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REVALIDA NACIONAL - INEP - REVALIDA INEP - 2021

1 Uma mulher com 43 anos de idade, com 80kg, sofreu queimadura na perna após receber descarga elétrica há 1 hora.

Durante o atendimento hospitalar, o médico emergencista percebeu pequena queimadura em face lateral da coxa direita, de
cerca de 5 cm, e outra na face lateral do pé do mesmo lado, próxima ao maléolo, de cerca de 2 cm. Ao realizar o exame
físico, os sinais vitais da paciente estavam estáveis. O médico iniciou hidratação venosa e colocação de sonda vesical para
monitorar diurese da paciente. Notou saída de cerca de 80 mL de urina um pouco mais escura que a habitual. Solicitou,
então, hemograma e dosagem de creatinina, cujos resultados estavam normais. Diante desse quadro, após a internação
hospitalar e o curativo das lesões, a conduta imediata adequada é indicar

A) hidratação venosa com ringer lactato pela fórmula de Parkland e dar alta hospitalar à paciente.
B) hidratação venosa com soro siológico 0,9 % até atingir débito urinário de 60 a 80 mL/hora.
C) hidratação venosa com ringer lactato até atingir débito urinário de 100 a 200 mL/hora.
D) hidratação venosa com soro siológico 0,9 % até atingir débito urinário de 80 a 100 mL/hora e fasciotomia da coxa direita.

 Comentários
Temos o caso de uma paciente vítima de queimadura elétrica com entrada e saída em membro inferior direito, desde coxa até o pé. Nesse
tipo de lesão, a queimadura super cial não re ete a extensão de lesão profunda, que costuma apresentar necrose muscular e rabdomiólise.
As principais preocupações vão além da lesão local muscular, sendo importante a hidratação venosa vigorosa com soro siológico, para
evitar a lesão renal:

(a) Incorreta: sem possibilidade de alta hospitalar, essa paciente precisa de hidratação e monitorização, sendo forte candidata a
desbridamentos precoces da lesão.   

(b) Incorreta: o débito urinário de até 1 mL/kg/h é muito baixo para esse tipo de paciente. Devemos pensar em 1 a 2 mL/kg/H.

(c) Correta: o débito urinário de 100 a 200 mL/h signi cam para essa paciente 1,25 a 2,5 mL/kg/min, um volume su ciente para boa
hidratação da paciente.

(d) Incorreta: 80 a 100 mL/h são débito urinário inferior ao desejado, já a fasciotomia precoce é uma boa alternativa para esses pacientes
durante a exploração da lesão.

Gabarito está correto, alternativa C. 

2 Ao atender uma primigesta com 15 anos de idade, trazida à Emergência de um hospital geral pela ambulância do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o plantonista encontra a seguinte situação: idade gestacional de 36
semanas, bolsa rota com líquido claro, 4 contrações uterinas fortes com duração de 40 segundos em 5 minutos de
observação, colo dilatado 10 cm, feto em apresentação cefálica em posição occipto-pública no plano +1 de De Lee,
frequência cardíaca fetal = 130 bpm. Nessa situação, o plantonista deve

A) conduzir a gestante de maca até o Centro Obstétrico do mesmo hospital e realizar o parto normal.
B) realizar cesariana de urgência, mesmo sem a presença dos pais para autorização.
C) requisitar fórcipe de alívio e nalizar o parto na própria sala de Emergência.
D) iniciar analgesia peridural e infundir ocitocina endovenosa.
 Comentários
Paciente encontra-se em período expulsivo (dilatação total) com contrações uterinas frequentes. A de nição de taquissitolia é frequência
superior a 5 contrações em 10 minutos. Nossa paciente já apresentou 4 em 5 minutos. Logo, o diagnóstico de hiperatividade é bem
provável. Como todo o restante do exame encontra-se dentro da normalidade: feto em variedade occipto-púbica no plano +1 de DeLee (na
grande maioria dos casos, é a variedade de apresentação que ocorre o desprendimento do polo cefálico); o líquido amniótico é claro; e a
frequência cardíaca fetal é normal; devemos aguardar a resolução espontânea do parto. Apesar de prematuro, o feto já tem 36 semanas e
ainda que fosse abaixo de 34 semanas, quando é indicado a inibição do trabalho de parto para administração de corticoide, já não seria
possível impedir o nascimento. Com esse padrão contrátil e pela altura do polo cefálico, o nascimento ocorrerá rapidamente. Não há
motivo para realização de cesariana de urgência, aplicação de fórcipe e muito menos administração de ocitocina nesse momento. A
realização de cesariana ou a aplicação do fórcipe só acarretaria em maior morbidade materno-fetal sem que haja indicação para tal.

Resposta: Letra A.

3 Uma mulher com 35 anos de idade exerce prostituição há 8 anos em hotéis da cidade para seu sustento e de seus
lhos. Em virtude da pandemia da COVID-19, há 6 meses não trabalha e vem apresentando grave di culdade nanceira. Ao
consultar na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro, queixa-se de preocupações excessivas, nervosismo, tremores,
palpitações e tonturas. Nesse caso, qual é a conduta adequada do médico de família e comunidade?

A) Investigar o uso de drogas ilícitas, prescrever benzodiazepínico e encaminhar para psiquiatria.


B) Evitar prescrever medicamentos, recomendar uso de chás e o abandono de nitivo da atividade pro ssional.
C) Oferecer escuta ativa, pactuar plano terapêutico singular e agendar retorno programado na UBS.
D) Prescrever benzodiazepínico e antidepressivo tricíclico e agendar retorno em 30 dias.

 Comentários
Paciente com quadro sugestivo de transtorno de ansiedade. O que fazer em uma primeira consulta ?

Devemos oferecer uma escuta ativa, pactuar plano terapêutico singular e agendar retorno. 

Não há necessidade de prescrever benzodiazepínicos na primeira consulta, nem anti depressivo nem encaminhar ao psiquiatra. Além disso,
abandono de nitivo da atividade pro ssional ? O médico deve orientar sobre os riscos e formas de prevenção.

Portanto, o nosso gabarito é a letra C. Não cabe recurso.

4 Uma mulher com 48 anos de idade vai a uma consulta na Unidade Básica de Saúde com queixa de calorões há três
meses. As ondas de calor começam de repente, percorrem o tórax, pescoço e cabeça, geram suor abundante e terminam
espontaneamente após alguns minutos. Ultimamente, os fogachos acontecem cerca de 3 a 4 vezes por dia e, às vezes,
ocorrem durante a noite, atrapalhando o sono. A paciente está cando cansada e irritada desde que o sintoma começou. Usa
como método contraceptivo a laqueadura tubária. Ela teve ciclos menstruais irregulares nos últimos anos (menstruava a
cada 2 ou 3 meses) e está em amenorreia há 6 meses. Deseja alguma solução para os calorões que a estão ""deixando
louca"". Não fuma, nega doenças crônicas e nega história de câncer de mama ou endométrio. Sua história familiar é negativa
para doenças ginecológicas. Em seu exame físico, apresenta IMC = 23,5 kg/m², PA = 110 x 70 mmHg e exame ginecológico e
de mamas sem alterações dignas de nota. Todos os exames complementares de rotina estão normais. Considerando os
dados clínicos da paciente, assinale a alternativa que apresenta a conduta adequada.

A) Solicitar dosagem de FSH e ultrassonogra a transvaginal para de nir o diagnóstico de climatério.


B) Prescrever inibidor seletivo de recaptação de acetilcolina como primeira opção terapêutica.
C) Solicitar dosagem de estradiol e progesterona para avaliar a função ovariana.
D) Prescrever terapia hormonal com estrogênio e progestagênio.
 Comentários
Paciente com 48 anos apresentando fogachos e irregularidade menstrual está no climatério. Não é necessário a realização de exames
complementares para o diagnóstico. Sabendo disso, vamos à queixa da paciente: fogachos enlouquecedores.  O tratamento de primeira
linha dos sintomas vasomotores é a terapia de reposição hormonal. Isso porque a ocorrência dos “calores” está associada a queda do
estrogênio sérico. Como não há contraindicação à sua prescrição – ausência de história familiar ou comorbidades, nega tabagismo e
exames complementares normais (leia-se mamogra a) – estrogênio e progesterona devem ser prescritos. Lembrando que a progesterona
faz-se necessária para proteção endometrial.

Resposta: Letra D.

5 Uma mulher com 18 anos de idade vai ao ambulatório para levar o resultado da análise do líquido ascítico, além de
outros exames laboratoriais. A história da paciente revela aumento progressivo do volume abdominal há 2 meses,
acompanhado de perda de peso (habitual = 60 kg; atual = 51 kg) e episódios febris há 1 mês, geralmente no nal da tarde,
com temperatura de até 38 °C. Os exames demonstram anemia ferropriva, albumina sérica = 3,4/dL (valor de referência: 3,5 a
4,7g/dL), albumina no líquido ascítico = 2,5g/dL, leucocitúria = 35 a 40 leucócitos/campo e urocultura negativa. A m de
racionalizar a investigação diagnóstica, qual é o próximo exame complementar a ser solicitado?

A) Pesquisa de BAAR na urina.


B) Dosagem sérica de CA 19.9.
C) Pesquisa de autoanticorpos lúpicos.
D) Sorologia para hepatites virais B e C.

 Comentários
Pessoal, a primeira coisa a analisar num paciente com ascite é o gradiente de albumina soro-ascite, que neste caso é de 0,9 (3,4 - 2,5).
GASA < 1,1 sugere derrame exsudativo, e no nosso meio duas causas se destacam: tuberculose e câncer. A urina demonstra a chamada
"piúria estéril", ou seja, presença de leucócitos com cultura negativa, que tem a TB renal como causa importante. Neste caso, tratando-se de
paciente jovem, com perda ponderal e febre vespertina, a principal hipótese é TB disseminada, no caso peritoneal e renal, pela reativação de
focos quiescentes provavelmente secundária a um estado de imunossupressão. Logo, dentre as opções a mais adequada é letra A.

6 Uma criança com 6 anos de idade é levada para atendimento em Unidade Básica de Saúde devido à constipação
intestinal. O quadro teve início há 1 mês e vem piorando gradativamente, com postura retentiva e incontinência urinária
associados. Atualmente, a criança apresenta apenas uma evacuação a cada 3 dias, com fezes em síbalos. Ao exame físico,
mostra-se em bom estado geral, corada e hidratada. Abdome globoso, distendido, sem visceromegalias, com fezes palpáveis
em fossa ilíaca esquerda. O toque retal evidencia esfíncteres anal interno relaxado e externo contraído, além de fezes na
ampola retal. A provável causa da constipação intestinal é

A) aganglionose congênita.
B) constipação funcional.
C) alergia alimentar.
D) hipotireoidismo.

 Comentários
Caso clínico que descreve com precisão o quadro de uma constipação funcional.

Repare que segundo os principais critérios para distúrbios gastrointestinais na infância atualmente (Roma IV), temos, a m de chegar a
esse diagnóstico:

Constipação funcional para > 4 anos:


- duas ou menos evacuações no banheiro por semana; – pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana; – história de
comportamento de retenção ou retenção voluntária excessiva de fezes; – história de evacuações dolorosas ou duras; – história de fezes de
grande diâmetro que podem obstruir o vaso sanitário; – grande massa fecal no reto. – Deve haver critérios insu cientes para o diagnóstico
de síndrome do intestino irritável. – Os sintomas não devem ser plenamente explicados por outra condição médica.

O toque retal evidenciado corrobora nossa hipótese, que é a da letra D.

7 Um paciente com 54 anos de idade procurou a Unidade Básica de Saúde para atendimento. O homem relatou que,
há um ano, apresentou abscesso na região perineal que foi drenado em pronto-socorro. Desde então, apresentou uma ferida
próxima ao ânus, que ocasionalmente in ama e apresenta saída de secreção turva, com odor fecaloide. O paciente realizou
colonoscopia há 3 anos, a qual não evidenciou lesões no cólon. O exame da região perianal evidenciou orifício cutâneo a 2
cm da borda anal, na região anterior direita do períneo. O toque retal evidenciou próstata com características normais e
indução anteriormente à borda anal. Após a compressão local, houve saída de secreção pelo orifício cutâneo. Com base na
história clínica e nos dados do exame físico, o diagnóstico e a conduta adequada são

A) abscesso perianal e drenagem cirúrgica.


B) ssura anal aguda e uso de anti-in amatórios tópicos.
C) fístula perianal e encaminhamento para tratamento cirúrgico eletivo.
D) ssura anal crônica e encaminhamento para tratamento cirúrgico eletivo.

 Comentários
Pessoal, provável erro de gabarito. Quadro de abscesso perianal com posterior surgimento de orifício cutâneo local e saída intermitente de
secreção sugere o diagnóstico de fístula anal, condição de manejo essencialmente cirúrgico.
Melhor resposta: letra C. Cabe, evidentemente, a realização de recurso. Segue um modelo de sugestão.

"Orifício perianal associado à saída intermitente de secreção sugere quadro de fístula anal, especialmente, em contexto de surgimento
após abscesso anal.
Fissura anal caracteriza-se por ulceração linear geralmente encontrada na linha média posterior, distalmente à linha pectínea, conforme
destacado no tradicional livro de cirurgia Sabiston - Textbook of Surgery 20th ed. (página 1402: "An anal ssure is a linear ulcer usually
found in the midline, distal to the dentate line (Fig. 52-12). These lesions are typically easily seen by visual inspection of the anal verge with
gentle spreading of the buttocks."), quadro incompatível com o caso clínico apresentado na questão 07 do concurso.
Por essa razão, solicito a troca de gabarito ou anulação da referida questão."

8 Um homem com 19 anos de idade, motorista de aplicativo, procura a Unidade de Saúde da Família (USF) por tristeza
e insônia há uma semana, desde que sua mãe faleceu por acidente ciclístico. O pai faleceu em um acidente de moto há 5
anos. Relata que tem estado muito preocupado com o futuro, pois agora está morando apenas com sua irmã de 15 anos de
idade. Nos últimos dias, ele tomou 3 comprimidos de diazepam que achou na bolsa da mãe e pede uma receita para pegar
mais dessa medicação na USF. Nega histórico de transtornos mentais. Nesse caso, a conduta médica inicial deve ser

A) suspender benzodiazepínico e encaminhar ao psiquiatra.


B) manter o uso da medicação e orientar o paciente a fazer a redução gradual.
C) oferecer escuta ativa, técnicas de higiene do sono e terapia cognitivo-comportamental.
D) trocar por um benzodiazepínico em gotas para facilitar a redução gradual da medicação.

 Comentários
Paciente jovem passando por um periodo de luto pela morte de sua mãe. A tristeza e insonia ha 1 semana não caracteriza depressão e
está dentro do que chamamos de periodo de luto.

A conduta inicial nesses casos é oferecer escuta ativa, orientar sobre as técnicas de higiene do sono e também ofertar terapia cognitivo
comportamental para superar esse momento.
Não há necessidade do uso de benzodiazepínicos inicialmente, nem encaminhar ao psiquiatra.

Portanto, o nosso gabarito é a letra C. Não cabe recurso.

9 Uma adolescente com 14 anos de idade, acompanhada de sua prima de 18 anos de idade, é atendida pelo médico

de plantão no hospital, queixando-se de sangramento vaginal abundante há 5 dias. A paciente nega contato sexual prévio ou
doenças pregressas e relata menstruações mensais regulares desde os 10 anos de idade. O exame ginecológico revela
rotura himenal cicatrizada e pequeno sangramento vaginal no momento do exame. Nessa situação, para diferenciar as
causas de sangramento, o exame complementar inicial importante é

A) FSH sérico.
B) beta hCG sérico.
C) progesterona sérica.
D) fator de Von Willebrand.

 Comentários
Adolescente de 14 anos com quadro de sangramento vaginal abundante há 5 dias. Refere ciclos menstruais regulares desde os 10 anos e
nega sexarca. No entanto, ao exame físico, identi ca-se rotura himenal cicatrizada, o que levanta a hipótese de relação sexual prévia, já que
na grande maioria das vezes o hímen é íntegro na paciente virgo. Portanto, o exame inicial importante e de fácil realização é a dosagem de
b-hCG. Para pensar no sangramento por coagulopatia (por exemplo, doença de von Willebrand), a paciente apresentaria sangramento
abundante desde a menarca.

Resposta: Letra B.

10 Uma mãe leva seu lho com 2 anos de idade para consulta na Unidade de Saúde da Família (USF) relatando que a
criança apresenta febre não aferida e lesões vésico-pústulo-crostosas em tronco há 2 dias. Segundo o Programa Nacional de
Imunização, o calendário de vacinação esteve completo somente até os 6 meses de idade, pois a mãe disse que deixou de
vacinar a criança porque passou a trabalhar em turno integral, não tendo como levá-la à USF. Quais são a vacina que
preveniria a atual doença e a idade para a sua administração?

A) Vacina tetraviral; 12 meses.


B) Vacina tetraviral; 15 meses.
C) Vacina tríplice viral; 12 meses.
D) Vacina tríplice viral; 15 meses.

 Comentários
O enunciado descreve um paciente com diagnóstico claro de varicela.

Segundo as características das lesões cutâneas apresentadas, ca claro estarmos diante de tal doença, contra a qual o Programa Nacional
disponibiliza vacina em 2 doses: uma aos 15 meses, combinada com sarampo, caxumba e rubeola (tetra viral) e outra aos 4 anos, na forma
isolada.

Gabarito: letra B.

11 Uma mulher com 36 anos de idade, obesa e multípara, é admitida no pronto-socorro com quadro de febre alta com

calafrios, dor no hipocôndrio direito e icterícia. Ela tem histórico de dor abdominal recorrente no hipocôndrio direito,
geralmente associada à ingestão de alimentação gordurosa. Ao chegar a essa unidade hospitalar, encontra-se torporosa,
febril (39,6 °C), com PA = 90 x 60 mmHg, reagindo com fácies de dor à compressão do hipocôndrio direito, mas com sinal de
Murphy ausente. Os exames laboratoriais da paciente revelam leucócitos = 22.000/mm³ (valor de referência: 6 000 a 10
000/mm ³ ), com 17% de bastões e 3% de metamielócitos e bílirrubina direta = 4,8 mg/dL ( valor de referência: até 0,3
mg/dL), fosfatase alcalina = 420 UI/L (valor de referência: 70 a 192 UI/L) e gama-glutamil transferase = 302 UI/L (valor de
referência 70 a 192 UI/L). A ultrassonogra a abdominal da paciente mostra a presença de dilatação das vias biliares extra-
hepáticas, e a vesícula biliar com algumas imagens hiperdensas e com sombra acústica posterior. Diante desse quadro
clinico, qual é o diagnostico correto?

A) Colangite aguda com pêntade de Reynolds.


B) Colangite aguda com tríade de Charcot.
C) Colecistite crônica alitiásica.
D) Colecistite aguda litiásica.

 Comentários
Paciente portadora de colecistopatia (histórico de cólica biliar recorrente) apresentando febre, dor, icterícia, hipotensão e alteração mental
(pêntade de Reynolds) deve despertar no examinador o diagnóstico de colangite aguda grave secundária à coledocolitíase.
Não há sinais de colecistite aguda em curso. Reparem: a despeito de quadro séptico e dor abdominal, não há irritação peritonial sobre o
ponto cístico, achado característico da colecistite aguda e esperado em tal contexto.
Assim sendo, resposta: letra A. Não cabe recurso.

12 Um adolescente com 13 anos de idade é atendido no pronto-socorro devido à picada de escorpião no dedo
indicador esquerdo. Em exame físico, apresenta sinais vitais estáveis, dor intensa, hiperemia e formigamento no local da
picada, associados a náuseas, vômitos, sudorese e sialorreia discretos. Além do alívio da dor, a conduta recomendada é

A) observação domiciliar por 6 a 12 horas.


B) observação hospitalar por 6 a 12 horas.
C) soro anti-escorpiônico (2 a 3 ampolas).
D) soro anti-escorpiônico (4 a 6 ampolas).

 Comentários
O enunciado nos apresenta um adolescente com história de picada de escorpião em primeiro quirodáctilo esquerdo apresentando
sintomas locais (dor, hiperemia e parestesia) associados à sintomas sistêmicos leves (náuseas, vômitos e sialorréia discretos), quadro
moderado de escorpionismo. Nesse cenário, além do alívio da dor, comumente realizada por in ltração anestésica no local da picada e
administração de analgésicos, é indicada a administração de soro antiescorpiônico ou antiaracnídico na dose de 2 a 3 ampolas por via
intravenosa.
Resposta: letra C. Não cabe recurso.

13 Um adolescente com 11 anos de idade é atendido no pronto-socorro com história de dor e inchaço em joelho
esquerdo há 5 dias. Ele conta que, há 2 dias, iniciou com febre, di culdade para deambular e aumento da dor e do inchaço na
região. A mãe relata recusa alimentar e palidez cutânea há 1 dia. O adolescente apresenta antecedente de trauma local
durante partida de futebol há 1 semana e refere o uso de anti-in amatório não esteroidal desde então, sem melhora do
quadro. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, com palidez cutânea, febril (temperatura axilar = 38,2 °C),
eupneico, anictérico, acianótico, com tempo de enchimento capilar de 3 segundos e pressão arterial normal para a idade.
Apresenta, ainda, edema, rubor, calor e dor no joelho esquerdo, com bloqueio à tentativa de mobilização. O resultado do
hemograma mostra leucocitose com desvio à esquerda. Também foram observados proteína C reativa e VHS elevados.
Nesse caso, quais são o agente etiológico mais provável e a antibioticoterapia endovenosa indicada?

A) Streptococcus pneumoniae; ampicilina.


B) Staphylococcus aureus; oxacilina.
C) H. in uenzae tipo B; amoxicilina.
D) Kingella kingae; ceftriaxona.

 Comentários
Estamos diante de um quadro de monoartrite em joelho esquerdo após trauma.

A evolução com febre, leucocitose com predomínio de formas lovens, elevação de reagentes de fase aguda e intensos sinais ogísticos na
região deve levantar a suspeita de se tratar de uma artrite séptica.

Com tal história clínica prévia, ca designado que o principal agente etiológico implicado seria o S. aureus contra o qual o tratamento
previsto em primeira linha seria a oxacilina.

Gabarito: letra B

14 Uma mulher com 20 anos de idade, com 10 semanas de gestação, retorna para consulta de pré-natal com exames
de rotina. A urocultura apresentou crescimento bacteriano maior que 10⁵ UFC/mL (unidades formadoras de colônias por
mL). A paciente relatou aumento da frequência urinária, entretanto negou sintomas como disúria, urgência miccional,
noctúria, dor suprapúbica ou febre. Nesse caso, o diagnóstico e o tratamento antimicrobiano são, respectivamente,

A) bacteriúria assintomática; nitrofurantoína.


B) bacteriúria assintomática; cipro oxacina.
C) cistite aguda; nitrofurantoína.
D) cistite aguda; cipro oxacina.

 Comentários
Gestante, independente do quadro clínico, deve ser tratada caso haja crescimento bacteriano em urina superior a 100.000 unidades
formadoras de colônia por ml. Isso caracteriza a Bacteriúria Assintomática. A paciente em questão queixa-se apenas de aumento da
frequência urinária, que é um sintoma comum decorrente do estado gravídico.

O tratamento é indicado pelo maior risco de pielonefrite, parto prematuro e restrição de crescimento e, em geral, é feito com nitrofurantoína,
cefalexina, ampicilina, amoxicilina ou fosfomicina (todos categoria B pela FDA – prescrição liberada) . O cipro oxacino é categoria C na
gestação. Logo, só deve ser prescrito caso não haja medicação alternativa, pois há relato de efeitos adversos em fetos de animais ou não
há estudos bem controlados em mulheres grávidas.

Resposta: Letra A.

15 Uma paciente com 20 anos de idade notou nodulação na região central do pescoço. Procurou atendimento médico
ambulatorial, no qual foi solicitada dosagem de hormônio tireoidiano (com resultados normais) e ultrassonogra a com
punção aspirativa por agulha na (PAAF) do nódulo. O resultado foi nódulo de 1 cm em lobo esquerdo da tireoide,
hipoecoico, de margens irregulares, sem calci cação. A PAAF não conseguiu distinguir entre lesão maligna ou benigna
(Bethesda IV). O resultado do per l de expressão gênica (PEG) indicou suspeita para malignidade. A conduta médica
adequada para esse caso é

A) observar clinicamente e repetir ultrassonogra a a cada 3 meses.


B) repetir ultrassonogra a e realizar nova punção aspirativa com agulha na.
C) indicar tireoidectomia total com esvaziamento cervical do lado esquerdo.
D) indicar cirurgia com retirada apenas do lobo esquerdo sem linfadenectomia.
 Comentários
Em cenário de nódulo tireoidiano solitário suspeito à ultrassonogra a com realização de punção por agulha na e achado citológico de
lesão folicular de signi cado indeterminado (Bethesda IV), são aceitáveis a repetição da punção ou cirurgia, entretanto, diante de um teste
de per l de expressão gênica indicando suspeita para malignidade, a conduta médica mais adequada é certamente a realização de cirurgia,
que consiste na lobectomia parcial, sem linfadenectomia, por se tratar de um tumor pequeno em paciente de baixo risco.
Resposta: letra D. Não cabe recurso.

16 Um homem com 55 anos de idade é encaminhado para esclarecimento diagnóstico de dé cit cognitivo associado

a transtornos do movimento com suspeita de síndrome de Parkinson. Nesse caso, qual é o achado semiológico que
contribui para esse diagnóstico?

A) Re exos patelares exaltados associados à presença de clônus de rótula e de pés.


B) Tremor em repouso, de baixa frequência e algo assimétrico (predominando na mão direita).
C) Diminuição da sensibilidade vibratória e da propriocepção consciente nos membros inferiores.
D) Presença de oftalmoplegia internuclear com alterações graves na mirada conjugada horizontal.

 Comentários
O início da doença de Parkinson se dá normalmente após os 55 anos, com quadro clínico constituído basicamente por:
• Bradicinesia (movimentos lentos, com di culdade para iniciá-los).
• Rigidez (hipertonia plástica – rigidez do tipo “roda denteada”).
• Tremor (de repouso, do tipo “contar dinheiro” ou “enrolar fumo”).
• Instabilidade postural (o paciente deambula com tendência a cair para frente “na busca do seu centro de gravidade”).

Os sintomas inicialmente são assimétricos e de progressão lenta. Os re exos tendinosos e cutâneo plantar, assim como a sensibilidade e a
força muscular, estão preservados.

Única resposta possível: opção B.

17 Um homem com 54 anos de idade, transplantado renal há 3 meses, apresenta, há cerca de 7 dias, febre elevada (>
40 °C), tosse pouco produtiva (escarro pouco purulento) e dor torácica à esquerda. Ele procurou o serviço onde realizou o
transplante de órgão, sendo observada a presença de febre elevada e ausculta pulmonar com estertores crepitantes difusos,
além de semiologia compatível com derrame pleural à esquerda. O Gram de escarro não mostrou patógenos, mas apenas
alguns polimorfonucleares. A Tomogra a Computadorizada de Tórax (TCT), realizada no mesmo dia, revelou opacidades
alveolares arredondadas e derrame pleural leve à esquerda. Como o paciente respondeu bem à administração de
antitérmico, mantendo bom estado hemodinâmico e padrão respiratório satisfatório, foi liberado para casa com prescrição
de amoxicilina-clavulanato. No entanto, após 4 dias de tratamento, mantinha-se febril, sem melhora do quadro clínico. Nova
TCT revelou que algumas das opacidades parenquimatosas haviam evoluído com escavação central. Foi formulada a
hipótese de pneumonia por Legionella pneumophila. Em função de o paciente estar em tratamento imunossupressor com
ciclosporina e tacrolimus, qual é o tratamento antimicrobiano adequado a ser prescrito?

A) Sulfametoxazol-trimetoprim.
B) Levo oxacino.
C) Azitromicina.
D) Doxiciclina.

 Comentários
O tratamento da legionelose deve ser feito com um macrolídeo venoso associado ou não à rifampicina oral. Em imunocomprometidos
evitamos a associação da rifampicina devido a uma possível interação com os imunossupressores. Uma outra opção é a
uoroquinolona venosa. Com a terapia precoce, a mortalidade pode ser inferior a 5%. Sem o tratamento imediato, a letalidade é acima de
25 a 30%, particularmente em imunocomprometidos.

Logo, sugerimos recurso, pois a questão tem duas respostas possíveis, B e C:

Prezados membros da banca examinadora,

Segundo Goldman - Cecil Medicine, 26a edição em Inglês (2020), capítulo 298, página 1966, tabela 298.2, guram como opções para o
tratamento da pneumonia por Legionella em hospedeiros imunocomprometidos:

"Levo oxacin 750 mg once daily (IV initially) for 21 days

Azithromycin 500 mg once daily (IV initially) for 21 days

Moxi oxacin 400 mg once daily (IV initially) for 21 days"

Face ao exposto, as opções B e C são corretas, sendo solicitada a anulação da questão.

18 Uma gestante com 18 anos de idade e 32 semanas de gestação realizou tratamento com penicilina benzatina para
sí lis no nal do primeiro trimestre de gestação. Desde então, não compareceu às consultas de pré-natal porque cou
isolada em casa devido à pandemia da COVID-19. A paciente, então, retorna com resultado de exames mostrando VDRL com
aumento de duas diluições em relação ao título anterior. Nesse caso, a conduta apropriada é

A) repetir o VDRL e adotar conduta expectante.


B) instituir novo tratamento com outro fármaco.
C) repetir o tratamento com penicilina benzatina.
D) encaminhar a paciente ao serviço pré-natal de alto risco.

 Comentários
As gestantes com diagnóstico de sí lis devem ser tratadas e avaliadas mensalmente por meio do VDRL. Os títulos devem cair de forma
progressiva, permanecendo negativos ou inferiores a 1:8. Se houver elevação dos títulos em duas diluições, considera-se novo tratamento
com penicilina (droga de escolha) por falha terapêutica ou reinfecção. 

Resposta: letra C

19 Um paciente com 23 anos de idade procurou atendimento em Unidade Básica de Saúde devido ao aparecimento
de dor ocular intensa. Ele relatou ser soldador e que, no dia anterior, não utilizou seu equipamento de proteção durante sua
atividade com a solda elétrica. Acredita que pode ter entrado corpo estranho nos olhos, por isso resolveu procurar
atendimento. Na inspeção, apresentou lacrimejamento e fotofobia. A conduta imediata para esse paciente, antes do
encaminhamento para consulta especializada, é

A) uso de colírio anestésico e oclusão com pomada oftálmica.


B) uso de colírio anestésico e de anti-in amatório não esteroidal oral.
C) irrigação com soro siológico e oclusão com pomada oftálmica.
D) irrigação com soro siológico e encaminhamento para avaliação de emergência.

 Comentários
Vamos lá:

Em casos de acidente com corpo estranho ocular (paciente soldador e trabalhou sem EPI), a conduta inicial é irrigação com soro siológico
copiosadamente e encaminhamento para avaliação com oftalmologista. Pelo enunciado, as características são clássicas de corpo
estranho corneano. Vamos relembrar:

Não se instila anestésico (mascara a dor e gravidade do caso além da toxidade corneana).

Não se faz oclusão com pomada oftalmológica devido ao fator de não se saber se houve ou não desepitelização corneana.

A resposta mais correta aqui seria: " irrigação com soro siológico e encaminhamento para avaliação de emergência OFTALMOLÓGICA".

Portanto, cabe recurso.

" Prezada banca avaliadora:

Estamos diante de um paciente soldador que trabalhou sem equipamento de proteção adequado com queixa de corpo estranho ocular, dor
intensa, associado a lacrimejamento e fotofobia.

Trata-se de um quadro clássico de acometimento corneano. O mais comum é que haja algum pedaço de corpo estranho "grudado" na
cornea pela característica de dor associada à lacrimejamento e fotofobia. Nesses casos, além da conduta inicial com irrigação com soro
siológico abundante para tirar qualquer corpo estranho que esteja "solto" dentro da cavidade ocular, devemos encaminhar o paciente para
uma avaliação com oftalmologista onde será instilada uma gota de anestésico além de colírio de uoresceina para o correto diagnóstico
(corpo estranho "grudado" na cornea ? desepitelização corneana ? ceratite puntata difusa ?... ). Somente depois dessa avaliação é que há
prescrição,  seja de pomada ou de colírios, além da retirada do corpo estranho (se presente).

A banca orienta oclusão com pomada oftalmológica mas de qual pomada estamos falando ? Se for uma pomada reepitelizante (regencel,
por exemplo), precisamos ver antes se há ou não desepitelização corneana  e isso só pode ser visto no exame oftalmológico. Além disso,
se não houver corpo estranho nem desepitelização, mas apenas uma ceratite difusa puntata, não há necessidade de pomada reepitelizante,
mas sim de pomada combinada (antibiótico e corticoide). 

Como dito anterioremente, o mais comum é que haja um pedaço de corpo estranho "grudado" na cornea, e o oftalmologista no exame à
lâmpada de fenda, instila uma gota de colírio anestésico (pelo médico oftalmologista) e 1 gota de colírio de uoresceina e depois faz a
retirada com pinça ou agulha de insulina, prescrevendo no nal ou colírio ou pomada dependendo do aspecto da lesão.

Dessa forma, a melhor resposta para a conduta inicial na UBS seria: irrigação com soro siológico e encaminhamento para avaliação de
emergência OFTALMOLÓGICA.

Como não existe essa alternativa, solicito, por gentileza, a anulação da questão. 

Atenciosamente...

"

Fontes: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/avaliacao-tratamento-ferimentos.pdf

https://pebmed.com.br/trauma-oftalmologico-causado-por-corpos-estranhos-no-olho-como-
tratar/#:~:text=Abras%C3%B5es%20de%20c%C3%B3rnea%20e%20corpo,fenda%2C%20incluindo%20os%20f%C3%B3rnices%20conjuntivais.

20 Na enfermaria de uma maternidade, encontram-se internadas quatro puérperas. Todas tiveram partos vaginais

sem intercorrências. Paciente 1: 22 anos, G2P2A0, classi cação sanguínea da mãe foi A positivo; classi cação sanguínea do
recém-nascido foi O negativo. Paciente 2: 30 anos, G1P1A0, classi cação sanguínea da mãe foi O negativo; classi cação
sanguínea do recém-nascido foi O negativo. Paciente 3: 27 anos, G1P1A0, classi cação sanguínea da mãe foi O negativo;
classi cação sanguínea do recém-nascido foi A positivo. Paciente 4: 20 anos, G2P2A0, classi cação sanguínea da mãe foi A
positivo; classi cação sanguínea do recém nascido foi A positivo. Deve ser prescrita imunoglobulina anti-Rh, antes da alta
hospitalar, apenas para

A) a paciente 1.
B) a paciente 3.
C) as pacientes 1 e 4.
D) as pacientes 2 e 3.

 Comentários
A pro laxia com imunoglobunlina anti-Rh está indicada para gestantes RhD-negativas com 28 semanas e novamente após o parto caso o
recém-nascido seja RhD-positivo. Apenas a paciente 3 preenche critérios. 
Resposta: letra B.

21 Um escolar com 9 anos de idade comparece à consulta médica de rotina em Unidade Básica de Saúde. O paciente
apresenta crises de broncoespasmo recorrentes desde 4 anos de idade, com sintomas diurnos 3 vezes por semana e
despertar noturno sempre com necessidade de uso de β2-agonista de curta duração por demanda. Ele não consegue
realizar atividades comuns da infância, como correr com seus amigos. Refere controle ambiental adequado. Há 4 meses, faz
uso contínuo de corticoide inalatório em dose baixa. Ao exame físico, apresenta-se em bom estado geral, corado, hidratado e
eupneico. Possui auscultas cardíaca e respiratória normais. Qual é a classi cação da asma e a terapêutica recomendada,
além do uso do β2-agonista de curta duração por demanda?

A) Asma parcialmente controlada; uso contínuo de corticoide inalatório em dose média.


B) Asma parcialmente controlada; uso contínuo de corticoide oral em doses baixas.
C) Asma não controlada; uso contínuo de corticoide inalatório em dose média.
D) Asma não controlada; uso contínuo de corticoide oral em doses baixas.

 Comentários
A criança em questão apresenta todos os critérios (bastaria um deles) para que a de namos como, no momento, classi cada como
portadora de “asma não controlada” – sintomas diurnos > 2 vezes/semana, sintomas noturnos, limitação das atividades cotidianas , uso
regular de broncodilatador de alívio.

Como ela já vem fazendo uso de corticoide inalatório diário em baixas doses, devemos ir para o chamado “ passo 3”, o qual, segundo o
consagrado manual GINA de 2017 é de nido pelo uso de corticoide inalatório diário em dose média (principalmente para crianças entre 6 e
11 anos).

Gabarito: letra C

22 Uma mulher com 20 anos de idade chega ao pronto-socorro com queixa de dor em fossa ilíaca direita e relata
febre iniciada há 24 horas. O cirurgião de plantão fez o diagnóstico de apendicite aguda e indicou cirurgia para a paciente.
Seguindo a rotina hospitalar, foi colhido swab para teste de COVID-19 por RT-PCR, mesmo com a paciente assintomática,
cujo resultado será obtido entre 48 a 72 horas. Entre os procedimentos descritos a seguir, os mais indicados em relação ao
acesso cirúrgico e à proteção da equipe cirúrgica quanto ao contágio de COVID-19 durante o ato operatório são

A) cirurgia adiada até obtenção do resultado do RT-PCR, a ser feita somente por via aberta, com equipe cirúrgica utilizando os seguintes
equipamentos de proteção individual, caso o resultado do exame seja negativo: máscara N95, avental impermeável, gorro, luvas estéreis e
protetor facial.
B) cirurgia adiada até obtenção do resultado do RT-PCR, a ser feita somente por via laparoscópica ou aberta, com equipe cirúrgica utilizando
os seguintes equipamentos de proteção individual, em caso de resultado negativo do exame: máscara cirúrgica, luvas estéreis, gorro e avental
impermeável.
C) cirurgia de emergência, por via laparoscópica ou aberta, com equipe cirúrgica utilizando os seguintes equipamentos de proteção individual:
máscara N95, protetor facial, luvas estéreis, gorro e avental impermeável.
D) cirurgia de emergência somente por via aberta, com equipe cirúrgica utilizando os seguintes equipamentos de proteção individual: máscara
N95, protetor facial e avental impermeável, gorro e luvas estéreis.

 Comentários
Vamos analisar cada alternativa separadamente:

(a) Incorreta: a apendicectomia é uma cirurgia de urgência e não pode ser adiada, o correto é a equipe operar com todas as medidas de
segurança. Além disso, se o PCR for negativo, a máscara N95 não é necessária.
 

(b) Incorreta: o a apendicectomia é uma cirurgia de urgência e não pode ser adiada, o correto é a equipe operar com todas as medidas de
segurança.

(c) Correta: como a cirurgia será realizada de urgência e sem o resultado do PCR, devemos considerar o paciente como possível
contaminado com a Covid-19. Nesse caso toda a equipe deve utilizar os equipamento de proteção individual (EPI) - máscara N95, protetor
facial, luvas estéreis, gorro e avental impermeável. Quando à via cirúrgica, mesmo que a laparoscopia esteja associada a maior dispersão
do vírus, pode ser realizada com os EPI.

(d) Incorreta: não há contraindicação formal à cirurgia laparoscópica em pacientes com Covid-19.

Gabarito está correto, alternativa C. 

23 Um homem com 51 anos de idade, assintomático, comparece à consulta agendada na Unidade de Saúde da
Família do seu bairro. A rma ter procurado atendimento porque sua última consulta médica foi há 7 anos e cou apreensivo
após seu vizinho comentar que havia descoberto um câncer no intestino depois de realizar exames de rotina. Nega
comorbidades, uso regular de medicamentos, cirurgias prévias e história de câncer na família. Como o médico de família
deve abordar essa situação?

A) Solicitar o exame de sangue oculto nas fezes e orientar que ele é su ciente para o diagnóstico de câncer de cólon e reto.
B) Orientar que os exames para detecção de câncer de cólon e reto devem ser realizados apenas em pacientes com sinais e sintomas.
C) Solicitar o exame de sangue oculto nas fezes e orientar que, se positivo, o paciente poderá realizar colonoscopia para avaliação.
D) Orientar que o exame de colonoscopia para rastreamento do câncer de cólon e reto está indicado apenas para pessoas com história
familiar da doença.

24 Uma mulher com 69 anos de idade, hipertensa, em uso de enalapril 40 mg/dia e de hidroclorotiazida 25 mg/dia,
tem palpitações, tremores de membros superiores e dispneia que começaram há cerca de 30 minutos, logo após ter sido
assaltada. Está orientada, corada, sem dé cits motores focais, FC = 110 bpm, PA = 200 x 120 mmHg em membros
superiores. Ausculta cardíaca: bulhas normofonéticas, ritmo regular em 2 tempos, sem sopros. Pulsos radiais e femorais
amplos, bilateralmente, FR = 24 irpm, sem esforço respiratório. Ausculta pulmonar normal. Oximetria de pulso de 99 % (em ar
ambiente). O eletrocardiograma mostra taquicardia sinusal e sinais de sobrecarga ventricular esquerda. A abordagem inicial
adequada para essa paciente é administrar

A) nifedipina de liberação rápida por via oral ou sublingual, repetindo a medicação se PA permanecer acima de 180 x 100 mmHg após 60
minutos.
B) ansiolítico por via oral, mantendo-a em observação em local tranquilo e reavaliando os níveis pressóricos num intervalo de 30 a 60 minutos.
C) nitroglicerina por via endovenosa contínua, ajustando a dose a cada 5 minutos até alcançar níveis pressóricos inferiores a 160 x 90 mmHg.
D) metoprolol em bolus por via endovenosa, repetindo a medicação se PA permanecer acima de 180 x 100 mmHg após 10 minutos.

 Comentários
Pessoal, o caso é claro: reação aguda ao estresse. Num contexto como o apresentado, são normais hipertensão transitória, taquicardia,
tremores e dispneia (mesmo em vigência de SatO2 = 99%).

Não estamos diante de uma urgência ou emergência hipertensiva! O tratamento não deve envolver anti-hipertensivo, mas sim ansiolítico e
repouso.
25 Um menino com 8 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde, acompanhado de sua mãe, para consulta
anual. Quando perguntada sobre a atividade física, a mãe relata que a criança frequenta a escola de manhã e não gosta de
realizar as atividades que exigem esforço físico na escola e, em casa, tem o hábito de jogar videogame e jogos pelo celular.
No recordatório alimentar foi observada alta ingesta de carboidratos. A avaliação antropométrica apresenta estatura de 130
cm e peso de 37 kg. Com base na situação e no quadro apresentados e de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC)
para a idade, qual é a classi cação do estado nutricional do menino?

A) Obesidade.
B) Sobrepeso.
C) Obesidade grave.
D) Risco de sobrepeso.

 Comentários
Questão conceitual sobre de nições antropométricas.

Calculando o IMC, temos um valor de 21,89 e colocando no grá co de IMC/idade de meninos, a sua classi cação é de obesidade, uma vez
que esse número está acima do escore +2 e abaixo do +3.

Gabarito: letra A.

26 Um paciente com 30 anos de idade, internado na Unidade de Terapia Intensiva com diagnóstico de abscesso renal,
intubado e em ventilação mecânica, apresentou, na admissão, os seguintes sinais vitais: PA = 90 x 40 mmHg, febre de 39 °C,
FC = 114 bpm, FR = 23 irpm, Escala de Ramsay de 5, PaO₂/FiO₂ de 350. Após ressuscitação volêmica com cristaloides,
apresentou melhora do quadro hemodinâmico (PA = 110 x 70 mmHg). Exames laboratoriais mostraram os seguintes
resultados: bílirrubina total = 1,1 mg/dL (valor de referência: 0,8 a 1,2 mg/dL), creatinina = 1,9 mg/dL (valor de referência: 0,8
a 1,2 mg/dL) e lactato = 2,2 mmol/L (valor de referência: < 2 mmol/L). A de nição atual do quadro clínico desse paciente é

A) Sepse.
B) Sepse Grave.
C) Choque Séptico.
D) Síndrome da Resposta In amatória Sistêmica.
 Comentários
Paciente com foco infeccioso conhecido apresenta hipotensão, febre e taquipneia. Não se trata de choque séptico pois, embora o lactato
esteja > 2 mmol/l, houve resposta pressórica à administração de volume (PAM > 65 mmHg).

Quanto à diferenciação entre sepse e sepse grave, os critérios diagnósticos mais recentes de SEPSE mencionam apenas sepse e choque
séptico. Sepse grave era, por de nição, associada a disfunção orgânica (aumento de bilirrubina, creatinina, plaquetopenia) ou hipoperfusão
tecidual (hiperlactatemia, oligúria), porém desde 2016 (Sepsis-3), o termo sepse grave foi abandonado.

Logo, o nosso paciente está simplesmente em SEPSE. Não cabe recurso.

27 Um homem com 26 anos de idade procura equipe de Saúde da Família Ribeirinha devido a um acidente com anzol.
O paciente refere que é pescador experiente, porém, ao se distrair para pegar a isca, acabou sgando a própria perna com o
anzol. Ao realizar o exame físico, o médico identi ca que se trata de um anzol de duas pontas e que uma das pontas
perfurou profundamente a panturrilha direita do paciente. Sobre o procedimento para a remoção do anzol, é correto a rmar
que se deve

A) realizar, com um alicate, o corte da ponta livre do anzol, para que não haja risco de novo acidente enquanto se está removendo a ponta
perfurante.
B) realizar a técnica de bloqueio de campo regional para a anestesia no local de entrada do anzol e posterior remoção.
C) realizar, com um bisturi, uma incisão para ampliar o orifício de entrada do anzol, a m de que ele possa ser retirado.
D) realizar a tração do anzol até efetuar a sua retirada.

 Comentários
Questão polêmica e que, sem dúvidas, cabe recurso! Retirar um corpo estranho que está profundamente inserido na panturrilha sem
anestesia é tortura! A alternativa correta deveria ter sido melhor escrita. Na alternativa A, não sabemos se o bloqueio anestésico já foi
realizado, o fato de nas demais alternativas ter a descrição da anestesia gera ainda mais confusão em relação a letra A. Portanto, a
questão cabe recurso! 

Só para ganharmos o conceito! O correto seria assim: realização de assepsia e antissepsia, colocação de campos estéreis, realização de
anestesia local e remoção do corpo estranho. No caso do anzol, se está trans xando a pele, cortamos a ponta livre com um alicate e
retiramos a ponta pontiaguda. Se não é uma lesão trans xante, devemos a transformar em uma, para realizar a remoção com alicate. Caso
a lesão seja muito profunda e não seja possível a transformar em uma lesão trans xante, aí a conduta é realizar a exploração cirúrgica do
local. Portanto, percebemos que a realização de um bloqueio anestésico é fundamental.

Segue abaixo um modelo de recurso para vocês enviarem à Banca examinadora:

Prezada Banca Examinadora, 

A questão número 27 deste concurso trouxe como gabarito o cial a letra A. No entanto, esta alternativa não menciona a realização de
anestesia local, portanto, não podemos inferir se este passo foi ou não realizado. A anestesia local é um passo fundamental na retirada de
qualquer corpo estranho. A questão traz um contexto de atendimento na Estratégia da Saúde e da Família e o próprio caderno de Atenção
primária reforça a necessidade de anestesia na retirada de qualquer corpor estranho. Segue um trecho que rati ca este argumento:

"Outro cuidado importante é com a anestesia, que geralmente é realizada localmente. Porém, deve-se tomar cuidado para o edema
provocado pela aplicação não atrapalhar na localização do objeto. Caso você julgue que a anestesia local irá di cultar a retirada, opte por
realizar anestesia segmentar, como a troncular. Antes de iniciar a remoção, realize antissepsia do ferimento e aplique a anestesia
escolhida."

FONTE: Procedimentos em Atenção Primária. Unidade 2 - Procedimentos em eventos agudos. Ministério da Saúde, UFSC. Brasil, 2017.

Portanto, solicito anulação da referida questão.


28 Uma mulher com 38 anos de idade, com crises de enxaqueca com aura, realizou encontros de planejamento
familiar, desejando utilizar anel vaginal combinado ou dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel como método
contraceptivo. A orientação sobre esses métodos em relação à enxaqueca dessa paciente é que

A) o anel vaginal é contraindicado, mas o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel é adequado.


B) o anel vaginal é adequado, mas o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel é contraindicado.
C) o anel vaginal e o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel são contraindicados.
D) o anel vaginal e o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel são adequados.

 Comentários
De acordo com os critérios de elegibilidade da OMS para escolha do método contraceptivo, em mulheres portadoras de enxaqueca com
aura os anticoncepcionais hormonais combinados (pílula, anel, adesivo, injetável mensal) são categoria 4 para início e continuação, e
portanto não são recomendados. Entretanto, os métodos com progestágenos isolados (pílula, injetável trimestral, implante e dispositivo
intrauterino) são categoria 2 para início, logo, podem ser utilizados por essas pacientes.

Resposta: letra A.

29 Um homem com 62 anos de idade chega à sala de emergência de um hospital com quadro de instalação abrupta,
há cerca de 1 hora, de monoparesia superior direita associada à afasia não uente. O paciente, que tem histórico de diabete
melito tipo 2, vem usando metformina 850 mg 2 vezes por dia, além de ácido acetilsalícilico (AAS), devido à ocorrência de
brilação atrial paroxística recorrente, tendo um ponto no escore CHA2DS2-VASc. Não há outras morbidades nem alergias.
Na admissão hospitalar, o paciente mantém o dé cit, que parece ter piorado um pouco nos último minutos. Está acordado,
angustiado com a inegável afasia não uente (Broca) e com diminuição moderada da força no membro superior direito.
Apresenta PA = 160 x 100 mmHg, FC = 110 bpm, com ritmo cardíaco irregular e com anisocardios gmia. Neste momento,
apresenta glicemia capilar = 300 mg/dL. O paciente é imediatamente encaminhado para a realização de uma tomogra a
computadorizada de crânio sem contraste, cuja imagem é apresentada na gura a seguir, tendo o laudo sido liberado cerca
de 2 horas e 30 minutos após o início do quadro neurológico. Diante desse quadro, quais são o diagnóstico e a conduta
médica adequados nesse momento?

A) Ataque isquêmico transitório; iniciar anticoagulação plena endovenosa em associação ao AAS.


B) Acidente vascular encefálico isquêmico; proceder à trombólise imediata com rtPA.
C) Acidente vascular encefálico isquêmico; contraindicar a terapia trombolítica.
D) Ataque isquêmico transitório; associar clopidogrel ao AAS.

 Comentários
Estamos diante de um paciente que se apresenta com dé cit neurológico súbito. Após 2:30h, as manifestações neurológicas se mantém (o
que exclui a hipótese de AIT) e a TC de crânio não evidencia sinais de hemorragia. Portanto, estamos diante de um AVE isquêmico! Como o
delta-T ainda permite a administração de trombolíticos, devemos administrar o rt-PA assim que possível. A terapia antiplaquetária com AAS
NÃO é contraindicação à trombólise, segundo as principais referências (incluindo a diretriz da Sociedade Americana de Neurologia).
Nesses casos, os benefícios da terapia trombolítica superam os riscos de um eventual sangramento no sistema nervoso central. Inclusive,
a mesma recomendação se mantém para pacientes que fazem terapia antiplaquetária dupla (AAS + clopidogrel), embora o nível de
evidência seja inferior. Resposta: (B). Não cabe recurso.

30 Uma adolescente com 17 anos de idade comparece à consulta na Unidade Básica de Saúde com queixa de dor
incapacitante relacionada ao sangramento menstrual. Refere que o problema se iniciou há 2 anos, tendo-se agravado os
sintomas com o tempo. Relata que a menarca ocorreu aos 11 anos, que é nulípara e que iniciou vida sexual há 1 ano. Ela
apresenta dispareunia, está sem comorbidades e deseja orientação quanto a método contraceptivo. Diante do quadro clínico
apresentado, quais são, respectivamente, a hipótese diagnóstica, o exame complementar a ser solicitado e o método
contraceptivo indicado?

A) Congestão pélvica; ultrassonogra a transvaginal com Doppler; e DIU hormonal.


B) Dismenorreia primária; nenhum exame complementar; e hormonal contínuo.
C) Endometriose; ultrassonogra a transvaginal; e hormonal contínuo.
D) Endometrite; histeroscopia diagnóstica; e método de barreira.

 Comentários
Paciente de 17 anos, 6 anos após a menarca, apresentando dismenorreia secundária há 2 anos com piora progressiva e dispareunia. A
primeira hipótese diagnóstica é endometriose, pois é a principal causa de dismenorreia secundária e dor pélvica crônica em mulheres no
menacme. A investigação complementar com ultrassonogra a transvaginal ou ressonância nuclear magnética de pelve tem o objetivo de
identi car lesões e/ou complicações em órgãos adjacentes. O método contraceptivo mais adequado é o hormonal contínuo, visto que a
doença evolui a cada ciclo menstrual. 

Resposta: letra C.

31 Uma adolescente com 11 anos de idade, com diagnóstico de epilepsia, chega ao pronto-socorro (PS) inconsciente,

com movimentos tônico clônicos generalizados, cianótica, com desvio do olhar e sialorreia. A mãe informa que a
adolescente iniciou a crise há 20 minutos, sem recuperar a consciência ao longo do trajeto para o PS. Na sala de
emergência, devido à persistência do quadro, é administrado diazepam endovenoso por 3 vezes, com intervalo de 5 minutos
entre as doses. Apesar da intervenção terapêutica, a paciente mantém o quadro convulsivo. Nesse caso, a próxima conduta
médica deve ser administrar

A) topiramato por infusão endovenosa contínua.


B) fenitoína em dose de ataque endovenosa.
C) diazepam em dose dobrada endovenosa.
D) tiopental por cânula endotraqueal.

 Comentários
Temos uma adolescente de 11 anos que está evoluindo com estado de mal epiléptico (EME), que apresenta a seguinte de nição
operacional: um episódio único de crise epiléptica com duração superior a 30 minutos ou uma série de crises epilépticas que se repete e
intervalos curtos, mas sem recuperação da consciência entre elas, com duração superior a 30 minutos. 

O tratamento com fármaco antiepiléptico pode ser dividido de acordo com seu estágio de evolução. Para o tratamento do EME precoce (em
crises com duração de até 30 minutos), os agentes de primeira linha devem ser os benzodiazepínicos. O lorazepam é o mais e caz, mas
não é disponível no Brasil. Logo, os fármacos de escolha são o diazepam (0,2 a 0,3 mg/kg) e o midazolam (0,3 mg/kg), por via intravenosa
em bôlus. Em caso de persistência da crise, a dose pode ser repetida por mais duas vezes, com intervalo de 5 minutos entre elas. Caso o
acesso venoso não esteja disponível, são alternativas o uso de diazepam retal (0,5 mg/kg), midazolam bucal (0,5 mg/kg), midazolam
intranasal (0,2 mg/kg) ou ainda midazolam intramuscular (0,2 mg/kg).

Caso haja controle das crises após o uso do benzodiazepínico, um segundo fármaco antiepiléptico (endovenoso para titulação rápida) deve
ser prontamente iniciado. Para o tratamento do EME estabelecido com crises que persistem após 10 minutos com o uso de 2 a 3 doses do
benzodiazepínico, a fenitoína deve ser utilizada como agente de segunda linha (15 a 20 mg/kg endovenoso).  A sua administração deve ser
feita com monitor cardíaco e controle de pressão arterial do paciente, devido aos riscos de hipotensão e arritmia cardíaca. Fenobarbital (20
mg/kg) e valproato de sódio (20 a 40 mg/k) são medicações endovenosas que podem ser utilizadas caso haja falha no controle do EME
com o uso da fenitoína. O fenobarbital apresenta como efeito adverso o risco de hipotensão e depressão respiratória, sendo que a proteção
da via aérea pode ser necessária. O valproato deve ser evitado em crianças menores de 2 anos de idade, devido aos riscos de insu ciência
hepática.

Se após todos estes passos a crise epiléptica ainda pesistir, o EME está classi cado como refratário, que é de nido como crises que
persistem após o uso de dois fármacos ou crises que persistem por tempo superior a uma hora. Nessa fase do EME, é preciso lembrar que
o paciente encontra-se em falha da homeostase e complicações sistêmicas começam a ocorrer. Logo, o tratamento do EME refratario deve
ser feito com terapia de supressão prolongada com altas doses de agentes sedativos em infusão contínua (midazolam, propofol, tiopental,
entre outros).

Resposta: letra B.

Questão correta e não passível de recurso!

32 Um paciente com 70 anos de idade, com sequela de acidente vascular encefálico, acamado, apresenta quadro de
distensão abdominal, dor tipo cólica intensa e parada de eliminação de gases e fezes há cerca de 24 horas. Nega vômitos ou
febre. A acompanhante informou que o paciente já apresentava constipação crônica, sendo muitas vezes necessário clister
glicerinado para retirada de fecaloma. Entretanto, desta vez, relata que realizou o clister, sem saída de fezes e com piora do
quadro abdominal. O exame do abdome estava prejudicado pela pouca interação do paciente, mas ele manifestava dor à
palpação difusa. O toque retal mostrou ampola retal vazia. Realizaram-se as radiogra as de rotina para abdome agudo, o que
evidenciou, além de imagem de fecaloma, intensa dilatação de todo o cólon (mais dilatado no ceco - 11 cm de diâmetro),
ausência de gás no reto e ausência de dilatação de intestino delgado. A conduta médica indicada para esse paciente é

A) laparotomia exploradora.
B) colonoscopia descompressiva.
C) esvaziamento colônico manual.
D) laxantes via sonda nasogástrica.

 Comentários
Estamos diante de um paciente idoso, com sequela de acidente vascular encefálico, com passado de constipação crônica e que, no
momento, apresenta um quadro de obstrução intestinal refratário ao uso de clister glicerinado e que piorou após o uso do mesmo. Além
disso, apresenta dilatação de todo o cólon, que está mais dilatado no ceco, secundária ao fecaloma. A extração manual não pode ser
tentada, a nal de contas, a ampola retal está vazia. Diante deste contexto, a melhor conduta é a intervenção cirúrgica. A colonoscopia
descompressiva é a conduta para tratar o volvo de sigmoide e não serve para tratar obstruções mecânicas. Além disso, um ceco com
dilatação acima de 10 cm, apresenta um alto risco de ruptura, podendo piorar ainda mais pela insu ação de ar da colonoscopia. Portanto, a
melhor conduta é realizar a laparotomia exploradora.

Gabarito: letra A.

33 Uma gestante com 24 anos de idade, primigesta de 28 semanas, em seguimento pré-natal na Unidade Básica de
Saúde, comparece a uma consulta eventual, relatando início, há 5 dias, de tosse, febre (até 38°C), inapetência e perda de 1
kg. Foi coletado material de nasofaringe por swab, com SARS-CoV-2 detectado em teste molecular (RT-qPCR). A paciente
trabalha como balconista de shopping center. Para essa paciente, segundo orientações do Ministério da Saúde, deve-se

A) fornecer atestado médico até o m do período de isolamento recomendado.


B) interromper seus procedimentos eletivos (consultas e exames) na rotina de atendimento da Unidade Básica de Saúde.
C) agendar nova consulta presencial, porque a infecção por SARS-CoV-2 está associada a risco de maior gravidade em gestantes.
D) evitar o uso de antitérmicos, pois a temperatura é importante parâmetro para avaliar a evolução e para tomar uma decisão clínica.

 Comentários
Questão bastante atual. Vamos responder cada alternativa com base no Manuel de Recomendações para a Assistência àGestante e
Puérpera Frente à Pandemia de Covid-19, publicado este ano pelo Ministério da Saúde.

A) Perfeitamente, a orientação em caso con rmado com sintomas leves como o caso acima (que fez questão de enfatizar que não há febre
alta nem outros sintomas de gravidade), é de isolamento domiciliar, orientar sobre contato telefônico a cada 24 horas para
acompanhamento da evolução da doença e informar o resultado do exame RT-qPCR colhido, além de enfatizar atenção no período entre o
7o e o 10o dia do início dos sintomas (onde é mais frequente a piora do quadro clínico). CORRETA

B) Alternativa que não faz muito sentido. Um caso positivo de Covid-19 não é su ciente para interrupção de um serviço inteiro, sendo esta
uma decisão institucional que pode ou não ser tomada frente ao aumento do número de casos INCORRETA

C) Embora seja correto que gestantes sejam consideradas grupo de risco para Covid-19, como vimos acima na alternativa A, não há razão
para marcação de nova consulta a não ser que ocorra agravamento dos sintomas. INCORRETA

D) Febre persistente é de fato um sintoma de gravidade, porém está associada a todo o quadro clínico de Covid-19, e seu tratamento
adequado com antitérmicos não impede a avaliação da piora clínica da paciente. INCORRETA

Resposta letra A, sem margem para recurso

34 Uma adolescente com 13 anos de idade é atendida no pronto-socorro por apresentar ""perda de força nas pernas"".
Segundo a mãe, a adolescente está doente há mais de um mês na primeira semana da doença, teve febre alta que durou 5
dias, dor de garganta, dores no corpo e cansaço extremo. Ela informa, ainda, que a lha foi diagnosticada com amigdalite,
recebeu amoxicilina por 7 dias e que, durante esse tratamento, apresentou manchas vermelhas levemente pruriginosas pelo
corpo. A mãe relata também que, após desaparecimento da febre, a adolescente persistiu com desânimo por cerca de 3
semanas e, quando parecia estar se recuperando, começou a queixar-se de dor e formigamento nos pés e pernas, com
di culdade progressiva para caminhar e que, hoje, não havia conseguido levantar-se da cama. Ao exame físico, a paciente
apresenta paraparesia simétrica e diminuição de força muscular em membros superiores, re exos osteotendinosos
diminuídos em membros superiores e abolidos nos membros inferiores. Em relação a esse quadro clínico, quais são as
principais hipóteses diagnósticas?

A) Dengue; meningite asséptica.


B) Dengue; síndrome de Guillain-Barré.
C) Mononucleose infecciosa; meningite asséptica.
D) Mononucleose infecciosa; síndrome de Guillain-Barré.

 Comentários
Vamos por partes…

Dengue x mononucleose: ao que tudo indica, o diagnóstico inicial mais provável é de mononucleose. A presença de dor de garganta e um
curso clínico arrastado não são esperados em quadros de dengue. Além disso, o desenvolvimento de manchas vermelhas pelo corpo após
uso de amoxicilina também sugere esta hipótese (o mecanismo do rash ainda não é completamente entendido).

Meningite asséptica x Guillain-Barré: ambas são complicações possíveis da mononucleose. O quadro clínico de paraparesia em membros
inferiores, associado à hipo/arre exia, sugere o diagnóstico de Guillain-Barré… A presença de parestesias em extremidades também é um
fenômeno frequentemente relatado. As manifestações da meningite asséptica são semelhantes à de uma meningite bacteriana, ou seja, os
pacientes cursam com febre, irritação meníngea... Isto não foi descrito no enunciado.

Resposta: (D). Não cabe recurso.

35 Um homem com 39 anos de idade, previamente hígido, é atendido em centro de saúde com lesão peniana, mal-
estar e febre baixa há 5 dias. O paciente nega descarga uretral e nega lesões penianas prévias. Não tem parceira sexual
estável, tendo relações sexuais desprotegidas com diferentes mulheres esporadicamente. Em seu exame físico, apresenta
temperatura axilar = 37,8 °C e está corado, hidratado e anictérico. Há linfonodos axilares, epitrocleares e inguinais palpáveis,
pequenos, broelásticos. Veri ca-se lesão ulcerada e úmida em corpo peniano. O teste rápido para sí lis realizado no
momento da consulta foi positivo. Não há relato de tratamento com antimicrobianos no último ano. Relata que, há cerca de
10 anos, ao tomar penicilina benzatina intramuscular para tratar faringite, teve dor no local da aplicação, sem lesões e com
remissão espontânea. Nesse momento, qual é a conduta correta para esse paciente?

A) Prescrever doxiciclina 100 mg, por via oral, de 12 em 12 horas por 15 dias e, após 3 meses, realizar VDRL.
B) Solicitar FTA-Abs e, se teste for positivo, prescrever doxiciclina 100 mg, por via oral, de 12 em 12 horas por 30 dias.
C) Aplicar penicilina benzatina 2,4 milhões UI em dose única, por via intramuscular, e solicitar VDRL nessa consulta.
D) Solicitar VDRL e, se teste for positivo, prescrever penicilina benzatina 2,4 milhões UI por via intramuscular, 3 doses, com intervalos de 7 dias.

 Comentários
Estamos diante de um paciente com quadro de sí lis primária. O teste rápido, que é considerado treponêmico, é positivo, corroborando o
diagnóstico. Lembre-se que esses testes podem permanecer positivos por bastante tempo após a cura de uma infecção prévia (cicatriz
sorológica). Entretanto, como não há história de tratamento de sí lis, a única explicação para um teste treponêmico positivo é a infecção
ativa, a princípio. De qualquer forma, o Ministério da Saúde sempre recomenda a realização de um teste não treponêmico (ex: VDRL) para
con rmação diagnóstica e, claro, para acompanhamento terapêutico.

Por outro lado, a diretriz deixa bem claro também que o tratamento deve ser iniciado de IMEDIATO em algumas situações especí cas,
como por exemplo naquelas pessoas com sinais/sintomas de sí lis primária (é o caso do paciente!) ou secundária. Como sabemos, o
tratamento adequado para essa fase da doença é a penicilina benzatina (o indivíduo claramente não possui alergia a esse medicamento),
2,4M UI, dose única.

Para acompanhamento terapêutico (na população geral), o VDRL deve ser solicitado a cada três meses até o 12o mês do
acompanhamento.

Resposta: (C). Não cabe recurso.

36 Um paciente com 47 anos de idade, motorista de ônibus, comparece ao ambulatório da atenção secundária
relatando início de dor lombar baixa há 2 semanas, a qual se irradia para membros inferiores. Ele nega ter sofrido queda e/ou
trauma local. Devido à intensidade da dor, procurou atendimento em emergência na época, tendo recebido medicação
endovenosa e orientação para acompanhamento ambulatorial para investigação. O paciente a rma que possui dor ainda
incapacitante, a qual piora ao se sentar e ao car em pé, mas que melhora com o repouso. Essa dor possui irradiação pela
região posterior da coxa e perna, chegando até a planta do pé à direita. Também relata diminuição da sensibilidade no dorso
do pé direito. Ao realizar exame físico, apresentou teste de elevação do membro inferior estendido positivo à direita quando
realizando a 40 graus, além de hipoestesia em região de dorso do pé direito, com re exos sem alterações e sem perda de
força muscular. A conduta imediata adequada para o caso é

A) receitar opioide a curto prazo e orientar o paciente a retornar ao trabalho conforme intensidade da dor.
B) prescrever anti-in amatórios, relaxante muscular e início de exercícios para fortalecimento lombar.
C) encaminhar o paciente para cirurgia imediata para descompressão.
D) receitar corticosteroide sistêmico e repouso por 14 dias.
 Comentários
Estamos diante de um adulto com dor lombar aguda (ALBP), de nida como uma dor lombar com menos de 3 meses de duração. Além
disso, podemos dizer que seu padrão é mecânico (melhora com o repouso e piora com o exercício) e que há algum grau de radiculopatia
associada. Vamos analisar as alternativas, começando de baixo para cima:

(D) Incorreta. O uso de corticoides sistêmicos não é recomendado na ALBP. Na presença de radiculopatia causada por uma hérnia de disco,
a prescrição de cursos curtos (5-10 dias) pode ser considerada. De qualquer forma, o repouso absoluto não é recomendado. O ideal é que o
paciente retorne às atividades normais (desde que tolerado). Caso opte-se pelo repouso, o ideal é que não dure mais do que 2 dias (14 dias
é tempo demais…). 

(C) Incorreta. A cirurgia só deve ser considerada em último caso, para pacientes com radiculopatia incapacitante, persistente e refratária ou
na presença de alguma “urgência cirúrgica”, como disfunção miccional, espasticidade, paresia. 

(B) Incorreta. Os AINE e os analgésicos comuns são as drogas de escolha para o tratamento da ALBP com radiculopatia, embora o uso de
opioides possa ser necessário para os casos mais graves (segundo o Harrison, estas medicações são superiores para o alívio de dor na
sala de Emergência. Os relaxantes musculares podem ser utilizados, embora não sejam tão e cazes. Por outro lado, exercícios de
fortalecimento da lombar não mostraram benefícios, especialmente na resolução aguda dos sintomas… Parece até haver algum benefício a
longo prazo, mas não há motivos para indicar de imediato (veja o que o enunciado nos pede) o início dos exercícios.

(A) Correta. Como conversamos, os opioides podem ser prescritos naqueles casos em que a dor é mais intensa e, a princípio, devemos
recomendar o retorno às atividades normais, assim que a dor deixar de ser incapacitante. 

Analisando as alternativas, concluímos que a melhor opção de resposta é, de fato, a letra (A). Não cabe recurso.

37 Um homem com 62 anos de idade retorna à consulta para receber o resultado de biópsia transretal de próstata,

procedimento realizado duas semanas antes, cuja classi cação histopatológica foi de Gleason 7 (4+3). Esse resultado
caracteriza o diagnóstico de

A) hiperplasia prostática benigna.


B) câncer de próstata.
C) prostatite crônica.
D) prostatite aguda.

 Comentários
O escore de Gleason é calculado somando o grau de diferenciação glandular mais frequente em uma biópsia prostática com o segundo
mais frequente. Nesse caso, o mais frequente foi grau 4, o que signi ca uma massa regular de glândulas neoplásicas, e o segundo mais
frequente o grau 3, que é a presença de margens in ltrativas. 

No câncer de próstata, o grau 3 é o mais comum, assim somas acima de 6 são consideradas altamente sugestivas de câncer de próstata.

Assim, a alternativa correta é a letra B, gabarito correto e resposta da questão.

38 Uma menina com 13 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde acompanhada da mãe para consulta de
rotina. A paciente tem um irmão de 11 anos de idade. Ao exame físico, não foram observadas alterações dignas de nota. Ao
veri car o cartão de vacinação, constatou-se que a adolescente não havia sido vacinada contra o HPV. Nesse caso, o
pro ssional de saúde deve

A) orientar somente a vacinação do irmão.


B) orientar somente a vacinação da adolescente.
C) orientar a vacinação da adolescente e de seu irmão.
D) orientar que não é recomendada a vacinação da adolescente e de seu irmão.
 Comentários
No Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde no corrente ano, a vacina contra o HPV é indicada na sua forma quadrivalente
(6, 11, 16 e 18), em duas doses, para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Dessa forma, tanto a adolescente de 13 anos
quanto o seu irmão de 11 anos devem ser orientados quanto a vacinação.

Resposta: letra C.

Questão correta e não passível de recurso!

39 Um homem com 21 anos de idade comparece à Unidade de Saúde da Família para ser submetido a tratamento
cirúrgico de onicocriptose em hálux direito. Com relação à técnica a ser adotada para esse procedimento cirúrgico, após
anestesia local, é correto

A) realizar exérese completa da unha encravada.


B) descolar o leito ungueal, fazendo-se uma avulsão parcial do segmento encravado.
C) preservar a matriz ungueal e fazer a exérese em cunha do tecido de granulação.
D) retirar uma elipse de pele e tecido subcutâneo da borda com tecido de granulação e sinais de infecção local.

 Comentários
Estamos diante de um paciente de 21 anos que apresenta o quadro de onicopritose em hálux direito, a famosa unha encravada. Repara que
o enunciado não descreve a presença de qualquer complicação, refere apenas onicocriptose em hálux direito. A onicocriptose acontece
quando parte da unha cresce em direção à pele e promove penetração da mesma. Nestes casos, a extração completa da unha deve ser
evitada, pois a chance de encravar novamente é alta. O tratamento correto é desobstruir a passagem da unha, retirando até sua matriz e o
canto que encrava, ou seja, realizando uma avulsão parcial do segmento encravado.

Gabarito: letra B.

40 A equipe de Saúde da Família recebeu uma solicitação de visita domiciliar para um paciente com 74 anos de idade,
que obteve alta hospitalar no dia anterior. A esposa e cuidadora do paciente mostrou a contrarreferência do hospital,
informando que o paciente esteve internado por câncer de próstata avançado com metástases ósseas e que recebeu alta
com cuidados paliativos. Ademais, o paciente é hipertenso, diabético, acamado há 1 ano, em uso de sonda nasoenteral
devido a um acidente vascular encefálico e sem perspectiva de tratamento curativo. A esposa estava bastante angustiada e
não entendia como o marido tinha recebido alta naquelas condições, pois gemia e, à noite, gritava de dor, mesmo em uso de
paracetamol e codeína (500 mg + 30 mg), que foram mantidos na alta hospitalar. Qual é a conduta médica correta para esse
paciente?

A) Iniciar mor na solução oral 10 mg/mL, 10 gotas, de 4 em 4 horas para controle de dor intensa em cuidados paliativos.
B) Manter paracetamol, codeína e adicionar anti-in amatório não esteroidal para otimizar tratamento da dor.
C) Iniciar tramadol em solução oral 100 mg/mL, 20 gotas, de 12 em 12 horas, para controle de dor intensa.
D) Encaminhar para reinternação hospitalar para controle da dor com mor na endovenosa.

 Comentários
Em uma situação de cuidados paliativos, um dos principais pontos da abordagem é o adequado controle da dor. No caso de dor intensa,
como apresentada pelo paciente do enunciado, os opioides são o grupo de medicamentos mais utilizado, principalmente nos casos de dor
oncológica, porém devem ser utilizados em dose e horário corretos, com atenção aos efeitos adversos. Vamos responder cada alternativa
segundo o Manual de Cuidados Paliativos publicado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos:
A) A mor na é considerada opioide forte, tem horário de administração a cada 4 horas, e está disponível em solução oral de 10 mg/ml,
permitindo uso através da sonda nasoenteral. É uma boa opção para o paciente acima, que apresenta dor refratária apesar do uso de
opioide fraco + adjuvante (CORRETA)

B) Os AINES não são medicações adequadas para tratamento das dores relacionadas a neoplasias. Seu uso prolongado por mais de alguns
dias incorre no risco de efeitos colaterais como lesão renal e lesão gastrintestinal (INCORRETA)

C) O tramadol, além de ser também considerado opioide fraco, com potência de 1/6 a 1/10 da mor na oral, e portanto melhor para dores
moderadas, tem frequência de administração recomendada de a cada 6 horas ou a cada 8 horas. (INCORRETA)

D) Uma das bases dos cuidados paliativos é justamente a desospitalização de pacientes nessa situação. A atenção hospitalar é voltada
para o controle de sintomas que não sejam passíveis de controle em outro nível de assistência, o que não é o caso acima, pois não foram
esgotadas as opções disponíveis. (INCORRETA)

Resposta letra A, sem margem para recurso

41 Um pré-escolar com 3 anos de idade é atendido no pronto-socorro com quadro de tosse produtiva e febre alta há 4
dias, associado à di culdade respiratória. No exame físico, apresenta-se febril, emagrecido, hipocorado (2+/4+), hidratado,
com boa perfusão periférica, com temperatura axilar de 39 °C, FC = 110 bpm e FR = 55 irpm. O paciente apresenta retração
subcostal e tiragens intercostais, com murmúrio vesicular diminuído em base de hemitórax esquerdo. Segundo o Programa
de Atenção Integrada das Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) do Ministério da Saúde, qual é a classi cação do quadro
respiratório da criança?

A) Pneumonia.
B) Pneumonia grave.
C) Não é pneumonia.
D) Pneumonia muito grave.

 Comentários
Não há dúvidas de que esta criança tem uma infecção das vias aéreas inferiores, ou seja, uma pneumonia. No curso de uma infecção
respiratória aguda evoluiu com aumento da frequência respiratória e, se não bastasse isso, ainda temos as alterações na ausculta
respiratória que corroboram a suspeita. O que deve ser feito é a determinação da gravidade do quadro, para posterior de nição terapêutica.
A tiragem ou retraão subcostal é um marcador usado como um critério de gravidade nas referencias brasileiras. É bem verdade que,
atualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não indica mais que esta alteração seja um marcador de gravidade, porém, a questão
cita o Programa de Atenção Integrada das Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) do Ministério da Saúde. Logo, com base nos
documentos brasileiros, iremos dizer que há pneumonia grave e, por conta disso, a internação está recomendada para tratamento com
antibioticoterapia por via parenteral. 

Resposta: letra B.

Questão correta e não passível de recurso!

42 Uma mulher com 30 anos de idade assintomática, vem à Unidade Básica de Saúde para mostrar o resultado do
exame de colo uterino. A paciente havia realizado a coleta há cerca de 20 dias, como rotina ginecológica. No dia da coleta,
nenhuma anormalidade foi detectada no exame especular. O resultado da citologia oncótica revelou células escamosas
atípicas de signi cado indeterminado, possivelmente não neoplásicas (ASC-US). Qual conduta médica deverá ser adotada a
partir desse resultado?

A) Orientar a repetir a citologia oncótica em 12 meses.


B) Orientar a repetir a citologia oncótica em 6 meses.
C) Solicitar biópsia do colo uterino.
D) Solicitar colposcopia.

 Comentários
Questão bem direta. A conduta frente a uma colpocitologia com ASC-US em paciente com idade maior ou igual a 30 anos é repetir o exame
citopatológico em 6 meses. Caso a paciente tivesse idade menor do que 30 anos, o exame deveria ser repetido em 12 meses. A
colposcopia só está indicada se a alteração persistir. A necessidade de biópsia deve ser avaliada durante a colposcopia, se evidenciada
lesão de alto grau. 

Resposta: letra B.

43 Uma mulher com 44 anos de idade é encaminhada para avaliação de nódulos mamários múltiplos, inicialmente
atribuídos a possível doença brocística benigna da mama. A razão do encaminhamento ao especialista é a preocupação da
paciente com o fato de uma tia paterna, com 68 anos de idade, ter sido recentemente diagnosticada com câncer de mama
(adenocarcinoma ductal in ltrante). A paciente é multípara (G4P5), tendo sua primeira gestação ocorrido aos 36 anos de
idade. Amamentou todos os lhos por pelo menos 1 ano. Sua menarca foi tardia, ocorrendo aos 16 anos de idade. Relata
que seus ciclos menstruais são indolores e regulares, a cada 28 dias (3 dias de duração), com uxo em volume normal.
Mantém relações sexuais regulares, com parceiro único e sem uso de preservativo. Ela nega possuir comorbidades e
alergias. No exame das mamas, são palpados múltiplos nódulos de consistência broelástica bilaterais, no meio dos quais é
palpado um nódulo sólido, indolor e pouco móvel, de 2,0 cm de diâmetro, localizado no quadrante superior externo da mama
esquerda; não há alterações cutâneas locais nem linfonodomegalias satélites, axilares, supraclaviculares ou cervicais. No
exame físico geral, a paciente se encontra em bom estado, corada, com IMC = 23,5 kg/m². Além do nódulo sólido palpável,
qual é o outro fator de risco para câncer de mama que a paciente apresenta?

A) Multiparidade.
B) Menarca tardia.
C) Primeira gestação em idade avançada.
D) Tia paterna com câncer de mama pós-menopausa.

 Comentários
A questão traz uma paciente com nódulo mamário e pede um fator de risco para câncer de mama identi cado na história clínica. Vamos às
alternativas: a multiparidade e a menarca tardia são considerados fatores de proteção para o câncer de mama, visto que dimimuem a
quantidade de ciclos ovulatórios ao longo da vida da mulher (alternativas A e B incorretas). Em relação à história familiar, é considerado
fator de risco a história de câncer de mama em parente de primeiro grau, especialmente se jovens ou na pré-menopausa, então podemos
excluir também a alternativa D. A ocorrência da primeira gestação em idade superior a 28 anos é um fator de risco para a doença; a
paciente em questão teve sua primeira gestação aos 36 anos (letra C correta).

Resposta: letra C.

44 Uma jovem com 18 anos de idade que sofreu uma queda de bicicleta há 2 horas é levada ao pronto-socorro. Seus
familiares relatam que ela não estava usando capacete e bateu a cabeça na calçada, quando perdeu momentaneamente a
consciência por cerca de 1 minuto. Ao ser atendida, apresenta-se consciente e orientada no tempo e no espaço, com
abertura ocular espontânea e respondendo aos comandos verbais, com pupilas isocóricas e ausência de dé cit neurológico.
Ela se queixa de cefaleia discreta e não progressiva, além de tontura temporária, e apresenta ainda ferimento cortocontuso
de cerca de 3 cm no couro cabeludo, negando episódios de vômitos ou outros sintomas. Nessa situação, a conduta
adequada a ser adotada, após a sutura do ferimento, é

A) manter a paciente em observação e realizar exame neurológico seriado por 24 horas.


B) dar alta hospitalar, orientando a paciente e seus acompanhantes em relação aos sintomas de alarme.
C) solicitar tomogra a de crânio e, se o resultado for normal, dar alta hospitalar à paciente com orientações.
D) solicitar tomogra a de crânio e indicar internação hospitalar da paciente para observação clínica por 24 horas.

 Comentários
Questão polêmica e que cabe recurso!

Estamos diante de uma paciente que apresentou um traumatismo crânio encefálico há 02 horas. A paciente está com glasgow de 15, com
cefaleia discreta, tontura temporária e um ferimento cortocontuso de 3 cm. A paciente tinha tudo para apresentar um TCE de baixo risco, no
entanto, o enunciado trouxe um dado que acabou comprometendo a questão: perda momentânea da consciênica!

A perda momentânea da consciência é um dado que é considerado indicação de tomogra a no TCE em diversos estudos. Logo, a
alternativa mais correta seria a letra C e não a letra B. 

Segue abaixo uma sugestão de modelo de recurso para vocês encaminharem à Banca Examinadora:

Prezada Banca Examinadora,

A questão número 44 deste concurso trouxe como gabarito o cial a letra B. No entanto, a letra C seria a alternativa mais adequada.
Segundo diversos estudos na literatura, a presença de perda momentânea da consciência seria uma indicação clara de realização de
tomogra a de crânio. Segue logo abaixo trechos de um estudo que rati cam este argumento:

"This study demonstrated that headache, vomiting, LOC or amnesia, and alcohol intoxication were four risk indicators suggested for the
indication of brain CT scan in minor head injury (MHI)."

"In our study, the presence of headache, vomiting, and LOC or amnesia was separately associated with abnormal brain CT scan related to
the trauma. Stein et al. suggested that any patient who has experienced LOC or amnesia following head injury should undergo brain CT
scan.[27] Haydel et al. have expanded the criteria for brain CT scan in patients with MHI that consist of headache, vomiting, age >60 years,
drug or alcohol intoxication, de cits in short-term memory, physical evidence of trauma above the clavicles, and seizure. These criteria led to
a sensitivity of 100% and a speci city of 25%."

"We suggested that abnormal brain CT scan related to the trauma after MHI can be predicted by the presence of one or more of the
following risk indicators: Headache, vomiting, LOC or amnesia and alcohol intoxication. Thus, if any patient has these indicators following
MHI, he must be considered a high-risk MHI."

FONTE: Sharif-Alhoseini et al. Indications for brain computed tomography scan after minor head injury. J Emerg Trauma Shock. 2011 Oct-
Dec; 4(4): 472–476. (doi: 10.4103/0974-2700.86631).

Portanto, solicito alteração do gabarito o cial da referida questão para a letra C.

45 Uma gestante, no curso da 12.ª semana de gestação, vai ao ambulatório de obstetrícia referenciado de sua
Unidade Básica de Saúde com o seguinte encaminhamento: ""Encaminho primigesta com 23 anos de idade por ter
apresentado, em seus exames de rotina do pré-natal, uma glicemia de jejum de 140 mg/dL"". No momento, a paciente
encontrava-se assintomática e já trazia um segundo resultado de glicemia de jejum que demonstrava um valor de 148
mg/dL. O obstetra do ambulatório, segundo as recomendações mais atualizadas da OMS e da Sociedade Brasileira de
Diabetes, deve

A) solicitar teste de sobrecarga oral com 75 gramas de glicose anidra ainda com 12 semanas de gestação.
B) solicitar teste de sobrecarga oral com 75 gramas de glicose anidra entre 24 e 28 semanas de gestação.
C) diagnosticar a paciente com diabete melito prévio à gestação e iniciar tratamento adequado.
D) diagnosticar a paciente com diabete melito gestacional e iniciar tratamento adequado.

 Comentários
A paciente apresenta não só uma, mas duas glicemias de jejum com resultado maior ou igual a 126 mg/dl no primeiro trimestre de
gestação. Pelas recomendações mais atuais do Ministério da Saúde, apenas uma glicemia já seria su ciente para que essa paciente fosse
diagnosticada com diabetes prévio à gestação (ou overt diabetes), sendo necessário início de tratamento adequado. Não é necessário
realizar TOTG. O diagnóstico de diabetes do tipo gestacional no primeiro trimestre é feito com glicemia de jejum maior ou igual a 92 mg/dl,
porém menor do que 126 mg/dl.

Resposta: letra C.

46 Uma pré-escolar com 4 anos de idade é atendida no pronto-socorro com história de febre alta (40 °C) há 3 dias,
indisposição e dores no corpo, vômitos e diarréia. No momento, queixa-se de dor abdominal intensa e contínua. Em seu
exame físico, os resultados foram os seguintes: FC = 120 bpm, FR = 25 irpm, temperatura axilar = 37,5 °C, mucosas úmidas,
coradas, anictéricas; ausculta cardíaca e respiratória normais, abdome levemente distendido, doloroso difusamente à
palpação, sem sinais de irritação peritoneal, fígado palpável a 3 cm do rebordo costal direito. Há petéquias esparsas e
exantema máculo-papular em face, tronco, membros superiores e inferiores, incluindo palmas das mãos. Suas extremidades
estão aquecidas e bem perfundidas. Foi realizado hemograma que apresentou os seguintes valores: Ht = 45 % (valor de
referência: 37 a 40 %); Hb = 15,2 g/dL (valor de referência: 12,6 ± 1,5 g/dL), leucócitos totais = 3 500/mm³ (valor de
referência: 5 000 a 12 000/mm³, bastões = 2 %, segmentados = 50 %, linfócitos = 30 %, monócitos = 10 %, eosinó los = 8 %,
plaquetas = 50 000/mm³ (valor de referência: 150 000 a 450 000/mm³). Quais são, respectivamente, o diagnóstico e a
conduta médica inicial adequados?

A) Chikungunya; observação e a hidratação parenteral com soro siológico 0,9 %.


B) Zika; internação hospitalar e hidratação parenteral com soro siológico 0,9 %.
C) Dengue grupo B; observação e hidratação oral com a reavaliação clínico-laboratorial.
D) Dengue grupo C; internação hospitalar e hidratação parenteral com soro siológico 0,9 %.

 Comentários
Estamos diante de uma pré-escolar com quadro febril associado a outras manifestações inespecí cas (mialgia, vômitos e iarreia). Após a
melhora da febre, surgem sintomas mais graves, como dor abdominal intensa e contínua. Tudo leva a crer que essa criança tem dengue,
não concorda? Os sintomas da Zika não costumam ser tão exuberantes assim e a Chikungunya tem como marca a artralgia/artrite de forte
intensidade. Após o diagnóstico de dengue, é preciso de nir o estágio (grupo) da doença para adotarmos as condutas terapêuticas
adequadas. Repare que esse paciente apresenta três sinais de alarme: dor abdominal intensa (referida ou a palpação) e contínua,
hepatomegalia maior do que 2 cm do rebordo costal e aumento progressivo do hematócrito. É importante ressaltar que não há qualquer
sinal de instabilidade hemodinâmica, visto que apresenta perfusão, frequências cardíaca e respiratórias normais. Dessa forma, devemos
estadia-la como grupo C.

Resposta: letra D.

Questão correta a não passível de recurso!

47 O quadro a seguir apresenta os dados sobre a mortalidade nas capitais brasileiras por COVID-19 e a população que
vive com menos de US$ 5,5 por dia, faixa que de ne a linha da pobreza, segundo o Banco Mundial. Com base nas
informações do quadro apresentado, assinale a alternativa correta.
A) As capitais com as maiores taxas de mortalidade por COVID-19 possuem maior população estimada, indicando maior concentração
demográ ca e, portanto, maior risco de contágio.
B) Não há associação entre a mortalidade por COVID-19 e a taxa de população mais pobre, pois a ocorrência de morte pela doença se
relaciona à idade e à presença de comorbidades.
C) Há grande diferença na mortalidade por COVID-19, sendo mais elevada onde é maior a proporção de pessoas mais pobres, o que reforça a
determinação social da saúde.
D) As capitais com maiores taxas de mortalidade por COVID-19 apresentam menores proporções de pessoas com rendimento familiar abaixo
da linha da pobreza.

48 Uma paciente com 34 anos de idade, vítima de acidente automobilístico, apresentando trauma abdominal contuso
sem evidência de lesões em outros segmentos corpóreos, foi levada ao pronto-socorro do Centro de Referência de Trauma
de nível terciário para atendimento. No atendimento em cena pela equipe de suporte avançado do Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU), foram infundidos 500 mL de ringer lactato. No exame físico da paciente, obteve-se os seguintes
resultados: FC = 110 bpm, enchimento capilar = 6 segundos, PA = 100 x 70 mmHg, Glasgow = 15. Houve normalização dos
sinais vitais após a infusão de mais de 500 mL de solução cristaloide no atendimento inicial. Os exames laboratoriais
mostraram os seguintes resultados: Hb = 10,5 g/dL (valor de referência: 12 a 14 g/dL), Ht = 31 % (valor de referência: 35 a 45
%), lactato = 2,8 mmol/L (valor de referência: < 2,0 mmol/L), INR = 1,0 (valor de referência: 0,8 a 1,2), brinogênio = 200
mg/dL (valor de referência: 185,0 a 400,0 mg/dL), plaquetas = 120 000/mm³ (valor de referência: 100 000 a 420 000/mm³). A
tomogra a computadorizada do abdome com contraste endovenoso é mostrada na imagem a seguir. Não foram
evidenciadas outras lesões no abdome. Com base na história clínica, nos dados do exame físico e na imagem da tomogra a,
a conduta médica adequada é indicar
A) laparotomia exploradora de urgência para tratamento da lesão hepática.
B) controle clínico-laboratorial seriado e tratamento não operatório.
C) angiogra a e embolização para tratamento da lesão hepática.
D) laparoscopia de urgência para hemostasia da lesão hepática.

 Comentários
Estamos diante de um paciente vítima de acidente automobilístico, que apresenta trauma abdominal contuso. Após a reposição volêmica,
houve normalização dos sinais vitais. Além disso, o paciente não apresenta sinais de peritonite. Na tomogra a, visualizamos uma lesão
vascular hepática em lobo direito que permite o extravasamento de contraste para a região intraparenquimatosa. Neste contexto, qual é a
conduta para este paciente? Com os avanços em técnicas como a embolização angiográ ca, o número de indicações cirúrgicas na lesão
fechada do fígado tem caído substancialmente. Em pacientes estáveis, sem sinais de peritonite, mesmo diante de uma lesão grau IV ou V, a
angioembolização ainda pode ser uma excelente conduta.

Em relação ao extravasamento de contraste, podemos classi car em três tipos: no tipo 1 ocorre extravasamento de contraste para a
cavidade peritoneal, uma indicação inquestionável de laparotomia. No tipo 2 temos hemoperitônio e extravasamento de contraste para
dentro do parênquima hepático. Embora alguns pacientes necessitem de cirurgia, a recomendação para a maioria desses casos é a
angiogra a seguida de embolização. O tipo 3 apresenta extravasamento de contraste para o parênquima hepático sem hemoperitônio; a
angiogra a é realizada e os resultados são muito bons.

Como vimos, o nosso paciente não apresenta contraste extravasando para cavidade peritoneal, o extravasamento é intraparenquimatoso e
não hemoperitônio associado. Neste cenário, a conduta ideal é realizar a angiogra a com embolização.

Gabarito: letra C.

49 Uma gestante, no curso da 24.ª semana de gestação, comparece à consulta de rotina de pré-natal. Informa já ter

tido um aborto com 7 semanas e um parto vaginal com 34 semanas. No momento, está sem queixas e apresenta exame
físico dentro da normalidade. Traz consigo ultrassonogra a gestacional que revela gestação única, tópica, com 24 semanas
(corrigidas), feto com apresentação cefálica, placenta anterior e com grau zero de maturidade, quantidade de líquido
amniótico e peso fetal normais para a idade gestacional, colo uterino fechado medindo 2,9 cm (valor de referência: > 2,5 cm).
Apresenta também resultado de exame de urocultura que revela E. coli com 10⁵ Unidades Formadoras de Colônias. O médico
prescreve cefalexina e progesterona para essa paciente. Nesse caso, a prescrição de progesterona se justi ca porque a
gestante apresenta

A) bacteriúria assintomática, que é um fator de risco para parto prematuro.


B) ultrassonogra a gestacional que demonstrou um colo uterino curto.
C) passado de um aborto precoce por insu ciência de corpo lúteo.
D) histórico de parto prematuro.

 Comentários
A progesterona é indicada para pro laxia do trabalho de parto prematuro em pacientes com antecedentes de parto pré-termo (antes de 37
semanas) e para aquelas que apresentam colo curto à ultrassonogra a transvaginal realizada entre 20-24 semanas (colo menor do que 2,5
cm). Como o comprimento do colo da paciente é normal, a indicação se deu pelo antecedente obstétrico de parto com 34 semanas. O
antecedente de abortamento espontâneo não é indicação de progesterona no segundo trimestre - vale lembrar que o corpo lúteo só é
importante para manter a gestação até a ocorrência da placentação. A bacteriúria assintomática deve ser sempre tratada em gestantes
com antibiótico, mas não é necessário associar progesterona.

Resposta: letra D.

50 Uma paciente com 42 anos de idade, internada no hospital por prurido, cansaço, anorexia e epistaxe que foi

prontamente tamponada, relata que tem cado ""roxa"" com facilidade, mesmo após traumas muito leves. Em exame físico, a
paciente apresenta icterícia e algumas equimoses e seus exames laboratoriais mostram aumento de fosfatase alcalina, de
gama-glutamil transferase, de aminotransaminases, de tempo de protrombina (TP) e da razão normalizada internacional
(INR). Nesse caso, qual é o tratamento indicado?

A) Reposição de fator VIII, via endovenosa, dose única.


B) Reposição de vitamina K, via parenteral, por 24 até 72 horas.
C) Administração de prednisona 1 mg/kg uma vez ao dia por 72 horas.
D) Administração de ácido tranexâmico, a cada 8 horas, por 24 a 48 horas.

 Comentários
Estamos diante de uma paciente com hepatopatia crônica (colangite biliar primária?) que passa a desenvolver fenômenos hemorrágicos,
que, ao que tudo indica, estão relacionados ao alargamento do TAP/INR, parâmetros que avaliam a via extrínseca da cascata de
coagulação e que tipicamente se alteram nas doenças hepáticas crônicas.

Vamos entender o motivo de a letra B ser a melhor resposta… O fator VII, grande “estrela” da via extrínseca, é um dos fatores vitamina K-
dependentes (outros: II, IX e X). Por isso, a reposição da vitamina K é importante nesse caso. Agora, em indivíduos com obstrução da via
biliar (colestase), o que essa paciente realmente pode ter levando em consideração os marcadores hepáticos e seu possível diagnóstico de
CBP, o ideal é que essa reposição seja parenteral. Lembre-se que a vitamina K precisa da bile para ser absorvida; se a via biliar está
obstruída, a bile não chega ao intestino para facilitar essa absorção…

A reposição de fator VIII não trará benefícios, a princípio - o problema está na via extrínseca. A administração de prednisona também não…
Não é uma droga classicamente utilizada para o tratamento da CBP. Caso a hepatopatia seja causada por outra etiologia, como a hepatite
autoimune (doença em que os corticoides têm papel importante), o tratamento seria um pouco mais prolongado, e não apenas por 72
horas. O ácido tranexâmico não tem benefício comprovado para o tratamento da epistaxe e de algumas outras formas de hemorragia… Eles
podem ser considerados no contexto de uma hemorragia mais volumosa e/ou refratária. 

Melhor resposta: (B). Não cabe recurso.

51 Uma criança com 7 anos de idade, do sexo feminino, é atendida na Unidade Básica de Saúde devido à enurese
noturna há cerca de 6 meses, com 2 a 3 episódios de perda involuntária de urina à noite por semana. A criança havia
apresentado controle de esfíncter vesical à noite aos 5 anos de idade. A mãe a rma que a queixa principal coincidiu com o
nascimento de seu lho mais novo, o que levou a mudanças na rotina da família, entre elas, a menina passou a car com os
avós durante o dia, só retornando para casa à noite. Nesse caso, qual deve ser a conduta inicial?

A) Terapia com anticolinérgicos.


B) Terapia com desmopressina.
C) Terapia com amitriptilina.
D) Terapia comportamental.

 Comentários
A questão apresenta uma criança com quadro bastante claro de enurese noturna, cuja de nição até foi descrita no enunciado, que é a
seguinte: pelo menos dois episódios semanais de perda urinária involuntária durante o sono,há pelo menos 3 meses em maiores de 5 anos.
É classi ada como primária se o paciente nunca controlou a urina durante o sono e secundária se controlou por ao menos 6 meses. No
caso em tela, perceba que a criança foi constantemente seca por um período de aproximadamente 1 ano e meio, apresentando os
episódios de perda urinária nos últimos 6 meses. Sendo assim, estamos diante de uma enurese noturna SECUNDÁRIA, ou seja, que não
está atrelada ao modelo dos três sistemas, mas sim a comorbidades que podem levar a quadro de perda urinária durante o sono. Dentre os
mais comuns, destacam-se constipação, parassonias, hipercalciúria, transtornos respiratórios do sono (ex: apneia obstrutiva) e transtornos
psicológicos e baixa auto estima. Perceba que no texto foi descrito um fato que nos direciona para uma destas possibilidades listadas, que
são os transtornos psicológicos, pois a enurese noturna iniciou após o nascimento do irmão mais novo, que implicou na mudança de rotina
da criança durante o dia. Neste caso, a terapia comportamental será o tratamento de eleição, pois irá criar subsídios para modi car os
padrões de comportamento inapropriados, que contribuem para a persistência da enurese.

Resposta: letra D.

Questão correta e não passível de recurso!

52 Um paciente com 23 anos de idade, do sexo masculino, vítima de acidente automobilístico, foi trazido ao setor de
Trauma pela equipe de suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Apresenta vias aéreas
pérvias, ausculta pulmonar normal, PA = 100 x 60 mmHg, FC = 100 bpm, FR = 24 irpm, Glasgow = 14. Durante a inspeção,
nota-se esquimose perineal. O paciente está com sonda vesical de duas vias com débito de 40 mL de sangue vivo. Queixa-se
de dor intensa em hipogástrio, onde se nota abaulamento extremamente doloroso à palpação que vai do púbis até cerca de 5
cm abaixo da cicatriz umbilical. Nesse caso, o diagnóstico e a conduta médica inicial para esse paciente são

A) trauma renal e tomogra a computadorizada de abdome com contraste endovenoso.


B) trauma de bexiga e colocação de sonda vesical em três vias para irrigação contínua.
C) trauma de uretra e retirada da sonda vesical com cistostomia percutânea.
D) obstrução da sonda vesical e desobstrução com irrigação sob pressão.

 Comentários
Estamos diante de um paciente, vítima de acidente automobilístico e que apresenta uretrorragia associada a uma equimose na região
perineal . Diante destes achados, a nossa principal hipótese é a lesão de uretra.

As lesões na podem ter como sinais, além da uretrorragia, retenção urinária com distensão da bexiga e próstata em posição alta
identi cada ao toque retal. Contudo, a tríade desta lesão é composta de: uretrorragia, retenção vesical e globo vesical palpável (bexigoma).
Exatamente o que o nosso paciente está apresentando. Quando identi camos os sinais descritos acima em uma vítima de politrauma, o
cateterismo vesical na sala de emergência está formalmente contraindicado, uma vez que a passagem da sonda de Foley pode agravar a
lesão uretral. Nesses casos, a realização de uretrogra a retrógrada é mandatória para o diagnóstico. Neste contexto, a a melhor conduta é
retirar a sonda vesical e realizar uma cistostomia percutânea.

Gabarito: letra C.

53 A Agente Comunitária de Saúde (ACS) visitou a casa de uma moradora de 26 anos de idade com suspeita de sofrer
violência intradomiciliar pelo companheiro há 6 meses. Na ocasião da visita, o companheiro estava no trabalho, a mãe das
crianças negou problemas e disse que elas estavam dormindo, entretanto, os vizinhos têm ouvido brigas frequentes do
casal, cujos lhos de 2 e 3 anos de idade choram e gritam muito, além de apresentarem manchas roxas pelo corpo. Após o
relato da ACS para a médica da equipe, qual é a conduta adequada para esse caso?
A) Orientar a ACS a acionar a polícia visando ao encaminhamento das crianças a uma delegacia especializada pelos indícios de violência e
pelo risco de revitimização.
B) Registrar no Sistema Nacional de Noti cação de Agravos e encaminhar as crianças ao Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil.
C) Programar visita domiciliar, noti car suspeita de violência, acionar o Conselho Tutelar considerando as evidências de agressões.
D) Respeitar a autonomia da mãe, direito fundamental garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

54 Uma adolescente com 18 anos de idade chega à Unidade Básica de Saúde com queixa de sinusorragia,
dispareunia e corrimento amarelado sem odor e sem prurido. A paciente nega outras queixas. Ao realizar exame físico, os
resultados foram os seguintes: PA = 120 x 75 mmHg, pulso = 70 bpm, temperatura axilar = 36,5 °C. Seu abdome está plano,
ácido e indolor à palpação. Em exame especular, percebe-se corrimento amarelado, sem bolhas e sem grumos presentes
na vagina e no orifício cervical externo, colo uterino sangrante ao toque e doloroso à mobilização. Seu pH vaginal está
próximo de 4,0 e o teste de Whiff deu negativo. Qual é o provável agente etiológico do quadro clínico apresentado por essa
adolescente?

A) Candida albicans.
B) Gardnerella vaginalis.
C) Trichomonas vaginalis.
D) Chlamydia trachomatis.

 Comentários
A questão traz uma paciente jovem, com queixa de sinusiorragia, dispareunia e corrimento: a principal hipótese diagnóstica é alguma
infecção sexualmente transmissível. Os únicos agentes sexualmente transmissíveis são o Trichomonas e a Chlamydia. Na tricomoníase, o
corrimento é esverdeado, bolhoso, fétido, com teste das aminas positivo. O colo é friável e classicamente é descrito o aspecto em morango
(colpite difusa). A infecção por clamídia normalmente é assintomática ou oligossintomática, caracterizada por cervicite muco-purulenta,
podendo evoluir para doença in amatória pélvica. É, portanto, a resposta da questão. O sintoma cardinal da vulvovaginite por Candida é o
prurido; a leucorreia é grumosa, aderida às paredes vaginais, que frequentemente são hiperemiadas e edemaciadas. Já na vaginose
bacteriana, o corrimento é branco-acinzentado, bolhoso, fétido, pH acima de 5,0 e o teste das aminas é positivo, mas não há sinais de
in amação.

Resposta: letra D.

55 Um Agente Comunitário de Saúde solicita que o médico da equipe avalie uma senhora de 78 anos de idade que

vem apresentando confusão mental nos últimos meses. Ao realizar a avaliação, o médico nota que a paciente está em
regular estado geral, confusa e descorada. O exame físico mostrou re exo de Babinski presente bilateralmente e
incoordenação motora. Considerando o caso clínico apresentado, assinale a alternativa que contempla corretamente o
exame laboratorial que deve ser solicitado, o resultado e o diagnóstico.

A) Hemograma; VCM = 120 ; anemia perniciosa.


B) Hemograma; VCM = 80 ; anemia por de ciência de ácido fólico.
C) FAN; positivo com padrão nuclear pontilhado no denso; encefalopatia renal.
D) FAN; positivo com padrão nuclear pontilhado grosso; encefalopatia lúpica.

 Comentários
Temos uma paciente idosa com quadro neurológico caracterizado por confusão mental e combinação de acometimento do feixe piramidal
bilateral (sinal de Babinski de ambos os lados) com possível cordão posterior da medula, tendo em vista que há também perda da
propriocepção.

Esses achados associados a uma provável anemia - essa senhora se apresenta descorada ao exame físico! - sugerem o diagnóstico de
anemia megaloblástica por de ciência de B12.
A de ciência dessa vitamina é capaz de causar a degeneração combinada da medula, exatamente como descrito, correspondendo ao
acometimento do cordão posterior da medula + feixe piramidal lateral.

Como estão tipicamente hemácias na de ciência de B12? Grandes, com VCM > 110 . 

A principal causa de anemia megaloblástica é a anemia perniciosa, que resulta de ataque autoimune contra as células parietais gástricas e
contra o fator intrínseco, levando à gastrite atró ca e diminuição da absorção de cobalamina (A correta). 

A de ciência de ácido fólico também causa anemia megaloblástica, mas não gera sintomas neurológicos (B incorreta). 

O FAN nuclear pontilhado no denso é um padrão na maioria das vezes associado a pacientes normais (C incorreta) e o pontilhado grosso
é visto em doenças como lúpus eritematoso sistêmico, doença cujo início é extremamente improvável aos 78 anos de idade (D incorreta). 

Resposta: A. Não cabe recurso

56 Um pré-escolar com 4 anos de idade foi diagnosticado com COVID-19 há 30 dias, sem complicações na época. Há
5 dias, tem tido febre diária, 38 a 40 °C, persistente. No segundo dia de febre, apresentou língua em framboesa, linfadenite
cervical unilateral (3 cm), tendo recebido, na ocasião, dose única de penicilina benzatina. Hoje, quinto dia, é atendido no
pronto-socorro com persistência da febre. Ao exame físico, encontra-se clinicamente hidratado, com hiperemia conjuntival
bilateral não purulenta, exantema escarlatiniforme, edema em mãos e pés. Em face desse quadro clínico, o exame
complementar e o tratamento indicados são, respectivamente,

A) sorologia para Epstein-Baar; corticoterapia via oral.


B) ecocardiograma; aplicação de gamaglobulina via endovenosa.
C) IgG e IgM para sarampo; reposição de vitamina A via endovenosa.
D) reação em cadeia da polimerase para espiroquetas; doxiciclina via oral.

 Comentários
Temos aqui um pré-escolar apresentando febre alta há 5 dias, associada a alteração em lingua, linfadenite cervical, hiperemia conjuntiva,
exantema e edema de mãos e pés, uma doença de Kawasaki, portanto. Mas vejam o detalhe: há relato de um diagnosetico de COVID-19 um
mês antes, o que nos faz pensar na Síndrome In amatória Multissitêmica (a MIS-C). 

O primeiro relato de caso de uma criança, um lactente de 6 meses, com Kawasaki e COVID-19 concomitantes, foi publicado nos Estados
Unidos em abril deste ano e, após este, muitos outros pelo mundo foram observados com essa relação. Todos eles sugeriam uma relação
temporal entre a doença e a infecção pelo SARS-COV-2. 

O quadro clínico clássico da doença de Kawasaki baseia-se na presença mandatória de febre por pelo menos 5 dias associada a pelo
menos 4 dos 5 critérios: alteração de lábios e cavidade oral, hiperemia conjuntival, alterações de extremidades, exantema polimorfo e
linfadenopatia cervical ≥1,5cm, geralmente unilateral. Deste modo, o seu diagnóstico é primordialmente clínico e faz-se necessário um
atendimento médico minucioso que inclua uma anamnese bem feita e um exame físico detalhado. 

Como tudo o que envolve o tema COVID-19, ainda teremos muitos estudos e, por ora, poucas certezas, mas, nos casos que se apresentam
com critérios diagnósticos de doença de Kawasaki clássica, tem sido indicada a terapia usual com gamaglobulina endovenosa (IVIG) e
ácido acetilsalicílico (aspirina). O ecocardiograma está indicado para acompanhamento da mais temida complicação - o aneurisma de
coronária.

Resposta: letra B.

57 Um paciente com 25 anos de idade foi vítima de ferimento penetrante por arma de fogo em hemitórax esquerdo. O
exame físico mostrou sinais vitais normais. No exame do hemitórax esquerdo, foi evidenciado orifício de entrada na linha
axilar anterior a 1,5 cm acima da linha mamilar e orifício de saída em região posterior logo acima do ângulo da escápula do
mesmo lado. A ausculta pulmonar evidenciou abolição do murmúrio vesicular e maciez à percussão. A radiogra a de tórax,
realizada com o paciente em pé, é exibida a seguir. O diagnóstico e a conduta inicial indicada para esse paciente são
A) hemopneumotórax e drenagem em selo d'água no quinto espaço intercostal.
B) hemotórax e drenagem em selo d'água no quinto espaço intercostal.
C) hemopneumotórax e toracocentese no quinto espaço intercostal.
D) hérnia diafragmática e laparotomia exploradora.

 Comentários
Nesta questão temos um paciente vítima de trauma torácico penetrante (por arma de fogo) que apresenta-se estável hemodinamicamente
e com abolição do múrmurio vesicular e macicez à percussão. O RX de tórax nos mostra um derrame pleural volumoso até metade de
hemitórax esquerdo (provavelmente hemotórax) e presença de pneumotórax (o que condiz com o fato do murmúrio estar abolido em todo o
tórax: inferiormente devido ao hemotórax e superiormente devido ao pneumotórax), representado pelo discreto alargamento dos espaços
intercostais, ausência de parênquima pulmonar visível acima do derrame com presença de bolsa de ar; o ar subdiafragmático a esquerda
provavelmente é a bolha gástrica (não está alterado);

Tendo isso em vista, vamos à análise das alternativas:

A: Correta: como descrito, paciente cursou com hemopneumotórax e o tratamento de escolha é toracostomia com drenagem torácica
fechada em selo dágua, no quinto ou sexto espaço intercostal;

B: Incorreta: paciente tem hemopneumotórax;

C: Incorreta: o tratamento para hemopneumotórax é drenagem em selo dágua; a toracocentese de alívio estaria indicada caso paciente
tivesse pneumotórax hipertensivo;

D: Incorreta: não é encontrada hérnia diafragmática na radiogra a e esse diagnóstico também não condiz com a história clínica (trauma
penetrante em região superior do tórax);

Vemos então que o gabarito permanece letra A, não cabendo recurso.

58 Em reunião dos membros da Unidade de Saúde da Família (USF), a médica da equipe coloca em pauta o
atendimento feito a um pescador não cadastrado naquela USF para retirada de anzol em polegar direito, questionando se o
pescador deveria ter sido encaminhado para atendimento na USF onde é cadastrado ou para Unidade de Pronto
Atendimento. Nessa situação, considerando as diretrizes para a organização da Atenção Primária à Saúde (APS) no SUS, a
conduta adequada da equipe deve ser

A) solicitação de transferência para Unidade de Pronto Atendimento pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), pois a remoção
de anzol não é um procedimento previsto para a APS.
B) encaminhamento do pescador para a USF de origem, observando-se as diretrizes de territorialização e adscrição de usuários.
C) atendimento do usuário fora de sua área de cobertura após pactuação e negociação entre gestão e equipe de saúde.
D) acolhimento do usuário pela equipe, pois é de sua competência classi car riscos e de nir condutas.

59 Um recém-nascido a termo de parto cesáreo, que foi indicado por sofrimento fetal, encontra-se, logo após o

nascimento, hipotônico e cianótico, banhado em líquido meconial viscoso. Não houve retardo de crescimento intrauterino e a
mãe não apresentou intercorrências durante a gestação. Na mesa de reanimação, foram realizadas as manobras iniciais de
secagem, oferta de calor e aspiração de boca e narinas com sonda. Decorridos 15 segundos, o recém-nascido encontra-se
hipotônico, com respiração irregular e frequência cardíaca de 75 bpm. A conduta que deve ser realizada até completar o
primeiro minuto da reanimação é

A) aspirar traqueia sob visualização direta para remover o mecônio.


B) intubar por via endotraqueal e ventilar com pressão positiva.
C) intubar por via endotraqueal e aspirar vias aéreas inferiores.
D) ventilar com pressão positiva através de máscara facial.

 Comentários
Temos aqui um tópico da reanimação neonatal que sofreu algumas modi cações no Programa de Reanimação de 2016: os cuidados com
o RN banhado em mecônio. Os conceitos mais importantes são os seguintes: se logo após o nascimento, o recém-nascido for a termo,
estiver respirando ou chorando e com tônus muscular em exão, ele apresenta boa vitalidade e deve continuar junto de sua mãe depois do
clampeamento do cordão. Porém, se o paciente com líquido amniótico meconial não iniciou movimentos respiratórios regulares ou o tônus
muscular está ácido, como no caso, é necessário levá-lo à mesa de reanimação e realizar os passos iniciais, sendo prudente incluir a
aspiração de vias aéreas superiores, que deve ser feita com sonda traqueal número 10.

O enunciado descreve que os passos iniciais já foram realizados. Caso após os passos iniciais seja identi cada bradicardia ou respiração
irregular/apneia, a ventilação com pressão positiva deve ser iniciada, com balão e máscara facial. Caso após 30 segundos de ventilação
não ocorra a melhora e sejam identi cados sinais de obstrução, pode ser indicada a aspiração traqueal.

Resposta: letra D.

60 Uma mulher com 64 anos de idade é encaminhada para investigação diagnóstica de quadro de tosse seca e

dispneia ao realizar esforços. A paciente é portadora, há 3 décadas, de hipertensão arterial sistêmica, sendo tabagista e
etilista social. Seu exame físico revela IMC = 33 kg/m², eupneica em repouso, mas com acrocianose (+/4+) e murmúrio
vesicular reduzido difusamente, sendo auscultados sibilos esparsos em todo tórax. O ritmo cardíaco é regular, em 2 tempos,
com 2.ª bulha hiperfonética em foco pulmonar. Há turgência de veia jugular quando a cabeceira da maca é elevada a 45
graus, além de edema de membros inferiores (2+/4+). A paciente traz à consulta uma espirometria realizada recentemente
que evidencia um volume expiratório forçado no 1.º segundo (VEF1) reduzido (68 % do previsto com base em sua idade e
altura), sendo a relação entre esse parâmetro e a capacidade vital forçada (VEF1/CVF) inferior a 70 %; não há elevação de
20% ou aumento superior a 200 mL em nenhum desses dois parâmetros espirométricos após a administração de
broncodilatador. Com base no caso clínico e no resultado da espirometria, qual é o diagnóstico da paciente?

A) Asma persistente moderada.


B) Doença pulmonar obstrutiva crônica.
C) Pneumopatia restritiva pela obesidade.
D) Derrame pleural por insu ciência cardíaca.

 Comentários
Na investigação do quadro pulmonar dessa paciente TABAGISTA, não nos resta dúvida - sua espirometria tem padrão típico de doença
obstrutiva, caracterizada por relação VEF1/CFV < 0,7, sem melhora após a prova broncodilatadora (afastando o diagnóstico de asma - A
incorreta) e selando o diagnóstico de DPOC.
Os achados do exame físico cardiovascular sugerem a presença de insu ciência cardíaca direita pela doença pulmonar, ou seja, cor
pulmonale, com hipertensão pulmonar (hiperfonese de P2), turgência jugular patológica e congestão sistêmica (letras C e D incorretas).

Resposta: B. Não cabe recurso. 

61 Um médico de uma equipe de Saúde da Família atende muitas pessoas tabagistas e opta por implantar um grupo

operativo de enfrentamento ao tabagismo como intervenção coletiva de educação em saúde. Segundo o Consenso sobre
Abordagem e Tratamento do Fumante do Instituto Nacional do Câncer, está correto o médico

A) prever inicialmente seis sessões semanais e recomendar, ao grupo, uma redução progressiva do número de cigarros fumados por dia.
B) planejar palestras nas sessões com imagens demonstrando as consequências malé cas do tabagismo para a saúde.
C) realizar o teste de Fagerstrom durante a primeira sessão do grupo para avaliação da gravidade da dependência nicotínica.
D) indicar farmacoterapia sem contraindicações clínicas para fumantes que já tentaram parar de fumar somente com terapia cognitivo-
comportamental.

 Comentários
Essa questão foi baseada no Consenso sobre Abordagem e Tratamento do Fumante (descrito no enunciado), do INCA, especi camente em
relação ao item “Critérios para utilização da farmacoterapia”. Vamos ver o que diz este documento sobre isso:

“Para prescrição de apoio medicamentoso, sugerimos critérios de acordo com o grau de dependência física da nicotina:

- fumantes pesados, ou seja, que fumam 20 ou mais cigarros por dia;

- fumantes que fumam o 1º cigarro até 30 minutos após acordar e fumam, no mínimo, 10 cigarros por dia;

- fumantes com escore do teste de Fagerström igual ou maior do que 5, ou avaliação individual, a critério do pro ssional;

- FUMANTES QUE JÁ TENTARAM PARAR DE FUMAR ANTERIORMENTE APENAS COM A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL,
MAS NÃO OBTIVERAM ÊXITO DEVIDO A SINTOMAS DA SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA;

- NÃO HAVER CONTRA-INDICAÇÕES CLÍNICAS”.

Por isso, a resposta certa é a letra D (gabarito fornecido pela banca). As outras alternativas são recomendações muito especí cas que não
estão descritas no documento citado no enunciado, por isso não cabe recurso a essa questão.

62 Uma mulher com 25 anos de idade vai ao ambulatório de ginecologia com queixa de dor pélvica há 24 horas.
Possui ciclos regulares de 28 dias (3 a 4 dias) e a sua última menstruação ocorreu há 3 semanas. No exame clínico,
observou-se PA = 110 x 70 mmHg e pulso = 84 bpm. Notou-se dor à palpação profunda em fossa ilíaca esquerda e em região
hipogástrica, Blumberg negativo. Sem outras anormalidades durante o exame físico. Foi realizada ultrassonogra a
transvaginal que revelou estrutura cística no ovário esquerdo, medindo 7,0 x 6,5 cm, sem uxo ao estudo Doppler, conforme
indica imagem a seguir. Considerando o caso clínico apresentado e a hipótese diagnóstica mais provável, qual deve ser a
conduta médica?
A) Solicitar ressonância magnética da pelve.
B) Encaminhar para laparoscopia exploradora.
C) Orientar a repetição da ultrassonogra a após a menstruação.
D) Solicitar marcadores tumorais, como o antígeno carcino-embrionário e o CA-125.

 Comentários
Questão sobre uma paciente de 25 anos, com ciclos regulares, com última menstruação há 21 dias, queixa de dor pélvica há 24 horas,
estável hemodinamicamente. Ao exame sico, sem sinais de peritonite. Ultrassonogra a transvaginal mostra imagem clássica de cisto
hemorrágico- cápsula lisa, boa transmissão do som (repere o reforço acústico posterior), com características reticulares, lineares e nas.

Repare que a paciente menstruou há 21 dias, portanto, está na fase lútea e tem imagem compatível com cisto hemorrágico- temos o
diagnóstico, então de um cisto de corpo lúteo hemorrágico.

Qual a conduta?

Os cistos de corpo lúteo, mesmo hemorrágicos, são cistos funcionais, e tendem a regredir no próximo ciclo menstrual, mesmo com medida
de 7,0 x 6,5cm, em 70% dos casos. De acordo com as principais referências, a partir de 8 cm há maior risco de torção ou rotura do cisto.

Assim, diante de cisto hemorrágico com menos de 8cm, estabilidade hemodinâmica da paciente e exame físico e de imagem sem sinais de
torção ou rotura do cisto, a conduta de fato é repetir a ultrassonogra a após a menstruação, para avaliar se houve regressão do cisto
funcional. A paciente do caso não tem indicação cirúrgica.

Resposta: letra C.

63 Um homem com 36 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde queixando-se de lesão cutânea

localizada no membro superior direito. Ele informa que, cerca de 10 dias após realizar atividades de jardinagem em seu sítio,
utilizando a enxertia de algumas de suas laranjeiras, observou o aparecimento de uma pápula dolorosa no 1.º quirodáctilo
direito. Nos dias subsequentes, essa lesão evoluiu com ulceração local, surgindo, posteriormente, lesões similares no
mesmo antebraço. Durante o exame, são observadas pápulas ulceradas na região assinalada, havendo aspecto sugestivo de
disseminação linfangítica do processo. O médico suspeita de uma determinada dermatose de etiologia infecciosa. Com
base na apresentação clínica e considerando a história epidemiológica relatada, o agente etiológico e o meio de cultura em
agar adequado para sua detecção são, respectivamente,

A) Nocardia asteroídes e chocolate.


B) Sporothrix schenckii e Sabouraud.
C) Staphylococcus aureus e Sabouraud.
D) Mycobacterium kansasii e chocolate.
 Comentários
A doença que tipicamente cursa com o surgimento de lesão inicial papular, nodular ou ulcerativa e que evolui após dias ou semanas com
outras semelhantes seguindo o trajeto do sistema linfático é a esporotricose. Este padrão é chamado de disseminação esporotricoide ou
linfangite nodular. 

A inoculação direta do fungo dimór co Sporothrix schenckii se dá comumente a partir de atividades como jardinagem (como no caso) ou
pelo contato com gatos infectados, muito comum no nosso meio. 

O método padrão-ouro para diagnóstico é a cultura de conteúdo do aspirado cutâneo ou de material da biópsia no meio especí co, que é
o ágar Sabouraud (B correta), permitindo a visualização das conídias. 

A nocardiose é uma doença incomum, geralmente vista em pacientes imunocomprometidos. Seu acometimento cutâneo isolado é ainda
mais raro e geralmente se dá de maneira indistinguível a outras infecções piogênicas (A incorreta).

As infecções esta locócicas geralmente se manifestam como celulite ou abscesso, pouco associadas a linfangite (C incorreta).
A Mycobacterium kansasii é uma doença primariamente pulmonar associada à transmissão por reservatórios de água potável (D
incorreta).

Resposta: B. Não cabe recurso. 

64 Um homem com 60 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde para atendimento, relatando que, ao
realizar caminhadas, sente dor no membro inferior direito que o obriga a parar a cada 4 ou 5 quarteirões. Apresenta como
fatores de risco à saúde ser tabagista, com consumo de 20 maços-ano, obesidade, hipercolesterolemia, hipertensão arterial
e diabete melito, que a rma tratar de forma irregular. Traz um eco-Doppler arterial que evidencia estenose moderada (entre
20 e 49%) do segmento aortoilíaco direito. Nesse caso, a conduta médica adequada é

A) encaminhar ao pronto-socorro para avaliação urgente com especialista.


B) orientar e tratar os fatores de risco e encaminhar para avaliação eletiva com especialista.
C) orientar e tratar os fatores de risco, prescrever aspirina para prevenir doença tromboembólica arterial.
D) solicitar angiogra a por tomogra a ou ressonância magnética para descartar tromboangeíte obliterante de Buerger.

 Comentários
Nesta questão temos um paciente idoso, do sexo masculino, com múltiplos fatores de risco cardiovasculares (tabagista, hipertenso, obeso,
diabético, portador de hipercolesterolemia: basicamente um paciente com síndrome metabólica) que tem como queixa clínica a
claudicação intermitente. Ele já realizou um doppler arterial (exame excelente para o diagnóstico nessas situações) mostrando estenose
moderada de segmento aortoilíaco à direita.

Concluímos então que nosso paciente é portador de doença arterial oclusiva periférica (DAOP) e, como última observação, devemos
lembrar que o tratamento intervencionista deve ser indicado (de modo geral) em duas situações: 1. pacientes com sintomas signi cativos
ou incapacitantes que não melhoram com medidas conservadoras e 2. paciente com isquemia ameaçadora (seja isquemia crítica, seja a
presença de úlceras que não cicatrizam);

Vamos à análise das alternativas:

A: Incorreta: paciente apresenta uma doença grave, mas no momento não cursa com nenhuma urgência. Pode (e deve) ser tratado
ambulatorialmente;

B: Incorreta: deve-se orientar e tratar os fatores de risco, além de estimular a deambulação; entretanto, neste momento da doença, ainda
não é necessária a avaliação com médico especialista;

C: Correta: deve-se orientar e tratar os fatores de risco, além de estimular a deambulação e prescrever o AAS (para reduzir o número de
eventos cerebrovasculares; pode-se optar também pelo clopidogrel ao invés do AAS, mas a terapia combinada não têm benefício);

D: Incorreta: paciente já apresenta exame que nos evidenciou o diagnóstico, não necessitando avaliação complementar; exames de
imagem não são necessários para estabelecer o diagnóstico de DAOP, mas podem ser indicados para avaliar extensão da lesão (quando
em programação cirúrgica) ou para diagnóstico diferencial (por exemplo, suspeita de aneurisma arterial ou tromboembolismo); como
curiosidade, a doença de Buerger acomete prioritariamentee JOVENS fumantes e ela sim é um diagnóstico de exclusão (devendo descartar
possíveis outras doenças, como arteriosclerose e outras vasculites);
 

Após análise, vemos que melhor gabarito seria letra C, então questão cabe recurso. Neste caso, o mais correto seria alterar o gabarito para
letra C, mas sugiro a vocês pedirem recurso tentando também a anulação da questão (pois podem querer considerar que o
encaminhamento ao médico especialista é uma conduta adequada). Vamos lá:

RECURSO:

Prezada banca avaliadora,

Nesta questão temos um paciente idoso, com múltiplos fatores de risco cardiovasculares (tabagista, hipertenso, obeso, diabético,
dislipidêmico) cursando com claudicação intermitente. Nos é dado uma ultrassonogra a com doppler mostrando estenose arterial
moderada (menor que 50%) no segmento aortoilíaco, basicamente fechando o diagnóstico de doença arterial oclusiva periférica.

Em pacientes com essa patologia, como abordagem terapêutica devemos sempre intervir nos fatores de risco (com modi cação dos
hábitos de vida e controle das comorbidades), estimular a deambulação e iniciar antiagregante plaquetário, como descrito no livro do
Sabiston 20ª edição, página 1764 "In contemporary surgical practice, lipid modi cation, antiplatelet and antihypertensive control, and
smoking cessation strategies are all becoming standard management issues for the patient with vascular disease." e na página 1757
"Because medical management is a cornerstone of vascular therapy, a review of the patients medications is imperative, with attention to the
potential need for antiplatelet agents, beta blockers (...) as a matter of course."
Isto posto, vemos que a alternativa C encontra-se correta.

Nos pacientes portadores de DAOP, as indicações para intervenção cirúrgica (e consequentemente encaminhamento para o especialista)
são a presença de sintomas signi cativos ou incapacitantes que NÃO melhoram com tratamento clínico conservador e presença de
isquemia ameaçadora (seja a isquemia crítica ou presença de úlceras que não cicatrizam).
Vemos então que a alternativa B encontra-se incorreta, pois ainda não há a necessidade de encaminhar paciente para o médico
especialista (paciente ainda consegue andar 4 quarteirões sem tratamento correto e o doppler mostrou estenose menor que 50%).

Solicito então, mudança de gabarito desta questão, onde a alternativa correta passa a ser a letra B.

65 Um homem com 28 anos de idade, residente na área rural coberta pela Unidade Básica de Saúde, procura

atendimento queixando-se de tosse seca, manchas vermelhas e coceira na pele, cefaleia, dispneia e astenia há 3 dias.
Trabalha há 3 meses na carcinicultura (criação de camarões), sem carteira assinada, com a tarefa de calagem. Informa que,
nessa atividade, faz a limpeza do viveiro drenado espalhando cerca de 1 000 quilos de cal/hectare sobre o solo. Já trabalhou
como agricultor e auxiliar de pedreiro. Além de assistência imediata ao paciente, quais são as atividades que a equipe de
Saúde da Família (eSF) deve exercer?

A) Encaminhar o caso ao setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador para que seja noti cado no Sistema Nacional de Noti cação de
Agravos e acionar o município para desencadear as ações pertinentes de promoção, de proteção e de educação em saúde.
B) Construir o per l epidemiológico dos trabalhadores da área adscrita e informar ao setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador do
município para que intervenha com ações de promoção e de prevenção em saúde do trabalhador no território adscrito à eSF.
C) Mapear as atividades produtivas desenvolvidas no território para conhecer riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e da população
residente e para identi car situações de vulnerabilidade socioambiental decorrentes dessas atividades, com vistas ao planejamento e
execução das ações de saúde no território.
D) Realizar a vigilância dos locais de trabalho dos usuários sob sua responsabilidade, permitindo o planejamento, a programação
descentralizada e o desenvolvimento de ações, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e
coletividades presentes naquele espaço adstrito.

 Comentários
Para responder a essa questão, vamos rever algumas informações importantes relacionadas a esse caso, dispostas no Caderno de
Atenção Básica do Ministério da Saúde, nº 41 (sobre Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora), de 2018:
“Uma vez identi cado ou diagnosticado um agravo – acidente ou doença relacionada ao trabalho – ou uma situação de exposição
ocupacional a um fator de risco para a saúde, o cuidado ao trabalhador DEVE CONTEMPLAR AÇÕES NO NÍVEL INDIVIDUAL E COLETIVO,
incluindo orientações e encaminhamentos trabalhistas e previdenciários”.

São ações no nível INDIVIDUAL que devem ser tomadas pelas equipes de atenção básica:

“- Acompanhamento do trabalhador quando este retorna do atendimento em outro ponto de atenção, seguindo as prescrições, o curativo, a
medicação, a indicação de sioterapia, entre outros;

- Orientação do trabalhador e/ou familiares sobre os encaminhamentos junto ao empregador e à Previdência Social, como a emissão da
CAT, se este tiver carteira assinada. Lembrando que não é preciso ter vínculo empregatício formal, carteira de trabalho assinada, para se
caracterizar o evento como acidente de trabalho;

- Noti cação ao SINAN – a noti cação dos casos suspeitos ou con rmados de acidente ou de doença relacionada ao trabalho é atribuição
da equipe de saúde da família e constitui etapa importante da Visat, pois permitirá traçar o per l de morbimortalidade da população
trabalhadora no território e desencadeará ações de Vigilância;

- Acompanhamento das questões relacionadas à saúde do trabalhador durante o processo de retorno e reinserção no trabalho;

- Visita domiciliar aos indivíduos com relato de acidente de trabalho e aos domicílios onde a prática do trabalho informal foi identi cada”.

São ações COLETIVAS que devem ser tomadas pelas equipes de atenção básica:

“- Identi cação de outros trabalhadores que compartilham a mesma situação de trabalho do acidentado ou adoecido e de trabalhadores
que residem no território e que estão expostos aos mesmos fatores de risco para a saúde, para adoção dos procedimentos adequados;

- Organização e fortalecimento de grupos de trabalhadores que compartilham a mesma exposição ocupacional ou adoecimento para o
desenvolvimento de ações educativas e de orientação quanto aos direitos trabalhistas, previdenciários, sanitários, entre outros;

- VISITA AO TERRITÓRIO E ATUALIZAÇÃO DO MAPEAMENTO DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS DESENVOLVIDAS NO TERRITÓRIO, PARA
BUSCA ATIVA DE CASOS E AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO;

- Comunicação à Vigilância em Saúde: Epidemiológica, Sanitária, Saúde Ambiental, Saúde do Trabalhador;

- Identi cação dos recursos institucionais disponíveis no território e/ou região relacionados ao cuidado à saúde do trabalhador”.

Sendo assim, com base nas informações acima, vamos analisar as alternativas:

Letra A – Incorreta. É atribuição da equipe de atenção básica noti car o caso.

Letra B – Incorreta. Não seria o caso de analisar o per l epidemiológico, mas sim a relação entre o adoecimento do trabalhador e as suas
condições de trabalho, trata-se mais propriamente de se mapear as condições em que o trabalho é realizado e, consequentemente os
riscos à saúde dos trabalhadores.

Letra C – Correta. Conforme descrito acima, entre as ações coletivas a serem realizadas pela equipe de saúde da família, a visita ao
território e o mapeamento das atividades produtivas são atribuições da equipe.

Letra D – Incorreta. Essa é uma atribuição mais da vigilância em saúde. Conforme descrito acima, a equipe de saúde da família irá
comunicar à vigilância em saúde (epidemiológica, sanitária, saúde ambiental, saúde do trabalhador) a situação existente no território, do
risco à saúde do trabalhador e de suas condições de trabalho.

Resposta certa: letra C.

66 Um lactente com 1 mês de vida, nascido a termo de parto normal sem intercorrências, em aleitamento materno

exclusivo, retornou à Unidade Básica de Saúde para consulta de puericultura. A mãe começou a apresentar febre
(temperatura axilar = 38ºC) há 2 dias e encontra-se em bom estado geral. Apresenta dor, calor, edema e rubor em quadrante
superior esquerdo da mama direita, sendo indicado tratamento domiciliar com cefalexina e ibuprofeno. Nesse caso, o
aleitamento materno deverá

A) ser mantido em ambas as mamas como parte da terapêutica materna.


B) ser mantido, oferecendo somente a mama esquerda e preservando a mama afetada.
C) ser suspenso pelo risco de contaminação do lactente pelas bactérias presentes no leite.
D) ser suspenso devido ao uso materno de medicamentos incompatíveis com a amamentação.

 Comentários
As alterações descritas pelo enunciado são compatíveis com o diagnóstico de mastite.

Esta é uma das possíveis complicações que estabelecem durante a  amamentação e consiste em um processo in amatório de um ou mais
segmentos da mama. O mais comumente afetado é o quadrante superior esquerdo, como na questão, geralmente unilateral, que pode
progredir ou não para uma infecção bacteriana. A origem do problema é a estase do leite, que pode promover mudanças na arquitetura da
mama, permitindo a passagem de alguns componentes do plasma para o leite e desse para o tecido intersticial da mama, causando uma
resposta in amatória. Este processo permite o estabelecimento de infecção bacteriana, em que o Staphylococcus aureus é o principal
agente envolvido; a presença de ssuras pode ser a porta de entrada da bactéria. No tratamento da mastite, o esvaziamento adequado da
mama é o pilar fundamental, alcançado de forma e caz pela própria amamentação, que pode ser mantida ao seio. Mesmo havendo
infecção bacteriana e uso de antimicrobianos, o aleitamento pode ser mantido, já que deve-se optar por antibióticos compatíveis com a
amamentação.

Resposta: letra A.

67 Uma mulher com 42 anos de idade, com ciclos menstruais regulares, comparece ao ambulatório de ginecologia

por apresentar um laudo de exame de ultrassonogra a transvaginal evidenciando cisto ovariano de paredes nas, com
contornos regulares, conteúdo anecóico, medindo 4 cm em seu maior diâmetro. A paciente nega sintomas. Diante desse
quadro, a principal hipótese diagnóstica e o exame complementar que auxiliaria no esclarecimento dessa hipótese são,
respectivamente,

A) cisto hemorrágico, com dosagem de antígeno carcino-embrionário.


B) cisto folicular, sem necessidade de exame adicional.
C) teratoma, com dosagem de alfa-feto proteína.
D) endometrioma, com dosagem de CA-125.

 Comentários
Paciente de 42 anos com ciclos menstruais regulares, apresentando cisto ovariano simples de 4 cm sem repercussões clínicas. A principal
hipótese diagnóstica é cisto folicular e não há necessidade de exame adicional, apenas seguimento ultrassonográ co.

Resposta: letra B.

68 Uma criança com 8 anos de idade é atendida na emergência com exantema. Segundo sua mãe, o quadro clínico
iniciou-se há 2 dias com febre alta, calafrios, vômitos, cefaleia, prostração e odinofagia. Há 1 dia, surgiu exantema em
pescoço, axilas e virilhas, generalizando-se a seguir. Ela nega antecedentes patológicos relevantes. Em exame físico, a
criança apresenta estado geral regular, corada, hidratada; com amígdalas hiperemiadas, hipertro adas e recobertas por
exsudato purulento. Ao redor da boca, observa-se palidez e, nas demais áreas da pele, exantema papular, eritematoso e
áspero. Há linhas hiperpigmentadas em áreas de exão da pele. Para esse caso, o exame laboratorial que con rma o
diagnóstico é

A) dosagem de anticorpos heteró los.


B) dosagem de imunoglobulinas.
C) dosagem de antígenos NS1.
D) cultura de orofaringe.

 Comentários
Este escolar apresenta características clínicas típicas da escarlatina, uma doença exantemática relacionada com a infecção pelo
estreptococo beta-hemolítico do grupo A.
O quadro clínico geralmente se inicia com pródromos de uma doença estreptocócica, como uma faringite, aí caracterizada pelo relato de
febre alta, odinofagia e exsudato purulento recobrindo as amígdala hipertro adas. O exantema surge logo após e é um exantema
tipicamente micropapular, que faz a pele tornar-se semelhante a uma “lixa”. Tal exantema é acompanhado de dois sinais clássicos,
presentes neste caso:  sinal de Filatov – palidez peribucal – e Pastia – acentuação do exantema em áreas exurais. Um outro dado
encontrados nestes pacientes é a presença da língua em morango.

A con rmação da infecção é con rmada por meio da realização da cultura de swab de orofaringe, que pode não ser necessária em casos
de rash típico. Se houve dúvida com a opção A, lembre-se de que a dosagem de anticorpos heteró los faz parte da avaliação do quadro de
mononucleose infecciosa, importante diagnóstico diferencial.  Nesta condição há faringite associada com linfadenopatia generalizada e
fadiga e a maioria dos pacientes com esta condição apresentam exantema após o uso de amoxicilina ou ampicilina.

Resposta: letra D.

69 Uma mulher com 28 anos de idade, primigesta, com 14 semanas de gestação, comparece à segunda consulta de

pré-natal com resultado de exame de sorologia para toxoplasmose com IgG e IgM positivos. A paciente está assintomática.
Nesse caso, a conduta médica adequada ao realizar o atendimento a essa gestante é

A) prescrever imediatamente espiramicina e solicitar teste de avidez de IgG.


B) prescrever imediatamente espiramicina e solicitar nova sorologia em 1 mês.
C) tranquilizar a paciente, dizendo que se trata de infecção antiga e não solicitar mais sorologias.
D) tranquilizar a paciente, dizendo que pode se tratar de falso positivo e solicitar nova sorologia em 2 semanas.

 Comentários
A questão quer saber a conduta para uma gestante com 14 semanas e IgG e IgM positivos para toxoplasmose. O primeiro passo é iniciar
prontamente a espiramicina e solicitar o teste de avidez de IgG para determinar se a infecção foi adquirida na gestação ou não. A avidez
alta de IgG, antes de 16 semanas, exclui infecção na gestação; neste caso, a espiramicina deve ser suspensa. Se a avidez for baixa, a
infecção ocorreu durante a gestação; a espiramicina deve ser mantida e há indicação de investigar se houve infecção fetal por teste
invasivo (PCR no líquido amniótico). Caso seja con rmada infecção fetal, a espiramicina deve ser trocada pelo esquema tríplice. Se a
infecção fetal for descartada, a espiramicina deve ser mantida até o parto.

Resposta: letra A.

70 Uma paciente com 25 anos de idade foi submetida à ressecção eletiva de segmento de cólon sigmoide de cerca

de 10 cm devido à estenose intestinal ocasionada por endometriose pélvica. No pré-operatório, foi realizado apenas preparo
de cólon distal com clister glicerinado. Durante a cirurgia, com duração de 4 horas, não houve extravasamento de fezes no
momento da abertura colônica e foi realizada anastomose primária com o inabsorvível mono lamentar. Para esse caso, a
antibioticopro laxia adequada deve ser feita

A) no momento da incisão com dose única.


B) no momento da incisão, com repetição da dose a cada 2 a 4 horas e manter por 24 horas após a cirurgia.
C) até uma hora antes da incisão cirúrgica com repetição da dose a cada 2 a 4 horas e manter por 48 horas após a cirurgia.
D) até uma hora antes da incisão cirúrgica com repetição da dose a cada 2 ou 4 horas apenas durante o ato operatório.

 Comentários
Questão sobre a antibioticopro laxia no perioperatório. Vamos relembrar: de acordo com a última edição do Sabiston, a administração do
antibiótico deve ser feita dentro de 60 minutos antes da incisão cirúrgica (algumas referências falam 30 minutos ou na "indução
anestésica") e a repetição da dose deve ser feita de acordo com a meia-vida do fármaco e duração do procedimento.
Como curiosidade: se o paciente cursar com perda sanguínea maior que 1,5 l deve-se fazer outra dose de antibiótico imediatamente.

Vamos à análise das alternativas:


 

A: Incorreta: deve ser feito de 30 a 60 minutos antes da incisão;

B: Incorreta: deve ser feito de 30 a 60 minutos antes da incisão; há poucas indicações de se manter por 24 horas; a repetição da dose é de
acordo com a meia-vida fármaco;

C: Incorreta: não há a necessidade de sem manter o antibiótico por 48 horas após a cirurgia (com exceção das artroplastias);

D: Correta: deve ser realizado na indução anestésica com repetição das doses de acordo com a meia-vida do fármaco e apenas durante a
realização do procedimento;

Após análise vemos que gabarito permanece letra D, não cabendo recurso.

71 Uma mulher com 20 anos de idade procura atendimento hospitalar devido a quadro clínico iniciado há 2 meses

com artrite, rash malar, alopécia, além de anemia por doença crônica, leucopenia e proteinúria. A pesquisa do fator
antínuclear revela-se positiva para Anti-Sm (título 1:640 e padrão nuclear pontilhado grosso). As pesquisas de Anti-Jo-1, Anti-
La e Anti-Ro apresentam-se negativas. Em face desse quadro clínico, qual é a principal hipótese diagnóstica?

A) Polimiosite.
B) Síndrome Sjogren.
C) Artrite reumatoide.
D) Lúpus eritematoso sistêmico.

 Comentários
Vejam que a paciente apresenta diversos critérios clínicos para o diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico (LES): alopécia não
cicatricial, artrite, rash malar (é a lesão de pele aguda mais especí ca do lúpus), leucopenia e proteinúria. Apesar de não fazer parte dos
critérios diagnósticos, a anemia de doença crônica é a forma mais comum de anemia nesta doença, presente em 70% dos casos. Os
anticorpos séricos corroboram com essa possibilidade, uma vez que temos o FAN e o anti-Sm positivos - o anti-Sm é o anticorpo mais
especí co do LES.
 
Para completar, trata-se de uma paciente feminina em idade fértil, a população mais acometida com essa enfermidade.
 
A presença de anti-La e anti-Ro negativos fala contra o diagnóstico de síndrome de Sjogren, e o anti Jo-1 negativo também fala contra a
hipótese de miosite. Por m, o quadro clínico descrito é bastante diferente do esperado para um quadro de artrite reumatoide, tanto
laboratorialmente quanto clinicamente.
 
Resposta: letra D.

72 Um paciente com 30 anos de idade, vítima de traumatismo há 5 dias, necessitou de laparotomia por trauma
fechado de abdome para ra a de lesão hepática, esplenectomia e ra a de alça de delgado. Ele encontra-se em estado grave
na unidade de terapia intensiva, com necessidade de aminas vasoativas (3 mL/h de noradrenalina) e em ventilação
mecânica. Há 24 horas foi passado cateter de Swan-Ganz através de veia subclávia direita para melhor monitorização dos
parâmetros hemodinâmicos. Hoje apresenta hipotensão grave (PA = 70 x 20 mmHg), refratária à reposição volêmica e
necessitando de aumento de noradrenalina para 18 mL/h. Os parâmetros do Swan-Ganz são os seguintes: índice cardíaco =
2,5 L/min.m² (valor de referência: 2,8 a 4,0 L/min.m²), resistência vascular periférica = 2 000 dina.seg/cm-5 (valor de
referência: 770 a 1 500 dina.seg/cm-5), pressão capilar pulmonar = 1 cmH₂O (valor de referência: 2 a 12 cmH₂O), pressão
venosa central (PVC) = 15 cmH₂O (valor de referência: 0 a 9 cmH₂O). A natureza provável do choque desse paciente é

A) hipovolêmico.
B) cardiogênico.
C) obstrutivo.
D) séptico.
 Comentários
Para começar a responder essa questão, precisamos interpretar os parâmetros obtidos com a monitorização invasiva. A primeira coisa que
deve nos chamar atenção é um a presença de um índice cardíaco (IC) baixo e uma resistência vascular periférica (RVP) alta. É claro que há
in uência das drogas vasoativas na RVP, mas ela também pode estar aumentada como uma tentativa de compensar o baixo IC. Então, se o
IC está baixo podemos dizer que o choque é cardiogênico? Cuidado! Lembre-se de que existem   outras causas de choque que podem
cursar com redução do IC, como é o caso do choque obstrutivo. E, vejam: temos uma pressão venosa central elevada, indicando o aumento
das pressões de enchimento do coração direito, e uma pressão no capilar pulmonar (PCP) baixa. A PCP pode ser medida com a oclusão do
balonete do cateter de artéria pulmonar, eliminando a in uência das pressões do lado direito do coração e passando a re etir somente a
pressão do átrio esquerdo. Ou seja, a pressão no átrio esquerdo desse paciente está baixa, o que torna bastante improvável a possibilidade
de um choque cardiogênico por disfunção de ventrículo esquerdo - embora não seja impossível excluir um IAM de ventrículo direito (VD).
 
PORÉM, ao analisarmos todo o contexto do paciente, vemos que não há maiores fatores de risco que nos façam pensar em um IAM (o
paciente é jovem, sem fator de risco cardiovascular ou doença cardiovascular prévia). Por outro lado, o paciente possui os três
componentes da clássica tríade de Virchow (estase venosa, hipercoagulabilidade e lesão endotelial), conferindo um elevado risco de
trombose e tromboembolismo pulmonar, que é uma importante causa de choque obstrutivo e cursa com os mesmos parâmetros
hemodinâmicos do IAM de VD. Por isso, caremos com a letra C em detrimento a letra B.
 
Além de não possuir dados clínicos que nos façam pensar em um contexto infeccioso, no choque séptico esperaríamos que houvesse uma
redução na RVS. Da mesma forma, podemos afastar a possibilidade de um choque hipovolêmico tendo em vista a PVC elevada. Letras A e
D incorretas.
 
Resposta: letra C. Não cabe recurso.

73 Uma mãe leva seu lho de 5 anos de idade para atendimento, na Unidade Básica de Saúde, relatando febre
persistente há 24 horas, diminuição do apetite, náuseas e vômitos. A criança amanheceu febril, com cefaleia e sede. A mãe
relata que a criança frequentou uma festa de aniversário há cerca de 5 dias. Ela tem vacinação em dia. No exame físico, os
resultados de sua avaliação foram os seguintes: pouco reativa; FC = 130 bpm; FR = 30 irpm; temperatura axilar = 38,8 °C; Sat.
O₂ = 96 %; mucosas desidratadas 3+/4+; petéquias puntiformes em membros inferiores, tórax e abdome. Ele possui dor à
exão da coluna cervical. Nesse caso, qual é a conduta médica adequada?

A) Suspeitar de infecção bacteriana e iniciar antibioticoterapia, dado o quadro de infecção de foco e de etiologia desconhecidos. Liberar a
criança para casa com hidratação oral, antitérmico, antiemético, antibiótico, com retorno em 72 horas para reavaliação clínica.
B) Solicitar hemograma para diferenciar etiologia viral ou bacteriana. Descartar meningite por Haemophilus do grupo B, pois a vacinação está
atualizada. Liberar a criança para casa com hidratação oral, sintomáticos e retorno em 24 horas com resultado de exame.
C) Acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) com encaminhamento à emergência, instituir hidratação venosa e isolamento,
pois trata-se de um caso suspeito de COVID-19 com provável infecção bacteriana secundária. Noti car o caso e isolar contactantes.
D) Acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) com encaminhamento à emergência, com hidratação venosa, isolamento,
antibioticoterapia e sintomáticos por tratar-se de caso suspeito de meningite meningocócica. Noti car o caso e instituir tratamento pro lático
aos comunicantes.

 Comentários
A presença de febre, vômitos e rigidez de nuca remete imediatamente a possibilidade de infecção de sistema nervoso central. Mais que
isso, a evolução grave para desidratação, taquicardia, taquipneia e presença de petéquias em MMII fala a favor do diagnóstico de uma
meningococcemia. Assim, está indicada a internação hospitalar e início de hidratação e antibioticoterapia venosa, além de noti cação e
pro laxia de contactantes.

Resposta: letra D.

74 Um lactente com 2 meses de idade é atendido na emergência, acompanhado pela mãe, que relata vômitos pós-

grandiais desde os 15 dias de vida, com piora progressiva em frequência e intensidade. Ela conta que, após tais episódios
eméticos, o lactente chora e parece ter fome. Informa, ainda, que seu lho nasceu a termo, com peso de 3 000 g e 49 cm de
comprimento e que os testes de triagem neonatal foram normais. Ela nega a ocorrência de doenças gestacionais e
perinatais. Ao exame físico, o lactente apresenta-se emagrecido (peso = 3 200 g), ativo, acianótico, antictérico, desidratado
(1+/4+) e corado, com abdome distendido, especialmente na região epigástrica, notando-se ausência de
hepatoesplenomegalia e presença de ondas de Kussmaul observadas após a alimentação. Os exames laboratoriais iniciais
revelam pH = 7,5 (valor de referência: 7,35 a 7,45); HCO₃ = 27 mEq/L (valor de referência: 23 a 28 mEq/L); Na = 135 mmol/L
(valor de referência: 136 a 145 mmol/L); Cl = 95 mmol/L (valor de referência : 98 a 106 mmol/L) e K = 4,5 mmol/L (valor de
referência: 3,5 a 5,5 mmol/L). Nesse caso, a conduta médica adequada é

A) solicitar endoscopia digestiva alta e elevação da cabeceira do berço.


B) solicitar ultrassonogra a de abdome e piloromiotomia à Fredet-Ramstedt.
C) investigar doenças metabólicas e administrar dieta hipoproteica e hipercalórica.
D) prescrever expansão com soro siológico 0,9% e infusão de hidrocortisona 50 mg/m² subcutânea/dia.

 Comentários
Temos uma paciente de 2 meses de idade se apresentando com episódios de vômitos prandiais desde os 15 dias de vida.

Seus exames laboratoriais são compatíveis com alcalose metabólica com redução do cloro sérico.

Este quadro é típico de estenose de piloro. O exame físico apesar de não ter mencionado a famosa “oliva pilórica”, mencionada ondas
terciárias da persistalse gastrica, os famosos movimentos de Kussmaul.

A conduta para este paciente é a realização de USG de abdome pra melhor avaliação do piloro e o procedimento cirúrgico é a
piloromiotomia, um procedimento de relaxamento da musculatura pilórica.

Não pensamos a princípio em doença do re uxo pois o paciente não se apresenta com distúrbios hidroeletrolíticos.

Doenças metabólicas poderiam se apresentar com alterações no exame físico suspeitas de hepatomegalia. Não apresentaria exame físico
sugestivo de obstrução de TGI (ondas de Kussmaul).

Resposta (B). Não cabe recurso.

75 Um homem com 34 anos de idade, em acompanhamento e tratamento ambulatorial há 5 anos por retocolite
ulcerativa, é internado em hospital terciário para investigação diagnóstica de quadro de prurido generalizado. Seu exame
físico é normal, salvo pela presença de escoriações difusas e de cicatriz cutânea antiga no membro inferior direito por
pioderma gangrenoso. Exames laboratoriais recentes revelam níveis séricos extremamente elevados (cerca de 10 vezes
acima do limite superior normal [LSN]) da fosfase alcalina e níveis cerca de 2 vezes o LSN das aminotransferases, sendo
normais os níveis séricos de bilirrubinas. As concentrações sanguíneas de IgG, em particular da fração IgG4, são normais e
as pesquisas de anticorpos anti-mitocôndria, anti-LKM1 e anti-músculo liso se revelam negativas. É solicitada uma
colangiopancreatogra a por ressonância magnética, que revela a presença de múltiplas estenoses bróticas nas vias
biliares intra-hepáticas, sendo tais estenoses entremeadas por dilatações saculares de áreas aparentemente normais,
conferindo um aspecto em ""contas de rosário"". Qual é o diagnóstico do quadro colestático desse paciente?

A) Peri-hepatite aguda.
B) Cirrose biliar primária.
C) Colangite esclerosante.
D) Hepatite crônica autoimune.

 Comentários
Estamos diante de um quadro típico de colangite esclerosante! Essa doença costuma ocorrer em homens entre 35-50 anos, que se
apresentam com prurido e fadiga. As escorições difusas provavelmente estão ocorrendo de forma secundária ao prurido, e nós sabemos
que o pioderma gangrenoso pode estar associado à retocolite ulcerativa. Aliás, essa última está presente em 70% dos casos de colangite
esclerosante, o que torna ainda mais evidente essa possibilidade diagnóstica.
 
O laboratório do paciente também corrobora com essa hipótese: aumento expressivo de fosfatase alcalina, com transaminases também
um pouco aumentadas. O principal marcador sorológico da colangite esclerosante é o p-ANCA, que se encontra positivo em até 80% dos
casos. O diagnóstico pode ser fechado pela CPRE, que, classicamente, evidencia o famoso padrão em "contas de rosário”, que corresponde
as estenoses e dilatações da árvore biliar intra e extra-hepática.
 
Os outros marcadores negativos são importantes para afastar diagnósticos diferenciais importantes como colangite associada à igG4,
cirrose biliar primária e hepatite autoimune.
 
Resposta: letra C. Não cabe recurso.

76 Um médico presta atendimento domiciliar a um paciente de 69 anos de idade, já acompanhado há um ano, com

hipertensão e diabete melito compensados, com hemiplegia direita por acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico há 10
anos, parcialmente independente para as atividades de vida diária e em uso de andador. A lha e cuidadora do idoso refere
que o pai está apresentando noctúria há alguns meses e que isso a preocupa devido ao risco de queda. O paciente nega
incômodo com a noctúria e não refere outros sintomas urinários. Nega emagrecimento e não tem história familiar de câncer
de próstata. Ao exame físico, o idoso apresenta-se lúcido, orientado e com diminuição de força à direita. Ao ser questionado,
ele se recusa a realizar exame de toque retal e Antígeno Prostático Especí co (PSA) para investigar a possibilidade de
câncer de próstata. Entretanto, sua lha insiste na realização de exames, a rmando ""receio de ser algo mais grave"".
Considerando a situação descrita, qual é a conduta médica adequada?

A) Explicar ao paciente a necessidade do rastreamento de câncer de próstata (PSA e ultrassonogra a de vias urinárias), pelo risco da
neoplasia, pois o diagnóstico precoce comprovadamente diminui a mortalidade por essa doença, e solicitar anuência da lha, responsável pelo
paciente, para realização dos exames de rastreamento.
B) Explicar ao paciente e à lha que a noctúria se deve ao AVE isquêmico prévio e ao envelhecimento; orientar ser desnecessário o
rastreamento de câncer de próstata e recomendar que o paciente evite, à noite, a ingesta hídrica e o consumo de cafeína; avaliar suspensão de
diuréticos e prescrever medicação para aumento do tônus vesical.
C) Explicar ao paciente que o câncer de próstata é o mais prevalente em homens, com alta mortalidade e que somente seu diagnóstico
precoce evita complicações e óbitos; convencer o paciente a realizar o toque retal e encaminhá-lo ao urologista; se o toque retal e o PSA se
mostrarem alterados, encaminhá-lo para realização de biópsia prostática.
D) Explicar ao paciente e à lha que o rastreamento de câncer de próstata depende de uma decisão compartilhada entre o médico, paciente e
família; oferecer explicações, em linguagem acessível, sobre os benefícios e riscos desse rastreamento; respeitar a decisão compartilhada
com o paciente para prosseguimento ou não do rastreamento.

 Comentários
Essa é uma questão sobre as decisões compartilhadas no âmbito da atenção primária.

A DECISÃO COMPARTILHADA É O PROCESSO EM QUE MÉDICO E PESSOA DECIDEM JUNTOS SOBRE EXAMES, TRATAMENTOS E SUPORTE,
LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO AS PREFERÊNCIAS DA PESSOA E AS MELHORES EVIDÊNCIAS.

O lema norteador do sistema de saúde inglês acerca das decisões compartilhadas diz o seguinte: “NENHUMA DECISÃO A MEU RESPEITO,
SEM A MINHA PARTICIPAÇÃO”.

O mais importante em uma conversa de decisão compartilhada é:

- Ajudar a pessoa a entender e articular o que ele pretende alcançar com o tratamento ou opções de autocuidado disponíveis (seu resultado
ou objetivo principal).

- Informar a pessoa sobre sua condição, sobre o tratamento, ou opções disponíveis de autocuidado, bem como seus respectivos
benefícios.

- Ajudar a pessoa a entender os riscos e malefícios associados com o tratamento ou opções de autocuidado.

- Descrever o que é conhecido sobre os riscos e malefícios associados com o tratamento ou opções de autocuidado.

- GARANTIR QUE PESSOA E MÉDICO CHEGARAM A UMA DECISÃO BASEADA NA MÚTUA COMPREENSÃO DESSAS INFORMAÇÕES.

Portanto, entre as alternativas, aquela que melhor traduz o adequado encaminhamento da consulta por parte do médico, tendo como
referência o princípio da decisão compartilhada é a letra D.

77 Uma mulher com 52 anos de idade apresenta queixa de sangramento uterino anormal com aumento do uxo e
diminuição do intervalo entre os sangramentos há 3 meses. A paciente possui histórico de 2 partos e laqueadura tubária há
18 anos. Nega comorbidades. Seus exames clínicos e ginecológicos estão sem anormalidades. A ultrassonogra a
transvaginal visualizou espessamento focal endometrial com uxo ao doppler. Nesse caso, a principal conduta médica a ser
realizada é

A) solicitar histeroscopia com biópsia.


B) indicar histerectomia total.
C) fazer ecogra as periódicas.
D) prescrever progesterona.

 Comentários
Questão sobre uma paciente de 52 anos com queixa de sangramento uterino aumentado e ultrassonogra a transvaginal com visualização
de espessamento focal endometrial com uxo ao doppler. 

Lembre-se: espessamento endometrial focal com uxo ao Doppler nos faz pensar no diagnóstico de pólipo endometrial. Diante da hipótese
diagnóstica de pólipo endometrial, a conduta é histeroscopia com biópsia dirigida.

Resposta: Letra A.

78 Um homem de 50 anos de idade realiza investigação ambulatorial devido ao aumento de transaminases: AST =

122 U/L (valor de referência: < 38 U/L) e ALT = 142 U/L (valor de referência: < 41 U/L) evidenciado em um exame de rotina. O
paciente consome 5 latas de cerveja diariamente e nega o uso de drogas ilícitas. Não apresenta queixas clínicas. Os exames
laboratoriais solicitados para a investigação demonstraram o que está apresentado no quadro a seguir. Com base nos
aspectos clínicos e laboratoriais, o diagnóstico e a conduta neste momento devem ser, respectivamente,

A) hepatite B crônica; indicar vacinação.


B) hepatite B aguda; indicar interferon alfa peguilado.
C) hepatite C curada; orientar interrupção do etilismo.
D) hepatite B crônica; orientar interrupção do etilismo.

 Comentários
Questão sobre a interpretação sorológica das hepatites. Temos um paciente com HBsAg positivo ("presença do vírus"), Anti-Hbc total
positivo ("contato com o vírus"), no entanto, com Anti-Hbc IgM negativo, o que nos indica que o IgG é positivo ("infecção crônica"), além de
anti-HBs negativo ("não obteve cura ou imunidade"). Portanto, trata-se de um caso de hepatite B crônica. A questão nos fornece ainda um
anti-HDV total negativo ("sem hepatite D associada") e um anti-HCV positivo, nos indicando a possibilidade hepatite C, que deve ser
con rmada através da dosagem do HCV-RNA (método quantitativo - carga viral). Vamos agora analisar as alternativas:

(A) Incorreta. O paciente já possui hepatite B crônica, de nada adianta a vacinação, a qual deve ser indicada nos indivíduos suscetíveis em
situações de pré-exposição (pro laxia pré-exposição).

(B) Incorreta. Como descrito acima, trata-se de um caso de hepatite B crônica e não aguda.

(C) Incorreta. Antes de fazermos quaisquer a rmações, precisamos dosar o HCV-RNA (carga viral) para con rmar se o vírus está presente
de fato ou não.

(D) Correta. De fato, trata-se de um caso de hepatite B crônica e outros fatores de agressão hepatocitária (ex: etilismo) devem ser evitados.
Portanto, resposta: letra D. Não cabe recurso.

79 Uma paciente com 45 anos de idade apresenta queixa de astenia, mal-estar e tosse seca persistente. Ela procurou
assistência médica em Unidade Básica de Saúde. Em seu exame físico, notou-se adenomegalia cervical bilateral, sem outros
achados. Foi realizada a radiogra a de tórax, conforme exibido na imagem. No atendimento ambulatorial, foi realizada a
biópsia de um dos nódulos que revelou células gigantes, multinucleadas em aspecto de ""olhos de coruja"" e do subtipo
esclerose nodular. De acordo com os achados radiográ cos e histopatológicos, a conduta indicada é encaminhar a paciente
para

A) rede UNACON/CACON de assistência oncológica.


B) hospital terciário para tratamento especializado em infectologia.
C) hospital terciário para tratamento especializado em Cirurgia Torácica.
D) hospital terciário para tratamento especializado em Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

 Comentários
Temos o caso de uma paciente na quinta década de vida, com queixa de astenia e tosse persistente, adenomegalia cervical bilateral, uma
radiogra a demonstrando alargamento do mediastino, sugestivo de massa mediastinal, e por m, uma biópsia que não deixa dúvida quanto
ao diagnóstico.

Células gigantes multinucleadas com aspecto de olhos de coruja, ou células de Reed-Sternberg, são achado típico do Linfoma de Hodgkin
(embora não sejam achado patognomônico) e estão presentes na forma clássica da doença, que é a mais comum (95% dos casos) e
responde muito bem à quimioterapia. Por m, a forma clássica é ainda subdividida em subtipos, sendo o mais comum (60-80% dos casos)
a esclerose nodular, principalmente entre adolescentes e adultos jovens.

De posse do diagnóstico, e dos dados a respeito da boa resposta à quimioterapia, ca claro que em geral, inicialmente não é indicada
abordagem cirúrgica (C e D INCORRETAS), e de que não será necessário encaminhamento para serviço de infectologia, pois a doença é
exclusivamente neoplásica. (B INCORRETA). Sendo assim, a melhor opção é o encaminhamento para um serviço especializado em
oncologia, como as Unidades de Assistência de Alta Complexidade em oncologia - UNACON e os Centros de Assistência de Alta
Complexidade em Oncologia - CACON.

Resposta letra A, sem margem para recurso

80 Uma mulher de 45 anos de idade comparece à Unidade de Saúde da Família do seu bairro pedindo atendimento de
urgência devido a fortes dores nos braços e costas. A paciente já realiza acompanhamento regular por quadro depressivo de
difícil controle, iniciado há 4 meses. Foi referenciada a um Centro de Atenção Psicossocial, porém, ainda não conseguiu
agendamento. Em seu exame físico, constatou-se a presença de hematomas e de escoriações em membros superiores e na
região lombar. Ao nal da consulta, con dencia sofrer agressões físicas frequentes pelo marido. Nesse caso, a conduta
médica indicada será

A) Acionar a polícia sobre violência intradomiciliar à mulher e planejar uma intervenção familiar.
B) realizar encaminhamento à psiquiatria, pois na Atenção Primária à Saúde não é possível manejar esse caso.
C) solicitar avaliação pela equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), que decidirá o melhor plano terapêutico.
D) agendar consulta compartilhada com a equipe do NASF para decisão de abordagens interpro ssionais.

 Comentários
Pessoal, questão polêmica porque gira em torno de uma também muito polêmica lei que foi recentemente aprovada pelo presidente Jair
Bolsonaro. A Lei 13.931, 10 de Dezembro de 2019, determina que: “os casos em que houver indícios ou con rmação de violência contra a
mulher atendida em serviços de saúde públicos e privados constituem objeto de noti cação compulsória e deverão ser obrigatoriamente
comunicados à autoridade policial no prazo de 24 horas, para as providências cabíveis e para ns estatísticos”. Para os efeitos desta Lei,
entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusive decorrente de discriminação ou
desigualdade étnica, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher. 

No entanto, devemos lembrar que o atendimento ao paciente nunca pode ser prejudicado ou postergado. Inclusive, algumas notas técnicas
foram liberadas em resposta a referida lei ressaltando que a comunicação externa do caso de violência deveria ser feita em até 24 horas,
mas não antes que houvesse o acolhimento e escuta quali cada da vítima, o que torna a letra D correta!

Porém, a letra A não está incorreta, visto que está prevista em lei e deve ser executada pelo pro ssional que realizou o atendimento em
prazo tão curto. Por isso, para aqueles alunos que se sentiram prejudicados, vamos ao recurso:

“Prezada Banca Examinadora,

Venho por meio deste solicitar análise da questão 80 do presente concurso de Residência Médica. Segundo a lei 13.931, de 10 de
Dezembro de 2019, é obrigatória a comunicação à autoridade policial de qualquer indício ou con rmação de violência contra a mulher que é
atendida em serviços públicos ou privados, em um prazo máximo de 24 horas. Ainda que saibamos que a paciente deve receber
acolhimento e escuta adequada em relação à situação vivida, deve-se também, por motivos de cumprimento legal, realizar a comunicação
às autoridades. Assim, solicito a inclusão da letra A no gabarito da questão. Desde já agradeço a atenção”

81 Um pré-escolar com 3 anos de idade, previamente hígido, é atendido no pronto-socorro. A mãe relata que seu lho
apresentou manchas no corpo há 2 dias. Além disso, refere que a criança esteve resfriada no mês anterior e que melhorou
após 5 dias. Durante o exame físico, estava afebril, alerta, com múltiplas petéquias em membros e tronco, pequenos
hematomas em joelhos, ausência de visceromegalias ou linfonodomegalia. O exame de esfregaço de sangue periférico
mostra plaquetas de 57 000/mm³ (valor de referência: 150 000 a 450 000/mm³), com macroplaquetas; células vermelhas e
brancas com morfologia e quantidade normais. Nesse caso, o diagnóstico provável e a conduta adequada são,
respectivamente,

A) leucemia; aspiração e biópsia de medula óssea.


B) púrpura trombocitopênica idiopática; seguimento clínico.
C) púrpura trombocitopênica idiopática; corticoide em altas doses.
D) leucemia; exames de citometria de uxo e imuno-histoquímicos.

 Comentários
O enunciado apresenta um pré-escolar de 3 anos com petéquias e hematomas no corpo, com bom estado geral e plaquetopenia, sem febre
e sem hepatoesplenomegalia. A ausência de anemia, linfocitose, hepatoesplenomegalia e linfadenomegalia tornam pouco provável o
diagnóstico de etiologias neoplásicas (letras A e D erradas). Portanto, se temos púrpura + plaquetopenia + bom estado geral,
provavelmente estamos diante de uma PTI - púrpura trombocitopênica idiopática. Lembre-se que a PTI infantil quase sempre é aguda e
autolimitada e, muitas vezes, não requer tratamento especí co, apenas observação. Um dos grandes desencadeantes do quadro são as
infecções virais inespecí cas ou vacinações, geralmente nas 2-4 semanas que antecedem o início do quadro de PTI. Crianças com
sangramento ativo e plaquetopenia < 30.000 ou apenas plaquetopenia < 10.000 com ou sem sangramento, são candidatas à tratamento
medicamentoso com corticoide.

Resposta: letra B.

82 Uma mulher com 25 anos de idade é atendida na Unidade Básica de Saúde após palpar um nódulo em sua mama
direita. Na avaliação médica, identi ca-se um nódulo de 1 cm, no maior diâmetro, móvel, com consistência broelástica,
regular e indolor. Nesse caso, qual deve ser a conduta médica inicial?

A) Punção e citologia.
B) Exérese do nódulo.
C) Seguimento ecográ co.
D) Encaminhamento ao Centro de Oncologia.

 Comentários
Essa questão gerou alguns questionamentos. Paciente de 25 anos com lesão palpável e mama direita de características benignas no
exame clínico. Existe divergência na literatura. O tratado de ginecologia da FEBRASGO recomenda inicialmente a ultrassonogra a para
nódulos mamários palpáveis em mulheres com menos de 30 anos. Entretanto, Novak defende a punção aspirativa por agulha na (PAAF)
apenas com base no exame clínico para a avaliação dessas lesões. Segue um modelo de recurso para quem se sentiu prejudicado.

RECURSO:

Prezada banca examinadora, a questão aborda o caso de uma paciente jovem que apresenta um nódulo mamário palpável de aspecto
benigno ao exame clínico. Segundo o Tratado de Ginecologia de Berek e Novak 15a edição, no capítulo 21, “o procedimento mais seguro é a
biópsia tecidual ou o estudo citológico de todos os tumores dominantes encontrados no exame físico. (...) Tanto a PAAF quanto a core
biopsy são técnicas razoáveis para avaliação de lesões palpáveis ou identi cadas por imagem”. Ainda, no Tratado de Ginecologia da
FEBRASGO 1a edição, a tabela 16.3 do capítulo 16 descreve que a PAAF pode ser realizada como abordagem inicial de nódulos que podem
ser sólidos ou císticos. Dessa forma, a alternativa A também está correta. Solicito, então, anulação da referida questão por haver mais de
uma resposta entre as alternativas. 

83 Um paciente com 32 anos de idade, tabagista, com histórico de epigastralgia, apresentou, há cerca de 4 horas,
quadro de hematêmese e melena. Ao chegar a um pronto-socorro hospitalar, encontrava-se com PA = 90 x 50 mmHg e FC =
112 bpm. No local, foram realizadas reposição volêmica com normalização dos parâmetros hemodinâmicos bem como
endoscopia digestiva alta, que evidenciou úlcera péptica localizada na incisura angularis do estômago, com vaso visível,
porém sem sangramento ativo. Realizou-se, então, terapia combinada de hemostasia da úlcera. Nesse caso, a conduta
imediata adequada para o paciente é indicar

A) internação hospitalar e preparação para a cirurgia de emergência.


B) internação hospitalar, octreotide endovenoso e repetição da endoscopia em 48 horas.
C) internação hospitalar, inibidor de bomba de prótons endovenoso e monitorização hemodinâmica não invasiva.
D) alta hospitalar, inibidor de bomba de prótons por via oral por 30 dias e repetição de endoscopia digestiva alta em 3 meses.

 Comentários
Temos o caso de um paciente com hematemese submetido a EDA com realização de dupla terapia hemostatica. 

O sangramento é Forest 2A (vaso visível sem mais sangramento ativo), uma lesão de alto índice de ressangramento.

A conduta deste paciente é portanto internação hospitalar. 

Deve-se realizar monitorização hemodinâmica e dos níveis hematimétricos, além de associar inibidor de bomba de prótons.
Octreotide não possui evidência cientí ca de auxiliar nos sangramentos não varicosos do TGI.

Resposta (C). Não cabe recurso.

84 Uma mulher de 58 anos de idade, portadora há longa data de diabete melito tipo 2 e de hipertensão arterial
sistêmica (HAS), é internada em hospital terciário com queixas de náuseas, vômitos, soluços e dor precordial ventilatório-
dependente. O quadro se iniciou na véspera, quando procurou o pronto-socorro, onde realizou alguns exames
complementares que revelaram glicose = 145 mg/dL (valor referência: 70 a 99 mg/dL), ureia = 264 mg/dL (valor referência:
20 a 40 mg/dL), creatinina = 12,8 mg/dL (valor de referência: 0,7 a 1,2 mg/dL) e potássio = 5,8 mEq/L (valor de referência: 3,5
a 5,2 mEq/L), além da presença, no eletrocardiograma convencional, de supradesnivelamento difuso (exceto em AVR e V1)
do segmento ST, com ondas T positivas (exceto as duas derivações anteriores) e infra do segmento PR. Foi administrado
gluconato de cálcio e endovenoso e resina de troca catiônica via oral (VO), sendo solicitada transferência para internação
hospitalar. A paciente havia parado de fazer acompanhamento médico regular, não comparecendo às consultas nos 2
últimos anos. Entretanto, continuava fazendo uso dos seguintes fármacos: metformina 500 mg VO duas vezes ao dia;
hidroclorotiazida 25 mg/dia VO; e anlodipino 10 mg VO duas vezes ao dia. Durante exame físico, a paciente se revela
sonolenta, bradipsíquica, com hálito desagradável em com soluços. Está hipocorada (2+/4+), com mucosas úmidas,
acianótica, anictérica e afebril. O ritmo cardíaco é regular, em 2 tempos, sendo auscultado um ruído sistólico rude em borda
esternal esquerda baixa, além de um sopro sistólico de baixa intensidade pancardíaco. Há turgência jugular patológica, mas
não há pulso paradoxal arterial ou venoso. Além disso, apresenta PA = 180 x 100 mmHg; FC = 122 bpm; FR 26 irpm. A
ausculta pulmonar evidencia redução no murmúrio vesicular nas bases, estendendo-se ao terço médio do hemitórax direito.
Membros inferiores revelam edema 2+/4+, não havendo sinais de trombose venosa. Considerando o caso apresentado,
assinale a alternativa que indica corretamente quais são as condutas que o plano de cuidados dessa paciente deve incluir
nesse momento.

A) Iniciar terapia dialítica imediata por via de uma fístula arteriovenosa; melhorar o controle glicêmico através da associação de insulinização
ao fármaco hipoglicemiante já em uso; e ajustar os fármacos para controle da HAS, incluindo a associação de furosemida ao esquema em
curso.
B) Providenciar acesso venoso profundo com cateter duplo lúmen para início de terapia dialítica; suspender o esquema antidiabético oral,
mantendo controle glicêmico apenas através de insulinização; e ajustar os fármacos para controle de HAS, incluindo a suspensão do uso da
hidroclorotiazida.
C) Puncionar o líquido pericárdico para de nir a causa da pericardite, tratando-a adequadamente; melhorar o controle glicêmico através da
associação de insulinização ao fármaco hipoglicemiante já em uso; e ajustar os fármacos para controle da HAS, incluindo a suspensão do uso
da hidroclorotiazida.
D) Encaminhar a paciente para a cateterismo coronário e possível revascularização percutânea; suspender o esquema antidiabético oral,
mantendo controle glicêmico apenas através de insulinização; e ajustar os fármacos para controle da HAS, incluindo a associação de
furosemida ao esquema em curso.

 Comentários
Temos uma paciente hipertensa, diabética, sem acompanhamento regular há 2 anos, apresentando-se com elevação importante nos
marcadores de função renal (Cr: 12,8 mg/dl; Ureia: 264 mg/dl), sinais de pericardite aguda (dor precordial, ecg com supra-st difuso/infra de
PR, atrito pericárdico à ausculta), encefalopatia (sonolência, bradipsiquia), hipervolemia (hipertensão, tjp, murmúrios vesiculares reduzidos
em bases, edema de mmii), sintomas gastrointestinais (hálito desagradável, náuseas/vômitos) e hipercalemia (K+: 5,8 mEq/L). Qual
condição justi caria todos estes achados? Claramente, a síndrome urêmica! Repare ainda, que devido a presença de pericardite,
encefalopatia e conforme algumas referências Uréia > 200 mg/dl, há indicação de diálise de urgência. Sendo assim, vamos analisar as
alternativas:

(A) Incorreta. A maturação da fístula arteriovenosa pode levar de 1-3 meses, além disso, a metformina deve ser suspensa e não mantida.

(B) Correta. De fato, a terapia dialítica pode ser rapidamente estabelecida através de um acesso venoso profundo por um cateter duplo-
lúmen. Além disso, a metformina deve ser suspensa e o controle glicêmico realizado somente através da insulinoterapia. Os tiazídicos,
isoladamente, deixam de ser e cazes em situações de ClCr < 30 ml/min, sendo assim a hidroclorotiazida pode ser suspensa. Neste caso, a
melhor forma de controlar a pressão e a hipervolemia será através da própria terapia dialítica.

(C) Incorreta. A causa da pericardite aguda já está bem estabelecida, é a síndrome urêmica! Mais uma vez, a metformina deve ser suspensa
e não mantida.

(D) Incorreta. A precordialgia teve origem no quadro de pericardite aguda e não em uma síndrome coronariana aguda. A característica da
dor ("ventilatório-dependente"), os achados eletrocardiográ cos (supra-ST difuso, infra de PR) e o contexto de síndrome urêmica
corroboram tal a rmativa. Sendo assim, não há indicação para cateterismo.

Portanto, resposta: letra B. Não cabe recurso.

85 Uma mulher, G2P1A0, com 26 anos de idade, 39 semanas de gestação, apresenta-se na maternidade em franco
trabalho de parto. O obstetra realiza o parto vaginal sem intercorrências. Na assistência ao terceiro período da parição, ainda
na sala de parto, logo após a saída do recém-nascido, o médico solicita que a equipe de enfermagem administre ocitocina,
de forma intramuscular. O médico também realiza a tração controlada do cordão umbilical. Após o desprendimento da
placenta, a paciente é encaminhada para a enfermaria. No entanto, cerca de 10 minutos depois, ela apresenta sangramento
intenso, taquicardia e hipotensão. O obstetra realiza massagem uterina e solicita a instalação de ocitocina endovenosa, de
soro siológico, além da administração de misoprostol via oral. Diante das condutas realizadas, assinale a alternativa
correta.

A) Na sala de parto, o médico deveria ter prescrito misoprostol ao invés de ocitocina após o desprendimento do feto.
B) Caso a paciente persista com sangramento, a próxima conduta do médico será indicar histerectomia.
C) O médico deveria ter realizado a extração manual da placenta, seguida de curagem ou curetagem.
D) O uso de misiprostol via oral justi ca-se por seu início de ação rápido.

 Comentários
Vamos avaliar todas as alternativas
 
Letra A- Incorreta
A ocitocina é usada após o desprendimento fetal na dose de 10UI intramuscular para pro laxia de hemorragia pós-parto.
 
Letra B- Incorreta
Apesar de o médico não ter realizado outras medicações que poderiamter sido administradas para atonia uterina com ácido tranexâmico e
metilergometrina, a alternativa fala sobre as condutas posteriores. Após o misoprostol há outras alternativas antes da histerectomia como
o balão de tamponamento intrauterino e condutas cirúrgicas como as suturas hemostáticas e ligaduras vasculares.

Letra C- Incorreta
A extração manual da placenta está indicada apenas quando a dequitação não ocorre em 30 minutos. A questão descreve que o médico
realizou tração controlada do cordão e que houve dequitação. Portanto, não há indicação de extração manual da placenta, coragem ou
curetagem.
 
Letra D- Correta
Estudos  sugerem  que,  após  a  administração  oral,  o  misoprostol é  rápida  e  completamente  absorvido  no  trato  gastrintestinal.
Também é verdade que quando administrado por via oral tem metabolização mais rápida.
A administração por via retal tem curva famacocinética similar à administração vaginal, ambas com aumento gradual na concentração
plasmática.
Assim, de fato, o início da ação do misoprostol por via oral é mais rápido do que por via retal e vaginal.

Resposta: Letra D.

86 Um recém-nascido a termo, com 24 horas de vida e peso de nascimento de 3 200 g, realiza o teste de triagem
neonatal para cardiopatia congênita crítica (Teste do Coraçãozinho) com os seguintes resultados: Saturação de O₂ em
membro superior direito (MSD) de 97 % e em membro inferior direito (MID) de 93 %. A conclusão do resultado do teste e a
conduta médica indicada em relação ao caso são, respectivamente,

A) teste normal e a criança deve permanecer por mais 24 horas no alojamento conjunto para observação e, então, poderá ser liberada para
casa.
B) teste limítrofe e deve ser repetido após 12 horas de intervalo e, se persistir com saturação de MID < 95%, deve ser solicitada
ecocardiogra a.
C) teste alterado e deve ser solicitado exame radiológico de tórax e avaliação cardiológica com ecocardiogra a para esclarecimento.
D) teste alterado e deve ser repetido após 1 hora de intervalo e, se persistir com alteração, deverá ser solicitada ecocardiogra a.

 Comentários
Esse questão não dá para errar, pois cai todo ano em prova de residência.

O teste do coraçãozinho ou teste da oximetria neonatal permite a identi cação precoce de algumas cardiopatias congênitas críticas
(condições pode evoluir com grave piora clínica quando começar a ocorrer o fechamento do canal arterial). O exame é feito com a medida
da oximetria pré-ductal, correspondente a oximetria do membro superior direito e da pós-ductal, que pode ser obtida em qualquer membro
inferior. São duas condições para o exame ser considerado normal: ambas as medidas tem que apresentar saturação igual ou superior a
95% e a diferença entre elas tem que ser inferior a 3%. Qualquer uma das situações (ou ambas) alteradas, o teste deverá ser repetido em 24
horas. Se persistir a alteração, a criança deverá ser submetida a uma ecocardiogra a para ns diagnósticos. No caso descrito, o teste está
alterado (diferença maior igual a 3 %), por isso a conduta neste momento é repetir o teste em 1 hora de intervalo e, se persistir com
alteração, deverá ser solicitada ecocardiogra a.

Resposta: letra D.

87 Uma lactente com 1 ano de idade foi levada à Unidade Básica de Saúde para atendimento. A mãe relatou que a
menina apresentava uma tumoração na região inguinal direita durante o banho, porém que tinha desaparecido no dia
seguinte. Durante o exame físico, foi con rmada uma nodulação na região inguinal direita, móvel, indolor, redutível e com
transiluminação negativa. Nesse caso, a suspeita diagnóstica e a conduta terapêutica corretas são

A) adenomegalia inguinal e manter conduta expectante.


B) hérnia inguinal e realizar tratamento operatório eletivo.
C) hérnia inguinal e aguardar a regressão espontânea até os 5 anos de idade.
D) cisto do canal de Nuck e aguardar a regressão espontânea até os 5 anos de idade.

 Comentários
Temos uma lactente apresentando nodulação em região inguinal direita.

O teste de transiluminação veio negativo, portanto o cisto de Nuck não é uma hipótese diagnóstica válida. 

Temos entre as hipóteses diagnósticas uma hérnia inguinal ou adenomegalia. A adenomegalia não regride.

Visto que temos um paciente com hérnia inguinal, temos que abordá-lo precocemente. O risco de encarceramento em pacientes lactentes
com hérnia inguinal é bastante elevado. Não devemos fazer terapia expectante!!! Proposta de cirurgia: herniorraria inguinal.

Resposta (B). Não cabe recurso.

88 Um homem com 24 anos de idade comparece à Unidade de Saúde da Família do seu bairro. Há uma semana,
iniciou quadro de tosse produtiva, febre de 38ºC e inapetência. A rmou fazer uso regular de antirretrovirais para tratamento
de HIV/aids há 2 anos. Houve emagrecimento de 5 kg nos últimos seis meses. Sem alterações na ausculta pulmonar e
cardíaca ou nos demais itens do exame físico. Qual deve ser a conduta médica para a investigação diagnóstica desse
paciente, além da solicitação de radiogra a de tórax?

A) Solicitar teste rápido molecular para tuberculose, caso haja alteração na radiogra a de tórax.
B) Solicitar teste rápido molecular para tuberculose e, se negativo, indicar a cultura de escarro com teste de sensibilidade.
C) Solicitar teste rápido molecular para tuberculose e cultura de escarro com teste de sensibilidade já na primeira consulta.
D) Solicitar teste rápido molecular para tuberculose e cultura de escarro com teste de sensibilidade somente se resistência à rifampicina.

 Comentários
Paciente em tratamento para HIV/aids há 2 anos, evoluindo há 6 meses com perda de peso e há 1 semana com quadro de tosse produtiva
e febre. Ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações. Tal apresentação nos remete à possibilidade de tuberculose pulmonar. Sendo assim,
além da radiogra a de tórax, quais outros exames devem ser solicitados? Os exames a serem realizados vão depender, inicialmente, da
disponibilidade ou não do teste rápido molecular (TRM). Caso ele esteja disponível, deve ser realizado, pois apresenta excelente
sensibilidade e especi cidade, além de ter um resultado bastante rápido. Além disso, neste momento, é necessária a distinção entre a
população geral e as populações mais vulneráveis (em situações de rua, privados de liberdade, indígenas, pro ssionais de saúde, contatos
de tuberculose drogarresistente, pessoas vivendo com HIV/aids). No caso da população geral a investigação é iniciada somente com o
TRM, já no caso de população vulnerável, a investigação é feita, desde o início, com o TRM + cultura com TSA (teste de sensibilidade
antimicrobiana). Por m, se o TRM não for disponível, a investigação deve ser iniciada através da baciloscopia de duas amostras de
escarro. Sendo assim, vamos agora analisar as alternativas:

(A) Incorreta. A suspeita clínica já permite investigação do quadro, não sendo obrigatória alteração na radiogra a de tórax.

(B) Incorreta. Conforme descrito acima, como o paciente pertence a população vulnerável, a investigação deve ser iniciada com TRM +
cultura com TSA

(C) Correta. A rmativa de acordo com o que foi descrito. Iniciar a investigação já com TRM + cultura com TSA.

(D) Incorreta. Nesse caso, a realização de cultura com TSA deve ser realizada desde o início, independente da presença de resistência à
rifampicina (a qual pode ser avaliada pelo TRM).

Portanto, resposta: letra C. Não cabe recurso.

89 Uma lactente com 10 meses de idade é levada à Unidade Básica de Saúde pela mãe, a qual demonstra

preocupação pelo contato da lha com um tio que, no dia anterior, chegou de viagem do exterior com sintomas respiratórios
e manchas no corpo. Ele procurou atendimento no pronto-socorro e foi diagnosticado como caso suspeito de sarampo. A
conduta médica indicada para a lactente é administrar a vacina

A) tetraviral em até 48 horas após o contato com o caso suspeito, sendo essa a dose 1, seguida da segunda dose aos 12 meses.
B) tetraviral em até 72 horas após o contato com caso suspeito, sendo essa a dose 1, seguida da vacinação habitual aos 12 meses.
C) tríplice viral em até 48 horas após o contato com o caso suspeito, sendo essa a dose zero, seguida da segunda dose aos 12 meses.
D) tríplice viral em até 72 horas após o contato com o caso suspeito, sendo essa a dose zero, seguida da vacinação habitual aos 12 meses.

 Comentários
Há duas formas de pro laxia pós-exposição após o contato de um suscetível com um caso suspeito de sarampo: a vacina e a
imunoglobulina. A vacina pode ser feita para os suscetíveis maiores de seis meses, desde que não existam contraindicações
(imunossupressão, gravidez e menores de 6 meses). Nas situações em que a vacina não pode ser feita, a imunoglobulina padrão é uma
alternativa. A questão traz um lactente de 10 meses que teve contato com um caso suspeito de sarampo, logo, a vacina de bloqueio está
indicada até 72 horas do contato. Cabe ressaltar que as crianças com idade entre 6 e 11 meses que sejam vacinadas nestas situações de
controle pós-exposição não devem ter esta dose considerada como dose válida para a rotina e devem continuar recebendo a vacina tríplice
viral aos 12 meses e a tetraviral aos 15 meses.

Resposta: letra D.
90 Um homem com 64 anos de idade é encaminhado ao ambulatório para investigação de anemia, detectada nas
últimas semanas durante investigação de quadro de fadiga, cansaço e dores ósseas. Ao exame físico, paciente apresenta-se
em regular estado geral, hipocorado, não havendo outras anormalidades. Os exames complementares realizados
recentemente revelaram o seguinte: hemoglobina = 10g/dL (valor de referência: 13 a 17 g/dL); hematócrito = 28% (valor de
referência: 40 a 52%); volume corpuscular médio = 88 fL (valor de referência: 80 a 100 fL); leucometria e contagem
plaquetária normais; ureia = 60 mg/dL (valor de referência: 20 a 40 mg/dL); creatínina = 1,3mg/dL (valor de referência: 0,7 a
1,2mg/dL); e cálcio sérico = 11,8mg/dL (valor de referência: 8,0 a 10,5mg/dL). Os exames laboratoriais realizados no dia do
atendimento apresentam: ureia = 88mg/dL; creatinina = 2,4mg/dL e cálcio sérico = 12,0mg/dL; proteinograma sérico:
albumina = 3,1g/dL (valor de referência: 3,5 a 5,5 g/dL), e globulina = 8,2g/dL (valor de referência: 1,5 a 2,5g/dL). Nesse caso,
o diagnóstico, a partir dos dados clínicos e laboratoriais, é de

A) gamopatia monoclonal associada a mieloma múltiplo.


B) gamopatia policlonal associada a síndrome hemolítico-urêmica.
C) inversão albumina/globulina por cirrose hepática complicada com síndrome hepatorrenal.
D) hipoalbuminemia decorrente de síndrome nefrótica por nefropatia membranosa associada a síndrome hiper-IgG.

 Comentários
Paciente idoso, com presença de anemia, hipercalcemia, disfunção renal e hiperglobulinemia (globulina aumentada; relação
albumina/globulina < 0,9). Qual das alternativas citadas justi caria melhor tais achados?

(A) Correta. De fato, o mieloma múltiplo poderia justi car todos os achados. A anemia ocorre pela ocupação da medula óssea pelas células
do mieloma e devido a inibição da hematopoiese por fatores tumorais. Tal ocupação pode levar também a destruição óssea, gerando
lesões osteolíticas e hipercalcemia. Já a disfunção renal tem inúmeras formas de ocorrer, como por exemplo: nefropatia por cadeias leves
("rim do mieloma"); pela própria hipercalcemia levando à nefrocalcinose; nefropatia por ácido úrico (o alto turnover celular gera
hiperuricemia) e nefropatia amiloide. Por m, a hiperglobulinemia poderia ser explicada pela presença de gamopatia monoclonal
("componente M"), que ocorre devido ao aumento de uma determinada imunoglobulina no sangue. Através da eletroforese de proteínas
poderíamos con rmar e quanti car este aumento e através da imuno xação ou imunoeletroforese determinar o tipo exato de anticorpo
anormal (IgG, IGA, etc).

(B) Incorreta. SHU não justi caria todos os achados (ex: hipercalcemia) e, além disso, faltam elementos no quadro para se pensar em SHU.
Onde está a plaquetopenia? A anemia hemolítica microangiopática, marcada pela presença de esquizócitos na periferia? Por m, o quadro
típico de SHU ocorre mais em crianças (< 5 anos), após episódio de diarreia sanguinolenta.

(C) Incorreta. O paciente não apresenta achados condizentes com um possível quadro de cirrose hepática (ascite, circulação colateral,
esplenomegalia, eritema palmar, telangiectasias..). Tal quadro também não justi caria a hipercalcemia.

(D) Incorreta. Uma síndrome nefrótica não justi caria o quadro. Seria necessário a presença de edema, proteinúria maciça (> 3,5 g/dia),
hipercolesterolemia para se pensar em tal hipótese. Mesmo a hipoalbuminemia encontrada (3,1 mg/dl), é leve para justi car uma síndrome
nefrótica, na qual os níveis de albumina costumam ser < 2,5 g/dl. Além disso, outros achados como a hipercalcemia, não seriam bem
explicados pela ocorrência desta síndrome.

Portanto, resposta: letra A. Não cabe recurso.

91 Um homem com 27 anos de idade busca atendimento, pela primeira vez, na Unidade de Estratégia de Saúde da
Família (ESF) do bairro onde reside, pois apresenta constantemente crises de falta de ar, com tosse e ''chiadeira'' no peito.
Durante a consulta, a rma que, desde a infância, tem diagnóstico de asma, porém, as crises se exacerbaram após ter
iniciado o trabalho na câmara fria de um frigorí co da cidade. O paciente relata ter comunicado ao seu chefe sobre seu
estado de saúde, mas seu superior respondeu que, se ele não quisesse trabalhar, haveria muitas pessoas interessadas no
emprego e que deveria, portanto, ''pedir as contas''. Considerando o texto, assinale a alternativa que indica o que compete ao
médico da ESF, além do tratamento da asma.

A) Fornecer declaração médica determinando a troca de função pelo empregador.


B) Aconselhar o paciente a pedir demissão, tal como sugerido pelo empregador.
C) Encaminhar o paciente ao centro de referência em saúde do trabalhador.
D) Encaminhar o paciente à perícia médica do INSS.

 Comentários
O paciente descrito na questão apresenta um caso clássico de asma relacionada ou agravada com o trabalho, na qual o indivíduo tem
história de asma pré-existente que piora em decorrência da exposição a substâncias presentes no trabalho. 

Segundo a legislação previdenciária brasileira, todo trabalhador deve ser encaminhado para avaliação pericial médica a cargo do INSS se
permanecer afastado do trabalho por mais de 15 dias (letra D incorreta). Neste caso, então, o médico deve fazer laudo explicativo sobre a
doença apresentada pelo trabalhador e SUGERIR, mas não determinar o afastamento das substâncias e condições que agravam o quadro
(letra A incorreta). O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador é um local de atendimento especializado em Saúde do Trabalhador,
que presta assistência especializada aos trabalhadores acometidos por doenças e/ou agravos relacionados ao trabalho. Uma equipe de
pro ssionais quali cados faz um diagnóstico do estado de saúde do usuário e se for constatada a relação da doença com o trabalho, ele é
atendido no ambulatório de saúde do trabalhador, caso contrário, é encaminhado a outros serviços da Rede SUS.

Resposta correta: letra C

92 Uma secundigesta com 23 anos de idade comparece à consulta ambulatorial de pré-natal de alto risco,
encaminhada pela Unidade Básica de Saúde. A rma estar receosa com a gestação atual e refere ter tido, na gravidez
anterior, elevação da pressão arterial e convulsão antes do parto, que ocorreu com 37 semanas. No momento, encontra-se
com 14 semanas de gestação e sem queixas, não havendo outros antecedentes patológicos. Ao exame físico, mostra-se
dentro da normalidade, com PA = 115 x 82 mmHg. Avaliando-se essa história clínica, qual medicamento faz parte da
prevenção da condição que a paciente apresentou em sua primeira gestação?

A) Metildopa.
B) Ácido fólico.
C) Progesterona.
D) Ácido acetilsalicílico.

 Comentários
Questão sobre uma gestante com história de em gestação prévia ter tido elevação pressórica e convulsão, com parto realizado com 37
semanas. Portanto, estamos diante de um antecedente obstétrico de eclâmpsia. 

Para pro laxia de pré-eclâmpsia e eclâmpsia, atualmente, fazemos uso de 02 medicamentos: ácido fólico e carbonato de cálcio (o
carbonato de cálcio em pacientes com baixa ingestão de calcio) apartar das 12 semanas.

Resposta: Letra D.

93 Uma mulher com 55 anos de idade, previamente hígida, é admitida em hospital após episódio de síncope.

Apresenta bradicardia sinusal, discreta hipertensão arterial sistêmica e edema palpebral bilateral. Nota-se um aumento
difuso da tireoide que a paciente não havia percebido até então. Não há rouquidão, disfagia nem alteração recente de peso.
Ademais, não apresenta histórico familiar de câncer. Um estudo ultrassonográ co da tireoide mostra 3 nódulos de bordas
regulares, parcialmente císticos, com componente sólido isoecoico, sem calci cações, de 0,4 cm, 0,6 cm e 0,8 cm. Não há
linfadenopatia cervical. O exame revelou TSH = 17,2 mUI/mL (valor de referência = 0,3 a 5,0 mUI/mL). Nesse caso, a
abordagem adequada para com a paciente é

A) solicitar T3 total e T4 livre e cintilogra a da tireoide antes de de nir o tratamento.


B) prescrever levotiroxina e realizar acompanhamento clínico e ultrassonográ co dos nódulos.
C) prescrever levotiroxina e dosar anti-tireoide peroxidase para de nir a abordagem dos nódulos.
D) solicitar T4 livre e punção aspirativa com agulha na do maior nódulo antes de de nir o tratamento.

 Comentários
A presença de um TSH >10 mUI/mL, em vigência de sintomas clássicos de hipotireoidismo (bradicardia, hipertensão diastólica e edema),
não deixa dúvidas: estamos diante de um quadro de hipotireoidismo primário. Sabemos que a causa mais comum desta condição é a
tireoidite de Hashimoto que, comumente, cursa com aumento difuso do volume tireoidiano (semelhante ao caso em tela) e a presença de
pseudonódulos, devido a heterogenicidade da glândula.
 
Os nódulos apresentados pela paciente não apresentam características suspeitas! Aliás, eles são de baixo risco pela ATA e são pequenos
(< 1cm). Logo, não há indicação de punção e apenas o acompanhamento ultrassonográ co deve ser realizado (se o nódulo crescer ou se
surgir alguma característica de alto risco, aí sim, iremos realizar a PAAAF).
 
A cintilogra a só deve ser realizada nos casos onde temos um nódulo de tireoide com TSH suprimido, indicando que esse nódulo possa ser
o responsável pela hiperprodução hormonal. Cabe lembrar que, nestas situações, os nódulos costumam ser bem maiores do que os
descritos no caso da questão.
 
Resposta: letra B. Não cabe recurso.

94 Um paciente com 70 anos de idade foi atendido no pronto-socorro de hospital de nível secundário, relatando dor
abdominal com irradiação para região dorsal, além de emagrecimento, há 4 meses. Há 2 meses, começou a apresentar
prurido cutâneo progressivo e urina escura. Há 15 dias, notou que os ''olhos caram amarelos''. Na ocasião do exame físico,
encontrava-se emagrecido, ictérico (++/4+), com escoriações dérmicas provocadas pelo ato de coçar. A borda do fígado era
palpada a 1,5 cm abaixo de rebordo costal direito, com palpação não dolorosa. Com base no caso clínico, os resultados dos
exames laboratoriais que con rmam a hipótese diagnóstica são

A) aumento da bilirrubina indireta e aumento da amilase.


B) aumento da bilirrubina direta e aumento da fosfatose alcalina.
C) aumento da bilirrubina indireta e aumento da alanina aminotransferase.
D) aumento da bilirrubina direta e diminuição do tempo de protrombina em segundos.

 Comentários
Se pudéssemos resumir essa questão a uma única síndrome médica, qual seria? A síndrome colestática!

Nosso paciente possui comemorativos clássicos dessa condição, caracterizada pela di culdade em drenagem adequada do sistema biliar:
icterícia, colúria, prurido...

Como se trada de um idoso, com dor abdominal que irradia para o dorso e emagrecimento há 4 meses, ganha importância a hipótese de
neoplasia periampular, mais especi camente um tumor de cabeça de pâncreas justi cando o quadro apresentado.

Como o problema está no “escoamento” da bile, e não na síntese da bilirrubina em si, haverá aumento predominante na forma DIRETA, que
é também a única capaz de passar pelos glomérulos e sair pela urina, provocando colúria (A e C incorretas).

Haverá também aumento de outros marcadores colestáticos, como fosfatase alcalina e gama-GT (B correta).

A di culdade na circulação enterohepática de sais biliares pode provocar de ciência relativa de vitamina K, importante para síntese de
fatores da coagulação, o que provocaria tempo de protrombina aumentado (D incorreta).

Resposta: B. Não cabe recurso. 

95 Uma mulher com 26 anos de idade, primigesta, chega á emergência de uma maternidade confusa e com cefaleia

por estar apresentando, há cerca de 30 minutos, um sangramento vivo que chegou a ''escorrer por suas pernas'', além de dor
abdominal intensa. A paciente nega trauma e/o outras queixas. Relata ainda ter feito duas consultas de pré-natal, mas não
trouxe consigo o seu cartão de pré-natal e trouxe ultrassonogra a gestacional normal de duas semanas atrás. Pela data da
última menstruarão, o médico calcula a idade gestacional em 32 semanas. Em seu exame físico constatou-se PA = 180 x
120 mmHg, pulso = 114 bpm, abdome gravídico com dinâmica uterina ausente, altura uterina compatível com a idade
gestacional, útero lenhoso e frequência cardíaca fetal de 108 bpm. Em exame especular, foi visualizado sangramento vivo
ativo vindo do orifício cervical externo. Proteinúria de ta revelou +++. Após iniciado o sulfato de magnésio, qual a conduta
médica imediata a ser tomada.

A) Administrar betametasona para o amadurecimento pulmonar.


B) Realizar ultrassonogra a gestacional com urgência.
C) Iniciar indução do parto com misoprostol.
D) Realizar cesariana de urgência.

 Comentários
Gestante hipertensa, apresentando alteração do nível de consciência e cefaleia (sinais de iminência de eclâmpsia), além de sangramento
transvaginal importante com útero de consistência lenhosa, dor abdominal e feto com bradicardia. A principal hipótese diagnóstica é pré-
eclâmpsia grave com descolamento prematuro de placenta. Além do sulfato de magnésio, está indicada a interrupção da gestação pela via
mais rápida - como a paciente está fora de trabalho de parto e o feto está em sofrimento agudo, está indicada, portanto, a via alta - a
paciente necessita de uma cesariana de urgência, não havendo tempo para indução do parto ou condutas como corticoterapia antenatal
para acelerar maturação pulmonar. O diagnóstico de DPP é clínico, não sendo necessária realização de ultrassonogra a obstétrica.

Resposta: letra D.

96 Uma lactente com 1 ano e 10 meses de idade, previamente hígida, foi atendida no pronto-socorro com quadro de
febre e irritabilidade iniciado há 72 horas. Não foram encontradas alterações em exame físico realizado na criança.
Procedeu-se, então, à coleta de urina tipo 1 por sondagem vesical e hemograma. A criança foi encaminhada ao ambulatório
para veri cação dos exames. O hemograma revelou Hb = 11,8 g/dL (valor de referência: 12,6 ± 1,5 g/dL), Ht = 38 % (valor de
referência: 37 a 40 %), leucócitos = 18 000 mm³ (valor de referência: 5 000 a 15 000/mm³), plaquetas = 300 000 mm³ (valor
de referência: 150 000 a 450 000/mm³), segmentados = 60 %, linfócitos = 37 % e monócitos = 3 %. O exame de urina tipo 1
apresentou densidade = 1 015 (valor de referência: 1 005 a 1 030), pH = 5,7 (valor de referência: 5,5 a 7,5), leucócitos = 180
000/mL (valor de referência: até 10 000/mL), hemácias = 10 000/mL (valor de referência: até 10 000/mL), cilindros
piocitários raros, nitrito positivo e a bacterioscopia mostrou a presença de agente Gram negativo. Diante desse quadro
clínico, a conduta médica indicada é

A) encaminhar a criança para tratamento hospitalar com indicação de antibioticoterapia parenteral empírica.
B) solicitar urocultura com antibiograma e aguardar o resultado para orientação da antibioticoterapia adequada.
C) solicitar urocultura com antibiograma e iniciar antibioticoterapia domiciliar empírica, antes da obtenção do resultado do exame.
D) iniciar antibioticoterapia domiciliar empírica imediatamente, sem necessidade de outros exames, e reavaliar a criança em 24 horas.

 Comentários
O enunciado descreve um lactente que apresenta um quadro de febre sem sinais localizatórios, pois não foi encontrado o foco infeccioso
com a anamnese e exame físico. Apenas com essa apresentação, já poderíamos pensar em infecção do trato urinário (uma das principais
causas de febre sem foco na infância), porém a banca foi além e descreveu algumas alterações que também sugerem esse diagnóstico,
como a presença de leucocitúria, nitrito positivo e agente Gram-negativo à bacterioscopia da urina. Nesse contexto, temos que con rmar o
diagnóstico realizando a urinocultura e iniciar o tratamento, antes mesmo dos resultados dos exames. Lembre-se que o tratamento deve
ser iniciado imediatamente pelo risco de formação de cicatrizes renais. O que pode ter gerado dúvida é como essa criança deve ser
manejada: em casa ou no hospital? A banca não descreve nenhum critério de gravidade que indique a internação hospitalar (ex: vômitos
incoercíveis, idade inferior a 3 meses, recusa alimentar), por isso o tratamento pode ser feito em regime ambulatorial com antibiótico via
oral.

Resposta: letra C.

 
 

97 Uma paciente com 35 anos de idade procura atendimento hospitalar devido a episódio único de sangramento anal
vermelho vivo, indolor, em pequena quantidade durante evacuação. Nega qualquer história prévia de traumatismo local. Em
seu exame físico, constatou-se que a paciente está em bom estado geral, normocorada, PA = 120 x 60 mmHg, FC = 76 bpm e
com pulso radial amplo, regular. Abdome plano e depressível, indolor à palpação, sem massas palpáveis e sem sinais de
irritação peritoneal. A anuscopia não demonstrou doença hemorroidária externa e/ou ssuras anais e/ou fístulas perianais.
O toque retal não identi cou lesões palpáveis, até cerca de ± 6 cm da margem anal, porém, evidenciou discreta quantidade
de sangue em dedo-de-luva. O médico assistente solicitou hemograma, cujo resultado foi normal. A paciente foi liberada
com encaminhamento ambulatorial e com solicitação de exame de colonoscopia. O resultado da colonoscopia mostrou
alguns pólipos colônicos, não pediculados, e lesão de borda elevada com ulceração central, séssil, ± 1,5 cm de diâmetro, em
cólon sigmoide, distando ± 35 cm da margem anal - a qual foi biopsiada. Nesse caso clínico, a hipótese diagnóstica mais
provável para essa paciente é de

A) polipose adenomatosa familiar.


B) síndrome de Peutz-Jeghers.
C) neoplasia colônica.
D) doença de Crohn.

 Comentários
Questão maldosa!

Temos uma paciente de 35 anos que se apresenta com enterorragia indolor e após avaliação com colonoscopia apresenta o achado de
ALGUNS pólipos colônicos e lesão no cólon sigmoide com cara de “feia”.

Por que cara de feia? Notem que, apesar de não ser tão grande assim (seu tamanho é de 1,5 cm), ela é séssil, com bordas elevadas e
possui componente sugestivo de malignidade - a presença de ulceração central. Isso nos remete à existência de células epiteliais malignas
já invadindo camadas mais profundas, além da lâmina própria, caracterizando um provável adenocarcinoma de cólon (C correta).

Ah, mas é uma paciente tão jovem! Será que não é polipose adenomatosa familiar (PAF)? De fato, quando o câncer colorretal incide em
pacientes abaixo de 50 anos, devemos suspeitar de alguma etiologia hereditária... No entanto, a PAF manifesta-se pela presença de
centenas a milhares de pólipos espalhados pelo cólon, o que de nitivamente não é o caso da nossa paciente. Mesmo se fôssemos
considerar a PAF atenuada, haveríamos de ter dezenas de pólipos na colonoscopia (A incorreta).

Como há apenas “alguns” pólipos colônicos descritos, poderíamos pensar no colorretal hereditário não polipose (síndrome de Lynch), que é
a causa mais comum de câncer colorretal de etiologia genética, ou somente em um tumor esporádico.   

A síndrome de Peutz-Jeghers até pode cursar com pólipos colônicos e câncer colorretal, porém o achado clássico são pólipos
hamartomatosos em intestino delgado associados a manchas melanóticas cutâneas e em mucosas (B incorreta).

A doença de Crohn é uma doença in amatória caracterizada por dor abdominal, diarreia, emagrecimento e acometimento perianal, além de
achados colonoscópicos típicos, como colite segmentar que poupa reto e afeta o íleo terminal. Essa doença pode complicar com câncer
colorretal, mas após muitos anos de evolução de uma doença já estabelecida (D incorreta).

Resposta: C. Não cabe recurso.

98 Em uma reunião da Unidade de Saúde da Família, com a presença dos membros das cinco equipes de Saúde da

Família, incluindo os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), decidiu-se que, em razão do aumento do número de usuários
sem cadastro que passaram a procurar a unidade para atendimento, seria iniciado o processo de atualização da
territorialização, que inclui várias etapas e principia pela fase preparatória. Considerando-se essa situação, que conjunto de
ações e/ou atividades está incluído na etapa preparatória do processo de territorialização?

A) Fazer o levantamento dos dados populacionais e socioeconômicos, analisar os dados, adquirir mapa do território, identi car os
equipamentos sociais com base no tamanho da população e delimitar o território de acordo com os dados obtidos.
B) Indagar às lideranças comunitárias sobre fatores facilitadores ou di cultadores do trabalho desenvolvido pela equipe de saúde e acerca do
funcionamento da unidade de saúde, além de obter informações sobre di culdades de acesso à unidade.
C) Realizar entrevistas para levantar informações sobre o território e a vida das famílias e da comunidade, aspectos geográ cos, políticos,
econômicos, sociais e culturais percebidos e de relevância para a comunidade.
D) Levantar a documentação (incluindo plano diretor do município, projetos e estudos), dados demográ cos, econômicos e sociais; adquirir
mapa-base e de nir responsabilidades, principalmente dos ACS (Agente Comunitário de Saúde) e dos pro ssionais mais antigos e/ou
moradores na área.

 Comentários
Questão direta sobre a fase preparatória do processo de territorialização. Ela é composta pelas seguintes etapas:

1 - Realizar discussões na equipe de saúde para compreensão do processo de territorialização.

2 - De nir as responsabilidades para cada uma das fases, envolvendo no levantamento de informações, principalmente os agentes
comunitários de saúde e os pro ssionais mais velhos ou moradores da área de abrangência.

3 - Identi car a existência de plano diretor municipal, projetos/estudos/mapas urbanos que contenham a identi cação do território e a
malha viária.

4 - Adquirir um mapa-base do município ou das áreas já de nidas, com escala para área urbana 1:5.000 ou 1:10.000 e para zona rural
1:25.000 ou 1:50.000.

5 - Realizar o levantamento de dados de fontes do próprio município, plano municipal de saúde, Atlas de Desenvolvimento Social da
Fundação João Pinheiro (FJP), do IBGE, Cadernos de Saúde e Sala de Situação nos sistemas de informações do Ministério da Saúde sobre
os aspectos geográ cos, populacionais, econômicos, sociais, culturais e epidemiológicos.

6 - Analisar os dados levantados

Portanto, a única alternativa que contempla essas ações é a letra D

99 Uma escolar com 7 anos de idade foi levada para atendimento no pronto-socorro após episódio de violência
sexual. A criança, no dia anterior, foi deixada aos cuidados do primo com 18 anos de idade para que os pais pudessem
trabalhar. No dia seguinte, pela manhã, a mãe notou que a criança estava chorosa e com presença de sangue em roupas
íntimas e de ferimento em região anal. Durante o atendimento, a criança informou que o seu primo introduziu o pênis em seu
orifício anal e que isso tem acontecido há 1 ano. A caderneta de vacinação da criança encontra-se completa. Durante o
exame físico, a criança mostra-se em bom estado geral, mas bastante assustada, com sinais vitais estáveis e presença de
laceração em região anal. Após o atendimento inicial, são realizados exames laboratoriais e o resultado do anti-HBs da
criança é negativo. O primo da criança encontra-se foragido. Segundo a linha de cuidado para a atenção integral à saúde de
crianças em situação de violências, para a pro laxia para hepatite B, recomenda-se realizar

A) nova série de vacinação Anti-hepatite B (3 doses).


B) acompanhamento clínico, sem medidas especí cas.
C) duas doses de imunoglobulina humana Anti-hepatite B.
D) uma única dose de imunoglobulina humana Anti-hepatite B.

 Comentários

Diante de um caso de violência sexual, além da noti cação, temos que promover algumas medidas de pro laxia das DSTs não virais e DSTs
virais. Em relação à pro laxia de hepatite B pós-violência sexual, a banca quer a conduta segundo o documento "Linha de cuidado para a
atenção integral à saúde de crianças em situação de violências". Nesta questão, temos uma escolar de 7 anos vacinada, mas sem resposta
vacinal a primeira série da vacina contra hepatite B (anti-Hbs negativo). Quando o HbsAg da vítima é desconhecido ou não testado,
devemos realizar uma nova série de vacinação (3 doses), conforme indicado no gabarito. A imunoglobulina hiperimune só estaria indicada
caso o HbsAg fosse reagente.
Outro documento do Ministério da saúde (PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO DE
RISCO À INFECÇÃO PELO HIV, IST E HEPATITES VIRAIS), também não recomenda para essa escolar a imunglobulina hiperimune, que só
pode ser administrada, no máximo, até 14 dias após a exposição sexual. Repare que o enunciado descreve que o abuso já vem
acontecendo há 1 ano...

Infelizmente não cabe recurso.

Resposta: letra A.

(Tabela em anexo)

100 Um homem com 50 anos de idade é internado em hospital terciário para investigação diagnóstica e tratamento
de quadro caracterizado por dispneia aos moderados esforços. Há relato, ainda, de precordialgia em aperto, com duração de
cerca de 5 minutos, precipitada por esforços e aliviada com o repouso, além da ocorrência de 2 episódios de síncope nos
últimos 12 meses. Ao realizar exame físico, constatou-se que o paciente se encontra em regular estado geral, corado,
acianótico, eupneico, com a cabeceira do leito elevada a 30 graus. Seu ritmo cardíaco é regular, em 3 tempos, com a
presença de 4.ª bulha e a existência de um sopro mesossistólico 3+/6+ mais audível no 2.º espaço intercostal direito, na
borda esternal; os pulsos arteriais são do tipo parvus et tardus. A ausculta pulmonar apresenta discretos estertores
crepitantes em bases. Não há edema de membros inferiores. A radiogra a de tórax (PA e per l) mostra leve dilatação da raiz
da aorta, área cardíaca normal e presença de calci cações mitro-aórticas. É solicitado, então, um ecocardiograma
transtorácico que revela área valvar aórtica de 0,9 cm² (normal: 3 a 4 cm²), sendo o gradiente ventrículo esquerdo (VE) - aorta
de 55 mmHg e velocidade máxima de uxo transvalvar de 4,5 metros/segundo (normal = inferior a 2m/seg); fração de ejeção
do VE é de 52 %. Frente ao processo de avaliação diagnóstica e ao estabelecimento de plano terapêutico neste momento,
qual é a conduta médica indicada para o paciente e sua justi cativa?

A) Indicar início de tratamento farmacológico com diurético de alça, inibidor de enzima conversora de angiotensina e nitrato, dada a presença
de insu ciência cardíaca provocada pelo aneurisma da aorta torácica ascendente.
B) Solicitar a complementação do ecocardiograma com infusão endovenosa de dobutamina, em razão da necessidade de melhor de nir o
comprometimento da função diastólica causado pela regurgitação valvar aórtica.
C) Proceder cateterismo cardíaco diagnóstico e possivelmente terapêutico, dada a inegável existência de doença arterial coronariana como
causa da angina pectoris estável e disfunção sistólica do VE.
D) Solicitar avaliação do risco cirúrgico visando à realização de troca valvar aórtica, em razão da existência de estenose aórtica grave
sintomática, com indicação de substituição da valva afetada.

 Comentários
Paciente apresentando a famosa tríade clínica: angina + síncope + dispneia aos esforços. Exame físico evidenciando sopro mesossistólico
em foco aórtico (sopro "ejetivo") e pulso parvus-tardus. Qual condição justi caria tais achados clínicos? A estenose aórtica (EA)! Repare
que o ecocardiograma corrobora tal diagnóstico demonstrando uma área valvar aórtica bastante reduzida (0,9 cm2). Podemos perceber
ainda que a presença de sintomas, área valvar aórtica menor ou igual a 1,0 cm2 e gradiente VE-aorta maior ou igual a 40 mmHg indicam a
presença de EA grave (estágio D). Sendo assim, a grande proposta terapêutica será a realização de troca valvar, que pode ser cirúrgica ou
através de hemodinâmica (TAVI - Transcatheter Aortic Valve Implantation) para os casos de alto risco cirúrgico. Vamos então analisar as
alternativas:

(A) Incorreta. A insu ciência cardíaca foi provocada pela presença de estenose aórtica e não de um aneurisma de aorta torácica
ascendente. Além disso, por se tratar de IC com FE preservada (FE maior ou igual a 50%), tais medicações até poderiam ser administradas
na tentativa de melhora sintomática, no entanto, os diuréticos devem ser usados com cautela (pelo risco de maior redução do DC) e os
nitratos, nesse contexto, não costumam ter boa resposta. Lembre-se que nos casos de ICFEP nenhuma destas drogas tem benefício
comprovado na mortalidade. Sendo assim, a prioridade aqui será a troca valvar aórtica.

(B) Incorreta. Regurgitação aórtica ocorreria em caso de insu ciência aórtica e não de estenose aórtica (EA). Na verdade, a disfunção
diastólica se desenvolveu devido a EA.
(C) Incorreta. Na verdade, temos uma IC com FE preservada, ou seja, FE maior ou igual a 50% ("disfunção diastólica"). Além disso, apesar da
forte associação de EA com doença coronariana, a angina pode ser provocada somente pela hipertro a do VE, que aumenta a demanda de
oxigênio e pode comprimir as artérias coronarianas em seu trajeto intramiocárdico. No caso de um esforço físico, a demanda aumenta
mais ainda, porém a menor área aórtica impede a compensação através de um maior débito cardíaco (o DC é xo nestes casos).

(D) Correta. Como descrito acima, o paciente apresenta EA grave sintomática (estágio D), necessitando de troca valvar aórtica. O risco
cirúrgico deve ser realizado para de nição da melhor proposta terapêutica (cirurgia x TAVI).

Portanto, melhor resposta: letra D. Não cabe recurso.

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