4
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 29

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo


empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno,
caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será
computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor


comprovou o transporte às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do
direito. Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos


impeditivos (facilidade de acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT
e 373, II, do CPC/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela


empresa (pois denota a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de
transporte público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com


evidente natureza salarial, já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do
art. 58, §2º, da CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar
em incorporação de condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante,
sendo compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do contrato.
Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in


itinere" a partir da vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19110815085969100000051123164
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 5
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 30

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao


argumento de que o pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da
categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º,


da CLT, em razão de parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em
questão, tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é


do empregador e não pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de
natureza alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das
verbas rescisórias deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se
que o seu pagamento deve ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no
parágrafo 6º do referido diploma de lei, e não em parcelas, pois se estaria a permitir o
atraso no seu pagamento. Trata-se de direito indisponível do empregado pelo que é
devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas rescisórias, a incidência da multa
prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso de revista não conhecido.
(...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento: 13/12/2017, Relator
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/12
/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO


477, § 8º, DA CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do
sindicato, o pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não
exclui a incidência da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido.
Recurso de Revista de que se conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR
- 644-86.2012.5.15.0160 Data de Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João
Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/10/2017)

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida


a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19110815085969100000051123164
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 6
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 31

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta


a r. sentença de origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da
CLT. O fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a


incidência dos honorários advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15%
(quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo,
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações
decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de


Inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do
feito, conforme entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de honorários,
em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso LXXVIII do artigo 5º
da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários


advocatícios sobre o crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro
atentado à sua subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a
garantia constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a


exigibilidade da norma, ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu
art. 6º, in verbis:

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19110815085969100000051123164
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 7
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 32

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios


sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às
ações propostas após 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas
anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs
219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da


exigência: ROPS 0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e
ROPS 0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na


qual se discute a constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para
suspensão dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a


vigência da Lei n. 13.467/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu
entendimento pessoal, fixo ser aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467
/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo


deve observar: o grau de zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância
da causa; o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e


oral, tendo o advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de remunerar
condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual arbitrado em favor dos
patronos do Autor.

Apelo improvido.

Dispositivo

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19110815085969100000051123164
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 8
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 33

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE


ALEXANDRE AFONSO E RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL
PROVIMENTO, AO DO RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DO INTERVALO INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À
VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO
PAGAMENTO DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À
REFORMA, MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª


Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura
Desembargadora Luciane Storel
Relatora

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 08/04/2020 10:39:48 - 523ebbc


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19110815085969100000051123164
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 523ebbc - Pág. 9
Número do documento: 19110815085969100000051123164
Fls.: 34

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 35

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 36

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 37

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 38

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 39

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 40

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 41

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 42

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
Fls.: 43

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:06 - 6b6ddaf
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544332000000056711934?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544332000000056711934
Fls.: 44

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 45

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 46

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 47

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 48

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 49

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 50

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 51

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 52

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
Fls.: 53

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 5f2a15a
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544344800000056711935?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544344800000056711935
Fls.: 54

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 55

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 56

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 57

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 58

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 59

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 60

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 61

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 62

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
Fls.: 63

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 047b498
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544355600000056711936?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544355600000056711936
Fls.: 64

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 97e52a6
Fls.: 65

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 97e52a6
Fls.: 66

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 97e52a6
Fls.: 67

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

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Fls.: 68

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 97e52a6
Fls.: 69

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 97e52a6
Fls.: 70

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 97e52a6
Fls.: 71

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

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Fls.: 72

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 97e52a6
Fls.: 73

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 97e52a6
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544367700000056711937?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544367700000056711937
Fls.: 74

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 75

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 76

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 77

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 78

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 79

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 80

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 81

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 82

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
Fls.: 83

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:07 - 4c42e2a
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544378700000056711938?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544378700000056711938
Fls.: 84

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 85

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 86

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 87

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 88

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 89

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 90

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 91

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 92

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
Fls.: 93

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - af16a46
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Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544388800000056711939
Fls.: 94

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

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Fls.: 95

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

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Fls.: 96

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - bc7833e
Fls.: 97

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

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Fls.: 98

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

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Fls.: 99

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - bc7833e
Fls.: 100

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

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Fls.: 101

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

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Fls.: 102

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - bc7833e
Fls.: 103

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - bc7833e
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544399600000056711940?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544399600000056711940
Fls.: 104

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 105

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 106

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 107

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 108

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 109

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 110

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 111

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 112

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
Fls.: 113

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:08 - 29a5837
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544411000000056711941?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544411000000056711941
Fls.: 114

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 115

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 116

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 117

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 118

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 119

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 120

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 121

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 122

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
Fls.: 123

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 78747e0
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544421300000056711942?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544421300000056711942
Fls.: 124

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 125

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 126

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 127

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 128

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 129

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 130

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 131

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 132

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
Fls.: 133

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 5f90d54
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544432200000056711943?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544432200000056711943
Fls.: 134

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 135

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 136

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 137

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 138

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 139

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 140

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 141

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 142

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
Fls.: 143

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:09 - 0bb45a6
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544442500000056711944?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544442500000056711944
Fls.: 144

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - fee8438
Fls.: 145

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - fee8438
Fls.: 146

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

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Fls.: 147

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

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A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

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MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

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Fls.: 150

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

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Fls.: 151

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

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Fls.: 152

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

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Fls.: 153

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

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https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544453000000056711945?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544453000000056711945
Fls.: 154

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

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Fls.: 155

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

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Fls.: 156

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - 7ba6f34
Fls.: 157

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - 7ba6f34
Fls.: 158

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

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Fls.: 159

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - 7ba6f34
Fls.: 160

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - 7ba6f34
Fls.: 161

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - 7ba6f34
Fls.: 162

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - 7ba6f34
Fls.: 163

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 11 de maio de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 11/05/2020 15:55:10 - 7ba6f34
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20051115544464000000056711946?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20051115544464000000056711946
Fls.: 164

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 165

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 166

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 167

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 168

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 169

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 170

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 171

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 172

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
Fls.: 173

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:09 - 92684d5
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335756800000058454595?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335756800000058454595
Fls.: 174

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 175

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 176

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 177

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 178

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 179

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 180

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 181

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 182

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
Fls.: 183

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 990d51c
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335767000000058454596?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335767000000058454596
Fls.: 184

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 4fbe3cf
Fls.: 185

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

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Fls.: 186

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

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Fls.: 187

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

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Fls.: 188

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

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Fls.: 189

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

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Fls.: 190

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

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Fls.: 191

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

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Fls.: 192

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

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Fls.: 193

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

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https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335776500000058454598?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335776500000058454598
Fls.: 194

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 195

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 196

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 197

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 198

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 199

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 200

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 201

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 202

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
Fls.: 203

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - b9bb134
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335786000000058454599?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335786000000058454599
Fls.: 204

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 9c70ed1
Fls.: 205

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 9c70ed1
Fls.: 206

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 9c70ed1
Fls.: 207

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 9c70ed1
Fls.: 208

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 9c70ed1
Fls.: 209

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 9c70ed1
Fls.: 210

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

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Fls.: 211

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

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Fls.: 212

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 9c70ed1
Fls.: 213

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 9c70ed1
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335795400000058454600?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335795400000058454600
Fls.: 214

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
Fls.: 215

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
Fls.: 216

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
Fls.: 217

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
Fls.: 218

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

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Fls.: 219

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
Fls.: 220

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
Fls.: 221

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
Fls.: 222

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
Fls.: 223

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:10 - 11e7420
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335804700000058454602?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335804700000058454602
Fls.: 224

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 225

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 226

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 227

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 228

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 229

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 230

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 231

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 232

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
Fls.: 233

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 88a6e4b
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335814300000058454603?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335814300000058454603
Fls.: 234

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
Fls.: 235

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
Fls.: 236

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
Fls.: 237

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

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Fls.: 238

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
Fls.: 239

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
Fls.: 240

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
Fls.: 241

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
Fls.: 242

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
Fls.: 243

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 3703452
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335824200000058454604?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335824200000058454604
Fls.: 244

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 245

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 246

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 247

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 248

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 249

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 250

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 251

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 252

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
Fls.: 253

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:11 - 9bb7587
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335834900000058454606?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335834900000058454606
Fls.: 254

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

PROCESSO nº 0010206-45.2019.5.15.0073 (ROT)


RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL - EM RECUPERACAO
JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO
JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL
FERTILIZANTES AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A., RENUKA GERADORA DE
ENERGIA ELETRICA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-
EM RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA., SHREE
RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL

JUÍZA SENTENCIANTE: ROSANA NUBIATO LEAO


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

Da R. Sentença (fls. 647/661), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, recorrem as


partes, tempestivamente. A Reclamada (fls. 677/687), insurgindo-se com relação às seguintes
matérias: intervalo intrajornada, horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT. Já, o Reclamante
(fls. 690/696) busca a reforma do julgado originário no que tange aos seguintes tópicos: intervalo
intrajornada e honorários advocatícios.

Custas recolhidas pela Reclamada (fl. 689)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 255

Contrarrazões nos autos (fls. 701/706 e 707/713).

Representação processual regular (fls. 25 e 124/125).

Alçada permissível.

Autos relatados.

Fundamentação

VOTO

PRELIMINARMENTE

ADMISSIBILIDADE

Os documentos de fls. 478 e seg. comprovam que a Ré se encontra em recuperação judicial, de


modo que faz jus à isenção do depósito recursal, nos termos do art. 899, §10, da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/2017.

Por outro lado, o legislador reformista não fez semelhante alteração no art. 790-A da CLT, que
trata da isenção das custas processuais. Nada obstante, estas foram devidamente recolhidas
pela Reclamada, conforme comprovante de fl. 689.

Dessa feita, conheço os recursos ordinários interpostos, visto que cumpridas as exigências legais.

A matéria em comum será analisada conjuntamente.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 256

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA (COMUM)

Insurge-se a Reclamada contra a condenação ao pagamento do intervalo intrajornada e seus


reflexos, ao argumento de que haveria bis in idem com as horas extras deferidas em função do
trabalho realizado durante o intervalo. Sucessivamente, requer o reconhecimento da natureza
indenizatória da parcela.

O Reclamante, por sua vez, requer o pagamento de 1 hora diária a este título, e não apenas do
período suprimido de 30 minutos, conforme Súmula 437 do C. TST, ante a irretroatividade das
novas regras de direito material.

A prova testemunhal demonstrou que o intervalo do obreiro era de apenas 30 minutos, matéria
de fato que não foi impugnada nas razões recursais da defesa.

Ora, o Autor da reclamatória trabalhou de 13/02/2009 a 28/11/2017, de modo que a maior parte
de seu contrato se deu em período anterior à vigência da Lei 13.467/2017, que alterou a redação
do art. 71, §4º, da CLT, para ora determinar o pagamento apenas do período suprimido.

Na redação vigente à época da contratação, a lei era clara em determinar o pagamento do


período correspondente ao intervalo mínimo, o que, inclusive, consta de entendimento sumulado
do C. TST, in verbis:

SÚM. 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO


DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381
da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo
de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT),
sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

A intenção do legislador era clara. Se o tempo de 1 hora foi concebido como o mínimo
necessário para a reposição das forças físicas e psíquicas do empregado, qualquer trabalhador
submetido a intervalo menor que o legal sofrerá repercussões sobre sua saúde, daí porque faz
jus a integral reparação.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 257

Do mesmo modo, a questão da natureza jurídica do intervalo intrajornada pacificou-se a partir da


edição da Súmula acima mencionada, que assim explicita em seu inciso III:

"III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida
pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de
outras parcelas salariais".

Com efeito, na redação anterior à Lei 13.467/2017, o § 4º do art. 71 ditava que o empregador
deveria remunerar o período correspondente ao intervalo desrespeitado, e não indenizá-lo.

Pertinentes, pois, os reflexos deferidos para o período contratual anterior à reforma da CLT.

Registre-se que não há bis in idem pela condenação ao pagamento de horas extras pelo labor
executado durante do período de intervalo intrajornada, além do pagamento da hora do período
intervalar, tendo em vista que o fato gerador e o dispositivo legal que embasam os pedidos são
diversos.

Comprovada a supressão do intervalo intrajornada, faz jus o Reclamante ao pagamento do


período integral de 1 hora, acrescido do adicional de 50% e reflexos, nos exatos termos do art.
71, § 4º, da CLT, em sua redação vigente ao tempo do contrato, como forma de compensação
pela privação do descanso legal. Além disso, violado o intervalo mínimo, inegável que o tempo
não usufruído corresponde a trabalho efetivo, motivo pelo qual, havendo superação do limite
máximo da jornada de trabalho, deve ser pago como hora extra, em cumprimento ao art. 7º, XIII,
da CF.

Por outro lado, a partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei 13.467/2017, é devido o pagamento
apenas do período suprimido do intervalo, de natureza indenizatória, como ora determina a CLT.

Recurso da Reclamada a que se nega provimento.

Recurso do Reclamante parcialmente provido.

HORAS "IN ITINERE" (RECLAMADA)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 258

A Recorrente sustenta que era ônus do Reclamante comprovar que o local de trabalho era de
difícil acesso e não servido por transporte público e, ainda, que a Lei 13.467/2017 excluiu o
direito às horas "in itinere". Sucessivamente, pede o reconhecimento da natureza indenizatória
da parcela.

Nos termos do art. 58, §2º, da CLT, na redação anterior à Lei 13.467/2017, "O tempo despendido
pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso
ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução".

Atualmente, a CLT reformada assim dispõe: "O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."

A Origem julgou procedente o pedido, sob o fundamento de que o Autor comprovou o transporte
às expensas da empregadora, mas esta não demonstrou os fatos impeditivos do direito.
Entendeu, outrossim, que a condição benéfica teria aderido ao contrato de trabalho do
Reclamante, sendo devido o pagamento mesmo após a vigência da Lei 13.467/2017.

A sentença demanda parcial reforma.

Em primeiro lugar, era da Recorrida o encargo pertinente aos fatos impeditivos (facilidade de
acesso e existência de transporte público), de acordo com os arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC
/2015. Desse ônus, contudo, não se desvencilhou.

Não bastasse a presunção que emana do fornecimento de condução pela empresa (pois denota
a dificuldade de acesso), é certo que a Reclamada não comprovou a existência de transporte
público regular - como tal, evidentemente, aquele que se revela compatível com o horário de
trabalho do empregado.

Logo, correta a condenação ao pagamento das horas "in itinere", com evidente natureza salarial,
já que constituíam tempo à disposição do empregador, nos exatos termos do art. 58, §2º, da
CLT, na redação vigente ao tempo da contratação.

Por outro lado, data venia ao entendimento originário, não se pode falar em incorporação de
condição benéfica. A Reclamada nunca pagou horas "in itinere" ao Reclamante, sendo
compelida a fazê-lo, na presente ação, em virtude da lei inicialmente vigente ao tempo do
contrato. Logo, a partir da alteração do panorama legislativo, indevida qualquer verba baseada
na lei revogada.

Recurso parcialmente provido, apenas para excluir o direito a horas "in itinere" a partir da
vigência da Lei 13.467, em 11/11/2017.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 259

MULTA DO ART. 477 DA CLT (RECLAMADA)

A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao argumento de que o


pagamento parcelado das verbas rescisórias foi acordado com o sindicato da categoria.

Sem razão.

O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, § 6º, da CLT, em razão de
parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não afasta a aplicação da multa em questão,
tendo em vista a natureza cogente dessa norma.

Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é do empregador e não
pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo quando se refere a verbas de natureza
alimentar que são indisponíveis, não cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT.


INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e 6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias
deve ser realizado em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu pagamento deve
ser feito à vista, de forma integral, no prazo previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e
não em parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento. Trata-se de direito
indisponível do empregado pelo que é devida, nesta hipótese de pagamento parcial das verbas
rescisórias, a incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT (precedentes). Recurso
de revista não conhecido. (...) (Processo: RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento:
13/12/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/12/2017)

VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA


CLT. Ainda que com o consentimento do empregado e com a anuência do sindicato, o
pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não exclui a incidência
da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. Recurso de Revista de que se
conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160 Data de
Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/10/2017)

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 260

Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias, devida a aplicação da multa.

Mantida.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (RECLAMANTE)

Tratando-se de ação ajuizada após a vigência da Lei 13.467/2017, correta a r. sentença de


origem, que arbitrou honorários de sucumbência recíproca, com amparo no art. 791-A da CLT. O
fato de o contrato de trabalho ter se iniciado anteriormente é irrelevante, pois trata-se de norma
processual, estando o Autor ciente, desde o ajuizamento da demanda, quanto ao risco da
sucumbência.

Ademais, o fato de ser beneficiário da justiça gratuita não afasta a incidência dos honorários
advocatícios, conforme art. 791-A da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

(...)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou,
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Registro que está pendente de julgamento, neste Regional, Arguição de Inconstitucionalidade do


art. 791-A, § 4º, da CLT. Todavia, deixo de determinar o sobrestamento do feito, conforme
entendimento recente do C. TST no IRDR 341-06.2013.5.04.0011, segundo o qual seria
contraproducente sustar o andamento da ação apenas em função da pretensão acessória de
honorários, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, consagrado no inciso
LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República.

No entender desta Relatora, é inconstitucional a incidência de honorários advocatícios sobre o


crédito alimentar do beneficiário da justiça gratuita, configurando verdadeiro atentado à sua

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 261

subsistência e, assim, à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), além de violar a garantia
constitucional de assistência judiciária integral e gratuita aos hipossuficientes, dever do Estado
(CF, art. 5º, LXXIV). Aliás, a Lei n. 1060/50 assim o prevê.

Não obstante, o C. Tribunal Superior do Trabalho acabou chancelando a exigibilidade da norma,


ao aprovar a Instrução Normativa nº 41/2018, de 22/06/2018, dispondo em seu art. 6º, in verbis:

"Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais,


prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11
de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as
diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nºs 219 e 329 do TST.

Esta Câmara, também, reúne precedentes pela constitucionalidade da exigência: ROPS


0010025-62.2018.5.15.0046, Rel. Juiz Marcelo Magalhães Rufino, DEJT 17/08/2018; e ROPS
0010443-88.2018.5.15.0146, Rel. Des. Carlos Alberto Bosco, DEJT 12/09/2018.

Destaco, outrossim, que não foi concluído o julgamento da ADI 5766, na qual se discute a
constitucionalidade de mencionado dispositivo, nem foi deferida medida cautelar para suspensão
dos seus efeitos.

No caso vertente, a ação foi proposta em 20/02/2019, ou seja, após a vigência da Lei n. 13.467
/2017. Dessa forma, por disciplina judiciária, com ressalva de meu entendimento pessoal, fixo ser
aplicável a redação do art. 791-A, §4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.

Revisa-se, então, quanto ao valor arbitrado.

Conforme o §2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, o Juízo deve observar: o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

A presente ação desafiou matéria de fato e de direito, prova documental e oral, tendo o
advogado da Reclamada apresentado contestação, razões finais e contrarrazões ao recurso.
Assim, a fixação realizada pelo Juízo a quo mostra-se razoável, pois atende ao imperativo de
remunerar condignamente o tempo exigido do causídico, além de ser equânime ao percentual
arbitrado em favor dos patronos do Autor.

Apelo improvido.

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 262

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS RECURSOS DE JOSE ALEXANDRE AFONSO E


RENUKA DO BRASIL S.A., PARA DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO , AO DO
RECLAMANTE, PARA AMPLIAR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO INTERVALO
INTRAJORNADA PARA 1 HORA, NO PERÍODO CONTRATUAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 13.467/2017, AO DA RECLAMADA, PARA EXCLUIR A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DE HORAS "IN ITINERE", NO PERÍODO CONTRATUAL POSTERIOR À REFORMA,
MANTENDO-SE INCÓLUME, NO MAIS, A R. SENTENÇA, INCLUSIVE VALORES
ARBITRADOS.

Processo Julgado em Sessão Extraordinária Virtual realizada em 07 de abril de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho


Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Marcelo Magalhães Rufino

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
Fls.: 263

Convocado o Juiz Marcelo Magalhães Rufino na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Votos Revisores

, 09 de junho de 2020.

GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: GILBERTO GONCALVES DE ALMEIDA - Juntado em: 09/06/2020 09:34:12 - 1001fc0
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20060909335846700000058454607?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20060909335846700000058454607
Fls.: 264

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

Identificação
7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)
0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS
EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.
RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do art. 7º,
XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de horas
"in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 - f16a4d7


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. f16a4d7 - Pág. 1
Número do documento: 20062414144040800000059261416
Fls.: 265

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do


prequestionamento de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento
de embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de prequestionamento,
nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja, nos casos de omissão e
contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a Reclamada pediu o
afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de acesso e existência de transporte
público regular, além de invocar a nova redação do art. 58, §2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria
foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados, que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas
"in itinere", tratando-se de alegação inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já


deixou explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade celetista, de
modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do


empregado (fl. 52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um
acordo coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o presente
processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE 1121633 (Tema
1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da validade de norma coletiva que
restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de


cooperação e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 - f16a4d7


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. f16a4d7 - Pág. 2
Número do documento: 20062414144040800000059261416
Fls.: 266

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS


DECLARATÓRIOS OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES
PROVIMENTO, NA FORMA DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Acórdão
Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª


Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura
Desembargadora Luciane Storel
Relatora

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 - f16a4d7


https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. f16a4d7 - Pág. 3
Número do documento: 20062414144040800000059261416
Fls.: 267

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - c93e217
Fls.: 268

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - c93e217
Fls.: 269

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - c93e217
Fls.: 270

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - c93e217
Fls.: 271

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - c93e217
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250064600000061608750?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250064600000061608750
Fls.: 272

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - f23ef64
Fls.: 273

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - f23ef64
Fls.: 274

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - f23ef64
Fls.: 275

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - f23ef64
Fls.: 276

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:08 - f23ef64
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250076200000061608751?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250076200000061608751
Fls.: 277

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 367e996
Fls.: 278

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 367e996
Fls.: 279

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 367e996
Fls.: 280

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 367e996
Fls.: 281

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 367e996
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250086000000061608752?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250086000000061608752
Fls.: 282

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 01d177b
Fls.: 283

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 01d177b
Fls.: 284

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 01d177b
Fls.: 285

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 01d177b
Fls.: 286

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - 01d177b
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250095000000061608754?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250095000000061608754
Fls.: 287

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - cae4de0
Fls.: 288

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - cae4de0
Fls.: 289

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - cae4de0
Fls.: 290

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - cae4de0
Fls.: 291

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - cae4de0
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250104100000061608755?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250104100000061608755
Fls.: 292

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d6e396f
Fls.: 293

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d6e396f
Fls.: 294

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d6e396f
Fls.: 295

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d6e396f
Fls.: 296

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d6e396f
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250113300000061608756?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250113300000061608756
Fls.: 297

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d281582
Fls.: 298

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d281582
Fls.: 299

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d281582
Fls.: 300

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d281582
Fls.: 301

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:09 - d281582
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250124000000061608758?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250124000000061608758
Fls.: 302

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - dc7190a
Fls.: 303

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - dc7190a
Fls.: 304

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - dc7190a
Fls.: 305

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - dc7190a
Fls.: 306

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - dc7190a
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250135200000061608759?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250135200000061608759
Fls.: 307

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - a432825
Fls.: 308

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - a432825
Fls.: 309

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - a432825
Fls.: 310

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - a432825
Fls.: 311

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - a432825
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250145500000061608760?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250145500000061608760
Fls.: 312

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
7ª CÂMARA
Relatora: LUCIANE STOREL
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (2)
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO E OUTROS (11)

Identificação

7ª CÂMARA (QUARTA TURMA)

0010206-45.2019.5.15.0073 - ED - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

EMBARGANTE: RENUKA DO BRASIL S.A.


RELATORA: LUCIANE STOREL

Relatório

A Reclamada interpõe embargos de declaração (fls. 1008/1010),


tempestivamente, contra o V. Acórdão (fls. 769/777), pedindo manifestação expressa acerca do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, para fins de prequestionamento.

Representação processual regular.

Brevemente relatados.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - 7ce5d92
Fls.: 313

Fundamentação

VOTO

Conheço dos embargos, porque regularmente processados.

MÉRITO

A Embargante pede manifestação expressa acerca da validade de acordo


coletivo de trabalho, à luz do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, no que tange aos tópicos de
horas "in itinere" e multa do art. 477 da CLT, para fins de prequestionamento.

Em primeiro lugar, registro que, mesmo com a estipulação do prequestionamento


de matéria, não criou a Súmula nº 297, do Colendo TST, nova hipótese de cabimento de
embargos de declaração, só continuando cabíveis, ainda que com a finalidade de
prequestionamento, nas hipóteses expressamente previstas no artigo 897-A, da CLT. Ou seja,
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.

Não é este, porém, o caso dos autos.

Em relação às horas de percurso, verifico que a Embargante invoca, nos


embargos, matéria não suscitada nas razões de seu recurso ordinário. Em verdade, a
Reclamada pediu o afastamento da condenação a horas "in itinere", alegando facilidade de
acesso e existência de transporte público regular, além de invocar a nova redação do art. 58,
§2º, CLT. Em nenhum momento, a matéria foi abordada à luz dos acordos coletivos juntados,
que, a propósito, sequer pactuam pagamento de horas "in itinere", tratando-se de alegação
inovatória e manifestamente tumultuária.

No que tange à aplicação da multa do art. 477 da CLT, o V. Acórdão já deixou


explícito o entendimento de que qualquer negociação com assistência do sindicato, para
parcelamento das verbas rescisórias, não tem o condão de afastar a aplicação da penalidade
celetista, de modo que inexiste qualquer omissão no julgado.

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - 7ce5d92
Fls.: 314

Impende destacar que o termo de parcelamento feito em face do empregado (fl.


52), além de não prever a exclusão da multa do art. 477, §8º, CLT, não equivale a um acordo
coletivo de trabalho. Portanto, a alegação de contrariedade ao art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal é absolutamente desprovida de fundamento, lançada com o claro intuito de enquadrar o
presente processo na suspensão de tramitação determinada pelo Min. Gilmar Mendes no ARE
1121633 (Tema 1046 da repercussão gerla), mesmo que o processo não tenha tratado da
validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista.

Ficam a Reclamada e seu patrono advertidos quanto aos deveres de cooperação


e boa fé processuais, podendo a parte embargante se sujeitar às penalidades previstas no CPC
para a litigância desleal, na reiteração da conduta.

Rejeito.

Dispositivo

ISTO POSTO, DECIDO CONHECER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


OPOSTOS POR RENUKA DO BRASIL S.A., PARA NEGAR-LHES PROVIMENTO, NA FORMA
DA FUNDAMENTAÇÃO.

Cabeçalho do acórdão

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - 7ce5d92
Fls.: 315

Acórdão

Processo Julgado em Sessão Extraordinária por virtual realizada em 07 de


julho de 2020.

Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do


Trabalho Luciane Storel.

Composição:
Relatora Desembargadora do Trabalho Luciane Storel
Desembargador do Trabalho Renan Ravel Rodrigues Fagundes
Juiz do Trabalho Manoel Luiz Costa Penido

Convocado o Juiz Manoel Luiz Costa Penido na cadeira auxílio.

Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente.

ACÓRDÃO

Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto
pela Exma. Sra. Relatora.

Votação unânime.

Assinatura

Desembargadora Luciane Storel


Relatora

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - 7ce5d92
Fls.: 316

Votos Revisores

Assinado eletronicamente por: LUCIANE STOREL - 09/07/2020 11:58:37 -


f16a4d7
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=20062414144040800000059261416
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20062414144040800000059261416

, 14 de agosto de 2020.

HELOISA NAOMI NUMATA


Diretor de Secretaria

Assinado eletronicamente por: HELOISA NAOMI NUMATA - Juntado em: 14/08/2020 15:25:10 - 7ce5d92
https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/20081415250155700000061608761?instancia=2
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073
Número do documento: 20081415250155700000061608761
Fls.: 317

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
Gabinete da Vice-Presidência Judicial
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
- EM RECUPERACAO JUDICIAL
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA
LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL -
EM RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA
ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL
AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL FERTILIZANTES
AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A. - EM RECUPERACAO
JUDICIAL , RENUKA GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA - EM
RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA.,
SHREE RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL

RECURSO DE REVISTA

Recorrente(s): RENUKA DO BRASIL S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL e outro(s)


Advogado(a)(s): JORGE MIGUEL MANSUR FILHO (SP - 299127)
Recorrido(a)(s): JOSE ALEXANDRE AFONSO
Advogado(a)(s): RAPHAEL PAIVA FREIRE (SP - 356529)

A reclamada pretende a suspensão do processo, conforme decisão proferida na ARE 1.121.633.

Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, por meio da decisão do Ministro Gilmar Mendes, proferida no
ARE 1.121.633/GO, com repercussão geral reconhecida, determinou a suspensão de todos os processos
pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no território nacional e que versem sobre a 'Validade
de norma coletiva de trabalho que limita ou restringe direito trabalhista não assegurado
constitucionalmente'.

Todavia, ao apreciar a matéria objeto do apelo, o v. acórdão recorrido não se fundamentou na invalidade
de norma coletiva.

Portanto, não há que se falar em suspensão do presente processo. Indefiro.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Tempestivo o recurso (decisão publicada em 17/08/2020; recurso apresentado em 26/08/2020).

Regular a representação processual.

Desnecessário o depósito recursal (§ 10 do art. 899 da CLT - parte recorrente em recuperação judicial).
Custas recolhidas.

Assinado eletronicamente por: TEREZA APARECIDA ASTA GEMIGNANI - 14/09/2020 21:58:39 - 680689a
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20082805081035100000062155593
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 680689a - Pág. 1
Número do documento: 20082805081035100000062155593
Fls.: 318

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO/VERBAS RESCISÓRIAS/MULTA DO ARTIGO 477


DA CLT.

Conforme entendeu o v. acórdão, restou incontroverso o parcelamento das verbas rescisórias, tornando
devida a multa prevista no art. 477 da CLT, pois, nos termos da Súmula 388 do C. TST, apenas a massa
falida não está sujeita a tal penalidade, o que não é o caso da 1ª reclamada.

O C. TST firmou entendimento de que a existência de acordo individual ou coletivo prevendo o


pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao exigido pelo § 6º do art. 477 da CLT
não exclui a incidência da multa prevista no § 8º do mesmo dispositivo legal, por se tratar de direito
indisponível do trabalhador (RR-200600-80.2000.5.15.0006, 1ª Turma, DEJT-13/08/10, AIRR-51340-
11.2008.5.02.0005, 2ª Turma, DEJT-25/03/11, RR-7400-11.2008.5.04.0661, 3ª Turma, DEJT-03/12/10,
RR-150100-97.2002.5.02.0039, 4ª Turma, DEJT-19/04/11, RR-1300300-75.2008.5.09.0013, 5ª Turma,
DEJT-04/02/11, RR-112700-51.1999.5.02.0040, 6ª Turma, DJ-19/09/08, RR-3154000-
50.2007.5.09.0012, 6ª Turma, DEJT-12/11/10 e RR-181300-93.2003.5.02.0005, 8ª Turma, DEJT-12/11
/10).

Inviável, por decorrência, o apelo, ante o disposto no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do C. TST.

CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se e intime-se.

Campinas-SP, 14 de setembro de 2020.

TEREZA APARECIDA ASTA GEMIGNANI

Desembargadora do Trabalho
Vice-Presidente Judicial

/hds

Assinado eletronicamente por: TEREZA APARECIDA ASTA GEMIGNANI - 14/09/2020 21:58:39 - 680689a
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20082805081035100000062155593
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. 680689a - Pág. 2
Número do documento: 20082805081035100000062155593
Fls.: 319

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
Gabinete da Vice-Presidência Judicial
ROT 0010206-45.2019.5.15.0073
RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO , RENUKA DO BRASIL S.A.
- EM RECUPERACAO JUDICIAL
RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO , REVATI AGROPECUARIA
LTDA.-EM RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI S.A. ACUCAR E ALCOOL -
EM RECUPERACAO JUDICIAL, REVATI GERADORA DE ENERGIA
ELETRICA LTDA-EM RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA DO BRASIL
AGROPECUARIA LTDA, RENUKA DO BRASIL FERTILIZANTES
AGRICOLAS LTDA, RENUKA DO BRASIL S.A. - EM RECUPERACAO
JUDICIAL , RENUKA GERADORA DE ENERGIA ELETRICA LTDA - EM
RECUPERACAO JUDICIAL, RENUKA COGERACAO LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL, SHREE RENUKA PARTICIPACOES LTDA.,
SHREE RENUKA SAO PAULO PARTICIPACOES LTDA.-EM
RECUPERACAO JUDICIAL

Órgão Especial

Gabinete da Vice-Presidência Judicial

Número do Processo: 0010206-45.2019.5.15.0073

Classe Judicial: RECURSO ORDINÁRIO TRABALHISTA (1009)

RECORRENTE: JOSE ALEXANDRE AFONSO e outros

RECORRIDO: JOSE ALEXANDRE AFONSO e outros (10)

Mantenho o despacho agravado.

Intime(m)-se o(s) agravado(s) para apresentar(em) contraminuta e contrarrazões.

Após regular processamento, remetam-se ao E. Tribunal Superior do Trabalho.

CAMPINAS, 9 de Outubro de 2020.

TEREZA APARECIDA ASTA GEMIGNANI

Desembargadora Vice-Presidente Judicial

Assinado eletronicamente por: TEREZA APARECIDA ASTA GEMIGNANI - 09/10/2020 22:30:40 - b48feeb
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20100913402907600000063687044
Número do processo: 0010206-45.2019.5.15.0073 ID. b48feeb - Pág. 1
Número do documento: 20100913402907600000063687044
SUMÁRIO
Documentos

Data da
Id. Documento Tipo
Assinatura

d6660b0 25/02/2019 10:24 Despacho Despacho

9fa89d9 20/03/2019 14:37 Intimação Intimação

7789489 03/04/2019 17:25 Ata da Audiência Ata da Audiência

6a7d85f 30/04/2019 17:44 Sentença Sentença

02ddb70 16/05/2019 09:36 Controle de prazo recursalMinutar decisão - Decisão


ARminutaEmElaboracao
523ebbc 08/04/2020 10:39 Acórdão Acórdão

6b6ddaf 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

5f2a15a 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

047b498 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

97e52a6 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

4c42e2a 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

af16a46 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

bc7833e 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

29a5837 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

78747e0 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

5f90d54 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

0bb45a6 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

fee8438 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

7ba6f34 11/05/2020 15:55 Intimação Intimação

92684d5 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

990d51c 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

4fbe3cf 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

b9bb134 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

9c70ed1 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

11e7420 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

88a6e4b 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

3703452 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

9bb7587 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

1001fc0 09/06/2020 09:34 Intimação Intimação

f16a4d7 09/07/2020 11:58 Acórdão Acórdão

c93e217 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

f23ef64 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

367e996 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação


01d177b 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

cae4de0 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

d6e396f 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

d281582 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

dc7190a 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

a432825 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

7ce5d92 14/08/2020 15:25 Intimação Intimação

680689a 14/09/2020 21:58 Decisão Decisão

b48feeb 09/10/2020 22:30 Despacho Despacho

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