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Artrite e artrose e seus diferenciais

ARTRITE REUMATOIDE

A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória sistêmica, crônica e autoimune, de


etiologia desconhecida, que acomete primariamente o tecido sinovial. A AR diminui a
sobrevida e afeta significativamente a qualidade de vida da maioria dos pacientes.

Prevalência de aproximadamente l% dos adultos. A prevalência nas mulheres é duas ou três


vezes maior do que nos homens. Prevalente na faixa etária entre os 30-50 anos.

Claramente, além da genética, como a presença do gene HLA-DRB1, outros fatores são capazes
de precipitar ou desencadear a AR.

Os fatores desencadeantes: tabagismo (associado também a pouca resposta ao tratamento),


bactérias (Mycobacteria, Streptococcus, Mycoplasma, Escherichia coli, Helicobacter pylori),
vírus (da rubéola, vírus Epstein- Barr, parvovírus), superantígenos, sal, obesidade, poeira, fibras
e sílica.

Os tecidos sinoviais são o alvo primário do processo inflamatório autoimune da AR. Uma vez
iniciada a AR, os tecidos sinoviais em todo o corpo tornam-se o local de uma interação
complexa entre células T, células B, macrófagos e células sinoviais. A proliferação dos tecidos
sinoviais (sinovite) resultante acarreta a produção de quantidade excessiva do líquido sinovial
e a infiltração do pannus no osso e na cartilagem adjacentes. A sinovite resulta na destruição
da cartilagem e do osso marginal e no estiramento ou ruptura da cápsula articular, dos
tendões e ligamentos, causando nos pacientes as deformidades e a incapacidade que
constituem o quadro clínico da AR.

Manifestações:

Instalação insidiosa – 6 semanas de evolução. O paciente começa com sintomas


constitucionais: astenia, fadiga, febre baixa, perda de peso ponderal, dores
musculoesqueléticas. É um quadro de poliartrite (4 ou + articulações – poliarticular), crônica
(mais de 6 semanas), aditiva. Os sintomas mais comuns são dor, edema, calor e eritema; as
articulações mais comumente atingidas são as das mãos, pés, punhos, cotovelos, joelhos e
tornozelos. As articulações inflamadas provocam rigidez matinal, fadiga e com a progressão da
doença, há destruição da cartilagem articular e os pacientes podem desenvolver deformidades
e incapacidade para a realização de suas atividades tanto de vida diária como profissional.

AAR pode afetar qualquer articulação sinovial (diartrodial). Mais comumente, a doença tem
início nas articulações metacarpofalangeanas (MCF), interfalangeanas proximais(IFP) e
metatarsofalangeanas (MTF), seguidas pelos punhos, joelhos, cotovelos, tornozelos, quadris e
ombros, aproximadamente nessa ordem.

As mãos são a principal área acometida pela AR. Classicamente, a doença começa com edema
das IFP e MCF.
DIAGNÓSTICO

Clínico + alterações em exames.

- Se o paciente apresentar uma história compatível com artrite reumatoide e com erosões
radiográficas típicas pode fechar o diagnóstico.

A anormalidade laboratorial mais característica na AR é a presença do FR, que é encontrado


em aproximadamente 80% dos pacientes e sua presença induz a um pior prognóstico.

Anti CCP: 70 à 80%, maior especificidade. Tem relação com o prognóstico.

FAN-cerca de 30% dos pacientes.

Reagentes de fase aguda, VHS e níveis de proteína C-reativa também acompanham a


atividade da doença. Sua elevação persistente indica um pior prognóstico, tanto em termos de
destruição articular quanto de mortalidade.

Elevação da ferritina.

Hemograma: anemia de doença crônica normo normo. A trombocitose é comum, com


contagens de plaquetas retornando ao normal quando a inflamação é controlada. Alguns
pacientes com AR apresentam eosinofilia. Leucocitose discreta.

O líquido sinovial na AR é caracterizado por contagem de glóbulos brancos entre 5000 a


100.000/mm3 , com predominância de leucócitos polimorfonucleares.

Alterações radiológicas: simetria, aumento de partes moles que representa a sinovite, e


osteopenia. São inicias, depois: redução do espaço articular, erosões ósseas, cistos ósseos.
Tardias: subluxações e anquilose óssea (um osso se junta no outro)
O diagnóstico de artrite reumatoide é feito quando pelo menos 4 dos seguintes critérios estão
presentes por pelo menos 6 semanas:

– rigidez nas articulações no período da manhã, com duração de pelo menos 1 hora

– artrite em pelo menos três áreas articulares;

– artrite de articulações das mãos, punhos, articulação do meio dos dedos e entre os dedos e a
mão;

– artrite simétrica (por exemplo, no punho esquerdo e no direito);

– presença de nódulos reumatoides;

– presença de Fator Reumatoide no sangue;

– alterações radiográficas em mãos e punhos.

TRATAMENTO

O objetivo da terapia é a remissão da doença (Tabela 272-5). Quando a AR é tratada


precocemente (primeiros 12 meses), a remissão é possível em 40% a 50% dos pacientes.
Entretanto, as remissões exigem o uso contínuo de medicamentos e, mesmo assim, nem
sempre são duráveis. Essencialmente todos os pacientes com AR serão tratados com DMCD.
Alguma combinação de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), esteroides e
DMCDs é necessária em quase todos os pacientes.

No tratamento da AR, três tipos de medicamentos são utilizados: AINEs, glicocorticoides e


DMCDs (tanto convencionais como biológicos) – metrotexate é a primeira opção.

Estudos a longo prazo demonstraram que 50% dos pacientes com AR tiveram que parar de
trabalhar após 10 ano.

PROGNÓSTICO: Essas pacientes têm mais risco de morrer por doenças cardiovasculares e AVE.
A artrite reumatoide pode levar à osteoartrite secundária. Fator de mau prognostico: mulher
(+ comum e + grave), tabagismo (aumenta o risco e piora o prognóstico), início em idade
precoce, baixo nível sócio econômico (menor acesso ao serviço de saúde e menor
entendimento sobre a medicação), demora no diagnóstico e atraso no início do tratamento,
manifestação extra articular, auto anticorpos (anti CCP), alterações genéticas (Epitopo
compartilhado)

Obs: osteoartrite começa na cartilagem articular.

- Osteoartrite → acometimento de interfalangeana distal, tem consistência óssea (o que é


diferente da AR que é borrachada). “não gostam de punho e metacarpo, mas de
interfalangeana distal e proximal”

ARTROSE

A osteoartrite (OA) é uma doença das articulações diartrodiais, caracterizada clinicamente por
dor e limitações funcionais, radiograficamente por osteófitos e estreitamento dos espaços
articulares, e histopatologicamente por alterações na integridade da cartilagem e do osso
subcondral. É a mais comum de todas as doenças articulares, e sua importância decorre do seu
impacto econômico em termos tanto de produtividade (a maior causa única de dias de
trabalho perdidos) como de custo de tratamento (uso crônico de analgésicos e anti-
inflamatórios). Embora a etiologia do processo ainda não esteja claramente compreendida, a
OA é um conjunto de doenças que tem a cartilagem como órgão-alvo, nas quais fatores
biomecânicos desempenham um papel central e com fatores de risco como idade, peso e
ocupação, também de grande importância.

MANIFESTAÇÕES:

A dor é o sintoma predominante que permite o diagnóstico da O A. Frequentemente ocorre de


apenas uma articulação estar envolvida no início, e as outras se tornam dolorosas
subsequentemente. A dor da OA é mais comumente descrita como uma dor profunda,
acompanhada, muitas vezes, de rigidez articular que se segue a períodos de inatividade (ao
despertar pela manhã e após sentar-se). A dor é agravada pelo uso das articulações envolvidas,
podendo ser referida ou irradiar-se para estruturas circunvizinhas. Na doença mais grave, a dor
pode ser persistente, interferindo na função articular normal e prejudicando o sono, apesar do
tratamento clínico. Mesmo na doença grave, as manifestações sistêmicas, como febre, perda
de peso, anemia e velocidade de hemossedimentação (VHS) elevada, não estão presentes.

As articulações mais comumente envolvidas na OA são a articulação metatarsofalangeana


(MTF) do primeiro pododáctilo (hálux valgo ou "joanete"); as articulações IFP e IFD dos dedos,
a articulação CMC (carpometacarpais) do primeiro quilodáctilo, quadris, joelhos e coluna
vertebral lombar e cervical.

EXAMES:

OA deve ser suspeitada em pacientes com evolução gradual de sinais e sintomas,


particularmente em adultos idosos. Se houver suspeita de osteoartrose, radiografias simples
devem ser obtidas da maioria das articulações sintomáticas. Radiografias geralmente
revelam osteófitos marginais, estreitamento do espaço articular, aumento da densidade do
osso subcondral, formação cística subcondral, remodelamento ósseo e derrames
articulares.
Os exames laboratoriais são normais na osteoartrite, mas podem ser requeridos para
descartar outras doenças (p. ex., artrite reumatoide) ou para diagnosticar doença
subjacente que cause osteoartrose secundária. Se a osteoartrose causar derrame articular, a
análise do líquido sinovial pode, algumas vezes, diferenciar da artrite inflamatória; na
osteoartrose, o líquido sinovial é geralmente claro, viscoso e tem ≤ 2.000 leucócitos/mcL.

TRATAMENTO:

O tratamento clínico tem como objetivo principal aliviar a dor e melhorar a função articular.
Tendo em vista que, atualmente, não há tratamento para prevenir ou melhorar o processo
patológico básico.

 ORAL Acetaminofeno AlNEs não seletivos e misoprostol ou inibidor da bomba de


prótons' Inibidor seletivos da COX2 Salicilato não acetilado
 Outros analgésicos puros Sulfato de condroitina e glicosamina Tramado!
 Opioides INTRA-ARTICULAR Glicocorticoides Hialuronato
 TÓPICO Capsaicina Metilsalicilatos.

Os programas de fisioterapia e de exercício propiciam importante benefício e devem ser


prescritos como terapia basal para todos os pacientes com OA. A atrofia muscular acompanha
comumente a AO.

– perda de peso;

– fortalecimento global da musculatura;

– fisioterapia, principalmente com uso da hidroterapia;

A intervenção ortopédica (cirúrgica) está predominantemente reservada para situações que


não podem ser controladas com terapia mais conservadora.

PROGNÓSTICO:

Embora se acredite que a OA seja uma doença uniformemente progressiva que sempre leva à
substituição da articulação, este não é o caso. A doença parece estabilizar-se em muitos
pacientes, sem piora dos sinais ou sintomas, e pode haver melhora real em alguns pacientes.

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