2013

1. Homem com 26 anos de idade D) orientá-lo a realizar tratamento em

procura atendimento na Unidade regime ambulatorial, com reavaliação
Básica de Saúde por apresentar, há três clínica diária na Unidade de Saúde e
dias, febre alta, mialgia, astenia e hidratação oral de 2 litros de líquidos
náuseas. O paciente não relata por dia. Preencher cartão de
comorbidades e nega uso de qualquer acompanhamento de dengue;
medicação. O paciente nega viagens prescrever sintomáticos e repouso;
recentes, contato com vetores ou com notificar o caso e orientar retorno.
água potencialmente contaminada. O
E) liberá-lo para o domicílio, com
calendário vacinal está em dia. Exame
orientação de ingerir 5 a 6 litros de
físico: temperatura axilar = 38 ºC,
líquidos/dia, sendo 1/3 com solução
estado geral bom, acianótico,
salina e os 2/3 restantes de líquidos
anictérico, normocorado, pressão
caseiros (água, suco de frutas, soro
arterial sentado e deitado = 120x80
caseiro, chás, água de coco etc.).
mmHg, frequência cardíaca = 106 bpm
Prescrever sintomáticos e repouso;
e peso = 70 kg. Apresenta exantema
notificar o caso e orientar retorno.
com padrão maculopapular, associado
a prurido cutâneo generalizado, sem CCQ: Manejo do grupo A da dengue
comprometimento da região palmar.
Paciente que reside em área com
Prova do laço apresenta resultado
epidemiologia positiva para dengue,
negativo. A região em que reside o
apresentando febre de até 7 dias +
paciente teve epidemia de dengue no
mialgia, astenia, náuseas e exantema
ano anterior. A conduta mais adequada
maculopapular.
para esse paciente é:
Sempre devemos pensar em
A) solicitar coleta de sangue para
arboviroses, principalmente na
realização de hemograma e para
dengue!! Após realizar a suspeita e
sorologia, com isolamento viral no
notificar o caso, manejamos o paciente
momento do atendimento.
de acordo com a classificação em
B) mantê-lo em observação na Unidade grupos pelo Ministério da Saúde:
de Saúde para repetir a prova do laço
• grupo A: prova do laço, sem
após seis horas, a fim de afastar dengue
comorbidades, sem grupo de
hemorrágica, e realizar hidratação oral
risco ou sem situação clínica
de 2,5 litros de líquidos por dia.
especial;
C) encaminhá-lo para internação por
• grupo B: prova do laço +,
um período mínimo de 48h. Colher
comorbidades, grupo de risco ou
hemograma completo, realizar
situação clínica especial;
dosagem de albumina sérica e
transaminases. Fazer reposição • grupo C: presença de sinal de
volêmica endovenosa. Notificar alarme;
imediatamente o caso e orientar
• grupo D: presença de sinal de
retorno após a alta.
choque.
Nosso paciente é jovem, sem
comorbidades mencionadas e com
prova do laço negativa, encaixando na
descrição do grupo A.
Para esse tipo de paciente, o
tratamento é feito com sintomáticos e
hidratação oral DOMICILIAR com
80mL/kg (como ele tem 70kg, temos
5600mL), sendo 1/3 com solução de
reposição oral e 2/3 com líquidos
caseiros ([altenativa E - CORRETA e D
- INCORRETA]).
No grupo A, não é obrigatória a
realização de exames complementares
([alternativa A - INCORRETA]).
A monitorização em unidade de saúde
com repetição de exames laboratoriais
seria feita se ele fosse do grupo B
([alternativa B - INCORRETA]) e a
internação por 48h com hidratação IV
no caso do grupo C ([alternativa C -
INCORRETA]).
Caso estivesse no grupo D, seria
encaminhado para internação em UTI.
Vamos lembrar como é feita a prova
do laço?
Aferimos a PA e insuflamos o manguito
no valor médio entre a PAS e a PAD por
5 minutos em adultos e 3 minutos em
crianças.
Desenhamos um quadrado de 2,5cm de
lado, distal à fossa cubital e contamos o
número de petéquias que surgirem em
2 minutos dentro desse quadrado,
sendo positivo se 20 ou mais em adultos
e 10 ou mais em crianças.
É um teste que identifica a presença de
predisposição ao sangramento,
indicando monitorização do
hemograma para avaliar o risco de
hemorragias graves.
Gabarito: letra E.
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2. Homem com 49 anos de idade
apresenta, há um ano e meio, quadro
recorrente de monoartrite aguda,
durando cada episódio cerca de três a
cinco dias. Inicialmente foi acometido o
joelho esquerdo, posteriormente o
direito, em seguida o tornozelo direito
e, há três semanas, houve recorrência
do quadro no joelho esquerdo. Refere
alívio dos sintomas com o uso de
diclofenaco, que toma por conta
própria. Notou que o intervalo entre os
episódios, que inicialmente era de até
seis meses, é agora mais reduzido,
sendo o intervalo entre os dois últimos
episódios, de apenas um mês.
Apresentase na consulta após dois dias
do início da última crise. O joelho
esquerdo tem sinais flogísticos (calor,
rubor, aumento de volume), limitação
para flexão, o que causa dificuldade na
deambulação. Relatou um episódio
febril ontem (37,6 ºC). O paciente é
hipertenso e diabético há dez anos, em
uso de hidroclorotiazida 25 mg/dia e
glibenclamida 10 mg/dia. Refere
tabagismo (5 cigarros/dia) e etilismo
(cerveja, especialmente nos finais de
semana). O diagnóstico do paciente e a
conduta inicial a ser adotada são,
respectivamente:
A) gota não tofácea; realizar
artrocentese e iniciar o uso de
alopurinol imediatamente.
B) artrite séptica; realizar artrocentese e
aguardar a análise laboratorial do
líquido sinovial.
C) gota não tofácea; não realizar
artrocentese e manter o uso de anti-
inflamatório não hormonal.
D) osteoartrite; solicitar radiografia dos
joelhos e iniciar o uso de anti-
inflamatório não hormonal.
E) artrite séptica; não há necessidade de
exames complementares e deve-se
iniciar antibioticoterapia
imediatamente.
CCQ: Saber que utilizamos a
artrocentese na gota em casos de
dúvidas de diagnóstico
Fala galera! Questão ótima do revalida
para revisarmos um assunto bastante
frequentes nas provas, então bora lá!
Quando falamos de gota devemos nos
lembrar principalmente de um doença
que causa crises dolorosas no paciente,
as bancas adoram perguntar nossa
conduta durante estas crises que será:
• Analgesia com AINEs ou
colchinina e não iniciamos
alopurinol durante as crises,
pois pode inclusive agravar a
crise!
O alopurinol é um fármaco que leva ao
descenso dos níveis de ácido úrico no
sangue, o que é muito benéfico no
paciente com gota, mas se ele estiver
fora da crise!, grave este CCQ, pois é o
mais cobrado sobre a doença.
Outro ponto importante é que muitas
vezes temos dúvida quanto ao
diagnóstico de crise de gota ou artrite
infecciosa, nestes casos devemos
solicitar uma artrocentese. Mas veja
nosso paciente: Tem histórico de crises
dolorosas em várias articulações (mas 1
de cada vez) que melhoram com AINEs,
além de vários fatores de risco:
Obesidade, uso de tiazídicos, etilismo,
tabagismo. Além de não termos dados
que nos façam suspeitar de outra
hipótese diagnóstica. Portanto, temos
como principal diagnóstico a gota.
Agora vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta Não devemos
indicar artrocentese, pois estamos
frente q um quadro típico, além de que
não devemos iniciar o uso do
alopurinol durante as crises.
Alternativa B - Incorreta** Como
vimos, não temos essa como um
hipótese muito provável, tanto que nem
precisamos indicar artrocentese. O
paciente não teria história de outros
quadros similares nem estaria em tão
bom estado geral.
Alternativa C - Correta Exatamente!
Pela história tão típica, um diagnóstico
diferencial é pouco provável, por isso
não devemos indicar a artrocentese,
além de fazermos o controle doloroso
AINE.
Alternativa D - Incorreta Não é um
quadro condizente com osteoartrite
(artrose).
Alternativa E - Incorreta Como vimos,
não temos como uma hipótese muito
provável uma artrite séptica.
Portanto, o gabarito é a alternativa C.
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3. Mulher com 72 anos de idade vem
fazendo tratamento e
acompanhamento por anemia
ferropriva no Posto de Saúde há cerca
de um ano e meio. Relata que, nos
últimos quatro meses, perdeu 5 kg, está
se sentindo mais fraca e apresentou
vários episódios de diarreia, que
cessaram espontaneamente, seguidos
de vários dias sem evacuar, quadro que
vem se alternando desde então. O
diagnóstico mais provável e a
investigação adequada são,
respectivamente:
A) câncer de cólon; colonoscopia.
B) colite ulcerativa; colonoscopia.
C) câncer de reto; retossigmoidoscopia.
D) diverticulose colônica; enema opaco.
E) angiodisplasia de cólon; cintilografia.
CCQ: Suspeitar de câncer de cólon e
reto em idoso com anemia ferropriva
e diarreia
Questão que despenca nas provas de
residência, no revalida não é diferente.
O tema câncer de cólon é muito comum
nas provas, principalmente rastreio,
diagnóstico e tratamento.
No caso referido, temos uma idosa de
72 anos com história de anemia
ferropriva há mais de 1 ano, apesar de
estar em tratamento, evoluindo nos
últimos meses com perda de peso,
fraqueza, episódios de diarreia e
constipação intermitentes.
Idoso com anemia ferropriva temos que
suspeitar de hemorragia do trato
gastrointestinal. E quais são as três
principais causas:
• Diverticulose
• Câncer de cólon e reto
• Angiodisplasia
Diante dessas três hipóteses
precisamos fazer o diagnóstico
diferencial entre elas. Além disso, a
banca pergunta qual exame devemos
fazer para uma investigação adequada.
Vejam:
Alternativa A – Correta: A principal
suspeita é câncer colorretal, devendo
ser investigado com colonoscopia.
Idoso com anemia ferropriva até que se
prove o contrário está sangrando no
trato gastrointestinal, quando há
diarreia seguido de constipação é
sugestivo de uma obstrução da luz
colônica, possivelmente por uma
neoplasia.
Quando há restrição da luz, as fezes
tendem a impactar na obstrução,
gerando acúmulo de muco e daí então
vem a diarreia.
Alternativa B – Incorreta: Retocolite
ulcerativa até pode ser um diagnóstico
diferencial, porém não está entre os
principais, contudo, retocolite
ulcerativa não cursa com obstrução da
luz intestinal o qual justificaria a
constipação, mas sim apenas diarreia
crônica.
Alternativa C – Incorreta: Não
separamos o câncer de cólon do câncer
de reto, a diferença entre ele é apenas o
sítio acometido. Contudo, diante da
possibilidade de câncer colorretal, nós
devemos solicitar colonoscopia para ver
todo o cólon. Retossigmoidoscopia
investiga até o sigmoide.
Alternativa D – Incorreta: A
diverticulose é uma das opções, porém
o método padrão ouro para diagnóstico
é a colonoscopia, e não o enema opaco.
O enema até pode contrastar os
divertículos, porém não é o método
indicado. A colonoscopia pode ser
inclusive terapêutica diante de um
divertículo que está sangrando.
Alternativa E – Incorreta: A
angiodisplasia também entra como um
possível diagnóstico, porém, vale
lembrar que angiodisplasia tem
sangramento e mais nada... Não faz
diarreia, não há dor, não tem
constipação.
Portanto, alternativa correta é a letra
A.
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4. Homem com 35 anos de idade,
obeso, com hérnia de hiato, é
acompanhado clinicamente há cerca de
dez anos. Sua última endoscopia de
controle mostrou esofagite com
esôfago de Barret em uma extensão de
cerca de 5 cm. Foram colhidas biópsias
cujo resultado foi metaplasia de Barret.
A conduta inicial para o seguimento
deste paciente é:
A) indicação imediata de cirurgia
antirrefluxo
B) indicação imediata de esofagectomia
parcial.
C) orientações higienodietéticas e o uso
de antiácidos orais.
D) uso de inibidores de bomba de
prótons - 60 a 80 mg/dia - por três
meses.
E) erradicação de H. pylori com
amoxicilina - 2,0 g/dia e claritromicina -
1,0 g/dia.
CCQ: Metaplasia de Barret sem
displasia é inicialmente tratada IBP.
Estamos diante de um paciente com
diagóstico de Esôfago de Barret com
cerca de 5cm visualizado na endoscopia
digestiva alta. Note que a questão não
cita a presença de displasia associada a
metaplasia de Barret. Lembre-se da
classificação das metaplasias e suas
respectivas condutas:
1. Só metaplasia: repetir EDA em 1
ano e depois bianualmente.
2. Metaplasia associada à displasia
de baixo grau: repetir EDA em 6
meses e depois anualmente.
3. Metaplasia associada à displasia
de alto grau: esofagectomia
distal.
4. Câncer de esôfago: tratamento
de acordo com estadiamento
Analisando as alternativas, sabemos
que a esofagectomia não é indicada
para este caso, visto que estamos
diante de um quadro de metaplasia sem
displasia [(logo, alternativa B -
incorreta)].
Da mesma forma, a cirurgia antirrefluxo
possui indicações específicas entre elas
casos refratários ao tratamento clínico
com DRGE confirmada por pHmetria ou
como alternativa a terapia com IBP.
Portanto, não temos indicação de
abordagem cirúrgica no momento
[(logo, alternativa A - incorreta)].
Orientações higienodietéticas e o uso
de antiácidos orais são orientações
relacionadas aos sintomas de DRGE,
não sendo a conduta inicial para
abordarmos a metaplasia de Barret
[(alternativa C - incorreta)].
Além disso, a presença de DRGE e
metaplasia não é uma indicação de
erradicação de H. pylori [(alternativa e
- incorreta)].
Por fim, temos a [(alternativa D -
correta)], uma vez que indica
corretamente a abordagem inicial com
o uso de IBP para metaplasia de Barret
sem disfagia.
Gabarito: letra D!
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5. Mulher com 28 anos de idade foi
internada por apresentar quadro de
confusão mental progressiva e
rebaixamento do nível de consciência.
Os familiares informam que ela
apresenta perda progressiva de peso
(de aproximadamente 10 kg), além de
episódios febris (até 38,5 ºC) nos
últimos três meses. Negam a ocorrência
de tosse ou diarreia; relatam o uso de
drogas endovenosas há pelo menos
cinco anos, além do consumo excessivo
de álcool e cigarros. Há uma semana
iniciou quadro de confusão mental e há
dois dias evolui com rebaixamento do
nível de consciência, apresentando-se
torporosa no momento da internação.
Foi iniciada, empiricamente,
ceftriaxona. Os exames iniciais
demonstraram leucócitos = 3.600/mm3,
com 70% de neutrófilos, 20% de
linfócitos e 10% de eosinófilos; anemia
hipocrômica, microcítica, com
anisocitose; plaquetas normais; VHS =
102 mm na primeira hora; ureia,
creatinina, TGO/AST, TGP/ALT e
eletrólitos normais; a tomografia
computadorizada de crânio foi normal.
Após a realização dos exames e 48h de
antibioticoterapia, a paciente
apresentava-se sem melhora do quadro
clínico. Foi então realizada uma punção
lombar diagnóstica evidenciando: 220
leucócitos/mm3, com 70% de linfócitos,
níveis elevados de proteína e baixos
níveis de glicose. O diagnóstico da
paciente é:
A) meningite viral.
B) encefalite viral.
C) meningite tuberculosa.
D) meningite estafilocócica.
E) meningite por bacilo gram-negativo.
CCQ: Saber que LCR com presença de
linfócitos + níveis elevados de
proteínas e baixos níveis de glicose
sugere meningite tuberculosa
Fala pessoal! Questão boa com tema
muito frequente, então bora lá
entender o que a banca queria de nós.
A meningite ou meningoencefalite é
uma doença infecciosa muito
prevalente tanto na sua prática como na
sua prova, e o principal aspecto cobrado
nas suas provas é o diagnóstico
diferencial por meio do liquor,
basicamente podemos dividir em 3
aspectos principais:
• Meningite Bacteriana: proteínas
muito elevadas, glicose muito
baixa, predomínio de
polimorfonucleares, aspecto
pode vir purulento.
• Meningite viral: proteínas
elevadas, glicose normal,
predomínio de linfócitos.
• Meningite tuberculosa:
proteínas elevadas, glicose
baixa, predomínio de linfócitos e
presença de ADA > 40.
Voltando a questão, temos uma
paciente usuária de drogas EV com
quadro de febre e perda de peso há 3
meses, evolui com confusão mental e
rebaixamento do nível de consciência,
sendo proposto o diagnóstico de
meningite.
Pare aqui e note o risco desta paciente
apresentar alguma forma de
imunossupressão, endocardite por S.
Aureus e Hepatite, além do aumento de
risco para meningite tuberculosa (pode
te ajudar em outras questões!).
Procede-se a uma punção liquórica com
achado de proteínas elevadas, glicose
baixa, predomínio de linfócitos, só
faltou o ADA, mas se a banca
apresentasse este dado, a questão
ficaria fácil, por isso não citou o ADA da
paciente.
Note que estas características, mesmo
sem o ADA, só se enquadram na
meningite tuberculosa, por isso é a
nossa principal hipótese diagnóstica.
Agora, vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Como vimos,
a meningite viral cursa com glicose
normal.
Alternativa B - Incorreta: A encefalite
viral também cursa com as mesmas
alterações do liquor, apesar de alguns
pacientes apresentarem ausência de
alterações no LCR.
Alternativa C - Correta: Exatamente!
Nossa principal hipótese como já
explicado anteriormente.
Alterativa D e E - Incorretas: Ambas
citam formas de meningite bacteriana,
o que não é a nossa principal hipótese,
tanto pela evolução clínica, como pelo
exame de LCR.
Portanto, o gabarito é a alternativa C.
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6. Menina com 12 anos de idade tem
diagnóstico de asma desde os três anos
de idade, sem acompanhamento
adequado há seis meses. Comparece à
Unidade Básica de Saúde por
apresentar, nas últimas quatro
semanas, dificuldade para realizar
atividades físicas, com necessidade de
uso de medicação três ou mais vezes
por semana, e vários despertares
noturnos devido à tosse. Ao exame
físico, apresenta sibilos inspiratórios ao
esforço. A classificação e o tratamento
para o controle clínico desse quadro
são, respectivamente:
A) asma moderada; deve ser iniciado
corticoide inalatório associado ao
montelucaste.
B) asma persistente leve; deve ser
iniciado um broncodilatador de ação
longa por três meses.
C) asma parcialmente controlada; deve
ser iniciado corticoide inalatório e
broncodilatador de ação longa.
D) asma induzida por exercício; deve ser
prescrito broncodilatador de ação curta
e montelucaste.
E) asma não controlada; deve ser
iniciado broncodilatador de ação curta e
corticoide inalatório.
CCQ: Saber que limitação de
atividades, uso de medicação de alívio
duas ou mais vezes na semana, e
sintomas noturnos caracterizam asma
não controlada
Pessoal, temos uma menina de 12 anos
sabidamente asmática, com má adesão
ao tratamento há cerca de seis meses e
apresentando, no último mês,
dificuldade para realizar atividades
físicas, com necessidade de uso de
medicação três ou mais vezes por
semana e vários despertares noturnos
devido à tosse. Com esses dados, você
possivelmente já percebeu que a asma
dessa paciente não está,
definitivamente, controlada. Mas você
lembra como é a classificação do
controle de asma?
Critérios
• Sintomas diurnos: 02 ou mais
vezes por semana;
• Uso de medicações de alívio: 02
ou mais vezes por semana;
• Sintomas noturnos: apenas uma
vez;
• Limitação de atividades.
Interpretação
• Asma controlada: nenhum
critério preenchido;
• Asma parcialmente controlada:
01 ou 02 critérios preenchidos;
• Asma não controlada: 03 ou 04
critérios preenchidos.
Com isso em mente, podemos perceber
que a nossa paciente preencheu 03
critérios e, por isso, sua asma é
considerada NÃO controlada. Apenas
constatando isso, você já conseguiria
acertar a questão; no entanto, não
vamos nos ater a isso e vamos rever os
passos do tratamento de acordo com a
mais recente atualização:
• STEP 1: corticoide inalatório em
baixa dose (ICS) + beta-2-
agonista de longa duração
(LABA) conforme necessidade
OU uso contínuo de corticoide
inalatório em baixa dose.
o OBS.: no STEP 1, é
importante ressaltar que
a combinação de ICS +
LABA para alívio é
indicada para pacientes
a partir de 12 anos. Nas
crianças de 6-11 anos, a
medicação de alívio de
escolha ainda é o beta-2-
agonista de curta
duração (SABA).
• STEP 2: Corticoide inalatório em
baixa dose contínuo e
combinação ICS + LABA para
resgate.
• STEP 3: ICS + LABA em baixa
dose OU corticoide inalatório
em dose média (manutenção) e
SABA OU ICS-LABA (alívio).
o OBS.: pacientes com
sintomas intensos
devem começar pelo
STEP 2 ou STEP 3.
• STEP 4: ICS + LABA em dose
média como controle e as
mesmas medicações de alívio do
STEP 3.
• STEP 5: ICS + LABA em alta
dose. Nesses casos, paciente
deve ser referenciado, com
adição de tiotrópio ou uma
medicação anti-IgE
(omalizumabe).
Um algo a mais: o corticoide inalatório
deve sempre ser prescrito no
tratamento da asma, já que ele
demonstrou ser a medicação mais
importante no controle e na evolução
da asma, evitando o remodelamento
pulmonar e diminuindo o risco de
exacerbações, principalmente as
graves.
Sabendo disso, vamos às alternativas:
Alternativa A – Incorreta: A paciente
preencheu 03 critérios de descontrole
de asma e, portanto, tem uma asma
não controlada.
Alternativa B – Incorreta: A paciente
preencheu 03 critérios de descontrole
de asma e, portanto, tem uma asma
não controlada.
Alternativa C – Incorreta: A paciente
preencheu 03 critérios de descontrole
de asma e, portanto, tem uma asma
não controlada.
Alternativa D – Incorreta: A asma da
paciente não é induzida por exercícios,
já que ela também tem sintomas
noturnos e possivelmente diurnos, já
que necessita usar a medicação de alívio
três ou mais vezes na semana.
Alternativa E – Correta: Como vimos, a
nossa paciente possui uma asma não
controlada. Seu tratamento pode ser
iniciado no STEP 1 e atualmente seria
feito com ICS + LABA, conforme
necessidade OU ICS contínuo com ICS +
LABA para alívio. No entanto, como a
questão é de 2013, a referência usada
ainda preconizava o ICS + SABA, por
isso, essa é a nossa alternativa correta.
Portanto, ficamos com letra E como
gabarito!
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7. Mulher com 19 anos de idade,
primigesta, com gestação de 22
semanas, procura serviço de Pronto
Atendimento obstétrico por apresentar
lesões ulceradas, rasas e dolorosas em
vulva, iniciadas há um dia,
acompanhada de febre não aferida e
mal-estar geral. Relata que o quadro se
iniciou há três dias, precedido por
sensação de queimação no local. Nega
qualquer lesão semelhante anterior.
Não se observam alterações em
gânglios inguinais. A hipótese
diagnóstica e a conduta corretas para a
paciente são, respectivamente:
A) cancro mole; iniciar doxiciclina.
B) herpes genital; iniciar aciclovir oral.
C) donovanose; iniciar penicilina
benzatina.
D) sífilis primária; iniciar penicilina
benzatina.
E) condiloma plano; cauterizar com
ácido tricloroacético 90%.
CCQ: Saber que herpes genital se
apresenta com vesículas que se
tornam úlceras dolorosas e rasas
Mentorando, questão sobre
diagnóstico diferencial entre as úlceras
genitais, tema de grande importância.
Frente à queixa de úlceras genitais, a
primeira coisa que devemos buscar é se
as úlceras são dolorosas ou não.
Caso seja dolorosa, temos: Herpes
(múltiplas, vesículas) ou cancro mole
(fundo sujo).
Em úlceras não dolorosas, temos
sífilis/cancro duro (única, bordas
elevadas, fundo limpo), o
linfogranuloma venéreo (única,
linfadenopatia indolor, fistuliza por
múltiplos orifícios/ ”bico de regador”)
ou a donovanose (úlcera grande, > 4
semanas).
A título curiosidade, o ministério da
saúde indica penicilina benzatina 2,4
milhões UI, dose única + azitromicina 1 g,
VO, dose única para o tratamento de
úlceras não dolorosas com menos de 4
semanas. Se houver mais de 4 semanas,
adicionamos doxiciclina 400 mg, VO,
12/12 h, por 21 dias + biópsia da borda da
lesão.
Alternativa A - Incorreta: Como vimos,
não iremos pensar em cancro mole.
Alternativa B - Correta: Como vimos,
herpes é a nossa principal hipótese, e o
tratamento é feito com aciclovir.
Alternativa C - Incorreta: Como vimos,
a donovanose é uma úlcera indolor
crônica.
Alternativa D - Incorreta: Como vimos,
pensaríamos em sífilis frente a úlcera
única e indolor de bordas elevadas e
fundo limpo.
Alternativa E - Incorreta: Não é nossa
hipótese.
Portanto, o gabarito é a alternativa B.
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8. Criança com três anos de idade,
nascida a termo, não acompanhada
regularmente na Puericultura, foi
levada pela mãe para uma consulta na
Unidade Básica de Saúde após sofrer
fratura no antebraço direito há dois
meses. Após avaliação médica foi
observado: baixa estatura para a idade,
escoliose, desproporção da relação
segmento superior e inferior, hipotonia
muscular e hérnia umbilical pequena. O
médico solicitou radiografia de mão e
punho e de membros inferiores,
mostradas abaixo. O diagnóstico e a
alteração radiológica que o confirma
são, respectivamente:
A) osteopenia e perda da densidade
óssea.
B) hipotireoidismo e atraso da idade
óssea.
C) deficiência de fósforo e
osteomalácia.
D) displasia óssea e displasia
metafisária.
E) raquitismo e alargamento das
epífises
CCQ: Saber que clínica de baixa
estatura e hipotonia muscular com
achado radiográfico de alargamento
das epífises ósseas é bastante
característico de raquitismo
Aluno Aristo, nessa questão a banca
trouxe um caso clínico típico de um
distúrbio frequente das bancas de
desenvolvimento e crescimento: o
raquitismo. Vamos juntos revisar esse
tema?
A presença de fratura, baixa estatura
para idade, deformação do tórax e da
curvatura da coluna vertebral e
hipotonia muscular em um pré-escolar
sem acompanhamento regular é
fortemente sugestivo para raquitismo.
O raquitismo é caracterizado pela
diminuição da mineralização da placa
epifisária. A formação e crescimento
ósseo dependem da produção da matriz
óssea, composta principalmente por
colágeno e de sua mineralização
através da deposição dos cristais de
hidroxiapatita, compostos basicamente
por cálcio e fósforo. A concentração
extracelular inadequada desses íons e a
falta da ação dos elementos
responsáveis pela sua absorção
(vitamina D) resultam na falha do
processo de mineralização.
Uma dieta pobre em vitamina D, cálcio,
fósforo e pequena exposição à luz solar
são fatores de risco para a doença. O
quadro clínico geralmente revela atraso
no fechamento das fontanelas e no
crescimento, fronte olímpica e
craniotabes e a alteração de ossos
longos e coluna vertebral também são
comuns.
Agora que revisamos um pouco sobre
essa doença, vamos avaliar as
alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A osteopenia
é uma doença metabólica sistêmica
caracterizada por diminuição da massa
óssea, porém sem comprometimento
de sua microarquitetura. Portanto, não
é o caso do nosso paciente.
Alternativa B - Incorreta: O
hipotireoidismo causa sintomas como
cansaço, fraqueza, desânimo, câimbras
frequentes, dificuldade de
concentração e falhas de memória. Não
observamos no nosso paciente nenhum
desses sintomas e, portanto, essa não é
uma hipótese.
Alternativa C - Incorreta: A
hipofosfatemia crônica pode produzir
manifestações musculoesqueléticas,
tais como: dor muscular, miopatia
proximal e hiperestesia nos membros, e
hipotonia com reflexos tendinosos
normais. O comprometimento de
outros sistemas musculares pode levar
à insuficiência cardíaca congestiva e
angústia respiratória. No sistema
nervoso central, a hipofosfatemia
crônica pode causar encefalopatia, que
se manifesta através de irritabilidade,
parestesias e déficits de memória. Com
a perpetuação desse distúrbio, podem
ocorrer confusão mental, ataxia,
convulsões, coma e morte. No tecido
ósseo, a hipofosfatemia prejudica a
mineralização da cartilagem de
crescimento. Portanto, não se trata de
uma de nossas hipóteses.
Alternativa D - Incorreta: A displasia
óssea é caracterizada pelo
espessamento da diáfise dos ossos
longos, deformação metafisária e
irregularidades epifisárias. Ou seja, não
se trata do nosso caso.
Alternativa E - Correta: Exatamente! O
raquitismo é uma doença metabólica
sistêmica causada pela diminuição da
mineralização óssea da placa epifisária
de crescimento e do tecido osteoide.
Em conjunto com a clínica de baixa
estatura, hipotonia muscular e a
alteração da coluna temos um quadro
clássico de raquitismo.
Sendo assim, a letra correta é a E!
_________________________________
9. Mulher com 81 anos de idade,
fumante há 60 anos, deu entrada em
hospital geral com quadro de dispneia
intensa, que evoluiu para óbito dois dias
após a internação. Na admissão fez-se o
diagnóstico de embolia pulmonar e
trombose venosa profunda em membro
inferior direito. O preenchimento
adequado da declaração de óbito é:
A) Parte I: a. embolia pulmonar; b.
trombose venosa profunda; c.
tabagismo. Parte II: (sem
preenchimento).
B) Parte I: a. dispneia intensa; b.
trombose venosa profunda; c.
tabagismo. Parte II: embolia pulmonar.
C) Parte I: a. embolia pulmonar; b.
trombose venosa profunda. Parte II:
tabagismo.
D) Parte I: a. dispneia intensa; b.
trombose venosa profunda. Parte II:
tabagismo.
E) Parte I: a. trombose venosa profunda.
Parte II: embolia pulmonar.
CCQ: A causa básica do óbito é a
doença que iniciou a cadeia de
acontecimentos patológicos que
conduziram diretamente à morte,
enquanto a causa terminal é aquela
que de forma mais imediata provocou
a morte do paciente
Questões sobre Declaração de Óbito
(DO) costumam cair muito nos
concursos e alguns detalhes confundem
os candidatos. Vamos revisar o assunto!
Como preencher:
PARTE I: causa que provocou a morte
• Linha A: causa terminal.
• Linhas B e C: estados mórbidos
que produziram a causa descrita
na linha A.
• Linha D: causa básica.
PARTE II: comorbidades que
contribuíram para a morte, mas que não
fizeram parte da cadeia definida na
Parte I.
Alternativa C - correta: No caso da
paciente da questão, a causa terminal
foi TEP, como consequência de TVP. O
tabagismo não é uma causa direta, mas
sim um fator contribuidor (por isso na
parte II).
Assim, o preenchimento dessa DO é
feito da seguinte forma:
Portanto, o gabarito da questão é a
alternativa C.
_________________________________
10. Mulher com 57 anos de idade deu
entrada na Emergência apresentando,
há um dia, cinco episódios de
evacuações com sangue vermelho vivo
e em grande quantidade. Na admissão
apresenta pressão arterial = 70x50
mmHg, frequência cardíaca = 164 bpm,
sudorese profusa e intensa palidez
cutâneo-mucosa. O exame do abdome
é normal e no exame proctológico são
vistas hemorróidas Grau II. Foi
administrado O2 nasal, hidratação com
2 litros de Ringer Lactato em acesso
venoso periférico e a paciente encontra-
se estável hemodinamicamente após
seis horas da admissão. Com base no
quadro clínico descrito, entre as opções
abaixo, a próxima conduta diagnóstica
e/ou terapêutica é:
A) angiografia e possível embolização
para diagnóstico e terapêutica
B) vasopressina EV para diminuir o
sangramento e sua recorrência.
C) enema opaco para diagnóstico e
hemostasia.
D) tomografia com contraste para
diagnóstico.
E) colonoscopia após preparo intestinal.
CCQ: Saber que a colonoscopia é o
exame indicado após estabilização de
hemorragias digestivas baixas
Fala pessoal! O tema da questão que
estamos analisando é hemorragia
digestiva baixa (HDBs), que são
aqueles fenômenos hemorrágicos que
ocorrem abaixo do ângulo de Treitz.
Embora seja um tema importante para
a emergência, as HDBs tem
mortalidade menor que a HDA
(hemorragia digestiva alta) e tem como
etiologias mais comuns a diverticulite, a
doença polipomatosa e as colites.
A síndrome costuma se manifestar com
hematoquezia ou enterorragia,
devendo sempre ser avaliada a origem
do sangramento no exame físico (toque
retal, anuscopia e indicada em pacientes que estão em
retossigmoidoscopia). Caso a origem
seja mais distante, recomenda-se fazer
algum exame complementar que
citaremos a seguir.
O manejo da HDB necessita
primeiramente da estabilização
(seguindo os protocolos de emergência
- ABCDE -, ressuscitação volêmica e até
mesmo transfusão maciça, se
necessário).
Após a estabilização, vamos para a
investigação, partindo inicialmente da
anuscopia, retossigmoidoscopia e da
colonoscopia (segura principalmente
após 12-24 horas da internação, não
podendo ser realizada apenas em
pacientes com hemorragia grave).
Em sangramentos maciços ativos, a
colonoscopia não consegue visualizar o
foco do sangramento, sendo necessária
a angiografia/angiotomografia e a
cintilografia com hemácias marcadas
(esse tratamento permite a
embolização ou a injeção de
vasopressina).
Em sangramentos maciços
estabilizados, devemos optar pela
colonoscopia.
Sabendo disso, vamos para as
alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A angiografia
é indicada apenas nos casos em que há
sangramentos maciços ativos, como a
paciente está estabilizada, vamos usar a
colonoscopia.
Alternativa B - Incorreta: Mentorando,
Injetar vasopressina EV pode diminuir a
perfusão coronariana, não sendo
risco de choque hemorrágico.
Alternativa C - Incorreta: Enema opaco
não está indicado nos pacientes com
hemorragia digestiva baixa, pois o
contraste do enema pode dificultar a
possibilidade de um estudo por
angiografia.
Alternativa D - Incorreta: Mentorando,
a tomografia não está indicada para
investigação da etiologia das HDBs,
mas sim a angiotomografia.
Alternativa E - Correta: Certa resposta
mentorando! Em pacientes com HDB
estáveis, devemos recorrer a visual utiliza a Tabela de Snellen e pode
colonoscopia para acharmos a
etiologia.
Vale lembrar que 10-15% das
hematoquezias tem origem com HDAs,
sendo possível a investigação com
endoscopia digestiva alta.
Portanto, o gabarito oficial da
questão é a letra E.
________________________________
11. Durante uma reunião de
capacitação em Saúde Escolar para os
Agentes Comunitários de Saúde das
equipes de Saúde da Família de um
município de médio porte, foi fornecida
uma série de informações e de
procedimentos relativos à avaliação de
acuidade visual de crianças e
adolescentes. Os Agentes
Comunitários de Saúde devem saber
que:
A) existem sinais e sintomas de alerta
que podem caracterizar distúrbios de
acuidade visual em crianças e
adolescentes, como crianças com
comportamento agitado, dificuldade de
socialização e déficit de aprendizagem.
B) caso o rastreamento pela tabela de
Snellen seja positivo, a criança deverá
ser encaminhada para a equipe de
Saúde da Família, que a avaliará
clinicamente, antes de encaminhá-la ao
especialista.
C) existem fatores de risco para
problemas de saúde ocular em crianças,
como baixo peso ou tamanho para a
idade, tabagismo durante a gestação e
falta de suplementação de ferro no
primeiro ano de vida.
D) o teste para triagem de acuidade
ser realizado em crianças a partir de
sete anos de idade, por qualquer
profissional treinado.
E) crianças com sinais e/ou sintomas de
desconforto, como esfregar os olhos,
piscar muito e/ou apresentar
conjuntivas vermelhas, não devem ser
submetidas ao teste de acuidade visual.
CCQ: Saber que os ACS’s podem atuar
na identificação de problemas através
dos programas de saúde escolar e
encaminhá-los à UBS para avaliação
clínica
Pessoal, aqui temos uma questão
abordando um tema bem relevante: o
Programa Saúde n Escola (PSE), em um
recorte da ação dos ACSs no programa.
Vamos aprender um pouco mais sobre
isso?!
Bom, vamos por partes.
- Primeiro: O que é o Programa Saúde
na Escola (PSE)?
• O PSE visa à integração e
articulação permanente da
educação e da saúde,
proporcionando melhoria da
qualidade de vida dos
educandos, contribui para a
formação integral dos
 estudantes por meio de ações de
promoção da saúde, prevenção
de doenças e agravos à saúde e
de atenção à saúde, com vistas
ao enfrentamento das
vulnerabilidades que
comprometem o pleno
desenvolvimento de crianças e
jovens da rede pública de
ensino.
• É constituído por cinco
componentes, dentre eles a
avaliação das condições de
saúde das crianças,
adolescentes e jovens que estão
na escola pública, inclusive a
educação continuada e (situadas em morros, longa
capacitação dos profissionais da
educação e da saúde.
• Objetivos do PSE: a promoção
da comunicação entre escolas e
unidades de saúde, assegurando
a troca de informações sobre as
condições de saúde dos
estudantes.
• Diante dos problemas
relacionados à saúde das
crianças e adolescentes nas
escolas, percebeu-se a falta de
atenção e de um
acompanhamento, inclusive da
capacitação de profissionais,
especificamente, dos agentes
comunitários de saúde (ACS),
uma vez que os mesmos têm um
conhecimento prévio do escolar
no ambiente externo da escola,
através das visitas domiciliares,
ou seja, no âmbito de saúde da
estratégia da família.
• Os problemas mais comuns
dos estudantes poderiam,
facilmente, ser sanados com a
atuação de um ACS na escola.
Este poderia realizar um
acompanhamento de perto
sobre a saúde das crianças e
adolescentes e servir de elo
entre a família, escola e à equipe
de saúde.
• A escola, apesar de estar dentro
da área de abrangência do ACS,
normalmente não é
contemplada pela visita de
rotina do agente tal como é
realizada nas residências.
Certamente, pela falta de
tempo, o difícil acesso às escolas
distância entre a Unidade básica
de saúde e a escola), falta de
motivação do ACS, quantidade
insuficiente de ACS e
sobrecarga de trabalho do ACS.
• O trabalho dos ACS’s deve,
portanto, seguir um planto de 10
passos:
a) Primeiro passo: definição dos
problemas (o que causou os problemas
e suas consequências);
b) Segundo passo: priorização dos
problemas (avaliar a importância do
problema, sua urgência, capacidade de
enfrentamento da equipe, numerar os
problemas por ordem de prioridade a
partir do resultado da aplicação dos
critérios);
c) Terceiro passo: descrição do
problema selecionado (caracterização
quanto à dimensão do problema e sua
quantificação);
d) Quarto passo: explicação do ao serviço de saúde ou
problema (causas do problema e qual a comunicar sua equipe de
relação entre elas); profissionais especializados na
UBS, aumentando a efetividade
e) Quinto passo: seleção dos “nós”
do trabalho dos ACS junto à
críticos (causa mais importante a ser
equipe de saúde.
enfrentada);
Agora, vamos dar uma olhada nas
f) Sexto passo: desenho das operações
alternativas.
(descrever as operações, identificar os
produtos e resultados, recursos Alternativa A – Incorreta: Embora a
necessários para a concretização das alternativa esteja correta em relação a
operações); alguns dos sinais, ela não responde à
questão. Uma vez que não cabe ao ACS
g) Sétimo passo: identificação dos nós
identificar sinais e sintomas de alarme.
críticos (identificar os recursos críticos
Estes, geralmente são identificados
que devem ser consumidos em cada
pela família ou pelos professores e,
operação);
então, serão abordados pelo ACS.
h) Oitavo passo: análise de viabilidade
Alternativa B – Correta: Isso! Como
do plano (construção de meios de
vimos nos objetivos do programa, ao se
transformação das motivações dos
deparar com um problema, o ACS deve
atores através de estratégias que
encaminhar o estudante à UBS para
busquem mobilizar, convencer, cooptar
avaliação e, se necessário, lá será feito o
ou mesmo pressionar estes, a fim de
encaminhamento.
mudar sua posição);
Alternativa C – Incorreta: Os fatores
i) Nono passo: elaboração do plano
citados, de fato, relacionam-se com
operativo (designar os responsáveis por
problemas de saúde na crianças.
cada operação e definir os prazos para a
Porém, estão fora do contexto do PSE e
execução das operações);
da ação do ACS, como pede a questão.
j) Décimo passo: desenhar o modelo de
Alternativa D – Incorreta: A tabela
gestão do plano de ação; discutir e
pode ser utilizada a partir dos 3 anos.
definir o processo de acompanhamento
do plano e seus respectivos Alternativa E – Incorreta: Todas as
instrumentos. crianças que apresentem alguma
dessas manifestações deve ser
• Espera-se, por meio deste
submetida à triagem.
projeto, que os ACS estejam
capacitados e aptos para Portanto, a resposta é a alternativa B.
realizar o suporte nas ações de
________________________________
saúde juntamente com a
equipe de saúde do PSE, aptos 12. Mulher com 23 anos de idade,
à identificação dos sinais de primigesta, idade gestacional de 30
riscos à saúde dos estudantes e, semanas, vem à quarta consulta de pré-
imediatamente, encaminhá-los natal. Não relata nenhuma queixa. Ao
exame clínico, apresenta pressão
arterial = 140x90 mmHg (em decúbito
lateral esquerdo), pulso = 80 bpm,
altura uterina = 31 cm e frequência
cardíaca fetal = 140 bpm. Traz exame de
proteinúria de 24 horas com valor de
412 mg/24h. Hemograma
apresentando contagem de plaquetas
de 220.000/mm³. No cartão da
gestante, estão anotadas as seguintes
medidas da pressão arterial registradas
nas consultas anteriores: 110x70
mmHg, 120x70 mmHg e 140x100
mmHg. O diagnóstico correto é:
A) pré-eclâmpsia leve
B) pré-eclâmpsia grave.
C) iminência de eclâmpsia.
D) hipertensão gestacional.
E) hipertensão arterial crônica.
CCQ: Saber que pré-eclâmpsia é
definida pela presença de hipertensão
após a 2.ª metade da gestação +
proteinúria (≥ 300 mg em 24 h, ou
proteinúria/creatinina > 0,3).
Fala Pessoal, questão que aborda as
definições das doenças hipertensivas da
gestação.
Vamos aproveitar as alternativas para
revisar os conceitos.
Alternativa A - Correta: A pré-
eclâmpsia é diagnosticada pela
presença de hipertensão após a 2.ª
metade da gestação + proteinúria (≥
300 mg em 24 h, ou
proteinúria/creatinina > 0,3). É
classificada como leve quando não
apresenta fatores de gravidade (lesão
de órgão-alvo).
Alternativa B - Incorreta: A pré-
eclâmpsia é dita grave quando há a
presença de algum destes: PA ≥
160x110, oligúria ou Cr ≥ 1,3, edema
agudo de pulmão, síndrome HELLP, AVC
ou sinais de iminência de eclâmpsia.
Alternativa C - Incorreta: A iminência
de eclâmpsia ocorre em pacientes com
pré-eclâmpsia + 1 ou mais dos seguintes
sintomas: cefaleia, torpor, turvação
visual, escotomas, diplopia, amaurose e
dor epigástrica.
Alternativa D - Incorreta: A
hipertensão gestacional é um
diagnóstico retrospectivo. É feito
quando a paciente desenvolve
hipertensão após a 20.ª semana e se
mantém até a 6.ª semana do pós-parto.
Alternativa E - Incorreta: A
hipertensão arterial crônica secundária
é uma hipertensão sabidamente
conhecida (já está presente no início da
gestação), que tem como causa uma
doença de base.
Portanto, o gabarito é a alternativa A.
________________________________
13. Uma criança com 10 anos de idade é
trazida ao hospital de referência, em
cidade de grande porte, com quadro
que já se arrasta há seis meses.
Apresenta febre irregular intercalada
com períodos de apirexia, anorexia e
perda ponderal de 6 Kg. A mãe relata,
ainda, diarreia ocasional, sangramento
gengival frequente, epistaxe e
episódios de pneumonia e otite,
tratados com antibióticos nos dois
últimos meses, pouco antes da
mudança realizada pela família, que
saiu de uma cidade da zona rural para
uma cidade da zona urbana. Ao exame,
a criança apresenta-se emagrecida,
hipodesenvolvida para a idade, cabelos
finos e quebradiços, hipocorada 2+/4,
anictérica, com micropoliadenopatia
cervical e axilar bilateral, sopro sistólico
2+/6+, pancardíaco, abdome
distendido, com fígado palpável a 5 cm
do rebordo costal direito, baço palpável
a 8 cm do rebordo costal esquerdo,
edema de membros inferiores 1+/4, frio
e com cacifo. Temperatura axilar = 37,8
o C; PA = 100x70 mmHg; FC = 104 bpm;
FR = 18 irpm. A melhor correlação entre
a manifestação clínica apresentada pela
criança e seu mecanismo
fisiopatológico, nessa endemia
brasileira, é:
A) a esplenomegalia como efeito da
hipertrofia progressiva, por aumento da
pressão sanguínea no sistema portal
intra-hepático e da veia esplênica.
B) as infecções bacterianas como
seguimento ao aumento da resposta
imunológica TH1 e da produção
exagerada de interferon gama e
interleucina 2.
C) o edema de membros inferiores, frio
e com cacifo, como consequência da
insuficiência cardíaca congestiva
secundária a miocardiopatia dilatada.
D) a anemia como resultado da
combinação de hemólise, ocupação de
medula óssea por macrófagos
infectados, hemorragias e sequestro
esplênico.
E) os sangramentos gengivais e
epistaxe como efeito da diminuição da
produção de fatores de coagulação pela
lesão direta e insuficiência
hepatocelular.
CCQ: Febre tifoide = fases de febre +
hepatoesplenomegalia + diarreia +
anemia (hemólise, comprometimento
da medula óssea e sequestro
esplênico)
Pessoal, estamos diante de uma
questão com um tema não tão comum,
mas que merece sua atenção: febre
tifoide. Portanto, vamos juntos fazer
uma revisão!
Vamos lembrar que a febre tifoide é
causada pela Salmonella typhi, com
aquele quadro clássico de fases de
febre, hepatoesplenomegalia e
diarreia!
O início do quadro clínico é geralmente
gradual, com febre, cefaleia, artralgia,
faringite, constipação intestinal,
anorexia, e sensibilidade e dor
abdominais. Esplenomegalia,
leucopenia, anemia, anormalidades da
função hepática, proteinúria e
coagulopatia de consumo discreta são
comuns. Sintomas menos comuns
incluem disúria, tosse não produtiva e
epistaxe. A convalescença pode durar
vários meses.
A procedência da zona rural nos
relembra que a contaminação ocorre
através da água e alimentos
contaminados (transmissão fecal-oral).
Complicações ocorrem principalmente
em pacientes que ficam sem
tratamento ou naqueles em que o
tratamento é atrasado.
O tratamento de escolha é realizado
com a ceftriaxona por 14 dias.
Agora que revisamos o tópico, vamos
avaliar as alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A
hepatomegalia não acontece por
aumento da pressão da circulação, e
sim por alteração nas células.
Alternativa B - Incorreta: A
manifestação clínica apresentada
condiz com o quadro da febre tifoide, e
não de infecções bacterianas
secundárias. Além disso,
fisiopatologia da bacteremia primária
da Salmonella ocasiona liberação da
interleucina 1 e ela dissemina-se através
das células CD18.
Alternativa C - Incorreta: Como
consequência da inapetência e da
anorexia, o menino acabou
desenvolvendo um grau de desnutrição
marcada por emagrecimento, edema e
repercussão hemodinâmica, e não uma
miocardiopatia dilatada.
Alternativa D - Correta: Exatamente!
Alguns dos sintomas não estão sendo
causados pela bactéria diretamente,
mas sim pela anemia devido à ação
hemolítica (hemácia alterada sendo
destruída mais rapidamente) e a
ocupação da medula óssea pelos
macrófagos infectados. Isso ocasionará
a clínica: hemorragias pela fragilidade
capilar e baço aumentado por
obstrução devido à destruição das
hemácias (sequestro esplênico).
Alternativa E - Incorreta: Não há uma
diminuição da produção de fatores de
coagulação, e sim fragilidade capilar.
Sendo assim, a alternativa correta é a
letra D!
________________________________
14. Casal procura atendimento médico
em Unidade Básica de Saúde com
história de tentativas frustradas de
engravidar há dois anos, a despeito de
manter relações sexuais frequentes e
sem uso de métodos contraceptivos.
Ela tem 25 anos de idade, apresenta
ciclos menstruais regulares e nega
dismenorreia, dispareunia,
comorbidades ou antecedente de
doenças sexualmente transmissíveis.
a
Ele tem 30 anos de idade, sem
antecedentes relevantes, com filho de
cinco anos de idade de outro
relacionamento. Considerando a
propedêutica indicada na abordagem
inicial do casal infértil, devem ser
solicitados:
A) espermograma e
histerossalpingografia.
B) ultrassonografia transvaginal e teste
pós-coital.
C) teste pós-coital e ultrassonografia
escrotal com Doppler.
D) Dosagem de LH no 14.º dia do ciclo e
histerossalpingografia.
E) espermograma e dosagem de FSH no
terceiro dia do ciclo para avaliar reserva
ovariana.
CCQ: Causas e investigação de
infertilidade feminina
A infertilidade é definida como uma
condição do **casal **(sempre se
lembre disso, pois frequentemente é
cobrado nas provas de residência!), na
qual há ausência de gravidez após um
ano, sem uso de contraceptivo, com
relações sexuais frequentes entre 2 a
4x/semana.
Ela pode ser primária, quando nunca
houve gestação prévia, ou secundária,
quando há história de gestação prévia,
não nascido vivo necessariamente.
Quando falamos sobre infertilidade no
sexo feminino, precisamos pensar em
compartimentos que podem ser a
possível causa:
• Anovulação: responsável por
15% dos casos, pode ser causada
pela síndrome dos ovários
policísticos, falência ovariana
precoce, disgenesia gonadal (ex:
síndrome de Turner). Podem ser
diagnosticados pelo quadro
clínico ou exames laboratoriais;
• Fator tubo/canaliculares ou
ovariano: responsável por 35%
dos casos, pode ser causado
principalmente por uma DIPA
ou endometriose, que podem
gerar obstrução de trompas ou
alterações funcionais em
ovários, com um
endometrioma, por exemplo.
Possui como padrão ouro para
investigação de trompas, a
histerossalpingografia, que
pode meio da Prova de Cotte
positiva, com extravasamento
de contraste na cavidade
peritoneal, revela ausência de
obstruções em trompas. A
videolaparoscopia pode ser
indicada em caso de Prova de
Cotte negativa, pois servirá de
método diagnóstico e
terapêutico, para liberação de
trompas de forma cirúrgica. Já
para investigar causas
ovarianas, temos a dosagem de
progesterona na fase lútea do
ciclo, ou seja, na segunda
metade, entre o 21º e 24º dia ou
na dosagem de FSH, para avaliar
a reserva ovariana, entre o 2-5º
dia, e não havendo necessidade
de estímulo com hormônios
para avaliar função ovariana;
• Fator uterino: devido às
malformações uterinas, que
podem dificultar a implantação
do embrião, podendo ser causa
de abortamento de repetição.
Pode ser investigado por USGTV
ou histeroscopia (padrão ouro);
• Fator cervical: devido à
presença de septo vaginal ou
uma síndrome de Roktansky (ou
também chamada de vagina
curta com ausência de útero).
As principais causas de infertilidade
envolvem a questão tubária e ovariana,
que é por onde devemos começar nossa
investigação. Essa mulher apresenta
ciclos menstruais regulares, sugerindo
outra causa além da questão
hormonal/anovulação/ovariana, nos
induzindo a pensar primeiro em causas
tubárias.
Portanto, a alternativa correta é a A.
_________________________________
15. Mulher com 41 anos de idade
procurou a Unidade de Pronto
Atendimento com relato de dor anal há
três dias e, há cerca de seis horas, notou
sangramento anal vermelho vivo
entremeado com coágulos. Nega
alteração de hábito intestinal e história
familiar de neoplasia colorretal. Ao
exame observa-se uma nodulação
perianal com cerca de 1 cm de diâmetro,
arroxeada e com laceração central por
onde se extrui um coágulo sanguíneo. O
toque retal foi muito doloroso e não
evidenciou tumores ou presença de
sangue nas fezes. Com base nessas
informações, a conduta correta é:
A) fazer a esclerose do vaso sangrante
B) encaminhar para cirurgia
urgência.
C) realizar a trombectomia
momento do exame.
D) fazer ligadura elástica
hemostasia do vaso sangrante.
E) prescrever anti-inflamatório não
esteroidal e observar o sangramento
CCQ: Saber que o tratamento de
hemorroidas externas trombosada >
72h é conservador com AINES
Questão muito simples de ser
respondida, mas que exigia conhecer o
tratamento de hemorroidas externas. A
paciente procurou atendimento devido
a dor ao evacuar há 3 dias,
acompanhada há 6 horas de
sangramento vermelho vivo. Há duas
possibilidades aqui, fissura anal ou
hemorroida externa. No exame físico
fica constatado a hemorroida externa
trombosada: nodulação perianal com 1
cm de diâmetro, arroxeada e com
laceração central por onde drena um
coágulo sanguíneo (trombo). No toque
retal excluem-se tumores ou
hemorroidas internas.
Qual seria a diferença sintomatológica
entre interna e externa? Simples,
hemorroida interna não dói (exceto as
estranguladas, grau IV), enquanto
hemorroida externa sim. O tratamento
para hemorroidas externas é:
• Hemorroidas externas não
trombosadas: conservador com
AINES, banhos de assento,
laxativos, dieta rica em fibras,
ingesta hídrica adequada, não
usar papel higiênico.
• Hemorroidas externas
de
trombosadas < 72h:
hemorroidectomia.
no
• Hemorroidas externas
trombosadas > 72h:
para conservador com AINES,
banhos de assento, ingesta de
fibras, hidratação adequada,
não usar papel higiênico.
Alternativa A – Incorreta: É indicado
apenas para hemorroidas internas grau
1 e 2 em pacientes que são
anticoagulados.
Alternativa B e C – Incorretas: Como
há mais de 72h de evolução o
tratamento deve ser conservador. Não
indicação de retirar o coágulo do vaso.
Alternativa D – Incorreta: A ligadura
elástica é método não cirúrgico, barato,
rápido e reservada para hemorroidas
internas grau 2 e 3.
Alternativa E – Correta: Como
explicado acima, prescrever AINES e
medidas comportamentais.
Portanto, a alternativa correta é a
letra E.
_________________________________
16. Lactente com um ano de idade
passou a frequentar creche há dois
meses e, nesse período, já apresentou
dois episódios de infecção de vias
aéreas superiores (IVAS). Há três dias
passou a apresentar quadro de febre,
coriza hialina e tosse, inicialmente seca,
que evoluiu para tosse produtiva. Há
24h foi levado pela mãe ao Pronto
Atendimento e foi medicado com
paracetamol e solução fisiológica nasal.
Como não houve melhora do quadro, a
mãe retornou ao Pronto Atendimento
para nova consulta. Ao exame físico, a
criança encontra-se afebril, gemente,
FR = 50 irpm, ausculta pulmonar com
roncos difusos e tiragem subcostal. À
otoscopia observa-se hiperemia de
membrana timpânica bilateral e
oroscopia com leve hiperemia de pilares
amigdalianos. Com base no quadro
clínico e exame físico, o diagnóstico e a
conduta imediata são,
respectivamente:
A) bronquiolite; indicar oxigenoterapia.
B) pneumonia; encaminhar para
internação.
C) amigdalite viral; prescrever
sintomáticos.
D) otite média aguda; prescrever
antibiótico.
E) asma; prescrever broncodilatador
inalatório.
QUESTÃO ANULADA
Pessoal, atenção para um tema
frequente nas provas: pneumonia!
Vamos revisar com carinho esse tema e
marcar com uma caneta bem colorida
esses conceitos.
A questão relata um lactente com um
quadro inicial de infecção de vias aéreas
superiores (IVAS), evoluindo com piora
dos sintomas: febre, tosse, taquipneia
(lembrando que para essa idade, a
frequência normal é de até 40 irpm),
gemência e tiragem subcostal,
caracterizando uma pneumonia.
O próximo passo é identificar a
gravidade da doença para ser feito o
tratamento mais adequado.
As indicações de hospitalização são:
• Idade < 60 dias;
• Desconforto respiratório grave
(cianose, queda na saturação ou
tiragem subcostal);
• Queda do estado geral
(sonolência, torpor, vômitos
com incapacidade ou recusa de
ingesta);
• Risco de descompensação ou
curso grave devido à doença de
base (pneumopatia, cardiopatia,
imunodepressão);
• Complicação radiológica
(derrame pleural, abscesso).
Com a presença de um desses itens, a
internação hospitalar já está indicada.
Diante da suspeição clínica de
pneumonia, a conduta imediata deverá
ser iniciar a antibioticoterapia o quanto
antes!
Agora que revisamos o tema, vamos
avaliar as alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Aqui a banca
nos deu a opção de bronquiolite,
porém, não observamos a presença de
sibilos, que são uma característica
marcante para essa doença.
Descartamos assim essa alternativa.
Alternativa B - Incorreta: A nossa
hipótese diagnóstica é pneumonia, e
essa criança deverá receber o
tratamento hospitalar devido à tiragem
subcostal. Entretanto, a conduta
imediata é iniciar a antibioticoterapia e
então proceder com a internação
hospitalar.
Alternativa C - Incorreta: Este é um
quadro clínico que não condiz com
amigdalite viral tendo em vista a
evolução de uma IVAS para um quadro
com tosse produtiva, taquipneia e
desconforto respiratório.
Alternativa D - Incorreta: A questão
nos apresentou uma otoscopia com
hiperemia bilateral, um achado do
exame físico típico após choro ou
durante um quadro de febre. Diante de
uma otite média, teríamos um quadro
clínico de febre persistente, choro,
irritabilidade e otalgia unilateral
diferente de taquipneia e desconforto
respiratório.
Alternativa E - Incorreta: Vejamos que
esse lactente não apresenta nenhum
histórico anterior de asma, dermatite
atópica ou presença de sibilos, logo,
essa não é uma hipótese diagnóstica.
Portanto, não há resposta correta e a
questão foi devidamente anulada.
_________________________________
17. Mulher com 22 anos de idade vem à
consulta ambulatorial com diarreia há
seis meses. Apresenta cerca de seis
evacuações ao dia, com fezes pastosas
volumosas, de odor fétido, amareladas
e espumosas, sem muco ou sangue.
Nega tenesmo ou febre. Piora com a
ingestão de leite. Tem cólicas eventuais
e distensão abdominal gasosa. Teve
perda ponderal de 5 kg desde o início do
quadro. É solteira, sem atividade
sexual. Nega uso de drogas ou álcool.
Nega cirurgias prévias. Ao exame físico
apresenta-se com índice de massa
corpórea de 22 kg/m2 . Mucosas
hipocrômicas. Evidente perda de massa
muscular. Abdome discretamente
distendido por gases, sem ascite,
visceromegalias ou tumorações.
Presença de lesões de pele, de aspecto
herpetiforme, em tronco. No relatório,
para justificar o encaminhamento da
paciente para o especialista, deverá ser
especificada a necessidade de que a
paciente seja submetida a:
A) tomografia computadorizada de
abdome total.
B) retossigmoidoscopia com biópsia de
mucosa retal.
C) colonoscopia com biópsia de mucosa
de sigmóide.
D) estudo radiológico de trânsito do
intestino delgado.
E) endoscopia digestiva alta com
biópsia de duodeno.
CCQ: Suspeitar da doença celíaca e
indicar biopsia de duodeno por ser
padrão ouro no diagnóstico
O primeiro ponto a ser dito, é que essa
questão foge do Pareto de cirurgia. O
segundo ponto, a questão está muito
rica de detalhes, devemos ser espertos
em captar os pontos chaves para
suspeitar de doenças celíaca. Vejam:
Paciente mulher jovem, 22 anos,
diarreia há seis meses, de odor fétido,
amareladas e espumosas, sem febre e
que piora ao ingerir leite – tipo de
esteatorreia.
Associado ao quadro diarreico, cólicas
eventuais e distensão abdominal
gasosa, perda ponderal, perda de
massa muscular (apesar de IMC
normal). Tais sinais e sintomas é
conjunto que compõem uma síndrome
disabsortiva diarreica, associado ao
lesões de pele herpetiforme, ou seja,
dermatite herpetiforme.
A doença que causa disabsorção e
dermatite herpetiforme é a doença
celíaca – enteropatia crônica autoimune
desencadeado por glúten.
Vários são os indícios de Doença
celíaca, devemos encaminhar ao
especialista e justificar a necessidade de
endoscopia digestiva alta com biopsia
de duodeno – método padrão ouro para
diagnóstico de Doença Celíaca.
Alternativa A – Incorreta: A
tomografia abdominal não ajudaria de
nada no diagnóstico de Doença celíaca,
serviria apenas para descartar outros
diagnósticos diferenciais.
Alternativa B – Incorreta: A doença
celíaca acomete os enterócitos no
intestino delgado, logo biopsia da
mucosa retal não ajudaria.
Alternativa C – Incorreta: Da mesma
forma que a retossigmoidoscopia, a
colonoscopia não ajudaria no
diagnóstico.
Alternativa D – Incorreta: Uma
esofagogastroduodenografia também
não ajudaria no diagnóstico.
Alternativa E – Correta: Como dito
acima, devemos solicitar EDA com
biopsia de duodeno que é o padrão ouro
da doença. O achado histológico é de
atrofia vilositária, com hiperplasia das
criptas e com infiltrado de linfócitos
intraepiteliais – CCQ!
Portanto, alternativa correta é a letra
E
________________________________
18. Mulher com 48 anos de idade,
durante investigação laboratorial de
rotina em Ambulatório de Clínica
Médica, é surpreendida com achado de
aminotransferases cerca de duas vezes
o limite superior da normalidade. Na
investigação de órgãos e sistemas, a
paciente relata apenas “cansaço
frequente”. Foram solicitados
marcadores virais de hepatites, os quais
revelaram: Anti-HAV IgG não reativo;
HBsAg não reativo, Anti-HBc IgG não
reativo, Anti-HCV reativo. Diante dos
resultados, foram adicionados à
investigação a solicitação de PCR
quantitativo para HCV, genotipagem do
HCV, ultrassonografia abdominal e
indicada vacinação para hepatite A e B.
No encaminhamento para
hepatologista, o conjunto de resultados
que indicaria a maior probabilidade de
resposta virológica sustentada para
tratamento antiviral com ribavirina e
peg-interferon é:
A) RNA do HCV indetectável e fígado
com evidências de cirrose
B) RNA do HCV indetectável e fígado
sem evidências de fibrose.
C) RNA do HCV detectável com <
2.000.000 cópias/ml, genótipo 4 e
fígado com esteatose.
D) RNA do HCV detectável com >
2.000.000 cópias/ml, genótipo 1 e
fígado com fibrose avançada.
E) RNA do HCV detectável com <
2.000.000 cópias/ml, genótipo 2 e
fígado com evidência de fibrose.
_______________________________
19. Mulher com 25 anos de idade,
nuligesta, procura o Ambulatório de
Mastologia relatando ter notado a
presença de nódulo na mama esquerda
há dois meses. Faz uso de
anticoncepcional combinado oral. Nega
história familiar de câncer de mama. Ao
exame, palpa-se nódulo de consistência
fibroelástica, de contornos regulares,
móvel, indolor, medindo cerca de 3,0
cm, em quadrante superoexterno da
mama esquerda. A conduta imediata
indicada é:
A) solicitar mamografia.
B) realizar exérese do nódulo.
C) realizar controle clínico a cada seis
meses.
D) solicitar mamografia e
ultrassonografia mamária.
E) realizar punção aspirativa com
agulha fina ( PAAF )
CCQ: Conhecer a conduta frente a um
nódulo palpável de mama
Qual a primeira conduta frente a um
nódulo palpável de mama? Saber se é
mesmo um nódulo ou um cisto e, para
isso, vamos realizar uma punção
aspirativa por agulha fina (PAAF).
Ela é realizada ali mesmo no consultório
para saber, de fato, do que se trata. Se
for um cisto, vamos avaliar a coloração
e odor do conteúdo líquido aspirado
para definir a melhor conduta. Se for
um nódulo, vamos prosseguir com o
exame de imagem.
Lembre-se: o exame de **rastreio **é
a mamografia (para todas as mulheres
acima de 50 anos pelo Ministério da
Saúde). Porém, diante de um nódulo
palpável, a conduta muda um pouco. A
PAAF será muito importante antes do
exame de imagem.
Portanto, o gabarito é a alternativa E.
_________________________________
20. Em uma pequena cidade, de oito mil
habitantes, foi iniciada uma nova
gestão municipal, que buscou
implementar o modelo de Estratégia de
Saúde da Família. A população,
entendendo que o atendimento poderia
piorar, reagiu negativamente. A fim de
sensibilizar a população em prol da
consolidação do modelo, uma equipe
da Secretaria Estadual de Saúde foi
mobilizada. Para alcançar este objetivo,
durante uma reunião com a
comunidade, a equipe explicitou os
princípios do novo modelo. Entre os
argumentos apresentados abaixo, qual
seria o correto para a equipe utilizar?
A) A realização da territorialização
possibilitará a identificação das
fortalezas e fragilidades dos
equipamentos da comunidade.
B) No processo de adscrição da
clientela, as famílias que não forem
previamente cadastradas não serão
atendidas pela equipe de saúde.
C) A mudança de um modelo
assistencial preventivo para um
curativo será positiva, pois beneficiará
as pessoas com doenças crônicas.
D) Com a implementação desta
estratégia, o atendimento será
hierarquizado, isto é, antes da consulta
médica haverá a consulta de
enfermagem.
E) O novo modelo terá como objetivo
realizar promoção e prevenção à saúde,
o que praticamente elimina a segundo a nova Política Nacional de
necessidade de atendimentos Atenção Básica - PNAB), um enfermeiro,
individuais. um técnico de enfermagem e 4-6 Agentes
Comunitários de Saúde (ACS). Guarde
CCQ: Lembrar que a ESF trabalha com
essa informação, pois ela é um CCQ
o preceito da territorialização onde é
importante dentro desse tema,
possível identificar as fortalezas e
mentorando!
fragilidades da comunidade e melhor
organização do serviço de acordo com Agora vamos avaliar as alternativas:
suas necessidades
Alternativa A - Correta Isso mesmo,
Estratégia de Saúde da Família (ESF)é mentorando! A territorialização
um tema muito cobrado nas provas! permite identificar as fortalezas e
Então vamos relembrar alguns fragilidades da comunidade e melhor
conceitos importantes sobre esse tema. organização do serviço de acordo com
suas necessidades.
A ESF é o centro da reorganização da
Atenção Básica (AB) no Brasil, Alternativa B - Incorreta A eSF é
respeitando os princípios básicos do responsável por cadastrar os indivíduos
SUS: universalização, descentralização, pertencentes ao território na unidade
integralidade e participação da de saúde, não sendo o cadastramento
comunidade. Ao contrário da ideia que um pré-requisito para oferecer o
se tem sobre a maioria dos programas atendimento.
em nível central, Saúde da Família não é
Alternativa C - Incorreta A ideia da ESF
uma intervenção vertical e paralela às
não é unicamente curativa. O enfoque
atividades dos serviços de saúde, assim
da ESF, assim como da AP, envolve
como era nas unidades básicas
promoção, prevenção, proteção,
tradicionais. Ela é uma estratégia que
diagnóstico, tratamento, reabilitação,
possibilita a integração e promove a
redução de danos, cuidados paliativos e
organização destas atividades em um
vigilância em saúde, desenvolvida por
território definido, assim chamado de
meio de práticas de cuidado integrado e
territorialização.
gestão qualificada.
O seu trabalho é voltado para atender
Alternativa D - Incorreta Também
uma área adscrita e intervir nos
temos o princípio da hierarquização na
problemas de saúde diagnosticados no
ESF, em que o sistema de saúde é
seu território específico, por esse
organizado em níveis, com a APS sendo
motivo, as unidades estarão inseridas
o primeiro nível e, conforme a
próximo da comunidade delimitada.
necessidade de tecnologias mais
Isso gera melhora do atendimento em
avançadas e conhecimentos mais
saúde e visa promover
especializados, o indivíduo deve ser
longitudinalidade e cuidado integral. As
referenciado para outros níveis, não
equipes da ESF são multidisciplinares,
tendo relação com algum tipo de
formadas por, no mínimo, um médico
hierarquia dentro da equipe em relação
(preferencialmente especialista em
ao atendimento clínico.
medicina de família e comunidade,
Alternativa E - Incorreta Cuidado,
mentorando! Promoção de saúde é um
dos enfoques da ESF, mas ele sozinho
não diminui a necessidade de
atendimentos. É o conjunto de ações
sistematizadas e eficientes que são
realizadas na AP que fornece isso.
Dessa forma, ficaremos com a letra A
como gabarito
________________________________
21. Criança com 9 anos de idade,
previamente hígida, desenvolveu
quadro de astenia há dois dias. Há seis
horas passou a apresentar alguns
episódios de vômito, dor abdominal,
poliúria e polidipsia. Foi levada pela
mãe ao Pronto-Socorro, onde chegou
com quadro de desidratação e confusão
mental. O plantonista solicitou
gasometria arterial, que apresentou o
seguinte resultado: pH = 7,2; pO2 = 75
mmHg; pCO2 = 30 mmHg; HCO3- = 12
mEq/L e Excesso de base (BE) = -18
mEq/L. Com base no quadro clínico e
exames laboratoriais, o diagnóstico e a
conduta imediata são,
respectivamente:
A) cetoacidose diabética; corrigir
desidratação pelo cálculo da depleção
do espaço extracelular.
B) intoxicação exógena aguda;
administrar carvão ativado e tomar
medidas para estabilização do paciente.
C) obstrução intestinal; corrigir a
desidratação, além de solicitar US
abdominal para confirmar o evitar o edema cerebral.
diagnóstico.
D) pancreatite aguda; encaminhar para
Unidade de Terapia Intensiva para
monitorização e suporte.
E) gastroenterocolite aguda; corrigir
desidratação de acordo com o seu grau.
CCQ: Saber que a cetoacidose
diabética se manifesta com vômitos,
dor abdominal, poliúria, polidipsia,
desidratação e confusão mental,
sendo seu tratamento baseado em
hidratação, correção de distúrbios
hidroeletrolíticos e insulinoterapia
Pessoal, quando temos uma criança
hígida, que, repentinamente,
desenvolve um quadro de astenia,
vômitos, dor abdominal, desidratação,
poliúria, polidipsia e confusão mental,
devemos pensar imediatamente em
cetoacidose diabética! No caso em
questão, essa hipótese é ainda mais
forte, porque não existem elementos
que nos direcionem para outro
diagnóstico.
Dessa forma, vamos aproveitar e rever
o passo-a-passo do tratamento da
cetoacidose diabética:
1. Hidratação venosa: deve ser
vigorosa e realizada com
solução fisiológica 0,9% ou
0,45% caso a natremia do
paciente esteja normal ou
aumentada.
2. Insulinoterapia:
• Deve ser feita infusão contínua
de insulina regular, na dose de
0,05-0,1 U/kg/h, após uma a
duas horas do início da
reposição volêmica, a fim de
• O objetivo do tratamento é
reduzir a glicemia em cerca de
51-70 mg/dL por hora
3. Reposição de potássio:
 • Deve ser feita antes mesmo de
os níveis chegarem ao limite
inferior, já que, de qualquer
forma, a insulina vai aumentar o
influxo de potássio para a célula.
Assim, podemos iniciar a
reposição quando o paciente
apresenta K < 5,0.
4. Reposição de bicarbonato de
sódio:
• Deve ser feita quando pH atingir
valores inferiores a 6,9.
5. Acompanhamento da glicemia:
quando a glicemia do paciente
chegar a 250 mg/dL, devemos
iniciar a reposição parenteral de
glicose junto à reposição
volêmica.
6. Mudança da insulina
endovenosa para a subcutânea:
quando a glicemia do paciente
chegar a 200 mg/dL deve-se
reduzir a dose da bomba
infusora pela metade, de
0,1/kg/h para 0,05/kg/h. Caso a
glicemia for inferior a 200 mg/dL
e a acidose metabólica tiver sido
resolvida, pode-se iniciar a
mudança da insulinoterapia
venosa para subcutânea.
Um algo a mais: a reposição de
bicarbonato 8,4% 1 mEq/kg EV em 1 h
deve ser feita apenas nos casos de CAD
grave, ou seja, com pH < 6,9 e que
estejam chocados (baixa contratilidade
miocárdica e vasodilatação periférica).
Sabendo disso, vamos às alternativas:
Alternativa A - Correta: Como vimos, a
nossa hipótese mais provável para o
caso é uma cetoacidose diabética!
Nesse caso, devemos corrigir a
desidratação de forma preferencial,
considerando o volume depletado: em
perdas leves (5% do peso), utilizamos 50
mL/kg; em desidratações moderadas
(7% do peso), utilizamos 70 mL/kg; e nas
desidratações graves (10% do peso),
utilizamos 100 mL/kg.
Alternativa B - Incorreta: Não há nada
na história do paciente que nos leve a
pensar em intoxicação exógena aguda,
pois não há relato de ingestão de
medicamentos ou de acidentes com
animais peçonhentos; além disso, a
clínica do paciente não é compatível
com um quadro de intoxicação, mas sim
de cetoacidose.
Alternativa C - Incorreta: Além de não
haver nada na história que sugira
obstrução intestinal, devemos lembrar
que a avaliação inicial do abdome
agudo deve ser feita com radiografia.
Alternativa D - Incorreta: Na criança, a
pancreatite geralmente é de etiologia
medicamentosa, podendo também ser
resultado de hipervitaminose D. Como
pudemos observar em nosso caso, o
paciente não tem manifestações
compatíveis, além de não ter tido
exposição de risco.
Alternativa E - Incorreta: A
gastroenterocolite não produziria sinais
como poliúria e polidipsia.
Portanto, ficamos com letra A como
gabarito!
_________________________________
22. Primípara, no 5.º dia pós-parto,
procura a Unidade Básica de Saúde
queixando-se de dor e inchaço nas
mamas, com dificuldade para
amamentar. Relata que seu filho chora
constantemente e que ele é preguiçoso
para sugar o leite. Ao exame físico
apresenta mamas volumosas,
brilhantes, endurecidas, doloridas, com
calor local. As aréolas apresentam-se
tensas e os mamilos planos. Com base
nos dados clínicos apresentados, a
conduta correta a ser orientada é:
A) manter o aleitamento exclusivo sob
livre demanda; corrigir a pega;
aumentar a frequência das mamadas;
realizar ordenha manual antes da
mamada para diminuir a tensão da
auréola; e recomendar uso de sutiã com
alças que suspendam as mamas.
B) introduzir antibioticoterapia
associada com analgésicos e anti-
inflamatórios não hormonais;
administrar compressas frias nas
mamas; e suspender a amamentação
até que se garanta uma boa pega e
ocorra melhora dos sinais flogísticos
nas mamas.
C) suspender a amamentação até que
se garanta uma boa pega e para que
ocorra melhora dos sinais flogísticos
nas mamas; administrar compressas
mornas para reduzir os aglomerados de
leite nos ductos; e realizar a ordenha
manual.
D) suspender o aleitamento exclusivo
até haver a melhora do processo
inflamatório; administrar analgésicos e
anti-inflamatórios; iniciar exercícios
para correção dos mamilos planos; e
realizar a ordenha manual.
E) introduzir antibioticoterapia; realizar
compressas mornas para reduzir os
aglomerados de leite nos ductos; e
manter o aleitamento exclusivo sob
livre demanda, após correção da pega.
CCQ: O aleitamento materno deve ser
mantido nos quadros de
ingurgitamento mamário
Pessoal, questões sobre amamentação
são comuns tanto nas provas de
obstetrícia quanto nas provas de
pediatria. Esta questão traz uma
complicação frequentemente
observada e recorrente nas provas: o
ingurgitamento mamário.
O ingurgitamento mamário patológico
acontece quando, devido ao acúmulo
de leite, existe uma obstrução linfática,
levando à congestão, edema e
distensão tecidual.
Geralmente, acontece entre o 3º e 5º
dia de puerpério, quando a
amamentação ainda está sendo
estabelecida. A paciente pode se
queixar de mamas aumentadas de
tamanho, dolorosas, avermelhadas e
com a pele brilhante. Os mamilos ficam
planos, dificultando ainda mais a
amamentação.
O tratamento consiste na continuidade
do aleitamento materno. A paciente
deve ser orientada a realizar massagens
circulares e delicadas nas mamas, além
de ordenha previamente à
amamentação. Isso diminui o inchaço
mamário e facilita a pega do RN.
As mamas devem ser sustentadas e, por
isso, recomenda-se a utilização de
sutiãs com alças largas e firmes. Anti-
inflamatórios e analgésicos podem ser
usados para diminuição da dor e do
processo inflamatório.
Caso o ingurgitamento não seja
tratado, há grandes chances de
evolução com trauma mamilar,
favorecendo o desenvolvimento de
mastite puerperal, geralmente entre o
7º e 10º dia de puerpério.
Alternativa A - Correta: Conduta
adequada de tratamento do
ingurgitamento mamário.
Alternativa B - Incorreta: A suspensão
da amamentação piora o informações, pode-se afirmar que, na
ingurgitamento mamário. A paciente
ainda não apresenta um quadro de
mastite puerperal, não sendo indicado o
início de antibioticoterapia.
Alternativa C - Incorreta: A suspensão
da amamentação piora o
ingurgitamento mamário. Compressas
quentes promovem vasodilatação e
podem agravar o edema mamário.
Alternativa D - Incorreta: A suspensão
da amamentação piora o
ingurgitamento mamário. O D) a ultrassonografia de abdome deve
aplanamento dos mamilos melhora
com a resolução do ingurgitamento.
Alternativa E - Incorreta: A paciente
ainda não apresenta um quadro de
mastite puerperal, não sendo indicado o
início de antibioticoterapia.
Portanto, o gabarito é letra A.
_________________________________
23. Criança do sexo masculino, com 7
meses de idade, começou a apresentar
crises de choro injustificado
intercaladas com períodos de acalmia.
Tem leve distensão abdominal,
principalmente em quadrante superior
direito, e vômitos de conteúdo
alimentar há cerca de dois dias. Hoje
pela manhã, a mãe notou fezes
contendo substância gelatinosa e de cor
róseo-avermelhada, o que a motivou a
procurar serviço de Pronto
Atendimento. Ao exame, a criança se
apresenta inquieta e chorosa, os ruídos
abdominais estão presentes, levemente
aumentados e com timbre metálico. Na
palpação abdominal evidencia-se uma
tumoração fusiforme em hipocôndrio
direito, sem sinais de irritação
peritonial. Com base nessas
investigação por imagem:
A) a presença de sangue nas fezes
contraindica o enema baritado.
B) a radiografia simples de abdome
deve mostrar uma imagem de dupla
bolha.
C) a tomografia computadorizada é
superior ao enema baritado no
acompanhamento da redução
hidrostática.
mostrar imagens em "alvo" e "pseudo
rim" no quadrante superior direito.
E) a ultrassonografia de abdome deve
mostrar imagem de espessamento
(hipertrofia) da camada muscular do
piloro em epigástrio.
CCQ: US com imagens em pseudo rim
no quadrante superior direito (QSD) +
fezes em gelatina de morango +
massa em salsicha no QSD =
invaginação intestinal
Aluno Aristo, chamo a sua atenção
agora para um tema recorrente nas
bancas de Cirurgia Pediátrica:
invaginação intestinal. Então, marque
esse CCQ com muito carinho e vamos
juntos revisar esse tema:
Criança com 7 meses, crises paroxísticas
de choro, apresentou distensão
abdominal e vômitos, com notificação
de fezes de conteúdo gelatinoso com
um coloração róseo-avermelhada. O
enunciado descreveu, de forma
bastante característica, um quadro de
invaginação intestinal, que é a principal
causa de obstrução intestinal entre
crianças de 3 meses a 6 anos de idade.
O quadro clínico típico tem o início do
aparecimento de paroxismos de cólica
abdominal intensa, com períodos de
acalmia (como descritos no nosso caso),
podendo apresentar vômitos nas fases
iniciais da doença. Caso a
intussuscepção não seja resolvida, a
criança torna-se progressivamente
mais letárgica.
Ainda no início do quadro, as
evacuações estão presentes, mas com o
avançar da doença, ocorre
caracteristicamente a interrupção da
eliminação de fezes e flatos. O achado
de fezes com sangue, com aspecto de
geleia de morango, é tipicamente
descrito. Eventualmente, não há
presença de fezes em "geleia de
morango", mas há presença de sangue
em toque retal. Uma massa fusiforme
no quadrante superior direito do
abdome também pode estar presente e
ser descrita como massa em formato de
"salsicha".
No US abdominal, podemos ver a
clássica imagem “em alvo”, que nada
mais é do que círculos concêntricos
identificando a invaginação em um
corte longitudinal, ou a imagem do
“pseudo rim”, onde a invaginação é
observada obliquamente.
O tratamento cirúrgico é o de eleição,
entretanto, centros especializados vêm
realizando enemas de bário, solução
salina e ar, com bons resultados.
Agora que revisamos o tema, vamos
avaliar as alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A presença
de sangue nas fezes é um indicativo
clínico da invaginação intestinal e não
contraindica a realização do enema.
Alternativa B - Incorreta: A radiografia
apresentando uma imagem em dupla
bolha é um achado mais característico
de atresia duodenal.
Alternativa C - Incorreta: A tomografia
não se mostrou superior ao enema
baritado no acompanhamento da
redução hidrostática.
Alternativa D - Correta: Exatamente! A
alternativa descreveu os principais
achados ultrassonográficos na
invaginação intestinal.
Alternativa E - Incorreta: O
espessamento da camada muscular do
piloro, uma estenose de piloro, não tem
ligação com o quadro do nosso
paciente.
Sendo assim, a alternativa correta é a
letra D!
_________________________________
24. Homem com 60 anos de idade,
obeso, procurou Setor de Emergência
de um hospital público com queixas de
dor na panturrilha esquerda e edema de
membros inferiores, após uma viagem
de ônibus de doze horas de duração.
Evoluiu com dispneia súbita, sem
melhora com a mudança postural, além
de hemoptise e taquicardia. A ausculta
pulmonar revelou presença de
crepitações no terço médio de ambos
os pulmões. A hipótese diagnóstica
principal e a opção terapêutica
recomendada são, respectivamente:
A) tromboembolismo pulmonar agudo;
heparina de baixo peso molecular
associada a trombolítico.
B) pneumotórax hipertensivo;
drenagem torácica fechada associada a
pressão negativa.
C) infarto agudo do miocárdio;
trombolítico associado a angioplastia
percutânea de resgate.
D) pneumonia bacteriana;
oxigenoterapia associada a hipertensivo, há desvio da traqueia e
antibioticoterapia de amplo espectro.
E) derrame pleural; drenagem torácica
fechada associada a exame de cultura
do líquido pleural.
CCQ: Saber diagnosticar
tromboembolismo pulmonar (TEP) e
o que seu tratamento é feito com
anticoagulante e trombolítico
Fala, aluno Aristo. Esta questão não
somente aborda quando levantar a
suspeita diagnóstica de TEP, mas
também como afastar outros
diagnósticos diferenciais que também
causam dispneia. Pode-se avaliar se a
probabilidade de um quadro clinico é
alta para TEP utilizando o modelo
preditivo de Wells: sinais e sintomas de
trombose venosa profunda + abolidos.
diagnóstico alternativo menos provável
que TEP + taquicardia + TEP/TVP
prévios + hemoptise + câncer +
imobilização há mais de três dias.
O principal exame para diagnosticar ou
afastar TEP é a tomografia
computadorizada helicoidal com
contraste.
Alternativa A - Correta: A tríade
clássica do TEP é a dispneia aguda,
hemoptise e pleurítica, tal como
descrito na questão. Como a causa do
TEP é um trombo, este pode ser
dissolvido por trombolíticos, que
afetam a estrutura do trombo, e
anticoagulantes, que evitam aumento
e/ou manutenção do trombo.
Alternativa B - Incorreta: O
pneumotórax causa dispneia súbita,
porém, esta vem associada à dor no
hemitórax comprometido, de forte
intensidade, pleurítica. Sendo
distensão venosa jugular.
Alternativa C - Incorreta: O IAM pode
causar dispneia súbita, mas vem
associada à dor retrosternal, precordial
ou epigástrica, dentre outros.
Alternativa D - Incorreta: A pneumonia
em si não causa dispneia súbita. No
geral, a dispneia vai aparecendo
temporalmente conforme a infecção
vai evoluindo. Costuma haver tosse,
febre, escarro, dentre outros.
Alternativa E - Incorreta: A dispneia do
derrame pleural é ventilatório-
dependente, havendo atrito pleural,
expansibilidade torácica diminuída,
frêmito toracovocal diminuído, macicez
à percussão e murmúrios vesiculares
Portanto, o gabarito é a alternativa A.
_________________________________
25. Homem com 54 anos de idade, com
antecedentes de dislipidemia,
hipertensão arterial e histórico de
doença familiar cardiovascular precoce
(pai teve infarto do miocárdio aos 50
anos), deu entrada na Emergência de
um hospital com história de dor em
região epigástrica há cerca de cinco
horas, em aperto, de forte intensidade,
sem relação com a alimentação e sem
fatores de melhora, acompanhada de
náuseas e vômitos. Havia recebido 200
mg de AAS no hospital de origem. Ao
exame, encontrava-se pálido, sudoreico
e sonolento. Temperatura axilar = 35,8
ºC, pressão arterial = 80x50 mmHg,
frequência cardíaca = 118 bpm,
frequência respiratória = 16 irpm.
Perfusão periférica diminuída. A
ausculta cardíaca revelava bulhas
normofonéticas, sem sopros. Havia
turgência jugular a 45.º. A ausculta
pulmonar não revelava estertores. O
eletrocardiograma da admissão é
apresentado abaixo.Diante do quadro
clínico do paciente, a hipótese
diagnóstica, a provável causa do
choque e o tratamento inicial
recomendado são, respectivamente:
A) infarto do miocárdio com supra de ST
de parede inferior; tamponamento
cardíaco; pericardiocentese.
B) infarto do miocárdio com supra de ST
de parede anterior; resposta
inflamatória sistêmica; noradrenalina.
C) infarto do miocárdio com supra de ST
de parede inferior; infarto de ventrículo
direito; hidratação com solução salina.
D) infarto do miocárdio com supra de
ST de parede anterior; ruptura de
músculo papilar; colocação de balão
intraaórtico.
E) infarto do miocárdio com supra de ST
de parede ântero-septal; ruptura do
septo interventricular; cirurgia cardíaca
de emergência.
CCQ: Saber que supra de ST em D2,D3
e AVf sugere infarto de ventrículo
direito que tem como um dos pilares
do tratamento a hidratação com
solução salina
Fala pessoal! Questão ótima da banca
do revalida, com um tema
extremamente frequente, por isso se
você ficou com dúvida use este
comentário para revisar sobre o
assunto.
As síndromes coronarianas podem ser
dividas em:
• Síndrome coronariana sem
supra de ST: Angina instável e
infarto agudo do miocárdio sem
supra de ST (IAMSST)
• Síndrome coronariana com
supra de ST: Infarto agudo do
miocárdio com supra de ST
(IAMCST)
Como o nome já diz, essa classificação
se dá pela presenta do supra de ST no
ECG. É importantíssimo definirmos a
presença do mesmo! Pois se estivermos
frente a um supra de ST, devemos
indicar a reperfusão imediata podendo
ser até mesmo com fibrinolíticos (não
devem ser usados se não tivermos supra
de ST).
O tratamento do IAMCST é:
 • Dupla antiagregação (AAS +
Clopidogrel)
• Anticoagulação
• Nitratos
• Oxigênio se SatO2 <95%
• B-Bloqueador (se paciente sem
sinais de hipofunção cardíaca)
• Estatinas de alta potência
(estabilizam as placas
ateromatosas)
• IECA iniciado nas primeiras 24
horas
• Reperfusão cardíaca imediata
Note que deixei nitratos em negrito!
Pois aqui vem o CCQ importante, temos
um infarto bem específico que se
apresenta na cara inferior do coração
(D2,D3 e AVf), este é o famoso infarto
de ventrículo direito.
Como peculiaridade devemos saber que
aqui não podemos utilizar nitratos
nem diuréticos, pois estes podem levar
nosso paciente ao choque! E como fica
o tratamento destes pacientes?
Continua o mesmo, exceto pela retirada
dos nitratos e acrescentamos no lugar a
hidratação, isso mesmo, fazemos uma
carga no nosso paciente com salina!
Pois é comprovadamente eficaz neste
tipo de infarto em específico.
Agora vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta Não temos
nada que nos faça pensar em
tamponamento cardíaco.
Alternativa B - Incorreta A parede
infartada é a inferior.
Alternativa C - Correta Exatamente!
Parede infartada é a inferior, isso sugere
um IAM de VD e um dos princípios do
tratamento é com hidratação.
Alternativa D - Incorreta A parede
infartada como vimos é a inferior e não
anterior.
Alternativa E - Incorreta O infarto de
parede anterior e antero-septal é visto
nas derivações V1-V4, sendo que V1 e
V2 especificamente sugerem infarto do
septo.
Portanto, o gabarito é a alternativa C.
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26. Homem com 48 anos de idade
procura o ambulatório de Clínica
Médica para avaliação. Não apresenta
história de comorbidades conhecidas
prévias, mas é tabagista (20 maços-
ano) e tem histórico familiar de
hipertensão arterial sistêmica (HAS)
importante. Nega diabetes,
dislipidemia, etilismo, drogadição,
acidente vascular cerebral, doença
renal prévia, doenças da tireoide,
doença arterial coronariana e uso
crônico de medicações. No momento,
encontra-se assintomático, com
pressão arterial (PA) = 145x95 mmHg
(medida duas vezes na consulta) e
índice de massa corporal de 26,8 Kg/m2
. A fundoscopia revelou arteríolas
estreitadas, tortuosas e brilhantes (em
fio de prata), além de cruzamento
arterial patológico. A ausculta cardíaca
revelou bulhas normofonéticas, ritmo
cardíaco regular em três tempos, com
presença de B4 e frequência cardíaca =
88 bpm. Não havia turgência jugular. A
ausculta pulmonar era normal. Não
havia edema de membros inferiores. O
eletrocardiograma revelou sinais de
hipertrofia ventricular esquerda. A
dosagem de creatinina e o sumário de
urina (Urina I) eram normais. Diante do
quadro deste paciente, a meta de PA e
a recomendação do tratamento neste
momento são, respectivamente:
A) PA < 140x90; modificação do estilo
de vida isolado.
B) PA < 130X80; modificação do estilo
de vida isolado.
C) PA < 140x90; modificação do estilo
de vida e tratamento medicamentoso.
D) PA < 120x80; modificação do estilo
de vida e tratamento medicamentoso.
E) PA < 130x80; modificação do estilo de
vida e tratamento medicamentoso.
CCQ: Saber que paciente com alto
risco cardiovascular tem indicação de
tratamento medicamentoso
Fala, pessoal! Questão frequente na
área de clínica médica, em que
devemos classificar nosso paciente e
decidir qual tratamento adotar. Bora lá
revisar o assunto.
Vamos classificar nosso paciente de
acordo com a SBC 2020:
• PA ótima: PAS menor que 120
mmHg e PAD menor que 80
mmHg;
• PA normal: PAS 120- 129 mmHg
e/ou PAD menor que 80-84
mmHg;
• Pré- hipertenso: PAS 130-139
mmHg e/ou PAD 85-89 mmHg;
• HAS estágio I: PAS 140 – 159
mmHg e/ou PAD 90-99 mmHg;
• HAS estágio II: PAS 160- 179
mmHg e/ou PAD 100-109
mmHg;
• HAS estágio III: PAS maior ou
igual a 180 mmHg e/ou PAD
maior ou igual 110 mmHg.
Quanto ao risco cardiovascular,
podemos generalizar da seguinte
maneira (você acertará a maioria das
questões com esses tópicos):
• Baixo risco: paciente sem fatores
de risco ou escore de
Framingham baixo.
• Moderado risco: paciente com
até 2 fatores de risco
cardiovascular.
• Alto risco: HAS estágio 2 com
pelo menos 1 FR, paciente com 3
ou mais fatores de risco
cardiovascular ou LOA
estabelecida.
• Muito alto risco: DM ou doença
cardiovascular associada.
Mas para que saber tudo isso? Para
saber quem devemos tratar com
medicamentos ou não! O único
paciente que pode ficar apenas em
tratamento não medicamentoso por 3 a
6 meses é o paciente com HAS estágio I
de baixo risco cardiovascular. Repare
que nosso paciente é estágio I, porém,
já possui lesão de órgão alvo (HVE e
retinopatia hipertensiva), o que o
classifica como alto risco
cardiovascular.
Como nosso paciente possui alto risco
cardiovascular, devemos ser mais
rigorosos quanto ao controle da pressão
e devemos adotar como meta
pressórica valores menores que 130 x 80
mmHg. Além de iniciarmos
diretamente a terapia farmacológica,
não se esqueça que a terapia não
medicamentosa está indicada em
todos os casos de hipertensão.
Agora, vamos às alternativas:
Alternativas A, B, C e D - Incorretas:
Não se enquadram no que discutimos
anteriormente.
Alternativa E - Correta: Única que se
correlaciona corretamente com o caso
clínico que nos foi dado.
Portanto, o gabarito é a alternativa E.
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27. Mulher com 32 anos de idade
procura ginecologista, queixando-se de
irregularidade menstrual e dificuldade
para engravidar. As menstruações
frequentemente atrasam, chegando a
ficar 120 dias sem menstruar. Gesta 1,
Para 1, com antecedente de diabetes
gestacional na primeira gestação, há
oito anos. É sedentária, nega tabagismo
e etilismo. Refere ter aumentado cerca
de 15 Kg desde o parto. Exame físico:
presença de acne facial e hirsutismo,
além de Acantose nigricans nas axilas e
região nucal. Trouxe resultado de
ultrassonografia transvaginal
mostrando ovários com volume
aumentado e presença de mais de doze
folículos, medindo 9 mm em ambos os
ovários. Com base nos dados
apresentados, é correto afirmar que a
paciente apresenta risco aumentado
para:
A) adenomiose.
B) endometriose pélvica.
C) teratoma maduro de ovário.
D) hiperplasia endometrial.
E) adenocarcinoma do colo uterino.
CCQ: SOP em mulheres mais jovens
aumento o risco para hiperplasia
endometrial
Olá, aluno Aristo! Tudo bem por aí?
Vamos falar um pouco sobre SOP o que
isso pode influenciar no prognóstico da
paciente!
O caso a questão nos traz uma mulher,
em idade fértil, com irregularidade
menstrual, com importante ganho
ponderal, acne, hirsutismo, acantose
nigricans e USG transvaginal
evidenciando ovários aumentados de
tamanho e com vários folículos. Isso nos
dá o diagnóstico de Síndrome do Ovário
Policístico e essa condição predispõe
riscos para outras doenças ao longo da
vida da mulher. Vale lembrar que sua
prevalência, de acordo com a Febrasgo,
pode variar de 6 a 16%, dependendo da
população analisada.
A SOP tem, como uma de suas
características, a dificuldade de
retrocontrole da secreção de
estrogênio, o que aumenta seus níveis
séricos e favorece o desenvolvimento
de doenças que tem esse hormônio
como potencializador - um grande
exemplo disso é a hiperplasia
endometrial.
Depois dessa conversa, vamos às
alternativas!
Alternativa A - Incorreta: A
adenomiose, apesar de ser também um
risco aumentado quando os níveis de
estrogênio são mais aumentados, só
será um risco maior mesmo quando a
mulher ultrapassar a idade de 35 anos, o
que não é o caso da paciente da
questão.
Alternativa B - Incorreta: Apesar de
endometriose pélvica ter sim um
componente hormonal, um fator de
risco mais importante é a história
familiar materna, por exemplo.
Alternativa C - Incorreta: O teratoma
pode sim ser influenciado pelos
hormônios que se encontram
aumentados na SOP, mas fica
dependente se ele terá ou não
receptores para esses hormônios.
Alternativa D - Correta: Como a
paciente é uma adulta jovem, em idade
fértil, o endométrio está mais suscetível
a sofrer com estímulos hormonais e, por
isso, a hiperplasia endometrial se
mostra como um risco maior de ocorrer
nessa paciente.
Alternativa E - Incorreta: Câncer de
colo uterino tem que estar na ponta da
língua que o principal fator de risco é a
infecção pelo HPV! Então também não
seria a resposta da nossa questão aqui
Por conta disso, a letra D é a resposta
certa.
_________________________________
28. Mulher com 30 anos de idade é
atendida por um médico numa Unidade
de Saúde da Família na comunidade em
que reside. Há três meses vem se
sentindo muito cansada, com desânimo
e desinteresse para fazer todas as suas
tarefas diárias, inclusive sem vontade
de comer (emagreceu 3 kg nesse
período) ou de sair de casa. Não está
dormindo direito e sente "que não serve
para mais nada" (sic). Além do
acolhimento de forma contextualizada,
por meio de um relacionamento
médico-paciente humanizado, quais
devem ser, respectivamente, o
diagnóstico e a conduta?
A) A paciente não preenche critérios
para episódio depressivo e deve-se
investigar anorexia nervosa.
B) A paciente preenche critérios para
diagnóstico de episódio depressivo e
deve ser encaminhada para um
psiquiatra.
C) A hipótese diagnóstica é de anemia e
deve-se solicitar dosagem de
hemoglobina e iniciar reposição
medicamentosa.
D) A paciente preenche critérios para
diagnóstico de episódio depressivo e
deve-se iniciar tratamento.
E) Deve-se realizar investigação das
funções tireoidianas, pois a história
clínica é característica de distúrbios
deste órgão.
CCQ: Saber que presença de astenia,
desânimo, desinteresse para
atividades diárias, abulia e insônia por
2 ou mais semanas fazem parte dos
critérios diagnósticos para depressão
Fala pessoal! Questão clássica da prova
do revalida, eles adoram o tema
depressão, então bora lá!
A depressão é uma doença com
aumento de sua incidência nos últimos
anos, por isso é um tema
importantíssimo! E um dos aspectos
mais importantes é identificar um
quadro de depressão. Temos como
critérios pelo DSM-V:
Presença de 5 sintomas por pelo menos
2 semanas, sendo obrigatório pelo
menos um ser: Humor deprimido ou
perda de interesse, ou prazer
• Humor deprimido.
• Perda de interesse ou prazer.
• Perda ou ganho significativo
de peso.
• Insônia ou hipersonia.
• Agitação ou retardo psicomotor
• Sentimento de inutilidade ou
culpa.
• Capacidade diminuída para
pensar ou se concentrar ou
indecisão.
• Pensamentos recorrentes de
morte.
Note que nossa paciente apresenta 5
sintomas e entre eles, os que são
obrigatórios para fecharmos o
diagnóstico, por isso devemos
considerar que ela fecha critérios.
O tratamento da depressão é com
antidepressivos! Lembre-se que devem
ser mantidos por pelo menos 1 ano após
introdução da medicação, além do
detalhe que levam cerca de 15 dias para
agirem, ou seja, nosso paciente pode vir
consultar 1 semana depois e dizer "o
remédio não funciona Dr!", agora você
já sabe instruir seu paciente para
aguardar mais um tempo, para que o
fármaco tenha efeito.
Vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta Ela apresenta
critérios para episódio depressivo.
Alternativa B - Incorreta O médico da
USF deve ser capaz de tratar casos de
depressão.
Alternativa C - Incorreta Nossa
principal hipótese é a depressão maior.
Alternativa D - Correta Exatamente!
Devemos iniciar o tratamento com
antidepressivos na nossa paciente!
Alternativa E - Incorreta A história
clínica é compatível com depressão
maior, apesar de hipotireoidismo poder
ser considerado um diagnóstico
diferencial.
Portanto, o gabarito é a alternativa D.
_________________________________
29. A mãe de um lactente, com 3 meses
de idade, procura atendimento médico
na Unidade Básica de Saúde porque ele
não apresenta evacuações há dois dias.
Não há outras queixas. Refere que o
lactente está em aleitamento materno
exclusivo e as evacuações têm ocorrido
com intervalos de até três dias. Trata-se
do seu primeiro filho e a mãe está muito
preocupada. Ao exame físico, a criança
encontra-se ativa, reativa,
normocorada e hidratada. Apresenta
frequência respiratória e cardíaca
normais, ausculta pulmonar e cardíaca
normais e palpação abdominal normal.
Tendo em vista a queixa materna e o
exame físico, a orientação adequada é:
A) oferecer água e líquidos em
abundância à criança.
B) oferecer chás caseiros nos intervalos
das mamadas.
C) observar e retornar caso ocorra
incômodo ao evacuar.
D) aumentar líquidos e alimentos
laxantes na dieta materna.
E) administrar supositório de glicerina
após 24h sem evacuações.
CCQ: Saber que a frequência
evacuatória normal de bebês pode ser
de até uma evacuação a cada 3 dias
Olá Mentorando JJ! Temos aqui uma
questão bem bacana que cobra os
conhecimentos sobre o hábito
evacuatório dos pacientes lactentes
jovens. Nos bebês pequenos que estão
em aleitamento materno exclusivo
podemos ter um hábito evacuatório
bem variado. Algumas crianças
evacuam várias vezes por dia
(principalmente após as mamadas)
enquanto outras podem ficar de 2 a 3
dias sem apresentar evacuações e sem
que isso represente uma condição
patológica.
Além da frequência evacuatória, o
médico também poderia informar essa
mãe sobre a coloração das fezes. Nos
primeiros dias de vida, as fezes
costumam ser escuras, tornando-se
amareladas durante a primeira semana
e também podem ser líquidas e, às
vezes, esverdeadas. Se a criança estiver
bem, se não apresentar nenhum outro
sintoma, podemos tranquilizar a mãe
de que isso não é diarreia e ela só deve
manter-se vigilante a respeito das
alterações.
É importante que os cuidadores saibam
identificar que fezes excessivamente
claras, que não escurecem,
permanecendo quase brancas ou
cinzentas podem significar alguma
doença, como a atresia de vias biliares,
que precisa ser investigada e
descoberta cedo. Nesses casos,
devemos orientar que a família procure
o serviço de saúde.
Alternativa A - Incorreta: Não
precisamos fazer nenhuma alteração na
dieta da criança.
Alternativa B - Incorreta: Durante os 6
primeiros meses de vida da criança não
há a indicação de implementarmos a
dieta com chás ou qualquer tipo de
alimento.
Alternativa C - Correta: Como o
paciente está bem e sem alterações do
estado geral, devemos orientar a mãe
de que a frequência evacuatória do
bebe está dentro do esperado e que
caso ocorra incômodo ao evacuar ela
retorne a unidade de saúde.
Alternativa D - Incorreta: O uso de
laxantes na dieta materna não deve ser
indicado.
Alternativa E - Incorreta: Não há
necessidade de intervenção
farmacológica para esse paciente.
Portanto, o gabarito é a alternativa C.
_________________________________
30. Menina com 7 anos de idade foi
levada para consulta em Unidade
Básica de Saúde pela mãe. Apresenta
queixa de ganho de peso excessivo nos
últimos meses. Após a realização do
exame físico, foram registrados os
seguintes dados: Peso = 35 kg; Altura =
1,25 m; Pressão Arterial (membro
superior direito) = 118x80 mmHg. Após
a análise das curvas de crescimento
(peso, altura e índice de massa corporal
– IMC) e da tabela de pressão arterial, é
correto afirmar que os diagnósticos e a
conduta inicial recomendada nessa
situação são, respectivamente:
A) obesidade grave e hipertensão;
recomenda-se incentivar hábitos de
vida saudáveis (atividade física regular e
alimentação balanceada) e realizar
tratamento farmacológico.
B) sobrepeso e pressão arterial
limítrofe; recomenda-se incentivar
hábitos de vida saudáveis (atividade
física regular e alimentação
balanceada) e rastrear outras
comorbidades.
C) obesidade e hipertensão;
recomenda-se seguir plano alimentar
com dieta balanceada, atividade física
regular e acompanhamento semanal
com a equipe de saúde.
D) sobrepeso e hipertensão;
recomenda-se seguir plano alimentar
com dieta balanceada, atividade física
regular, bem como restrições de tempo
na frente da televisão.
E) obesidade e pressão arterial
limítrofe; recomenda-se seguir plano
alimentar com dieta balanceada,
atividade física regular e rastrear outras
comorbidades.
CCQ: Saber que obesidade em criança
acima de 5 anos é definida por p>97 e
que hipertensão em crianças de 1-13
anos é definida por p>95
Pessoal, temos uma menina de 7 anos,
com peso =35 kg, altura = 1,25 m e PA –
118 x 80mmHg, trazida para avaliação.
Para definirmos se esses valores
representam obesidade ou
hipertensão, devemos analisar as
curvas de percentis da OMS. Vamos lá?
AVALIAÇÃO OBESIDADE
• A avaliação de obesidade em
menores de 5 anos pode ser feita
por meio da relação
peso/estatura ou IMC/idade.
• A avaliação de obesidade em
crianças de 5-19 anos é feita por
meio da relação IMC/idade.
• Como nossa paciente tem 7
anos, devemos analisar seu IMC,
que é igual a 22,4. Ao
localizarmos esse percentil no
gráfico, observamos que ele
está acima da curva do p97.
Portanto, a criança está OBESA.
AVALIAÇÃO DA HIPERTENSÃO
• A avaliação para hipertensão
toma como base a estatura.
• Como a nossa paciente
encontra-se no percentil 75 de
estatura, podemos dizer, ao
analisar a tabela, que, para uma
criança de 7 anos no p75 de
estatura, esperamos que o p95
de PA sistólica seja 115mmHg, e
o p95 de diastólica seja de
75mmHg.
• Os valores pressóricos da nossa
paciente (118 x 80mmHg) estão
acima desse valor, portanto, ela
está HIPERTENSA.
Para essa criança, recomenda-se
atividade física, dieta balanceada e
acompanhamento semanal com a
equipe de saúde.
Um algo a mais: as metas para criança
com excesso de peso são as seguintes:
• Sobrepeso:
-- Sem comorbidade: atividade física de
acordo com a idade e manutenção do
peso;
-- Com comorbidade: atividade física e
manutenção do peso para menores de
07 anos e redução do peso em maiores
de 07 anos.
• Obesidade e obesidade grave:
-- Sem comorbidade: igual ao
sobrepeso com comorbidade –
atividade física e manutenção do peso
para menores de 07 anos e redução do
peso em maiores de 7 anos.
-- Com comorbidade: reduzir peso,
independentemente da idade.
Agora, vamos resolver a questão:
Alternativa A – Incorreta: A obesidade
grave é definida por p>99,9 ou z-escore
> +3. Como vimos, nossa paciente tem
p>97 e < 99,9. Logo, alternativa
incorreta.
Alternativa B – Incorreta: O sobrepeso
é definido como p>85 e < 97. Nossa
paciente tem p>97, logo é obesa. A
pressão arterial elevada é definida por
p>90 e <95. Nossa paciente tem pressão
arterial no p>95. Logo é hipertensa.
Alternativa C – Correta: Como vimos,
nossa paciente é obesa e hipertensa. As
recomendações para ela são dieta
balanceada, atividade física regular e
acompanhamento semanal com equipe
de saúde. A farmacoterapia só estará
indicada, nesse caso, após falha do
tratamento não medicamentoso.
Alternativa D – Incorreta: Como vimos,
nossa paciente é obesa e hipertensa!
Alternativa E – Incorreta: Como vimos,
nossa paciente é hipertensa!
Portanto, ficamos com letra C como
gabarito!
________________________________
31. Primigesta com 20 anos de idade, 18
semanas de gestação, assintomática,
vem para mais uma consulta de pré-
natal na Unidade Básica de Saúde
trazendo resultado de sorologia para
toxoplasmose = IgG reagente e IgM
reagente. Desconhece história prévia
de toxoplasmose. A conduta imediata
indicada nesta situação é:
A) repetir sorologia para toxoplasmose
no 3.º trimestre de gestação.
B) realizar ultrassonografia obstétrica
para avaliação fetal.
C) solicitar exame de PCR no líquido
amniótico.
D) iniciar tratamento com espiramicina.
E) solicitar teste de avidez da IgG.
QUESTÃO COM POSSIBILIDADE DE
RECURSO
A sorologia para toxoplasmose é um
dos exames de rotina preconizados pelo
Ministério da Saúde a ser realizado na
primeira consulta pré-natal. A conduta
adotada depende dos resultados de tal
exame, quando:
• IgM negativo e IgG positivo:
temos uma gestante que no
passado teve toxoplasmose,
encontrando-se imune;
• IgM negativo e IgG negativo:
temos uma gestante
susceptível. Sendo assim, deve-
se repetir trimestralmente a
sorologia para acompanhar o
caso ocorra infecção em algum
momento da gestação;
• IgM positivo e IgG negativo:
temos uma gestante com
infecção aguda que deverá ser
tratada;
• IgM positivo e IgG positivo:**
em gestantes com menos de 16
semanas teremos que realizar o
exame de avidez do IgG para
definir. Se a avidez for alta,
indica infecção antiga, não
sendo necessário tratamento e é
realizada apenas o seguimento
habitual. Porém, se a avidez for
baixa, ou se a gestante tiver
mais que 16 semanas,
considera-se infecção materna
aguda.
Sendo assim, a questão apresenta
gabarito incorreto. E, diante dos casos
de infecção materna aguda, deve-se
descartar um resultado falso positivo
repetindo a sorologia ou solicitando IgA
quando disponível. Caso não tenha tais
opções, já pode indicar tratamento com
espiramicina 1g de 8/8h para diminuir o
risco de infecção fetal até que se realize
a investigação de infecção fetal por
meio da amniocentese ou PCR do
líquido amniótico.
Caso seja confirmada a infecção fetal,
ou seja, impossível descartá-la, ou ainda
se o diagnóstico da infecção materna
for após 32 semanas, deve-se iniciar o
tratamento com esquema tríplice:
sulfadiazina + pirimetamina + ácido
fólico.
Alternativa A - Incorreta: A conduta
para IgG e IgM positivos em pacientes
após 16 semanas é o tratamento com
espiramicina, pois já consideramos
infecção materna aguda. Não podemos
aguardar o terceiro trimestre.
Alternativa B - Incorreta: A avaliação
fetal é inicialmente feita com PCR do
líquido amniótico, mas pode ser
complementada com ultrassonografia,
principalmente em casos avançados, o
que não é o caso proposto.
Alternativa C - Correta: O PCR do
líquido amniótico é o principal exame
para diagnóstico de acometimento
fetal, sendo indicado para essa
investigação.
Alternativa D - Correta: O início do
tratamento com espiramicina é muito
importante para redução das taxas de
infecção fetal.
Alternativa E - Incorreta: O teste de
avidez só deve ser solicitado antes das
16 semanas de idade gestacional, pois
alta avidez indica infecção de mais de 4
meses. Com 18 semanas de IG, esse
valor é irrelevante já que ainda pode ser
infecção durante a gestação ao invés de
prévia.
Gabarito Oficial: alternativa E.
Gabarito Aristo: duas alternativas
corretas (C e D), logo sem gabarito.
_________________________________
32. Mulher com 64 anos de idade, com
antecedentes de hipertensão arterial há
cerca de 20 anos e tabagista (30 maços-
ano), em uso de enalapril - 20 mg de
12/12h, foi trazida à Emergência de um
hospital terciário com quadro de dor
lombar de forte intensidade e início
súbito, sem irradiação, que foi
acompanhada por síncope, sem
pródromos, iniciada há duas horas. Na
admissão hospitalar estava consciente,
orientada, anictérica, com palidez
cutâneo-mucosa. Temperatura axilar =
36 ºC, pressão arterial = 70x45 mmHg,
frequência cardíaca = 118 bpm,
frequência respiratória = 18 irpm. Os
exames do aparelho cardiovascular e
pulmonar não demonstraram
alterações. O abdome apresentava
equimoses em ambos os flancos, e era
levemente doloroso à palpação em
mesogástrio e hipogástrio, com massa
pulsátil em região do mesogástrio.
Ruídos hidroaéreos presentes. Nos
membros inferiores havia redução da
temperatura distalmente e
bilateralmente e redução da amplitude
de todos os pulsos. Os exames
laboratoriais iniciais revelaram:
Leucócitos = 12.000/mm3
(segmentados = 74%, eosinófilos = 1%,
linfócitos = 15%); Hemoglobina = 12,1
g/dL; Hematócrito = 36,3%; Plaquetas =
231.000/mm3 ; Glicemia = 84 mg/dL (VR
= 80-100mg/dL); Ureia = 45 mg/dL (VR =
20-35 mg/dL); Creatinina = 1,2 mg/dL
(VR = 0,8-1,4 mg/dL); Amilase = 352 U/L
(VR = 4-400 U/L); TGO = 26 U/L (VR < 35
U/L) e TGP = 31 U/L (VR < 35 U/L).
Considerando a condição clínica atual
da paciente, o exame a ser realizado
para confirmação diagnóstica é:
A) ultrassonografia abdominal.
B) lavado peritoneal com solução salina.
C) angiorressonância magnética do
abdome.
D) tomografia computadorizada do
abdome.
E) angiografia aórtica e de membros
inferiores.
CCQ – TRÍADE DA CLÁSSICA (DOR
ABDOMINAL + HIPOTENSÃO +
MASSA PULSÁTIL) = RUPTURA DE
ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL.
Temos um caso clínico clássico de
rotura de aneurisma de aorta
abdominal, com paciente apresentando
vários fatores de risco (idade,
hipertensão e tabagismo) com a
presença da tríade da clássica: dor
abdominal, hipotensão e massa
abdominal pulsátil). A questão pede
qual o exame de imagem mais indicado
para a confirmação do diagnóstico,
levando em conta a situação clínica
geral da paciente, que se encontra em
choque hemorrágico grave. Com isso,
temos a necessidade de realizar um
exame mais rápido e que interfira
menos no pré-operatório, caso ela
venha a necessitar. Logo, temos como
melhor opção a ultrassonografia
abdominal.
Alternativa correta letra A
________________________________
33. Menino com 12 anos de idade
comparece para consulta em Unidade
Básica de Saúde acompanhado pela
mãe. Tem história de asma brônquica.
Há dois meses vem apresentando tosse
noturna diária, incapacidade de jogar
bola e crises de falta de ar pelo menos
uma vez ao mês. No exame físico não
apresenta alterações na ausculta
pulmonar. Atualmente está sem
medicação. Qual o tratamento
preconizado para esse paciente?
A) Prescrever medicação de alívio, do
tipo beta agonista de ação longa, e
acompanhar o paciente semanalmente.
B) Prescrever medicação de alívio, do
tipo beta agonista de ação longa, e
encaminhar para o pneumologista e
fisioterapia.
C) Orientar sobre cuidados ambientais e
prescrever corticoide inalatório
associado a beta agonista de ação longa
por quatro semanas
D) Prescrever corticoide inalatório de
uso contínuo e um beta agonista de
ação curta, conforme necessidade de
alívio dos sintomas.
E) Prescrever corticoide inalatório
associado a montelucaste diário por
doze semanas e indicar fisioterapia
respiratória.
CCQ: Saber que no step 1 do
tratamento da asma, usa-se o
corticoide inalatório e o beta 2
agonista de curta ação
Pessoal, estamos diante de um tema
quente para as provas de Pediatria:
asma! Além de ser um assunto
badalado na prática clínica, ele sofreu
importantes atualizações nos últimos
anos e, por isso, é queridinho das
bancas. Vamos revisar?
O GINA 2019 traz a classificação da
asma baseada no controle clínico das
últimas 4 semanas conforme a tabela a
seguir:

Após a classificação da asma, iremos
raciocinar o seguinte: devemos manter
o tratamento se a asma estiver
controlada; descer 1 step se ela estiver
controlada por 3 meses ou subir 1 step
se estiver parcialmente controlada ou
não controlada. Os steps do tratamento
são os seguintes:
Agora que revisamos esse tópico tão
importante, vamos classificar o nosso
paciente:
• Sintomas diários mais de duas
vezes por semana: não. Seus
sintomas diários ocorrem uma
vez ao mês.
• Qualquer limitação das
atividades: sim! Ele está
apresentando incapacidade
para jogar bola.
• Sintomas despertares noturnos:
sim, tosse noturna diária.
• Tratamento de alívio mais de 2
vezes por semana: não, ele está
sem medicação.
Portanto, trata-se de um paciente com
uma asma parcialmente controlada,
certo? Como o nosso paciente não está
fazendo uso de nenhum medicamento,
devemos começar pelo step 1!
Vamos avaliar as alternativas?
Alternativa A - Incorreta: Já está
indicado iniciar a terapia com corticoide
inalatório. Além disso, começamos com
o beta agonista de ação curta no
primeiro passo.
Alternativa B - Incorreta: A medicação
de alívio é o beta agonista de ação
curta. Além disso, nesse primeiro
degrau não há necessidade de
encaminhar para o especialista.
Alternativa C - Incorreta: Orientar
sobre higiene ambiental e prescrever
corticoide inalatório está correto.
Entretanto, no step 1, prescrevemos o
beta 2 agonista de curta ação.
Alternativa D - Correta: Exatamente!
Essa é a descrição do step 1, por onde
vamos começar com o nosso paciente!
Alternativa E - Incorreta: Não
iniciamos o montelucaste no step 1.
Sendo assim, a alternativa correta é a
letra D!
________________________________
34. Mulher com 25 anos de idade deu
entrada no Serviço de Emergência,
prostrada, com vômitos. Ao exame
físico observou-se hipotensão arterial,
febre de 39ºC, defesa na fossa ilíaca
direita, distensão e irritação peritonial
difusas. O exame ginecológico e o
toque retal evidenciaram a presença de
dor no fundo de saco posterior à
mobilização do colo uterino. A punho
percussão lombar era negativa,
bilateralmente. A melhor abordagem
para o caso é:
A) reposição volêmica; realização de
hemograma; solicitação de tomografia
computadorizada do abdome para
excluir o diagnóstico de pelvi-
peritonite.
B) reposição volêmica; realização de
hemograma; iniciar antibioticoterapia
após coleta de sangue para
hemocultura e indicar o tratamento
cirúrgico.
C) reposição volêmica; solicitação de
exame de urina, de exames de rotina
para abdome agudo; repetir a
ultrassonografia e reavaliar
periodicamente.
D) solicitação de hemograma;
realização de exame de urina e
ultrassom para fazer o diagnóstico
diferencial com ruptura de cisto
ovariano.
E) reposição volêmica; solicitação de
radiografia do abdome inferior e
reavaliar.
CCQ: Conduta na instabilidade
hemodinâmica com pelvi-peritonite
A questão traz um caso de uma
paciente com sinais de peritonite
(defesa em fossa ilíaca, irritação
peritonial) e possível acometimento
ginecológico (dor à mobilização de colo
uterino e fundo de saco).
Evidentemente, para melhor avaliação
da etiologia desse abdome agudo, seria
ideal a realização de outros exames
complementares, mas aí entra o
diferencial nesta questão: a paciente
está instável. Paciente prostrada,
hipotensa e febril, requer conduta
imediata, que não pode ser retardada
pela realização de outros exames.
Vamos analisar as alternativas para
definir a melhor conduta para o caso:
Alternativa A - incorreta O diagnóstico
de pelvi-peritonite é claro no exame
físico de irritação peritoneal e dor em
fundo de saco. A tomografia seria
importante para avaliar a etiologia do
quadro, mas em pacientes instáveis não
há tempo para sua realização.
Alternativa B - correta Paciente
hipotensa e febril sugere sepse.
Portanto, devemos iniciar protocolo de
sepse com expansão volêmica,
antibioticoterapia na primeira hora e
coleta de hemocultura imediata. A
indicação cirúrgica se deve à
instabilidade clínica.
Alternativa C - incorreta Não há tempo
para solicitar exames laboratoriais em
quadros de instabilidade clínica.
Alternativa D - incorreta A ruptura de
cisto ovariano pode ou não ter
indicação cirúrgica, mas a instabilidade
clínica é uma indicação clara de
abordagem cirúrgica. Vamos aproveitar
para lembrar outros diagnósticos
diferenciais de abdome agudo
ginecológico: doença inflamatória
pélvica, torção anexial, gravidez
ectópica. Cabe ressaltar que todos
esses diagnósticos têm indicação
cirúrgica no caso de quadros graves ou
instáveis.
Alternativa E - incorreta É necessária
uma conduta imediata em casos graves
como este, não havendo tempo para
radiografia.
Portanto, a alternativa correta é a B.
_________________________________
35. Menino com 12 anos de idade é
trazido pelo pai ao Ambulatório de
Pediatria. Na história apresenta febre e
dor intensa nas articulações do joelho
há uma semana, a qual passou a
acometer cotovelos e punhos. Há três
semanas apresentou infecção de
garganta (sic) tratada com amoxicilina.
Ao exame, apresenta temperatura
axilar = 38.4 ºC; frequência cardíaca =
132 bpm; estado geral comprometido;
dispneia leve que piora com o decúbito.
A ausculta cardíaca mostra sopro
holossistólico, de média intensidade,
mais audível em ápice, irradiando-se
para a axila; 3.ª bulha audível. Diante do
quadro de alta suspeita diagnóstica de
febre reumática, qual a medicação a ser
prescrita nesse momento?
A) Ibuprofeno.
B) Diclofenaco.
C) Naproxeno.
D) Prednisona.
E) Ácido Acetil Salicílico.
CCQ: Saber que o tratamento da
cardite reumática é feito com
prednisona
Pessoal, temos um menino de 12 anos
apresentando quadro altamente
sugestivo de febre reumática, como a
própria questão já deixou claro. Em sua
história clínica, apresentou febre,
artrite migratória e cardite – preste
atenção na alteração da ausculta
cardíaca, demonstrando sopro
holossistólico, que se irradia para a
axila, com terceira bulha audível, e na
presença de dispneia que piora ao
decúbito.
Com base nessas informações,
devemos decidir qual medicação deve
ser prescrita. Como a questão deu
enfoque à alteração cardíaca do
paciente, destacando prejuízo em sua
funcionalidade pela presença de
dispneia que piora ao decúbito,
podemos inferir que, nesse momento,
devemos priorizar o tratamento da
cardite. E como ele é feito? Bem,
galera, usamos prednisona, na dose de
2 mg/kg/dia, em 04 tomadas, por 2-3
semanas, com posterior redução de
dose e desmame progressivo.
O tratamento da artrite, por outro lado,
é feito preferencialmente com ácido
acetilsalicílico, sendo que a resposta
rápida a essa medicação nos ajuda a
diferenciar febre reumática de outras
formas de artrite. Apesar de ser um
importante tópico a ser lembrado, o
tratamento da artrite, neste momento,
não é prioridade, pois ficou visível a
preocupação da questão em destacar a
disfunção cardíaca do paciente.
Por fim, mas não menos importante,
lembre-se, para sua prova, que a febre
reumática deve ser tratada,
preferencialmente, com penicilina G
benzatina, a fim de erradicar o S.
pyogenes do organismo e controlar as
manifestações relacionadas à atividade
inflamatória da doença. Esse
tratamento, no entanto, não interfere
no curso da doença.
Um algo a mais: a profilaxia secundária
deve ser realizada nos pacientes que já
tiveram febre reumática, com o
objetivo de prevenir novas infecções e
surtos cada vez mais danosos. Para isso,
utiliza-se a penicilina G benzatina,
1.200.000 UI por dose, a cada 3
semanas, no seguinte esquema:
• Nos pacientes com febre
reumática sem cardite: até 05
anos após o último episódio ou
até os 21 anos.
• Nos pacientes com febre
reumática e com cardite sem
sequelas: até 10 anos após o
último episódio ou até os 21/25
anos.
• Nos pacientes com febre
reumática e cardite com
sequelas: até os 40 anos ou por
toda a vida.
• Nos pacientes com febre
reumática e substituição valvar:
por toda a vida.
Agora, vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta: O ibuprofeno
é um anti-inflamatório não esteroidal,
utilizado como sintomático apenas,
não tendo papel no tratamento da
cardite reumática.
Alternativa B - Incorreta: O
diclofenaco também é um anti-
inflamatório não esteroidal, utilizado
como sintomático, principalmente em
casos de dor osteomuscular. Não tem
papel no tratamento da cardite
reumática.
Alternativa C - Incorreta: O naproxeno
também é um anti-inflamatório não
esteroidal, utilizado como sintomático,
principalmente no resgate de cefaleia.
Não tem papel no tratamento da
cardite reumática.
Alternativa D - Correta: Como vimos, a
cardite reumática é tratada com
prednisona.
Alternativa E - Incorreta: O AAS é o
tratamento mais preconizado para a
artrite reumática, promovendo uma
rápida resolução do quadro. No
entanto, como vimos, nossa prioridade
agora é tratar a cardite do paciente.
Portanto, ficamos com letra D como
gabarito!
_______________________________
________________________________
36. Mulher com 35 anos de idade, G2 P1
(parto vaginal há 4 anos), 41 semanas e
2 dias de idade gestacional (corrigida
por ultrassonografia realizada no
primeiro trimestre), vem à Unidade
Básica de Saúde para mais uma
consulta de pré-natal. Refere dor nas
costas e cansaço. Nega contrações,
disúria, perda líquida ou sangramento
vaginal. Relata boa movimentação
fetal. Ao exame: pressão arterial =
100x60 mmHg, peso = 68 kg, altura
uterina = 34 cm, batimentos
cardiofetais = 140 bpm, ausência de
dinâmica uterina. Toque vaginal = colo
grosso, centrado, 2 cm de dilatação,
apresentação cefálica. A conduta
indicada é:
A) dar alta do pré-natal e orientar a
paciente a procurar a Maternidade
quando apresentar sintomas do
trabalho de parto.
B) encaminhar para a Maternidade para
avaliação da vitalidade fetal e indução
do parto.
C) orientar controle da movimentação gestações que se aproximam das 42
fetal e aguardar o trabalho de parto semanas, devemos agendar a indução
espontâneo. de trabalho de parto.
D) agendar nova consulta em 7 dias e Alternativa C - Incorreta: O controle da
orientar sinais e sintomas do trabalho movimentação fetal através do
de parto mobilograma está sempre indicado no
terceiro trimestre gestacional. Não
E) solicitar ultrassonografia obstétrica e
devemos aguardar o trabalho de parto
agendar nova consulta em 7 dias.
espontâneo por aumento das
CCQ: A indução de trabalho de parto é complicações maternas e perinatais.
indicada nas gestação com mais de 42
Alternativa D - Incorreta: Em uma
semanas de idade gestacional por
semana, a paciente já estará com mais
aumento das complicações maternas
de 42 semanas de IG, sendo indicada
e perinatais com o pós-datismo
indução de trabalho de parto.
Mentorando, a questão traz conceitos
Alternativa E - Incorreta: Em uma
clássicos de pós-datismo e necessidade
semana, a paciente já estará com mais
de indução de trabalho de parto.
de 42 semanas de IG, sendo indicada
Sabemos que a gravidez pós-termo, ou
indução de trabalho de parto.
seja, com idade gestacional maior ou
igual a 42 semanas, está associada a
aumento das complicações maternas,
fetais e neonatais.
A taxa de mortalidade perinatal nesses
casos chega a ser o dobro da taxa a
termo. Portanto, quando o trabalho de
parto não se inicia espontaneamente,
essas pacientes têm indicação de
indução do trabalho de parto.
Alternativa A - Incorreta: A gestante
não deve receber “alta” do pré-natal até
Portanto, o gabarito é letra B
o nascimento do concepto. Há
necessidade de manutenção da atenção ________________________________
ao binômio materno-fetal, mesmo que
________________________________
a paciente seja direcionada a uma
maternidade de referência. 37. Rapaz com 15 anos de idade,
portador de cirrose biliar primária, com
Alternativa B - Correta: Nas gestações
classificação MELD igual a 32, encontra-
de baixo risco, sem complicações, está
se na fila de transplantes do Sistema
indicada avaliação da vitalidade fetal a
Único se Saúde (SUS). Seu pai, com 40
partir das 40 semanas de IG, por
anos de idade, saudável, deseja
exemplo, com a realização de
antecipar o transplante. A orientação
cardiotocografia Conforme dito, nas
adequada para esta situação é:
A) não há possibilidade de acelerar o cadavérico) e de fígado reduzido
transplante, pois o paciente é menor de (doador cadavérico ou vivo).
idade e tem uma avaliação de menor
Algumas contraindicações ao
gravidade clínica.
transplante hepático são: uso de álcool
B) o transplante somente poderá ser ou drogas nos últimos 6 meses,
antecipado se houver um doador com anomalias congênitas incorrigíveis e
morte cerebral comprovada e limitantes, doença metastática para o
consentimento da família fígado e sepse ativa, entre outras.
C) o transplante poderá ser acelerado, Diante disso, vamos às alternativas:
pois o quadro clínico do paciente é
Alternativa A - Incorreta: A condição
grave e a doação intervivos pelo pai é
clínica do paciente é grave e, havendo
consentida.
autorização, o transplante deve ser
D) em hipótese alguma o transplante realizado o mais rápido possível.
poderá ser antecipado, pois, para a fila
Alternativa B - Incorreta: O
do SUS, os critérios são bem definidos e
transplante também pode ser realizado
éticos.
com doador vivo.
E) o transplante poderá ser antecipado
Alternativa C - Correta: Devido à
somente com doador falecido HLA
condição clínica do paciente, o
idêntico ou semi-idêntico.
transplante deve ser realizado o mais
CCQ: Saber que em casos graves de rápido possível e, havendo doador vivo
cirrose hepática, o transplante que consinta, o processo é acelerado.
hepático deve ser realizado o mais
Alternativa D - Incorreta: O
rápido possível, podendo ser com
transplante intervivos é uma das
doador vivo, se houver
alternativas que permite a antecipação
consentimento
do transplante.
Olá, pessoal! Questão relativamente
Alternativa E - Incorreta: O transplante
simples sobre transplante hepático.
hepático pode ser realizado com
Vamos relembrar alguns pontos
sistema HLA não compatível, e pode ser
importantes.
com doador vivo ou cadavérico.
O paciente candidato ao transplante
Como a questão solicita a orientação
deve apresentar doença hepática
adequada, o nosso gabarito é letra C
avançada, progressiva e irreversível. O
escore MELD é utilizado para alocar os _________________________________
pacientes na fila dos transplantes, e no
Brasil entram aqueles com MELD maior
ou igual a 11. 38. Criança com 11 anos de idade,
frequentando o quarto ano do ensino
Existem alguns tipos de transplante
fundamental, é encaminhada ao
hepático: transplante ortotópico
pediatra pela escola por apresentar
(apenas com doador cadavérico),
indisciplina e problemas de
transplante heterotópico (doador
aprendizagem. A diretora solicita
encaminhamento para o neurologista,
psicólogo e oftalmologista. Na consulta
em Unidade Básica de Saúde, a mãe
conta que a classe da criança já teve três
trocas de professora no ano corrente, e
que em casa a criança é muito esperta e
cuida do irmão de 5 anos, no horário em
que ela está trabalhando. Levando em
consideração a Reforma Psiquiátrica
Brasileira, o Movimento de Luta
Antimanicomial e a Política Nacional de
Saúde Mental, a conduta adequada é:
A) valorizar o prejuízo que a criança já
tem em decorrência do atraso na
escolarização, instituindo tratamento
clínico para transtorno de
hiperatividade e déficit de atenção com
ritalina e psicoterapia no Centro de
Atenção Psicossocial ( CAPS ).
B) prevenir a piora do quadro e a
possibilidade de internação em hospital
psiquiátrico por intermédio da pronta
referência do caso ao psiquiatra, antes
que ocorra recrudescimento e seja
imperioso o tratamento manicomial.
C) agendar os procedimentos
ambulatoriais requisitados, em
cumprimento ao princípio da
intersetorialidade da Lei n.º
8.080/1990, com cobertura pelo
benefício financeiro do Programa "De
Volta Para Casa".
D) acionar o Conselho Tutelar mediante
denúncia de bullying e assédio moral da
escola contra a criança, pela repetência
serial e tentativa de culpabilizar a vítima
pelo próprio agravo sofrido.
E) orientar a mãe a respeito da
possibilidade de o comportamento da
criança dever-se a situações sociais do
entorno escolar e/ou doméstico, e
viabilizar contato da Equipe de Saúde
da Família com a escola.
CCQ: Saber que diante da suspeita de
problemas na aprendizagem, fatores
relacionados à estrutura do ambiente
escolar e do ambiente doméstico
devem ser considerados na
elaboração de um diagnóstico
etiológico
Pessoal, estamos diante de uma criança
de 11 anos de idade, que apresenta um
quadro geral de indisciplina e
“problemas de aprendizagem”. Repare
que a dificuldade em aprendizagem não
é explorada de forma qualitativa na
questão, portanto temos dois
elementos, “indisciplina” e “problemas
de aprendizagem”, que podem apenas
sugerir um possível transtorno do
déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH).
No entanto, à medida que nos
aprofundamos na questão,
constatamos que a hipótese de TDAH
só se enfraquece, já que a mãe da
criança afirma que, em casa, ela é
“muito esperta” e cuida do irmão de 5
anos, no horário em que ela está
trabalhando, e que a classe que a
criança frequenta já teve três trocas de
professores no ano corrente. Dessa
forma, nosso raciocínio nos direciona
mais para o contexto social e escolar do
paciente, que parecem ser os
responsáveis por seus “problemas de
aprendizagem”.
Sabendo disso, vamos às alternativas:
Um algo a mais: o diagnóstico do TDAH
é feito com base na investigação da
presença de sintomas de desatenção e
de sintomas de auxílio-reabilitação psicossocial para a
hiperatividade/impulsividade. atenção e o acompanhamento de
pessoas em sofrimento mental,
Sintomas de desatenção incluem: não
egressas de internação em hospitais
prestar atenção a detalhes e cometer
psiquiátricos, inclusive em hospitais de
erros em trabalhos escolares;
custódia e tratamento psiquiátrico, cuja
dificuldade de manter atenção
duração tenha sido por um período
sustentada em tarefas e brincadeiras;
igual ou superior a dois anos. Como
não responder quando chamado pelo
você pode observar, esse não é o caso
próprio nome; dificuldade de seguir
do nosso paciente!
instruções para finalizar trabalhos
escolares, tarefas e deveres etc. Alternativa D – Incorreta: O objetivo
da escola ao encaminhar a criança ao
Já os sintomas de hiperatividade
pediatra não foi constrangê-la, mas sim
incluem: inquietação psicomotora;
dar a ela a oportunidade de ser avaliada
levantar-se com frequência em locais
por um profissional de saúde acerca de
que não se espera este
seus problemas. Além disso, em hora
comportamento; correr e escalar
alguma a questão menciona que a
móveis; dificuldade de brincar e praticar
criança tenha repetido de forma serial
atividades de lazer silenciosamente;
alguma série.
falar excessivamente etc.
Alternativa E – Correta: A melhor
Alternativa A – Incorreta: Somente
abordagem neste caso é reconhecer
com os dados da questão, não podemos
que o problema de aprendizagem da
afirmar que houve atraso na
criança pode ser derivado de seu
escolarização, com consequente
contexto escolar, marcado por
prejuízo no aprendizado, nem que essa
repetidas trocas de professores, e
criança tem TDAH, já que não são
viabilizar que a equipe de saúde entre
descritos sintomas típicos de
em contato com a escola, a fim de
desatenção e de hiperatividade.
esclarecer a situação de saúde da
Alternativa B – Incorreta: Essa criança e qual pode ser seu real
alternativa é que, de fato, deveria ser problema.
internada em manicômio! Galera,
Portanto, ficamos com letra E como
temos uma criança aparentemente
gabarito!
saudável e funcional, apenas com
problemas pontuais de aprendizagem, ________________________________
que, muito provavelmente, devem-se
39. Maquinista de ferrovia, com 36 anos
ao contexto social e escolar peculiar; a
de idade, comparece à Unidade Básica
criança não está agressiva e não está
de Saúde com história de lombalgia há
agindo sob efeito de surto psicótico,
seis meses, de início insidioso, com
não havendo, portanto, motivos para
piora progressiva e, mais
internação.
recentemente, irradiação para o
Alternativa C – Incorreta: Galera, o membro inferior esquerdo. Ao exame,
Programa de Volta para Casa garante o notam-se discreta claudicação,
supradesnivelamento da escápula
esquerda, contratura muscular
subescapular e lombar ipsilateral,
limitação da flexo-extensão da coluna,
com retorno lento à ortostase após
fácies de dor. O sinal de Lasègue é
positivo. Perguntado sobre suas
atividades profissionais, informa que
trabalha em ambiente muito quente
(próximo à caldeira da locomotiva) e
ruidoso, e que a sua tarefa mais
frequente é alimentar a caldeira com
movimentos repetidos, quando
permanece com o tronco abaixado.
Sobre a responsabilidade de emissão de
Comunicação de Acidente de Trabalho
(CAT) neste caso, é correto afirmar que:
A) o médico da Unidade Básica de
Saúde deve emitir a CAT.
B) o médico da Unidade Básica de
Saúde deve elaborar relatório
detalhado, que permita ao médico do
trabalho da ferrovia emitir a CAT.
C) o médico do trabalho da ferrovia já
teria emitido a CAT, se houvesse
indicação, portanto o médico da
Unidade Básica de Saúde nada tem a
acrescentar
D) a emissão da CAT pode ser assumida
pelo médico da Unidade Básica de
Saúde, desde que uma ressonância
nuclear magnética comprove patologia
discal lombar ocupacional.
E) o perito médico previdenciário do
Instituto Nacional do Seguro Social (
INSS ) é competente para emitir a CAT,
e o médico da Unidade Básica de Saúde
deve elaborar relatório para
encaminhamento à Previdência Social.
CCQ: Saber que a CAT deverá ser
emitida em casos de acidentes de
trabalho e doenças ocupacionais em
trabalhadores formais
E ai pessoal, vamos para mais uma
questão?? A Comunicação de Acidente
de Trabalho (CAT) é um documento que
deve ser emitido nas seguintes
situações:
1. Acidente de trabalho (incluindo
de trajeto);
2. Doença ocupacional.
A CAT é um documento de caráter
informativo ao INSS e deverá ser
emitido apenas para trabalhadores
formais (que possuem contrato de
trabalho e registro na carteira
profissional).
A questão aborda um trabalhador
formal apresentando queixas
ortopédicas nitidamente relacionadas
às condições de trabalho e que procura
atendimento na UBS.
Vamos às alternativas?
Alternativa A - Correta: Doenças
ocupacionais em trabalhadores formais
devem resultar na emissão de CAT.
Alternativa B - Incorreta: O médico da
UBS deverá fazer um relatório do
atendimento com os prováveis
diagnósticos e descrição do exame
físico, mas não para o médico da
empresa emitir a CAT e sim para o
médico perito do INSS analisar os fatos.
Alternativa C - Incorreta: Não deve-se
fundamentar uma conduta baseada
numa suposição. O médico da UBS
poderá verificar se realmente a CAT foi
emitida previamente.
Alternativa D - Incorreta: Não é
necessária RNM para emitir a CAT,
apenas com a clínica isso ja é possível.
Lembre-se que a CAT tem caráter
meramente informativo.
Alternativa E - Incorreta: A CAT pode
ser preenchida por qualquer pessoa, de
preferência pela empresa. Nesse caso, a
emissão compete ao médico da UBS.
Cabe a ele também realizar um relatório
médico informando a condição da
paciente, incluindo possíveis
diagnósticos, exame físico e tempo
necessário de afastamento. Mas
lembre-se, quem irá avaliar a concessão
do benefício é o médico perito do INSS!
Portanto, o gabarito é a letra A.
________________________________
40. Homem de 22 anos de idade
procura a Unidade Básica de Saúde de
seu bairro com náuseas, vômitos e
“caroço doloroso na virilha”. Informa
que há três anos essa massa aparece
quando faz esforço e desaparece ao
deitar-se, mas desta vez vem se
mantendo há dois dias. Ao exame físico:
paciente em bom estado geral e
aumento de volume na região inguinal e
do escroto direito, com dor à palpação.
A conduta a ser adotada pelo médico da
Unidade é:
A) administração de relaxante
muscular, colocando o paciente em
posição de Trendelenburg, com
tentativa de redução do volume.
B) encaminhamento do paciente ao
Serviço de Urgência do Hospital com o
pedido de avaliação imediata do
cirurgião.
C) tentativa de redução manual do
aumento de volume da região
inguinescrotal para a cavidade
abdominal.
D) transiluminação do escroto para
tentar diferenciar hérnia inguinal de
hidrocele comunicante.
E) prescrição de antiemético e
solicitação de ecografia da região
inguinescrotal.
CCQ: Hérnia encarcerada (casos
refratários ou com obstrução) ou
estrangulada = Cirurgia de urgência
Questão bem elaborada que representa
uma situação do nosso dia a dia.
Paciente de 22 anos com queixa de um
“caroço doloroso na virilha” que
apareceu há 3 anos, mas que há dois
dias esse “caroço” não desaparece
mais.
No exame físico foi evidenciado um
aumento de volume na região inguinal e
do escroto direito, com dor à palpação.
Pessoal, não podemos ter dúvidas que
estamos diante de uma hérnia
inguinoescrotal encarcerada. E agora,
devemos ou não tentar reduzir essa
hérnia? Vejamos:
Quando não devemos reduzir uma
hérnia encarcerada???
• Tempo de encarceramento > 6 -
8 horas;
• Obstrução intestinal;
• Sinais de: irritação peritoneal,
hiperemia, hipotensão.
No momento, nosso paciente está em
bom estado geral e não há sinais de
estrangulamento, mas certamente eles
aparecerão caso não tomemos as
medidas necessárias. Com isso, temos
que encaminhá-lo imediatamente para
ser avaliado por um cirurgião. O
tratamento imediato certamente será o
de uma herniografia inguinal.
Logo, a alternativa correta é a B.
________________________________
41. Mulher com 68 anos de idade foi
trazida à Emergência por apresentar
quadro de febre de até 39o C, mialgias,
cefaleia, tosse seca, dispneia e piora do
estado geral há três dias, com piora nas
últimas seis horas. Ao exame encontra-
se acordada, orientada, com frequência
respiratória = 30 irpm, pressão arterial =
100x60 mmHg, frequência cardíaca =
115 bpm, oximetria digital = 86%, em ar
ambiente. Sem outras alterações ao
exame físico. A radiografia de tórax
mostra infiltrado intersticial bilateral. A
paciente foi transferida para a Unidade
de Terapia Intensiva, em quarto
privativo, e foi iniciada reposição
volêmica. Qual a conduta inicial
indicada para esta paciente?
A) Iniciar oxigenioterapia, colher três
amostras de hemocultura aeróbia e
iniciar azitromicina
B) Colher secreção respiratória para
PCR viral, prescrever oxigenioterapia e
oseltamivir.
C) Iniciar ventilação mecânica não
invasiva, colher material para exame
bacteriológico e iniciar oseltamivir.
D) Iniciar ventilação mecânica invasiva
com circuito fechado como medida de
isolamento respiratório e prescrever
zanamivir.
E) Colher material para PCR para H1N1
e prescrever medidas de suporte, já que
a paciente apresenta sintomas há mais
de 48 horas.
CCQ: Saber que a droga de escolha
para síndrome respiratória aguda
grave é o oseltamivir
Fala mentorando! Questão boa de um
concurso já antigo, onde a epidemia
que estava no momento era a de
influenzae! Mas bora lá, pois como
sabemos, todos os anos enfrentamos
muitos quadros de influenzae!
Paciente idosa chega à emergência por
apresentar, há 3 dias, quadro de febre,
mialgias, tosse seca, dispneia tendo
piorado seu estado geral nas últimas
seis horas. No exame físico encontra-se
hipotensa, com saturação de O2 = 86%
em ar ambiente. Perceba que essa
paciente com síndrome gripal
apresenta critérios para Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG),
antes da epidemia de COVID-19, um
quadro como estes era = SRAG por
influenzae, a qual, deveria ser tratada
com oseltamivir em regime hospitalar.
Isso porque na época deste concurso a
epidemia que estava vigente era a de
H1N1, portanto fique esperto com
questões deste tipo nos dias de hoje,
pois provavelmente será alguma
conduta com relação ao covid e não
influenzae.
A suplementação de oxigênio é
recomendada devido à hipoxemia
(saturação de O2 = 86% em ar
ambiente). Segundo orientações do MS
devem ser coletadas amostras de
material biológico dos pacientes
internados com SRAG visando
isolamento e identificação viral até 7
dias após o início dos sintomas, sendo a
PCR um ótimo método diagnóstico
(conduta em suspeita de SRAG para
influenzae).
Agora, vamos às alternativas: exame físico mostrou paciente em
regular estado geral, consciente e
Alternativa A - Incorreta Como vimos,
orientado, levemente taquipneico em
nossa principal suspeita é SRAG por
repouso. Temperatura axilar = 36 ºC,
influenzae, então não tem indicação de
pressão arterial = 135x75 mmHg,
antibiótico, nem hemocultura aeróbia.
frequência cardíaca = 122 bpm,
Alternativa B - Correta Exatamente! frequência respiratória = 22 irpm,
Como explicado acima. glicemia capilar = 321 mg/dL. A ausculta
cardíaca revelou bulhas
Alternativa C - Incorreta Paciente
normofonéticas, ritmo cardíaco
ainda não apresenta critérios para
irregular em três tempos, com presença
intubação (sinal de falência de músculos
de B3, com frequência cardíaca de 122
respiratórios, esforço extremo,
bpm, com sopro sistólico de
rebaixamento de nível de consciência),
regurgitação tricúspide. Turgência
além de que não temos indicação de
jugular a 45.º presente. A ausculta
exame bacteriológico, já que nossa
pulmonar evidenciou estertores
principal suspeita é etiologia viral.
crepitantes em bases. Nos membros
Alternativa D - Incorreta Como vimos, inferiores havia edema 2+/4+, mole, frio
não iniciamos de imediato a ventilação e indolor. O paciente trazia
invasiva. ecocardiograma realizado há três
meses com os seguintes achados:
Alternativa E - Incorreta Alternativa
aumento das câmaras cardíacas,
incorreta por não incluir a utilização do
hipertrofia concêntrica de ventrículo
Oseltamivir, que tem como uma de suas
esquerdo, insuficiência tricúspide
indicações um paciente que necessite
moderada e fração de ejeção de 35%. O
de internação.
eletrocardiograma da admissão atual é
Portanto, o gabarito é a alternativa B. reproduzido abaixo.Com base nos
dados apresentados, pode-se afirmar
________________________________
que:
42. Homem com 64 anos de idade,
portador de hipertensão arterial e
diabetes há mais de 20 anos, procurou
Serviço de Urgência com queixas de
dispneia aos médios esforços, que
progrediu para dispneia aos pequenos
esforços, além de dispneia paroxística
noturna, surgimento de edema de
membros inferiores, mole, frio e
ascendente e também palpitações, há
A) a arritmia do paciente se deve à
cerca de dois dias. O paciente refere que
descompensação da insuficiência
havia interrompido o uso das
cardíaca e não é necessário tratamento
medicações de uso crônico há 30 dias e
específico.
consumido álcool e comida em excesso
há três dias. Nega dor precordial. O
B) a insuficiência cardíaca se deve a
uma arritmia aguda e o paciente deve
ser submetido à cardioversão elétrica
imediata.
C) o paciente deve ser submetido à
anticoagulação com heparina e
reversão química imediata da arritmia
com amiodarona.
D) o paciente deve receber digoxina
para controle da frequência cardíaca e
heparina de baixo peso molecular para
anticoagulação.
E) o paciente deve ser internado na
Unidade de Terapia Intensiva e receber
furosemida, morfina, ventilação não
invasiva e dobutamina.
CCQ: Saber que em pacientes com
insuficiência cardíaca + fibrilação
atrial, optamos por controle de
frequência com digoxina
Salve família Aristo, tudo certo?
Essa questão de Cardiologia traz um
tópico dentro do Pareto e um detalhe
que muita gente esquece envolvendo
digoxina, então preste muita atenção.
O enunciado traz um paciente
hipertenso e diabético de longa data
com sinais e sintomas de insuficiência
cardíaca congestiva. Para tornar esse
diagnóstico mais objetivo, podemos
utilizar os critérios de Framingham, em
que precisamos de 2 critérios maiores
ou 1 maior + 2 menores. Vamos
relembrar os critérios?
Esse paciente possui 4 critérios maiores
(dispneia paroxística noturna, turgência
jugular patológica, estertores
crepitantes e B3) e 3 menores (dispneia
aos esforços, edema de MMII
bilateralmente, taquicardia), se
enquadrando perfeitamente em
insuficiência cardíaca (IC).
Continuando, o paciente tem uma
doença crônica e comparece ao serviço
de urgência devido piora dos sintomas
há 2 dias, o que é esperado, já que
interrompeu uso de medicações de uso
contínuo há 30 dias, fez alto consumo
de álcool e de alimentos, que são
fatores de descompensação de IC.
Outro ponto (discutido adiante) que
descompensa a IC crônica é o
desenvolvimento de arritmias (como a
fibrilação atrial FA).
O ecocardiograma revela, entre outras
alterações, FE de 35% - FE < 40% é
considerada reduzida.
Para não nos perdermos, o que temos
até aqui? Uma IC de FE reduzida
(ICFER), estágio C de desenvolvimento
(já há sintomas), NYHA III - dispneia aos
pequenos esforços. Ele está em
exacerbação com sinais de congestão
(estertores, edema, etc.) sem sinais de
hipoperfusão - portanto, IC
descompensada perfil B - quente e
úmido.
Continuando, vamos observar o ECG.
Nele, não vemos onda P (ritmo é não
sinusal), R-R é irregular, frequência
cardíaca geralmente é > 150 bpm (FC =
300/nº de “quadradões” entre R-R) e o
QRS é estreito. Isso é típico da
FIBRILAÇÃO ATRIAL.
 • Além disso, temos sinais de
sobrecarga de VD (onda R
aumentada e maior que onda S
em V1) e de sobrecarga de VE
(aumento de onda R em V5/V6).
A interpretação do ECG bate com o
exame físico, que evidenciava “ritmo
cardíaco irregular em três tempos”,
compatível com FA.
Mas e agora, qual o tratamento da FA?
Em geral:
1. Controle do ritmo ou frequência:
nem sempre forçar o paciente a
retornar a um ritmo sinusal
melhora sua qualidade de vida.
• Preferir controle de frequência
em casos de FA em pacientes
sintomáticos ou com alteração
estrutural avançada que
impossibilite retorno ao ritmo
sinusal. Medicamentos:
bloqueador de canal de cálcio
não diidropiridínicos (Diltiazem
ou Verapamil), beta-bloqueador
ou DIGOXINA se
amiassociação com ICC - aqui
está o CCQ para acertar a
questão;
• Preferir controle do ritmo se FA
se apresentar com instabilidade
hemodinâmica, se for
paroxística (<7 dias, em crise) ou
persistente sintomática.
2. Avaliar necessidade de
anticoagulação: a FA propicia a
formação de trombos, e
precisamos avaliar indicação de
anticoagulante. O score
CHA²DS²-VASC tem
importância para definir quais
pacientes se beneficiam de seu
uso. **Uma pontuação maior
ou igual a 2 indica
anticoagulação para o resto da
vida do paciente. Ela pode ser
realizada com uma associação
entre Enoxaparina e Warfarina,
suspendendo a heparina após a
normalização do RNI, ou com
monoterapia com os novos
anticoagulantes orais.
• Esse paciente possui: 1 ponto de
insuficiência cardíaca (C), 1
ponto de HAS (H) e 1 ponto
devido DM (D). Assim, ganha 3
pontos pelo CHADS-VASC e a
anticoagulação está indicada.
Agora vamos as alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A FA pode ser
causa ou consequência dessa
descompensação. Precisa de
tratamento específico.
Alternativa B - Incorreta: Cardioversão
elétrica é opção em FA com
instabilidade hemodinâmica, no 1º
episódio de FA ou em situações em que
não consigamos controlar a FC. Não é a
melhor opção nesse paciente.
Alternativa C - Incorreta: Assim como
conversamos na alternativa B, em um
paciente com IC crônica, com
alterações estruturais, devemos
primeiramente tentar controlar a
frequência - a amiodarona é opção
quando queremos retornar ao ritmo
sinusal.
Alternativa D - Correta: Como vimos,
controle de FC com digoxina é a opção
em FA + IC. Além disso, ele precisa
receber anticoagulação.
Alternativa E - Incorreta: Furosemida
até pode ser utilizada em IC exacebrada
perfil B, mas dobutamina é utilizada em
caso de perfil frio e úmido (perfil C) e
não está indicada aqui. Morfina e
ventilação não invasiva também não
são necessários nesse momento.
Portanto, o gabarito é a letra D
________________________________
43. Homem com 42 anos de idade,
vendedor ambulante, foi admitido para
emprego formal no comércio e procura
a Unidade Básica de Saúde para saber
como deve proceder com relação a uma
alteração identificada nos exames A) iniciar tratamento de prova para
admissionais, reproduzida na tuberculose.
radiografia de tórax mostrada acima. À
anamnese, refere tosse seca há mais de B) solicitar tomografia
seis meses, constante, diária, nunca computadorizada.
tratada. Nega febre, dispneia, C) cessar tabagismo e observar.
hemoptise e perda de peso. Não
apresenta outras queixas. É portador de D) repetir radiografia do tórax.
hipertensão arterial, controlada com E) iniciar tratamento com macrolídeo.
hidroclorotiazida. É fumante, com uma
carga tabágica de 20 maços/ano, há 22 CCQ: Saber que paciente com carga
anos. Apresenta como antecedente tabágica importante + tosse seca +
familiar um irmão com tuberculose nódulo pulmonar a radiografia requer
pulmonar tratada no ano passado. investigação com tomografia
Nega outros antecedentes patológicos computadorizada
ou história familiar de doença. O exame Fala pessoal! Questão boa, pois nódulos
físico é normal. A conduta mais pulmonares são frequentes na sua
apropriada para este paciente, neste prática clínica, além deste assunto
momento, é: adorar cair na prova, então bora lá!
Quando falamos de nódulo pulmonar
devemos nos lembrar que muitas vezes
podem ser assintomáticos, o que não
ocorre com o nosso paciente aqui, pois
ele apresenta tosse. Mas mesmo
assintomáticos, o objetivo na
investigação será o mesmo:
 • Diagnosticar ou descartar
malignidade
Para isso, temos alguns critérios que
sugerem malignidade e investigação do
nódulo:
• Idade >50 anos
• História de tabagismo
• Doença maligna prévia
• Histórico de exposição ao
asbesto
• Tamanho > 0,8 - 2 cm (depende
da referência)
• Irregularidade
• Não sólido
• Não calcificado ou calcificação
excêntrica
• Duplicou de tamanho em pouco
tempo (até 1 ano)
Note que falamos de muitos sinais
radiográficos e estes devem ser
identificados por uma tomografia.
Portanto, nosso paciente que tem
fatores de risco e se apresenta com
sintoma de tosse + presença de nódulo
pulmonar, devemos verificar se há
presença de outras características por
meio de uma tomografia
computadorizada.
Vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta Nosso
paciente apresenta tosse há 1 ano, em
casos de tuberculose teria outros
sintomas agregados (febre vespertina,
perda de peso, sudorese noturna) além
de que a imagem mais clássica da
tuberculose pulmonar na radiografia
seria a cavitação.
Alternativa B - Correta Exatamente!
Nossa principal suspeita aqui é
malignidade, portanto devemos
verificar o padrão do nódulo por meio
de uma TC.
Alternativa C - Incorreta Com certeza
devemos orientar a cessação do
tabagismo, mas não podemos somente
observar o paciente.
Alternativa D - Incorreta A radiografia
já nos apontou um nódulo pulmonar,
agora devemos aprofundar nossa
investigação com um exame que nos
aporte dados a mais.
Alternativa E - Incorreta Não temos
um quadro compatível com pneumonia,
por isso afastamos muito esta hipótese,
por isso seria incorreto indicar
tratamento com macrolídeos.
Portanto, o gabarito é a alternativa B
_________________________________
44. Menina com 3 anos de idade é
admitida na Enfermaria de um hospital
regional, no interior do estado, por
apresentar, há três semanas, dor na
região lateral do pescoço, com
adenomegalia cervical bilateral, febre e
queda do estado geral. Fez uso de anti-
inflamatório não hormonal, tendo
diminuído o desconforto, mas
persistido a adenomegalia à direita, a
febrícula e a inapetência. O exame físico
mostra cadeias ganglionares cervicais
bilaterialmente palpáveis, sendo que, à
direita, palpa-se massa de consistência
elástica, com aproximadamente 1 cm
em seu maior diâmetro, levemente
dolorosa. Há, neste mesmo lado,
nodulação em região supraclavicular,
indolor, com aproximadamente 0,8 cm
em seu maior diâmetro. Hemograma:
hemácias = 3.5x1012/mm3
hematócrito = 32%; hemoglobina =
10,4g%; leucograma:16.000
leucócitos/mm3 - linfócitos: 65%;
linfócitos atípicos: 32%. A principal
justificativa de transferência dessa
criança para avaliação imediata com
especialista é:
A) febre e adenomegalia persistentes.
B) presença de nodulação
supraclavicular.
C) dor à palpação de cadeia ganglionar
cervical.
D) hemograma com atipia linfocitária
exagerada.
E) consistência elástica de gânglio
cervical à palpação.
CCQ: Saber que adenomegalia
supraclavicular é um sinal grave,
podendo ser um sinal de câncer
Fala, pessoal! Temos aqui uma questão
com um caso clínico em que o avaliador
quer saber se você sabe identificar
critérios de gravidade na investigação
de um paciente com uma adenopatia a
esclarecer. Não é necessário que você
acerte o diagnóstico, mas apenas saiba
identificar qual o motivo de maior
necessidade de investigação da doença
apresentada.
Quanto às adenomegalias, sabemos
que linfonodos cervicais e inguinais com
até 2cm, são normais em crianças até 12
anos de idade. Na faixa pediátrica, a
maioria das tumorações nessa região
decorre de processo infeccioso e tende
a se resolver espontaneamente.
As principais indicações para
investigação maior com biópsia, são:
; 1. diâmetro superior a 3cm;
2. linfonodos em recém-nascidos;
3. linfonodos em região
supraclavicular e cervical
inferior;
4. linfonodos que não regridem
após o tratamento ou que
continuam a crescer.
Alternativa A - Incorreta: A febre e a
adenomegalia persistentes também
são características importantes para a
avaliação deste caso. Porém, o tempo
de persistência apresentado neste caso
(3 semanas) ainda não é tão
preocupante quanto à localização
supraclavicular, podendo sugerir uma
doença grave como tumor abdominal,
necessitando a avaliação de um
especialista.
Alternativa B - Correta: Os linfomas de
Hodgkin geralmente cursam com
acometimento de linfonodos cervicais e
supraclaviculares, com um padrão de
disseminação descendente. Pense
sempre nessa patologia em pacientes
com linfonodos cervicais múltiplos e
endurecidos formando conglomerados.
Alternativa C - Incorreta: A dor à
palpação de cadeia ganglionar cervical
fala mais a favor de processos
infecciosos e inflamatórios agudos e
não etiologias mais malignas como
câncer.
Alternativa D - Incorreta: Um
hemograma com atipia linfocitária
exagerada pode falar a favor de
infecções como a pelo vírus epstein-
barr, causador da mononucleose,
doença de caráter mais agudo e
benigno.
Alternativa E - Incorreta: A
consistência elástica de gânglio cervical
à palpação fala a favor de processos
benignos, etiologias malignas
normalmente cursam com linfonodos
indolores, endurecidos e aderidos a
planos profundos.
Portanto, o gabarito é a alternativa B.
________________________________
45. Mulher com 25 anos de idade
procura Unidade Básica de Saúde para
exame ginecológico de rotina. Relata
ter iniciado atividade sexual há seis anos
e já ter tido quatro parceiros sexuais.
Não há alterações visíveis ao exame
especular. Nessa oportunidade a
paciente é submetida pela primeira vez
ao exame de colpocitologia oncológica.
Após um mês, retorna com resultado da
citologia, que revela a presença de lesão
intraepitelial escamosa de baixo grau
(HPV e NIC I). A conduta mais
apropriada para essa paciente é a
realização de:
A) conização cervical.
B) colpocitologia oncológica em seis
meses.
C) colposcopia e biópsia dirigida.
D) eletrocauterização do colo uterino.
E) pesquisa de HPV por método de
biologia molecular.
CCQ: Pacientes com achado de LSIL
(NIC 1) devem repetir a colpocitologia
em 6 meses
Mentorando, questão clássica sobre
achados citopatológicos do colo
uterino. Tema que temos que dominar
para as provas.
Na questão, temos uma paciente com
achado de NIC1 (atual LSIL) à
colpocitologia. Vamos aproveitar para
revisar algumas lesões citopatológicas.
• LSIL: é a lesão de baixo grau.
Caso a paciente tenha <25 anos,
repetimos em 3 anos. Em
pacientes >= 25 anos, repetir em
6 meses.
• ASC-US: células escamosas
atípicas de significado
indeterminado possivelmente
não neoplásica. Vamos repetir
conforme a idade: (1) < 25 anos:
repetir em 3 anos; (2) 25 a 29
anos: repetir em 12 meses; (3)
>= 30 anos: repetir em 6 meses.
• ASC-H: células escamosas
atípicas de significado
indeterminado não se podendo
afastar lesão de alto grau.
Encaminhar para colposcopia.
• ACG: células glandulares
atípicas de significado
indeterminado. Encaminhar
para colposcopia.
• AOI: Células atípicas de origem
indefinida. Encaminhar para
colposcopia.
• HSIL: lesão de alto grau.
Encaminhar para colposcopia.
• Carcinoma invasor: Encaminhar
para colposcopia.
• Adenocarcinoma in situ:
Encaminhar para colposcopia.
Alternativas A, C, D e E – Incorreta:
Como vimos, não é esta a conduta.
Portanto, o gabarito é a alternativa B.
_________________________________
46. Homem com 50 anos de idade foi
atendido no ambulatório de Clínica
Médica por apresentar dor epigástrica
em queimação pós-prandial, de
moderada intensidade. Informa que,
ocasionalmente, acorda durante a noite
por causa da dor. O exame físico é sem
alterações. O paciente foi submetido a
endoscopia digestiva alta que revelou
pequena ulceração em bulbo duodenal,
de aspecto endoscópico benigno e teste
da urease positivo. A conduta
terapêutica indicada para o paciente é
prescrever:
A) pantoprazol, tetraciclina
metronidazol por 14 dias.
B) lansoprazol, metronidazol
amoxicilina por 21 dias.
C) rabeprazol por 21 dias, tetraciclina e
levofloxacina por 15 dias.
D) omeprazol por 28 dias e
claritromicina e amoxicilina por 14 dias.
E) esomeprazol, levofloxacina
claritromicina por 14 dias.
CCQ: Saber que o tratamento da H.
pylori é omeprazol por 28 dias e
claritromicina + amoxicilina por 14
dias
Salve pessoal! Essa questão aborda
uma paciente com úlcera duodenal e
teste da urease positivo, sendo
importante saber principalmente três
aspectos para que a gente acerte a
questão:
• Diagnóstico da infecção por H.
pylori;
• Tratamento da úlcera duodenal
com H. pylori;
• Tratamento da H. pylori.
O diagnóstico da infecção por H. pylori
pode ser feito de forma não invasiva,
tendo o teste respiratório com
carbono 13 como padrão-ouro, ou de
forma invasiva com exames
endoscópicos.
A biópsia é o padrão-ouro, mas o teste
da urease tem mais de 90% de
especificidade e alta sensibilidade para
o diagnóstico da infecção por H. pylori.
A úlcera duodenal que a paciente
apresenta na questão é uma das
complicações da H. pylori (que foi
evidenciada pelo teste da urease). O
e
tratamento da úlcera, quando na
presença da H. pylori, é o mesmo
e tratamento da infecção.
Caso a H. pylori não fosse presente,
deveríamos investigar o uso de AINEs
ou a presença de gastrinoma
hipersecretor (Síndrome de Zollinger-
Ellison).
Tendo diagnosticado a nossa paciente,
e
vamos para o tratamento. Que, em
pacientes sem história de uso prévio de
antibióticos, consiste em uma tríade:
• Inibidor de bomba de prótons
(IBP) por 14 a 28 dias
(Omeprazol);
• Claritromicina por 14 dias;
• Amoxicilina por 14 dias.
Vale lembrar que em suspeita de
resistência, existem outros esquemas
de antibioticoterapia para a H. pylori.
Sabendo disso, as alternativas A, B, C
e E estão incorretas, pois não se
adéquam ao tratamento da úlcera
duodenal com H. pylori, seja pela
duração ou pelo antibiótico.
Sendo o gabarito oficial da questão é
a letra D, pois é a única com o
esquema adequado!
________________________________
47. Homem com 25 anos de idade
chega ao Setor de Emergência de
hospital público de grande porte após
ser atingido pela explosão de um rojão
de fogos de artifício, 40 minutos atrás.
Apresenta-se consciente, porém
agitado, taquipneico, com fácies de dor
forte, frequência cardíaca = 130 bpm e
pressão arterial = 130x90 mmHg.
Saturação de O2 (pelo oxímetro de
pulso) = 95%. Ao exame inicial observa-
se vasta queimadura de terceiro grau na
mão, no membro superior esquerdo e
na região anterior do tronco,
queimadura de segundo grau no
membro inferior esquerdo e na cabeça
(couro cabeludo). O médico de plantão
resolveu transferir o paciente para um
centro especializado no tratamento de
queimados. A intervenção mais
importante a ser realizada, antes da
transferência a fim de minimizar os
riscos de agravamento do quadro, é:
A) garantir permeabilidade de via aérea
com entubação orotraqueal.
B) administrar antibioticoterapia
profilática e vacina antitetânica.
C) envolver as áreas lesionadas com
compressas úmidas.
D) puncionar acesso venoso e iniciar
reposição volêmica.
E) prescrever analgésicos fortes e
ansiolíticos.
CCQ: Saber que a medida mais
importante no grande queimado é a
reposição volêmica adequada
Questão muito boa para lembrar qual a
medida primordial no grande
queimado. A banca do Revalida
apresenta um caso de um homem
jovem, 25 anos, com queimaduras
extensas por fogos de artifício em
cabeça, braço e perna esquerda, com
agitação, taquipneia, frequência
cardíaca elevada e pressão arterial por
hora normal. A banca fala em
queimaduras de 2.º grau em membro
inferior esquerdo (18%) e no couro
cabeludo (4,5%) e 3.º grau em membro
superior esquerdo (9%) e na região
anterior do tronco (18%). Isso
totalizaria, pela regra de Wallace (regra
dos 9), uma superfície corporal
queimada de 49,5%, sendo esse valor
importante para calcularmos a
hidratação venosa desse paciente pela
Fórmula de Parkland Modificada
(segundo ATLS 10.ª ed., 2018) – 2 ml X
%SCQ X peso em kg.
Agora, nessa questão precisávamos
saber disso tudo acima? Fazer esses
cálculos? NÃO. Foi explicado apenas
para relembrarmos os CCQs
importantes do grande queimado. A
banca só quer saber qual a medida mais
importante para esse paciente, o qual
será transferido para um centro de
tratamento de queimados.
Alternativa A – Incorreta: Não há
necessidade de intubação orotraqueal
nesse paciente, por hora. Paciente com
saturação 95% em ar ambiente, sem
queimaduras de boca, face ou sinais de
queimaduras em vias aéreas que
justificassem a necessidade
intubação.
Alternativa B – Incorreta: Sim, são
medidas importantes para um paciente
grande queimado: lavar a queimadura
extensamente, aplicar sulfadiazina de
prata tópica e vacina antitetânica. Mas
são as medidas mais importantes nesse
momento?? Não… A reposição
volêmica sim.
Alternativa C – Incorreta: Não é
recomendado envolver as queimaduras
com compressas úmidas.
recomendação é lavar
abundantemente as feridas com soro
fisiológico, aplicar antibióticos tópicos e
cobrir com curativos secos, a fim de
evitar perda de calor. É uma medida
importante, mas não é a mais
importante a ser realizada nesse
momento.
Alternativa D – Correta: No
atendimento do grande queimado, a
medida mais importante a ser feita é
reposição volêmica segundo a regra de
Parkland Modificada, devendo ser
guiada e reavaliada constantemente
pelo débito urinário > 0,5ml/kg/h (para
adultos).
Alternativa E – Incorreta: No grande
queimado, retirar a dor do paciente é
uma medida importante, mas não é a
mais importante. Contudo, não
fazemos ansiolíticos nesses pacientes, a
ansiedade é decorrente da dor intensa e
possivelmente um sinal precoce de
choque hipovolêmico.
Portanto, a alternativa correta é a
letra D.
_________________________________
de 48. Paciente secundigesta, na 35.ª
semana de gestação, relata diminuição
de movimentos fetais. Informa ainda
gestação anterior interrompida na 36.a
semana por pré-eclâmpsia. Ao exame,
PA = 120 x 80 mmHg, altura uterina = 30
cm, batimentos cardiofetais =140 bpm,
dinâmica uterina ausente. Feto em
apresentação cefálica, com dorso à
esquerda. Toque vaginal = colo longo,
posterior e impérvio. Diante destes
dados, a conduta a ser tomada é:
A) realizar acompanhamento
A
ecográfico quinzenal para avaliação do
volume do líquido amniótico e
maturidade placentária.
B) indicar cesárea imediatamente,
justificada pelo quadro de restrição de
crescimento intrauterino e sofrimento
fetal crônico.
C) realizar avaliações clínico-obstétricas
semanais, com medida da altura uterina
e circunferência abdominal, pressão
arterial e ganho de peso maternos,
além de registro diário dos movimentos
fetais
D) realizar seguimento mensal com
medidas seriadas da altura uterina,
desde que ausentes alterações
maternas como hipertensão arterial e
diabetes.
E) aguardar até a 38.ª semana para
avaliação das condições obstétricas;
realizar a indução do parto, se
favoráveis; ou indicar cesárea, se
desfavoráveis
CCQ: Acompanhamento pré-natal, no
termo, deve ser semanal
Olá, aluno Aristo! Tudo bem por aí?
Vamos falar um pouco sobre
acompanhamento pré-natal, assunto
quente na prova de gineco-obstetrícia.
Saiba que, a partir de orientações da
Febrasgo, o acompanhamento no pré-
natal tem que ser semanal quando a
paciente entra na 36.ª semana de
gestação. Mais atenção ainda para essa
paciente, pois já tem uma perda na
semana 36 por pré-eclâmpsia, então
temos que ficar ainda mais de olho
nessa reta final de gestação. O que nos
deixa mais tranquilos são os dados da
consulta, com PA em bons níveis, altura
uterina um pouco abaixo do esperado
para a IG, mas bons batimentos fetais,
etc.
Como bônus, saiba que algumas
literaturas defendem que, na 36.ª
semana, é fundamental colhermos o
swab de vagina e ânus para a pesquisa
de estreptococos do grupo B. Caso dê
resultado positivo, é orientado que se
faça antibioticoprofilaxia caso o parto
seja por via vaginal.
Depois dessas informações, vamos
correr pras alternativas!
Alternativa A - Incorreta: Como a
paciente não apresenta nenhum sinal
que preocupe sobre o andamento da
gestação, não é necessário esse
acompanhamento por exame de
imagem.
Alternativa B - Incorreta: Concordo
que a altura uterina está abaixo do
esperado e que devemos ficar esperto
em caso de uma restrição do
crescimento fetal, mas devemos
lembrar que a altura uterina é só um
indicador disso, pois não é a medida
exata do tamanho do feto nem de seu
peso - ao avaliarmos a altura uterina,
estamos medindo o feto juntamente
com a bolsa amniótica, seus líquidos e
elementos, como a placenta.
Alternativa C - Correta: Não podemos
nos prender em informações isoladas.
Estamos com uma paciente que não
está com uma intercorrência
preocupante até o momento, os
batimentos fetais estão adequados e os
níveis de PA da mãe também são
satisfatórios. Por isso, essa alternativa é
a correta.
Alternativa D - Incorreta: Essa
alternativa não poderia ser a correta por
propor um acompanhamento mensal.
Cuidado! Nessa fase final de gestação,
se você decidir espaçar muito as
consultas, é perigoso o neném nascer
antes da próxima consulta!
Alternativa E - Incorreta: Se pedir para
a paciente retornar com 38 semanas,
teremos dado um intervalo de 15 dias
entre as consultas, e isso já não é legal.
Ainda, indução de parto e cesárea têm
suas indicações muito bem definidas e
que não foram contempladas na
questão.
Por isso, a resposta certa é a letra C
_________________________________
49. Homem com 76 anos de idade,
portador de insuficiência cardíaca
terminal e doença coronariana, é
acompanhado pelo médico da Equipe
de Saúde da Família há dois anos, com
visitas domiciliares periódicas. Durante
o seu turno de trabalho na Unidade de
Saúde da Família, os familiares
procuram o médico e informam que o
paciente acabara de falecer em seu
domicílio. O procedimento em relação à
emissão da declaração de óbito e ao
preenchimento da causa básica do morte um médico ou instituição será
óbito é: responsável pelo seu preenchimento.
A) preencher a declaração e entregar Quem deve preencher:
aos familiares, identificando
1. Causa natural:
insuficiência cardíaca congestiva como
causa básica do óbito. • Óbito com assistência = médico
assistente sempre que possível.
B) acionar o IML (Instituto Médico
Na sua ausência, médico
Legal); o legista deverá declarar
substituto ou plantonista;
“falência múltipla de órgãos” como
causa básica do óbito. • Óbito sem assistência = Serviço
de Verificação de Óbitos (SVO).
C) acionar o SVO (Sistema de
Na ausência de SVO, médico do
Verificação de Óbitos); o legista deverá
serviço público mais próximo.
declarar insuficiência coronariana como
causa básica do óbito. 2. Causa externa: Instituto Médico
Legal (IML). Localidades sem
D) acompanhar os familiares ao
IML, médico pré-determinado
domicílio e constatar o óbito o mais
por autoridade judicial.
breve possível; declarar miocardiopatia
isquêmica como causa básica do óbito. Como deve ser preenchida a DO:
E) acionar o SAMU (Serviço de A DO é composta por várias partes,
Atendimento Móvel de Urgência); o sendo a mais importante a que
médico deverá declarar “causa da especifica a causa da morte e esta
morte desconhecida” como causa dividida em duas partes.
básica do óbito.
A Parte I é onde preenchemos a Causa
CCQ: Saber que o médico da ESF pode básica e Causa imediata do óbito.
preencher a Declaração de Óbito em
• Causa Básica: aquela que
casos de morte natural com
desencadeou os eventos que
comeorbidade assistida pelo médico e
levaram a piora do quadro do
que a causa do óbito nesses casos
paciente e que precipitou a
deve ser sempre a causa base
causa imediata.
Questões sobre Declaração de Óbito
• Causa imediata: aquela que
(DO) costumam cair muito nas provas e
objetivamente levou o paciente
alguns detalhes confundem os
a óbito. Para o preenchimento
candidatos, mentorando. Então, vamos
da primeira parte existem 4
revisar! A Declaração de Óbito é um
espaços, sendo o mais inferior
documento de preenchimento
obrigatoriamente a causa base e
obrigatório e exclusivo do médico,
o superior a causa imediata, os
salvo algumas exceções. De maneira
do meio ocupam causas
geral, ela é composta por 3 vias. De
intermediárias. Veja o exemplo
maneira geral, em cada situação de
abaixo:

Fonte: Ministério da Saúde
Observação: Parada Cardiorespiratória
e Falência múltipla de órgãos NUNCA
SÃO CAUSA DE ÓBITO.
A Parte II é preenchida com as doenças
do paciente que possam ter
colaborado para o pior desfecho,no
caso do exemplo acima a Neoplasia de
próstata.
Agora que revisamos, vamos avaliar o
caso da nossa questão: No caso do
paciente da questão, a causa básica foi
miocardiopatia isquêmica, que levou à
insuficiência cardíaca congestiva, que
provavelmente levou ao edema agudo
de pulmão e à insuficiência
respiratória aguda. Como ele tinha um
médico assistente e a causa do óbito foi
natural, este deve constatar o óbito e
preencher a DO.
Agora, vamos analisar as alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Como vimos,
a causa base da morte foi a
miocardiopatia isquêmica. Esta, por sua
vez, levou a ICC.
Alternativa B - Incorreta: Não há
necessidade de chamar o IML, pois a
causa da morte não foi externa, mas sim
uma morte natural de um paciente
assistido.
Alternativa C - Incorreta: O paciente da
questão possuía assistência médica e
como a causa da morte foi natural quem
deve declarar o óbito é o médico que o
acompanhava, no caso o médico da
ESF.
Alternativa D - Correta: Isso mesmo,
mentorando! Como discutimos, a causa
base da morte foi miocardiopatia
isquêmica e como foi uma morte
natural de um paciente assistido, quem
deve declarar o óbito é o médico da
ESF.
Alternativa E - Incorreta: Não é
necessário chamar o SAMU, a morte foi
natural de um paciente assistido!
Portanto, o gabarito é a letra D.
_________________________________
50. Mulher com 35 anos de idade
procura a Unidade Básica de Saúde com
queixas de vermelhidão na face, que
piora com a exposição solar, e dor em
punhos e joelhos bilateralmente. Ao
exame apresenta eritema malar,
diminuição do murmúrio vesicular na
base direita, com macicez à percussão
neste local, dor à mobilização, edema e
rubor em joelhos e punhos. Sem
alterações nos demais aspectos do
exame físico. Traz hemograma recente
com hematócrito = 35%, hemoglobina =
12 g/dL, leucócitos totais = 3.500/ml,
com contagem diferencial normal.
Considerando a principal hipótese
diagnóstica para o quadro da paciente,
o autoanticorpo com maior
especificidade para a doença é:
A) anti-Ro
B) anti-RNP.
C) anti-DNA nativo
D) fator antinuclear.
E) anti-fosfolípide.
CCQ: Saber que o anti-DNA nativo é o
anticorpo com maior especificidade
para lúpus eritematoso sistêmico
(LES)
Fala mentorando! Questão sobre lúpus
e bem complicadinha, mas os auto-
anticorpos e algumas de suas
especificidades é um assunto em que as
bancas gostam de nos testar, então,
bora lá!
Quando falamos de LES, temos que nos
lembrar que é uma doença
reumatológica que pode causar
sintomas em quase todos os sistemas.
Os critérios diagnósticos foram
atualizados pela EULAR e agora são
bem mais longos, por isso não
recomendo a memorização, apenas
tenha uma ideia geral destes critérios,
por exemplo: artrite não erosiva, rash
malar, lúpus discoide, citopenias nos
exames laboratoriais, anticorpos,
serosite e alterações renais; se um
paciente apresenta muitas destas
características, já pensamos em LES
como principal hipótese. Raras vezes as
bancas cobram os critérios diagnósticos
exatos, principalmente no Revalida
INEP.
Agora, temos que falar sobre algumas
características dos auto-anticorpos, por
exemplo, que o anti-DNAds ou anti-
DNA nativo demonstra atividade de
lúpus renal e outras características.
Vamos revisar mais com a tabela
retirada do material:
Além disso, devemos ter uma
informação em mente: apesar de
associarmos muito o LES com o FAN
positivo, devemos saber que este
exame é muito inespecífico, pois várias
outras condições podem positivar o
FAN. O auto-anticorpo mais específico
para o LES é o anti-DNAds ou anti-
DNA nativo.
Portanto, o gabarito é a alternativa C
________________________________
51. Homem com 65 anos de idade
procura a Unidade de Pronto
Atendimento porque está há cinco dias
sem evacuar, com dor abdominal
contínua, no hemiabdome esquerdo, de
baixa intensidade, sem outras queixas.
Nega operações prévias, não faz uso de
nenhuma medicação e refere peso
estável. Quando questionado sobre a
dieta, informa que somente come
arroz, feijão e bife, tanto no almoço
como no jantar. Hábito intestinal a cada
três dias, com fezes endurecidas. O
paciente informa que há cerca de dois
meses fez exame de fezes com pesquisa
de sangue oculto negativa. Ao exame:
frequência cardíaca = 68 bpm, pressão
arterial = 120x80 mmHg, corado,
hidratado, anictérico, com dor discreta
à palpação da fossa ilíaca e flanco
esquerdo, onde se palpa massa
imprecisa, móvel. Radiografia de
abdome em decúbito e ortostatismo
evidencia grande quantidade de fezes
no trajeto de todo o cólon. Para este
paciente, a melhor conduta é:
A) orientar quanto à mudança de
hábitos dietéticos e solicitar enema
opaco.
B) prescrever uso de laxativo e mudança
dietética e solicitar colonoscopia.
C) fazer lavagem intestinal e solicitar
ultrassonografia de abdome.
D) solicitar nova pesquisa de sangue
oculto nas fezes
E) realizar lavagem intestinal e diverticulose
retossigmoidoscopia.
CCQ: Saber que constipação + idoso +
obstrução intestinal + dor flanco
esquerdo = diverticulose
E aí, pessoal? Temos mais uma questão
de um tema super importante:
diverticulose! Apesar de parecer
simples, precisamos ter claro na cabeça
alguns conceitos para não errar.
Primeiro, precisamos ter em mente
algumas definições:
• Divertículo: são sacos de
mucosa e submucosa que se
projetam pela camada muscular
do intestino;
• Diverticulose: presença de
divertículos;
• Diverticulite: inflamação dos
divertículos. Apresenta dor no
lado esquerdo do abdome com
alteração do trânsito intestinal,
febre e náuseas/vômitos.
Assim, com isso em mente, vamos para
o quadro da questão. Paciente idoso
com constipação crônica e dieta que
contribui para a constipação iniciou
com dor em hemiabdome esquerdo e
está sem evacuar há 5 dias. Além disso,
o normal dele é ter fezes endurecidas a
cada 3 dias. Até o momento, temos um
quadro de síndrome de obstrução
intestinal de devemos sempre pensar
em bridas e neoplasias. Como não tem
história de cirurgia prévia e não tem
sangue oculto nas fezes, elas deixam de
ser as hipóteses mais prováveis e abrem
espaço para a diverticulose, a próxima
na lista.
Os principais fatores de risco para
são a idade
(principalmente acima dos 60 anos),
constipação e dieta pobre em fibra.
Além disso, normalmente é
assintomática ou pouco sintomática,
podendo evoluir para diverticulite se
inflamar, causando bastante dor,
mudança do hábito intestinal, febre e
náuseas/vômitos. No caso, como o
paciente está estável apenas com leve
dor, provavelmente ainda não evoluiu
para diverticulite, sendo apenas uma
diverticulose sintomática. Além disso,
possui massa palpável móvel, provável
fecaloma. No caso de diverticulite,
poderíamos pensar em abscesso, mas
não é o caso.
Para terminar, a radiografia mostra
fezes em todo o cólon, sugerindo uma
etiologia baixa da obstrução intestinal.
Como dito anteriormente, é baixa a
chance de neoplasia em comparação
com doença diverticular e volvo
sigmoide (outro diagnóstico comum)
cursaria com bastante dor e radiografia
com sinais sugestivos (grão de café,
chama de vela ou U invertido). Assim,
podemos fechar o diagnóstico de
doença diverticular.
E como proceder? Vamos responder
indo para as afirmativas.
Alternativa A - Incorreta: Sem dúvida
precisamos orientar sobre os hábitos
dietéticos, pois arroz, feijão e bife
podem piorar a constipação. Não há
necessidade de realizarmos um enema
opaco, pois o diagnóstico clínico é o
suficiente. Além disso, o melhor exame
para diagnóstico seria a tomografia
computadorizada.
Alternativa B - Correta: Como o
paciente está estável e não tem
indicativo de diverticulite por ter dor
leve sem febre, náuseas/vômitos e
mudança do hábito intestinal (paciente
já é normalmente constipado),
podemos começar com medidas
clínicas de dieta e laxantes. Além disso,
apesar do sangue oculto nas fezes
negativo diminuir a possibilidade de
neoplasia, não exclui totalmente,
podendo ter um tumor oculto,
necessitando de colonoscopia.
Importante ressaltar que, em caso de
diverticulite aguda, é recomendado
esperar de 6 a 8 semanas após a
resolução do quadro para realizar essa
colonoscopia.
Alternativa C - Incorreta: Como dito
anteriormente, já podemos
diagnosticar diverticulose pela clínica;
além disso, o exame padrão ouro seria a
tomografia. Em relação à lavagem
intestinal, podemos optar como plano
B, caso os laxativos não funcionem.
Alternativa D - Incorreta: Uma nova
pesquisa de sangue oculto não irá
ajudar no quadro atual e, se fosse
negativo novamente, ainda seria
indicado a colonoscopia para garantir
que a obstrução intestinal não é
causada por um tumor oculto.
Alternativa E - Incorreta: Podemos
optar por lavagem intestinal se os
laxativos não funcionarem, mas seria
necessário uma colonoscopia e não
uma retossigmoidoscopia. Isso ocorre
porque o paciente pode ter um tumor
oculto e não necessariamente só nas
últimas partes do intestino.
Portanto, o gabarito é letra B
________________________________
52. Mulher com 20 anos de idade
desenvolveu quadro de doença
trofoblástica gestacional em sua
primeira gestação. Foi submetida a
esvaziamento uterino por vácuo-
aspiração e iniciou o seguimento pós-
molar. Após quatro semanas de
acompanhamento, apresentou vários
episódios de sangramento vaginal
moderado, com três níveis ascendentes
das dosagens de gonadotrofina
coriônica humana. Procurou a
Emergência Obstétrica, onde foi
prontamente atendida, após episódio
de sangramento vaginal intenso. Na
ocasião, ao exame pélvico, não foi
evidenciada lesão genital. Radiografia
simples do tórax foi normal.
Ultrassonografia transvaginal mostrou
cavidade endometrial distendida por
material amorfo sugestivo de coágulos
sanguíneos e miométrio heterogêneo,
com vascularização exuberante à
dopplerfluxometria. Assinale a
alternativa que contém diagnóstico e
conduta indicados para este caso.
A) Mola hidatiforme parcial; indicar
cirurgia conservadora
(endometrectomia por via
histeroscópica) a fim de retirar a área de
lesão tumoral.
B) Mola hidatiforme completa; realizar
novo esvaziamento uterino a fim de
retirar o material molar residual
intrauterino.
C) Tumor trofoblástico do sítio
placentário; indicar histerectomia.
D) Coriocarcinoma; encaminhar para
serviço de radioterapia.
E) Mola invasora; iniciar quimioterapia.
CCQ: Malignização da mola
hidatiforme
A doença trofoblástica ou mola
hidatiforme, é a proliferação anormal
do trofoblasto. Após seu tratamento
imediato com esvaziamento uterino, é
necessário fazer o controle de cura, isto
é, avaliar se não restou conteúdo
trofoblástico intrauterino e este não se
tornou maligno (neoplasia trofoblástica
germinativa).
Fazemos o controle de cura com
dosagem de beta-HCG semanalmente
até ficar negativo por 3 semanas, depois
mensalmente, até 6 meses. Se houver
aumento progressivo nos valores de
beta-HCG, ou eles atingirem um platô
(ou seja, se mantiverem o valor por 4
semanas consecutivas), ou não
negativarem totalmente após 6 meses,
podemos dizer que houve
malignização. Neste caso, o tratamento
é feito com quimioterapia (geralmente
com metotrexate).
Também vale a pena lembrar que as
metástases dessa neoplasia geralmente
são em vagina e pulmão, por isso a
questão também descreve o exame
ginecológico e radiografia de tórax.
[Alternativa E: correta] No caso em
questão, temos uma paciente com
níveis crescentes de gonadotrofina
coriônica, persistência de sangramento
e conteúdo amorfo uterino, miométrio
heterogêneo com fluxo aumentado ao
doppler. Todas essas características
falam a favor de uma doença
trofoblástica invasiva e deve ser
indicada quimioterapia.
[Alternativas A e B: incorretas] A mola
hidatiforme pode ser completa
(diploide) ou parcial (triploide, com
tecido fetal). Ambas podem malignizar.
De qualquer forma, o tratamento ainda
é feito com quimioterapia, pois temos
uma neoplasia invasora e tratamentos
conservadores, como a AMIU e
endometrectomia, não são eficazes.
[Alternativa C: incorreta] A
histerectomia é reservada para
pacientes com prole constituída, sem
desejo de gestar. No caso a paciente era
uma primigesta, podemos tentar um
tratamento mais conservador.
[Alternativa D: incorreta] A radioterapia
não é indicada devido à proximidade a
outras vísceras pélvicas, além de não ser
eficaz como a quimioterapia neste caso.
Portanto, o gabarito é a alternativa E.
________________________________
53. Lactente com dois meses de idade
foi levado pela mãe à Unidade Básica de
Saúde com história de estar muito
apático nas últimas horas. Ao exame
físico o médico observa que a criança
está hipotônica, hiporresponsiva,
apresentando livedo reticular, palidez e
cianose de extremidades. Ao ser
questionada pelo médico sobre os
últimos acontecimentos na vida da
criança, a mãe informa à equipe de
saúde que a criança havia recebido a
vacina Pentavalente há
aproximadamente seis horas.
Considerando a suspeita de evento
adverso pósvacinação, as
manifestações clínicas desta criança
sugerem evento relacionado a qual dos
componentes vacinais citados nas
alternativas abaixo?
A) Toxóide purificado de tétano.
B) Toxóide purificado de difteria.
C)Suspensão de Bordetella pertussis.
D) Antígenos de superfície de hepatite
B.
E) Oligossacarídeos de H. influenzae
tipo b.
CCQ: Saber que o componente mais
imunogênico das vacinas do 2º mês é
a suspensão de Bordetella pertussis
Olá, Mentorando JJ! Imunizações são
um tema muito importante para a
prova de residência. Aqui, o avaliador
cobrou um detalhe sobre a vacina
tríplice celular (DTP), que costuma cair
bastante em prova, vamos revisar?
A DTP é aplicada dentro da vacina
pentavalente para as crianças com 2, 4
e 6 meses, com 2 reforços posteriores
(um aos 15 meses e outro aos 4 anos).
Ela é composta por Toxoide diftérico
purificado + Toxoide tetânico purificado
+ Suspensão de células inteiras de
Bordetella pertussis inativada e pode
causar uma gama de reações vacinais. A
vacina é administrada por via
intramuscular profunda. Ela é difusa à palpação abdominal, com
contraindicada em casos de:
• Convulsões até 72 horas após a
administração da vacina;
• Colapso circulatório, com estado de
choque ou com episódio hipotônico-
hiporresponsivo (EHH), até 48 horas
após a administração da vacina;
• Encefalopatia nos primeiros sete dias
após a administração da vacina;
• Usuários a partir de 7 anos de idade.
Vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Não
esperamos essa reação em virtude do
toxoide purificado de tétano.
Alternativa B - Incorreta: Não
esperamos essa reação em virtude do
toxoide purificado de difteria.
Alternativa C - Correta: Esses
pacientes devem receber nas próximas
aplicações a vacina DTPa (Vacina
tríplice bacteriana acelular).
Alternativa D - Incorreta: Não
esperamos essa reação em virtude dos
antígenos de superfície de hepatite B.
Alternativa E - Incorreta: Não
esperamos essa reação em virtude dos
oligossacarídeos de H. influenzae tipo B.
Portanto, o gabarito é a alternativa C
_________________________________
54. Mulher com 38 anos de idade
procurou o Serviço de Urgência
referindo há 1 dia a ocorrência de dor
abdominal intensa em andar superior
do abdome, acompanhada de vômitos
pós-alimentares. Ao exame físico
encontrava-se com hálito etílico, dor
descompressão brusca positiva. Sobre a
investigação diagnóstica dessa
paciente, é correto afirmar que:
A) a dosagem de amilase sérica normal
afasta o diagnóstico de pancreatite
B) a radiografia de tórax auxilia na
investigação de doença ulcerosa
péptica complicada.
C) a ultrassonografia abdominal é o pneumoperitôneo é o famoso sinal de
exame de escolha para a investigação Rigler, ou sinal de parede dupla, que é a
de pancreatite. visualização da parede gástrica ou
intestinal na radiografia devido à
D) o diagnóstico de hepatite alcoólica
presença de gás no peritôneo. Vale
pode ser afastado devido à presença de
lembrar que esse sinal também pode
descompressão brusca positiva.
ser observado na radiografia de
E) deve ser realizada laparotomia abdome.
exploratória com urgência, pois a
paciente está com sinais de abdome
agudo.
CCQ: O pneumoperitôneo pode ser
observado na radiografia de tórax em
casos perfuração de víscera oca
Bora lá, pessoal, mais uma questão
sobre dor abdominal, tema bastante
recorrente nas provas de cirurgia e em
nossa prática clínica. Então, vamos lá
fazer uma breve revisão dos pontos
trazidos comentando alternativa por
alternativa!
Alternativa A - Incorreta: Não,
galerinha, lembrem-se que a amilase
sérica é um exame de baixa Alternativa C - Incorreta: Lembrem-se
especificidade. De fato, uma amilase que o pâncreas é um órgão
sérica maior que 3 vezes o limite retroperitoneal, o que dificulta uma
superior da normalidade em um boa observação pelo ultrassom
paciente com sinais/sintomas abdominal. A tomografia
compatíveis sugere fortemente o computadorizada (TC) é o exame de
diagnóstico de pancreatite aguda. escolha na pancreatite, para delinear
Entretanto, esse exame não confirma e obter uma maior quantidade de
nem exclui tal diagnóstico, visto que a informações sobre o pâncreas.
pancreatite aguda pode cursar com Entretanto, lembrem-se que todo
amilase sérica normal. paciente que apresentar-se com
pancreatite aguda deve ser submetido a
Alternativa B - Correta: Isso mesmo. uma ultrassonografia de abdome. Mas
Lembre-se que a principal causa de por quê? A principal causa de
abdome agudo perfurativo é a úlcera pancreatite aguda é a litíase biliar
péptica perfurada. E o que pode (calculo que migra da vesícula), e,
aparecer numa radiografia de tórax em como bem sabemos, a US de abdome
um paciente com perfuração de víscera é o exame indicado para identificação
oca? Pneumoperitôneo, lembrem-se desse quadro.
disso! O nome do sinal que representa o
Alternativa D - Incorreta: Não
galerinha, a descompressão brusca é
apenas um sinal de acometimento do
peritôneo parietal, sendo sugestiva de
peritonite. A peritonite pode ter
inúmeras causas, não sendo esse exame
físico que confirmará ou excluirá a
etiologia.
Alternativa E - Incorreta: Galerinha,
vocês concordam que uma paciente que
chega no PS com dor abdominal no
andar superior do abdome, "dor em
barra", associada a vômitos e com hálito
etílico (lembrar que a 2.ª causa de
pancreatite aguda é a libação alcoólica,
ou seja, após o consumo excessivo de
álcool) é um quadro bem característico
de pancreatite? Exatamente, lembrem-
se que a cirurgia na pancreatite aguda
só está indicada no caso de necrose
infectada refratária à
antibioticoterapia, onde é feita uma
laparotomia com necrosectomia. Logo,
faz-se necessário primeiramente a
confirmação desse quadro, sendo o
melhor exame a punção da área
necrosada guiada por TC.
Portanto, o gabarito é a letra B.
_________________________________
55. Paciente com 30 anos de idade,
primigesta, ao fazer sua
ultrassonografia para avaliar a
espessura da prega nucal, recebeu o
exame com duas fotografias,
identificadas e datadas. Uma das
fotografias apresenta a face do feto em
posição sagital e a outra com a
visualização do polo cefálico no corte
transversal, demonstrando a ausência
da calota craniana e ausência de
parênquima cerebral identificável.
Considerando que a paciente não
deseja prosseguir com a gravidez, a
orientação correta a ser fornecida é que
a interrupção da gravidez
A) não pode ser realizada em hipótese
alguma, devendo a gravidez ser
mantida até o termo.
B) pode ser realizada, somente após
obtenção de autorização judicial e
assinatura de termo de consentimento
informado pela paciente e seu esposo.
C) somente pode ser realizada se a
gravidez incorrer em risco de vida para
a gestante, devendo esse laudo ser
assinado por dois médicos capacitados.
D) é permitida somente se o achado
ultrassonográfico for confirmado
definitivamente por ultrassonografia
morfológica realizada entre 20-24
semanas de gestação.
E) é permitida com base em laudo
ultrassonográfico assinado por dois
médicos capacitados, contendo as fotos
do exame, e após assinatura pela
paciente de termo de consentimento
informado para submeter-se ao
procedimento.
CCQ: Como proceder pedido de
interrupção da gestação por
anencefalia
E aí? Vamos conversar sobre aborto em
casos de gestação de feto anencéfalo?
Muito importante sabermos sobre
esses assuntos que colocam nossa
profissão de frente com situações que
envolvem a justiça e a ética médica.
O aborto é um procedimento ilegal em
território brasileiro, mas, no ano de
2012, foi decidido pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) que a
interrupção da gravidez em casos de
anencefalia deixariam de ser morfológico após a 12ª semana já é
criminalizados e poderiam ser suficiente para esse diagnóstico.
solicitados pela gestante.
Alternativa E - Correta: Essa
O aborto é crime por se embasar no alternativa contempla todos os 3 passos
direito à vida e, como a anencefalia é principais que destaquei
uma condição incompatível com ela, anteriormente, né? Atestado de dois
não se configura como um atentado a médicos, em um caso de anencefalia de
uma vida em formação. A decisão, a USG morfológico que deve ter ocorrido
partir daí, pertence à gestante, devendo entre 11 e 14 semanas de gestação (que
ela optar por manter a gestação ou é o período indicado para avaliar a
interrompê-la. espessura da prega nucal), anexação de
fotografias do exame e assinatura do
Para essa última opção, existe um
termo pela gestante.
protocolo a ser seguido baseado em 3
passos principais: Por isso tudo, a letra E é a alternativa
certa.
• Diagnóstico da má formação
fetal por USG morfológico após _________________________________
12 semanas de gestação.
56. Em relação aos indicadores da Rede
• Confirmação do diagnóstico Cegonha, as equipes da Estratégia de
atestado por dois médicos Saúde da Família da sua cidade
capacitados. apresentaram o gráfico acima. A meta
da gestão é alcançar 80% de gestantes
• Assinatura de uma declaração
cadastradas. O consultor da Secretaria
de consentimento pela paciente
de Saúde, que tem recursos financeiros
após orientações e decisão da
limitados, recomenda uma oficina de
gestante.
sensibilização e treinamento, a fim de
Então, vamos às alternativas! reverter o panorama atual. Dentre os
componentes das equipes, qual o
Alternativa A - Incorreta: A gestação
público alvo preferencial para a oficina
só será mantida até o termo se a
surtir mais efeito?
gestante optar por isso.
Alternativa B - Incorreta: É
fundamental a análise atestada por dois
médicos capacitados para afirmar a
anencefalia e poder seguir com a
interrupção da gestação.
Alternativa C - Incorreta: A vontade da
gestante é primordial nessa situação.
Alternativa D - Incorreta: O cérebro já
A) Médicos.
é formado, aproximadamente, entre 9 e
10 semanas de gestação. Então o USG B) Enfermeiros.
C) Agentes Comunitários de Saúde.
D) Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem.
E) Coordenadores das Unidades de
Saúde.
CCQ: Saber que os ACS têm maior
poder de alcance à população para
incentivar o cadastramento das
gestantes no programa Rede
Cegonha
Fala, pessoal! A questão cita o
programa Rede Cegonha, porém, o
objetivo era saber qual dos
componentes da equipe teria maior
poder de acesso/alcance à população.
Para isso, precisaríamos lembrar quais
as atribuições principais de cada
membro da equipe.
Vamos, então, relembrar quais são as
atribuições dos agentes comunitários
de saúde (ACS)?
De acordo com a PNAB, as atribuições
de um ACS são:
I - Trabalhar com adscrição de famílias
em base geográfica definida, a
microárea;
II - Cadastrar todas as pessoas de sua
microárea e manter os cadastros
atualizados;
III - Orientar as famílias quanto à
utilização dos serviços de saúde
disponíveis;
IV - Realizar atividades programadas e
de atenção à demanda espontânea;
V - Acompanhar, por meio de visita
domiciliar, todas as famílias e
indivíduos sob sua responsabilidade. As
visitas deverão ser programadas em
conjunto com a equipe, considerando
os critérios de risco e vulnerabilidade de
modo que famílias com maior
necessidade sejam visitadas mais
vezes, mantendo como referência a
média de uma visita/família/mês;
VI - Desenvolver ações que busquem a
integração entre a equipe de saúde e a
população adscrita à UBS,
considerando as características e as
finalidades do trabalho de
acompanhamento de indivíduos e
grupos sociais ou coletividade;
VII - Desenvolver atividades de
promoção da saúde, de prevenção das
doenças e agravos e de vigilância à
saúde, por meio de visitas domiciliares e
de ações educativas individuais e
coletivas nos domicílios e na
comunidade, por exemplo, combate à
dengue, malária, leishmaniose, entre
outras, mantendo a equipe informada,
principalmente a respeito das situações
de risco;
VIII - Estar em contato permanente com
as famílias, desenvolvendo ações
educativas, visando à promoção da
saúde, à prevenção das doenças e ao
acompanhamento das pessoas com
problemas de saúde, bem como ao
acompanhamento das
condicionalidades do Programa Bolsa-
Família ou de qualquer outro programa
similar de transferência de renda e
enfrentamento de vulnerabilidades
implantado pelo governo federal,
estadual e municipal, de acordo com o
planejamento da equipe.
É permitido ao ACS desenvolver outras
atividades nas Unidades Básicas de
Saúde, desde que vinculadas às
atribuições acima.
Com isso, vimos que eles terão maior
poder de alcance e maior efetividade
nos objetivos de aumentar a adesão ao
programa.
Agora, vamos dar uma olhada nas
alternativas.
Alternativa A - Incorreta: Os médicos
não têm tanto acesso à população fora
da UBS.
Alternativa B - Incorreta: Os
enfermeiros, assim como os médicos,
não têm tanto contato com a
comunidade fora da UBS.
Alternativa C - Correta: Sim! Vimos,
pelas funções atribuídas a eles, que o
trabalho deles surtirá maior efeito nos
objetivos de aumentar a adesão ao
programa.
Alternativa D - Incorreta: Os técnicos,
assim como os médicos e os
enfermeiros, não têm tanto contato
com a comunidade fora da UBS.
Alternativa E - Incorreta: O trabalho
dos coordenadores é direcionado,
sobretudo, a questões administrativas.
Portanto, a resposta é a alternativa C
_________________________________
57. Criança com 4 anos de idade foi
levada pela mãe à Unidade Básica de
Saúde com queixa de distensão
abdominal, hiporexia, palidez cutânea e
referência ao "hábito de comer terra"
(sic). Foram realizados exames
laboratoriais e observados os seguintes
resultados: Hb - 8,4 g/dL; Htc - 28%;
VCM – 64 fL; HCM – 17 pg; Leucócitos
totais - 6.400/mm3 ; Eosinófilos - 13%;
Ferro sérico - 18µg/dL. Tendo por base
a prevalência das doenças parasitárias
em nosso meio, os sintomas
apresentados pela criança e os
resultados de exames registrados,
deve-se considerar o diagnóstico de:
A) teníase.
B) giardíase.
C) amebíase.
D) enterobíase.
E) ancilostomíase.
CCQ: Saber que a ancilostomíase
cursa com distensão abdominal,
perversão do hábito alimentar
(geofagia) e anemia ferropriva
Pessoal, temos uma criança com 04
anos, apresentando perversão do
hábito alimentar, com geofagia,
hiporexia, palidez cutânea e anemia
comprovada por exames laboratoriais.
O conjunto desses sinais e sintomas,
juntamente à eosinofilia presente no
hemograma e à sugestão da questão
acerca da prevalência das doenças
parasitárias, direciona a nossa hipótese
diagnóstica para esse grupo de doenças
e, mais especificamente, para a
ancilostomíase. Mas por quê?
Bem, a ancilostomíase, também
conhecida como “amarelão”, é
altamente prevalente em nosso meio,
necessitando de três condições
especiais para se perpetuar como uma
das principais parasitoses:
contaminação do solo por fezes
humanas, condições favoráveis ao
desenvolvimento das larvas e contato
da pele humana com esse solo
contaminado. Ou seja, basicamente, a
ancilostomíase sobrevive devido às más
condições de saneamento básico e de
higiene, estando muito relacionada à
pobreza e aos meios rurais afastados. E
como essa doença é transmitida? Por
meio da penetração da larva na pele,
quando em contato com solo
contaminado por fezes humanas
contendo o parasita.
O quadro clínico do amarelão é
complexo, com manifestações em
diferentes sistemas. Há, por exemplo,
manifestação cutânea, devido à
penetração da larva, causando erupção
maculopapular pruriginosa no local,
podendo surgir um caminho
serpiginoso similar ao da larva migrans,
no tecido subcutâneo. Devido ao ciclo
pulmonar, pode haver também tosse.
No entanto, sem dúvida alguma, as
principais manifestações são
gastrointestinais, com náusea, diarreia,
dor epigástrica, vômitos e aumento da
flatulência. Devido à adesão do verme à
mucosa do intestino delgado e às
constantes micro-hemorragias, há
desnutrição crônica e anemia
ferropriva, que muitas vezes se
manifesta com geofagia.
Um algo a mais: as parasitoses que
cursam com síndrome de Loeffler são a
ascaridíase, a ancilostomíase, a
toxocaríase e a estrongiloidíase.
Agora, sabendo disso, vamos analisar
as alternativas e responder à questão:
Alternativa A - Incorreta: A
sintomatologia da tênia é caracterizada
por náuseas, dor, distensão abdominal,
fraqueza, tontura, vômitos,
irritabilidade e fezes com muco. No
nosso paciente, o que mais chama
atenção é a anemia e a perversão do
hábito alimentar, manifestações
incomuns na teníase. Portanto,
alternativa incorreta.
Alternativa B - Incorreta: Na maioria
das vezes, a infecção por giardíase é
assintomática. No entanto, quando
presentes, os sintomas são diarreia,
flatulência, dor abdominal e
esteatorreia, por síndrome
disabsortiva. No nosso paciente, o que
mais chama atenção é a anemia e a
perversão do hábito alimentar,
manifestações incomuns na giardíase,
apesar do quadro disabsortivo.
Portanto, alternativa incorreta.
Alternativa C - Incorreta: A amebíase
pode se manifestar com dor abdominal,
diarreia e diarreia com fezes
sanguinolentas, até colite amebiana
fulminante. Lembre-se também que,
nessa parasitose, outros órgãos podem
ser acometidos, especialmente o
fígado, onde pode se formar um
abscesso amebiano. No nosso paciente,
o que mais chama atenção é a anemia e
a perversão do hábito alimentar,
manifestações que não costumam
ocorrer na amebíase. Portanto,
alternativa incorreta.
Alternativa D - Incorreta: A
enterobíase se manifesta
primordialmente com prurido anal, não
havendo anemia ou perversão do
hábito alimentar, que estão presentes
em nosso paciente. Portanto,
alternativa incorreta.
Alternativa E - Correta: Como vimos, a
ancilostomíase cursa com dor
abdominal, diarreia, distensão
abdominal, flatulência e anemia
ferropriva, devido à espoliação por
micro-hemorragias que ocorrem no
intestino delgado. Essa anemia, por sua
vez, pode acabar gerando perversão
alimentar, levando à geofagia.
Portanto, essa é a hipótese diagnóstica
mais provável para o quadro em
questão.
Portanto, ficamos com a letra E como
gabarito
_________________________________
58. Lactente com seis meses de idade é
trazido à Unidade Básica de Saúde pela
mãe porque há um dia apresentava
diarreia com seis a sete evacuações,
com fezes líquidas, acompanhada de
redução da diurese e inapetência;
mantendo, porém, a ingestão de
líquidos satisfatória. Não apresenta
febre ou vômitos e sintomas
respiratórios. Ao exame físico, o médico
observa que a criança apresenta-se
irritada, chorando sem lágrimas, com
olhos fundos e saliva espessa. A
pesquisa de turgor da pele mostra prega
cutânea desaparecendo lentamente.
Observa-se também aumento da
frequência cardíaca com pulso débil.
Com base nos dados observados e no
grau de desidratação estimado, a
conduta terapêutica adequada nesta
situação é realizar:
A) terapia de reidratação oral na
Unidade.
B) terapia de reidratação oral no
domicílio
C) hidratação intravenosa com fase
rápida.
D) reidratação intravenosa com fase de
reposição.
E) reidratação intravenosa com fase de
manutenção.
CCQ: Saber que crianças irritadas,
com olhos fundos e que o sinal da
prega desaparece lentamente devem
ser tratadas com o plano B = terapia
de reidratação oral na unidade de
saúde
Olá, aluno Aristo! Quando o tema é
desidratação, a classificação e conduta
a partir disso são os tópicos preferidos
das bancas. Então, vamos entender isso
de uma vez.
A primeira etapa é avaliar o paciente e
enquadrá-lo em um dos seguintes
grupos:
Na questão, o paciente apresenta-se
irritado, olhos fundos, com ingestão de
líquidos satisfatória, tempo de
enchimento lento, mas mucosas secas e
taquicardia, se enquadrando no grupo
B, ou moderado. (Note pela imagem
que aumento de frequência cardíaca e
pulso débil não necessariamente se
enquadram em sinais de choque).
O tratamento para esse grupo é
realizado com sais de reposição oral de
50 a 100 mL/kg para ser administrado
no período de 4-6 horas. Nesse período,
o paciente deve ficar em observação e
ser reavaliado. A dieta deve ser
suspensa, com exceção do leite
materno.
Após a hidratação inicial, deve-se
reavaliar o paciente: caso desapareçam
os sinais de desidratação, o paciente vai
de alta com reposição oral das perdas e
zinco. Se continuar desidratado, pode-
se indicar a sonda nasogástrica
(gastróclise). Se o paciente evoluir para
desidratação grave, deve-se seguir para
reidratação endovenosa.
Alternativa A - Correta: Como
abordado anteriormente, devemos
realizar a terapia de reidratação oral na
unidade para esse paciente.
Alternativa B - Incorreta: As crianças
que devem utilizar o plano A, que
consiste em reidratação oral domiciliar,
são as crianças sem sinais de
desidratação, e não as desidratadas! O
plano A serve para prevenir a
desidratação no domicílio, e consiste
em oferecer mais líquidos que o
habitual para evitar a desidratação.
Dentre esses líquidos, temos soro
caseiro, chás, sucos (sem adoçar) ou
sopas que devem ser administradas
após cada evacuação diarreica. Esses
pacientes podem manter sua
alimentação habitual e o aleitamento
materno, sendo que os pais devem
estar atentos aos sinais de perigo como
piora na diarreia, vômitos repetidos,
muita sede, diminuição da diurese e
sangue nas fezes.
Alternativa C, D e E- Incorretas: Essas
três alternativas versam sobre o plano C
de reidratação; esse método fica
reservado para as crianças que
apresentam desidratação grave
(comatosos, hipotônicos, incapazes de
beber e pulsos muito fracos ou
ausentes). Ele possui duas fases:
1. Fase rápida:
o para menores de 5 anos:
infundir 20 mL/kg
endovenoso de solução
fisiológica a 0,9% por 30
minutos, podendo
repetir a quantidade até
que a criança se encontre
hidratada (nos
cardiopatas usamos 10
mL/kg);
o para maiores de 5 anos:
infundir 30 mL/kg de
soro fisiológico 0.9% em
30 minutos e 70 mL/kg de
Ringer Lactato ou
solução polieletrolítica
em 2 horas e 30 minutos.
2. Fase de manutenção: usamos
soro glicosado a 5% + soro
fisiológico a 0,9 % na proporção
de 4:1, nas crianças com até 10
kg a dose é de 100 mL/kg; entre
10 e 20 kg é 1000 mL + 50 mL/kg
de peso que exceder 10 kg; e
para mais de 20 kg é 1500 mL +
20 mL/kg de peso que exceder
20 kg.
Portanto, o gabarito é a alternativa A
_________________________________
59. Mulher com 18 anos de idade,
solteira, primigesta, decidiu
interromper sua gravidez indesejada,
procurando uma clínica clandestina de
aborto. Após o procedimento, a
paciente foi liberada para casa com
fortes dores pélvicas. Não procurou
atendimento imediato com medo de
ser discriminada, ou mesmo presa, por
ter feito um aborto ilegal. Após três
dias, com febre alta e fortes dores,
procurou a Maternidade, onde foi
internada com diagnóstico de
abortamento infectado. A despeito do
tratamento antimicrobiano, o quadro
clínico da paciente deteriorou e ela
evoluiu em 48 horas para um quadro de
abdome agudo. Foi realizada
laparotomia exploradora, sendo
evidenciadas diversas perfurações em
alças intestinais, com presença de
material fecaloide e purulento em
cavidade peritoneal, sendo a paciente
tratada com sutura intestinal e limpeza
exaustiva da cavidade. Encaminhada à
Unidade de Terapia Intensiva, a
paciente não teve melhora, tendo sido
submetida a histerectomia abdominal
total dois dias após. No pós-operatório,
evoluiu com choque séptico,
necessitando da introdução de drogas
vasoativas. Permaneceu mais 50 dias
internada, evoluindo com insuficiência
renal e falência múltipla de órgãos,
vindo a falecer 60 dias após a realização
do aborto. Ao analisar esse óbito, o
médico responsável pelo Comitê de
Prevenção e Controle da Mortalidade
Materna deve atestar que
A) se trata de morte materna de causa
evitável decorrente de erro médico,
devido a perfurações uterinas, que
causam peritonite e sepse.
B) não é caso de morte materna, pelo
fato de o óbito ter ultrapassado 42 dias
após o término da gestação.
C) se trata de morte materna de causa
obstétrica indireta devido a
complicações infecciosas na gravidez.
D) se trata de morte materna de causa
obstétrica direta devido a complicações
do abortamento.
E) se trata de morte materna de causa
inevitável devido a quadro séptico
generalizado.
CCQ: Identificar etiologia de morte
materna
A questão traz um caso de uma
paciente que vem a óbito após um
abortamento e questiona diretamente
se trata-se de morte materna e como
definir sua etiologia. Esta questão pode
estar na sua prova de obstetrícia, mas
também de medicina preventiva, pois
mortalidade materna é um problema de
saúde pública.
A morte materna é aquela que ocorre
em paciente gestante, parturiente ou
até 42 dias após o parto. Ela pode ser
decorrente de qualquer causa
relacionada ou agravada pela gravidez.
Não inclui mortes acidentais ou
incidentais que ocorreram durante o
ciclo gravídico-puerperal. Pode ainda
ser classificada como direta ou
obstétrica, quando é decorrente de
uma patologia desenvolvida na
gravidez. Ou indireta, associada à
patologia prévia ou independente, mas
que foi piorada pela gravidez.
[Alternativa D: correta] No caso em
questão tínhamos uma gestante que
teve um abortamento (provocado ou
não, é um diagnóstico obstétrico) que
levou à perfuração intestinal e sepse de
foco abdominal. Portanto, temos uma
morte materna de causa obstétrica
direta, devido à complicação do
abortamento.
Vamos analisar os erros nas demais
alternativas:
Alternativa A - incorreta A perfuração
uterina no abortamento clandestino
não é erro médico pois, não se trata de
procedimento médico.
Alternativa B - incorreta Independente
do tempo da evolução até o óbito, a
perfuração e sepse abdominal foram
causas imediatas ao abortamento.
Portanto, trata-se de morte materna.
Alternatica C - incorreta A infecção é
decorrente do abortamento, que é uma
causa obstétrica de morte materna. Se
não houvesse gestação, não haveria
abortamento.
Alternativa E - incorreta A sepse é
decorrente do abortamento infectado.
Portanto, ela é evitável desde que o
abortamento seja impedido.
As principais causas de morte materna
obstétricas são: doença hipertensiva
específica da gravidez, hemorragia pós
parto, infecção e abortamento. As
causas obstétricas podem ser evitadas
ou reduzidas a partir de um
acompanhamento pré-natal adequado
e, por isso, é um critério de avaliação de
saúde pública na assistência materno-
fetal.
Portanto, a alternativa correta é a D.
_________________________________
60. Questão anulada
A) A - item anulado
B) B - item anulado
C) C - item anulado
D) D - item anulado
E) E - item anulado
_________________________________
61. Questão anulada
A) A - item anulado
B) B - item anulado
C) C - item anulado
D) D - item anulado
E) E - item anulado
_________________________________
62. Médica com 24 anos de idade,
recém-formada em escola do Sudeste
brasileiro, foi convocada pelo Exército
para servir, durante o próximo ano, na
base da segunda maior e mais populosa
cidade do Acre, na Região Norte do
país. Ela comparece à Unidade Básica
de Saúde para se vacinar contra febre
amarela. Como o médico deve orientar
a paciente?
A) Como a viagem irá durar mais de seis
meses, não está indicada a vacinação
contra febre amarela, somente a
adoção de medidas preventivas contra
picadas de insetos, principalmente
durante a noite.
B) Orientação sobre o acesso à rede de
serviços de diagnóstico e tratamento da
malária na área onde ela irá morar, além
de procurar os serviços de saúde, tão
logo identifique algum sintoma.
C) Não existe indicação de vacinação, e
sim de quimioprofilaxia para malária,
com doxiciclina, mefloquina e
cloroquina. Iniciar um dia antes da
viagem e manter até quatro semanas
após o retorno.
D) Indicar a vacinação contra febre
amarela pelo menos dez dias antes da
viagem. Não é necessário tomar a
vacina se já foi vacinada nos últimos dez
anos. Orientar sobre a importância de
portar cartão de vacinação durante a
viagem.
E) Como viverá em área endêmica,
deverá receber reforço vacinal a cada
cinco anos. Orientar sobre a
importância de portar cartão de
vacinação durante a viagem.
QUESTÃO DESATUALIZADA
Fala mentorando! Questão antiga, mas
que cobra um tema frequente nas
provas, então vamos revisar os pontos
atuais.
A vacina da febre amarela é feita com
vírus vivo atenuado, por isso, é
contraindicada em gestantes e
pacientes com imunossupressão.
Contudo, gestantes que viajarão à área
de risco devem tomar esta vacina (CCQ
frequente); após isso, a amamentação
deve ser interrompida por 10 dias. Claro
que preferiríamos que a gestante não
viajasse a estas áreas de risco, mas
pesando risco e benefício, se a viagem
for necessária, a vacinação apresenta
benefícios maiores do que o risco.
Antes a vacina era indicada somente em
alguns estados brasileiros, mas hoje em
dia ela é indicada em todo o território
nacional, além de que agora não temos
mais a necessidade de reforço a cada 10
anos! Hoje é preconizado 1 dose de
vacina contra a febre amarela durante
toda a vida da pessoa.
Como vimos, as alternativas estão
desatualizadas, mas mesmo assim, a
mais correta seria a alternativa D. O que
a torna incorreta hoje é o fato de não
precisarmos mais fazer uma dose de
reforço, mesmo que a última dose
tenha sido feita há mais de 10 anos.
Na época do concurso, a alternativa
correta era a D, mas de acordo com as
diretrizes atuais, não temos resposta
correta para a questão
_________________________________
63. Homem de 34 anos de idade foi
submetido, há cinco dias, a correção
cirúrgica de úlcera perfurada. Vem
evoluindo com vômitos desde a
operação, acompanhados de dor
abdominal difusa e distensão
abdominal, que se acentuaram nas
últimas seis horas. No momento
apresenta-se desidratado, com
frequência cardíaca = 132 bpm, pressão
arterial = 80x40 mmHg, temperatura
axilar = 38,7 ºC. Está em uso de
metronidazol na dose de 500 mg de 6/6
horas, gentamicina - 240 mg em dose
única dia e ampicilina - 1g de 6/6 horas,
além de omeprazol - 40 mg de 12/12
horas. Diante do presente quadro, a
melhor conduta é:
A) solicitar radiografia de abdome,
mudar esquema antibiótico e transferir
paciente para unidade de cuidados
críticos.
B) encaminhar para a unidade de
cuidados críticos, mudar esquema
antibiótico e puncionar acesso venoso
central.
C) chamar o cirurgião responsável,
instituir reposição volêmica e reservar
vaga em unidade de cuidados críticos.
D) solicitar tomografia abdominal,
mudar esquema antibiótico e instituir
reposição volêmica
E) chamar o cirurgião responsável,
mudar esquema antibiótico e instituir
reposição volêmica.
CCQ: Saber conduzir um caso de sepse
A questão está na prova de cirurgia, mas
só para contextualizar o cenário, pois
esse caso aqui é de sepse. E se você não
sabe, fique sabendo, todo médico tem
que saber conduzir caso de sepse
(ponto, sem discussão).
Homem de 34 anos no 5º dia do pós-
operatório de correção de hérnia
perfurada, evolui com vômitos,
distensão e dor abdominal,
desidratação, sinais de choque e febre,
mesmo em uso de 3 antibióticos. Sem
dúvidas que esse paciente está com
sinais de sepse – claro que devemos
fazer o SOFA para confirmar.
De todo modo, febre indica infecção e o
paciente está hipotenso e taquicárdico,
a banca quer saber qual a conduta que
temos que tomar nesse momento:
Alternativa A – Incorreta: Não há
indicação de radiografia de abdome
nesse momento, paciente está em
choque, devemos estabilizá-lo
primeiro, avisar o cirurgião e, dadas as
informações acima, grande chance de
necessitar nova abordagem cirúrgica –
sem tempo para fazer exames
complementares.
Alternativa B – Incorreta: Puncionar
acesso central não faz parte da conduta
inicial de sepse. O paciente após
alocado em CTI poderá até necessitar,
mas o acesso deve ser feito com calma
por ser um procedimento demorado,
enquanto isso um acesso periférico
calibroso já basta.
Alternativa C – Correta: O paciente
evoluiu com distensão e dor abdominal,
indícios de abdome agudo,
provavelmente necessitará de uma
nova abordagem cirúrgica, por isso,
devemos avisar o cirurgião (além do
mais, paciente cirúrgico é do cirurgião e
não do clínico).
Está chocado, qual a primeira medida e
ser feita na sepse? Reposição volêmica
com cristaloide!! E claro, sepse deve ser
tratada em unidade de terapia intensiva
– peça vaga em CTI. Mas a questão não
disse sobre trocar o antibiótico, o qual
está indicado nesse contexto, porém
temos até 1 hora para fazer isso.
Alternativa D – Incorreta: Paciente
chocando e você quer colocá-lo na
tomografia?!? Negativo, deve
estabilizá-lo primeiro.
Alternativa E – Incorreta: Conduta
correta, mas incompleta, está faltando
pedir vaga em unidade fechada.
Portanto, alternativa correta é a letra
C.
________________________________
64. Mulher com 56 anos de idade, ex-
tabagista (40 maços/ano), apresenta
dispneia aos pequenos esforços e tosse
matinal com expectoração clara. Faz
uso de salbutamol inalatório para alívio
da dispneia. Ao exame físico apresenta
pulso = 85 bpm, frequência respiratória
= 24 irpm, ausculta pulmonar com
murmúrio vesicular diminuído em
bases, sem ruídos adventícios. Sem
outras alterações no exame físico. Vem
à consulta ambulatorial de revisão
trazendo radiografia de tórax e
gasometria arterial em ar ambiente.
Após avaliação dos exames, foi
prescrito tratamento farmacológico e
indicada oxigenioterapia domiciliar
prolongada - 1L/min durante pelo
menos 15h/dia Com base nessas
informações, o resultado gasométrico
que justificou a indicação de
oxigenioterapia é:.
A) pH 7,45; PaCO 33 mmHg; PaO2 58
mmHg; HCO3 22 mEq/L.
B) pH 7,34; PaCO2 45 mmHg; PaO2 57
mmHg; HCO3 26 mEq/L.
C) pH 7,35; PaCO2 43 mmHg; PaO2 60
mmHg; HCO3 24 mEq/L.
D) pH 7,38; PaCO2 36 mmHg; PaO2 62
mmHg; HCO3 24 mEq/L.
E) pH 7,37; PaCO2 47 mmHg; PaO2 55
mmHg; HCO3 28 mEq/L.
CCQ: Saber que PaO₂ < ou igual a 55
mmHg é indicação de oxigenoterapia
domiciliar no paciente com DPOC
Fala mentorando! Questão cobrando
CCQ clássico, vamos lá relembrar sobre
este assunto.
Quando falamos de tratamento da
DPOC, sempre nos vem a mente os
broncodilatadores, que realmente são
nossa principal arma no tratamento dos
sintomas, mas saiba que estas
medicações não interferem na
sobrevida do nosso paciente!
Temos somente 1 tipo de terapia que
comprovadamente aumenta a
sobrevida do paciente quando bem
indicada, que é a oxigenoterapia
domiciliar.
Como indicações temos 2 principais:
• PaO₂ < ou igual a 55 mmHg ou
SatO2 < ou igual a 88%.
• PaO₂ 56-59 ou SatO2 89%
associados a comorbidades
(ICC, poliglobulia, aumento de
hematócrito)
A banca pergunta exatamente isso!
Qual das alternativas seria uma
indicação para a oxigenoterapia
domiciliar, a única que comporta uma
PaO₂ < ou igual a 55mmHg é a
alternativa E, portanto a correta.
Vamos às alternativas:
Alternativa A e B - Incorretas: Com
essa gasometria, se o paciente
apresentasse comorbidades seria
indicação de oxigenoterapia, mas a
banca não cita nada do tipo.
Alternativa C e D - Incorretas: PaO₂ de
60 ou mais não é indicação de
oxigenoterapia.
Alternativa E - Correta: Exatamente!
Única alternativa com indicação formal
a oxigenoterapia, que deve ser feita por
no mínimo 15 horas por dia para
apresentar eficácia.
Portanto, o gabarito é a alternativa E
_________________________________
65. Homem com 45 anos de idade
procurou a Unidade Básica de Saúde
com queixa de “manchas brancas pelo
corpo” que persistem há
aproximadamente dois anos e que
foram aumentando em número e
tamanho. Ao exame verificou-se a
presença de quatro lesões, todas
apresentando as mesmas
características, sendo duas máculas
hipocrômicas na face anterior da coxa
direita e duas em região dorsal. As
lesões apresentavam bordas bem
definidas e ausência de pelos. O teste
de sensibilidade térmica demonstrou
anestesia em toda a extensão das
lesões e a avaliação do grau de
incapacidade física foi zero. A
baciloscopia foi positiva. Em relação ao
tratamento indicado para este
paciente, podemos afirmar que:
A) o tratamento deverá ser feito por seis
meses, usandose doses supervisionadas
e autoadministradas.
B) a dapsona deverá ser usada na dose
de 50 mg/mês supervisionada e 50
mg/dia autoadministrada.
C) a rifampicina deverá ser usada na
dose de 300 mg/mês supervisionada e
100 mg/dia autoadministrada.
D) a clofazimina deverá ser usada na
dose de 300 mg/mês supervisionada e
50 mg/dia autoadministrada.
E) a ofloxacina poderá ser usada em
substituição à rifampicina nos casos de
intolerância, na dose de 200 mg/mês
supervisionada e 200 mg/dia
autoadministrada.
CCQ: Saber que a clofazimina é
utilizada no tratamento da forma
multibacilar da hanseníase
Olá, pessoal! Questão relativamente
simples sobre um tema bastante
comum nas provas: hanseníase.
Hanseníase é uma doença
infectocontagiosa cujo agente
etiológico é o Mycobacterium leprae,
que acomete principalmente os nervos
superficiais da pele e troncos nervosos
periféricos, mas também pode afetar
outros órgãos. Ela tem como principal
via de inoculação a mucosa das vias
aéreas superiores e manifestação
clínica diversa: manchas pigmentares
ou discrômicas com alterações de
sensibilidade ao tato, térmica ou a dor;
formigamentos; caroços, que podem
ser pápulas, tubérculos ou nódulos, que,
normalmente, são assintomáticos;
sensação de choque nos nervos
periféricos; febre; artralgia;
conjuntivite; linfadenomegalias, entre
outros.
A hanseníase é dividida em 4 subtipos:
indeterminada (paucibacilar),
tuberculoide (paucibacilar), dimorfa
(multibacilar) e virchowiana
(multibacilar), e em cada um deles as
manifestações clínicas serão
específicas.
A OMS classifica as formas
multibacilares quando há mais de 5
lesões de pele ou quando a baciloscopia
de raspado intradérmico é positiva; já a
forma paucibacilar é definida quando a
baciloscopia é negativa e há 5 ou menos
lesões de pele.
O tratamento depende dos tipos de
forma e é realizado em esquema de
poliquimioterapia. São utilizadas as
seguintes medicações: rifampicina
(dose única mensal de 600 mg,
supervisionada), dapsona (100 mg/d),
clofazimina (dose única mensal de 300
mg supervisionada + 50 mg/d
autoadministrada), sendo que a
clofazimina só deve ser utilizada para a
forma multibacilar.
Diante disso, vamos às alternativas:
Alternativa A – Incorreta: Trata-se de
uma paciente multibacilar, portanto o
tempo de tratamento deve ser de 12
meses.
Alternativa B – Incorreta: A dapsona
deve ser administrada em dose mensal
de 100 mg supervisionada + dose diária
de 100 mg autoadministrada.
Alternativa C – Incorreta: A rifampicina
deve ser administrada em dose única
mensal de 600 mg, supervisionada.
Alternativa D – Correta: Nas formas
multibacilares, a clofazimina deve ser
adicionada ao esquema, com dose
única mensal de 300 mg supervisionada
+ 50 mg/d autoadministrada.
Alternativa E – Incorreta: A ofloxacina
pode ser utilizada como substituto da
rifampicina, contudo a dose é de 400
mg/mês supervisionada + 400 mg/d
autoadministrada.
Dessa forma, como a questão solicita
a afirmativa correta, o nosso gabarito
é letra D.
_________________________________
66. Lactente de nove meses, do sexo
masculino, é admitido no Pronto-
Socorro com história de irritabilidade,
febre e choro persistente. Ao exame
físico, apresenta-se pálido, discreta
hiperemia de orofaringe, discreta
limitação à flexão do pescoço e
fontanela abaulada. O hemograma
realizado no atendimento mostra
discreta leucocitose (11.000
leucócitos/mm3 ) sem desvio à
esquerda. Punção lombar mostrou
líquor hipertenso e turvo, com 1.250
células, com 95% de neutrófilos;
glicorraquia = 15 mg/dL, dosagem de
proteínas no líquor = 345 mg/dL,
presença de diplococos gram-
negativos. Qual a hipótese diagnóstica
mais provável?
A) Meningite viral.
B) Meningite bacteriana pneumocócica.
C) Meningite bacteriana
meningocócica.
D) Meningite por Mycobacterium
tuberculosis.
E) Meningite sem agente etiológico
determinado.
CCQ: No caso de bioquímica do LCR
com aparência turva e hiperdenso,
leucometria elevada por neutrófilos,
hipoglicorraquia e
hiperproteinorraquia, devemos
pensar em infecção bacteriana
Olá, mentorando JJ! Temos aqui uma
questão que aborda o diagnóstico de
meningite na pediatria. Esse assunto é
super relevante, e você deve estar
craque em resolver essas questões.
Outro conhecimento cobrado é o das
alterações presentes no líquido
cefalorraquidiano (LCR), saiba que
correlacionar as alterações no líquor
com o agente etiológico é uma
habilidade que você deve dominar para
a prova!
Vamos aproveitar para revisar os
principais padrões de líquor nas
meningites com a tabela abaixo:
A análise de celularidade e bioquímica
apontam para infecção bacteriana. A
descrição do resultado obtido no Gram
do líquido cefalorraquidiano (LCR), com
aparência turva e líquor hiperdenso,
presença de leucometria elevada
associada ao alto número de
neutrófilos, hipoglicorraquia e
hiperproteinorraquia, apontam para um
provável diagnóstico de meningite
meningocócica.
Alternativa A - Incorreta: As alterações
no líquor não falam a favor da etiologia
viral, e a presença de diplococos Gram-
negativos na amostra afasta ainda mais
essa possibilidade diagnóstica.
Alternativa B - Incorreta: O
Streptococcus pneumoniae é uma
bactéria Gram-positiva.
Alternativa C - Correta: No caso de um
paciente com sinais e sintomas de
meningite que apresenta o líquor com
as características descritas na questão,
temos como hipótese diagnóstica mais
provável a meningite meningocócica.
Lembre-se que essa entidade pode
evoluir para uma meningococcemia,
que é a septicemia provocada pelo
meningococo, quadro grave que pode
ter evolução fulminante.
Alternativa D - Incorreta: A meningite
tuberculosa é uma complicação da
infecção tuberculosa, que pode ser
diferenciada por apresentar um líquor
límpido ou xantocrômico, o que não é
compatível com o do paciente em
questão.
Alternativa E - Incorreta: A presença
de diplococos Gram-negativos na
amostra fala muito a favor de uma
meningite meningocócica.
Portanto, o gabarito é a alternativa C
_________________________________
67. Estudante com 9 anos de idade vem
apresentando dificuldades de
aprendizagem e atos de indisciplina
frequentes em relação aos professores,
principalmente aos novos, que tiveram
de ser substituidos por três vezes nos
últimos dois meses por problemas de
saúde. A escola solicitou que a mãe
procurasse um "neurologista" para o
menino e esta levou a criança
inicialmente ao pediatra, referindo que
ele tinha boa índole, ajudava nas tarefas
de casa e tomava conta do irmão com 5
anos. Notou que tem apresentado
notas mais baixas e reclama muito dos
professores ultimamente. Nega atos
indisciplinares que não sejam próprios
da idade. O menino não gosta de ficar
na rua, costuma brincar em casa e jogar
futebol no final de semana com os
amigos e primos. Em casa não tem
computador e a mãe acha que esse é o
motivo do mau desempenho escolar. A
criança perdeu o pai há um ano, vítima
de atropelamento. Ao exame físico, o
pediatra não encontrou alterações.
Com base nessa narrativa, a suspeita
clínica e a conduta do pediatra devem
ser:
A) transtorno de distúrbio de
comunicação (provavelmente
linguagem); encaminhar para avaliação
com o neurologista infantil.
B) déficit de atenção e hiperatividade;
encaminhar para avaliação com o
neurologista e com o psiquiatra infantil.
C) comportamento aceitável para a
idade; avaliar melhor com seguimento e
então decidir se encaminha ao
psiquiatra infantil.
D) comportamento antissocial
decorrente da perda familiar;
encaminhar de imediato para avaliação
com o psiquiatra infantil.
E) transtorno de conduta
(comportamento desafiador opositor);
encaminhar para avaliação com o
psiquiatra infantil.
CCQ: Saber que no TDAH há
desatenção e impulsividade; o
antissocial não convive bem com
outras pessoas e o transtorno
desafiador opositor recusa a obedecer
regras e tem um comportamento
hostil com autoridades
Aluno Aristo, questões sobre
desenvolvimento são comuns e
frequentemente aparecem nas provas
de Pediatria. Portanto, vamos juntos
revisar esse tema e guardar com
carinho algumas definições. Vamos lá?
Você sabe o que significa
desenvolvimento? Segundo o AIDPI, é
um processo que vai desde a concepção
até o crescimento físico e maturação
neurológica, comportamental,
cognitiva, social e afetiva da criança.
Cada uma das fases é marcada por um
comportamento diferente. Vamos
relembrar as características de cada
fase de forma prática?
• Lactente (fase oral-anal):
quando a criança começa a
descobrir o mundo e a ter mais
autonomia.
• Pré-escolar (fase edipiano): há a
contradição da própria vontade
(birras) e questionamentos (os
famosos “porquês”).
• Escolar (fase da latência): a
criança se sente capaz ou
incapaz de produzir ou realizar
as atividades.
• Adolescência (fase da
identidade): ela se identifica
com um grupo, há necessidade
de privacidade e ela passa por
conflitos internos.
Agora que revisamos um pouco sobre
cada fase, vamos analisar as
alternativas e entender um pouco
melhor os diagnósticos diferenciais:
Alternativa A - Incorreta: Para
pensarmos em um distúrbio da
linguagem, esta criança apresentaria
dificuldades em todas as esferas da sua
vida, tanto a escolar como a familiar.
Entretanto, temos um paciente com
uma dificuldade pontual na falta de
disciplinaridade com alguns professores
específicos e notas baixas, ou seja,
podemos inferir que essa criança não
apresenta dificuldades de comunicação
com amigos e familiares, por exemplo.
Alternativa B - Incorreta: O transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH) é uma síndrome de desatenção,
hiperatividade e impulsividade. Há 3
tipos de TDAH, os que são
predominantemente desatentos,
hiperativo/impulsivos e combinados.
No nosso caso, não temos um paciente
apresentando episódios de desatenção
e dificuldade para concentrar ou atos
impulsivos.
Alternativa C - Correta: Exatamente!
Essas características se encaixam na
fase escolar e início da pré-
adolescência, sendo normal e recente
esse comportamento, não
necessitando, ainda, de um
acompanhamento mais específico.
Alternativa D - Incorreta: Apesar do
período de luto, a criança mantém um
relacionamento social com amigos e
primos, porém não gosta de brincar na
rua (característica do paciente, não de
uma patologia). Além disso, é solícito
em casa e ajuda a cuidar do irmão mais
novo, indicando boa relação familiar.
Por isso, não consideramos esse
paciente com um comportamento
antissocial.
Alternativa E - Incorreta: O transtorno
desafiador opositivo é um padrão
recorrente ou persistente de
comportamento negativo, desafiador
ou mesmo hostil direcionado contra
figuras de autoridades Suas principais
características são: impacientar-se fácil
e repetidamente; argumentar e desafiar
os adultos; recusar a obedecer regras;
deliberadamente aborrecer as pessoas;
culpar os outros pelos seus próprios
erros ou mau comportamento;
aborrecer-se e zangar-se facilmente e
ser rancoroso e vingativo. Além disso,
muitas crianças afetadas também não
possuem habilidades sociais. Como não
foi descrito nenhuma dessas
características no nosso paciente, esse
não é um dos diagnósticos prováveis.
Sendo assim, a letra correta é a C
________________________________
68. Paciente com 65 anos de idade,
menopausa ocorrida há doze anos,
comparece ao Pronto-Socorro com
história de sangramento vaginal
esporádico e leve há sete meses, com
piora do sangramento há dois dias,
acompanhado de fraqueza e mal-estar.
Nega dor pélvica ou outros sintomas.
Tem hipertensão arterial sistêmica
controlada e obesidade (IMC = 38 kg/m2
). Ao exame ginecológico verifica-se
saída de sangue pelo orifício externo do
colo uterino. Traz resultado de
colpocitologia oncológica que está
normal. Ultrassonografia transvaginal
mostra útero de 30 cm3 com eco
endometrial de 2 mm de espessura,
ovários não visualizados. A causa mais
provável para o sangramento
apresentado pela paciente é:
A) adenomiose.
B) pólipo endometrial.
C) atrofia do endométrio.
D) câncer de endométrio.
E) hiperplasia endometrial.
CCQ: Investigação de sangramento
vaginal pós menopausa
A questão traz o caso de uma paciente
menopausada há 12 anos que
apresentou sangramento vaginal.
Sempre que houver sangramento
vaginal após a menopausa é necessário
realizar ultrassonografia transvaginal
para avaliar a espessura do endométrio.
Lembre-se que a terapia de reposição
hormonal usada no tratamento de
sintomas do climatério, estimula o
endométrio e, por isso, ele estará mais
espessado, podendo haver
sangramento vaginal.
O valor usado para hiperplasia
endometrial é espessura maior que 4
mm em pacientes sem reposição
hormonal e maior que 8 mm em
pacientes que receberam terapia de
reposição hormonal.
Vamos analisar a melhor alternativa
para uma provável causa deste
sangramento:
Alternativa A - incorreta A adenomiose
é a presença de glândulas endometriais
no miométrio e causa sangramento
uterino anormal na menacme. Esse
distúrbio tende a desaparecer após a
menopausa, além de não ser descrito na
ultrassonografia, então não é um
diagnóstico provável.
Alternativa B - incorreta O ultrassom
descrito não visualizou pólipos que,
apesar de ser uma causa de
sangramento pós menopausa, neste
caso é menos provável;
Alternativa C - correta
Aproximadamente 30% dos
sangramentos pós-menopausa são
causados por atrofia do endométrio,
que é um processo fisiológico nesta fase
e gera sangramento pela fragilidade de
capilares na mucosa atrofiada.
Alternativa D - incorreta O câncer de
endométrio é diagnosticado a partir da
biópsia de um endométrio espessado
com atipia celular.
Alternativa E - incorreta A paciente
apresenta endométrio de 2mm e abaixo
de 4mm em pacientes sem terapia
hormonal não falamos em hiperplasia
de endométrio.
Portanto, a alternativa correta é a C
_________________________________
69. Primigesta com 18 anos de idade,
22 semanas de idade gestacional,
comparece à Unidade Básica de Saúde
para realização de vacinação
antitetânica. Traz consigo carteira de
vacinação que registra que a última
imunização aplicada foi a vacina dupla
para adulto, aos 15 anos de idade.
Considerando-se o estado vacinal e a
idade gestacional, deve-se:
A) aplicar pelo menos duas doses de
vacina antitetânica durante a gestação,
com intervalo de dois meses.
B) aplicar a dose de reforço da vacina
antitetânica, como feito habitualmente
durante a gestação.
C) aplicar uma dose de vacina
antitetânica durante a gestação e uma
nova dose no puerpério.
D) não aplicar vacina antitetânica, pela
cobertura vacinal prévia.
E) aplicar a vacina antitetânica, pois
cobrir o risco fetal é a prioridade.
QUESTÃO DESATUALIZADA
Fala pessoal! Tema importantíssimo,
mas com questão ambígua, além de
provavelmente estar desatualizada, por
que provavelmente? O INEP tem
histórico de sempre possuir questões
mal-feitas, então não sabemos se foi só
a desatualização, ou se realmente a
questão foi mal redigida, de qualquer
maneira, é importante entendermos
como a banca gosta de cobrar
determinados temas! Então, aprenda
com o comentário.
Na época do concurso a vacinação com
dTpa era preconizada para todas as
gestantes também e com o mesmo
objetivo dos dias de hoje, prevenir
coqueluche nos neonatos, mas a época
de administração era a partir das 28
semanas! Então, ela realmente não
teria indicação.
Nos dias de hoje sim ela teria indicação,
quando falamos sobre vacina
antitetânica nas provas, elas se referem
a dT ou dTpa na grande maioria das
vezes, então apesar de confuso, as
bancas na maioria das vezes
consideram como resposta correta,
mesmo o nome estando como
antitetânica.
Outro ponto polêmico é a falta de
citação de esquema completo! Mas
note que não temos citação de ausência
deste esquema ou até mesmo de
desconhecimento por parte da
paciente, então entendemos que como
a banca cita que última dose foi aos 15
anos, que o esquema esta completo
sim! Ao contrário a banca deveria nos
dar alguma informação que nos
sugerisse esquema incompleto (perda
do cartão vacinal por exemplo.
Nos dias de hoje, a alternativa correta
seria a alternativa B - Correta, mas na
época do concurso a banca considerou
como correta a alternativa D - Correta
pelas diretrizes vigentes na época.
Gabarito oficial: alternativa D.
Gabarito Aristo: alternativa B.
_________________________________
70. Homem com 40 anos de idade,
portador de cirrose alcoólica, encontra-
se em avaliação para transplante
hepático. Relata abstinência de álcool
há dois anos. Há sete dias apresentou
hematêmese e ascite moderada. Foi
submetido a endoscopia digestiva com
ligadura elástica de varizes de esôfago.
No momento encontra-se bem,
hemodinamicamente estável, sem
sinais de sangramento. A conduta
correta a seguir é
A) cancelar a alta, listar o paciente para
transplante hepático e mantê-lo
internado até realizar o transplante,
antes que ocorra outro sangramento e
óbito.
B) cancelar a alta, até ele ter
acompanhamento por assistente social
para avaliar se ele não está ingerindo
bebida alcoólica, prescrever
antiemético, inibidor de bomba de
prótons e diazepam.
C) suspender a avaliação para
transplante hepático por provável
ingestão de bebida alcoólica. Solicitar
avaliação de psiquiatra e assistente
social, prescrever propranolol, inibidor
de bomba de prótons e antibiótico
profilático.
D) informar os familiares e o paciente
que cirrose alcoólica não é uma
indicação para transplante hepático,
que o melhor tratamento para ele é o
uso correto de propranolol, inibidor de
bomba de prótons e o antibiótico
profilático.
E) alta hospitalar com orientação aos
familiares e paciente, prescrever
propranolol, inibidor de bomba de
prótons, antibiótico profilático,
diuréticos, agendar nova endoscopia
em 6 meses e manter avaliação para
transplante hepático.
CCQ: Saber que devemos indicar
profilaxia secundária para hemorragia
digestiva e conduta após hemorragia
digestiva em cirrótico
A banca do INEP abordou nessa
questão condições de alta hospitalar
em um paciente cirrótico após controle
de hemorragia digestiva varicosa, algo
raramente cobrado em provas.
Basicamente a banca exige se podemos
ou não dar alta, e caso positivo, sob
quais circunstâncias devemos dar essa
alta – quais orientações, profilaxias,
medicações prescritas na alta. Gosto
desse tipo de questão, pois aproxima o
candidato da vivência real, exige
raciocínio, visão crítica da situação – e
não somente decorar o antibiótico
prescrito na profilaxia da PBE ou de
sangramento varicoso...
Alternativa A – Incorreta: Um único
episódio de sangramento varicoso em
paciente cirrótico não é indicativo
imediato de transplante hepático. Há
outras opções terapêuticas ante tal
conduta. Ligadura elástica,
escleroterapia, betabloqueadores,
cirurgias para redução da hipertensão
portal, TIPS, enfim.
Alternativa B e C – Incorretas: O fato
do paciente está internado há pelo
menos 7 dias no hospital e BEM, é um
grande indício de que de fato paciente
não está ingerindo bebida alcoólica. Do
contrário, estaria com sinais de
abstinência. Sem indicação de
antieméticos e Diazepam.
Alternativa D – Incorreta: Cirrose
alcoólica é uma indicação, sim, de
transplante hepático.
Alternativa E – Correta: Paciente bem,
estável hemodinamicamente e sem
sinais de sangramento após 7 dias do
tratamento endoscópico (padrão-
ouro), portanto, apto para alta
hospitalar. Devemos orientá-lo e fazer
receituário para profilaxia secundária
de varizes esofagianas com propanolol,
tratamento para ascite moderada com
diureticoterapia (espironolactona +
furosemida) e profilaxia primária para
peritonite bacterina espontânea (PBE)
com norfloxacino ou sulfametoxazol +
trimetropim oral por 7 dias. É
recomendado nova endoscopia em até
6 meses para revisão e, com certeza,
manter o paciente na avaliação de
transplante hepático.
Portanto, alternativa correta é a letra
E
________________________________
71. Considere que um médico é
convidado para participar da reunião da
Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
para explicar sobre o fluxograma de
atendimento dos pacientes diabéticos
sem complicações crônicas residentes
na capital. Segundo o Decreto
Presidencial n.° 7.508, de 28/06/2011,
que regulamentou a Lei Orgânica da
Saúde (Lei n.° 8.080, de 19/09/1990)
para garantir o princípio da
integralidade, este grupo de pacientes
deverá, no acompanhamento inicial, ser
referenciado para a seguinte porta de
entrada do Sistema Único de Saúde
(SUS):
A) atenção primária.
B) atenção secundária.
C) atenção domiciliar.
D) vigilância de doenças crônicas.
E) atenção em ambulatório
especializado.
CCQ: Saber que a Atenção Primária de
Saúde é a porta de entrada do SUS
Pessoal, a banca inicia a questão
falando sobre um tema bastante
específico que é o decreto presidencial
nº 7.508, contudo, faz uma pergunta
mais simples sobre qual é a porta de
entrada no sistema de saúde de um
paciente que apresenta uma doença
crônica sem complicações.
É importante você saber que a
estratégia da atenção primária de saúde
apresenta algumas portas de entrada
no sistema de saúde que são: a Unidade
Básica de Saúde, Núcleos de Apoios à
Saúde da Família e Centros de
Convivência e Cultura. Portanto,
percebemos que a principal porta de
entrada no sistema é a atenção primária
de saúde (APS), correto?
É na APS que é possível organizar o
fluxo de usuários na rede, ou seja,
receber as demandas e definir a melhor
linha de cuidado para o usuário.
Ademais, vamos aproveitar o tema de
APS para discutir um pouco sobre os
atributos da atenção básica. Não vá
para a prova sem saber sobre eles!
Mas o que são esses atributos?
Diante da criação da Atenção Básica de
Saúde, foi decidido que para o seu
funcionamento era preciso a
determinação das suas características
essenciais, que são:
• Integralidade: prestação de um
conjunto de serviços que
atendam às necessidades da
população adscrita nos campos
da promoção, da prevenção, da
cura, do cuidado, da reabilitação
e da paliação, a
responsabilização pela oferta de
serviços em outros pontos de
atenção à saúde e o
reconhecimento adequado dos
problemas biológicos,
psicológicos e sociais que
causam as doenças;
• Coordenação da atenção:
capacidade de garantir a
continuidade da atenção por
meio da referência e contra
referência do paciente dentro da
rede de atenção;
• Acesso de primeiro contato:
acessibilidade e utilização do
serviço de saúde como fonte de
cuidado a cada novo problema
ou novo episódio de um mesmo
problema para os quais se
procura a saúde;
• Longitudinalidade: existência
de um ambiente de relação
mútua de confiança entre
equipe de saúde, indivíduos e
família;
Além dos atributos essenciais, existem
os atributos derivados, que são:
• Orientação familiar: deve-se
considerar o contexto familiar e
seu potencial de cuidado e,
também, de ameaça à saúde,
incluindo o uso de ferramentas
de abordagem familiar;
• Orientação comunitária:
reconhecimento, por parte do
serviço de saúde, das
necessidades em saúde da
comunidade por meio de dados
epidemiológicos e do contato
direto com a comunidade; sua
relação com ela, assim como o
planejamento e a avaliação
conjunta dos serviços;
• Competência cultural:
adaptação do provedor (equipe
e profissionais de saúde) às
características culturais
especiais da população para
facilitar a relação e a
comunicação.
Agora, vamos dar uma olhada nas
alternativas:
Alternativa A - Correta: A atenção
primária deve ser a base de um sistema
de saúde bem estruturado, sendo
responsável pelo primeiro atendimento
de casos não urgentes, pelo
encaminhamento dos pacientes que
necessitam de um cuidado
especializado para outros pontos da
rede de saúde, e pela coordenação do
cuidado destes pacientes, se
responsabilizando por integrar e
acompanhar as condutas nos diversos
níveis de atenção à saúde.
Alternativas B, C e E - Incorretas: A
atenção secundária corresponde a
ambulatório de especialidades.
Enquanto a atenção domiciliar é
priorizada para pacientes com
dificuldade de mobilização à unidade de
saúde, e para aqueles que necessitam
de uma abordagem mais ampla de
iniquidades sociais e problemas
familiares.
Alternativa D - Incorreta: A vigilância
de doenças crônicas não é uma ação
assistencial, mas sim epidemiológica,
com monitoramento de fatores de
risco, morbidade, mortalidade e
avaliação das ações de assistência e
promoção de saúde.
Portanto, o gabarito é a letra A
________________________________
72. Menino com 8 meses de idade é
levado à Emergência com quadro de
febre alta (39 ºC) há dois dias. Não
aceita alimentação e está irritado. Ao
exame, criança em regular estado geral,
hidratada, eupneica, apresentando
temperatura = 39 ºC. Há hiperemia em
orofaringe posterior e tonsilas, sendo
observados pontos brancos
bilateralmente. Otoscopia mostra,
bilateralmente, hiperemia da
membrana timpânica. A ausculta dos
campos pulmonares mostra roncos de
transmissão. O exame físico não mostra
outros achados anormais. Com base na
principal hipótese diagnóstica, a
conduta para este caso é o uso de:
A) antipirético por via oral.
B) analgésico em spray.
C) antibiótico por via oral.
D) anti-inflamatório por via oral.
E) antibiótico por via intramuscular.
CCQ: Saber que o tratamento da
rinossinusite viral aguda é
sintomático
Pessoal, estamos diante de uma criança
de 08 meses de idade, apresentando
febre de 39 °C há dois dias, com
hiperemia em orofaringe e em tonsilas
e otoscopia demonstrando hiperemia
bilateral da membrana timpânica.
Além disso, a criança não aceita
alimentação e está irritada,
apresentando, à ausculta pulmonar,
roncos de transmissão. Todos esses
dados nos fazem pensar em um
resfriado comum! E como é, em geral, o
seu quadro clínico?
O resfriado comum (ou rinossinusite
viral aguda) é causado, principalmente,
pelo rinovírus. É uma infecção de via
aérea alta e, portanto, não apresenta
estridor nem taquipneia; no entanto,
roncos de transmissão podem estar
presentes, devido à presença de muco.
Sua história natural se inicia com dor de
garganta – daí a criança em questão
estar recusando a alimentação – e
depois evolui com coriza hialina e
obstrução nasal. O aspecto da coriza
pode mudar sem que isso signifique que
existe infecção bacteriana. A febre é
insidiosa, podendo, sim, atingir os
39 °C. É comum a presença de
linfonodomegalia cervical. Todo esse
quadro costuma durar cerca de 14 dias.
O tratamento é, basicamente,
suportivo. Faz-se uso de sintomáticos,
antipiréticos e lavagem nasal com soro
fisiológico, quando necessário.
Antitussígenos e mucolíticos NÃO são
recomendados. As complicações mais
comuns do resfriado comum estão
relacionadas à infecção bacteriana,
sendo as principais otite média aguda e
sinusite bacteriana aguda.
Aqui, cabe lembrar que, embora a
criança apresente hiperemia bilateral
da membrana timpânica, isso não
significa que ela esteja com otite, pois
esse sinal pode estar presente em caso
de choro intenso.
Sabendo disso, vamos às alternativas:
Um algo a mais: o uso de ácido
acetilsalicílico (AAS) deve ser evitado,
pelo risco de síndrome de Reye e pela
possibilidade da infecção por outros
vírus, como o H1N1 e da varicela.
Alternativa A – Correta: Como vimos, o
tratamento do resfriado comum é
suportivo, envolvendo o uso de
sintomáticos, antipiréticos e lavagem
nasal com soro fisiológico, quando
necessário.
Alternativa B – Incorreto: O
analgésico, se empregado, deve ser na
forma via oral e não na apresentação de
spray.
Alternativa C – Incorreta: Não há
nenhum sinal que indique uma infecção
bacteriana superposta, como
abaulamento de membranas
timpânicas sugerindo otite, taquipneia
sugerindo pneumonia, e queda do
estado geral, sugerindo um quadro
séptico; portanto, o uso do antibiótico
não se faz necessário ainda.
Alternativa D – Incorreta: Os anti-
inflamatórios, embora possam ser
usados como sintomáticos, devem ser
evitados, devido ao potencial lesivo aos
rins.
Alternativa E – Incorreta: Não há
nenhum sinal que indique uma infecção
bacteriana superposta, como
abaulamento de membranas
timpânicas sugerindo otite, taquipneia
sugerindo pneumonia, e queda do
estado geral, sugerindo um quadro
séptico; portanto, o uso do antibiótico
não se faz necessário ainda.
Portanto, ficamos com letra A como
gabarito!
________________________________
73. Lactente com 8 meses de idade,
previamente hígido, foi admitido no
Pronto-Socorro com história de febre
não aferida, recusa alimentar,
irritabilidade e vômitos há dois dias. A
mãe informou que a criança não foi
vacinada adequadamente. Ao exame
físico foi observado choro intenso e
fontanela abaulada, sem outros sinais.
Foi realizada punção lombar que
mostrou líquor (LCR) com aspecto
turvo, citometria de 2.300 células/mm3
, com 86% de neutrófilos, glicorraquia =
8 mg% (abaixo de 2/3 da glicemia
sanguínea), dosagem de proteína no
líquor = 123 mg%. A bacterioscopia Agora vamos às alternativas, mas tenha
revelou a presença de bacilo gram- muita atenção ao comando da banca,
negativo. Considerando o quadro que pede para levarmos em
clínico, a faixa etária e os achados no consideração quadro clínico, faixa
LCR, o agente etiológico provável é: etária e exame de LCR:
A) Escherichia coli. Alternativa A - Incorreta: Outro ponto
que tínhamos que levar em
B) Neisseria meningitidis.
consideração é a incidência de cada
C) Haemophilus influenzae. bactéria. Note que, apesar de também
ser um bacilo Gram-negativo, é bem
D) Streptococcus pneumoniae.
incomum que E. coli cause meningite.
E) Mycobacterium tuberculosis.
CCQ: Saber que presença de bacilos
Gram-negativos sugerem como
agente etiológico o Haemophilus
Influenzae
Fala mentorando! Questão difícil do
INEP, onde a banca cobra característica
histológica de bactérias. Então, bora lá
aprender sobre o assunto.
A banca nos dá um paciente de 8 meses
com quadro típico de meningite (febre,
irritabilidade, fontanela abaulada, LCR
demonstrando alteração compatível
com meningite bacteriana). Muito bem,
até agora está fácil, pois a banca
inclusive nos dá o diagnóstico final, mas
aqui vem a parte mais complicada.
Lembre-se que distinguir o agente
etiológico pela clínica é muito difícil,
geralmente conseguimos definir o Alternativa B - Incorreta: O
meningococo pela apresentação meningococo é visto na lâmina
altamente agressiva com petéquias e histológica como diplococos Gram-
CIVD, mas note que a banca nos dá um negativos.
quadro bem clássico de meningite,
podendo ser qualquer bactéria possível.
Mas, ao final, ela cita que se observa
bacilo Gram-negativo, e aqui entra a
histologia da questão. O Haemophilus
influenzae é a única bactéria que é um
bacilo Gram-negativo.
Alternativa C - Correta: Exatamente! É
a bactéria que se apresenta com esta
descrição, observe a imagem:
Alternativa D - Incorreta: O S.
Pneumoniae é descrito como cocos
Gram-positivos.
Alternativa E - Incorreta O M.
Tuberculosis não é classificado com o
Gram, é considerado um BAAR (bacilo
ácido-álcool resistente).
Portanto, o gabarito é a alternativa C
________________________________
74. Homem com 18 anos de idade
apresenta diagnóstico recente de
diabetes mellitus tipo I e encontrase em
acompanhamento na Unidade Básica
de Saúde. Foram prescritas insulina
NPH 16U + insulina regular 6U antes do
café e insulina NPH 8U + insulina regular
4U antes do jantar. O paciente foi
orientado a verificar a glicemia capilar
antes das refeições e ao deitar, fazendo
aplicação de insulina regular adicional
conforme resultado da glicemia,
devendo preencher registro com
resultado da glicemia e dose adicional
de insulina regular utilizada. O paciente
retorna à Unidade Básica de Saúde 30
dias depois. Com base nestas
informações, e de posse do registro das
glicemias, a melhor recomendação em
relação ao ajuste das doses de insulina
NPH ou regular prescritas é:
A) aumentar 2U da insulina NPH antes
do café caso a medida da glicemia antes
de deitar tenha sido superior a
120mg/dL na maioria dos dias.
B) aumentar 4U da insulina regular
antes de jantar caso a medida da
glicemia antes do almoço tenha sido
superior a 120mg/dL na maioria dos
dias.
C) acrescentar 8U de insulina NPH antes
do almoço caso a medida da glicemia
antes do almoço tenha sido superior a
120mg/dL na maioria dos dias.
D) aumentar em 2U a dose da insulina
NPH noturna caso a medida da glicemia
matinal em jejum tenha sido superior a
120mg/dL na maioria dos dias.
E) associar 4U de insulina regular antes
do almoço e ao deitar caso a medida da
glicemia matinal em jejum tenha sido
superior a 120mg/dL na maioria dos
dias.
QUESTÃO COM POSSIBILIDADE DE
RECURSO
Questão sobre o controle glicêmico do
paciente diabético tipo 1 em uso de
insulina com o esquema tradicional
(duas tomadas de NPH + regular - antes
do café e antes do jantar). E aí, a
questão pede para avaliar em qual
insulina mexer de acordo com a
glicemia pré-prandial.
De acordo com o guideline da ADA
(Associação Americana de Diabetes),
em sua versão de 2013 (última
publicada, tendo em vista a época deste
concurso), o alvo de glicemia capilar
pré-prandial para um adulto jovem
diabético tipo 1 em uso de insulina, deve
ser entre 90-130 mg/dL. Esta
recomendação é mantida na versão de
2021 do guideline, com a diferença de
que o limite inferior passa a ser 80, em
vez de 90.
Logo, existe uma inconsistência
conceitual em relação às diretrizes
vigentes: pela leitura das alternativas,
fica claro que o autor considera como
limite superior tolerável uma glicemia
pré-prandial de até 120 mg/dL, o que
torna a questão passível de recurso!
Visando o aprendizado, vamos
esquecer este pequeno "detalhe" e nos
concentrar na linha de raciocínio, que
foi o grande objetivo do autor. Se o
paciente utiliza o tradicional esquema
de duas aplicações (antes do café da
manhã e antes do jantar), misturando
insulina NPH (lenta) com insulina
regular (rápida), a interpretação do
controle glicêmico deverá ser feita da
seguinte maneira:
(1) Quem controla a glicemia antes do
almoço? A dose de regular antes do café
(Glicemia Pré-Almoço = Regular
Manhã);
(2) Quem controla a glicemia antes do
jantar? A dose de NPH antes do café
(Glicemia Pré-jantar = NPH Manhã);
(3) Quem controla a glicemia antes de
dormir? A dose de regular antes do
jantar (Glicemia antes de dormir =
Regular Noite);
(4) Quem controla a glicemia antes do
café no dia seguinte? A dose de NPH
antes do jantar na noite anterior
(Glicemia Pré - Café da Manhã = NPH
Noite).
Assim, todas as alternativas estariam
incorretas, exceto a letra D. Contudo,
temos esse pequeno detalhe quanto
aos parâmetros toleráveis de glicemia,
o que abre margem para um recurso.
Gabarito oficial liberado pela banca:
D.
Gabarito JJ: Nenhuma das
alternativas está estritamente
correta.
________________________________
75. Menino com 7 meses de idade é
levado pela mãe à Unidade Básica de
Saúde em consulta de Puericultura. A
mãe está preocupada, pois acha que ele
é mais lento que os irmãos. Após
anamnese detalhada, o pediatra
realizou o exame físico e afirmou que o
exame neurológico e o
desenvolvimento neuropsicomotor
estavam condizentes com a idade. O
que o pediatra observou em relação a
linguagem, motricidade,
comportamento adaptativo e reflexos
arcaicos, respectivamente, para fazer
tal afirmação?
A) Emissão espontânea sem intenção
imitativa; sustentação cefálica; dirige a
mão para objetos; reflexo de Moro.
B) Emissão bissilábica significante;
engatinha durante a consulta; preensão
palmar em pinça; reflexo de Landau II.
C) Emissão espontânea sem intenção
imitativa; senta-se com apoio; preensão
palmar voluntária; reflexo de Moro
incompleto.
D) Ecolalia; senta-se sem apoio; muda
objeto de uma mão para outra; reflexo
de preensão plantar.
E) Emissão de palavras-frase;
capacidade de andar com apoio
observada na consulta; bate palmas;
reflexo do paraquedista.
CCQ: Saber os marcos do
desenvolvimento aos 7 meses de vida
Mentorando JJ, anote em um lugar
muito especial uma dica super preciosa
para a sua prova de Pediatria: revisar a
caderneta de saúde da criança do
Ministério da Saúde brasileiro. Este é
um material didático e confiável que
oferece muitas informações
importantes e que caem com
frequência nas provas de Pediatria.
O tema Marcos de Desenvolvimento é
essencial na prática e para gabaritar a
sua prova, portanto vamos juntos
revisar esse assunto!
Nessa questão em especial a banca
gostaria de saber se você se recorda dos
marcos do desenvolvimento dos 07
meses de vida. Portanto vamos listá-los
aqui para memorizarmos:
Inicia o processo do sentar sozinho, sem
apoio;
Começa a balbuciar/emitir
monossílabos (ba ba ba) e imitar sons da
fala;
Puxa coisas em sua direção; = 120 x 70 mmHg. Entre as opções
abaixo, que exame laboratorial é
Segura e transfere objetos de uma mão
indicativo da gravidade do
para a outra;
comprometimento tecidual no quadro
Rola da posição supina para prona e infeccioso?

Arrasta-se ou engatinha. A) Leucometria.

Agora que revisamos os marcos do B) Lactato sérico.

desenvolvimento aos 7 meses, vamos
C) Haptoglobina.
avaliar as alternativas:
D) Ferritina sérica.
Alternativa A - Incorreta: Iniciar o
processo de fala pode ser observado aos E) Proteína C reativa.
9 meses e não antes disso e o reflexo de
CCQ: Significado dos exames
Moro deve desaparecer por volta dos 5
laboratoriais na sepse
meses.
Gente, a questão é muito direta. O
Alternativa B - Incorreta: A emissão
raciocínio seria o seguinte:
bissilábica ainda não está presente.
Paciente com DM e infecção de partes
Alternativa C - Incorreta: A emissão
moles que assemelha-se à celulite, pela
sem intenção imitativa torna-se
mal definição de limites.
presente por volta dos 9 meses. Além
disso, aos 7 meses a criança já consegue Sinais vitais estáveis, com leve
sentar-se sem apoio. taquicardia que pode ser devido à febre
ou a um choque precoce. É uma
Alternativa D - Correta: Exatamente!
paciente que seria monitorizada e
Todos esses são marcos do
seguida de perto, na prática. Já que as
desenvolvimento esperados para uma
intervenções de sepse precoces
criança de 7 meses.
mudariam significativamente o
Alternativa E - Incorreta: A criança desfecho desta paciente.
começa a combinar 2 ou 3 palavras por
Bom, pergunta-se na questão qual
volta dos 13 meses de vida e a andar
marcador laboratorial iria refletir
com apoio por volta dos 9 aos 10 meses.
melhor o estado do tecido.
Sendo assim, a letra correta é a D
No contexto de infecção e provável
________________________________ choque precoce, pensamos em
progressão para sepse no futuro, caso
76. Mulher com 57 anos de idade,
as medidas cabíveis não sejam feitas,
portadora de diabetes tipo II não
concorda? Sendo assim, o que a
controlado, apresenta quadro de febre
infecção pode causar ao tecido? O pior
associada a dor, edema e eritema de
que poderia ocorrer é uma má perfusão
limites mal definidos em coxa esquerda,
sistêmica que agrave mesmo a
medindo 20 cm em seu maior diâmetro.
constituição e inflamação local do
Ao exame físico: temperatura axilar =
tecido acometido pela infecção.
38,9 o C, FC = 110 bpm, FR = 21 irpm, PA
Sendo assim, a melhor resposta dentre
as mencionadas seria o lactato. Que
poderia demonstrar com maior
precisão o estado perfusional do
paciente, elevando-se devido ao
favorecimento do metabolismo
anaeróbio que produz ácido láctico e
lactato em decorrência de hipoperfusão
e falta de oxigenação periférica
consequente.
[Alternativas A, D e E: incorretas] São
marcadores de inflamação sistêmica e
não se corralacionariam bem com o
estado da ferida. São marcadores muito
sensíveis que poderiam se elevar por
outros motivos que não a infecção. No
sentido de avaliar o tecido, o lactato
demonstra hipoperfusão e seria muito
mais fidedigno quanto à viabilidade do
tecido e perfil de perfusão como um
todo.
[Alternativa C: incorreta] Marcador de
hemólise. Sequer se adequaria ao caso
inicialmente, muito menos se
correlaciona com a perfusão da
paciente ou estado tecidual.
Portanto, o gabarito é a alternativa B
_________________________________
77. Mulher de 33 anos de idade,
desempregada, refere dor à deglutição
há 2,5 semanas, com piora acentuada
há três dias. Tem tido um pico de febre
diária há uma semana, que coincidiu
com uma discreta irritação e
embaçamento visual no olho esquerdo.
Refere ser portadora do vírus HIV há
onze anos. Tem histórico de tratamento
prévio para pneumonia por
Pneumocystis jiroveci. Apresentava
placas esbranquiçadas na mucosa jugal,
sem outros achados significativos. O
hemograma inicial mostrava uma
pancitopenia, e a endoscopia digestiva
alta mostrou o esôfago com erosões
lineares, confluentes, recobertas por
fibrina, ocupando toda a circunferência
do órgão e gastrite enantematosa. Qual
a medicação mais adequada para esta
paciente?
A) Fluconazol.
B) Ganciclovir.
C) Pantoprazol.
D) Sulfametoxazol/trimetoprim.
E) Zidovudina + lamivudina.
CCQ: Saber que erosões lineares,
confluentes, recobertas por fibrina no
esôfago + história de embaçamento
visual no olho esquerdo sugere
esofagite por citomegalovírus
Fala mentorando! Questão bem difícil,
onde a banca deixa várias informações
como armadilhas para nos pegar, mas
vamos lá entender o que queriam de
nós.
Uma mulher portadora de AIDs
(confirmado por infecção oportunista)
refere odinofagia (dor a deglutição),
como primeira hipótese diagnóstica nos
vem a cabeça candidíase esofágica,
ainda mais que a banca nos da um
achado de placas esbranquiçadas em
mucosa oral não é?
Pois é! Essa informação estava ai para
nos confundir, pois temos que ter
atenção para outro patógeno que pode
também causar esofagite no paciente
com HIV, que é o citomegalovírus. O
dado do embaçamento visual era para
nos indicar esta infecção.
Os 2 tipos de esofagite diferem na
descrição, onde a por candida veríamos
placas esbranquiçadas também!
Enquanto na por CMV, temos a
descrição apresentada pela banca,
observe as imagens abaixo:
• Esofagite por CMV:
Note as erosões lineares com fibrina.
• Esofagite por candida:
Note as placas esbranquiçadas.
Observe como a banca foi capciosa
nesta questão! Nos dando o achado de
candidíase oral para nos confundir. O
tratamento da citomegalovirose é feito
com ganciclovir que é a resposta da
nossa questão.
Vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta Pegadinha da
banca! A descrição da esofagite a
endoscopia é compatível com esofagite
por CMV e não por candida.
Alternativa B - Correta Exatamente!
Como explicado acima.
Alternativa C - Incorreta Pantoprazol
não aliviaria sintomas esofágicos, é um
IBP que diminuí a acidez estomacal.
Alternativa D - Incorreta Medicação
utilizada para profilaxia no paciente
com HIV e CD4 < 200, mas aqui nossa
paciente deve ser tratada para o quadro
agudo! Tanto que a banca nem nos
informa o CD4 da paciente.
Alternativa E - Incorreta
Medicamentos que fazem parte da
TARV, ela deve fazer o uso sim, mas
somente com 2 medicações não é uma
terapia confiável, além de que não
resolveria o quadro de odinofagia da
paciente.
Portanto, o gabarito é a alternativa B
________________________________
78. Mulher com 52 anos de idade,
previamente hígida, há 3 meses queixa-
se de astenia, sonolência e ganho de
peso, constipação, além de artralgias e
mialgias. Ao exame, nota-se pele seca e
frequência cardíaca de 62 bpm, além de
não apresentar sinais de artrite ou
deformidades articulares. Os exames
indicados e o principal diagnóstico a ser
considerado são, respectivamente:
A) CPK e aldolase; fibromialgia.
B) TSH e T4 livre; hipotireoidismo
primário.
C) cálcio sérico e PTH;
hiperparatireoidismo.
D) TSH e T4 livre; hipotireoidismo
secundário.
E) cortisol e potássio séricos;
insuficiência adrenal.
CCQ: Saber que mulher com queixa de
astenia, sonolência, ganho de peso,
constipação, artralgias e mialgias tem
como principal hipótese diagnóstica o
hipotireoidismo
Fala, pessoal! Questão curta do INEP
(milagre) e com um quadro clínico bem
típico, então bora lá ver o que a banca
queria de nós.
Quando falamos de mulher com
astenia, sonolência, ganho de peso,
constipação, artralgias, mialgias (note
como os sintomas estão presentes em
vários órgãos e tecidos), devemos
pensar em uma condição que possa
afetar tantos sistemas ao mesmo
tempo. E, como você já deve ter
percebido, pensamos em distúrbios da
tireoide, que produz hormônios cujo
aumento ou diminuição podem afetar
praticamente todos os sistemas e
tecidos do corpo.
Quando falamos da diminuição dos
hormônios tireóideos
(hipotireoidismo), temos como
principais sintomas:
• Astenia;
• Sonolência;
• Ganho de peso;
• Constipação;
• Artralgias;
• Mialgias;
• Pele seca e cabelos quebradiços;
• Hipertensão diastólica;
• Depressão;
• Diminuição de libido;
• Hipermenorreia;
• Entre outros.
Como vimos, os sintomas são muito
variados, mas podemos perceber que o
quadro clínico da nossa paciente se
enquadra na hipótese de
hipotireoidismo. No Brasil, a causa mais
frequente de hipotireoidismo é a
tireoidite de Hashimoto, uma forma de
hipotireoidismo primário por destruição
da glândula.
Para confirmarmos nossa hipótese,
fazemos dosagem de TSH e T4 livre,
onde TSH virá alto e T4 livre baixo.
Agora, vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Fibromialgia
é uma doença com diagnóstico de
exclusão, onde teríamos dor nos pontos
dolorosos, mas, como vimos, nossa
principal hipótese é o hipotireoidismo.
Alterativa B - Correta: Exatamente!
Nossa principal hipótese diagnóstica.
Alternativa C - Incorreta: Não temos
como hipótese o hiperparatireoidismo,
que se manifestaria com hipercalcemia.
Alternativa D - Incorreta:
Hipotireoidismo secundário é por
deficiência de TSH, ou seja, teríamos
um quadro clínico nos referindo algum
fator de risco para isso (trauma, tumor,
sangramento excessivo, entre outros).
Portanto, além de ser uma causa bem
mais rara de hipotireoidismo, não
temos antecedentes que nos sugiram
este tipo, por isso, alternativa incorreta.
Alternativa E - Incorreta: Não temos
manifestações características de
insuficiência adrenal, que se manifesta
com hipotensão, dor abdominal, até
mesmo febre, além de distúrbios
hidroeletrolíticos.
Portanto, o gabarito é a alternativa B
________________________________
79. Mulher com 36 anos de idade,
secundigesta, na 27.ª semana de
gestação, está realizando pré-natal em
Unidade Básica de Saúde. Relata que
sua primeira gestação transcorreu de
forma tranquila e que seu filho nasceu
bem, de parto vaginal, pesando 4.200
gramas. Ao exame físico, nota-se
pressão arterial = 120 x 80 mmHg,
ausência de edemas. Ao exame
obstétrico: altura uterina = 28 cm,
batimentos cardíacos fetais = 144 bpm,
movimentação fetal presente. Realizou
glicemia de jejum na primeira consulta
com resultado de 83 mg/dL. Em relação
ao rastreamento do diabetes
gestacional, é indicado para esta
gestante:
A) realizar manejo expectante, já que
apresentou glicemia normal na primeira
consulta e, portanto, não tem risco de
desenvolver diabetes gestacional.
B) repetir a glicemia de jejum com 28
semanas e caso seja normal, refazer o
exame com 34 semanas.
C) realizar exame de hemoglobina
glicada com 34 semanas, para
diagnóstico de diabetes gestacional.
D) solicitar teste oral de tolerância à
glicose com 75g, com 28 semanas de
gestação.
E) solicitar dosagem de glicemia pós-
prandial, com 34 semanas de gestação.
CCQ: Saber que pacientes com
glicemia <92mg/dl no 1º trimestre
devem realizar TOTG75g entre 24 e28
semanas
Pessoal, questão clássica sobre
investigação do diabetes gestacional
(DMG). Vamos relembrar alguns
conceitos.
Toda paciente deve realizar a glicemia
de jejum na primeira consulta do 1º
trimestre. Além disso, sempre que a
paciente apresentar glicemia <92mg/dl
devemos solicitar o TOTG75g entre 24 e
28 semanas.
Na questão, temos uma paciente com
glicemia de jejum de 83mg/dl no 1º
trimestre. Logo, devemos solicitar o
TOTG75g até a 28ª semana.
A título de curiosidade, os valores da
TOTG75g são:
• Jejum: 92 a 125mg/dl
• 1ª hora: >= 180mg/dl
• 2ª hora: 153 a 199mg/dl
Alternativa A – Incorreta: como vimos,
a paciente deve realizar o TOTG75g.
Alternativa B – Incorreta: a glicemia de
jejum poderia ser repetida se a paciente
não tiver acesso ao TOTG75g, porém
não há indicação de repetir o exame se
normal.
Alternativa C – Incorreta: não há
indicação para solicitação da
hemoglobina glicada.
Alternativa D – Correta: como vimos,
esta é a conduta correta.
Alternativa E – Incorreta: como vimos,
não é esta a conduta.
Portanto, o gabarito é a alternativa D
_________________________________
80. Menino com 8 anos de idade é
trazido ao Ambulatório de Pediatria
com queixa de oligúria e urina
espumosa, bem como quadro de
edema, iniciado há 7 dias. A mãe nega
outras alterações ou patologias prévias.
Ao exame físico: PA = 99 X 56 mmHg,
edema palpebral e de membros
inferiores, sem ascite. Exame de urina:
densidade urinária: 1.015, hemácias:
2/campo, leucócitos: 3/campo,
proteinuria +++/++++. Considerando a
principal hipótese diagnóstica, é
indicado para tratamento da doença de
base:
A) diurético.
B) antibiótico
C) anti-hipertensivo.
D) corticosteroide.
E) anti-inflamatório não hormonal.
CCQ: Saber que a principal causa de
Síndrome Nefrótica na faixa etária
pediátrica é a Doença por Lesão
Mínima e que ela é tratada com
corticoide
Pessoal, temos uma criança de oito
anos de idade, trazida ao ambulatório
por apresentar oligúria, urina
espumosa, edema palpebral, exame de
urina apontando importante
proteinúria e pressão arterial normal.
No que devemos pensar? Justamente
em uma Síndrome Nefrótica! Sabendo
disso, deveríamos em seguida definir a
etiologia. Como você bem deve saber, a
principal causa de síndrome nefrótica
na faixa etária pediátrica é a Doença
por Lesão Mínima. Vamos revê-la?
A Doença por Lesão Mínima tem forte
associação com atopia e sua
fisiopatologia se relaciona à presença
de linfócitos T auto-reativos que levam
à fusão dos podócitos e à consequente
perda da carga negativa da membrana
basal glomerular, o que leva à perda de
proteína, principalmente albumina, na
urina. Clinicamente, a doença se
manifesta com proteinúria intensa e
intermitente, edema e ascite,
podendo haver também peritonite
bacteriana espontânea e hematúria
macroscópica.
Algumas patologias estão associadas
com a Doença por Lesão Mínima, como
o linfoma de Hodgkin, que deve sempre
ser pesquisado. Além dele, tumores
sólidos, infecções por mycoplasma, uso
de anti-inflamatórios não esteroidais
(AINEs) e de drogas como lítio,
rifampicina, ampicilina e alfa-interferon
podem induzir o aparecimento da
doença.
O tratamento é normalmente feito com
corticoide, possuindo uma ótima
resposta. No entanto, em alguns
pacientes refratários a essa medicação,
pode haver necessidade de biópsia e de
uso de inibidores de conversão de
angiotensina e/ou ciclofosfamida.
FUROSEMIDA NÃO ESTÁ INDICADA!
Um algo a mais: na Doença por Lesão
Mínima, a biópsia deve ser considerada
quando (i) houver consumo de
complemento; (ii) houver recidivas
frequentes; (iii) houver hematúria
macroscópica; (iv) houver hipertensão
arterial sistêmica; (v) não responder à
corticoterapia; (vi) houver insuficiência auxílio na Unidade Básica de Saúde. A
renal progressiva; (vii) houver médica encontrou no exame físico:
acometimento de crianças menores de mama esquerda com hiperemia, calor e
1 ano e maiores de 8 anos. edema no quadrante superior direito,
mamilos e aréolas íntegras. O
Sabendo disso, vamos às alternativas:
diagnóstico e a conduta,
Alternativa A – Incorreta: Como vimos, respectivamente, a serem tomadas pela
o uso de diuréticos, principalmente a médica são:
furosemida, não está indicada, já que
A) candidíase mamária; indicar
pode piorar a depleção de volume
aplicação local de nistatina.
intravascular e levar a choque.
B) ductos lactíferos bloqueados; indicar
Alternativa B – Incorreta: Antibióticos
punção da área acometida.
não estão recomendados na Doença
por Lesão Mínima, a menos que exista C) abscesso mamário; indicar drenagem
evidência de infecção, o que não é o cirúrgica e antibioticoterapia.
caso.
D) ingurgitamento mamário; indicar
Alternativa C – Incorreta: Anti- massagem circular e ordenha do
hipertensivos, principalmente, IECAs excesso de leite.
podem, sim, ser usados; no entanto,
E) mastite; indicar retirada manual do
devem ser usados de forma adjuvante,
leite após mamadas e
quando há refratariedade ao corticoide,
antibioticoterapia
primeira linha de tratamento.
CCQ: Saber que dor em mamas
Alternativa D – Correta: Como vimos,
associada à febre e calafrios é sinal de
corticoide é a primeira linha de
mastite
tratamento na Doença por Lesão
Mínima. Pessoal, questão clássica das questões
de prova.
Alternativa E – Incorreta: AINEs não
estão recomendados na Doença por Estamos diante de uma paciente na
Lesão Mínima. Inclusive, como vimos, segunda semana pós-parto com dor na
podem precipitá-la! mama esquerda associada a febre,
calafrios, calor e edema. Frente a este
Portanto, ficamos com letra D como
quadro, devemos pensar em um quadro
gabarito
de mastite.
_________________________________
Vamos às alternativas.
81. Paciente primigesta, 32 anos de
Alternativa A – Incorreta: Devemos
idade, na segunda semana pós-parto,
pensar em candidíase quando
está apresentando quadro de dor na
estivermos diante de uma mama com
mama esquerda, febre (temperatura
hiperemia, prurido e aspecto mais
axilar = 38.4o C), adinamia, calafrios, o
“brilhante”.
que tem gerado grande dificuldade para
amamentar nessa mama. Procurou
Alternativa B – Incorreta: Como vimos,
não é esta a nossa hipótese.
Alternativa C – Incorreta: Devemos
pensar em abscesso mamário quando
houver ponto de flutuação ou
drenagem espontânea.
Alternativa D – Incorreta: Pensaríamos
em ingurgitamento caso a paciente não
apresentasse febre e calafrios.
Alternativa E – Correta: Como vimos,
esta é nossa hipótese.
Portanto, o gabarito é a alternativa E
________________________________
82. Homem com 45 anos de idade,
obeso, procura consulta médica por
apresentar episódios de cólica em
hipocôndrio direito há seis meses.
Trouxe consigo um resultado de
ultrassonografia que mostra múltiplos
pequenos cálculos em vesícula biliar
sem outros achados anormais. O
paciente inicia a consulta dizendo que
não quer realizar cirurgia. Qual a melhor
orientação para esse paciente?
A) Iniciar tratamento sintomático,
prescrever medicamentos e dieta para
perda ponderal, realizando reavaliação
em seis meses.
B) Agendar data para realização de
cirurgia por videolaparoscopia pela
faixa etária do paciente e pelos riscos
caso não se submeta à cirurgia.
C) Esclarecer sobre o diagnóstico, a
indicação cirúrgica e o risco de
complicações caso não se submeta à
cirurgia.
D) Solicitar uma ressonância de
abdome superior e orientar para tomar
medicamentos sintomáticos com
continuação de acompanhamento
ambulatorial.
E) Encaminhar para psiquiatra a fim de
descartar síndrome do pânico e
prescrever medicamentos sintomáticos
até o paciente decidir submeter-se à
cirurgia.
CCQ: Indicação cirúrgica na colelitíase
sintomática
Paciente com quadro de cólicas biliares
recorrentes e ultrassonografia
revelando colelitíase sem
complicações. Qual a conduta?
**Cirurgia! **
A colelitíase ocorre como formação de
cálculos, geralmente de colesterol, na
vesícula biliar. Ela pode impactar no
infundíbulo, causando quadro de dores
abdominais no hipocôndrio direito após
ingesta de alimentos gordurosos, em
que há maior produção de bile.
Todo paciente com colelitíase
sintomática tem indicação de cirurgia
para evitar as complicações
decorrentes: colecistite,
coledocolitíase, pancreatite aguda
litiásica ([logo, alternativa C -
CORRETA]).
O diagnóstico, por sua vez, já está
firmado pela ultrassonografia, ou seja,
não necessita de outros exames se não
surgirem complicações ([logo,
alternativa - D INCORRETA]).
Apesar de o paciente se beneficiar de
mudanças no estilo de vida, apenas
estas não são eficazes para resolver o
quadro, sendo necessária a cirurgia.
Temos um medicamento que pode ser
usado para dissolver os cálculos,
chamado ácido ursodesoxicólico.
Porém, com resultados que não são
satisfatórios [(e, portanto, alternativa
A - INCORRETA)].
A videolaparoscopia, atualmente, é o
acesso preferencial para a B) A profilaxia não está indicada, pois
colecistectomia. Porém, não podemos
agendar a cirurgia sem consentimento
do paciente e, sem ele entender os
riscos, não temos como ser contra sua
autonomia em casos eletivos. Da
mesma forma, recusa à cirurgia não
deve levantar suspeita de transtornos
mentais. Devemos, sim, esclarecer o
quadro para poder ser tomada a melhor
conduta [(logo, alternativas B e E
INCORRETAS)].
Quais são as indicações de cirurgia na
colelitíase?
• Colelitíase sintomática
Nos assintomáticos:
• Vesícula em porcelana
• Cálculo > 2,5-3cm
• Pólipos de alto risco (> 1 cm, > 60
anos, crescimento em USGs
seriadas).
Gabarito: letra C!
_________________________________
83. Menina com 1 ano de idade, em
bom estado geral, é levada à consulta
médica. Tem história de infecção
urinária (ITU) de repetição e
investigação radiológica demonstrando
refluxo vesico-ureteral grau II.
Considerando as evidências mais
recentes quanto à eficácia e segurança
da profilaxia com antibióticos para
crianças com infecção urinária, escolha
a conduta mais adequada para esta
criança.
A) A profilaxia está indicada pela
eficácia na prevenção de novos
episódios, apesar dos efeitos colaterais
dos antibióticos em longo prazo.
não diminui a incidência de novos
episódios e pode selecionar a flora para
recorrências de ITU.
C) A quimioprofilaxia tem indicação
precisa neste caso de refluxo vesico-
ureteral e é segura, desde que
administrada em baixas doses.
D) A quimioprofilaxia é discutível neste
caso por tratar-se de uma menina,
apesar de sua segurança ter sido
demonstrada em estudos.
E) A profilaxia deve ser indicada neste
caso e nos demais casos de refluxo
vesico-ureteral até sua resolução ou
correção cirúrgica.
CCQ: Saber que a quimioprofilaxia
após episódio de infecção urinária na
criança com refluxo vesicoureteral
deve ser feita apenas quando o refluxo
for grave (graus III, IV e V)
Pessoal, questão um tanto fora do
pareto, mas vamos lá! O refluxo
vesicoureteral (RVU) ocorre quando há
retorno da urina da bexiga para os rins,
podendo causar distorção ureteral e
hidronefrose. Pode ser de origem
primária, mais comum, quando há
anomalia da junção vesicoureteral; ou
secundária, quando há um fator
obstrutivo envolvido. É classificado de I
a V, sendo que:
• Grau I - refluxo até o ureter;
• Grau II - refluxo para o rim, sem
dilatação;
 • Grau III - refluxo para o rim, com só está indicada a partir do grau III.
pouca dilatação renal; Como nossa paciente tem RVU grau II,
não deve receber quimioprofilaxia.
• Grau IV - refluxo para o rim, com
moderada dilatação renal; Alternativa D – Incorreta: O fato de a
paciente ser do sexo feminino não
• Grau V - refluxo para o rim com
interfere na indicação de
intensa dilatação renal e
antibioticoprofilaxia. O que interfere,
tortuosidade dos ureteres.
na verdade, é o grau do seu refluxo, que,
Comumente, essa anomalia vai se no caso, não indica necessidade de
corrigir com o tempo e, muitas vezes, quimioprofilaxia.
não é necessário tratamento. No
Alternativa E – Incorreta: Como vimos,
entanto, nos casos de RVU grau IV
a quimioprofilaxia por ocasião do RVU
bilateral ou grau V, temos indicação
só está indicada a partir do grau III.
cirúrgica e, a partir do grau III, deve ser
Como nossa paciente tem RVU grau II,
feita antibioticoprofilaxia para evitar
não deve receber quimioprofilaxia.
ITU de repetição, enquanto se aguarda
a correção cirúrgica. Portanto, ficamos com letra B como
gabarito!
Um algo a mais: a Sociedade Brasileira
de Pediatria recomenda _________________________________
quimioprofilaxia por 6-12 meses, nos
84. Secundigesta, com 18 semanas de
casos com recidivas frequentes, mesmo
idade gestacional, comparece à
com investigação por imagem normal.
segunda consulta de pré-natal em
Essa quimioprofilaxia pode ser feita
Unidade Básica de Saúde. Traz
com sulfametoxazol-trimetropim,
resultado de exame de urocultura com
nitrofurantoína ou cefalexina, ou
mais de 100 mil unidades formadoras de
amoxicilina.
colônias bacterianas por mL. Nega
Sabendo disso, vamos às alternativas: queixas urinárias e febre. Ao exame
físico: bom estado geral, corada,
Alternativa A – Incorreta: Como vimos,
hidratada, eupneica, pressão arterial =
a quimioprofilaxia por ocasião do RVU
120 x 80 mmHg. Exame obstétrico:
só está indicada a partir do grau III.
altura uterina de 17 cm, batimentos
Como nossa paciente tem RVU grau II,
cardíacos fetais presentes, rítmicos, 136
não deve receber quimioprofilaxia.
batimentos por minutos. A conduta
Alternativa B – Correta: Como vimos, a indicada é:
profilaxia não está indicada para a nossa
A) iniciar tratamento profilático com
paciente, já que, no caso dela, uma
cefalosporina diariamente até o parto.
antibioticoprofilaxia não vai trazer
tantos benefícios quanto à incidência de B) iniciar antibioticoterapia e repetir
novos episódios e ainda vai selecionar urocultura sete dias após o término do
flora para recorrências de ITU. tratamento.
Alternativa C – Incorreta: Como vimos,
a quimioprofilaxia por ocasião do RVU
C) repetição da urocultura em duas
semanas, pois o resultado sugere
contaminação da amostra.
D) solicitar ultrassonografia das vias
urinárias e realizar uroculturas
bimensais para monitoramento do
quadro.
E) solicitar sedimento urinário para
confirmar infecção urinária e, se
mostrar a presença de nitritos, iniciar
tratamento.
CCQ: Diagnóstico e tratamento de
ITU em gestante
As questões de ITU na gestante são
recorrentes nas provas de residência.
Essa questão aborda ainda um caso de
bacteriúria assintomática, que também
deve ser tratada nas gestantes. Vamos
aproveitar para revisar sobre esse tema
brevemente.
O diagnóstico de bacteriúria
assintomática é definido pela ausência
de sintomas urinário infecciosos,
associada à presença de bacteriúria,
sendo que esta é considerada
significativa para o diagnóstico quando
a urocultura de jato médio (a mais
utilizada), consta mais que 100.000
UFC/mL. E a paciente deste caso clínico
se encontra exatamente nessa situação.
Assim como a cistite, após feito o
diagnóstico, seguimos com o solicitar um exame de sedimento
tratamento com antibioticoterapia,
sempre que possível guiada pelo
antibiograma. Até que o antibiograma
indique a sensibilidade da bactéria
associada, o tratamento já pode ser
iniciado, sendo que são possíveis
opções: amoxicilina, cefalexina,
sulfametoxazol+trimetoprim,
nitrofurantoína (evitar no primeiro
trimestre pela interferência no
metabolismo do ácido fólico e no
terceiro trimestre pelo risco de
kernicterus).
Para finalizar, em todos os casos de
infecção urinária, deve-se realizar
urocultura para controle de cura de 1-2
semanas após o término do
tratamento.
Alternativa A - Incorreta: No
momento, a indicação é tratar somente
a bacteriúria e fazer o controle de cura.
Alternativa B - Correta: Conforme já
discutido acima.
Alternativa C - Incorreta: A urocultura
pode ser repetida até 2 semanas após o
término do tratamento, no entanto,
deve ser instituído o tratamento. Para
evitar contaminação da amostra, a
paciente deve ser bem orientada
quanto às medidas de higiene no
momento da coleta do exame.
Alternativa D - Incorreta: A
ultrassonografia não faz parte da
conduta inicial em todas as pacientes
com bacteriúria assintomática.
Alternativa E - Incorreta: O padrão-
ouro de diagnóstico da bacteriúria
assintomática é a urocultura, portanto,
como a paciente já tem esse exame
positivo, não existe a necessidade de
urinário.
Portanto, o gabarito é a alternativa B
_________________________________
85. Homem com 35 anos de idade, no
3.º dia pósoperatório de
apendicectomia, encontra-se internado
em enfermaria coletiva de pequeno
hospital secundário. O achado cirúrgico
foi de uma apendicite aguda em fase
gangrenosa. Foi iniciada
antibioticoterapia com administração
de gentamicina e metronidazol e a
alimentação via oral com boa aceitação,
após a eliminação de flatos e fezes. Não
apresentou febre. Ao exame, a ferida
cirúrgica encontra-se hiperemiada,
discretamente abaulada e com saída de
material purulento. A conduta para esse
caso, além do esclarecimento ao
paciente, é:
A) manter a antibioticoterapia e
curativos diários.
B) trocar antibioticoterapia, aplicar
calor local e curativos diários.
C) manter a antibioticoterapia, retirar
os pontos cirúrgicos para drenagem da
secreção e curativos diários.
D) trocar antibiotioterapia, indicar a
realização de exame de imagem pelo
risco de infecção intracavitária.
E) manter antibiotioterapia, indicar a
exploração cirúrgica da ferida
operatória pelo risco de infecção
intracavitária.
CCQ: Saber que, na ISC superficial
e/ou sem sintomas sistêmicos,
devemos abrir pontos, drenar pus e
fazer curativo diário
Questão simples e que cai bastante nas
provas de cirurgia, fiquem atentos. No
caso apresentado, temos um homem
de 35 anos no 3.º dia em pós-op de
apendicectomia, em uso de
antibióticos, com boa aceitação de
dieta oral, flatos e fezes presentes e
sem febre, apresentou infecção de
ferida operatória – ou, infecção de sítio
cirúrgico (ISC).
a
Como diferenciamos se é infecção
superficial ou profunda, uma vez que a
cirurgia foi dentro da cavidade
peritoneal? ISC superficial não cursa
com sintomas sistêmicos, vemos que
esse paciente tem um estado geral
bom, sem febre, aceitando bem a dieta
e sem sinais de obstrução intestinal. Na
ISC profunda será o contrário, o
paciente terá sintomas sistêmicos.
Mas qual é a conduta frente a ISCs?
• ISC superficial: retirar pontos,
drenagem do pus, lavagem e
curativos diários.
• ISC profunda: retirar pontos,
drenagem do pus, lavagem,
curativos diários e
antibioticoterapia – trocar se já
estiver usando ou iniciar se
estiver sem antibióticos.
Alternativa A – Incorreta: Como dito
acima, devemos abrir pontos e drenar o
pus, além dos curativos diários.
Alternativa B – Incorreta: Quando não
há repercussões sistêmicas ou infecção
profunda, não devemos trocar o
antibiótico. Mantemos o esquema e
drenamos a coleção.
Alternativa C – Correta: Apesar de não
estar indicado antibióticos para ISC
superficial, esse paciente teve infecção
na vigência deste, logo apenas
manteremos o que já está em uso,
drenar secreção e manter curativos
diários.
Alternativa D – Incorreta: Não há
repercussões sistêmicas, logo, não há
risco maior de infecção intracavitária,
assim como não há indicação de trocar
o antibiótico.
Alternativa E – Incorreta: Sem
repercussões sistêmicas, dificilmente
haverá infecção intracavitária.
Entretanto, na possibilidade desta, é
indicado um exame de imagem antes
de realizar exploração ou nova
abordagem cirúrgica.
Portanto, alternativa correta é a letra
C.
_________________________________
86. A tuberculose (TB) é um problema
de Saúde Pública no Brasil. A
identificação precoce de pessoas com
TB é imprescindível para a quebra da
cadeia de transmissão da doença. No
Brasil, em 2008, a TB foi a quarta causa
de morte por doenças infecciosas e a
primeira causa de morte em pacientes
com Aids. Com o aumento do número
de casos de pacientes com Aids na
população prisional, eleva-se a
quantidade de pacientes com TB. Neste
cenário, o indicador que expressa o
número de casos novos da doença nesta
população no período de 1 ano é:
A) letalidade.
B) incidência.
C) morbidade.
D) prevalência.
E) mortalidade.
CCQ: Saber que o indicador que se
relaciona ao número de novos casos
de uma doença em um determinado
período de tempo é a incidência
Fala, pessoal! Aqui temos uma questão
sobre indicadores, tema sempre
frequente em provas e muito relevante
em epidemiologia. Vamos revisar
alguns conceitos?
• Incidência: a incidência de uma
doença, em um determinado
local e período, é o número de
casos novos da doença que
iniciaram no mesmo local e
período.
• Prevalência: refere-se ao
número de casos existentes de
uma doença em um dado
momento; é uma “fotografia”
sobre a sua ocorrência.
• Morbidade: é a variável
característica das comunidades
de seres vivos, refere-se ao
conjunto dos indivíduos que
adquirem doenças (ou
determinadas doenças) num
dado intervalo de tempo em
uma determinada população. A
morbidade mostra o
comportamento das doenças e
dos agravos à saúde na
população.
• Mortalidade: é a relação entre o
número de óbitos e a população
em risco.
• Letalidade: é uma medida da
gravidade da doença, calculada
dividindo-se o número de óbitos
por determinada doença pelo
número de casos da mesma
doença. Algumas doenças
apresentam letalidade nula,
como, por exemplo, escabiose;
já para outras, a letalidade é
igual ou próxima de 100%, como
a raiva humana.
Agora, vamos dar uma olhada nas
alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A letalidade
relaciona o n.º de óbitos ao n.º de casos.
Alternativa B - Correta: Isso! Incidência
se refere ao n.º de novos casos em um
determinado período de tempo.
Alternativa C - Incorreta: A morbidade
se refere ao comportamento da doença
na população.
Alternativa D - Incorreta: Refere-se ao
n.º de casos existentes da doença.
Alternativa E - Incorreta: Refere-se ao
n.º de óbitos pela doença e não ao n.º
de novos casos.
Portanto, a resposta é a alternativa B.
_________________________________
87. Homem com 28 anos de idade
chega ao Serviço de Urgência de um
hospital de atenção secundária cerca de
30 minutos após colisão
automobilística. Está confuso,
queixando-se de muita falta de ar e dor
no hemitórax direito. Apresenta uma
fratura fechada da tíbia direita, sem
sangramento ativo. Ao exame físico
mostra-se descorado (++/++++),
frequência cardíaca = 128 bpm, pressão
arterial = 90 x 60 mmHg e frequência
respiratória = 40 irpm. A ausculta
pulmonar revela murmúrio vesicular
ausente à direita. A percussão mostra
macicez do hemitórax direito. O
oxímetro de pulso mostra saturação de
oxigênio de 92% (ar ambiente). O
paciente apresenta várias escoriações
pelo corpo. A conduta mais adequada
para este paciente, após aferição da
permeabilidade de vias aéreas,
estabilização da coluna cervical e
oxigenoterapia suplementar, é a
realização de:
A) punção pericárdica no espaço
subxifóide.
B) drenagem pleural no 2.º espaço
intercostal na linha hemiclavicular.
C) radiografia simples de tórax no leito
para diagnóstico definitivo e posterior
conduta.
D) punção torácica com cateter de
grosso calibre no 2.º espaço intercostal
na linha hemiclavicular.
E) drenagem pleural no 5.º espaço
intercostal na linha axilar anterior, com
preparo de material para
autotransfusão.
CCQ: Saber que trauma de tórax com
macicez a percussão sugere
hemotórax que deve ser tratado com
drenagem pleural no 5º espaço
intercostal
Fala pessoal! Questão com CCQ
clássico de prova então guarde este
CCQ com carinho.
Em trauma torácico temos 2 condições
muito cobradas em prova,
principalmente quando falamos de
trauma fechado:
• Pneumotórax
• Hemotórax
As 2 condições são possíveis e podemos
ter também uma combinação de
ambos. O que temos que saber aqui é
que a drenagem torácica estará
indicada para ambas (exceto se
pequenos e assintomático, o que é
difícil em casos de trauma).
Agora vem o detalhe da diferenciação,
note que o paciente apresenta
hipotensão e o tórax esta macico a
percussão! Essa macicez nos indica
presença de líquido e em um trauma
torácico que tipo de líquido pode estar
presente? Exatamente! Sangue. Por
isso nossa principal hipótese aqui é
hemotórax, o qual deve ser drenado
com tubo de drenagem pleural no 5º
espaço intercostal linha axilar anterior.
E esta auto-transfusão? É um
procedimento onde retiramos o sangue
da cavidade do paciente e
transfundimos este sangue retirado,
lembre-se que o procedimento só pode
ser feito se o sangue estiver presente
em cavidades estéreis, como a pleura.
Por exemplo, sangue em cavidade
peritoneal não pode passar por este
procedimento.
Agora vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta A punção
pericárdica é utilizada em casos de
tamponamento cardíaco, lembre-se
aqui da tríade de Beck: Hipofonese de
bulhar, hipotensão e turgência jugular.
Alternativa B - Incorreta A punção no
2º EI linha hemiclavicular era indicado
antigamente para pneumotórax
hipertensivo, hoje já foi mudada a
indicação para punção em 5º espaço
intercostal linha axilar anterior/média,
apesar de ainda ser nesta região para
pacientes pediátricos. O ponto é, não
estamos frente a um pneumotórax
hipertensivo e não indicamos
drenagem no 2º EI, o que era
preconizado antes era a punção
aliviadora.
Alternativa C - Incorreta Não
necessitamos de radiografia de tórax
para indicar o tratamento deste
hemotórax, note que o paciente esta
com instabilidade hemodinâmica e
SatO2 baixa. Então já iniciamos o
tratamento preconizado.
Alternativa D - Incorreta Como vimos,
não estamos frente a um pneumotórax
hipertensivo.
Alternativa E - Correta Exatamente!
Como explicado anteriormente, nosso
principal hipótese é o hemotórax, e
como conduta temos a colocação de um
tubo de drenagem pleural.
Portanto, o gabarito é a alternativa E
_________________________________
88. Primigesta, com 39 semanas de
gestação, encontrase em trabalho de
parto há seis horas. Nas últimas três
horas, manteve a dilatação cervical de 6
cm, sem que houvesse modificações no
colo uterino, que se encontra
medianizado e esvaecido em 50%.
Quando a paciente foi internada,
apresentava três contrações
moderadas em 10 minutos. Nas últimas
duas horas, tem apresentado dinâmica
uterina de duas contrações fracas em 10
minutos. A descida do polo cefálico vem
se processando de forma progressiva e
agora observa-se que o polo cefálico
está no plano zero de De Lee. Com base
no quadro clínico, o diagnóstico e a
conduta são:
A) fase ativa prolongada, distócia
funcional; deambulação e, se
necessário, ocitocina
B) fase de latência prolongada; melhorar as contrações nesse caso,
administrar ocitocina e realizar tornando-as mais intensas e mais
amniotomia. numerosas. Então temos o diagnóstico
de uma fase ativa prolongada, com
C) período pélvico prolongado; realizar
provável distócia funcional e podemos
amniotomia e administrar ocitocina.
usar a ocitocina para conduzir o caso.
D) desproporção céfalo-pélvica relativa;
[Alternativa B: incorreta] A fase de
indicar operação cesariana.
latência é o período que precede o
E) parada secundária de descida; indicar trabalho de parto, quando a dilatação
operação cesariana. ainda é menor que 4cm e não há
contrações eficazes. Não é o caso desta
CCQ: Diagnósticos da assistência ao
paciente que já está em fase ativa do
parto normal
trabalho de parto.
A questão descreve a evolução de um
[Alternativa C: incorreta] O período
parto normal que não evolui, e pede pra
pélvico prolongado ocorre quando a
você dar o diagnóstico intraparto. Ela
paciente já atingiu dilatação total, mas
poderia também colocar os dados num
a descida está lenta. Nesse caso a
partograma pra você avaliar o que
amniotomia pode ajudar a abaixar a
aconteceu.
apresentação, mas uma outra opção é o
As três principais coisas que precisamos uso de forceps de alívio ou vácuo
avaliar pra chegar num diagnóstico extrator. Não é o caso desta paciente,
intraparto são: dilatação cervical, altura que ainda não atingiu dilatação total.
da apresentação e contrações. A
[Alternativa D: incorreta] A
dilatação idealmente deve evoluir 1cm/
desproporção cefalo-pélvica é um
hora na fase ativa, a descida deve
diagnóstico feito quando a dilatação se
abaixar 1 na escala de De Lee por hora
mantém a mesma após 2h na fase ativa
no período expulsivo, e as contrações
mesmo com contrações efetivas. Neste
devem se manter efetivas (3 ou mais
caso precisávamos primeiro tentar
contrações de moderada intensidade
melhorar as contrações para, se a
em 10 min).
dilatação ainda se mantivesse igual,
[Alternativa A: correta] No caso pensarmos neste diagnóstico.
apresentado, temos uma paciente com
[Alternativa E: incorreta] A **parada
dilatação mantida por 3h na fase ativa,
secundária da descida **é a
o que é mais tempo que o ideal. Mas
manutenção da altura após 1h de
quando avaliamos as contrações,
período expulsivo e também pode
chegamos na provável causa para essa
significar que há desproporção cefalo-
fase ativa mais longa, que são
pélvica. Neste caso, a alternativa é a
contrações ineficazes (duas contrações
realização de cesária já que não há
fracas em 10 min). Trata-se de uma
espaço para progressão do feto pelo
distócia funcional, que pode ocorrer
canal de parto.
por exaustão materna, principalmente
em primigestas. A ocitocina ajuda a
Pra aproveitar, o último diagnóstico
intraparto, que a questão não traz nas
alternativas é o parto taquitócito, que é
aquele em que dilatação, descida e
expulsão ocorrem em menos de 4h.
Nesses casos há maior risco para
lacerações e atonia uterina.
Portanto, a alternativa correta é a A
_________________________________
89. Em uma reunião de planejamento
com os gerentes das Unidades de
Atenção Básica de um município de
médio porte, são avaliados os motivos
das falhas nos fluxos dos usuários em
relação aos serviços de Urgência e
Emergência locais. Para que essa
discussão seja produtiva, o gestor local
esclareceu, para os participantes da
reunião, conceitos importantes sobre
Redes de Atenção no Sistema Único de
Saúde. Entre os conceitos apresentados
pelo gestor sobre o tema, quais estão
previstos nas normas do SUS?
A) Os pontos de atenção a Urgência e
Emergência nas Redes de Atenção à
Saúde são as estruturas hospitalares
terciárias, que possuem instrumental
tecnológico apropriado para estas
condições, sendo que estes pontos
devem estar interligados com os
demais níveis através de um transporte
sanitário adequado.
B) As Redes de Atenção à Saúde
caracterizam-se pela formação de
relações verticais entre os pontos de
atenção, tendo como porta de entrada
a Atenção Primária à Saúde, pois este
nível é o responsável pela triagem inicial
dos pacientes e o encaminhamento
primário para os pontos de cuidado
mais apropriados para cada caso.
C) Os pontos de atenção a Urgência e
Emergência devem estar no centro das
Redes de Atenção à Saúde, pois nesses
locais são realizados cuidados
essenciais à saúde das pessoas, assim
como a efetiva comunicação e
coordenação do cuidado dentro da
Rede por meio do apoio de sistema
técnico, logístico e de gestão entre os
níveis.
D) As Redes de Atenção à Saúde são
definidas como um modelo linear de
cuidado dentro do sistema de saúde.
Elas orientam gestores e usuários sobre
a porta de entrada e o escalonamento
entre os diversos níveis de densidade
tecnológica no sistema, com os seus
objetivos de prestação de serviços
singulares.
E) Nas Redes de Atenção à Saúde, todos
os pontos de atenção são igualmente
importantes para que se cumpram os
objetivos do cuidado integral, que deve
ser realizado por meio de relações
horizontais entre os diversos níveis de
atenção, que diferenciam-se apenas
pelas distintas densidades tecnológicas
que os caracterizam.
CCQ: As Redes de Atenção à Saúde
(RAS) são compostas por pontos de
atenção igualmente importantes e
que se relacionam de forma horizontal
e multidirecional
Em 2010, o Ministério da Saúde
publicou uma Portaria definindo a
organização das RAS, conceituando-as
como "arranjos organizativos de ações
e serviços de saúde, de diferentes
densidades tecnológicas, que
integradas por meio de sistemas de
apoio técnico, logístico e de gestão,
buscam garantir a integralidade do
cuidado”.
Traduzindo, a RAS seria a integração
de diversos serviços, como UBS, UPA,
CAPS etc., com fluxos de referência e
contrarreferência, de acordo com a
necessidade clínica que irá
encaminhar o paciente a certo ponto
da rede.
Sabendo o que é uma RAS e tentando
aplicar seu conceito na prática,
podemos resolver essa questão sem
maiores problemas.
Vamos analisar as alternativas de baixo
para cima?
Alternativa A - incorreta: Na RAS de
urgência e emergência, diversos são os
pontos de atenção que podem oferecer
o cuidado: APS, UPA 24h, SAMU,
atenção domiciliar e atenção hospitalar.
Alternativa B - incorreta: As relações
na RAS são horizontais e não verticais.
Além disso, a APS não se configura
somente com um local de triagem, mas
também é responsável pela oferta do
cuidado, assim como existem outros
pontos de triagem a depender da
situação.
Alternativa C - incorreta: Pessoal, não
faz sentido os serviços de Urgência
serem o centro de uma RAS. Nesses
serviços, não se conhece o histórico do
paciente, por exemplo. Assim, como
integrar as atividades?
Alternativa D - incorreta: Não se trata
de um modelo linear, mas sim com
várias direções, não necessariamente
tendo um escalonamento entre os
níveis e sim uma complexa integração.
Alternativa E - correta: Todos os
pontos de uma RAS são igualmente
importantes. São somente serviços
distintos responsáveis por situações
específicas e com tecnologias
adequadas para cada situação. É dito
que as relações são horizontais, pois
pode ocorrer um fluxo multidirecional,
não havendo uma hierarquia entre eles.
As principais RAS que temos no SUS
são:
• Rede Cegonha.
• Rede de Cuidado à Pessoa com
Deficiência.
• Rede de Atenção Psicossocial.
• Rede de Urgência e Emergência.
• Rede de Atenção às Pessoas
com Doenças Crônica.
Portanto, ficamos com a alternativa E
como gabarito
_________________________________
90. Primigesta com 30 anos de idade, 38
semanas de gestação e pré-natal sem
intercorrências, é admitida na
Maternidade em trabalho de parto. Ao
exame físico na admissão, pressão
arterial = 100 x 60 mmHg, altura uterina
= 35 cm, dinâmica uterina - 2 contrações
em 10 minutos, frequência cardíaca
fetal = 140 bpm. Ao toque vaginal, colo
fino, 3 cm de dilatação, apresentação
cefálica, bolsa íntegra.Analisando a
evolução do trabalho de parto,
conforme o partograma mostrado
acima, a hipótese diagnóstica e a
conduta correta, após 10 horas de
observação, são, respectivamente:

A) fase ativa prolongada; administrar
ocitocina.
B) parada secundária da descida;
realizar cesariana.
C) parada secundária da dilatação;
realizar cesariana.
D) parada secundária da dilatação;
administrar ocitocina.
E) parada secundária da descida;
realizar analgesia (bloqueio
combinado).
CCQ: Avaliação de distocias no
partograma.
Você não pode se assustar com
questões de partograma, lembre que
ele está lá pra facilitar a visualização da
condução de trabalho de parto.
Note que a paciente da questão não
tem comorbidades, está em uma
gestação a termo e dá entrada em
trabalho de parto espontâneo.
Portanto, vamos apenas conduzir esse
trabalho de parto fisiológico.
No topo do partograma temos a
progressão da dilatação (triângulos) e
da descida da apresentação fetal
(círculos cortados).
No meio temos a frequência cardíaca
fetal (FCF).
Na parte de baixo temos as contrações,
sendo cada quadrado uma contração e
são preenchidos totalmente ou pela
metade de acordo com a duração desta
contração, conforme a legenda.
Por último, note que a bolsa foi rota na
sétima hora do registro.
Temos que avaliar também as linhas
diagonais que cortam o partograma:
linha de alerta e linha de ação,
sequencialmente. Ao preencher o
partograma, quando notamos que a
evolução ultrapassa a linha de alerta, é
preciso ficar atento para possíveis
distocias. Ao ultrapassar a linha de
ação, é preciso realizar alguma medida
que estimule a progressão do trabalho
de parto.
Note que, ao se aproximar da linha de
ação, a bolsa tornou-se rota. Não
sabemos se foi uma bolsa rota
espontaneamente, mas a amniotomia
artificial pode ser indicada para acelerar
partos prolongados.
Agora que você já sabe ler o
partograma, vamos analisar qual o
diagnóstico que ele sugere:
Alternativa A - incorreta. A fase ativa
prolongada é definida pela progressão
menor que 1cm por hora de dilatação
durante o trabalho de parto. Neste caso
a paciente teve uma dilatação
prolongada, mas houve parada dessa
dilatação com 6cm.
Alternativa B - incorreta. A parada
secundária da descida é definida como
parada na descida da apresentação
fetal. Só podemos dar esse diagnóstico
quando a paciente já está com dilatação
cervical total e mesmo assim não há
progressão na descida.
Alternativa C - correta. Houve duas
avaliações repetidas com a mesma
dilatação (6cm) na nona e décima hora
de observação, além de ultrapassar a
linha de ação, apesar de contrações
efetivas. Podemos concluir que há,
então, PARADA SECUNDÁRIA DA
DILATAÇÃO, possivelmente por
desproporção cefalo-pélvica, o que
indica realização de cesariana.
Alternativa D - incorreta. A ocitocina
ajuda a otimizar as contrações durante
o trabalho de parto. No entanto, a
paciente apresenta 4 contrações em 10
min, sendo duas com mais de 40
segundos. Ou seja, as contrações já
estão efetivas e não há indicação de
ocitocina.
Alternativa E - incorreta. A analgesia é
uma opção em partos prolongados, pois
ajuda no relaxamento da gestante e
pode ser útil em casos de exaustão
materna. No entanto, a paciente ainda
não chegou à dilatação total para
pensarmos em parada secundária da
descida.
Portanto, a única alternativa correta
está na letra C.
_________________________________
91. Recém-nascido com 36 semanas de
idade gestacional, parto cesariano,
Apgar 6 e 8, peso de nascimento= 2.100
g, evoluiu com sintomas precoces e
graves nas primeiras 24 horas de vida
(icterícia, hepatoesplenomegalia,
elevação das enzimas hepáticas,
anemia, trombocitopenia e
hemorragia), associados ao quadro de
microcefalia com calcificações
cerebrais periventriculares,
microftalmia, corriorretinite e surdez. A
principal hipótese diagnóstica para esta
infecção congênita e o tratamento de
escolha são, respectivamente:
A) herpes simples e aciclovir.
B) citomegalovírus e ganciclovir.
C) rubéola e tratamento de suporte
D) sífilis congênita e penicilina
cristalina.
E) toxoplasmose e
piremetamina/sulfadiazina.
CCQ: Saber que infecção congênita
por citomegalovírus cursa com
microcefalia com calcificações
cerebrais PERIVENTRICULARES,
microftalmia, corrioretinite e surdez
Pessoal, questão sem muito mistério
sobre infecções congênitas! Como você
bem deve saber, as infecções
congênitas podem ter uma série de
manifestações clínicas comuns, como
manifestações cutâneas,
oftalmológicas e viscerais. No entanto,
no caso da questão, havia uma
alteração específica que direcionava
nossa suspeita: a presença de
calcificações periventriculares ao
exame de imagem, muito sugestiva de
infecção por Citomegalovírus.
O citomegalovírus (CMV), um vírus da
família herpesvírus, é transmitido por
meio de contato íntimo com secreções
ou excreções de pessoas infectadas. A
infecção intra-uterina ocorre em
gestantes com infecção pelo vírus,
primária ou por reativação, e a chance
de defeitos congênitos é inversamente
proporcional à idade gestacional. É
importante destacar que, além da
infecção vertical, a criança também
pode se infectar com o vírus durante o
trabalho de parto ou via aleitamento
materno.
O quadro clínico, em 90% dos casos, é
assintomático. No entanto, quando
causa sintomas, o citomegalovírus está
associado ao crescimento intrauterino
restrito (CIUR), prematuridade,
hepatoesplenomegalia, hepatite,
pneumonia, trombocitopenia, surdez
neurossensorial e atrofia óptica. A
forma mais grave da doença, chamada
doença de inclusão citomegálica cursa
com hepatoesplenomegalia, icterícia,
microcefalia, coriorretinite e em questão! Portanto, essa é a nossa
calcificações cerebrais
periventriculares.
O diagnóstico é feito por sorologia IgG
e IgM da mãe e do RN, bem como
pesquisa de PCR para CMV na urina do
RN, em 03 amostras. O tratamento é
feito em recém-nascidos sintomáticos,
com comprometimento do sistema
nervoso central ou com doença
multissistêmica, com administração de
ganciclovir EV, por 06 semanas.
Um algo a mais: um dos principais
diagnósticos diferenciais da
citomegalovirose congênita é a
infecção por toxoplasmose. Você pode
diferenciar essas duas infecções por
meio dos achados na tomografia de
crânio, que demonstram calcificações
difusas na Toxoplasmose, e
periventriculares na citomegalovirose.
Sabendo disso, vamos às alternativas:
Alternativa A – Incorreta: A infecção
congênita por herpes simples é muito
rara e acomete pele (lesões vesiculares),
olho (coriorretinite, microftalmia) e
sistema nervoso central (microcefalia e
hidranencefalia). No entanto, não são
encontradas calcificações ao exame
tomográfico nem alterações como
icterícia, elevação de enzimas
hepáticas, hepatoesplenomegalia e
trombocitopenia. Portanto, não se
constitui na principal hipótese
diagnóstica para o nosso caso.
Alternativa B – Correta: Como vimos, o
citomegalovírus, em sua forma mais
grave, cursa com icterícia,
hepatoesplenomegalia, microcefalia,
trombocitopenia e calcificações
periventriculares, exatamente as
manifestações encontradas no paciente
hipótese mais provável e deve ser
tratada com ganciclovir.
Alternativa C – Incorreta: A rubéola se
manifesta com a “tríade SPC”,
caracterizada por surdez
neurossensorial, persistência do canal
arterial e catarata. Não se encaixa tanto
com o quadro do nosso paciente, não é
mesmo?
Alternativa D – Incorreta: A sífilis
congênita tem uma miríade de
manifestações, no entanto, entre elas,
não se encontra padrão de calcificação
periventricular à tomografia de crânio.
Portanto, não é o diagnóstico mais
provável para o nosso caso.
Alternativa E – Incorreta: O padrão de
calcificação da toxoplasmose é difuso,
não se encaixando com o que foi
descrito pela questão.
Portanto, ficamos com letra B como
gabarito
________________________________
92. Paciente com 17 anos de idade,
primípara, encontra-se no 7.º dia pós-
parto e permanece internada no
alojamento conjunto, acompanhando
seu recém-nascido, em tratamento de
sepse neonatal. Nesse período, a
paciente começa a apresentar quadro
de insônia, delírios de grandeza,
alternados com manifestações
paranoides. Diz que ouve vozes e vê
sombras que querem pegá-la e trocar
seu bebê. Durante o dia, apresenta
agitação psicomotora ininterrupta. Ela
não apresenta nenhum sintoma
associado a infanticídio ou ideário
negativo em relação à sua maternidade,
mas diz que prefere morrer a ser "pega
pelas sombras". A família nega qualquer
quadro anterior semelhante. Baseado
na sintomatologia apresentada, o
diagnóstico é:
A) disforia pós-parto.
B) psicose pós-parto.
C) depressão pós-parto.
D) transtorno de ansiedade.
E) transtorno bipolar (psicose maníaco-
depressiva).
CCQ: Saber que delírios de grandeza,
alucinações auditivas/visuais e
sintomas paranoides são
manifestações clássicas da psicose
puerperal
Pessoal, boa questão aqui para
recordarmos os transtornos
psiquiátricos que podem estar
presentes no pós parto.
Vamos recordá-los? Os principais são
baby blues, depressão pós parto e
psicose puerperal.
O Baby Blues é o transtorno
psiquiátrico mais comum no pós-parto,
está relacionado as dificuldades
inerentes a chegada de uma criança na
vida de uma mulher. A mulher pode
referir sentimentos de tristeza e
impotência, podendo sentir-se incapaz
de cuidar da criança. Não há desejo de
realizar mal a criança e os sintomas
duram no máximo 2 semanas com
melhora completa, pode acometer 80%
das mulheres.
A depressão pós parto apresenta os
mesmos sintomas que o baby blues, o
que as diferencia é o tempo de duração.
A depressão dura mais que 2 semanas.
Os sintomas são de tristeza profunda,
perda de interesse pelas atividades de
vida diária, sensação de impotência e
incapacidade de cuidar do bebê, pode
cursar com ideação suicida.
A psicose puerperal, como o nome já
diz cursa com sintomas psicóticos, há
alucinações auditivas e visuais, a
paciente pode ouvir vozes de comando
e tentar realizar algo com a criança
(como matá-la em virtude da audição
das vozes). Não há ideação suicida, a
paciente pode tentar se matar para
fugir de suas alucinações, como
acontece na questão. Pode haver
delírios de grandeza e manifestações
paranoides de que está sendo
perseguida. Diferentemente do baby
blues que surge logo após o parto a
psicose surge de uma semana a 1 mês
após esse.
A psicose puerperal pode ser uma
contraindicação ao aleitamento
materno, se a paciente apresentar
ideação de infanticídio.
Vamos analisar os itens:
Alternativa A e C - Incorretas:
Podemos excluir essas duas alternativas
das nossas hipóteses pela presença
marcada de alucinações na paciente,
que não estariam presentes nessas
condições.
Alternativa B - Correta: A questão
apresenta um quadro clássico de
psicose puerperal.
Alternativa C - Incorreta: Não há
sintomas depressivos no caso clínico
apresentado.
Alternativa E - Incorreta: O transtorno
bipolar com sintomas psicóticos pode
apresentar manifestações parecidas
com a da psicose da paciente. No
entanto, teríamos que ter bem
caracterizado um episódio maníaco
prévio, a paciente não apresenta
nenhum transtorno psiquiátrico
previamente relatado, sendo o caso
mais compatível com psicose puerperal.
Portanto, o gabarito é a alternativa B
_________________________________
93. A Unidade Básica de Saúde de uma
pequena cidade é responsável pela
atenção a um asilo municipal. Em uma
das visitas ao asilo, o médico atende um
homem de 78 anos de idade com
quadro de tosse produtiva há
aproximadamente um mês. O paciente
dorme em um quarto com outros três
idosos, e, na instituição, vivem ao todo
23 idosos. Já fez uso de antialérgico e
azitromicina - 500 mg por 5 dias, sem
melhora. Após coleta de escarro, é feito
diagnóstico de tuberculose pulmonar e
iniciado tratamento. Qual a conduta a
ser adotada em relação aos
contactantes?
A) Os três idosos que dividem o quarto
com o paciente índice devem ser
tratados para tuberculose.
B) Todos os contatos devem coletar
duas amostras de escarro para exame
de BAAR.
C) Somente os sintomáticos
respiratórios devem ser investigados
para tuberculose.
D) Contatos assintomáticos devem
realizar prova tuberculínica.
E) Todos os contatos devem realizar
raio-X de tórax.
CCQ: Saber que todo contactante de
tuberculose deve ser investigado e
como investigar
Fala, Pessoal. Questões sobre
investigação de contactantes de
tuberculose pulmonar são
relativamente comuns, então fica
ligado, que é objetivo; todo contactante
deverá ser investigado e, somente em
caso de confirmação de doença ativa,
haverá tratamento. O desafio é saber o
que caracteriza um contactante: todos
aqueles que convivem com o caso
positivo, ou seja, compartilham
ambientes cotidianamente, como em
casa (o que inclui instituição de longa
permanência), escola, trabalho, dentre
outros. A conduta diagnóstica, após
anamnese e exame físico, no entanto,
vai depender se o contactante é:
1) Sintomáticos: RX de tórax +
baciloscopia do escarro;
2) Assintomáticos >10 anos: realizar
PPD;
3) Assintomáticos ≤ 10 anos: realizar
PPD e RX de tórax.
Vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A
investigação inicia-se com anamnese e
exame físico (não tratamento direto).
Alternativa B - Incorreta: O controle
dos contactantes é indicado para todos
que convivem com pacientes
portadores de TB bacilífera (não
somente os sintomáticos).
Alternativa C - Incorreta: Somente
contatos sintomáticos realizam o teste
de escarro, no primeiro momento de
investigação.
Alternativa D - Correta: Todo contato,
independentemente da idade, deve
realizar a prova tuberculínica.
Alternativa E - Incorreta: Somente
contatos sintomáticos ou menores do
que 10 anos realizam o RX de tórax.
Sendo assim, o gabarito é a
alternativa D
________________________________
94. Homem com 20 anos de idade,
vítima de colisão motociclística em via
pública, foi levado ao hospital pela
equipe de suporte básico de vida, que
relatou inconsciência durante todo o
atendimento. Apresenta abertura
ocular à dor, emite palavras
inapropriadas e postura
decorticação ao estímulo doloroso, com
anisocoria (pupila D > E). Os sinais vitais
são: frequência cardíaca = 68 bpm,
pressão arterial = 160 x 100 mmHg,
frequência respiratória = 20 irpm e
saturação de oxigênio de 98%. A
tomografia computadorizada de crânio
mostrou hematoma subdural com
desvio importante da linha média. As
condutas tomadas para minimizar o
dano cerebral, além da manutenção de
vias aéreas, ventilação e controle da
volemia, devem ser:
A) craniotomia imediata para
drenagem do hematoma e instalação
de monitorização de pressão
intracraniana.
B) fixação de parâmetros ventilatórios
para manter a pCO2 entre 25 e 30
mmHg, manitol endovenoso em bolus e
craniotomia após redução da pressão
intracraniana para drenagem do
hematoma
C) fixação de parâmetros ventilatórios
para manter a pCO2 entre 25 e 30
mmHg, furosemida por via endovenosa
em bolus, craniotomia imediata para
drenagem do hematoma e instalação
de monitorização de pressão
intracraniana.
D) fixação de parâmetros ventilatórios
para manter a pCO2 entre 25 e 30
mmHg, manitol endovenoso em
infusão lenta, craniotomia imediata
para drenagem do hematoma e
instalação de monitorização de pressão
intracraniana.
E) fixação de parâmetros ventilatórios
para manter a pCO2 entre 25 e 30
mmHg, manitol endovenoso em bolus,
craniotomia imediata para drenagem
de
do hematoma e instalação de
monitorização de pressão
intracraniana.
CCQ: Conduta frente a um hematoma
subdural
Paciente vítima de acidente
automobilístico, desacordado, com
sinais vitais bons, mas com um Glasgow
de 8 (abertura ocular a dor 2; palavras
inapropriadas 3; decorticação 3). Na
tomografia, foi diagnosticada a causa
do rebaixamento de nível de
consciência: um hematoma subdural
com importante desvio de linha média,
provavelmente na iminência de
herniação e com elevação da pressão
intracraniana (PIC). A banca pergunta
quais as condutas a serem tomadas.
Para hematomas subdurais pequenos,
mesmo em coma, o tratamento pode
ser conservador não cirúrgico, desde
que:
• paciente esteja estável;
• <10 mm de coágulo;
• ausência de sinais clínicos ou
neuroimagem de herniação
cerebral;
• ausência de aumento da PIC;
• desvio da linha média < 5mm.
Caso o paciente não apresente todos
esses fatores, o tratamento deve ser
drenagem cirúrgica **imediata, **com
craniotomia. Além disso, algumas
medidas devem ser tomadas como:
• Cabeceira elevada à 30°;
• Instalar monitorização da
pressão intracraniana para
avaliar;
• Manter parâmetros
ventilatórios baixos (PaCO2
entre 25 a 30) ao promover
hiperventilação. Isso provoca
vasoconstrição arterial e diminui
a PIC;
• Manitol venoso in bolus, com
objetivo de manter
osmolaridade plasmática em
torno de 300mOsm/kg;
• Se paciente hipotenso, pode ser
feito solução salina hipertônica
no lugar do manitol;
• Além de, manter níveis
adequados de temperatura,
glicemia, pH, PO2, saturação,
PAM ≥100.
Uso de anticonvulsivantes é válido, mas
não muda o prognóstico, não sendo
obrigatório. Diuréticos não são drogas
que devem ser empregadas. Se níveis
muito altos da pressão arterial, deve-se
usar IECA ou beta-bloqueadores.
Corticoides não são recomendados pois
não altera o prognóstico, podendo
piorar alterações nutricionais e
metabólicas.
Alternativa A: incorreta Craniotomia e
monitorização da PIC devem ser feitas,
mas a alternativa está incompleta, pois
não toma todas as condutas.
Alternativa B: incorreta A craniotomia
deve ser imediata!
Alternativa C: incorreta Não é feito
diuréticos, sim manitol ou solução
salina hipertônica.
Alternativa D: incorreta O manitol deve
ser in bolus, e não em infusão lenta.
Alternativa E: correta Como exposto
acima, essa alternativa aborda todas as
condutas necessárias.
Portanto, o gabarito é a alternativa E
______________________________
95. Homem com 27 anos de idade, sem
antecedentes patológicos, é admitido
no Hospital com quadro de dor e edema
em membros inferiores. O paciente
informa ter corrido uma maratona sob
tempo chuvoso há cinco dias. O
paciente relata também redução do
volume urinário e urina de coloração
escura. No dia anterior à hospitalização,
apresentou náuseas, vômitos e
tremores de extremidades. O exame
físico não mostra outras alterações
além da dor à compressão de estruturas
musculares e da PA = 150 x 90 mmHg.
Os exames iniciais mostram:
RESULTADO DO EXAME | VALOR DE
REFERÊNCIA Creatinina sérica= 4,2
mg/dL | 0,6-1,3 mg/dL Ureia
sérica=150mg/dL | 15-38mg/dL
TGO/AST= 750 U/L | até 38 U/L
TGP/ALT= 520 U/L | até 41 U/L
Creatinoquinase sérica= 9.800 U/L | 38-
174 U/L Na+sérico= 141 mEq/L | 135-145
mEq/L K+sérico= 4,6 mEq/L | 4,5-
5,5mEq/L Hemograma sem alterações
Urina tipo I (EAS): hemoglobina++++;
eritrócitos: 6-8/campo; leucócitos: 1-
2/campo O raio-X de tórax e a
ultrassonografia de abdome foram
normais. Com base nos dados
apresentados, o diagnóstico e a
conduta inicial a ser tomada são,
respectivamente:
A) leptospirose; hemodiálise.
B) polimiosite; glicocorticóides.
C) rabdomiólise; hidratação
endovenosa.
D) desidratação; hidratação
endovenosa.
E) síndrome hepatorrenal; albumina
associada à terlipressina.
CCQ: Saber que antecedente de
exercício físico intenso com CPK
elevada + oligúria + dor muscular +
urina escura sugere diagnóstico de
rabdomiólise
Fala mentorando! Questão com tópico
muito frequente nas provas, então bora
lá entender o que a banca queria de nós.
Temos um paciente jovem com
antecedente de correr maratona em
chuva (esse "na chuva" foi para te
confundir com leptospirose), que agora
cursa com oligúria + dor muscular + CPK
(creatinoquinase) elevada e urina
escura. Opa! Aqui já devemos ter um
diagnóstico em mente, o de
rabdomiólise.
É uma condição que ocorre após
estresses muito grandes nos músculos;
estes podem ser por lesão externa
(esmagamento) ou outras causas, como
exercício físico muito intenso. Ocorre
pela destruição de células musculares,
as quais liberarão seu conteúdo no
plasma sanguíneo. E o que temos neste
conteúdo?
• Potássio;
• Ácido úrico;
• Creatinoquinase;
• Fosfato;
• Hemoglobina.
Lembre-se que a hemoglobina é tóxica
para os seus rins e, por isso, o paciente
desenvolverá uma injúria renal aguda
(IRA). O principal tratamento a ser feito
é a hidratação do paciente, assim
aumentando a excreção destes
metabólitos tóxicos.
Agora, vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A banca
tentou nos confundir aqui, mas lembre-
se que a dor muscular é principalmente
em panturrilhas e também se manifesta
comumente com febre e icterícia. Além
de que o histórico seria de caminhar em
enchentes, e não na chuva
simplesmente.
Alternativa B - Incorreta: Polimiosite é
uma doença reumatológica
inflamatória dos tecidos musculares,
onde o paciente não apresentaria um
quadro agudo sem histórico condizente
algum. Por isso, esta hipótese é pouco
provável.
Alternativa C - Correta: Exatamente!
Como explicado acima.
Alternativa D - Incorreta: A síndrome
hepatorrenal ocorre por uma disfunção
hepática que causa uma disfunção
renal, onde o tratamento principal é a
correção desta desordem hepática
(transplante); geralmente ocorre em
pacientes com histórico de doença
hepática, como a cirrose. Note que
nosso paciente não se enquadra nessas
características.
Portanto, o gabarito é a alternativa C
________________________________
96. Mãe comparece à Unidade Básica
de Saúde com filha de 7 meses,
previamente hígida, com quadro de
diarreia há 12 dias, com fezes líquidas
desde o início do quadro. Nega cirurgias
prévias, vômitos, febre ou presença de
sangue nas fezes. Atualmente
apresenta dermatite em região de
fraldas e evacuações explosivas.
Alimentada exclusivamente com leite
materno até completar 4 meses de
idade, sua alimentação consiste em
leite em pó integral, suco e papa de
frutas. Não apresenta perda de peso
significante. Com base no quadro
clínico apresentado, o diagnóstico e a
conduta adequada para esta lactente
são, respectivamente:
A) doença celíaca; dieta isenta de
glúten.
B) intolerância à lactose; dieta isenta de
lactose.
C) alergia ao leite de vaca; dieta isenta
de leite.
D) fibrose cística; terapia de reposição
enzimática.
E) doença inflamatória intestinal;
antibioticoterapia.
CCQ: Saber que a intolerância à
lactose se manifesta com diarreia
crônica explosiva, aumento de acidez
das fezes e dermatite em região de
fraldas
Pessoal, temos uma lactente de 07
meses, apresentando diarreia explosiva
há cerca de 12 dias, assadura perineal e
história de consumo de leite em pó
integral desde os 04 meses. O conjunto
das manifestações clínicas e da história
da moléstia nos leva a pensar, claro, em
intolerância à lactose. Vamos rever
alguns pontos dessa patologia?
A intolerância à lactose ocorre devido a
um déficit de lactase na mucosa
intestinal. Com isso, a lactose não é
digerida em galactose e glicose, não
sendo, então, absorvida pelo intestino.
Não sendo absorvida, ela, por ter
grande poder osmótico, desloca grande
quantidade de água para dentro da luz
intestinal, o que explica a diarreia;
paralelamente, sua digestão se dá num
processo fermentativo, o que aumenta
a produção de gases, distendendo o
abdome. Nesse processo, as fezes
acabam por ficar mais ácidas, o que,
associado à maior frequência
evacuatória, predispõe à formação de
assaduras. O diagnóstico pode ser feito
por meio do teste de acidez das fezes,
do hidrogênio na respiração e da
intolerância à glicose. Já o tratamento
passa, evidentemente, pela suspensão
da lactose da dieta.
Um algo a mais: é importante lembrar
que a intolerância à lactose pode ser
transitória, principalmente após
infecção por rotavírus ou por giárdia!
Sabendo disso, vamos analisar as
alternativas:
Alternativa A - Incorreta: A doença
celíaca, em geral, cursa com déficit
pondero-estatural, além de
esteatorreia e desnutrição. Como
vimos, nossa paciente apresenta peso
normal, tornando essa hipótese
diagnóstica pouco provável.
Alternativa B - Correta: A intolerância
à lactose deve sempre ser pensada em
pacientes com diarreia explosiva,
dermatite em área de fraldas e com
histórico de interrupção do aleitamento
antes dos 06 meses. O tratamento deve
ser feito com dieta isenta de lactose.
Alternativa C - Incorreta: A alergia ao
leite de vaca cursa com prurido oral,
náuseas, vômitos, dor abdominal,
cólicas, diarreia crônica, podendo haver
sangue nas fezes. Déficit pondero-
estatural costuma estar presente.
Como vimos, nossa paciente apresenta
peso normal e ausência de
manifestações cutâneas, tornando essa
hipótese pouco provável.
Alternativa D - Incorreta: A fibrose
cística costuma levar à síndrome
disabsortiva, com fezes gordurosas,
flatulência, distensão abdominal,
desnutrição ou dificuldade de ganho
ponderal e deficiência de vitaminas
lipossolúveis. Como vimos, nossa
paciente apresenta peso normal,
tornando essa hipótese diagnóstica
pouco provável. Além disso, quando a
questão quer nos fazer pensar em
fibrose cística, há menção ao atraso de
eliminação do mecônio ou a infecções
respiratórias de repetição.
Alternativa E - Incorreta: A doença
inflamatória intestinal normalmente se
manifesta com dor abdominal, fezes
com presença de sangue e déficit
pondero-estatural. Nossa paciente não
apresenta nenhuma dessas
manifestações.
Portanto, ficamos com letra B como
gabarito!
_________________________________
97. Homem com 75 anos, casado,
empresário, exercendo sua atividade
profissional regular, sem
comorbidades, vai à consulta
ambulatorial apresentando déficit de
memória e lapsos quando conversa, por
dificuldade de lembrar as palavras. A
esposa refere que frequentemente o
paciente não lembra onde guardou suas
coisas pessoais. Em uma ocasião saiu
sozinho e foi encontrado parado em via
pública por não recordar o caminho de
casa. O exame mini mental mostrou
pontuação 19. Os demais aspectos do
exame neurológico são normais. A
tomografia computadorizada do crânio trata-se de um déficit cognitivo
mostra discreta atrofia cortical. A de intensidade moderada;
esposa solicita que não seja informada a
• Os achados da TC, analisados
provável hipótese diagnóstica ao
em conjunto com o quadro
marido. De acordo com o Código de
clínico, sugerem síndrome
Ética Médica, qual deve ser a conduta
demencial.
adotada pelo médico em relação ao
pedido da esposa? Vamos ver o que o Código de Ética
Médica diz a respeito de informar ou
A) Informar ao paciente o diagnóstico e
não ao paciente:
orientá-lo sobre a forma de progressão
da doença. • Art 31: É vedado ao médico
desrespeitar o direito do paciente ou de
B) Respeitar o desejo da esposa, pois a
seu representante legal de decidir
informação do diagnóstico ao paciente
livremente sobre a execução de práticas
lhe trará danos.
diagnósticas ou terapêuticas, salvo em
C) Encaminhar o paciente para outro caso de iminente risco de morte.
médico, orientando que este informe o
• Art 34: É vedado ao médico deixar de
diagnóstico ao paciente.
informar ao paciente o diagnóstico, o
D) Traçar um plano de ação com a prognóstico, os riscos e os objetivos do
esposa para que ela informe, tratamento, salvo quando a
progressivamente, o diagnóstico ao comunicação direta possa lhe provocar
marido. danos, devendo, nesse caso, fazer a
comunicação a seu representante legal.
E) Aguardar a evolução, postergando a
informação do diagnóstico ao paciente Concluímos, portanto, que o paciente
até que o quadro clínico tenha se deve ser informado do seu estado de
agravado. saúde.
CCQ: Saber que o médico não pode Agora, vamos dar uma olhada nas
omitir informações sobre o alternativas:
diagnóstico ou estado de saúde de um
Alternativa A - Correta: Isso mesmo!
paciente a ele, salvo em situações nas
Como vimos acima, de acordo com o
quais as informações possam causar
código de ética médica, o paciente deve
danos ao paciente
ser informado.
Pessoal, uma questão de ética médica
Alternativa B - Incorreta: A solicitação
abordando o direito do paciente a ter
da esposa não poderá ser atendida,
informações sobre seu estado de saúde.
pois, nesse caso, o paciente tem
• A questão mostra uma condições e direito de ser informado.
pontuação de exame
Alternativa C - Incorreta: O
minimental de 19, sendo que o
encaminhamento não resolverá a
valor de corte para pessoas
situação e ainda atrapalhará na
saudáveis é de 27. Considerando
longitudinalidade do cuidado.
que o paciente é escolarizado,
Alternativa D - Incorreta: Apesar de ser
uma boa alternativa, pensando de
maneira prática, pela lei e pelo código
de ética médica, o paciente tem o
direito de saber, no momento da
consulta, a hipótese diagnóstica.
Alternativa E - Incorreta: É antiético e
ilegal omitir essa informação, bem
como aguardar o agravamento.
Portanto, o gabarito é a letra A
________________________________
98. Um médico que trabalha em uma
comunidade urbana de médio porte foi
convidado para participar de uma
entrevista numa rádio local. O objetivo
da entrevista era conscientizar a
população sobre o enfrentamento de
epidemia da dengue que o município
passava no momento. Quando foi
indagado sobre a importância da
Atenção Básica nesse enfrentamento, o
médico utilizou os conceitos
estabelecidos na Política Nacional de
Atenção Básica do Ministério da Saúde.
De acordo com esse documento, qual
das alternativas abaixo está correta em
relação ao papel da Atenção Básica no
enfrentamento da dengue?
A) Uma das responsabilidades da
Atenção Básica é a vigilância
epidemiológica, que, por meio de seus
agentes comunitários de saúde, deve
identificar e atuar sobre os focos do
vetor da dengue, realizando a
promoção em saúde.
B) A Atenção Básica é o nível de atenção
à saúde responsável pela centralidade
do cuidado às pessoas, com atividades
de assistência integral à saúde da
população, sendo, por isso,
fundamental no enfrentamento da
epidemia de dengue.
C) A Atenção Básica utiliza tecnologias
de baixa complexidade e alta
densidade, conseguindo solucionar os
problemas de saúde mais frequentes e
mais relevantes da população, como na
situação da epidemia de dengue.
D) A Atenção Básica realiza a promoção
da saúde e prevenção das doenças e,
numa epidemia de dengue, este nível
de atenção serve para realizar a triagem
e encaminhamentos dos casos para os
outros níveis.
E) O propósito da Atenção Básica é
realizar os procedimentos básicos de
cuidado à saúde de forma individual,
atuando na epidemia da dengue através
de consultas e procedimentos médicos.
CCQ: Saber que a atenção básica é
responsável pela centralidade do
cuidado às pessoas, age com
assistência integral à saúde e é
fundamental no combate às
pandemias
E aí, mentorando! Aqui temos uma
questão de um tema muito importante
e frequente nas provas. Vamos revisar
alguns conceitos?
A atenção primária à saúde é o nível de
atenção à saúde que funciona como
porta de entrada e base para o sistema.
No Brasil, ela também é chamada de
"Atenção Básica" e orientada pela
Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), que define seus princípios e sua
organização.
Além disso, sabemos que o papel dos
ACS é fundamental no controle da
dengue, sobretudo por esses
profissionais terem acesso direta à Comunitário de Saúde no
comunidade fora da UBS, às suas controle da dengue;
residências e, com treinamento
7. Vistoriar e tratar os imóveis
adequado, são grandes combatentes da
cadastrados e identificados pelo
pandemia!
ACS, que necessitem do uso de
Competências do Agente de Controle larvicidas e/ou remoção
de Endemias: mecânica de difícil acesso, que
não possam ser eliminados pelo
1. Encaminhar os casos suspeitos
ACS;
de dengue à UBS, responsável
pelo território; 8. Nos locais onde não existir ACS,
seguir a rotina de vistoria dos
2. Atuar junto aos domicílios,
imóveis e, quando necessário,
informando seus moradores
aplicar larvicida;
sobre a doença – seus sintomas
e riscos – sobre o agente 9. Elaborar e/ou executar
transmissor e medidas de estratégias para o
prevenção; encaminhamento das
pendências (casas fechadas e/ou
3. Informar o responsável pelo
recusas do morador em receber
imóvel não residencial, sobre a
a visita);
importância da verificação da
existência de larvas ou 10. Orientar a população sobre a
mosquitos transmissores da forma de evitar locais que
dengue; possam oferecer risco para a
formação de criadouros do
4. Vistoriar imóveis não
Aedes aegypti;
residenciais, acompanhado pelo
responsável, para identificar 11. Promover reuniões com a
locais e objetos que sejam ou comunidade, com o objetivo de
possam se transformar em mobilizá-la para as ações de
criadouros de mosquito prevenção e controle da
transmissor da dengue; dengue;
5. Orientar e acompanhar o 12. Notificar os casos suspeitos de
responsável pelo imóvel não dengue, informando a equipe da
residencial na remoção, Unidade Básica de Saúde;
destruição ou vedação de
13. Encaminhar ao setor
objetos que possam se
competente a ficha de
transformar em criadouros de
notificação da dengue,
mosquitos;
conforme estratégia local.
6. Vistoriar e tratar com aplicação
Agora, vamos dar uma olhada nas
de larvicida, caso seja
alternativas:
necessário, os pontos
estratégicos; 30 O Agente
Alternativa A – Incorreta: Embora essa
seja, de fato, uma das
responsabilidades da Atenção Básica,
não se trata de promoção de saúde,
uma vez que se trata de uma doença
específica. Nesse caso, o termo ideal é o
de prevenção específica. Outro
exemplo de prevenção específica é a
distribuição de preservativos para uma
determinada IST.
Alternativa B – Correta: Isso mesmo! A
APS tem a responsabilidade da
centralidade do cuidado, da
integralidade deste e da promoção de
saúde.
Alternativa C – Incorreta: Na verdade,
são tecnologias de baixa tecnologia e
alta densidade. Tecnologias simples
que atuam com grande efetividade.
Alternativa D – Incorreta: A APS pode
ser a porta de entrada do indivíduo,
porém, não funciona apenas como
triagem e tem capacidade de resolver
grande parte das demandas, realizando
encaminhamentos apenas quando
necessário.
Alternativa E – Incorreta: O objetivo
consiste em medidas de ações coletivas
e prevenção de doenças.
Portanto, o gabarito é a letra B
________________________________
99. Adolescente, 16 anos de idade, vai à
consulta ginecológica buscando
orientação. Relata estar namorando há
três meses, nunca teve atividade sexual,
mas pretende começar a ter relações
com o namorado em alguns meses.
Considerando a literatura mais recente,
qual medida teria maior impacto na
prevenção das lesões induzidas pelo
papilomavírus humano para a paciente
em questão, incluindo o câncer de colo
uterino?
A) Realizar vacinação contra o HPV.
B) Realizar captura híbrida anual para
HPV.
C) Fazer uso de anticoncepcional
combinado oral.
D) Realizar exame citopatológico de
colo uterino anual.
E) Recomendar que a paciente oriente o
namorado a procurar um urologista
para realização de peniscopia.
CCQ: Prevenção de infecção por HPV
A prevenção primária de infecção pelo
papiloma vírus humano tem o objetivo
de impedir a infecção ou o contato com
o vírus. Sabemos que o vírus é
altamente prevalente na população
sexualmente ativa e que sua
transmissão ocorre principalmente via
sexual. Além disso, casos
aparentemente subclínicos também
podem transmitir o vírus. Dessa forma,
a orientação de medidas
comportamentais tem pouco efeito na
prevenção de infecção pois o contato já
predispõe transmissão.
[Alternativa A: correta] Por isso,
quando pensamos em prevenção
primária de HPV, excluindo a
abstinência sexual, a opção é a
vacinação, que tem eficácia próxima de
100% para evitar infecção pelos
sorotipos presentes na vacina.
[Alternativa B: incorreta] A captura
híbrida de HPV também é um exame de
diagnóstico de infecção subclínica, não
usado como rastreio ou prevenção de
infecção.
[Alternativa C: incorreta] O uso de
anticoncepcional oral não previne a
infecção pelo HPV, tendo uso na
prevenção apenas de gestação.
Nenhum método contraceptivo
consegue prevenir a infecção, nem
mesmo os de barreira, visto que não
recobrem toda a superfície anogenital
potencialmente infectada.
[Alternativa D: incorreta] A partir do
início da atividade sexual, passamos a
realizar prevenção secundária a partir
do rastreio precoce de lesões causadas A) uso de contracepção hormonal
pelo HPV através do exame combinada.
citopatológico. B) diagnóstico de uma cervicite
[Alternativa E: incorreta] No homem, o inespecífica.
diagnótico precoce de lesões não C) existência de baixos níveis
aparentes pode ser feito com estrogênicos.
peniscopia, quando já houve infecção e
lesão mínima. D) período pré-ovulatório imediato.

Portanto, a questão correta é a E) fase lútea do ciclo menstrual.

alternativa A. CCQ: Caracterização do muco
________________________________ cervical.

100. Mulher, com 25 anos de idade, vem
ao Ambulatório de Ginecologia para
fazer o seu "preventivo" (sic). Relata
ciclos menstruais regulares a cada 28 -
30 dias. Refere que nos dias que
antecedem a menstruação sente-se
mais inchada, com mastalgia e que, nos
dois primeiros dias de fluxo menstrual,
sente cólicas. Ao realizar o exame
especular na paciente, o médico
visualiza o achado mostrado na figura
acima, que é clinicamente compatível
com:
Pelos dados dessa questão, temos uma
paciente jovem-adulta com ciclos
menstruais regulares associados à
alterações pré-menstruais como
mastalgia, inchaço e cólica nos
primeiros dias.
Além disso, ela não apresenta
quaisquer outras queixas! No exame
especular da imagem, observa-se um
colo uterino de coloração habitual, com
presença de secreção ativa em grande
quantidade e transparente.
A partir do exame especular, a questão
quer saber qual seria o quadro clínico
compatível.
Primeiramente, não se trata de uma
cervicite, pois nesses casos seria
visualizado um colo edemaciado,
hiperemiado, friável e sangrante, além
de secreção mucopurulenta ao redor do
OE (teste do cotonete positivo). Além
disso, seriam descritos sintomas
sugestivos como corrimento, disúria ou
dispareunia. Logo, alternativa B -
incorreta.
A secreção apresentada se trata apenas
de MUCO! Temos um muco fino, fluído
e finlante (bem semelhante à clara de
um ovo), que é característico da fase
folicular do ciclo menstrual. Tais
características são ainda mais evidentes
no período pré-ovulatório imediato
(alternativa D - correta) e decorrem
dos altos níveis de estrogênio nessa fase
(alternativa C - incorreta).
Na fase lútea, o muco cervical sofre
ação da progesterona, tornando-se
bem espesso (logo, alternativa E -
incorreta).
O uso de contraceptivos hormonais
combinados modifica o muco cervical,
tornando-o espesso e,
consequentemente, hostil ao
espermatozoide, com a finalidade de se
evitar a fecundação. Portanto,
alternativa A - incorreta.
Gabarito: letra D.
________________________________
101. Mulher com 60 anos de idade,
hipertensa, vai à consulta em Unidade
Básica de Saúde porque apresentou
quadro de parestesias e hemiparesia no
membro superior esquerdo há uma
semana, com reversão espontânea
completa em 12 horas. Pressão arterial
= 180x110 mmHg, ausculta cardíaca
com ritmo irregular, em 2 tempos,
exame neurológico sem alterações
significativas. Traz tomografia
computadorizada de crânio sem
contraste, realizada no dia dos
sintomas, que é normal. Realizou
eletrocardiograma conforme mostrado
abaixo - DII (traz exame semelhante
feito há 60 dias). Qual outro fármaco,
além do tratamento anti-hipertensivo,
é o mais indicado para essa paciente
como medida de maior impacto na
prevenção de novos episódios do
quadro neurológico?
A) Warfarina
B) Clopidogrel.
C) Ticlopidina.
D) Atorvastatina.
E) Ácido acetilsalicílico.
CCQ: Saber que a varfarina está
indicada na prevenção de eventos
tromboembólicos em pacientes com
FA e score CHAD2VASC >2 pontos
Antes de pensar no diagnóstico e
tratamento apresentado pela paciente
da questão, vamos juntos observar o
traçado de seu eletrocardiograma:
• FR elevada (lembrete: para
calcular a FC, divida 1500 pelo
intervalo R-R);
• Complexo QRS estreito;
• Intervalo R-R irregular;
• Sem onda P aparente;
• Irregularidade da linha de base
do ECG.
Essas características, associadas ao
quadro da paciente, tornam a fibrilação
atrial a principal hipótese diagnóstica!
A Fibrilação Atrial (FA) é uma
taquiarritmia em que há frequência
cardíaca elevada (geralmente entre 90 e
170), intervalo R-R irregular, ausência
de onda P e QRS estreito. Seu principal
mecanismo é a presença de circuitos de
reentrada, em que extrassístoles
originam pequenos circuitos elétricos
aleatórios nos miócitos atriais doentes.
Dessa forma, não há onda P regular
seguida de QRS, mas irregularidade na
linha de base do ECG (ondas F).
É muito importante lembrarmos que os
portadores de fibrilação atrial
apresentam uma predisposição a
eventos tromboembólicos, tendo em
vista que a FA favorece o acúmulo de
sangue nos átrios, levando à formação
de trombos, que podem se desprender
e causar eventos isquêmicos. (A
paciente da nossa questão parece ter
tido um ataque isquêmico transitório
recente!) Assim, deve ser avaliada a
necessidade de anticoagulação para
esses pacientes, a partir do score
CHA²DS²-VASC. Uma pontuação maior
ou igual a 2 indica anticoagulação para
o resto da vida do paciente.
PS: Caso você não conheça esse score,
essas são as variáveis pontuadas.
• Presença de ICC: 1 ponto;
• HAS: 1 ponto;
• Idade maior ou a 75 anos: 2
pontos;
• Diabetes Mellitus: 1 pontos;
• História de AVC, AIT ou evento
tromboembólico: 2 pontos;
• Doença vascular: 1 ponto;
• Idade entre 65 e 74 anos: 1
ponto;
• Sexo feminino: 1 ponto.
Como a paciente da questão é mulher
com história de AIT, ela pontua 3
pontos. A anticoagulação pode ser
realizada com uma associação entre
Enoxaparina e Varfarina, suspendendo
a heparina após a normalização do RNI,
ou com monoterapia com os novos
anticoagulantes orais (Dabigratan,
Rivaroxaban, Apixaban e Edoxaban).
Dessa forma, temos:
Alternativa A - Correta: A paciente tem
indicação de uso da Varfarina para
prevenção de eventos
tromboembólicos como o AIT
apresentado por ela.
Alternativas B, C e E - Incorretas: Após
AIT de alto risco, ha indicação de terapia
antiplaquetária dupla, que pode ser
feita com AAS e Clopidogrel, e tem a
Ticlopidina como opção. Porém, como
sabemos que a causa do AIT da paciente
muito provavelmente é pela FA, o uso
dos anticoagulantes como a Varfarina
terão maior impacto, já que são eles os
indicados nesse caso.
Alternativa D - Incorreta: A
atorvastatina está indicada pós-AVC,
mas nesse caso não é o medicamento
com mais impacto para prevenção de
novos eventos.
Portanto, o gabarito é a letra A
_________________________________
102. Lactente com 6 meses de idade,
chega ao Pronto- Socorro com história
de irritabilidade e febre de 38oC há dois
dias. A mãe refere que hoje notou
lesões avermelhadas e vesiculares em
toda a região de cabeça e orofaringe.
Ao investigar a história familiar, a mãe
conta que a avó, que mora com a
família, estava com lesões em região de
face esquerda iguais às que são
mostradas na figura abaixo:Pela
avaliação das lesões da avó, o
diagnóstico e o tratamento para esse
lactente são, respectivamente:
A) herpes zoster; internação para
administração de analgésicos e
corticoide endovenosos e lidocaína
tópica.
B) herpes simples; internação para
administração de medicação antiviral e
corticoide endovenosos.
C) coxsackiose; tratamento domiciliar
com antibiótico e embrocação oral com
anestésico.
D) varicela; acompanhamento
ambulatorial e prescrição de
sintomáticos.
E) exantema súbito; prescrição de
sintomáticos e observação de sinais de
piora.
CCQ: Saber que o herpes zóster e a
varicela tem o mesmo agente
etiológico, o vírus varicela-zóster
Fala pessoal! Temos aqui uma questão
muito boa que abordou as doenças
exantemáticas, mais especificamente a
varicela, de uma maneira diferente do
usual.
Nos é apresentado um lactente de 6
meses (nessa idade ainda não recebeu
as vacinas tríplice ou tetra viral) que
iniciou com lesões avermelhadas e
vesiculares na cabeça e orofaringe. Em
uma investigação mais apurada, temos
informação de que a avó do paciente
apresentava lesões vesiculares e
agrupadas na face esquerda.
Mentorando, o avaliador não te deu
essa informação de graça, ele queria
que você diagnósticas e a avó do nosso
paciente com herpes zóster e fizesse a
relação entre o agente causador das
doenças tanto na avó quanto no
lactente.
Alternativa A - Incorreta: O herpes
zóster não é comum na infância,
crianças menores de 10 anos só
costumam ter essa manifestação no
caso de terem se infectado
intrauterinamente pelo vírus varicela-
zóster. Esse é o diagnóstico da avó do
nosso paciente. Lembre-se que a
manifestação dessa doença é com
lesões vesiculares agrupadas em um ou
dois dermátomos adjacentes (mais
comumente apenas em um). Nos
pacientes idosos, previamente ao
aparecimento das vesículas, pode haver
uma sensação de queimação local, e a
incidência de complicações (como a
neuralgia pós-herpética) é aumentada.
Alternativa B - Incorreta: A
gengivoestomatite herpética é causada
pelo vírus herpes simplex, e
normalmente cursa com quadros mais
brandos, em que temos vesículas e
bolhas que atingem os lábios e gengiva;
não costuma atingir regiões como
palato mole e faringe.
Alternativa C - Incorreta: O coxsackie é
um enterovírus que pode levar a uma
variedade grande de quadros clínicos. A
transmissão é fecal oral ou por via
respiratória e, muitas vezes, o indivíduo
fonte é assintomático, dificultando a
elucidação do tempo de incubação e
período de contágio. A síndrome mão
pé boca é causada, mais
especificamente, pelo coxsackie A16, e
cursa com lesões vesiculares e ulcerosas
nesses três lugares que dão nome à
síndrome. O tratamento dessa afecção
é sintomático (assim como na maioria
das doenças exantemáticas de causa
viral) e as medidas de prevenção
incluem a lavagem das mãos e evitar o
compartilhamento de utensílios de uso
pessoal.
Alternativa D - Correta: Como
abordado anteriormente, o agente
etiológico da varicela é o vírus varicela-
zóster, que pertence à família dos
herpes vírus. A transmissão se dá por
contato direto das lesões ou por
aerossol com secreções orofaríngeas do
paciente infectado. O período de
transmissibilidade é de um a dois dias
antes do surgimento do exantema, e se
mantém até todas as vesículas virarem
crostas. As manifestações clínicas se
dão, sobretudo, com um exantema
vesicular polimórfico com distribuição
centrípeta das lesões. Primeiramente,
as lesões surgem no couro cabeludo, na
face e no tronco (há também o
acometimento da mucosa oral),
evoluindo para braços e pernas.
A principal complicação nestes
pacientes é a infecção secundária das
lesões, mas o quadro também pode
acarretar pneumonia e outras
complicações no sistema nervoso
central (encefalite e ataxia cerebelar
aguda). O tratamento é feito com o uso
de medicamentos sintomáticos;
pacientes com mais de 12 anos ou
crianças com algum grau de
imunossupressão podem receber o
aciclovir. Lembrando que a varicela é
uma doença imunizável e sua vacina
entrou no calendário de vacinação
nacional em 2013.
Alternativa E - Incorreta: O exantema
súbito, que também pode ser chamado
de roséola, é uma doença causada pelo
herpesvírus humano tipo 6 e 7, com
transmissão por gotículas de saliva.
Tem uma fase prodrômica (febre alta
que desaparece) e a fase exantemática
(inicia no tronco e pescoço
disseminando centrifugamente) -> esse
é o principal CCQ dessa doença. A
complicação mais cobrada é a crise
febril, podendo acontecer em até 8%
dos casos.
Portanto, o gabarito é a alternativa D
________________________________
103. Mulher com 50 anos de idade
procura Ambulatório de Clínica Médica
com queixa de fadiga e dispneia aos
esforços. Informa ser portadora de
refluxo gastroesofágico, em uso
frequente de cimetidina para alívio
sintomático. Tem endoscopia digestiva
normal. Não tem outras queixas. Ao
exame físico apresenta palidez
cutâneo-mucosa e não há outros
achados relevantes. Hemograma
mostra: Ht = 22%; Hb = 7,1 g/dL; VCM =
102fL; CHCM = 33%; Leucócitos =
2.500/mm3 (neutrófilos = 1.200,
linfócitos = 800, monócitos = 500);
Plaquetas = 95.000/mm3 ; Reticulócitos
ausentes. Com base nestes achados,
qual o diagnóstico mais provável?
A) Anemia perniciosa.
B) Anemia aplásica.
C) Anemia hemolítica.
D) Anemia de doença crônica.
E) Anemia por deficiência de folato.
CCQ: Diagnóstico diferencial de
anemias hipoproliferativas
Anemia é um tema que nunca vai sair de
moda. Por isso, é muito importante que
você entenda e continue revisando esse
assunto.
Estamos diante de uma paciente com
valor bastante reduzido de
hemoglobina, associado à diminuição
de reticulócitos, leucócitos (normal de
5.000 a 11.000 /mm³) e plaquetas
(normal de 150.000 a 400.000 /mm³), o
que caracteriza uma pancitopenia.
Além disso, temos um ligeiro aumento
de VCM (normal entre 80 e 100 fL),
indicando hemácias macrocíticas.
[Alternativa C: incorreta] Apenas com
esses dados, já excluímos anemia
hemolítica, visto que é uma anemia
hiperproliferativa, ou seja, com
reticulócitos aumentados.
[Alternativa D: incorreta] A anemia de
doença crônica acontece quando há
aumento das citocinas pró-
inflamatórias, as quais vão para o fígado
e aumentam a produção de hepcidina.
Por sua vez, a hepcidina reduz a
absorção do ferro intestinal e causa o
aprisionamento do ferro, levando à
anemia. Caracteristicamente, são
anemias normocíticas e
normocrômicas, não se encaixando no
quadro relatado.
[Alternativas A e E: incorretas] Na
anemia perniciosa, temos deficiência de
vitamina B12, visto que autoanticorpos
atacam as células parietais do
estômago ou o próprio fator intrínseco.
Sem fator intrínseco, a absorção de B12
é comprometida. Assim, tanto a anemia
perniciosa quanto a anemia por redução
de folato são anemias
hipoproliferativas, já que não temos
matéria prima suficiente para a
produção da linhagem vermelha.
Ambos os casos cursam com anemia
macrocítica e podem levar à
pancitopenia. Contudo, no estágio
pancitopênico, esperaríamos um valor
de VCM muito superior a 102. Repare
que 102 é muito próximo do limite da
normalidade (100 fL). Além disso, outra
dica que a questão nos deu é a
endoscopia digestiva alta normal.
Pacientes com anemia perniciosa
costumam ter alterações na mucosa
gástrica, com pregas menos
proeminentes. Assim sendo, podemos
excluir ambas as hipóteses
diagnósticas.
[Alternativa B: incorreta] Anemia
aplásica é capaz de justificar todo o
quadro clínico. Trata-se basicamente de
uma insuficiência da medula óssea, a
qual para de produzir adequadamente
todas as linhagens celulares. Por isso,
temos um quadro de pancitopenia. A
principal etiologia é autoimune e o
diagnóstico padrão ouro é a biópsia.
Portanto, a alternativa correta é a B.
Questão difícil. Parabéns a quem
acertou
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104. Homem com 38 anos de idade,
pedreiro, vem à Unidade Básica de
Saúde com relato de dor lombar
contínua há uma semana, aos esforços
acentuados, a qual não causa limitação
de suas atividades diárias. Informa, com
bastante firmeza, diminuição da
sensibilidade na face lateral da perna
esquerda. Ao exame físico apresenta
dor à digitopressão lombar com teste
de Lasègue negativo bilateralmente. A
conduta a ser adotada na sequência
deve ser:
A) prescrever anti-inflamatórios não-
esteróides e fisioterapia.
B) solicitar ressonância nuclear
magnética da coluna vertebral.
C) prescrever infiltração com
corticoesteroides.
D) afastar o paciente do trabalho por 30
dias.
E) solicitar cintilografia de coluna
vertebral.
CCQ: Saber diagnosticar e tratar
lombalgia muscular em paciente
jovem sem sinais de alerta
Questão muito boa sobre lombalgia
aguda, pois aqui ela não exige de nós a
conduta frente a um paciente com
sinais de alerta, ou seja, ela não quer
que identifiquemos o paciente com o
“red flag” que necessite um exame de
imagem.
Homem de 38 anos, pedreiro, com
lombalgia aguda há 1 semana, que NÃO
limita suas atividades diárias. A dor
piora a esforços acentuados e à digito
pressão.
Importante relatar sinal de Lasègue
negativo, excluindo uma ciatalgia,
apesar de relatar diminuição da
sensibilidade na face lateral da perna
esquerda (se compressão de nervo
ciático, o teste iria exacerbar esse
sintoma relatado). Diante do caso,
sabemos que esse pedreiro está com
dor muscular, possivelmente, por conta
de uma distensão muscular da região
lombar.
Para relembramos, quais os sinais de
alerta (“red flags”) no qual devemos
pedir um exame de imagem na
lombalgia:
• idade < 20 anos ou > 50 anos
• traumatismo;
• déficit sensitivo ou motor;
• perda de peso não explicada;
• suspeição de espondilite
anquilosante;
• abuso de álcool ou drogas
(principalmente injetáveis);
• história atual ou passada de
neoplasia;
• uso de corticoide por tempo
prolongado;
• febre;
• visita recente ao médico pelo
mesmo motivo, sem melhora;
• portador de HIV ou doenças
imunossupressoras.
Alternativa A – Correta: Paciente sem
nenhum sinal de alerta, com dor que
não limita atividades diárias e que
possui emprego no qual possa ter
relação com sua dor, devido ao esforço
físico. Devemos prescrever AINES por 7
dias e fisioterapia reabilitadora e de
fortalecimento muscular.
Alternativa B e E – Incorretas: Como
dito acima, paciente sem sinais de
alerta que indiquem um exame de
imagem nesse momento. Contudo, se
houvesse necessidade, uma tomografia
da região lombar seria o melhor exame
para iniciar a investigação etiológica.
Alternativa C – Incorreta: Não existe
indicação de prescrever infiltração de
corticoide para dor de origem muscular.
Alternativa D – Incorreta: O paciente
relatou que a dor não limita suas
atividades diárias. Contudo, sua função
está diretamente relacionada a esforço
físico, se houvesse indicação de
afastamento laboral seria de 7-14 dias,
tempo suficiente em repouso para
tratar uma distensão muscular.
Portanto, alternativa correta é a letra
A
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105. Mulher com 45 anos de idade, em
preparo para colecistectomia por
doença calculosa, procura o médico da
Unidade Básica de Saúde de seu bairro,
apresentando os resultados dos exames
laboratoriais solicitados. O hemograma
apresenta hemoglobina = 11 g/dL. Ela
quer saber sobre o risco da necessidade
de transfusão de sangue durante a
operação. Salienta que não perguntou
ao cirurgião a respeito da necessidade
de transfusão. Tendo como base o Guia
para o Uso de Hemocomponentes do
Ministério da Saúde, o médico
formulará a resposta à paciente com
base no fato de que:
A) a transfusão de hemocomponentes
traz riscos imediatos ou tardios e por
isso deve ser evitada na cirurgia
proposta, se possível.
B) a transfusão de concentrado de
hemácias está recomendada após
perda volêmica superior a 8% da
volemia total.
C) as cirurgias de abdome exigem
reserva de sangue para transfusão
porque pode ser necessário ampliar a
ressecção.
D) as mulheres, após os 40 anos de
idade, podem ter anemia leve, por isso
é correto reservar sangue para a
cirurgia.
E) a transfusão poderá ser indicada com
a finalidade de proporcionar a mais
rápida recuperação da paciente.
CCQ: Contra indicações de transfusão
de hemoderivados
A transfusão de hemoderivados não
deve ser considerada uma opção
terapêutica nas seguintes situações:
1- Para promover aumento da sensação
de bem-estar;
2- Para promover a cicatrização de
feridas;
3- Profilaticamente;
4- Para expansão do volume vascular,
quando a capacidade de transporte de
O₂ estiver adequada.
Nossa paciente está em avaliação pré-
operatória para uma colecistectomia
eletiva. Apresenta discreta anemia,
com níveis de hemoglobina (Hb) de 11
g/dL. Sabemos que indivíduos com
anemia normovolêmica (crônica, não
ocasionada por perda aguda), sem
nenhuma outra comorbidade
associada, podem tolerar um
procedimento como este, sem
necessidade de transfusão, com níveis
de hemoglobina de até 6 a 7 g/dL.
[Alternativa E: incorreta] Sendo assim,
nesse caso, a transfusão não se
encontra indicada.
[Alternativa B: incorreta] A necessidade
de transfusão em uma perda
hemorrágica aguda só acontece quando
existe comprometimento de cerca de
30% da volemia do paciente (1500-2000
ml). Nesses casos, o paciente se
encontraria hipotenso e com frequência
cardíaca > 120 bpm.
Em valores inferiores a esse, o paciente
estaria com sua PA normal e FC < 120
bmp, estando indicada a ressuscitação
apenas com cristaloide.
Portanto, a alternativa correta é A.
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106. A Equipe de Saúde da Família foi
chamada para realizar visita domiciliar a
um paciente idoso que acaba de
retornar de uma internação hospitalar.
O paciente tem 80 anos, apresenta-se
ativo e é portador de hipertensão
arterial e diabetes mellitus tipo II que,
devido à falta de adesão ao tratamento
proposto, teve sua condição crônica
agudizada, evoluindo para a amputação
distal de falanges do pé direito por
complicações vasculares. O esquema
medicamentoso na alta hospitalar era
composto por insulina NPH 100 - 22 UI
ao dia e hidroclorotiazida - 25 mg uma
vez ao dia. Com o propósito de
organizar o cuidado deste idoso, o
procedimento da equipe de saúde nesse
momento deve ser:
A) realização de curativo, avaliação e
observação da ferida cirúrgica, e
supervisão no uso de medicamentos
com visitas diárias da equipe de
enfermagem.
B) atuação na prevenção quaternária,
evitando a supermedicalização, visto
que a prevenção terciária foi falha.
C) Realização de avaliação
multifuncional do idoso, com o objetivo
de identificar fragilidades e realizar
intervenção precoce.
D) solicitação de transporte de
ambulância para que possa ser feito o
curativo e avaliação médica diária na
Unidade de Saúde.
E) orientação à família para fazer o
curativo da ferida cirúrgica e solicitar
transporte para aplicação diária da
insulina na Unidade de Saúde
CCQ: Saber que paciente idoso que
sofreu amputação deve ter curativo,
avaliação e observação da ferida
cirúrgica, além de supervisão no uso
dos medicamentos
Fala pessoal! Questão com enunciado
um pouco confuso, mas que
poderíamos acertar; bora lá entender o
que a questão queria de nós.
A banca aborda a conduta diante de um
idoso que sofreu uma amputação por
complicação aguda do diabetes.
Podemos perceber por este dado que o
controle do paciente não era feito de
maneira correta, pois, apesar de ter
ocorrido uma oclusão aguda, isso se deu
através do tempo que não ocorreu
controle da glicemia. Por isso, é papel
da ESF fazer a supervisão no uso dos
medicamentos deste paciente.
Outro ponto, as feridas nos diabéticos
são de difícil cicatrização, então
também devemos fazer os curativos e
observação desta.
Agora, vamos analisar as alternativas:
Alternativa A - Correta: Um paciente
que acabou de chegar de uma
internação, e que já teve problemas
com a adesão de tratamento, com
certeza deve ter um atendimento
domiciliar priorizado. Ou seja, com
curativo, observação da ferida e
supervisão das medicações sendo feita
pela equipe de saúde da família.
Alternativa B - Incorreta: Isso até deve
ser feito, pois lembramos que a
prevenção quaternária atua evitando a
iatrogenia. Porém, isso nada tem a ver
com o enunciado e com o que foi
perguntado.
Alternativa C - Incorreta: Perceba que
essa afirmativa não está errada, porém,
será que é pertinente a avaliação
multifuncional num idoso acamado e
que acabou de retornar de uma
internação por causa de complicação
em doença crônica? É claro que não é a
melhor hora para essa avaliação!
Alternativa D - Incorreta: Absurda a
ideia de transportar esse idoso de
ambulância para realização de curativo
numa realidade de ESF, em que a
atenção domiciliar é extremamente
acessível!
Alternativa E - Incorreta: Mais uma
vez, é absurda a indicação do transporte
diário para aplicação de insulina. Além
de que simplesmente não foi falado se
existe algum familiar morando com o
paciente. Apenas como curiosidade,
caso passasse a morar com esse idoso
um familiar lúcido e orientado e que
pudesse ajudar a ESF, o próprio familiar
poderia cuidar do paciente, após
ensinamentos da equipe de saúde da
família.
Portanto, o gabarito é a alternativa A
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107. Mulher com 30 anos de idade,
nulípara, última menstruação há sete
dias, usuária de anticoncepcional
hormonal combinado, relata dor em
baixo ventre, de forte intensidade. A
dor é acompanhada de náuseas e
vômitos, tendo o quadro se iniciado há
quatro dias, com piora significativa nas
últimas 12 horas. Ao exame físico,
pressão arterial =110 x 70 mmHg,
temperatura = 38,7 oC, abdome com
dor intensa à palpação no andar inferior
e à descompressão brusca em fossas
ilíacas. Ao exame especular, presença
de conteúdo amarelado com um pouco
de sangue e conteúdo purulento
exteriorizando-se pelo orifício do colo
uterino. Toque vaginal evidenciando
dor à mobilização uterina e à palpação
dos anexos, bilateralmente. Sobre a
conduta indicada para a situação
descrita, é correto afirmar que:
A) faz-se necessária a presença de
leucocitose e velocidade de
hemossedimentação elevada para
confirmação diagnóstica.
B) faz-se necessária a identificação do
agente etiológico na secreção cervical
antes de iniciar o tratamento
medicamentoso.
C) a paciente deve ser encaminhada
para tratamento em ambiente
hospitalar.
D) o tratamento inicial deve ser
cirúrgico para melhor avaliar o
comprometimento do sistema
reprodutivo.
E) deve ser instituído o tratamento
clínico ambulatorial de imediato, com
retorno em 48 horas para reavaliação.
CCQ: Lembrar que peritonite em
paciente com doença inflamatória
pélvica é indicação para internação
hospitalar
Questão do Revalida com um tema
muito prevalente nas provas de
residência: a conduta em paciente com
moléstia inflamatória pélvica aguda
(MIPA). A MIPA é uma condição que
acomete, basicamente, mulheres
sexualmente ativas, uma vez que seus
principais agentes etiológicos são
gonococo, clamídia e os menos
comuns, mas que não podem ser
esquecidos: mycoplasma e ureaplasma.
O diagnóstico é fechado a partir dos
critérios maiores e menores – sendo
necessários 3 critérios maiores (dor
hipogástrica, dor anexial e dor à
mobilização do colo) + 1 critério menor
(febre, leucocitose, aumento de PCR ou
VHS, cervicite) ou apenas a presença de
1 critério elaborado (endometrite na
biópsia, abscesso no tubo ovariano ou
no fundo de saco, doença na
laparoscopia ou presença de
hemoperitônio).
Tendo feito o diagnóstico, precisamos
classificar a doença para podermos
tomar a conduta correta. Para isso,
temos a classificação de Monif, sendo
ela:
1. Sem peritonite;
2. Com peritonite;
3. Presença de oclusão e/ou
abscesso tubo ovariano;
4. Abscesso >10 cm ou roto.
Visto isso, vamos analisar as
alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Algumas das
principais manifestações clínicas da
MIPA são: dor abdominal,
principalmente hipogástrica, associado
à corrimento e sintomas inespecíficos
sistêmicos, como febre e mal estar.
Como vimos nos critérios diagnósticos,
a leucocitose e elevação de VHS não são
estritamente necessários para
confirmação diagnóstica.
Alternativa B - Incorreta: A escolha dos
antibióticos é de amplo espectro,
pensando em cobrir os possíveis
agentes mais comuns dessa doença,
não sendo necessário esperar a
identificação etiológica para iniciar seu
tratamento.
Alternativa C - Correta: As indicações
de tratamento hospitalar de MIPA são
Monif 2, 3, 4 e gestantes,
imunossuprimidos ou aqueles tratados
ambulatorialmente sem melhora em 72
horas. Esses devem receber tratamento
hospitalar, com clindamicina e
gentamicina IV. A paciente da questão é
classificada como Monif 2 por
apresentar peritonite e, dessa forma,
deve ser sim hospitalizada.
Alternativa D - Incorreta Além da
antibioticoterapia, o grau Monif 4
também possui indicação de
intervenção cirúrgica, por ser um
quadro de maior gravidade e que
necessita de intervenção para conseguir
ter sua resolução. Contudo, esse não é o
caso da paciente, que apresenta Monif
2.
Alternativa E - Incorreta O grau Monif
1 é o único com indicação de
tratamento ambulatorial, sendo ele:
ceftriaxona 500 mg IM + doxiciclina 100
mg 12/12 por 14 dias + metronidazol 500
mg 12/12 por 14 dias.
Não devemos nos esquecer de convocar
o parceiro da paciente para também
fazermos tratamento, uma vez que
estamos nos referindo a uma doença
sexualmente transmissível.
Quanto à esse tema, é cobrada
principalmente em provas de imagem a
principal complicação dessa condição: a
síndrome de Fitz Hugh Curtis, também
conhecida como “aderências em cordas
de violino” em região peri-hepática.
Portanto, a alternativa correta é a C
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108. Questão anulada
A) A - item anulado
B) B - item anulado
C) C - item anulado
D) D - item anulado
E) E - item anulado
_________________________________
109. Questão anulada
A) A - item anulado
B) B - item anulado
C) C - item anulado
D) D - item anulado
E) E - item anulado
_________________________________
110. Lactente com 8 meses de idade é
trazido à consulta na Unidade Básica de
Saúde pela mãe por apresentar
regurgitação frequente, de grande
intensidade. O lactente mama ao seio e
come papa de legumes duas vezes ao
dia, além de frutas. A mãe refere que a
criança não está ganhando peso
adequadamente, o que foi confirmado
após exame físico. O déficit ponderal da
criança é de cerca de 3% em três meses.
Considerando o desenvolvimento
pondero-estatural da criança, o custo-
benefício e seu pleno desenvolvimento,
a conduta adequada inicial para abordar
o problema deve ser:
A) manter a alimentação referida pela
mãe, iniciar medidas antirrefluxo e
domperidona. Reavaliar a criança em 30
dias.
B) suspender o aleitamento materno,
iniciar medidas antirrefluxo, prescrever
fórmula antirregurgitação e
domperidona. Reavaliar a criança em 30
dias.
C) manter a alimentação referida pela
mãe, solicitar pHmetria e prescrever,
até que se tenha o resultado do exame,
a domperidona.
D) suspender o aleitamento materno,
manter papa de legumes, iniciar
fórmula antirregurgitação e solicitar
endoscopia digestiva alta.
E) manter a alimentação e acrescentar
mamadeira com fórmula para a idade,
solicitando retorno em 30 dias para
reavaliar peso.
CCQ: Saber que a doença do refluxo
gastroesofágico na criança deve ser
manejada com medidas dietéticas,
posturais e farmacológicas
(procinéticos)
Pessoal, temos um lactente de 08
meses apresentando regurgitação
frequente associada a ganho
inadequado de peso. Como devemos
proceder?
Bem, o primeiro passo é diferenciar o
refluxo fisiológico do lactente da
doença do refluxo gastroesofágico. E
como podemos fazer isso? Por meio dos
critérios Roma IV para Refluxo
Gastroesofágico Fisiológico, que são:
1. Regurgitações em frequência
igual ou superior a duas vezes
por dia durante três, ou mais
semanas; e
2. Ausência de vômitos,
hematêmese, aspiração, apneia,
déficit de crescimento,
dificuldades de alimentação
e/ou deglutição, ou postural
anormal.
Sendo que ambos os critérios devem
estar presentes, para lactentes de 03
semanas a 12 meses de vida.
Como vimos, a situação do lactente em
questão invalida o critério 2, já que ele
apresenta déficit ponderal. Isso
direciona a nossa hipótese para a
Doença do Refluxo Gastroesofágico
(DRGE), que, na criança apresenta
manifestações como episódios diários
de vômitos, irritabilidade e déficit
ponderal, quando os vômitos ocorrem
de forma intensa.
Além desses sinais, pode haver
faringite, laringite, traqueíte,
bronquite, pneumonias de repetição e
até crises de apneia, quando o material
refluído chega até o sistema
respiratório.
Uma manifestação peculiar e pouco
comum da doença é a síndrome de
Sandifer, que se caracteriza pela
postura anormal da cabeça e do
pescoço, que fica em hiperextensão na
tentativa de evitar o refluxo. Além dela,
a ruminação e a morte súbita do
lactente também foram associadas à
doença do refluxo gastroesofágico na
infância.
E como deve ser a abordagem
terapêutica da DRGE? Basicamente, é
um tripé que envolve orientação aos
pais a respeito da postura do lactente
durante a amamentação, manejo
dietético e uso de medicamentos da
classe dos procinéticos e/ou dos
redutores da acidez gástrica.
Como pudemos observar em nosso
paciente, sua alimentação é bastante
adequada e não deve ser alterada. No
entanto, temos espaço para introduzir
medidas antirrefluxo e iniciar um
procinético, como a domperidona,
muito segura em crianças, já que não
atravessa a barreira hematoencefálica,
evitando manifestações
extrapiramidais.
E o tratamento cirúrgico para a criança,
existe? Sim, e ele também é baseado na
fundoplicatura. No entanto, está
reservado aos casos não responsivos ao
tratamento medicamentos e que
apresentam graves complicações materno ser suspenso, pois, a essa
esofagianas, respiratórias e altura, isso só trará prejuízos a criança;
nutricionais! além disso, também não há
necessidade de endoscopia, que deve
Um algo a mais: o diagnóstico
ser feita apenas quando se suspeita de
diferencial da DRGE é feito com a
complicações ou quando há
alergia alimentar, que é uma condição
possibilidade de diagnóstico de
que também pode se manifestar com
esofagite eosinofílica.
vômitos e perda de peso.
Alternativa E – Incorreta: Não se deve
Deve-se suspeitar de alergia, quando as
suspender o aleitamento materno!
medidas antirrefluxo não produzirem
resposta satisfatória, quando houver Portanto, ficamos com letra A como
refratariedade ao tratamento gabarito!
medicamentoso e quando houver
associação com colite, constipação,
eczema e história familiar positiva para
alergia.
Sabendo disso, vamos às alternativas:
Alternativa A – Correta: O nosso
paciente tem uma alimentação
bastante equilibrada e saudável; para
ajudá-lo, podemos iniciar medidas
antirrefluxo e a domperidona, um
procinético que vai acelerar o
esvaziamento gástrico. Devemos
reavaliar a criança em 30 dias, para
verificar se houve resposta ao
tratamento.
Alternativa B – Incorreta: Não há
qualquer necessidade de suspender o
aleitamento materno! Lembre-se de
que o leite materno é o alimento mais
completo para a criança e, suspendê-lo
em um caso em que já existe déficit
ponderal, é muito prejudicial.
Alternativa C – Incorreta: O paciente já
possui critérios para DRGE, não se
fazendo necessária a realização da
pHmetria!
Alternativa D – Incorreta: Como vimos,
não há necessidade de o aleitamento