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Artrose

A palavra osteoartrose significa degenerescência da articulação. A osteoartrose, vulgarmente


chamada artrose, é uma doença que atinge, fundamentalmente, a cartilagem articular, que é
um tecido conjuntivo elástico que se encontra nas extremidades dos ossos que se articulam
entre si.

A cartilagem articular é nutrida pelo líquido articular ou líquido sinovial, assim designado por
ser produzido pela sinovial, uma membrana rica em vasos que forra o interior das articulações.
Este líquido articular contribui para lubrificar a articulação, facilitando os seus movimentos, e
permitindo que nas articulações saudáveis as cartilagens deslizem umas sobre as outras sem
atrito, isto é, sem desgaste.

Na artrose as células (condrócitos) vão morrendo e produzem menor quantidade de


proteoglicanos e de colagénio. Em consequência disto, a cartilagem articular úlcera, e o osso
que está por debaixo da cartilagem reage, espessando-se e dando origem a excrescências ósseas
chamadas osteófitos. Os osteófitos são conhecidos pelo nome de «bicos de papagaio», porque
alguns deles, nas radiografias, dão imagens que lembram o bico de um papagaio.

Nesse processo degenerativo ocorrem frequentemente fenómenos de inflamação articular,


que causam dor e aumento de volume da articulação. Daí se utilizar também a designação de
“artrite” para estes quadros clínicos.

A artrose é uma das múltiplas doenças reumáticas e é, de longe, a mais comum. É uma doença
de natureza degenerativa que envolve toda a articulação.

A artrose não é sinónimo de envelhecimento articular (há idosos sem artroses e adultos jovens
com esta doença), embora seja mais frequente nos indivíduos idosos que, naturalmente,
tiveram mais anos para irem desgastando as articulações.

A artrose é a doença mais frequente e continuará a aumentar, dada a sua associação ao


envelhecimento. Em Portugal existem cerca de meio milhão de doentes com artrose e com
dores, embora, de facto, este número esteja próximo de 1 milhão, visto muitos doentes terem
osteoartrose e não apresentarem queixas.

Acima dos 60 anos de idade, 90% dos indivíduos têm artrose.

De facto, a doença é rara antes dos 40 anos, mas, a partir daí, torna-se cada vez mais frequente.
A associação com a idade é muito evidente, em grande parte porque se acumulam os riscos que
provocam a doença e, por outro lado, porque as articulações mais idosas têm mais dificuldade
em se adaptarem e regenerarem como as mais novas.

A osteoartrose é uma causa muito importante de invalidez nos idosos e uma das mais
frequentes causas de incapacidade definitiva e reforma antecipada. A doença afeta os dois
géneros igualmente, embora depois dos 50 anos haja um ligeiro predomínio do género
feminino.

É uma doença que surge em todos os climas e em todas as raças. O clima não é causa de artrose,
embora o frio e a humidade agravem as queixas destes doentes, e o clima quente alivie as dores.

Há articulações em que é mais comum surgir a artrose: os joelhos, as mãos, as ancas, a coluna
vertebral e os pés. Nas mãos, são as articulações dos dedos e, no punho, na base do polegar as
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articulações mais comuns. Na coluna vertebral, a região cervical e lombar. Nos pés é a base do
primeiro dedo, que quando está deformado é muitas vezes chamado “joanete”.

Em Portugal, as articulações mais frequentemente envolvidas são a coluna vertebral, em


particular os segmentos cervicais e lombar, os joelhos, as articulações das mãos e a da base do
dedo grande do pé. Contrariamente, as articulações dos punhos e os tornozelos são raramente
atingidas por artrose.

O que causa as artroses?

Todos aqueles que expõem o seu aparelho locomotor a sobrecargas ou trabalho excessivo,
como os desportistas e os obesos, e os que têm malformações das articulações ou dos membros,
como deformidades dos joelhos, das ancas ou dos pés, terão tendência para desenvolverem
artrose mais precocemente.

Algumas profissões podem originar artroses mais frequentemente em determinadas


articulações. Assim, por exemplo, os futebolistas têm mais artroses dos joelhos (gonartroses),
as bailarinas mais artroses dos tornozelos, os operários da construção civil que manejam
martelos pneumáticos mais artroses dos cotovelos, e os estivadores mais artroses da coluna
(espondilartroses).

As artroses podem ser primárias e secundárias.

As artroses primárias não têm uma causa conhecida, ao contrário das secundárias que podem
ser devidas a traumatismos, em particular microtraumatismos repetidos, a incongruência das
superfícies articulares, a fraturas antigas, a doenças infeciosas, inflamatórias e metabólicas que
tenham atingido a cartilagem previamente. A artrose primária é mais frequente na mulher, afeta
mais vezes as pequenas articulações e é mais frequente em determinadas famílias do que
noutras.

As artroses secundárias tendem a envolver as grandes articulações.

As causas de osteoartrose são múltiplas. De um modo geral, a sobrecarga de uma articulação


normal ou o uso normal de uma articulação doente são as causas de artrose.

Assim, é frequente encontrar no passado traumatismos (grandes ou pequenos, estes


normalmente muito repetidos), como os que resultam de atividades desportivas ou
profissionais, o excesso de peso, bem como outras doenças reumáticas ou malformações que
deterioraram as articulações previamente.

No entanto, existem muitos casos em que nenhuma causa é aparente ou em que apenas a
hereditariedade é identificada.

Como se manifestam as artroses?

Não há correlação entre o grau da lesão articular e a intensidade das dores. Muitos doentes têm
artroses avançadas e poucas dores, ao passo que outros muito queixosos têm artroses pouco
evoluídas. Os principais sintomas da osteoartrose são a dor, a rigidez, a limitação dos
movimentos e, em fases mais avançadas, as deformações. A dor tem um ritmo caracterizado
pelo facto das dores se agravarem ao longo do dia, com os movimentos e com os esforços, e
melhorarem quando o doente repousa, em particular quando se deita. Como regra, os doentes
com artrose não têm dores durante a noite e dormem bem, embora em alguns casos muito
avançados de artroses das ancas e dos joelhos as dores possam, também, surgir durante a noite.
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As queixas relativas à osteoartrose evoluem, em geral, muito lentamente e, às vezes, por surtos.
Isto significa que os doentes podem estar longos meses ou anos sem sintomas. Os sintomas mais
comuns são a dor articular durante o uso da articulação, em particular quando há sobrecarga.
Também pode ocorrer dor ou rigidez de curta duração quando se inicia o movimento após um
período de inatividade.

A limitação da mobilidade articular vai-se agravando progressivamente ao longo da evolução da


doença.

Podem ocorrer períodos com inchaço da articulação devido à inflamação. Nos dedos das mãos
essa inflamação toma a forma de nódulos e nos joelhos pode-se acumular líquido, o que coincide
com um agravamento das queixas. Durante a evolução da doença a articulação aumenta as suas
dimensões, o que é vulgar notar-se nos joelhos ou nos dedos das mãos.

As dores nem sempre estão localizadas ao nível da articulação doente. Na artrose da anca
(coxartrose), as dores, que se localizam quase sempre a nível da virilha e irradiam pela face
anterior da coxa até ao joelho, podem surgir exclusivamente ao nível desta última articulação.
Isto é, o doente tem dores no joelho e a artrose localiza-se na anca. A esta dor chama-se dor
“referida”. As dores são muitas vezes “irradiadas”, como acontece, por exemplo, com as dores
na coluna lombar e na coluna cervical. Efetivamente, nas lombalgias, nas lombalgias as dores
podem irradiar para os membros inferiores e nas cervicalgias podem irradiar para a cabeça,
tórax e os membros superiores.

A rigidez surge, sobretudo, ao iniciar os movimentos como, por exemplo, no doente que está
sentado e se levanta, e também de manhã ao acordar. A rigidez da osteoartrose é de curta
duração, não ultrapassando os 30 minutos. A limitação de movimentos pode surgir
precocemente, ao contrário do que acontece com as deformações que, em regra, são tardias.

A limitação de movimentos pode gerar grande incapacidade nos pacientes com artrose. Assim,
por exemplo, os doentes com osteoartrose nos membros superiores, em particular ao nível dos
ombros, podem ter grande dificuldade em vestirem-se e alimentarem-se. Por outro lado, as
artroses dos membros inferiores podem dificultar a marcha e tornar difíceis ou mesmo
impossíveis certas tarefas como, por exemplo, calçar os sapatos.

As deformações articulares têm, por vezes, a forma de nódulos de consistência óssea, como
acontece ao nível das mãos, mais concretamente nas articulações dos dedos.

Ao contrário do que acontece com as doenças reumáticas inflamatórias, as artroses são doenças
localizadas apenas nas articulações, não atingem os órgãos internos e não são acompanhadas
de outros sintomas como febre, falta de apetite, cansaço fácil e emagrecimento.

Ao longo do processo, a cartilagem fica desgastada, cada vez mais fina e, aos poucos, mais
destruída. Como ela é essencial para o movimento da articulação, a dor vai-se acentuando e os
movimentos vão ficando cada vez mais comprometidos. A dor impede a mobilidade, pelo que
surge atrofia dos músculos. A articulação fica instável, agravando as lesões.

No final, a articulação fica incapaz de exercer a sua função, sem cartilagem e com o osso
desenvolvido na periferia. Os doentes ficam cada vez mais limitados, até ao ponto de não
conseguirem mover a articulação sem um grande esforço e fortes dores.
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Como se diagnosticam as artroses?

Ao contrário do que acontece nas doenças reumáticas inflamatórias, as artroses não originam
alterações nas análises do sangue e da urina.

As radiografias nos doentes com osteoartrose são muito típicas, apresentando diminuição do
espaço articular, isto é, do espaço que se situa entre os dois ossos que se articulam, esclerose
do osso subcondral, isto é, reforço do osso situado por debaixo da cartilagem articular, e
osteofitos, os também chamados «bicos de papagaio».

Como se tratam as artroses?

A osteoartrose não tem cura, e o doente deve sabê-lo, mas o seu tratamento pode permitir a
manutenção de uma vida completamente normal na maioria dos casos.

Os objetivos do tratamento da osteoartrose são aliviar e, se possível, suprimir as dores, melhorar


a capacidade funcional, isto é, aumentar a mobilidade das articulações atingidas, evitar a atrofia
dos músculos relacionados com as referidas articulações e, finalmente, impedir o agravamento
das lesões já existentes.

A artrose não se trata apenas com medicamentos e fisioterapia. O empenhamento do doente é


indispensável e sem ele o plano terapêutico não tem êxito.

Constituem medidas básicas do tratamento a educação do doente, o repouso relativo e o plano


de exercícios.

Da educação do doente devem fazer parte o ensino das regras gerais de proteção do aparelho
locomotor e a correção das posturas incorretas. Na verdade, as posturas incorretas despertam
e/ou agravam as dores, e levam a apoios exagerados em áreas da cartilagem articular que, por
isso, se vai desgastar mais nesses locais.

Eis alguns exemplos de princípios gerais que poderão ser úteis no controlo ou prevenção das
artroses: dormir em cama dura, preferencialmente de “barriga para o ar”; não dormir com
almofada; não permanecer durante muito tempo na mesma posição, sobretudo nas posições de
pé ou sentado, de modo a reduzir a sobrecarga para a coluna, em particular para a coluna
lombar, as ancas e os joelhos; não usar sofás ou poltronas que deformem a coluna vertebral,
sendo preferível uma cadeira dura, com as costas bem apoiadas nas costas das cadeiras e os pés
bem assentes no solo; manter o pescoço em extensão e nunca fletido; evitar pegar em objetos
pesados, para evitar a sobrecarga para as articulações da coluna vertebral; evitar as flexões da
coluna vértebra, sendo importante, sempre que for necessário apanhar um objeto do solo, não
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fletir a coluna mas dobrar os joelhos; utilizar vestuário simples e prático e sapatos com
contrafortes resistentes e saltos baixos.

Em alguns casos, o médico pode ter necessidade de prescrever transitoriamente dispositivos


que limitem a mobilidade articular como, por exemplo, um colar cervical ou uma cinta
ortopédica.

Os doentes com osteoartrose, quase sempre idosos, sofrem frequentemente de outras doenças
(obesidade, diabetes, hipertensão, etc.) e essas doenças devem estar bem controladas.

Para lá da dor é importante controlar a inflamação. Nas formas mais avançadas da doença
podem ser colocadas, nalgumas localizações, próteses articulares.

O tratamento sintomático da artrose baseia-se em medidas gerais de proteção articular, como


o repouso, regras para levantar e transportar cargas e uso de agentes físicos (gelo, calor através
de água quente ou infravermelhos e fármacos).

Os fármacos para uso sintomático são os analgésicos como o paracetamol e, em casos mais
graves, em associação com opióides fracos. Também se utilizam anti-inflamatórios não
esteroides que, embora devam ser administrados com precauções, podem ser muito úteis no
controlo dos sintomas associados a inflamação. Além das formas orais, também as tópicas
podem ser eficazes, sobretudo se aplicadas repetidamente e em problemas superficiais onde a
penetração do fármaco possa estar assegurada.

Por vezes, podem ser úteis injeções intra-articulares de hialorunanos (derivados do ácido
hialurónico presente na cartilagem e no líquido sinovial), que muitas vezes aliviam os sintomas
por vários meses, e injeções com corticoides nas estruturas peri-articulares (tendões,
ligamentos, bolsas sinoviais) que muitas vezes se inflamam causando sintomas fortes.

Para além do tratamento sintomático é da maior importância tentar evitar a progressão da


doença. Existem fármacos tomados por via oral que, para além de aliviarem os sintomas, têm
uma ação comprovada no atraso da progressão da artrose do joelho e que são o sulfato de
glucosamina e o sulfato de condroitina.

Os relaxantes musculares são utilizados quando a contractura muscular é a causa das dores ou
contribui para o seu agravamento, como acontece, por exemplo, nas crises agudas de lumbago
ou nas ciáticas, ou no torcicolo.
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A cirurgia ortopédica, ao corrigir desvios e deformações mas sobretudo realizando artroplastias,


isto é, colocando próteses articulares em substituição das já muito degradadas, constitui um
importante avanço terapêutico, quase sempre com resultados muito satisfatórios.

Como se previnem as artroses?

Para se conseguir atrasar a evolução de uma artrose são fundamentais todas as medidas que
evitem a sobrecarga ou o mau uso da articulação, como manter um peso saudável ou a inibição
de certas atividades profissionais ou recreativas. É provável que o exercício físico controlado,
para além de melhorar os sintomas, também facilite a mobilidade ou atrase o agravamento da
doença.

Fibromialgia

A fibromialgia é uma doença crónica caracterizada por queixas dolorosas neuromusculares


difusas e pela presença de pontos dolorosos em regiões específicas.

Embora existam diversas descrições desta doença desde há muito tempo, ela apenas foi
reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como doença no final da década de 70.

A fibromialgia é uma doença crónica mas os seus sintomas variam em intensidade e podem
mesmo desaparecer ou diminuir temporariamente para reaparecer mais tarde. Essas variações
podem estar relacionadas com mudanças de tempo, alterações hormonais, stress, depressão,
ansiedade ou com um esforço maior que o habitual.

A gravidade dos sintomas torna a fibromialgia muito incapacitante, com importante impacto na
qualidade de vida das pessoas afetadas. A fibromialgia atinge cerca de 2 a 8% da população
adulta. Dessa população, entre 80 a 90% dos casos são mulheres com idade entre os 30 e os 50
anos.

Embora não haja estatísticas rigorosas para Portugal, calcula-se que 5% a 6% da população sofra
da doença, com predomínio nas mulheres acima dos 40 anos.

Outros estudos referem em Portugal uma prevalência de cerca de 3,6% de casos de fibromialgia,
podendo muitos outros não estar diagnosticados. De facto, muitos dos doentes permanecem
numa incerteza diagnóstica durante vários meses ou anos.

Quais as causas da fibromialgia?


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Não se conhecem com rigor as causas da fibromialgia. Provavelmente inúmeros fatores


contribuirão para esta doença.

A fibromialgia parece estar relacionada com uma desregulação de determinadas substâncias do


sistema nervoso central.

O stress, algumas doenças imunológicas e endocrinológicas, um trauma físico (cirurgia, acidente


de viação, etc.) ou um trauma psicológico (morte, divórcio), parecem contribuir para o
desenvolvimento ou manutenção desta situação clínica.

Estão descritos alguns casos de fibromialgia que começam depois de uma infeção bacteriana ou
viral, um traumatismo físico ou psicológico.

Como se manifesta a fibromialgia?

O sintoma mais importante da fibromialgia é a dor, que pode afetar uma grande parte do corpo.

Em certas ocasiões a dor começa de forma generalizada mas pode afetar regiões específicas
como pescoço, ombros, região lombar etc.

A dor da fibromialgia pode ser descrita como uma sensação de queimadura ou mal-estar. Por
vezes podem ocorrer espasmos musculares.

Os sintomas podem variar em relação à hora e ao dia, podendo ser mais frequentes de manhã,
agravam-se com a atividade física, com as mudanças climáticas, com a falta de sono e o stress,
etc.

Além da dor, a fibromialgia pode causar sensação de formigueiro e inchaço nas mãos e pés,
principalmente ao levantar da cama, bem como ocasionar rigidez muscular.

Outra alteração da fibromialgia associada à dor é a fadiga, que se mantém durante quase todo
o dia com pouca tolerância ao esforço físico.

As pessoas com fibromialgia queixam-se com frequência de ansiedade, perturbações da


atenção, concentração e da memória.
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Alguns doentes têm queixas gástricas e cólon irritável.

Cerca de 70% dos doentes com fibromialgia queixam-se de perturbações do sono, piorando as
dores nos dias em que dormem pior.

Como se diagnostica a fibromialgia?

Uma vez que não existe nenhum exame ou análise que permita a confirmação do diagnóstico
de fibromialgia, este baseia-se na história clínica e na observação médica que coloque em
evidência um conjunto de pontos dolorosos associados à fadiga, às perturbações do sono e às
alterações emocionais.

Os critérios atuais de diagnóstico são a presença com duração superior a 3 meses de dor difusa
pelo corpo, dor à apalpação de 12 de 18 pontos dolorosos e, pelo menos, mais 2 dos 4 sintomas
seguintes: fadiga, alterações do sono, perturbações emocionais, dores de cabeça.

É essencial excluir outras doenças que possam causar estas queixas, como as lesões musculares,
alterações do sistema imunológico, problemas hormonais e doenças reumáticas. Como tal,
devem ser realizados todos os exames que sejam necessários. No caso da fibromialgia todos
esses exames e análises deverão ser normais.

Como se trata a fibromialgia?

A fibromialgia não tem cura. Com o passar dos anos, o doente tende a piorar, se não houver
condições para um adequado tratamento, adaptação ou perante a ausência da ajuda de
terceiros nas diversas tarefas diárias.

Não existe nenhum medicamento específico e o tratamento deve ser multidisciplinar e


adaptado a cada doente e à fase em que se encontra.

Os analgésicos, relaxantes musculares, antidepressivos, em alguns casos anti-inflamatórios


podem ser úteis em algumas fases da doença.

Mais recentemente, têm sido aprovados novos medicamentos que ajudam a controlar os
sintomas da fibromialgia e que atuam sobre algumas substâncias químicas cerebrais. A sua
prescrição deve ser sempre realizada pelo médico.

Para melhorar o estado físico e psíquico, os doentes devem praticar exercício físico, de
preferência com um programa adaptado à sua condição física, seja em ginásio ou em piscina.
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São igualmente úteis as massagens, aplicações de calor, fisioterapia e/ou acupunctura e técnicas
de relaxamento.

A higiene do sono e uma alimentação equilibrada devem também fazer parte dos hábitos
diários.

É importante controlar o stress e tentar adaptar o estilo de vida às variações de energia e aos
sintomas da fibromialgia.

É também fundamental que o doente se sinta apoiado no seu ambiente familiar, social e
profissional.

Como se previne a fibromialgia?

Não existe prevenção conhecida para esta doença.

É uma doença crónica invisível, sobre a qual ainda há muito por saber. A fibromialgia não tem
tratamento específico e é capaz de provocar dores intensas, no entanto mantém-se até hoje
num relativo anonimato, ao qual não será alheio o facto de apenas ter sido reconhecida como
doença pela Organização Mundial de Saúde no final da década de 1970. Estima-se, não obstante,
que atinja entre 2 e 8% da população adulta global e ainda que esteja em clara expansão.

Fatores de risco

Embora não sejam conhecidas, com rigor, as causas da fibromialgia, sabe-se que as mulheres
são quase 10 vezes mais afetadas que os homens. Na verdade, 80 a 90% dos casos
diagnosticados são de mulheres com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos. Supõe-se,
por outro lado, que o desenvolvimento da doença também possa ser influenciado por fatores
como:

 Stresse;

 Doenças imunológicas e endocrinológicas;

 Traumas físicos ou psicológicos.

Sinais de alarme

O sintoma predominante da fibromialgia é a dor muscular. Surgindo, na maior parte dos casos,
de forma generalizada mas centrando-se posteriormente em regiões específicas, como o
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pescoço ou a região lombar, esta assemelha-se a um ardor intenso e muitas vezes debilitante.
Pode, no entanto, fazer-se acompanhar por outros sintomas, como:

 Perturbações de sono;

 Fadiga constante;

 Dificuldades de concentração;

 Falta de memória;

 Dores de cabeça;

 Espasmos musculares;

 Rigidez muscular;

 Formigueiros nos dedos das mãos e dos pés.

Os sintomas podem, no entanto, variar em intensidade e até mesmo desaparecer e reaparecer


de forma esporádica, consoante a hora e o dia, os níveis de stresse e ansiedade ou as mudanças
de temperatura. Também podem ser agravados com a atividade física desregrada.

Como tratar a fibromialgia

Ainda não é conhecida cura para a fibromialgia e também ainda não existe nenhum fármaco
específico para a doença. Existem, no entanto, medicamentos que podem ajudar a aliviar os
sintomas. São eles:

 Analgésicos;

 Relaxantes musculares;

 Antidepressivos.

Massagens e técnicas de relaxamento também se podem revelar benéficas para o alívio das
dores. Deve ainda procurar adaptar o seu estilo de vida aos sintomas da doença.

 Evite o stresse;

 Pratique exercício físico (com um programa adaptado às suas capacidades);

 Repouse o tempo necessário;

 Mantenha uma alimentação saudável e equilibrada.

Atenção!

Se suspeita que pode sofrer de fibromialgia, consulte o seu médico assistente ou o seu
reumatologista. O diagnóstico faz-se quando a dor existe por mais de três meses em pelo menos
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12 de 18 pontos específicos do corpo. Entretanto, realizam-se exames para excluir outras


doenças que possam causar as queixas.

Mapa de pontos dolorosos

Nesta imagem é possível observar os principais pontos de dor da fibromialgia, que estão
localizados:

1. Na parte da frente e de trás do pescoço;

2. Na parte de trás dos ombros;

3. Na parte superior do peito;

4. Nos cotovelos;

5. Na parte superior das nádegas;

6. No quadril;

7. Nos joelhos.

Pessoas que sofrem com fibromialgia possuem dor crônica, mas esta pode estar ainda mais
presente ou agravar quando o tempo muda e a chuva chega. Saiba porque isso pode acontecer
e como aliviar esta dor aqui.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da fibromialgia deve ser feito por um clínico geral e, normalmente, é feito quando
existe de dor intensa em 3 a 6 áreas diferentes do corpo durante 3 meses, no mínimo, ou dor
menos forte em 7 ou mais áreas diferentes do corpo, também durante 3 meses, no mínimo.
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Lombalgia

Este termo refere-se à presença de dor na região da coluna lombar, geralmente entre as últimas
costelas e acima dos glúteos. A lombalgia, com frequência, acompanha-se de dor que irradia
para os membros inferiores.

A lombalgia é, portanto, um sintoma e não uma doença, o que significa que pode traduzir a
presença de diversos quadros clínicos.

Trata-se de um sintoma bastante comum e incapacitante, estimando-se que afete, pelo menos
uma vez, 65 a 80% da população. A lombalgia é, ainda, uma das causas mais frequentes de
reforma por invalidez, o que traduz bem o seu impacto pessoal e profissional.

A lombalgia pode ser classificada em aguda (apresenta início súbito e duração inferior a 6
semanas), subaguda (duração entre 6 e 12 semanas) ou crónica (duração superior a 12
semanas). Esta classificação é importante pelo diferente impacto que tem no paciente afetado
uma lombalgia mais ou menos prolongada no tempo, mas também pelas diferentes causas e
tratamentos destes diferentes tipos de lombalgia.

Na maioria dos casos, a lombalgia têm uma origem mecânica mas, nalguns casos, é de natureza
psicológica (psicogénica), sendo estes casos mais difíceis de diagnosticar.

Quais são as causas da Lombalgia?

Na maioria dos casos, cerca de 90%, não se encontra uma causa para a lombalgia e ela é referida
como inespecífica. A lombalgia inespecífica pode ocorrer em qualquer idade.

As causas mais comuns são alterações musculosqueléticas relacionadas com processos


degenerativos, inflamatórios, infeciosos, tumorais, traumáticos ou posturais.

Existem também alterações musculosqueléticas de natureza congénita que se associam a


lombalgia.

Outras causas possíveis são algumas doenças abdominais (sobretudo pâncreas e rim), vasculares
(aneurisma de aorta abdominal, por exemplo), neurológicas ou resultantes de alterações nos
discos intervertebrais.

Como se referiu, alguns casos de lombalgia podem ter uma origem psicológica.

As doenças reumáticas e a osteoporose podem também causar lombalgia.

A tuberculose e a brucelose são infeções que, pelo seu envolvimento ósseo, podem causar
lombalgia.
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A lombalgia inespecífica ocorre sobretudo em pessoas que exercem atividades profissionais


associadas a esforços físicos pesados, como levantamento de pesos ou movimentos repetitivos.
É mais comum no género feminino, dada a menor estatura, massa muscular e densidade óssea
das mulheres e dada a maior fragilidade das suas articulações.

Outros fatores de risco para a lombalgia são a permanência na posição de pé ou sentada por
períodos prolongados, a obesidade e um mau desenvolvimento da massa muscular.

Como se manifesta a Lombalgia?

A dor da lombalgia varia muito na sua intensidade. Como se referiu, ela pode acompanhar-se de
dor que irradia para os membros inferiores.

Consoante a sua causa, podem surgir outros sintomas que serão importantes para aferir a
gravidade de cada caso e que poderão ser úteis para o diagnóstico.

Assim, a lombalgia pode acompanhar-se de emagrecimento, febre, infeções cutâneas ou


urinárias de repetição, entre outras manifestações possíveis.

A lombalgia tende a melhorar na posição deitada ou em repouso e, habitualmente, associa-se a


rigidez matinal. O paciente pode coxear ou referir falta de força numa das pernas.

Os casos mais preocupantes serão aqueles em que os sintomas não aliviam ao fim de 3 meses,
os que não respondem ao tratamento e aqueles que ocorrem em doentes com antecedentes de
doença neoplásica.

No caso da lombalgia inespecífica, a causa é geralmente um desequilíbrio entre a carga


suportada no trabalho ou no dia a dia e a capacidade da coluna lidar com essa carga. Neste caso,
ocorre dor mas não se identifica qualquer alteração estrutural da coluna lombar. Mesmo assim,
esta dor causa uma limitação acentuada das atividades quotidianas e pode implicar
incapacidade para o trabalho.

Como se diagnostica a Lombalgia?

A história clínica e o exame médico são aqui muito importantes.

Os exames complementares serão selecionados em função dessa avaliação e poderão consistir


em estudos de imagem (radiografia, tomografia computorizada, ressonância magnética), numa
cintigrafia óssea e/ou estudos laboratoriais.

A osteodensitometria poderá ser importante para avaliar a presença de osteoporose.

Como se trata a Lombalgia?


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O tratamento dependerá da causa e tem como objetivo principal o alívio da dor. Com esse
propósito, os analgésicos, anti-inflamatórios e/ou relaxantes musculares poderão ser úteis,
devendo ser selecionados e prescritos pelo médico em função de cada caso. Em alguns casos,
os corticoides poderão estar indicados.

No caso da lombalgia crónica, podem associar-se queixas depressivas e, nessas situações, os


antidepressivos poderão ter um papel relevante.

A fisioterapia é igualmente útil.

A identificação da causa da lombalgia é fundamental e permitirá um tratamento muito mais


dirigido.

Em algumas situações, a cirurgia poderá estar indicada.

Como se previne a Lombalgia?

A prevenção da lombalgia passa pelo controlo dos seus fatores de risco, como o esforço
excessivo, a obesidade, a osteoporose e pelo diagnóstico e tratamento das doenças a ela
associadas.

Sempre que seja necessário levantar um peso, é importante fletir as pernas e manter a coluna
direita.

A prática de exercício ajuda a fortalecer os músculos da região lombar.

A manutenção de um postura correta no dia a dia é igualmente muito útil.

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