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Quadril
Um dos temas mais discutidos e de grande aplicação na clínica ortopédica é a
osteoartrose do quadril e joelho. O envelhecimento da população leva à doença degenerativa,
de grande morbidade pela dor à deambulação. A osteoartrose leva á desintegração do
aspecto normal da cartilagem e à dor.
A osteoartrose , basicamente tem etiololgia multifatorial e é “muito mais” de causa
mecânica do que inflamatória(ao contrário da artrite reumatóide). A osteoartrose ,
basicamente pode ser dividida em primária (idiopática) e secundária . A osteoartrose
secundária pode ser devido à trauma articular, doenças do quadril da infância, obesidade,
deformidades do quadril.
Quando se fala em alterações mecânicas levando à osteoartrose, deve-se Ter em
mente que um quadril “deformado” leva à uma maior sobrecarga de cartilagem em
uma determinada área, que fatalmente termina com o “sofrimento” e
desintegração desta área.
O fêmur proximal tem um ângulo entre o colo e a diáfise de 135° . Alterações
destes ângulos , também levam à sobrecarga de determinada região da cabeça e
da cartilagem que a reveste. Quando este ângulo é maior do que 135°, leva à um quadril
“valgo”, quando menor, quadril “varo”. Ou seja, alterações que para determinada pessoa
podem ser normais, um “valgismo” ou “varismo” do quadril, com o envelhecimento, estas
alterações podem levar à graves alterações de distribuição de carga na cartilagem da cabeça
do fêmur e acetábulo, levando também à osteoartrose!
Achados clínicos:
A dor é a principal característica da osteoartrose do quadril. Com o agravamento da
doença, inicia-se um processo de rigidez do membro acometido. A dor leva à diminuição da
deambulação e consequentemente uma menor qualidade de vida com o afastamento das
atividades sociais, e complicações sitêmicas da imobilização no leito .
Achados radiológicos
O exame radiológico do quadril deve abordar a pesquisa das características da
osteoartrose: 1) Diminuição do espaço articular
2)Formação de osteófitos “os bicos de papagaio”
3)Esclerose subcondral
4)Cistos subcondrais
Tratamento
O tratamento inicial deve ser com o uso de Ainti-inflmatórios não hormonais, redução
do peso, uso de bengala, fisioterapia, encorajar exercícios de baixo impacto como
hidroginástica
Atualmente , a utilização de medicação para regeneração da cartilagem está em
estudo.
O tratamento cirúrgico é realizado nos casos rebeldes ao tratamernto conservador.
Quando a dor está “intratável”.
Em pacientes jovens, com início do processo de osteoartrose, e que por radiografias
esteja confirmada alterações no ângulo cérvico-diafisário (ângulo entre o colo e a
diáfise) , pode ser realizada a correção cirúrgica deste ângulo, o que normalizará a
distribuição de carga sobre a cartilage, impedindo o preogersso da osteoartrose.
São as chamdas ostetomias varizantes(quando o quadril é valgo) ou valgizantes (quando
o quadril é varo).
Em pacientes idosos , com o quadril degenerado, este deve ser substituído. É a
chamada artroplastia (ou prótese) total do quadril(como nas fraturas do colo de fêmur
em idosos).
Outras técnicas como transplante autógeno de condrócitos também estão em pesquisa.
Osteoartrose do joelho
Toda etiologia , patologia, aspectos radiológicos e principalmente o raciocínio
para o tratamento são os mesmos que da osteoartrose de quadril.
Infiltração intraarticular de corticosteróides algumas vezes está indicada.
Atenção especial deve ser dada para as osteotomias. Como na alteração do colo de
fêmur, um joelho varo ou valgo leva à uma sobrecarga da parte interna ou externa
da cartilagem articular do joelho respectivamente. Em pacientes jovens , onde está
havendo o início do processo de osteoartrose, se a causa for um joelho varo, é feita uma
osteotomia valgizante na tíbia. Se a causa for um joelho valgo, é feita osteotomia varizante
no fêmur.
Outras formas de tratamento cirúrgico para a osteoartrose de joelho , são: cirurgia
artroscópica (para tratamento de alguns sintomas , como estalidos e “bloqueios” e a
artroplastia total de joelho (prótese total de joelho) . A prótese de joelho é utilzada um casos
de osteortrose avançada, sintomática, em pacientes idosos.
Osteoartrose do quadril Wiliam Soltau Dani Médico ortopedista e cirurgião de quadril da
Clinitrauma - Lages - SC. Estagiário do Ambulatório de Doenças Osteometabólicas do Serviço
de Reumatologia do HSPE - FMO Elaine de Azevedo Médica assistente e responsável pelo
Ambulatório de Doenças Osteometabólicas do Serviço de Reumatologia do HSPE - FMO
Numeração de páginas na revista impressa: 38 à 45
Introdução
A incidência de OA do quadril é maior nas mulheres do que homens. Dos pacientes com idade
superior a 30 anos, 10% a 15% são sintomáticos antes de completar 50 anos.
Somente nos Estados Unidos da América do Norte os salários perdidos e o custo anual dos
cuidados médicos para a artrose excederam 90 bilhões de dólares em 2000. Com o aumento
da expectativa de vida, o grupo com idade maior que 65 anos representará 22% da
população no ano de 2030, comparado com 12% em 1988. Em 2020 quase 60 milhões de
norte-americanos serão afetados pela artrose(4).
A OA pode ser de dois tipos, a primária, que não apresenta origem conhecida, e secundária,
quando o processo ocorre por uma causa conhecida ou preexistente.
Segundo o estudo de William H. Harris(5), mais de 90% dos pacientes com a chamada artrose
primária foram reavaliados e mostraram alguma anormalidade na articulação do quadril. As
mais comuns são a displasia acetabular suave e a deformidade da congruência. Esta última
deformidade está associada a pequeno deslizamento da epífise femoral, doença de Legg-
Perthes, a displasia epifisária múltipla, a displasia espondiloepifisária e/ou a presença de um
labrum intra-acetabular. Esses dados revelam que, na realidade, muitos casos denominados
de osteoartrose primária ou idiopática são, na verdade, secundárias.
Fisiopatologia
A cartilagem articular da cabeça femoral é mais espessa na região que entra em contato com
o teto acetabular do que na periferia. Não sendo a cabeça bem posicionada, a carga sobre a
cartilagem periférica mais fina resultará em artrose (9).
Diagnóstico
Essa dor ocorre, na maioria das vezes, decorrente de uma irritação sinovial secundária devido
à destruição da cartilagem, sendo que muitos pacientes se queixam de crepitação ou estalo
no quadril, além, é claro, da fricção aumentada da articulação doente, que estimula as
estruturas adjacentes proporcionando maior dor.
No exame físico, espasmo muscular e dor à palpação do quadril podem ser difíceis de
desencadear, mas uma perda de movimento quase sempre pode ser demonstrada. A marcha
pode estar alterada desde uma discreta claudicação até uso de muletas e bengalas. Além
disso, podemos ter marchas antálgicas do tipo Trendelemburg, devido à insuficiência da
musculatura abdutora, ou tipo Duchene, que é aquela marcha na qual o paciente joga o
centro de gravidade do corpo sobre o quadril para diminuir o braço de alavanca corpórea
melhorando, dessa forma, o quadro doloroso local.
Pode estar presente ou não uma discrepância do comprimento dos membros inferiores,
dependendo do grau da doença articular, de uma obliqüidade pélvica ou de uma contratura
em adução. Em raras situações um alongamento aparente pode ocorrer devido à contratura
do aparelho abdutor, sendo importante nesses casos realizar o teste de Ober.
Após o exame físico detalhado, a radiografia é o exame mais utilizado para confirmação
diagnóstica. As incidências do tipo panorâmico de bacia e perfil do quadril são as ideais para
avaliação.
O sinal direto da degeneração articular do quadril é a diminuição do espaço articular que não
é demonstrado por alteração óssea já que é uma degeneração da cartilagem. Esse
estreitamento se inicia normalmente na porção ínfero-interna da articulação e,
posteriormente, o processo se desenvolve por toda a articulação. A esclerose subcondral
ocorre nos locais em que a cartilagem articular se encontra fina e estreitada. Existe um
aumento da formação de osso novo nas áreas com ausência de carga. Os cistos subcondrais
se desenvolvem nas áreas em que ocorre um maior estresse mecânico.
Deve-se atentar para os casos em que a OA é secundária, pois, nesses casos, é preciso
diagnosticar e tratar a doença de base que causou a artrose. Outros exames complementares
podem ser utilizados com esse objetivo como exames laboratoriais, a tomografia
computadorizada e a ressonância magnética.
Com relação aos diagnósticos diferenciais com a artrose no quadril, deve-se lembrar das
patologias do joelho como a própria osteoartrose, além do quadro de bursites (trocantérica e
do glúteo médio na inserção do grande trocânter) e da presença de tumores no colo ou na
cabeça femoral(11) (Figura 2).
Classificação
· Grau 0: normal;
· Grau 1: possível estreitamento do espaço articular medialmente e possíveis osteófitos em
torno da cabeça femoral;
· Grau 2: definido estreitamento articular inferiormente, osteófitos nítidos e alguma esclerose;
· Grau 3: significativo estreitamento articular, osteófitos pequenos, esclerose, cistos e
deformidades ósseas no fêmur e acetábulo;
· Grau 4: visível perda do espaço articular acompanhada de importante esclerose e cistos,
significativa deformidade da cabeça femoral e acetábulo e presença de grandes osteófitos.
1. Etiologia
a. Mecânica
b. Metabólica
c. Combinada
2. Morfologia
a. Súpero-externa
I) Esférica
II) Elipsóide
III) Subluxada
IV) Lateral
b. Concêntrica
c. Interna
d. Ínfero-interna
3. Reação biológica
a. Atrófica
b. Normotrófica
c. Hipertrófica
4. Amplitude de movimento
a. Rígido
b. Hipomóvel
c. Móvel
Bombelli ainda classificou dois tipos de osteófitos: os de tensão positiva (tração excessiva) e
os osteófitos por tensão negativa (efeito de sucção ou vácuo).
Tratamento
Na falha do tratamento conservador indica-se o cirúrgico que pode ser conduzido de várias
formas. A determinação do tipo de procedimento deve ser considerada para cada paciente de
acordo com a idade, etiologia, atividades, amplitude de movimentos, bilateralidade ou não da
doença. Estes podem ser agrupados em três grupos: os que preservam a articulação
(osteotomias pélvicas ou femorais), os que promovem a fusão da articulação (artrodese) e os
que substituem a articulação (artroplastias).
Nos casos em que existe uma boa mobilidade articular e função e o paciente apresenta uma
idade biológica baixa, as osteotomias estão bem indicadas. A forma como uma osteotomia
pode melhorar a dor ainda é de comprovação científica difícil e duas teorias são aventadas: a
teoria mecânica defende que o aumento do contato das superfícies promove uma melhor
distribuição dos esforços mecânicos que cruzam a articulação do quadril; já a teoria biológica
defende que o choque vascular causado pela osteotomia diminui, no primeiro momento, o
aporte sangüíneo à cabeça femoral e após a consolidação haverá um significativo aumento
da vascularização, promovendo a regeneração óssea subcondral e melhor nutrição à
cartilagem remanescente. Na realidade, a associação das duas teorias seria o ideal, pois os
efeitos do aumento da área de contato articular, diminuição da pressão sobre a cabeça
femoral, relaxamento do espasmo muscular e o choque vascular colaboram para melhora do
quadro sintomatológico e melhora da biomecânica da articulação(17-19).
Millis sugere que, de acordo com a indicação, as osteotomias podem ser classificadas
basicamente em dois tipos: reconstrutivas ou de salvamento.
As reconstrutivas estão indicadas quando a função do quadril é normal e pode prevenir ou
retardar a artrose por um longo período. Geralmente é realizada em pacientes jovens que
apresentam sintomas mínimos com função normal e as superfícies articulares congruentes,
em que o problema é o mau alinhamento articular. Podem ser realizadas na pelve (p. ex.:
osteotomia de Ganz)(20,21) e no fêmur (osteotomia varizante)(22) (Figuras 8 e 9).
Outra opção de tratamento cirúrgico é a artrodese do quadril que outrora fora bastante
utilizada. Nos dias atuais cada vez menos se dá preferência a este método pelo fato de
subtrair os movimentos da articulação deixando-a em posição fixa através da fusão do fêmur
a pelve. Quando bem indicada, os resultados são satisfatórios, permitindo aos pacientes
jovens uma função de atividade física mais intensa com alívio da dor. O paciente ideal para o
procedimento é o adulto jovem com apenas uma articulação do quadril comprometida, que
prefere um estilo de vida ativa, com joelhos e coluna normais e nos quais outros
procedimentos como osteotomias femorais ou acetabulares não estão indicadas. A causa
mais comum que leva a artrodese é a artrite pós-traumática ou pós-infecciosa(1,24) (Figura
11).
Muitas técnicas de fusão do quadril têm sido descritas. Em geral, elas são divididas em três
categorias: intra-articulares, extra-articulares ou combinadas (intra e extra-articulares). Deve-
se optar por procedimentos combinados suplementados por algum tipo de fixação interna
para assegurar uma imobilização rígida da articulação necessária para que ocorra a fusão.
Outro método largamente difundido é a artroplastia que, por sua vez, pode ser dividida em
artroplastia de ressecção, de interposição e substituição.
A artroplastia de ressecção nada mais é do que a retirada da cabeça femoral, permitindo que
o fêmur proximal se apóie no tecido adjacente. Foi primeiramente utilizada para tratar
tuberculose em crianças e também é conhecida como cirurgia de Girdlestone. Entre suas
desvantagens se destaca o encurtamento do membro afetado, porém compatível com a
deambulação.
A transição da "artrose muda" para a forma "ativa" ou para "artrose-doença" pode resultar da
interação da SOBRECARGA ARTICULAR (excesso de peso corporal, defeitos posturais,
sobrecarga mecânica pela prática inadequada de certos esportes etc) ou de outros fatores
adicionais, que Otte denomina de FATORES IRRITATIVOS (lesões traumáticas, infecções focais
articulares, influência hormonal e/ou vascular, stress ou hipersensibilidade as condições
meteorológicas etc).
Se considerarmos que a cartilagem não é inervada temos que admitir que a dor articular
resulta da ação de vários fatores como a pressão exercida sobre áreas do osso subcondral
expostas; elevação periostal relacionada com a formação de osteófitos, microfraturas
trabeculares, sinovite e distensão capsular. O espasmo da musculatura para-articular pode
contribuir para o sofrimento do paciente. A piora do sintoma doloroso e inflamação aguda
pode estar associadas a trauma ou a depósitos de hidroxiapatia ou pirofosfato de cálcio.
A osteoartrose é a única doença articular e sem caráter sistêmico, fato que explica o bom
estado geral constatado na maioria dos pacientes.
CLASSIFICAÇÃO
Consideram-se dois tipos:
- Primária ou idiopática;
- Secundária, relacionada a processos traumáticos e/ou inflamatórios aos quais sobreveio a
OA (exemplo: Osteoartrose pós-trauma, ou artrite infecciosa, doença reumatóide, necrose
asséptica, doenças neurológicas etc).
Levando-se em consideração a localização regional, a osteoartrose pode ser:
PERIFÉRICA quando acomete articulações dos membros CENTRAL ou AXIAL, quando acomete
a coluna vertebral.
Os nódulos aparecem gradualmente com pouca ou nenhuma dor, embora as vezes possam
apresentar sinais inflamatórios importantes; nesta fase o principal motivo da consulta
obedece, via de regra a razoes estéticas. A evolução do processo leva a desvios articulares e
flexão das interfalangeanas. As alterações descritas São as mais características da
osteoartrose de mãos, no entanto, devido a freqüência e a incapacidade que origina é
importante chamar a atenção para o comprometimento da articulação trapézio-metacarpiana
(rizoartrose), comum em donas de casa com atividades domésticas e em tapeceiros. Outras
articulações periféricas como ombro, carpo e tornozelos raramente são comprometidas pela
AO primária.
OSTEOARTROSE DE MÃOS
A maioria dos pacientes apresenta excesso de peso corpóreo e/ou defeitos posturais.
OSTEOARTROSE DE COLUNA
Diagnóstico
O diagnóstico da AO baseia-se em achados clínicos e radiológicos. Os exames de laboratório
raramente apresentam alterações de importância; a velocidade de hemossedimentação pode
estar discretamente elevada.
Radiologia
Permite o reconhecimento dos achados macroscópicos. Kellgren estabeleceu critérios
radiológicos para o diagnóstico da AO:
- Presença de osteófitos
- Diminuição do espaço articular
- Esclerose subcondral
Deformidades
É necessário ter presente que a identificação de alguma das alterações radiológicas citadas
não significa necessariamente que o paciente apresente quadro clínico, uma vez que existe
dissociação clínico-radiológica em aproximadamente 40% dos casos.
Articulação Normal
1) Osso subcondral
2) Espaço Articular
3) Bordo ósseo
Osteoartrose
1) Esclerose subcondral
2) Redução de espaço
3) Osteófito
Tratamento
· Controle de peso;
· Adequação de hábitos desportivos e atividades profissionais e atividades do dia a dia;
· Controle do excessivo stress articular;