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(O Jornal Interno de Saúde é um documento interno do SMS desenvolvido com o objetivo de levar aos colegas de
trabalho informações úteis sobre o tema da Saúde. Lembramos que as informações aqui contidas não se destinam a
prescrever medicamentos e nem induzir os colegas a automedicação. Quem deve avaliar o estado clínico e medicar é o
Médico Especialista)
Artrite reumatóide
Artrite reumatóide (AR) é uma doença crônica de causa desconhecida. A característica principal é
a inflamação articular persistente mas há casos em que outros órgãos são comprometidos.
Qual é a freqüência:
É doença comum e a prevalência pode chegar a 1,5% da população em algumas regiões. É mais
freqüente em mulheres e costuma iniciar-se entre 30 e 50 anos de idade, mas compromete também
homens e crianças. Para que se desenvolva a doença são necessárias algumas combinações de defeitos
genéticos e a presença de um ou mais estímulos externos, o que faz com que a incidência em familiares
de pacientes com Artrite Reumatóide (AR) não seja grande.
Como se desenvolve?
Existe uma predisposição genética e alguns genes foram identificados. Não se conhece a causa da
Artrite Reumatóide (AR) e pensa-se que haja vários estímulos diferentes, quando em contato com
indivíduos que têm defeitos de origem genética no sistema imune, desencadeiem resposta inflamatória. A
persistência dos estímulos ou a incapacidade do sistema imune em controlar a inflamação levam à
cronicidade da doença. A membrana sinovial prolifera e libera enzimas produzidas por células localmente.
Tanto a invasão da membrana sinovial como a ação das enzimas provocam destruição das estruturas
articulares (cartilagem e ossos vizinhos) e juxta-articulares (tendões e ligamentos).
O que se sente?
Nódulos reumatóides
Comprometimento ocular
Vasculite
Critérios diagnósticos
São utilizados os critérios publicados em 1987 pelo Colégio Americano de Reumatologia, sendo
necessários pelo menos quatro:
artrite de três ou mais articulações vistas por médico e com envolvimento simultâneo com duração
mínima de 6 semanas
artrite de articulações das mãos, incluindo punhos, com duração mínima de 6 semanas
artrite simétrica (para interfalangianas e metacarpofalangianas não é necessário o mesmo dedo)com
duração mínima de 6 semanas
rigidez matinal de mais de 1 hora com duração mínima de 6 semanas
presença de fator reumatóide
nódulos reumatóides
alterações radiológicas sugestivas de Artrite Reumatóide (AR).
Como se trata?
Nos últimos 10 a 15 anos foram se modificando os esquemas do tratamento da Artrite
Reumatóide (AR). Velhos remédios estão sendo melhor usados e novos estão surgindo. Verificou-se que
o tratamento precoce e, muitas vezes, associação de vários medicamentos desde o início proporciona
melhor prognóstico. Os médicos estão fazendo diagnóstico mais cedo (talvez porque os pacientes
estejam mais alertas quanto ao especialista que procurar), possibilitando a introdução precoce do melhor
tratamento. Desse modo, maior número de pacientes está evoluindo melhor e ficando com menos
deformidades e limitações. Porém, quando a causa de uma doença não é conhecida não há um
tratamento curativo. E ainda há uma parcela significativa de portadores de Artrite Reumatóide (AR) que
não têm a melhora desejada.
Nesse momento, é importante salientar que a maioria das doenças clínicas não são curadas,
somente controladas. Por exemplo, não se cura hipertensão arterial e diabete: os medicamentos deverão
ser usados por toda vida. São curadas infecções porque é eliminado um agente externo conhecido. As
cirurgias são mais eficazes porque corrigem defeitos ou extirpam o problema. Um indivíduo pode ser
portador de uma doença grave e estar emocionalmente bem porque ela não provoca sintomas.
A desvantagem que um paciente com Artrite Reumatóide (AR) com má evolução tem é que a dor,
a limitação de função ou a deformidade observável lembra-o que ele está doente. E mais:
Amanhecer com dor e rigidez articular;
Ter as atividades de parte ou todo dia limitadas;
Não saber, ao deitar à noite, como será a manhã seguinte;
Usar medicamentos que podem produzir efeitos colaterais;
Fazer exames laboratoriais periódicos;
Ter sempre que fazer exercícios sendo, muitas vezes, acompanhados de procedimentos
fisioterápicos;
Ter que consultar seu médico várias vezes ao ano; nem sempre sentir nele o amigo e conselheiro
que o entende
Ter a desventura de não encontrar na família e amigos a compreensão acerca de suas limitações ou,
ao contrário, haver exagero ou superpreocupação quanto às suas reais limitações e dificuldades
Estes são problemas sérios que pacientes e médicos devem conhecer e manejar adequadamente.
Assim, pacientes e familiares devem estar conscientes das possibilidades evolutivas da Artrite
Reumatóide (AR) e serem orientados sobre o melhor modo de se conduzirem. O paciente pode precisar
de períodos de repouso e deve ser respeitado e auxiliado nessas ocasiões. Seus professores ou colegas
de trabalho também devem ser acionados.
Então, o que já vimos?
Os medicamentos usados no tratamento da Artrite Reumatóide (AR) são divididos de acordo com o modo
de ação em:
ARTROSE
Sinonimos e Nomes Populares:
Osteoartrose, doença articular degenerativa. Os pacientes com freqüência referem-se à Osteoartrite
como artritismo.
O que é?
É a doença articular mais freqüente e a cartilagem é o tecido inicialmente alterado. A cartilagem está
aderida à superfície dos ossos que se articulam entre si. É formada por um tecido rico em proteínas,
fibras colágenas e células.
Como se desenvolve?
A Osteoartrite (OA) tem início quando alguns constituintes protéicos modificam-se e outros diminuem em
número ou tamanho. Há tentativa de reparação através da proliferação das células da cartilagem mas o
resultado final do balanço entre destruição e regeneração é uma cartilagem que perde sua superfície lisa
que permite adequado deslizamento das superfícies ósseas.
Este processo acompanha-se de liberação de enzimas que normalmente estão dentro das células
cartilaginosas. A ação destas enzimas provoca reação inflamatória local a qual amplifica a lesão tecidual.
Aparecem erosões na superfície articular da cartilagem que fica como se estivesse cheia de pequenas
crateras. A progressão da doença leva ao comprometimento do osso adjacente o qual fica com fissuras e
cistos.
Ao mesmo tempo, aparentemente como uma tentativa de aumentar a superfície de contato e procurando
maior estabilidade, o osso prolifera. Mas não é um osso normal, sendo mais rígido e mais suscetível a
microfraturas que ocorrem principalmente em articulações que suportam peso.
Aparentemente devido à reação inflamatória local todos os elementos da articulação sofrem hipertrofia:
cápsula, tendões, músculos e ligamentos. As articulações sofrem aumento de volume e podem estar com
calor local.
O grau de comprometimento é bastante variado. A doença pode evoluir até a destruição da articulação
ou estacionar a qualquer momento. Há indivíduos que têm deformidades nos dedos e que nunca sentiram
dor e outros que terão dor e progressiva piora da doença com conseqüentes deformidade e diminuição da
função articular.
Não se conhece o gatilho inicial da Osteoartrite. Acredita-se que mecanismos diferentes levem às
mesmas alterações na função e composição das estruturas articulares.
Freqüência
A doença torna-se evidente a partir dos 30 anos de idade. Estima-se que 35% das pessoas já tenha
Osteoartrite (OA) em alguma articulação nesta idade, sendo a grande maioria sem sintomas. Joelhos e
coluna cervical são os locais mais atingidos. Aos 50 anos aumenta muito a prevalência e a partir da
década dos 70 anos 85% dos indivíduos terão alterações ao RX.
Fatores de risco
Osteoartrite (OA) nos dedos das mãos é mais freqüente em mulheres e tem grande incidência familiar,
favorecendo um mecanismo genético.
Osteoartrite em articulações que recebem carga, como quadris e joelhos, são mais freqüentes em obesos
o mesmo podendo acontecer com a coluna vertebral.
Defeitos posturais como pernas arqueadas ou pernas em xis favorecem Osteoartrite de joelhos. Posição
inadequada do fêmur em relação à bacia leva à degeneração cartilaginosa em locais específicos da
articulação coxo-femural.
Do mesmo modo, defeitos nos pés levarão à instalação de Osteoartrite, sendo o joanete o melhor
modelo. Entretanto, há pacientes que sofrem outro tipo de OA no dedo grande do pé que não se
relaciona com defeito postural.
Hiperelasticidade articular, mais comum em mulheres, pode permitir que as superfícies articulares
ultrapassem seus limites anatômicos e a cartilagem, deslizando em superfícies duras, sofre erosão.
Osteoartrite OA entre fêmur e rótula (femuropatelar) é um exemplo comum.
Doenças metabólicas como diabete e hipotireoidismo favorecem o desenvolvimento de Osteoartrite.
Outras doenças que afetam a cartilagem como artrite reumatóide, artrite infecciosa e doenças por
depósitos de cristais (gota e condrocalcinose) podem apresentar-se com o mesmo tipo de lesão e são
rotuladas como Osteoartrite (OA) secundária.
Manifestações clínicas
O que se sente?
Antes da dor, os pacientes com OA podem reclamar de desconforto articular ou ao redor das articulações
e cansaço. Posteriormente, aparece dor e, mais tarde, deformidades e limitação da função articular. No
início, a dor surge após uso prolongado ou sobrecarga das articulações comprometidas.
Mais tarde, os pacientes reclamam que após longo período de inatividade como dormir ou sentar-se por
muito tempo em Osteoartrite de quadrís ou joelhos, há dor no início do movimento que permanece
alguns minutos.
São exemplos a dor discreta com rigidez que dura alguns minutos nos dedos pela manhã e nos joelhos
também de manhã ou após algum tempo sentado. Nos pacientes que têm piora progressiva a dor fica
mais forte e duradoura e as deformidades acentuam-se.
Na Osteoartrite de quadrís e joelhos, subir e descer escadas fica mais difícil assim como caminhadas mais
longas.
A inflamação pode produzir aumento do líquido intra-articular. Nestas situações a dor aumenta, os
movimentos ficam mais limitados e a palpação articular evidencia calor local além da presença do
derrame.
Acredita-se que só o fato de uma articulação estar comprometida já é suficiente para que se desenvolva
atrofia muscular, mas certamente a falta de movimentos completos e a inatividade são fatores
coadjuvantes importantes. Em casos extremos, os pacientes necessitam fazer uso de bengalas ou
muletas. Raramente um paciente com Osteoartrite de quadris ou joelhos vai para cadeira-de-rodas.
É comum o joanete. É o resultado de um defeito da posição dos ossos que formam a articulação do
grande artelho com o médio-pé.