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Organização
Alberto José Niituma Ogata
Co-organizadora
Viviane Coelho Lourenço
2017
TEMAS AVANÇADOS
EM QUALIDADE DE VIDA
VOL. 6
Edição Especial
INOVAÇÃO PARA SAÚDE, QUALIDADE
DE VIDA E SEGURANÇA NAS
EMPRESAS BRASILEIRAS
Organizador
Alberto José Niituma Ogata
Co-organizadora
Viviane Coelho Lourenço
T278 Temas avançados em qualidade de vida v.6 / Alberto José Niituma Ogata
organizador ...[et al.]. – Londrina : Midiograf, 2017.
288 p. : il.
Vários colaboradores.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-8396-104-8
CDU 658.512.2:614.8
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Sumário
APRESENTAÇÃO...............................................................................................9
INTRODUÇÃO.................................................................................................13
AUTORES...........................................................................................................19
EXPEDIENTE...................................................................................................287
CAPÍTULO 1
DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA INOVAÇÃO EM
GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR...................31
Georgia Antony Gomes de Matos
Emmanuel de Souza Lacerda
Antonio Eduardo Muzzi Machado
Introdução............................................................................................33
Mudanças no cenário da gestão da segurança e saúde
pelas empresas: em busca de uma gestão integrada.............................34
Porque inovar em saúde e segurança: evolução dos modelos de
gestão nas empresas..............................................................................38
Inovação SESI em saúde e segurança: dimensões para atuação ........50
Conclusão ............................................................................................61
Referências...........................................................................................62
CAPÍTULO 2
PREVENÇÃO DA INCAPACIDADE..............................................................65
André Luna
Cristina de Sá Pacheco Rocha
Eliane Cardoso Sales
Sumário 5
Lívia Maria Aragão de Almeida Lacerda
Newton Augusto Novis Figueiredo
Introdução............................................................................................67
A incapacidade para o trabalho, contexto e tendências.....................69
Conceito de incapacidade para o trabalho..........................................71
Prevenção da incapacidade na empresa..............................................75
Considerações finais.............................................................................91
Referências...........................................................................................93
CAPÍTULO 3
LONGEVIDADE SAUDÁVEL.........................................................................97
Noélly Cristina Harrison Mercer
Viviane Gariba de Souza
A longevidade no Brasil e no mundo................................................100
Os efeitos do envelhecimento no mercado de trabalho....................106
Os desafios da segurança e saúde no trabalho na longevidade dos
trabalhadores......................................................................................113
Conclusão...........................................................................................119
Referências.........................................................................................121
CAPÍTULO 4
ERGONOMIA..................................................................................................125
Alfredo Manoel dos Santos Santana
Ana Paula da Silva
Carla A. Gonçalves Sirqueira
Cláudia Ferreira Mazzoni
Flávia Komatsuzaki
Fernanda Oliveira Petry
Panorama da ergonomia e seu impacto na segurança e saúde..........127
Ergonomia sob a ótica de normatizações no Brasil............................132
Conceitos e atuações da ergonomia...................................................135
Abordagem da ergonomia de participação........................................140
Necessidades e tendências da ergonomia .........................................142
CAPÍTULO 5
HIGIENE OCUPACIONAL............................................................................153
Antonio Augusto Fidalgo Neto
Paulo Roberto Furio
Rachel Novaes Gomes
Sergio Noboru Kuriyama
A saúde ocupacional na indústria......................................................157
Perspectivas e da higiene ocupacional na indústria do futuro...........180
Referências.........................................................................................187
CAPÍTULO 6
TECNOLOGIAS PARA SAÚDE....................................................................193
Eloisio Andrey Bergamaschi
Fernanda Vargas Amaral
Greice Bordignon
Luciano Caminha Junior
Marcela Purificação
Rodrigo Bastos Fernandes
Viviane Coelho Lourenço
Marcelo Benedet Tournier
A 4ª revolução industrial e os paradigmas para a saúde ...................196
Tecnologias para saúde no ambiente de trabalho..............................203
Tecnologias para saúde em prol do comportamento seguro
e saudável do trabalhador..................................................................206
A gestão em saúde por meio das tecnologias.....................................208
Tecnologias e modelos preditivos.......................................................215
Considerações finais...........................................................................222
Referências.........................................................................................223
Sumário 7
CAPÍTULO 7
ECONOMIA PARA SAÚDE E SEGURANÇA.............................................227
Francisco Cláudio Patrício Moura Filho
Haidinne Fernandes Coelho
Juliana de Albuquerque Souza
Kassandra Maria de Araújo Morais
Luciana Cavalcanti Costa
Introdução..........................................................................................229
Impacto das doenças crônicas não transmissíveis.............................231
Impacto do absenteísmo.....................................................................237
Impacto na saúde suplementar..........................................................240
Compreendendo ROI e VOI.............................................................244
Benefícios tangíveis e intangíveis do investimento em saúde e
segurança............................................................................................248
Referências.........................................................................................253
CAPÍTULO 8
FATORES PSICOSSOCIAIS ..........................................................................257
Gabriela Hermann Cibeira
Graziela Alberici
Letícia Lessa da Silva Silveira
Luciana Mercês de Lucena
Roberta Cristina Sawitzki
Panorama dos fatores psicossociais relacionados ao
ambiente de trabalho.........................................................................259
Transformações no mundo do trabalho e riscos ocupacionais..........261
Abordagem dos fatores psicossociais no ambiente de trabalho ........263
Cenário da saúde mental no brasil e no mundo................................267
Necessidades futuras em gestão de fatores psicossociais:
conceito e tendências.........................................................................274
Considerações finais...........................................................................282
Referências.........................................................................................283
Apresentação
9
N
o Brasil, o cenário da saúde e de segurança na indústria brasi-
leira tem apresentado uma mudança no sentido de valorização
dos investimentos em Segurança e Saúde no Trabalho (SST) e
Promoção da Saúde, enquanto fatores de redução de custos e aumento
da produtividade do trabalhador.
Uma pesquisa inédita realizada pelo SESI, junto a 500 executivos
de RH revelou que, para quase metade destes gestores os investimentos
realizados em saúde e segurança geraram redução nas faltas ao traba-
lho e aumento da produtividade no chão de fábrica, assim como, para
34,8% destes gestores, verificou-se uma redução de custos com a saúde
dos trabalhadores.
Todo esse empenho da indústria brasileira já apresenta resultados
positivos para as empresas e trabalhadores. Dados da Previdência Social
apontam uma redução de 22%, entre 2007 e 2014, no número de aciden-
tes de trabalho, por grupo de 100 mil profissionais da indústria.
Entretanto, os avanços para a gestão em saúde e segurança na in-
dústria impõem uma mudança de paradigma, aumento na efetividade de
atuação, que considere a inovação como fator chave para o desenvolvi-
mento de soluções integradas, por meio da incorporação de tecnologias,
com foco em gestão.
A abordagem deste livro ressalta, portanto, a importância da ino-
vação face aos desafios de saúde e segurança na indústria brasileira acerca
de algumas temáticas, que nortearam a criação dos Centros de Inovação
do SESI, quais sejam: prevenção da incapacidade, longevidade saudável,
ergonomia, higiene ocupacional, tecnologias para saúde, economia para
saúde e segurança e fatores psicossociais.
Apresentação 11
Ao longo dos oito capítulos desta publicação é possível aprofundar
o debate e a compreensão destas temáticas, destacando as propostas de
linhas e projetos de pesquisa aplicada, desenvolvidas pelos Centros de
Inovação do SESI, em prol da criação de tecnologias e metodologias ino-
vadoras, em parceria com a indústria.
Espera-se assim, que esta iniciativa possa contribuir para a dissemi-
nação de conhecimento em conjunto com os profissionais e especialistas
de SST e Promoção da Saúde, potencializando a incorporação de tecno-
logias inovadoras na indústria brasileira, contribuindo com a melhoria da
saúde e segurança dos trabalhadores e consequente aumento da compe-
titividade na indústria brasileira.
13
O
presente volume da coleção “Temas Avançados em Qualidade
de Vida” traz textos inéditos escritos pelos especialistas dos cen-
tros de inovação em saúde e segurança do Serviço Social da
Indústria (SESI). Trata-se de uma contribuição para a atualização, refle-
xão e ampliação do escopo de atuação em temas relevantes selecionados.
O trabalho é um espaço muito importante na vida das pessoas e
proteger e promover a sua saúde, e as ações estratégicas realizadas neste
espaço trazem impactos relevantes na qualidade de vida, em suas vá-
rias dimensões e domínios (físico, financeiro, social, emocional, comu-
nitário, ambiental e espiritual), assim como o desempenho individual e
coletivo no trabalho com impactos importantes na competitividade das
organizações.
O Brasil tem muitas etapas a percorrer até estar entre os principais
países em competitividade e o capital humano sempre deverá ser situada
entre as prioridades as serem abordadas e desenvolvidas.
Os temas abordados neste volume foram selecionados pela rele-
vância, mas não pretendem esgotar o assunto e sim trazer tópicos impor-
tantes que, muitas vezes, não têm sido abordados na literatura técnica
em nosso país.
O primeiro capítulo aborda os novos conceitos, princípios e práti-
cas de prevenção da incapacidade e contribuem para enfrentar a proble-
mática dos afastamentos e do retorno ao trabalho. Os autores ressaltam
que nas empresas, os resultados alcançados com o desenvolvimento de
estratégias baseadas nessa nova forma de pensar e atuar na incapacidade
têm sido promissores. Os profissionais envolvidos com recursos humanos,
saúde do trabalhador e supervisão de equipes de trabalho devem estar
Introdução 15
envolvidos neste enfrentamento. Algumas propostas de intervenção são
bastante simples e pequenas mudanças são capazes de gerar resultados
positivos e são aplicáveis ao mercado brasileiro. Ressaltam que essa nova
forma de pensar não se configura em uma metodologia com passos pre-
viamente determinados, o que permite grande diversidade de iniciativas.
Introdução 17
cam melhorar sua competitividade e visam à manutenção do seu mer-
cado e à sustentabilidade da sua marca. Alcançam por meio da análise
de dados e gestão do conhecimento, informações disponíveis para uma
gestão mais assertiva dos recursos, além do direcionamento das ações
com maior valor agregado e retorno sobre os investimentos. O capítulo
aborda questões que estão diretamente relacionadas ao impacto dos cus-
tos da saúde nas empresas, com as taxas crescentes das doenças crônicas
não transmissíveis, o benefício saúde (saúde suplementar), a produtivi-
dade e o desempenho do capital humano.
Finalmente, o capítulo sobre “fatores psicossociais” aborda um
tema que tem se revelado cada vez mais relevante na gestão em saúde nas
empresas. Os autores abordam, particularmente as questões relacionadas
às transformações no mundo do trabalho, a importância de se abordar os
fatores psicossociais no trabalho, o cenário da saúde mental no Brasil e
no mundo e as necessidades futuras na gestão de tais fatores. Concluem
com propostas para uma abordagem integrada dos fatores psicossociais,
alinhada à gestão das organizações.
Boa leitura!
19
Alfredo Manoel dos Santos Santana
Graduado em Administração de empresas pela PUC-MG. Gerente de Segurança
e Saúde no Trabalho - SESI-MG.
André Luna
Psicólogo (UFBA), mestrando em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela
UFBA. Formação em terapia cognitivo-comportamental (CTC – Salvador).
Presta serviço na área de psicologia organizacional e do trabalho no Centro de
Inovação SESI de Prevenção da incapacidade há 2 anos.
Autores 21
Carla A. Gonçalves Sirqueira
Graduada em Educação Física pelo Instituto de Educação Anízio Teixeira.
Especialista em Higiene Ocupacional pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas
Gerais. Especialista em Ergonomia pela Universidade Gama Filho. Mestre em
Administração de Serviços de Saúde pela UCES. Gerente do Centro de Inovação
SESI em Ergonomia – SESI-MG.
Flávia Komatsuzaki
Graduada e mestre em Estatística pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Atualmente atua como professora assistente e coordenadora do curso de Engenharia
da qualidade da Faculdade de Engenharia de Minas Gerais (FEAMIG). Analista
de Projetos no Centro de Inovação SESI em Ergonomia – SESI-MG.
Autores 23
Francisco Cláudio Patrício Moura Filho
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Campina Grande - PB, es-
pecialista em Medicina do Trabalho pela Universidade Estácio de Sá - RJ, atua
como Médico do Trabalho de Centro de Inovação SESI em Economia para a Saúde
e Segurança como pesquisador sênior.
Graziela Alberici
Formação em Psicologia pela PUCRS, Pós-graduação em Saúde do Trabalhador
pela UFRGS e Psicologia Clínica pelo Instituto Contemporâneo de Psicanálise
e Transdisciplinaridade. É Analista Técnico Sênior da Gerência de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação do SESI do Rio Grande do Sul/FIERGS, responsável
Técnica do Centro de Inovação SESI em Fatores Psicossociais.
Autores 25
Letícia Lessa da Silva Silveira
Formação em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
Pós-graduação em Gestão de RH - UFSC, Gerontologia Social - UFRGS e Saúde
do Trabalhador – UFRGS, Curso de extensão em Socioterapia, Gerente da Área
de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do SESI do Rio Grande do Sul/FIERGS.
Newton Augusto Novis Figueiredo
Médico do Trabalho especialista pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho
(ANAMT), Residência em Ortopedia e Traumatologia (MEC-UFBA/SESAB).
Atua no SESI DR BA na coordenação médica de PCMSO e gestão do absenteís-
mo. Atua também como consultor para a Gerência de Qualidade de Vida (SESI
- GQV) e Instituto SESI de Inovação em gestão do absenteísmo e retorno ao tra-
balho - BA.
Autores 27
Paulo Roberto Furio
Graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Católica de Petrópolis
- UCP (1994), Pós-graduação em Gestão Estratégica pela UCAM (1999),
Especialização em Meio Ambiente pela COPPE/UFRJ (2010) e Mestrado em
Administração pela FGV-EBAPE (2005). Atualmente, é o responsável pela
Gestão dos Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental-IST Ambiental e Instituto
SENAI de Inovação em Química Verde-ISI QV.
Rachel Novaes Gomes
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro-UERJ (1996), Mestrado em Biologia Celular e Molecular pela FIOCRUZ
(2001) e Doutorado em Biologia Celular e Molecular pela FIOCRUZ (2006).
Pesquisadora Analista do Instituto SENAI de Inovação em Química Verde, de-
senvolvendo projetos de pesquisa aplicada para a indústria química farmacêutica,
farmoquímica e similares com ênfase em Inovação, especialmente em Processos
Bioquímicos e Bioprocessos.
Autores 29
Desafios e
oportunidades para
inovação em gestão da
segurança e saúde do
trabalhador
Georgia Antony Gomes de Matos
Emmanuel de Souza Lacerda
Antonio Eduardo Muzzi Machado
31
INTRODUÇÃO
O
propósito do presente capítulo é estimular a reflexão sobre os
impactos das transições epidemiológica e demográfica da popu-
lação e dos novos modos de produção e organização do traba-
lho no cenário de saúde e segurança na indústria.
A nova revolução industrial 4.0, associada ao envelhecimento po-
pulacional e ao crescimento das doenças crônicas não transmissíveis –
DCNT nos permite identificar desafios em saúde, novos paradigmas de
atenção à saúde e oportunidades para desenvolvimento de programas
adequados para seu enfrentamento.
O contexto destas transformações englobará desde perspectiva do
trabalhador que inclui dimensões relacionadas ao seu estilo de vida e a
sua inserção aos diferentes modelos de trabalho, marcados pela rápida in-
corporação de tecnologias, internet das coisas, robotização, uso de inte-
ligência artificial, nanotecnologia e sistemas de produção colaborativos.
Este capítulo visa, portanto, delimitar três questões relacionadas
a esse cenário de transformação ao expor a necessidade de mudanças
nas dimensões da gestão de saúde na indústria, quais sejam: i) uma visão
integrada dos sistemas de saúde assistencial, ocupacional e previdenciá-
rio; ii) o foco na atuação em promoção e prevenção de riscos à saúde e
segurança como pilares deste novo modelo de gestão; e, por fim, iii) as
dimensões para o desenvolvimento de uma estratégia de inovação pelo
SESI para atuação neste contexto.
gestão da segurança e saúde do trabalhador 33
O SESI busca assim reafirmar o seu papel de indutor de práticas
de excelência voltadas à melhoria da saúde e segurança do trabalhador
com reflexos na produtividade e competitividade da indústria brasileira.
Gráfico 3 Anos de vida perdidos por incapacidades e morte precoce - DALY's, por DCNT
e por riscos ocupacionais todas as idades, ambos sexos, Brasil
Fonte: IHME – GBD Results Visualization - 2017
Tabela 1 Anos vividos com com incapacidade (YLD's), ambos os sexos, todas as idades
Fonte: Healthdata.org
Anos vividos com incapacidades (YLD's), ambos sexos, todas as idades, 2015
CAUSAS China Japão Argentina USA Brasil Índia Alemanha México
Músculo-esqueléticos 1 2 2 2 3 3 1 3
Mental & abuso de drogas 2 3 1 1 1 2 3 1
Outras DCNTs 3 1 3 3 2 1 2 2
Diabetes 4 5 5 4 5 6 5 4
Neurológica 5 4 4 5 4 5 4 5
Prevenção da incapacidade
O crescente custo para trabalhadores, suas famílias, empresas e
sociedade e o longo caminho do processo de reabilitação associado ao
crescente número de anos vividos com incapacidades tem estimulado
estudos, em especial acerca de prevenção de incapacidades relacionadas
a disturbios musculoesqueléticos e transtornos mentais. Novos concei-
tos e práticas impulsionam a superação do modelo biomédico, centrado
na relação médico e paciente, em prol de uma abordagem ecológica,
biopsicossocial. Nessa abordagem o sujeito é visto em interação com o
ambiente em diferentes níveis, não apenas com o trabalho. Esse novo
paradigma vem promovendo mudanças nas políticas, programas e práti-
cas de prevenção, reabilitação e retorno ao trabalho. O conceito de in-
capacidade ganho novos contornos. Antes, focado apenas na limitação
do indivíduo, passa agora a focalizar no resultado da interação do indi-
víduo com o meio. A Classificação Internacional de Funcionalidades –
CIF publicada pela OMS permite o olhar não apenas para as disfunções,
mas também para as funcionalidades presentes. Nessa nova abordagem
Ergonomia
As revoluções industriais anteriores foram observadas e diagnosti-
cadas a posteriori. Porém, a Indústria 4.0 está sendo prevista e organizada
previamente. Essa transição de processos reativos para proativos pode
ser sentida em várias esferas da atuação humana, inclusive nos processos
de saúde e segurança. Assim, tanto a organização dos processos quanto a
previsibilidade dos acontecimentos adversos devem ser mapeados a prio-
ri, como forma de aperfeiçoar os processos e prevenir eventos adversos.
É nesse contexto que se fortalece também a ergonomia de concepção,
que permite agir precocemente, possibilitando a projeção do ambiente,
do processo de trabalho ou do produto com vistas à prevenção de pro-
blemas. Assim, fatores de riscos ergonômicos, tais como posturas inade-
quadas, layouts desfavoráveis, altas demandas cognitivas e regras organi-
zacionais exigentes podem ser evitados antes do estabelecimento de uma
nova linha de produção.
Higiene ocupacional
Embora seja consenso que a tecnologia das informações e da co-
nectividade tenha grande potencial de proporcionar melhorias na qua-
lidade do ambiente de trabalho, preveem-se também novos desafios no
âmbito da saúde ocupacional. A área de higiene ocupacional precisa se
adaptar e se antecipar com uma visão mais holística dos novos desafios
que irão surgir com a consolidação desta 4ª revolução industrial e que
estarão diretamente relacionadas às mudanças das organizações e dos
trabalhadores, os avanços tecnológicos, o trabalho virtual, a globalização
Fatores psicossociais
Esse cenário de desenvolvimento tecnológico, inovação, digitaliza-
ção; novas formas de organização e reestruturação do trabalho; envelhe-
cimento populacional, crescimento das DCNT; desequilíbrio entre traba-
lho e vida privada; crise econômica global, desemprego e insegurança no
emprego fazem emergir novos riscos ocupacionais: os psicossociais. Os
fatores de risco psicossociais associam-se à abordagem mais integralista
da saúde entendida como um estado de completo bem-estar físico, psico-
lógico e social e não apenas como ausência de doenças. A Organização
Internacional do trabalho - OIT define fatores psicossociais no trabalho
a partir da interação entre fatores ambientais (condições de trabalho,
condições organizacionais, carga e ritmo de trabalho, conteúdo do traba-
lho) e fatores pessoais (capacidades, necessidades, cultura, gênero, esco-
laridade, estilo de vida, estado civil, idade e considerações pessoais extra
emprego) que podem, através de percepções e experiências, influenciar a
saúde, o desempenho e a satisfação no trabalho.
A interação entre ambiente e fatores pessoais pode ser negativa,
gerando prejuízos e agravos que podem não ser tão facilmente identifica-
dos ou relacionados ao trabalho quanto os acidentes de trabalho: estresse
relacionado ao trabalho, assédio moral, assédio sexual, transtornos de-
pressivos, transtornos ansiosos, transtornos de humor, transtornos men-
tais e abuso de substâncias psicoativas e álcool.
Porém, a interação pode ser positiva, gerando autoconfiança, mo-
tivação, desenvolvimento pessoal e profissional, satisfação, e melhora da
saúde do trabalhador.
Os transtornos mentais e abuso de drogas figuram entre as três
primeiras causas de anos vividos com incapacidades em vários países,
CONCLUSÃO
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 65
INTRODUÇÃO
E
sse capítulo foi elaborado com o propósito de apresentar novos
conceitos, princípios e práticas de prevenção da incapacidade,
discutidos internacionalmente e voltados para enfrentar a proble-
mática dos afastamentos e do retorno ao trabalho. Os avanços alcança-
dos podem promover a manutenção e qualidade de vidas sustentáveis e
produtivas, além de contribuir para a competitividade das empresas e no
desenvolvimento da sociedade.
A prevenção da incapacidade para o trabalho tem despertado o
interesse de diversos setores da sociedade, entre eles empresas, governos
e pesquisadores. Na literatura sobre o tema, evidências apontam que os
custos relacionados com a incapacidade para o trabalho são substanciais,
especialmente para as patologias osteomusculares e transtornos mentais
(UK, 2013; OECD, 2010).
Considerando que o impacto negativo desse problema atinge tanto
indivíduos, como empresas e a sociedade, novos conceitos da incapacida-
de impulsionam a superação do modelo biomédico, centrado na relação
médico paciente, e sugerem a adoção de uma abordagem biopsicossocial,
na qual há uma importante interação entre o sujeito e os diversos aspec-
tos que envolvem o amplo conceito de ambiente. Essa reestruturação do
pensamento leva a mudanças na concepção e organização de políticas e
de intervenções neste campo de atuação.
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 67
Diversos países estão revendo suas políticas de seguridade social
para concessão de benefícios por incapacidade, contemplando a possi-
bilidade de afastamento parcial do trabalho (OECD, 2010; KAUSTO et
al., 2014), além do aperfeiçoamento nas práticas de reabilitação, consi-
derando novas formas de atuar na gestão do retorno ao trabalho com a
participação da empresa.
Nas empresas, os resultados alcançados com o desenvolvimento de
estratégias baseadas nessa nova forma de pensar e atuar na incapacidade
têm sido promissores. Os profissionais envolvidos com recursos huma-
nos, saúde do trabalhador e supervisão de equipes de trabalho ganha-
ram destaque. Algumas propostas de intervenção são bastante simples e
pequenas mudanças são capazes de gerar resultados positivos. Na pers-
pectiva da redução de custos e aumento da produtividade, intervenções
organizacionais antecedem e se somam a intervenções multidisciplinares
voltadas para os indivíduos (MARTIMO et al., 2010).
Quando abordagens organizacionais envolvem melhor comuni-
cação entre trabalhador com um agravo e liderança, verifica-se que o
tempo discorrido para o retorno ao trabalho é menor (NOBEN et al.,
2015). Nessa direção, evidências de custo efetividade têm sido demons-
tradas em intervenções incluindo a participação ativa dos supervisores
no processo de prevenção da incapacidade e gestão do retorno ao traba-
lho (SHAW et al. 2011). Além disso, o uso de práticas cognitivo com-
portamentais frente às experiências de dor por distúrbios musculoesque-
léticos (SCHWEIKERT et al., 2006) e a aplicação dos conhecimentos
avançados em fisioterapia têm influenciado prognósticos mais favoráveis
(HUNTER, 2006).
Com base nesse pressuposto, a reestruturação de práticas leva em
conta as representações dos sujeitos sobre incapacidade, bem como a
existência de barreiras e facilitadores para a permanência e retorno ao
trabalho que não são relacionadas apenas ao tratamento e reabilitação
de uma doença. A cooperação, a comunicação no ambiente de trabalho,
o manejo adequado de trabalhadores com dor crônica, a autoeficácia en-
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 69
tinuar sua atividade (BRASIL, 2015). Observa-se que cerca de 50%
dos trabalhadores, que estão vinculados ao Programa de Reabilitação
Profissional do INSS, permanecem afastados do trabalho por mais de 240
dias (SANTOS; LOPES, 2015). Esse achado causa preocupação, tendo
em vista que os trabalhadores afastados por um longo prazo apresentam
uma maior dificuldade para retornar ao trabalho.
Os afastamentos por lesões e traumas causados por acidentes são
as principais causas de concessão de benefícios temporários devido à in-
capacidade para o trabalho. Os afastamentos por distúrbios musculoes-
queléticos e os transtornos mentais, que muitas vezes estão associados às
doenças musculoesqueléticas, são a segunda e a terceira causas de con-
cessão de benefícios por incapacidade temporária na indústria (BRASIL,
2015). Estes problemas de saúde, muitas vezes, não estão diretamente
relacionados ao trabalho, mas geram afastamentos prolongados e bar-
reiras para o retorno e a permanência do trabalhador na vida produtiva.
Para o trabalhador, a incapacidade para o trabalho é um desafio,
pois quando prolongada, tende a impactar na sua vida familiar, levar a
perda de renda, baixa autoestima, desvalorização social, além da depen-
dência de assistência médica e de seguridade social (ODEEN, 2013).
Escuta recente, realizada pelo SESI com diversas empresas indus-
triais, evidenciou que, para a empresa, a incapacidade para o trabalho
traz vários desafios. Destacam-se como principais: a queda na produti-
vidade, sobretudo devido aos afastamentos de curto prazo que desorga-
nizam e reduzem a produção; a dificuldade no processo de retorno ao
trabalho, principalmente em trabalhadores afastados por longo prazo; as
recidivas de afastamento de curto e de longo prazo; e os custos com os
dias de trabalho perdidos, horas extras, substituições, novas contrata-
ções, capacitações, Seguro Acidente de Trabalho devido ao aumento do
Fator Acidentário de Prevenção, Termos de Ajustes de Conduta (TAC),
ações regressivas, ações judiciais, entre outras implicações.
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 71
funcionalidades diante de algum grau de limitação ora apresentada pelos
indivíduos.
Nessa abordagem o diagnóstico específico de doença não é mais o
principal ponto de partida. A incapacidade será considerada a partir da
interação entre determinados contextos e os impactos negativos que o
adoecimento produz. Loisel e Côté (2013) propõem um novo paradigma,
partindo do modelo da História Natural da Doença, de Leavell e Clark
(1965), como uma referência histórica, que orienta as estratégias de pre-
venção nos níveis primário, secundário e terciário, e concentram seus ar-
gumentos na importância da identificação e intervenção sistêmicas sobre
os determinantes da incapacidade.
73
Dessa forma, estudos têm evidenciado que a duração da incapaci-
dade, poucas vezes, está associada a fatores puramente físicos. Diversos
fatores podem atuar como barreiras e dificultar a permanência ou retor-
no do trabalhador a sua atividade produtiva.
Considerando o ambiente de trabalho, pouca cultura de segurança
e bem-estar na organização evidenciadas por altas demandas físicas auto
referidas, estresse e controle do trabalho, pouco suporte social, pouca
capacidade de modificar o trabalho se constituem em barreiras expressi-
vas que dificultam a permanência no trabalho, bem como, o retorno ao
trabalho (SHAW; KRISTIMAN; VEZINA, 2013).
Por outro lado, na perspectiva do indivíduo, entre os vários fa-
tores considerados como obstáculos, a percepção da impossibilidade de
se adequar ao trabalho pode estar relacionada ao medo, fundamentado
ou não, que ele tem de realizar movimentos físicos ou o receio de que
o trabalho possa oferecer ameaças a sua saúde, ou ainda, por ter perdi-
do sua condição de competitividade pelo afastamento prolongado, por
exemplo. O fato de acreditar que não consegue enfrentar os obstáculos
para permanecer ou retornar ao trabalho podem influenciá-lo na escolha
de estratégias de enfrentamento inadequadas e atitudes não adaptativas.
O baixo suporte dos colegas de trabalho, superiores, família e sociedade,
sobretudo prestadores de serviços de saúde e a previdência social, pode
contribuir para um sentimento de injustiça.
Outra barreira importante pode estar associada aos provedores de
serviços de saúde, antes e durante o período de afastamento por motivo
de acidente ou doença. O indivíduo, muitas vezes, percorre um longo e
demorado caminho na busca por tratamento. A abordagem dos servi-
ços, muitas vezes, está limitada a remoção dos sintomas e certificação
da doença por atestado médico, condições que favorecem a cronificação
do agravo. Com isso, o indivíduo apresenta dificuldades em estruturar,
adotar e manter um plano de tratamento adequado e efetivo para seu
problema de saúde.
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 75
mento de pessoas chave, fundamentais na implementação de diretrizes e
práticas de prevenção da incapacidade e gestão do retorno ao trabalho.
Nessa perspectiva, diferentes visões sobre o problema podem emergir e
gerar a necessidade de superação de conflitos para favorecer a coopera-
ção na empresa.
Cooperação na empresa
Na medida em que se amplia a visão sobre doença e incapacida-
de para além da relação médico-paciente, faz-se necessário na empresa,
uma articulação proativa entre as áreas de recursos humanos, saúde, se-
gurança no trabalho e produção. O envolvimento do trabalhador deve
ser considerado como um requisito imprescindível. Essa articulação,
entretanto, implica lidar com crenças, valores, interesses e percepções
diferentes, tornando a cooperação um desafio entre as diversas partes
envolvidas.
Nesse sentido, a comunicação entre as partes interessadas tem sido
apontada como um fator-chave, essencial e custo-efetivo para evitar des-
fechos indesejáveis (PRANSKY et al., 2004). A postura de boa-vontade
e de confiança são considerados na literatura um bom ponto de partida,
pois amenizam barreiras que naturalmente são colocadas pelos atores en-
volvidos (MACEACHEN et al., 2006). Os profissionais podem fazer a di-
ferença diante de situações difíceis e conflituosas ao aplicar conhecimen-
tos e competências comportamentais adequadas para essas situações.
Uma iniciativa referida como estratégia eficaz na comunicação en-
tre os envolvidos é o estabelecimento de um coordenador de retorno ao
trabalho, sobretudo após afastamentos de longo prazo. O coordenador
tem a função de facilitar e mediar a comunicação entre as partes inte-
ressadas, contribuindo com a solução de conflitos (SHAW et al., 2008).
Portanto, uma comunicação efetiva configura-se em um fator im-
portante para o sucesso das intervenções de prevenção da incapacidade
e gestão de retorno ao trabalho. A comunicação das diretrizes e práticas
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 77
Com base nesta premissa e a fim de diminuir os custos e facilitar o
processo de retorno, alguns empregadores oferecem mudanças no traba-
lho para os empregados reabilitados. Ainda que o denominado trabalho
modificado seja considerado a “cereja do bolo”, sabe-se pouco sobre a
estrutura, a eficácia e a eficiência das respectivas intervenções. Em uma
revisão sistemática da literatura, realizada entre os anos 1975 e 1997,
avaliou-se criticamente a eficácia de 13 programas que incluíam este tipo
de estratégia. Indivíduos expostos a um tipo de trabalho modificado re-
tornam duas vezes mais rapidamente do que aqueles aos quais não foram
ofertadas atividades com adequações (KRAUSE et al. 1998).
Os resultados dessa revisão realizada por Krause et al. (1998) ainda
demonstram que programas que incluem trabalho modificado reduzem a
quantidade de dias de trabalho perdidos à metade e sugerem assim tam-
bém, sinais de custo-efetividade. Entre as modalidades implementadas
em outros países, encontra-se a exposição gradativa ao trabalho (retorno
ao trabalho terapêutico, work hardening) entendido como uma forma es-
pecializada de atividade leve em que as horas, cargas ou expectativas
de desempenho de um trabalho são aumentadas gradativamente. O es-
tabelecimento de ritmos e cargas leves de trabalho, a exemplo de res-
ponsabilidades limitadas ou trabalhos restritos, correspondem a qualquer
atividade temporária ou permanente, com menor carga do que a regular
ou completa de modo a permitir que o trabalhador siga um trabalho de
acordo com um conjunto de condições prescritas.
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 79
de recuperação. Ele deve ser administrado com o objetivo de dar atenção
ao problema e ao retorno ao trabalho, antes que o trabalhador desenvol-
va perda avançada do condicionamento físico e surjam barreiras psicos-
sociais significativas. Em um paciente em que a dor musculoesquelética
parece não estar diminuindo, pode haver necessidade uma intervenção
psicossocial mais ativa (TURK; MONARCH, 2002).
O cuidado terciário se destina para aqueles que estão com perda
importante do condicionamento físico e apresentam dor crônica associa-
da à incapacidade. Neste estágio é necessária uma intervenção interdis-
ciplinar abrangente (GATCHEL, 2005).
Autoeficácia
Entre as formas de abordagem interdisciplinar, modalidades tera-
pêuticas que buscam desenvolver autoeficácia de trabalhadores emer-
gem como uma possibilidade de entender as razões e processos que levam
um trabalhador a não se sentir capaz de retornar ao trabalho.
A autoeficácia pode ser definida como a crença individual sobre a
capacidade de produzir determinados níveis de desempenho ou compor-
tamento. As crenças de eficácia são as bases da capacidade de agir in-
tencionalmente, independentemente de que haja outros fatores atuando
como guias ou motivadores, visto que estes estão enraizados na crença
central de que o indivíduo tem o poder de produzir efeitos a partir de suas
próprias ações (BANDURA, 2001).
No campo da prevenção da incapacidade, estudos sinalizam que
indivíduos mais autoeficazes têm maiores condições de fazer frente às de-
mandas do afastamento por doença no contexto do retorno ao trabalho
– não só às demandas da recuperação do adoecimento, trauma ou lesão,
mas também àquelas do reingresso no ambiente, na rotina organizacional
e no relacionamento interpessoal com supervisores e colegas de trabalho.
A autoeficácia tem se mostrado um forte preditor para efetivo re-
torno em trabalhadores com distúrbios mentais ou musculoesqueléticos.
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 81
ações voltadas à construção de alternativas para um retorno sustenta-
do, que se inicia com a identificação de barreiras e facilitadores desse
processo. O plano é mais do que uma combinação de alternativas para
compensar restrições físicas voltadas para a execução de determinadas
atividades. Ele deve considerar o retorno ao trabalho ainda como um pe-
ríodo de vulnerabilidade para o trabalhador. Nessa fase, colegas e super-
visores devem ser envolvidos e contribuir no estabelecimento de novas
relações e rotinas.
O componente qualitativo da revisão sistemática, elaborado pelo
Institute for Work & Health, 2007 aponta um aspecto que merece aten-
ção. Os colegas de trabalho e supervisores podem ter uma percepção de
prejuízo no retorno ao trabalho de pessoas com restrições e isto pode
levar a conflitos em vez de conduzir o grupo à cooperação. Dois desafios
ilustram situações críticas que podem ser antecipadas e fomentar o de-
senvolvimento de soluções previstas no plano:
a) os colegas de trabalho podem se sentir em desvantagens por
terem que acumular um maior número de atividades;
b) o supervisor pode se sentir pressionado a manter as metas de
produção e ao mesmo tempo acolher um trabalhador com ca-
pacidade reduzida.
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 83
Intervenção precoce
A atuação em aspectos facilitadores e em obstáculos que influen-
ciam de maneira direta ou indireta a permanência ou o retorno do tra-
balhador à sua função deve ser realizada o mais precocemente possível.
Para tanto, é fundamental a identificação dos fatores de risco, a partir da
interação coordenada entre médicos do trabalho, recursos humanos e
supervisores.
Adicionalmente, as intervenções exitosas nesse âmbito possuem
em comum a abordagem interdisciplinar e participação dos trabalhado-
res na modificação de determinados componentes do trabalho. Em uma
revisão sistemática sobre o tema (FRANCHE, 2005), observou-se que
as intervenções que contavam com fisioterapeutas e terapias cognitivo
comportamentais apresentaram maior potencial de sucesso (menor tem-
po para retorno ao trabalho ou maior tempo para ocorrerem recidivas de
afastamento).
Uma atuação interdisciplinar, portanto, passa a ser um eixo arti-
culador da cooperação entre os diversos saberes e práticas destes profis-
sionais, além de contribuir para uma melhor compreensão do problema
em suas diversas dimensões e possíveis soluções, no contexto no qual o
trabalhador está inserido.
A identificação dos fatores de risco e respectivas intervenções
ocorrem em três níveis, assim hierarquizados para fins didáticos, embora
possam demandar análise simultânea no caso concreto:
• No nível primário a atuação se dá para que se evite o adoeci-
mento. Dessa forma auxilia os trabalhadores a se manterem
saudáveis e produtivos, a exemplo de programas que promo-
vam ambientes de trabalho saudáveis.
• No nível secundário, identificam-se fatores de risco para a
incapacidade prolongada. São exemplos de intervenções: o
acompanhamento de dados de afastamento, melhor envolvi-
mento do supervisor e atuação imediata diante de uma queixa.
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 85
Alguns instrumentos aplicados para prevenção da
incapacidade
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE
87
88
Continuação...
FERRAMENTAS INDICAÇÃO QUEM APLICA GRUPO DE DOENÇAS ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS
Mede objetivamente a Geralmente são demoradas
capacidade física de uma e exigem equipamentos
pessoa que tenha sofrido uma especializados, licenciamento
lesão musculoesquelética e treinamento específico. Não
Functional para executar uma série de conseguem simular o verda-
Capacity Doença Osteomuscular tarefas de trabalho com deiro ambiente de trabalho
Evaluations segurança. Bons resultados e os fatores psicossociais.
(FCE) em confiabilidade Resultados contraditórios
em validade. Abordam mais
Capacidade aspectos psicofísicos, biome-
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE
de enfrentamento). Aceitáveis proprieda-
des psicométricas.
89
90
Continuação...
FERRAMENTAS INDICAÇÃO QUEM APLICA GRUPO DE DOENÇAS ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS
Combina auto relato e métodos de Abordagem centrada na
observação Propriedades psicométricas pessoa e não no ambien-
Dialogue About Problemas
Autoaplicável e do são boas Baseado no estabelecimento te de trabalho
Ability Related Psicossociais /
Médico de interação entre médico e paciente o
to Work (DOA) Psiquiátricos
qual tem papel ativo no seu processo de
reabilitação
Instrumento completo que identifica fato- O gerenciamento desta
res que dificultam o retorno ao trabalho. ferramenta consome
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 91
grande diversidade de iniciativas. O importante é que na implementa-
ção de medidas preventivas e de controle se leve em conta os determi-
nantes apresentados na Arena da Incapacidade.
Toda essa reflexão contribui para nortear práticas inovadoras,
baseadas na atuação em rede, composta por equipes multiprofissionais
convidadas a exercerem a interdisciplinaridade e assumirem o desafio
da efetividade das intervenções implementadas.
PREVENÇÃO
DA INCAPACIDADE 93
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DA INCAPACIDADE 95
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LONGEVIDADE SAUDÁVEL 97
O
aumento da longevidade é uma importante conquista da popu-
lação mundial. Segundo informações do World Bank (2017),
em razão dos avanços na área da saúde, da educação e do pro-
gresso tecnológico, hoje a expectativa de vida global é de 71,5 anos con-
tra 65,3 anos registrados em 1990.
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), sugerem que grande parcela do aumento da expec-
tativa de vida da população mundial se deve ao aumento dos gastos com
assistência médica, conjugado com fatores como aumento do padrão de
vida, melhorias ambientais, mudanças no estilo de vida, melhor inserção
no mercado de trabalho e melhoria na educação. Para a Organização, é
a conjunção desses fatores que explica as diferenças existentes entre os
diversos países no que se refere à expectativa de vida e a longevidade de
uma população.
No cenário nacional, os efeitos desse fenômeno já começam a dar
sinais. Com uma população vivendo mais, os impactos na previdência
social e na assistência médica são os primeiros a serem sentidos. A pre-
vidência social brasileira já demonstra falta de fôlego para manter uma
população que, ao se aposentar, provavelmente, dependerá desses recur-
sos por mais 20 ou 30 anos. Especialistas econômicos afirmam que para
evitar a falência desse sistema, possivelmente, essas pessoas precisarão
permanecer mais tempo no mercado de trabalho.
Diante desse cenário, quais os efeitos que o aumento da expectati-
va de vida da população brasileira pode causar no mercado de trabalho?
Como as empresas estão se preparando para esse trabalhador mais velho
se manter produtivo e saudável ao mesmo tempo? Quais os efeitos e os
LONGEVIDADE SAUDÁVEL 99
novos paradigmas para a área de saúde e segurança do trabalho? Essas
são as perguntas que surgem nesse novo contexto populacional vivencia-
do pelo Brasil e que fazem estudiosos e especialistas esforçarem-se para
responder.
Nesse sentido, esse capítulo tem como objetivo revisitar as princi-
pais discussões teóricas sobre o tema, além de apresentar os novos desa-
fios à Saúde e Segurança no Trabalho (SST) no que se refere à longevi-
dade e ao envelhecimento da população.
Para tanto, além dessa introdução e conclusão, o capítulo foi di-
vidido em três partes, sendo que a primeira aborda as questões sobre o
envelhecimento da população no cenário nacional e mundial; a segunda
dedica-se à apresentação dos impactos desse fenômeno no mercado de
trabalho e a terceira finaliza com a explanação sobre os desafios da SST
na longevidade dos trabalhadores.
Os efeitos do envelhecimento no
mercado de trabalho
Autarquia local com 1.200 trabalha- Programa de gestão em função da idade que utiliza ava- Redução das licenças por doenças e aumento da
dores, dos quais cerca de 25% com liações do desempenho, formação no domínio da gestão idade de reforma.
mais de 55 anos e serviços de medicina no trabalho.
Jardim de infância com 19 traba- Programa de coaching intergeracional, entre os funcioná- Redução da incidência de lesões musculoesque-
lhadores, dos quais 5 com mais de rios, de incentivo à prática de movimentos adequados e léticas.
55 anos com menor sobrepeso e utilização de ferramentas para
melhorar a capacidade para o trabalho.
Microempresa de construção de Introdução de aparelhos de elevação e a alteração da Manutenção dos trabalhadores mais velhos.
telhados com 4 trabalhadores com organização do trabalho.
Bulgária
introdução de várias formas flexíveis de emprego (tempo
de trabalho flexível, rotação de trabalho, etc.).
Tem como alvo a adaptação de tra- As medidas incluíram horário de trabalho reduzido, sem Os mentores internos, apoiados pela Trilog e pela
balhadores mais velhos. A empresa afetar as aposentadorias, para os funcionários seniores. Qualification Alliance, ajudaram a melhorar as
SONNENTOR (distribuidor de alimen- Esses trabalhavam com um número limitado de horas. relações entre trabalhadores de diferentes idades.
LONGEVIDADE SAUDÁVEL
Áustria
tos biológicos) recebeu financiamen- Além disso, promoveram a mobilidade profissional Os resultados mostraram uma redução do absen-
to parcial para implementar medidas dentro da empresa e, a pedido dos trabalhadores, foram teísmo. Além disso, a iniciativa ajudou a empresa a
destinadas para esse público. fornecidas orientações sobre a promoção da saúde. obter a certificação Nestor Gold.
117
Verifica-se que países como Polônia, Finlândia, Dinamarca e
Áustria têm atuado nas adaptações do ambiente de trabalho, programas
de avaliação de desempenho, coaching, além de questões intergeracio-
nais, com vistas a reduzir o absenteísmo e os afastamentos em razão da
idade, além de reduzir a incidência de lesões musculoesqueléticas.
A Alemanha, por sua vez, tem optado pela introdução de apare-
lhos de elevação e alteração da organização do trabalho, a fim de garantir
a manutenção dos trabalhadores mais velhos.
Essas são medidas importantes, que têm apresentado resultados
satisfatórios nos países analisados, no entanto, segundo notícia divulga-
da pela Enterprise Europe Network (2017), além das medidas adotadas,
os fatores transversais, como uma abordagem holística (envelhecimento
e várias perspectivas da SST), implementação de medidas individuais
específicas, motivação e comprometimento por parte dos dirigentes da
empresa empregadora, têm sido chave para o sucesso desses países no
que se refere ao desafio do envelhecimento dos trabalhadores.
Soma-se a isso o envolvimento de todos os trabalhadores, sen-
sibilização para o benefício das medidas implementadas, comunicação
(formal e informal), medidas flexíveis e adaptáveis e apoio externo do
serviço de medicina no trabalho.
Dessa forma, assim como afirma Ilmarinen (2014):
CONCLUSÃO
ERGONOMIA
125
PANOR AMA DA ERGONOMIA E SEU
IMPACTO NA SEGUR ANÇA E SAÚDE
A
Constituição Brasileira de 1988, segundo artigo 7º, inciso XXII,
apresenta como um dos direitos do trabalhador a redução dos
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, hi-
giene ocupacional e segurança. Em decorrência dessa orientação, o Brasil
desenvolveu uma estrutura legal e regulamentar, que ampara o emprega-
do em diversos pontos relacionados a sua saúde. No entanto, o que ainda
se verifica é um cenário de elevado custo econômico para o Estado e para
os empregadores, além de um alto custo social para o empregado.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 4% do
Produto Interno Bruto (PIB) dos países desenvolvidos e 10% do PIB
dos países em desenvolvimento estão relacionados à gastos com doen-
ças e aos agravos ocupacionais (ILO, 2015a). Em 28 estados da União
Europeia, transtornos musculoesqueléticos são as principais causas de
afastamentos relacionados ao trabalho, representando 51,90% de todas
as enfermidades profissionais reconhecidas em 2013 (EUROPE, 2015).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sinalizou, em 2004,
85.898 dias de trabalho perdidos e 1.000 mortes devido à riscos ergonô-
micos (WHO, 2009a). Além disso, as lesões ocupacionais respondem por
18% do número total de lesões não intencionais em países de desenvolvi-
mento econômico médio, como é o caso do Brasil. As lombalgias relacio-
ERGONOMIA
127
nadas à falta de ergonomia no trabalho correspondem a 37% de todos os
casos. Um último dado estima que condições precárias de trabalho tam-
bém se relacionem com problemas mentais, de convívio com a família,
transtornos alimentares e riscos para doenças cardíacas (WHO, 2009b).
De acordo com relatório da OIT (2013), no cenário internacional,
2,02 milhões de pessoas morrem a cada ano devido a enfermidades labo-
rais e 160 milhões de pessoas sofrem de doenças não letais relacionadas
ao trabalho. Segundo a OIT, a prevenção é o caminho mais eficaz e de
menor custo que o tratamento e a reabilitação, assim, ela orienta que
todos os países tomem medidas concretas para melhorar sua capacidade
de prevenção das enfermidades profissionais ou relacionadas ao trabalho.
De acordo com os dados apresentados no 1º Boletim Quadrimestral
sobre benefícios por incapacidade 2017: Adoecimento Mental e Trabalho,
os benefícios concedidos por incapacidade temporária para o trabalho e os
auxílios-doença, totalizaram 7.168.633 de concessões no período entre 2012
e 2016 para o segurado empregado, enquanto as aposentadorias por invali-
dez, que retiram o trabalhador definitivamente da vida laboral, totalizaram
283.423 (Tabela 1).
Desse total, as prestações de auxílio-doença de natureza previdenciá-
ria, isto é, não relacionadas ao trabalho, representam mais de 80% das con-
cessões, enquanto o benefício de natureza acidentária responde por quase
16%.
A Tabela 1 demonstra que a duração média dos auxílios-doença con-
cedidos no período analisado é significativamente menor do que a associada a
aposentadorias por invalidez. Esta diferença é esperada, uma vez que consis-
tem em benefícios prestados por incapacidade temporária. O auxílio-doença
relacionado ao trabalho apresenta duração média de 183 dias, enquanto o
previdenciário, de 160 dias.
A Tabela 2 apresenta a concessão de auxílio-doença e aposen-
tadoria por invalidez, entre 2012 e 2016, por capítulo da Classificação
Internacional de Doenças – CID 10. Doenças do sistema osteomuscular
e do tecido conjuntivo, ocupam a segunda posição, como motivo de afas-
Duração
Duração Valor Médio
Espécie Descrição Frequência % Despesas média
(em dias) por beneficio
(em dias)
Auxilio-doença
B31 5.991.180 80.40% 955.068.630 R$ 47.622.745.472,88 160 R$ 7.948,81
previdenciária
Auxilio-doença
B91 por acidente de 1.177.453 15.80% 215.365.507 R$ 10.666.821.046,75 183 R$ 9.059,23
trabalho
Aposentadoria por
B32 246.023 3.30% 262.203.805 R$ 14.605.872.798,68 1.066 R$ 59.367,92
invalidez
Aposentadoria
por invalidez
B92 37.400 0,50% 48.465.897 R$ 2.698.381.604,08 1.296 R$ 72.149,24
de acidente de
trabalho
ERGONOMIA
Totais 7.454.056 100% 1.482.003.838 R$ 81.358.723.105,65 199 R$ 10.917,62
129
130
Tabela 2 Distribuição da Concessão de Auxílio-Doença e de Aposentadoria por Invalidez de Naturezas Previdenciária e Acidentária.
Fonte: MPS. 1.º Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade. Sistema Único de Benefícios, SUB. Brasília, 2017
Representatividade
Capítulo da CID 2012 2013 2014 2015 2016 Total percentual da concessão
total no período (%)
Capítulo V – Transtornos
140.208 147.145 144.061 109.951 127.562 668.927 8,976%
mentais e comportamentais
tamento do trabalho, representando cerca de 19% do total de auxílios-
-doença e aposentadorias por invalidez no período.
Dos dados apresentados depreendem-se as consequências nega-
tivas para o empregado, o empregador e o governo, já que a saúde, a
capacidade produtiva e os gastos previdenciários ficam comprometidos,
impactando na sustentabilidade e na capacidade de competitividade da
indústria. Desta forma, o investimento na saúde do trabalhador justifica-
-se pelo potencial que as doenças relacionadas ao trabalho têm afetado os
índices de produtividade, contribuído para o aumento dos níveis de afas-
tamentos e de absenteísmos, gerado elevados custos diretos e indiretos
para a indústria recompor seu quadro de funcionários e sua produtivida-
de devido aos adoecimentos, além dos custos sociais para os empregados.
Devido às exigências de mercado e à competitividade das empre-
sas, torna-se cada vez mais necessário o desenvolvimento de métodos
que possam contribuir para a melhoria das condições de trabalho, garan-
tindo a qualidade dos serviços e a sustentabilidade da indústria. Neste
sentido, a aplicação dos conhecimentos em ergonomia, compreendida
como o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, apre-
senta subsídios para o reconhecimento do que se entende como fatores
de risco potenciais para gerar adoecimentos relacionados ao trabalho,
bem como reconhecer condições adequadas para o desenvolvimento da
atividade laboral.
Pode-se citar algumas características das condições de trabalho
que potencializam a presença dos riscos ergonômicos no trabalho:
ERGONOMIA
131
• Ritmo excessivo de trabalho devido a altas exigências de pro-
dutividade e metas.
• Trabalho monótono e sem estímulos;
• Falta de participação na tomada de decisões e má gestão de
mudanças organizacionais;
• Comunicação ineficaz;
• Ambientes desfavoráveis no que se diz respeito a iluminação,
ruído e temperatura.
ERGONOMIA
133
trabalho. Em seguida, o Manual referencia o método de análise de ma-
nuseio de carga desenvolvido pelo National Institute of Occupational
Safety and Health (NIOSH) dos Estados Unidos em 1981. Portanto, o
item da norma explicita a necessidade de se preservar a saúde do traba-
lhador que transporta carga manualmente, mas não especifica o valor
da carga, uma vez que, para tal é necessária uma análise que considere
diversos fatores da atividade, tais como localização da carga, movimentos
ao pegar a carga, frequência de levantamento da carga etc. Assim, a NR
17 não determina um valor específico, pois um mesmo valor de carga
pode gerar impactos diferentes dependendo das condições em que a ati-
vidade é realizada.
Para garantir o sucesso das intervenções propostas dentro dos pro-
gramas de ergonomia, é importante que as empresas tenham o que cha-
mamos de maturidade ergonômica, que pode ser definida como o grau de
desenvolvimento de uma organização para suprir e incorporar as ações
ergonômicas dentro de suas principais decisões relacionadas ao funcio-
namento de seus processos internos (VIDAL, 2009).
Empresas com níveis mais altos de maturidade investem em pro-
gramas de prevenção, com o objetivo de reduzir os gastos com as doenças
ocupacionais, para melhorar a produtividade e a qualidade de vida dos
trabalhadores (KIM et al., 2016).
Outro parâmetro legal, no qual os fatores de riscos ergonômicos
estão inseridos, é o Decreto n.º 8.373/2014, que instituiu o Sistema de
Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas
– e-Social. O programa e-Social do Governo Federal exige informações
acerca da existência dos riscos ergonômicos, descritos na seção Fatores
Ambientais presente no documento. Para cumprir essa nova exigência
legal, será importante que as empresas estejam cientes quanto aos riscos
ergonômicos existentes nos seus processos produtivos. Assim, documen-
tos como Análise Ergonômica do Trabalho (AET) serão imprescindíveis
e deverão estar atualizados. A compreensão da mensuração desses riscos,
o significado da sua presença e a proposição de ações para mitigá-los será
ERGONOMIA
135
Conselho Científico da International Ergonomics Association em 1.º de
agosto de 2000, em San Diego, nos Estados Unidos, é a descrição a seguir:
ERGONOMIA
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que toda atividade está inserida em um contexto organizacio-
nal específico, o que faz com que tenhamos de estudar cada
caso, sem a pretensão de copiar e colar o estudo das atividades,
por exemplo, de recepcionistas. No entanto, em empresas di-
ferentes, o mesmo cargo de recepcionista pode gerar informa-
ções bem diferentes, pois as tarefas, a maneira de trabalhar e a
percepção do funcionário em relação ao seu trabalho mudam
de acordo com o contexto organizacional no qual a atividade
está inserida.
ERGONOMIA
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diagnóstico ergonômico, será possível apresentar recomendações de in-
tervenções que garantam melhor adequação das condições de trabalho
às características psicofisiológicas dos trabalhadores.
ERGONOMIA
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lidar com eles. Assim, a aplicação dos conceitos da ergonomia de cons-
cientização e de participação, se torna fundamental na busca de um am-
biente de trabalho confortável e seguro. A diferença entre essas duas
formas de ação em ergonomia é que, enquanto na de conscientização o
profissional adquire conhecimento sobre a ergonomia, na de participação
ele atua efetivamente, auxiliando na criação da solução (IIDA, 2016).
ERGONOMIA
143
almente riscos de erros e acidentes na operação ou no uso do produto
e fazer avaliação do produto do ponto de vista ergonômico, tanto do
hardware como do software. No entanto, observa-se pouca atuação dos
ergonomistas neste campo de trabalho.
Diante do exposto, os recursos que norteiam a ergonomia de con-
cepção podem contribuir para o planejamento físico e organizacional de
novos processos de trabalho. A análise antecipada dos riscos, por inter-
médio da percepção dos funcionários envolvidos com o novo processo
a ser implantado proporcionará ganhos nas relações interpessoais e na
diminuição da exposição aos riscos.
Tornar viável a aplicação dos princípios da ergonomia de concep-
ção nas indústrias brasileiras, é possibilitar antever os problemas tendo
por objetivo apoiar na disseminação de cultura prevencionista, além de
potencializar as oportunidades de inovação.
ERGONOMIA
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Após a implementação das melhorias, é fundamental a validação
pelos trabalhadores, os ajustes das necessidades apontadas e o monitora-
mento daquelas. O acompanhamento das melhorias pode ser um grande
aprendizado para as situações futuras e pode se tornar referência no caso
de reincidências.
Em busca de criar um sistema de gerenciamento completo e eficaz,
faz-se imprescindível ter indicadores que sejam abrangentes para abordar
as questões gerais da ergonomia, mas, ao mesmo tempo, sejam sensíveis
para não pormenorizá-los e para medi-los com fidedignidade.
Existem diversos indicadores para avaliar o desempenho do sis-
tema de produção, tais como o tempo médio e custo médio de produ-
ção, de acordo com o número de funcionários, porém há relativamente
poucas pesquisas sobre a criação e implementação de indicadores para
questões de ergonomia. Pode-se dizer que existem indicadores, o quais
agem de forma isolada e nem sempre oferecem as informações necessá-
rias para um programa de gerenciamento completo e eficaz envolvendo
a ergonomia.
Em se tratando de ergonomia, os indicadores podem ser qualitati-
vos ou quantitativos, o que vai depender da sua finalidade em entender
o estado e o andamento do processo. Os indicadores são alimentados por
uma base de dados incorporada com base nos levantamentos realizados.
Nesse caso, o conhecimento técnico e profissional do avaliador é de ex-
trema importância para que possa ser realizada a interpretação correta e
a validação de todas as informações.
A padronização dos dados é fundamental para que a empresa te-
nha mais conhecimento e controle sobre todos os itens levantados para
garantir todo o acompanhamento nos processos de melhoria contínua.
É observada a necessidade de uma maior integração de natureza parti-
cipativa, técnica e gerencial entre as áreas, para atender as principais
necessidades com o objetivo de alcançar sempre os melhores resultados.
Integrar esses sistemas é um grande desafio para as organizações. Essa
integração vai além do agrupamento de requisitos – ela considera a si-
ERGONOMIA
147
O modelo do prof. Meshakti (2007), estudioso sobre acidentes
em grandes empresas, conforme apresentado na Figura 2, demonstra a
importância de elos fortes entre homem, organização e tecnologia para
garantir o volume de produção. Ou seja, se qualquer um desses elos for
fraco ou se romper, a produção será diretamente afetada. Como o estudo
da ergonomia tem como pressuposto desenhar processos organizacionais
e aplicar tecnologias compatíveis com as características psicofisiológicas
dos trabalhadores, ela deve ser considerada também na sustentabilidade
dos volumes de produção.
ERGONOMIA
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REFERÊNCIAS
ERGONOMIA
151
ra-em-maio-mas-resultado-do-ano-ainda-e-negativo-informa-cni/>. Acesso em:
24 jul. 2017.
26. ORGANIZAÇÃO HOLANDESA PARA PESQUISA CIENTÍFICA APLICADA – TNO.
Capacitação oferecida para os Ergonomistas do Centro de Inovação em Ergonomia
SESI- MG, de 29 de maio a 02 de junho de 2017.
27. VIDAL, M. C. et al. The ergonomic maturity of a company enhancing the effectiveness
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28. WISNER, A. Por dentro do trabalho: ergonomia: método e técnica. São Paulo: FTD/
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30. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Health Risks. 2009b. Disponível em:
<http://www.who.int/quantifying_ehimpacts/global/occrf2004/en/>. Acesso em:
16 mar. 2015.
HIGIENE
OCUPACIONAL
153
N
os frios dias de céu azul e sol brilhante do outono eu-
ropeu do século XVIII, crianças maltrapilhas, frequen-
temente órfãs, se movimentavam em cidades como
Londres e Paris em busca de chaminés a serem limpas nas grandes
e ricas casas de família. Com o rigoroso inverno que chegaria em
breve, a necessidade de um eficiente sistema de aquecimento fazia
com que crianças tivessem oportunidades de algum ganho finan-
ceiro a partir da escalada no interior das chaminés e a sua limpeza
com pequenas escovas de mão, ou raspadores de metal. Por conta
das reduzidas dimensões das chaminés, meninos e meninas dos
7 aos 12 anos de idade apresentavam características físicas pró-
prias para o desempenho da árdua tarefa (Figura 1). Ainda na
Europa, existem relatos de crianças realizando esta tarefa desde
o século XIII. Entretanto, somente no século XIX, na Inglaterra,
a realização desta tarefa por crianças se tornou ilegal. No ano de
1864, o Lord de Shaftesbury criou a lei para regulamentação dos
limpadores de chaminés, estabelecendo, por exemplo, uma penali-
dade de 10 Libras esterlinas para aqueles que contratassem mão
de obra infantil para este fim (Act for the Regulation of Chimney
Sweepers).
Neste cenário, Sir Percival Pott, um eminente médico cirurgião
Londrino, publicou em 1775, observações sobre a grande incidên-
cia de câncer escrotal em meninos que limpavam chaminés. Pott
propôs que o acúmulo da fuligem era o agente causal do câncer.
Este pode ser considerado como um dos primeiros relatos históricos
da descoberta de causas ambientais para o câncer, incluindo, ob-
HIGIENE
OCUPACIONAL
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viamente a associação causal estreita entre uma ocupação e uma
doença. Não menos importante, Sir Pott é também considerado
como um pioneiro da epidemiologia observacional, um século an-
terior ao relato de John Snow sobre a relação entre a qualidade da
água e cólera.
HIGIENE
OCUPACIONAL
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risco vem de tempos muito remotos. Mesmo não existindo descrições
sistemáticas, nossos antepassados caçadores/coletores apresentavam
risco inerente à atividade. Assim, podemos estabelecer que desde a
primeira ocupação, do primeiro homem, uma série de riscos estariam
associados à execução das tarefas habituais.
Por volta de 70 d.C., no império Romano, Plínio, o velho, des-
creveu que os fumos das minas de prata, enxofre e alumínio eram pre-
judiciais aos homens e animais. Há também registros sobre o uso de
véus, feitos de bexigas de animais, para a proteção dos trabalhadores
das minas.
Aparentemente, há uma grande lacuna de registros, com escassas
evidências de atenção à saúde ocupacional durante a idade das trevas,
considerada sob o ponto de vista Europocentrico, até os anos 1200s.
Mesmo com a forte oposição da igreja, houve significativo avanço, con-
siderando ainda, outras regiões e civilizações, como por exemplo, no
atual oriente médio e Ásia.
Durante a Idade Média, já existiam métodos primitivos de ven-
tilação, incluindo proteção individual para os trabalhadores nas minas
de ouro e prata. Há também relatos dos acidentes de mineração mais
comuns, e as doenças ocupacionais dos mineiros causados por inalação
de poeira. Neste período, há também evidências de regulamentações
ambientais, como por exemplo, a obrigatoriedade, em algumas cidades
francesas, do descarte de matadouros serem realizados distantes de re-
giões residenciais. Algumas oficinas, como as de cerâmica e porcelana,
não eram autorizadas a operar dentro de áreas urbanas residenciais.
Muito possivelmente, pode-se associar ao médico Italiano,
Bernardino Ramazzini (1633 – 1714) à maior importância na medi-
cina ocupacional e Higiene Ocupacional pré-revolução industrial. É
atribuído a este importante médico um detalhamento clínico com a
preocupação do conhecimento da ocupação dos pacientes durante os
procedimentos de anamnese.
HIGIENE
OCUPACIONAL
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Figura 2 Modelo sob a perspectiva histórica da evolução industrial no mundo
HIGIENE
OCUPACIONAL
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De qualquer modo, há registros de estudos em fábricas brasileiras
de charutos, rapé e velas de sebos, além de trabalhos sobre intoxicação
por chumbo, desenvolvidos na Universidade da Bahia entre os anos de
1880 e 1903.
Ainda no Brasil, no início do século XX, Oswaldo Cruz realizou
estudos para o combate às epidemias de doenças infecciosas, à época,
associadas ao trabalho. Dentre elas destacam-se estudos sobre a malária
e ancilostomose, e malária, que matavam milhares de trabalhadores da
construção de ferrovias e nos portos. No brasil, o início da industrializa-
ção se deu até os anos de 1920, que por analogia, pode ser considerada
como a revolução industrial brasileira – cem anos depois da inglesa.
Vários estudos fazem referências às más condições de trabalho, jor-
nada prolongada sem remuneração de hora-extra, utilização de mão de
obra infantil e ocorrências de acidentes e doenças profissionais, em am-
bientes mal ventilados e sem condições sanitárias mínimas. Destaca-se
no Brasil, em 1943, a consolidação das Leis do Trabalho que incluía um
capítulo sobre higiene e segurança do trabalho.
Mesmo com as profundas transformações na indústria, e conse-
quentemente nas relações de trabalho observadas nos últimos cem anos,
o uso industrial de compostos altamente tóxicos e carcinogênicos vem
sofrendo dramáticas reduções, as exposições ocupacionais e o número
de acidentes diminuem a cada ano. Isto resulta no inegável avanço na
saúde e bem-estar dos trabalhadores. Mesmo assim, novas configurações
de trabalho com novas ocupações e formas de produção vem se apresen-
tando, trazendo, além dos desafios já conhecidos, outros novos inerentes
à indústria do futuro.
HIGIENE
OCUPACIONAL
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cional a substâncias carcinogênicas; e desafios que virão na indústria
do futuro, como a exposição a nanocompostos e nanopartículas.
HIGIENE
OCUPACIONAL
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mento, ventilação local exaustora, ventilação geral diluidora,
armazenamento adequado de produtos químicos, entre outras;
c) oferta pelos órgãos governamentais de políticas de incentivo
a empresas que eliminem ou substituam substâncias de poten-
cial carcinogênico de seus produtos ou processos.
HIGIENE
OCUPACIONAL
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dissecando um organismo com genes específicos e mutações, a Biologia
dos Sistemas vem trazendo uma visão mais global, tentando juntar as
partes para compreender o sistema de forma integrada. Com isso, a partir
da “Era Genômica”, outras “ciências” começaram a surgir, tais como a
Transcriptômica, a Proteômica, a Metabolômica e mais recentemente, a
Exposômica. Todas essas ciências “ômicas”, em conjunto, constituem a
chamada Biologia dos Sistemas. Recentes avanços no estudo da Biologia
dos Sistemas determinam uma trajetória para as pesquisas futuras, garan-
tindo uma melhora das condições de saúde, individuais e das populações.
A Biologia dos Sistemas pode ser definida como a ciência que visa identi-
ficar os elementos em um sistema e analisar suas interações, objetivando
entender o todo.
O conceito da Exposômica foi introduzido pela primeira vez em
2005 como a “ciência” que visa estudar a totalidade das exposições am-
bientais ao longo da vida de um indivíduo, incluindo fatores como dieta,
estresse, estilo de vida, uso de drogas, químicos ambientais e infecções.
A exposômica oferece um novo olhar para os estudos relacionados a
exposição ocupacional, com base na biomonitoração, monitoramento
ambiental, fatores psicossociais e qualidade de vida, trazendo uma visão
mais profunda dos fatores de risco que acometem o indivíduo.
Para projetarmos esse novo olhar que a exposômica propõe aos
estudos relacionados a exposição ocupacional, a definição de “Saúde
Ocupacional” precisa se expandir para uma visão mais globalizada, in-
cluindo uma gama mais ampla de fatores relacionados ao bem-estar no
local do trabalho, programas de apoio à saúde, com remuneração e be-
nefícios, análise psicossocial, auxílio às famílias e principalmente, enga-
jamento da indústria nesses novos moldes, passando a ser vista de forma
mais abrangente, indo muito além da saúde física ou da falta de doença.
Portanto, buscando essa nova abordagem, os novos modelos de pesquisa
devem permitir definições mais inclusivas, estimando o peso do trabalho
na saúde e no bem-estar do indivíduo, integrando essas múltiplas di-
mensões de exposição, a métricas que incorporam estresse, apoio social,
ergonomia, atividade física, entre outros.
168 Gestão de Programas de Qualidade de Vida
Figura 3 Exposômica: Exemplos de correlação global com fatores de exposição.
Fonte: Adaptado de Patel e Manrai, 2015
HIGIENE
OCUPACIONAL
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mento da exposição ambiental ou ocupacional, favorecendo a detecção
precoce de uma exposição perigosa, possibilitam a implantação de medi-
das de prevenção e controle apropriados, diminuindo significativamente
a ocorrência de efeitos adversos na saúde.
O termo “exposição” denota o contato com qualquer fator que
possa ser relevante para a saúde do indivíduo, sejam fatores ambientais,
biológicos ou relacionados à situação psicológica e socioeconômica, atu-
ando isoladamente ou em interação com fatores genéticos. São situa-
ções nas quais os indivíduos estão expostos à determinada substância ou
mistura de substâncias, que aumentam o risco de incidência de diversas
patologias, como doenças crônicas e neoplasias malignas.
A exposição pode ser avaliada através da medida da concentração
do agente químico em amostras ambientais, como o ar (monitoramento
ambiental), ou pela medida de parâmetros biológicos (monitoramento
biológico), denominados indicadores biológicos ou biomarcadores. O
monitoramento ambiental baseia-se na determinação da concentração
do agente tóxico no ambiente, utilizando como critério de aceitabilidade
os valores máximos admissíveis. Já o monitoramento biológico ou bio-
monitoração, fundamenta-se na medida de substâncias ou metabólitos,
também chamados de indicadores biológicos, em vários meios biológicos,
como sangue, urina, ar exalado entre outros, com o objetivo de determi-
nar níveis que a substância foi absorvida, transformada em um metabóli-
to ativo, acumulada em órgãos depósito ou alvo, tecidos ou células, como
consequência da exposição ocupacional ou ambiental. Esse monitora-
mento fornece informações valiosas sobre a exposição e seus possíveis
efeitos na saúde, sendo de grande utilidade na identificação preventiva
de riscos. Além disso, complementa o monitoramento ambiental servin-
do de base para a adoção e avaliação de políticas ambientais e adequação
aos padrões legais.
HIGIENE
OCUPACIONAL
171
dose interna, através da determinação da substância química ou de
seu produto de biotransformação em fluídos biológicos, como sangue,
urina, ar exalado e outros, possibilitando quantificar a substância no
organismo. Eles refletem a distribuição da substância química ou seu
metabólito através do organismo, por isso identificada como dose in-
terna. Consequentemente, a dose externa se refere à concentração do
agente químico presente no ambiente em contato com o organismo.
Um exemplo dessa relação está no que se faz nas mensurações atuais,
tais como a quantificação do benzeno no sangue, do ácido hipúrico na
urina e da 2,5 hexanodiona na urina, refletindo apenas a exposição
recente indivíduo ao benzeno, tolueno e n-hexano, respectivamente,
após exposição ambiental. Teoricamente, a distribuição da substân-
cia no organismo pode ser traçada através de vários níveis biológicos,
como tecidos e células até seu alvo definitivo. Por isso, a escolha dos
biomarcadores de exposição deve ser criteriosa e novos estudos devem
ser feitos para que tenhamos moléculas com grande especificidade para
a substância química a ser testada, fazendo dessas medidas uma grande
utilidade para a avaliação de risco.
Os Biomarcadores de efeito são definidos como parâmetros bio-
lógicos, medidos no organismo, os quais refletem a interação da subs-
tância química com os receptores biológicos. Muitos biomarcadores de
efeito são usados na prática diária para confirmar um diagnóstico clíni-
co. Mas, para o propósito da prevenção, um biomarcador de efeito con-
siderado ideal, é aquele que mede uma alteração biológica em um está-
gio ainda reversível (ou precoce), quando ainda não representa agravo
à saúde. Geralmente, as alterações bioquímicas são consideradas como
uma fonte potencial de indicadores biológicos de efeito. Se conside-
rarmos que estas alterações precedem um dano estrutural, a detecção
destas alterações biológicas permite a identificação precoce de uma ex-
posição excessiva e intervenção para prevenir um efeito irreversível, ou
seja, a doença. Esta estratégia é baseada na identificação das alterações
bioquímicas precoces e reversíveis que são indicadores sensíveis e espe-
HIGIENE
OCUPACIONAL
173
possível observar uma correlação negativa entre a ALA-D e
o Pb/sg. Por isso, representa um adequado indicador de efeito
para exposição ambiental ao chumbo.
• Ácido delta amino-levulínico (ALA) na urina: devido à inibi-
ção da ALA-D pelo chumbo, o ALA se acumula nos tecidos e
é excretado em grande quantidade na urina. No entanto, este
biomarcador apresenta correlação com concentrações de Pb/
sg acima de 40ug/dL, mostrando uma sensibilidade diferente
da enzima. Por isso, é considerado mais adequado para avaliar
a exposição ocupacional a este metal.
1. Biomarcadores e Nanotecnologia
Os avanços na área de nanotecnologia na última década trouxe-
ram uma oportunidade para um vasto conhecimento das propriedades
fisicoquímicas de materias e suas “nanoaplicações”. Esta recente ciência
vem trazendo importantes avanços em diferentes áreas de atuação. Em
2007, 1.300 empresas, de 76 setores, em diversos países, com investi-
mentos de US$ 14 bilhões, realizavam pesquisas nas áreas de eletrônica,
engenharia, máquinas, vestuário, defesa, veículos, agricultura, alimenta-
ção, nutrição, medicina, odontologia, cosméticos, entre outros, utilizan-
do a nanotecnologia como base para o desenvolvimento de seus produ-
tos. O uso desses nanomateriais estão sendo explorados para remediação
HIGIENE
OCUPACIONAL
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de solo e água, bem como na medicina para propósitos terapêuticos ou de
diagnóstico. Na área de saúde ocupacional, a nanotecnologia ainda é no-
vidade, e os métodos tradicionais de análise de biomarcadores ainda são
uma realidade. Os métodos “tradicionais” para análise de nefrotoxicida-
de (dosagem de creatinina sérica e β2 microglobulina), hepatotoxicidade
(dosagem de enzimas como aminotransferases e reativos intermediários
do sistema citocromo P450), neurotoxicidade, entre outras, são aqueles
considerados “padrão ouro”, abrangendo uma série de métodos analíti-
cos, imunológicos e moleculares. Contudo, a grande desvantagem desses
ensaios, em sua maioria, está na morosidade no resultado e sua análise.
Métodos baseados na conjugação de biomarcadores com nanocompostos
já estão sendo bastante estudados, e em breve, serão uma realidade. A
rapidez na detecção dos biomarcadores será de extrema valia para os
estudos em saúde ocupacional, podendo trazer grandes avanços na área.
A conjugação de nanocompostos com biomoléculas, permite uma
biofuncionalidade que auxilia no reconhecimento de biomarcadores na
superfície dos nanomateriais. Esses nanomateriais podem ser conjuga-
dos com partículas de ouro, auxiliando na detecção de bactérias, vírus e
toxinas; com partículas de sílica, auxiliando na detecção de substâncias
químicas; com partículas magnéticas, auxiliando na detecção de analitos
do meio ambiente; com carbono, auxiliando na confecção de bionanos-
sensores por sua alta condutividade elétrica e biocompatibilidade. Como
exemplo, existem várias pesquisas no sentido de desenvolver nanobios-
sensores, dispositivos compostos de um elemento biológico (biomarca-
dor), um detector ou transdutor de sinal, e um aparelho para leitura. A
interação entre um elemento biológico (biomarcador) de interesse e o
elemento biológico do biossensor produz uma variação nas propriedades
físico-químicas do nanobiossensor (px: pH, calor, massa, entre outros)
que são detectadas pelo transdutor. Já existem alguns nanobiossensores
sendo aplicados, como por exemplo: bionanossensores de Glicose, biona-
nossensores de DNA (diagnóstico clínico de doenças hereditárias). O si-
nal resultante indica a presença do analito de interesse e a sua concentra-
HIGIENE
OCUPACIONAL
177
te inibindo a produção proteica por afetar a tradução e/ou estabilida-
de do RNA mensageiro (RNAm) alvo. Essas moléculas desempenham
importantes papeis biológicos, estando associadas a muitas funções do
ciclo celular, expressão gênica neuronal e perfil sináptico, podendo ser
caracterizados como Indicadores Moleculares, correlacionados com vá-
rias patologias de natureza multifatorial, incluindo cânceres de origem
ocupacional.
Com a conclusão do projeto genoma em 2003, as pesquisas acerca
das alterações na expressão de determinados genes alvo para diferentes
patologias cresceu de maneira drástica. Apesar do conhecimento acerca
do microRNA (miRNA) ter ocorrido em 1993, pesquisas envolvendo
esses indicadores moleculares tiveram explosão na última década.
Sabe-se que diversos genes em nosso genoma estão associados com
a supressão de tumores, participando da regulação da divisão celular e de
outros processos vitais para a célula. Contudo, a mutação de um gene su-
pressor tumoral pode propiciar o surgimento de câncer; da mesma forma,
a metilação de um desses genes teria o mesmo efeito. Existe um interesse
crescente em analisar o papel dos microRNAs (miRNAs) como fato-
res epigenéticos funcionais. Os miRNAs são excelentes biomarcadores
epigenéticos para estudar modificações pontuais, pois são expressos de
forma ubíqua em tecidos, fluidos corporais, incluindo sangue, urina e
saliva; são liberados para a corrente sangüínea dos tecidos alvo (cérebro
e fígado) e pode refletir os perfis do tecido alvo; são altamente estáveis
e resistentes a atividade da enzima RNAse (enzima degradadora), bem
como efeitos de pH e temperatura em amostras armazenadas ao longo
do tempo.
A maioria dos miRNA são biomarcadores confiáveis para classifi-
car tumores e identificação de lesão tecidual. Embora publicações com
estudos clínicos associando a expressão de miRNA e exposição ambien-
tal ainda seja limitada, alguns estudos propõem miRNA como uma pro-
messa na prevenção de patologias associadas a exposição ocupacional.
Foi demonstrado que a exposição pré-natal ao arsênico estava associada
HIGIENE
OCUPACIONAL
179
avaliar os danos causados ao material genético. Por sua vez, a avaliação
dos mecanismos epigenéticos, em conjunto com a avaliação das altera-
ções no DNA, se faz necessária para uma compreensão mais ampla e
realista das exposições a diferentes agentes químicos. A aplicação de téc-
nicas proteômicas pode ampliar o ponto de vista da pesquisa, permitindo
estudar possíveis correlações entre indicadores de exposição, indicadores
de genotoxicidade, polimorfismos responsáveis pela maior suscetibilida-
de individual, facilitando o entendimento das possíveis correlações des-
ses fatores com o perfil proteômico. Portanto, o biomonitoramento com
a utilização de diversas técnicas de avaliação dos efeitos genotóxicos, epi-
genéticos, de susceptibilidade e proteômicos, juntamente com a utiliza-
ção de indicadores de exposição, parece ser um caminho promissor para
uma ampla mensuração e interpretação da relação dose-efeito na avalia-
ção da exposição e do risco de populações expostas ocupacionalmente.
Isso nos traz à temática da Biologia dos Sistemas e da Exposômica, sendo
de fundamental importância esse novo olhar para os estudos em saúde
ocupacional, fornecendo informações valiosas sobre a exposição e seus
possíveis efeitos na saúde do trabalhador.
HIGIENE
OCUPACIONAL
181
dos trabalhadores que serão influenciadas diretamente pelas tendências
do mundo moderno, como os avanços tecnológicos, o trabalho virtual, a
globalização e o envelhecimento da força de trabalho.
Os avanços tecnológicos geralmente estão ligados ao bem-estar,
aumento de performance, aumento de produtividade e ao crescimento
econômico. Entretanto, existem alguns problemas relacionados que tem
sido alvo de estudos na área de higiene ocupacional como: a crescente
dependência da tecnologia da informação com longas horas gastas atrás
de computadores e diminuição da interação humana, danos sobre a saú-
de física e psicológica em pessoas que trabalham com tecnologia, mani-
pulação de crescente volume de informação que elimina as barreiras de
tempo e espaço gerando estresse e o acesso em tempo real a informação,
em muitos casos, desvincula a atividade a um local e horário específico
podendo o trabalhador ficar conectado ao trabalho 24 horas por dia ge-
rando um novo problema para os higienistas.
Os avanços tecnológicos permitiram também a criação do trabalho
virtual que consiste em qualquer interação entre pessoas em um relacio-
namento interdependente, como por exemplo uma teleconferência, com
pouca ou nenhuma interação face a face. Estudos apontam prejuízos para
produtividade e satisfação no trabalho de trabalhadores que desempe-
nham essas tarefas, incluindo até mesmo o isolamento social. Entretanto,
ainda não há um consenso a respeito do real problema de pessoas que se
isolam devido ao trabalho virtual.
O envelhecimento da população no âmbito mundial é um outro
grande desafio da atualidade, e também para os higienistas, devido a um
aumento da população ativa com idade mais avançada. A expectativa de
vida tem aumentado significativamente, principalmente nos países de-
senvolvidos. Por exemplo, cerca de 2/3 das pessoas que alcançam a idade
de 65 anos estão vivas. Essa “transição demográfica” como denominado
por alguns autores, tem implicações significativas na área de saúde ocu-
pacional que vai desde as limitações físicas, até o bem-estar psicológico,
com impacto direto sobre a produtividade. Entretanto, uma tendência
HIGIENE
OCUPACIONAL
183
a menor percepção de perigo e relaxamento dos procedimentos de segu-
rança. Outra grande alteração observada na força de trabalho, e que vem
crescendo, é o aumento da prevalência de obesos, diabéticos e portado-
res de doenças crônicas. As despesas médicas e perda de produtividade
afeta diretamente, tanto o empregado, quanto o empregador, e possui um
impacto grande na economia, sugerindo uma abordagem mais holística
para o cuidar da saúde do trabalhador. Portanto, os higienistas necessi-
tam de um olhar também nas mudanças socioeconômicas e políticas que
afetam as relações de trabalho.
Vivemos hoje uma quebra de paradigma científico devido a mescla
de várias metodologias multi- e interdisciplinares, com um olhar mais
holístico sobre o indivíduo. Em um futuro próximo não será suficiente
pensar de maneira isolada sobre segurança, ergonomia, estresse e saúde
física e fisiológica; mas sim, entender o trabalhador como uma interco-
nexão entre mente, corpo, ambiente e os aspectos sociais inerentes. A
pesquisa em higiene ocupacional no futuro não irá se preocupar somente
com os aspectos negativos, como doença cardiovascular, estresse, depres-
são, mas também irá focar nos benefícios do bem-estar, entusiasmo, com-
prometimento. Ao invés de cuidar somente dos aspectos que diminuem
produtividade e a saúde do trabalhador, o higienista irá focar também
nos aspectos que aumentam a produtividade melhorando a qualidade de
vida do indivíduo, o engajamento e entusiasmo. E para isso a abordagem
será cada vez mais multidisciplinar envolvendo médicos, psicólogos, so-
ciólogos, administração e engenharia.
A melhoria contínua das condições de saúde no trabalho, bem-
-estar dos trabalhadores aliada ao aumento da competitividade e produ-
tividade industrial se apresenta como um grande desafio. Isto torna-se
possível através de investimentos no desenvolvimento científico e tec-
nológico. A pesquisa aplicada à higiene ocupacional e industrial surge
então como um fator preponderante para que a competitividade e produ-
tividade industrial aumentem à mesma medida que a saúde ocupacional
e bem-estar dos trabalhadores.
HIGIENE
OCUPACIONAL
185
promete um amplo desenho para fatores ambientais, incluindo os riscos
ocupacionais, bem como, para caracterizar as disparidades de saúde.
Esses avanços tecnológicos proporcionam uma oportunidade
para melhorar a vigilância das exposições no local de trabalho e suas
lesões e doenças resultantes e promover o estudo de estressores am-
bientais múltiplos na totalidade dos ambientes de trabalho e fora dele.
Este conjunto de tecnologias conduzirão a novos modelos para a
higiene ocupacional e, por sua vez, para a saúde ocupacional como um
todo, completamente preparados para o apoio sustentável da indústria
do futuro.
A Higiene Ocupacional, como já mencionado anteriormente, é
a ciência que antecipa, reconhece, controla e previne os riscos ocupa-
cionais com potencial para afetar, de forma holística, o bem-estar dos
trabalhadores. Dentre eles, a antecipação do risco é, tradicionalmente,
um dos maiores desafios dos higienistas ao longo dos tempos. É possível
acreditar que em um futuro próximo que a antecipação dos riscos será
entendida de modo substancialmente diferente, já que entenderemos
os riscos e exposição de uma forma integral. Isto corrobora, inexoravel-
mente, para a construção de um novo entendimento de bem-estar, que
deixará de ser ocupacional para ser verdadeiramente integral.
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OCUPACIONAL
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TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
193
R
ecursos tecnológicos para agilizar o diagnóstico de doenças, we-
arables (dispositivos “vestíveis”) para monitoramento contínuo
de pacientes críticos, sistemas de gestão de prontuários online,
big data para auxiliar na realização de diagnósticos e tratamentos, in-
terfaces entre cérebro e computador (BCI - brain-computer interface) e
exoesqueletos. Estes são apenas alguns exemplos das verdadeiras revolu-
ções tecnológicas promovidas na área da saúde neste e no último século,
que modificaram a forma de gerir e produzir recursos; coletar, analisar e
armazenar dados; de trocar informações e até mesmo a forma como as
pessoas se relacionam na sociedade.
Num brevíssimo resumo sobre a origem e desenvolvimento da tec-
nologia, identifica-se que essa palavra tem suas raízes em duas palavras
gregas: techné e logia. A primeira refere-se à técnica, ou à arte de fabri-
car, construir, modificar, enquanto a segunda refere-se à razão, ao estudo
(VERASZTO et al. 2008). Combinando as duas referências temos tecno-
logia como: o estudo da técnica ou o estudo dos processos de modifica-
ção, construção e fabricação.
Apesar de sua etimologia grega, o termo evoluiu com o passar dos
anos e, conforme diferentes sociedades foram se organizando no decorrer
dos séculos, assumiu sentidos mais amplos. Para Verazto e colaboradores
(2008), tecnologia é o “conjunto de saberes inerentes ao desenvolvimento
e concepção dos instrumentos (artefatos, sistemas, processos e ambientes)
criados pelo homem através da história para satisfazer suas necessidades
e requerimentos pessoais e coletivos”.
Ao longo da história, as tecnologias impulsionaram e foram impul-
sionadas pelas ambições humanas, sendo promotoras de mudanças na
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
195
forma como as sociedades se organizaram, na forma como o ser humano
interage com o mundo e como se relaciona com os seus pares. Agora, na
atualidade, uma nova revolução se apresenta e devemos vivenciar, em
breve, mudanças significativas que impactarão em todas as esferas de
nossa sociedade. Neste capítulo, nosso foco são as mudanças na saúde e
segurança no trabalho nessa nova era.
A 4ª revolução industrial e os
paradigmas para a saúde
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
197
de neuroestimuladores requer intervenções cirúrgicas que podem não ser
bem toleradas por todos os indivíduos (FROST; SULLIVAN’S, 2016).
Em um futuro próximo, o paciente receberá cuidados coordena-
dos, concentrados em suas necessidades específicas ao invés de ter que
buscar diferentes profissionais de saúde por conta própria. Haverá uma
maior conscientização sobre fatores de risco genéticos e serão encoraja-
dos cuidados preventivos a partir de diagnósticos precoces. Assim, será
possível prevenir estados de doença avançados e reduzir o tratamen-
to ineficaz. Em breve, tecnologias inovadoras poderão potencialmente
curar doenças como a hemofilia através da terapia de genes. O crescente
conhecimento do genoma humano, o advento dos medicamentos bioló-
gicos, a digitalização dos cuidados de saúde, o avanço nas ciências dos
materiais e o big data são algumas das tecnologias que contribuíram para
que as áreas médica e farmacêutica avançassem mais rapidamente em
prol da saúde humana nas últimas décadas. Os pacientes também terão
possibilidade de monitorar a própria saúde usando aplicativos móveis e
registros de saúde eletrônicos. (RUIZ, 2017).
A interface cérebro-computador é um exemplo de categoria de
tecnologia de reabilitação ou aprimoramento humano que foi inicial-
mente desenvolvida para aplicações de assistência médica. É um sistema
de comunicação que converte frequência de sinais emitidos pelo cérebro
em modos de controle realizados pelo computador. Esta tecnologia pode
ser usada para ajudar pessoas que sofrem de várias deficiências mentais,
como epilepsia, acidente vascular cerebral, transtorno de déficit de aten-
ção e hiperatividade (TDAH) e outros distúrbios neurodegenerativos.
Um dos avanços mais recentes inclui o uso dessas interfaces para jogos,
que se tornou possível devido a melhorias tecnológicas que levam a uma
melhor análise e interpretação dos dados obtidos pelo cérebro, coletados
em ambientes do mundo real (FROST; SULLIVAN’S, 2016).
A indústria dos dispositivos vestíveis, como monitores de atividade
física e cardíaca, cresce aceleradamente e deve alcançar US$ 53,2 bi-
lhões em 2019, segundo a Juniper Research (2017). Para os anos seguin-
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
199
Já os dispositivos eletroquímicos podem ser definidos como produ-
tos e técnicas que modificam as funções do corpo humano através de esti-
mulação elétrica ou de outra forma. Essas técnicas podem ser empregadas
tanto para o alívio da dor, através de implantes que visam nervos especí-
ficos, como para melhorar a gama de funcionalidades do corpo humano.
Os eletroquímicos podem ser categorizados como neuroestimuladores e
neuroprotéticos. Ambas as categorias são áreas separadas e possuem um
mercado considerável em seus segmentos, além de um imenso potencial
para tratar uma área de doenças variadas (FROST; SULLIVAN’S, 2016).
Dentro dos neuroestimuladores existem algumas tecnologias que já estão
sendo utilizadas nos Estados Unidos e foram aprovadas pelo Food and
Drug Administration - FDA, a exemplo da estimulação Nervo Sacral,
para o tratamento da incontinência urinária. Os nervos sacrais contro-
lam a veia, o movimento intestinal e as funções anais. A estimulação dos
nervos sacrais com corrente elétrica normaliza o movimento desses mús-
culos e estabiliza o controle do intestino e da bexiga. Entre as tecnologias
emergentes estão a estimulação cortical, que é feita através da estimula-
ção elétrica direta do córtex cerebral, onde regiões específicas do cérebro
são direcionadas principalmente para tratar condições como a epilepsia,
e a estimulação carotídea, que é capaz de tratar hipertensão estimulan-
do eletricamente a artéria carótida. Vários receptores no cérebro já são
estudados por pesquisadores. Esses receptores interagem com drogas ou
nootrópicos que resultam em aprimoramento da cognição, a exemplo
dos receptores de acetilcolina, receptores adrenérgicos e receptores de
canabinoides (FROST; SULLIVAN’S, 2016).
A detecção não-invasiva de sinais cerebrais combinada com avan-
ços tecnológicos na miniaturização de dispositivos e comunicação sem fio
impulsionará o mercado nos próximos 10 anos. Demandas de tecnolo-
gias assistivas, independentes para as pessoas que sofrem com distúrbios
debilitantes das extremidades inferiores e afetadas pela paralisia ou he-
miparesia, são soluções cada vez mais exigidas que podem melhorar sua
qualidade de vida, através da assistência na caminhada ou na melhoria
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
201
que a tendência cresça rapidamente nos próximos cinco anos, já que a
maioria dos medicamentos atuais que melhoram a cognição são apenas
prescritos e não estão disponíveis (FROST; SULLIVAN’s, 2016).
O cuidado com a segurança no ambiente de trabalho agora virá
com um certo grau de individualização, graças aos métodos mais preci-
sos de tomada de decisão computadorizados. A crescente sofisticação
de computadores e softwares deve permitir que a tecnologia da infor-
mação desempenhe um papel vital na redução de risco, por meio da ra-
cionalização de cuidados, captura e correção de erros, auxiliando a to-
mada de decisões, e fornecendo feedback sobre o desempenho (BATES;
GAWANDE, 2003).
Na segurança do trabalho, as principais classes de estratégias
para prevenir erros e eventos adversos incluem ferramentas que podem
melhorar a comunicação e tornar o conhecimento mais acessível. Essas
ferramentas disponibilizam informações importantes, ajudam nos cálcu-
los, realizam verificações em tempo real, auxiliam no monitoramento e
fornecem apoio à decisão (BATES; GAWANDE, 2003). Neste sentido,
os autores Gonçalves e Grilo (2010) propõem uma abordagem sistêmica
para uma “nuvem de serviços” que permitirá um acesso universal aos
modelos de construção da informação, por qualquer sistema, aplicação
ou usuário que estejam conectados à web.
Sistemas avançados de segurança do trabalho começam a basear-
-se em padrões comportamentais (por exemplo sistemas capazes de an-
tecipar os comportamentos e suas consequências) e sistemas capazes de
cobrir corretamente barreiras organizacionais (ou seja, deficiências do
sistema de gerenciamento) que inibem a ocorrência de atos seguros e,
portanto, podem provocar acidentes (WACHTER; YORIO, 2014). Na
construção civil, por exemplo, vem sendo introduzido um modelo de in-
formação de construção, em inglês Building Information Modeling (BIM).
Com ele, é possível fazer com que todas as partes interessadas recuperem
e gerem informações do mesmo modelo, fazendo com que funcionem de
forma coesa (ČUŠ; PODBREZNIK; REBOLJ, 2010). O sistema otimiza
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
203
entre outros). Ou seja, trabalhadores não saudáveis e trabalhadores que
não costumam tomar medidas de segurança podem realmente levar a
maiores custos de substituição da mão de obra. Além disso, existem
os custos associados a reivindicações de invalidez de longo prazo e de
curto prazo. Dependendo do país, alguns desses custos de invalidez são
legalmente exigidos, podendo ser substanciais para a empresa. Há ain-
da custos associados a tratamentos médicos e a medicamentos (ELLER
EXECUTIVE EDUCATION, 2015).
A promoção da saúde e a prevenção de doenças são consideradas
soluções viáveis para reduzir o alto custo com a assistência médica nas
empresas. A construção de modelos assistenciais com foco na promoção
da saúde e diminuição de riscos passou a ser um nicho importante para
os prestadores de serviço de saúde. Essa é uma tendência reforçada pela
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que tem atuado no
sentido de criar incentivos às operadoras a desenvolverem programas de
promoção da saúde e prevenção de doenças (KLEIN; HOSTETTER;
MCCARTHY, 2014).
Podemos observar os custos associados ao volume de negócios e
os custos dos trabalhadores que saem devido a ambientes de trabalho
insalubres. Estas são coisas que nos custarão perda de produtividade e
perda de conhecimento quando esse trabalhador sair pela porta, além do
impacto social resultante. Normalmente, as pessoas restantes, que ficam
quando o trabalhador sai, tem de fazer mais e, assim, acabam ficando
sobrecarregadas e estressadas. Isso tem custos. Há custos de treinamento
para as substituições e no recrutamento e contratação. Dependendo do
nível do empregado em uma organização, o custo médio do volume de
negócios varia de cerca de 40 a 200% do seu salário anual. Então, para
cada empregado que se perde, o custo para substituí-lo fica nessa faixa,
quando somados todos esses custos associados ao volume de negócios
(ELLER EXECUTIVE EDUCATION, 2015).
Em contrapartida, os benefícios de criar um local de trabalho
saudável associado ao recrutamento e retenção, influenciam em uma
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
205
rança, será possível a criação de uma outra economia de saúde, com base
no aumento da eficiência das pessoas que trabalham nessas áreas, que
serão capacitadas para serem responsáveis por sua própria saúde e segu-
rança. Assim, as empresas terão um valor agregado maior aos olhos dos
seus consumidores. Os empresários devem estar mais informados sobre
as oportunidades de lucros nestas áreas, bem como o potencial para cau-
sar impacto social com a criação de ferramentas que melhorem o aten-
dimento de populações de alta necessidade e vulnerabilidade (KLEIN;
HOSTETTER; MCCARTHY, 2014).
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
207
dade de reduzir erros e melhorar as condições de trabalho. Em 2008, em
parceria com a Google, passou a utilizar o wearable Google Glass para
substituir o método convencional de instrução (manual físico) e consta-
tou que o tempo de produção caiu em 25%, além de cortar pela metade
a taxa de erros.
Uma outra iniciativa utilizando wearable como ferramenta para
promover segurança no ambiente de trabalho foi realizada pela minera-
dora Vale em 2012. A empresa iniciou um projeto piloto em novembro de
2012, em Itabira (MG), para testar a eficiência da tecnologia de identifi-
cação por radiofrequência (RFID) como instrumento para dar agilidade
e eficiência no controle de sua política de segurança no trabalho. Antes
do sistema RFID, a fiscalização sobre a adequação de cada funcionário
aos procedimentos e regras necessários para a manutenção da segurança
era realizada manualmente, por meio de papéis impressos e verificações
um a um, processo que demandava tempo e poderia levar a falhas na
verificação do cumprimento das agendas de treinamentos e exames por
parte dos trabalhadores. Com a implantação do RFID, a empresa obteve
ganhos importantes no acompanhamento individualizado com mais efi-
ciência e dinamismo. Estes dois exemplos mostram a busca das indústrias
por soluções tecnológicas que facilitem o acompanhamento e monitora-
mento das ações de SST diariamente de forma eficiente e dinâmica.
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
209
manas, correções de cursos de tratamento, monitoramento contínuo e
outras atividades que tornam a medicina uma arte e uma ciência. Uma
abordagem promissora encorajada pelo Vale do Silício e o setor de cui-
dados de saúde é a criação de hackathons médicos, maratonas para bus-
car soluções tecnológicas envolvendo grupos de tecnologia, agências
governamentais, hospitais ou universidades. O objetivo dos hackathons
não é resolver problemas em questão de dias, mas provocar ideias e
colaborações entre parceiros que de outra forma poderiam não ocorrer
(KLEIN; HOSTETTER; MCCARTHY, 2014).
Estima-se que os líderes do setor industrial no mundo invistam 5%
da sua receita anual na digitalização de funções essenciais das cadeias
vertical e horizontal de suas empresas, o que corresponde a um total de
US$ 907 bilhões por ano até 2020. A maior parte desses investimentos
será em tecnologias digitais com sensores ou dispositivos de conectivi-
dade, assim como softwares e aplicações, como sistemas de execução de
manufatura. Para isso, as companhias industriais deverão desenvolver
uma estrutura organizacional robusta que suporte os dados analíticos
com capacidade de nível empresarial. No Brasil, apenas 9% das empre-
sas se classificam como avançadas em níveis de digitalização, mas elas
apostam em um crescimento acelerado nessa área nos próximos anos.
Em 2020, a expectativa é que o percentual salte em cinco anos para 72%
das empresas brasileiras (GEISSBAUER; VEDSO; SCHRAUF, 2016a).
As mudanças provocadas pelos avanços nas tecnologias de infor-
mação e comunicação para as indústrias de arquitetura, engenharia e
construção, por exemplo, onde é vital o respeito à segurança do trabalho,
devem ser acompanhadas de outras mudanças nos processos de geren-
ciamento. Por isso a necessidade de uma abordagem unificada do geren-
ciamento de projetos que envolva a definição de um conjunto de visões
comuns amplamente aplicáveis sobre as informações do projeto, definin-
do explicitamente as inter-relações entre as informações nestas visões
diferentes e modificando ferramentas e procedimentos de gerenciamento
de projetos para trabalhar com essas visões integradas (FROESE, 2010).
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
211
Tanto na indústria como na área da saúde, o maior foco dos investimen-
tos estará em tecnologias digitais, como dispositivos de conectividade ou
sensores, além de softwares e aplicações, como sistemas de execução de
manufatura (MES) (GEISSBAUER; VEDSO; SCHRAUF, 2016b).
Para que as empresas cresçam e aproveitem as novas oportunida-
des, precisarão estimular o desenvolvimento de talentos e pensar a força
de trabalho de maneira estratégica. As empresas não podem mais ser
consumidoras passivas de capital humano pré-fabricado. Embora a mu-
dança iminente seja uma grande promessa, os padrões de consumo, pro-
dução e emprego criados por ela também representam grandes desafios
que exigem adaptação pró-ativa, tanto por parte das corporações quanto
dos governos e indivíduos (WORLD ECONOMIC FORUM, 2016).
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
213
Segue o exemplo de um passo a passo para o sucesso na gestão em
negócios digitais nas áreas da saúde e segurança:
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
215
facilitar o processo de tomada de decisão, para realizar um melhor plane-
jamento e uma melhor gestão (DAVENPORT et al., 2013).
Existem vários tipos de análises que compõem o termo “analytics”
como por exemplo: a Modelagem Estatística, a Previsão (Forecasting), o
Data Mining, Otimização, Delineamento de Experimentos entre outras.
As análises mais avançadas incluem modelos sofisticados de estatísti-
ca, machine learning, otimização, redes neurais, métodos de previsão,
análises comportamentais, análises avançadas de texto e outras técnicas
sofisticadas de data mining. Atualmente busca-se utilização efetiva de
melhores práticas de business intelligence. Uma das práticas mais utiliza-
das é a Big Data onde técnicas de mineração de dados são aplicadas em
um grande volume de dados, visando identificar padrões de modo a gerar
informações e conhecimentos (OLIVEIRA, 2017).
Essas análises são conhecidas como análises ou modelos preditivos
porque buscam entender o que vai acontecer e permitem a identifica-
ção dos resultados mais significativos para estabelecer planos de ação
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
217
utilização de análises avançadas pode fornecer insumos e técnicas para
lidar com a complexidade do tema e com essas bases de dados, necessá-
rias para aplicação das metodologias preditivas, que habilitem a criação
de uma estrutura de tratamento mais personalizada (SILVA, 2016).
As tecnologias de análise preditiva aumentam a precisão dos diag-
nósticos e auxiliam na medicina preventiva e na saúde pública, já que
com os milhões de documentos e estudos médicos existentes, é huma-
namente impossível atuar sem a ajuda digital. Neste sentido, modelos
preditivos podem salvar muito tempo cruzando essa enorme quantidade
de dados, economizando, inclusive, recursos que poderiam ser gastos no
atendimento médico (MESKO, 2015). Isto porque essas tecnologias são
capazes de fornecer aos empregadores e aos hospitais as previsões rela-
tivas aos custos gerados com a saúde da pessoa. Assim, as empresas que
oferecem benefícios de saúde para os funcionários podem inserir infor-
mações de perfis de funcionários em um algoritmo de análise preditiva,
para obter informações de custos médicos e ocupacionais futuros.
Os modelos preditivos, desenvolvidos pela utilização de análise
avançadas, permitem identificar padrões existentes em dados correspon-
dentes, que podem incluir variáveis demográficas e comportamentais do
paciente. Os modelos resultantes identificam, não só os segmentos de
uma população de pacientes que são prováveis candidatos de alto custo,
como também identificam os possíveis fatores que levam os pacientes
a terem o perfil de custo elevado. Por meio de modelos preditivos, ain-
da é possível realizar previsões de taxas de internação, probabilidade de
infecções e doenças, assim como predição de potenciais pacientes para
programas de saúde e bem-estar (SILVA, 2016). Deste modo, é possí-
vel diminuir custos nos sistemas públicos e privados de saúde, busca-se
prever a ocorrência de doenças, ao invés de focar somente no diagnós-
tico e na causa, quando a patologia já se faz presente (SNYDERMAN;
YOEDIONO, 2008).
Para a indústria, este modelo permite determinar a oportunidade
de avaliar o nível de utilização dos serviços de saúde. Esse tipo de análise
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
219
2. Tecnologias e modelos preditivos na segurança do
trabalho
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
221
CONSIDER AÇÕES FINAIS
TECNOLOGIAS
PARA SAÚDE
225
ECONOMIA
PARA SAÚDE E
SEGURANÇA
Francisco Cláudio Patrício Moura Filho
Haidinne Fernandes Coelho
Juliana de Albuquerque Souza
Kassandra Maria de Araújo Morais
Luciana Cavalcanti Costa
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 227
INTRODUÇÃO
A
s empresas, não apenas em períodos de recessão e de crise eco-
nômica, buscam melhorar sua competitividade e visam à ma-
nutenção do seu mercado e à sustentabilidade da sua marca.
Alcançam por meio da análise de dados e gestão do conhecimento, in-
formações disponíveis para uma gestão mais assertiva dos recursos, além
do direcionamento das ações com maior valor agregado e retorno sobre
os investimentos.
Os custos das empresas com saúde, de acordo com a 27ª
Pesquisa Anual de Benefícios Corporativos 2015 (MERCER-MARSH
BENEFÍCIOS, 2015), encontram-se abaixo somente das despesas com
folha de pagamento, portanto, a gestão dos custos com saúde nas em-
presas carece de atenção para que os gastos desnecessários não ocorram,
mas, sejam (re)significados como investimentos, na visão dos gestores.
Neste sentido, alguns questionamentos são fundamentais para o suces-
so do negócio, tais como: Qual o valor de um funcionário sadio para a
empresa? Qual o custo do funcionário doente para a empresa? Qual o
custo do absenteísmo/presenteísmo para a empresa? As ações de saúde
e bem-estar desenvolvidas pelas empresas retornam em produtividade e/
ou valor para a marca? Qual o impacto na retenção dos seus talentos?
A análise do impacto dos custos com a saúde e as ações utilizadas
para mitigá-los refletem a importância de conhecê-los e de geri-los com
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 229
efetividade. Os investimentos em saúde nas empresas precisam ser vis-
tos de forma estratégica e sistêmica, visando sempre obter: aumento da
produtividade, diminuição do turnover, redução de afastamentos, e pre-
venção e controle de doenças crônicas, além do bem-estar da população
dos trabalhadores. Isso é possível a partir da comprovação de que o valor
investido em saúde retorna financeiramente por intermédio de dados
mensuráveis e ativos intangíveis, ou seja, informações de valor.
O paradigma da saúde visto como custo precisa ser quebrado, mas
a legislação brasileira complexa e burocrática, a visão limitada do im-
pacto das atividades de saúde desenvolvidas nas empresas e a falta de
orientações efetivas, dificultam a aceleração desse processo. O investi-
mento em saúde deve ser considerado como elemento competitivo e es-
tratégico, propiciando benefícios para todos os stakeholders, além de um
diferencial de valor agregado para a empresa. Uma boa gestão da saúde
é sempre revertida para a melhoria da produtividade, uma vez que seus
trabalhadores são bem assistidos, motivados e com saúde física e mental.
Este capítulo aborda questões que estão diretamente relacionadas
ao impacto dos custos da saúde nas empresas, fatores que são de extrema
importância para a equipe de líderes e gestores conhecer, dentre os quais:
doenças crônicas não transmissíveis, saúde suplementar, retorno e va-
lor sobre investimento, absenteísmo e programas de promoção da saúde
e qualidade de vida. É perceptível que os temas citados neste capítulo
são interligados e todos giram em torno da saúde e impacto dos investi-
mentos corporativos em saúde. Portanto, faz-se necessário compreender
como essas variáveis impactam na vida financeira de uma instituição.
De modo significativo, o gestor que conhece tais fatores faz a diferença
no gerenciamento das demandas de saúde, toma decisões sobre questões
de saúde e segurança do trabalhador de forma consciente e assertiva, e
embasa de maneira consistente as justificativas para a implementação de
programas de promoção da saúde e qualidade de vida.
Ferramentas e metodologias devem ser desenvolvidas e validadas
para servir de direcionador estratégico para tomadas de decisões cons-
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 231
As DCNT dificultam o alcance dos objetivos de desenvolvimento
sustentável numa escala geral.
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 233
o impacto da hipertensão na produtividade no local de trabalho e para
projetar planos de saúde direcionados especificamente para promover
cuidados preventivos, melhorar a adesão à medicação e ao estado de
saúde, eventualmente, reduzir o peso da perda de produtividade.
A Sociedade Americana de Cardiologia afirma que diz respeito
à doença que mais motiva consultas ao sistema de saúde, gerando um
impacto econômico significativo, ressaltando-se, aqui, a melhor forma
de tratar a hipertensão é preveni-la.
Em outra revisão sistemática da literatura, Kamal et al. (2017)
fazem referência aos custos relacionados à produtividade de pacientes
com câncer em tratamento e de seus cuidadores. A revisão acrescenta
3 aspectos interessantes ao assunto:
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 235
crônico-degenerativas. Consideradas como uma consequência de hábi-
tos de vida com prevalência de alimentação de alto valor calórico, inati-
vidade física, sobrecarga de trabalho, estresse, o acometimento por essas
doenças crônicas é relevante em países emergentes como Brasil, Rússia,
China, Índia e África do Sul, que, juntos, formam o BRICS. Atualmente,
mais de 20 milhões de vidas em idade produtiva são perdidas nesses pa-
íses, por ano, devido às doenças crônicas, (BEAGLEHOLE et al., 2017;
WHORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011).
O Mapa Assistencial publicado pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS, 2016) informa que, em 2016, os procedimentos mé-
dicos com internação hospitalar aumentaram em 6% em relação a 2014,
com um total de 7,8 milhões de procedimentos. Dentro desta estimativa,
destaca-se o número de cirurgias bariátricas, que cresceu em 20% por mil
beneficiários. A partir dos dados, fica clara a necessidade de implementa-
ção de ações de saúde para redução de peso e da obesidade na população
de usuários dos planos de saúde que englobam, também, a população de
usuários das empresas, bem como estimulam hábitos saudáveis de vida,
exemplos são uma alimentação balanceada e prática de atividade física.
(ANS, 2016).
Segundo informações da ANS, a obesidade configura-se como um
problema mundial. Em 2015, 30% da população estavam com sobrepe-
so ou eram obesos. Nesse cenário, 57% dos brasileiros estavam acima
do peso ou eram obesos. Conforme dados da “Vigilância de Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico” (VIGITEL), no período de 2008 a
2014, a obesidade em beneficiários de planos de saúde aumentou de
12,7% para 16,8%. E afirma que, entre os beneficiários de planos de
saúde, a prevalência de obesidade dos homens é sempre superior à das
mulheres. Entre os adultos, a obesidade passou de 8,7%, em 1980, para
22,6%, em 2015; enquanto a taxa de sobrepeso avançou de 25,7% para
35,2%, (INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE SUPLEMENTAR,
2017c).
Impacto do absenteísmo
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 237
que, 4% do Produto Interno Bruto (PIB), sejam perdidos por doenças e
agravos ocupacionais, o que pode aumentar para 10% quando se trata de
países em desenvolvimento.
Um estudo de referência realizado por Bandini; Maciel e Lucca
(2015) e que objetivou entender o cenário de absenteísmo no ambiente
de trabalho, em nível Brasil e mundial, reuniu a análise de artigos publi-
cados nos últimos 20 anos sobre a temática. Após triagem metodológica,
87 artigos foram analisados. A partir de então foram elencadas as prin-
cipais causas de absenteísmo, cuja literatura aponta: doenças crônicas
(diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças respiratórias e gas-
trointestinais), fadiga, obesidade, gênero e predominância entre as mu-
lheres, trabalhos em turnos e noturnos, condições ambientais de risco,
doenças osteomusculares, fatores psicossociais, percepção de estresse e
transtornos mentais e comportamentais, bullying e assédio moral.
Pesquisas mostram que o estado de saúde dos trabalhadores reflete
economicamente nos custos das empresas devido ao absenteísmo, perda
de produtividade, afastamentos prolongados e aposentadoria precoce.
Deve ser levado em consideração não apenas o ônus causado pela au-
sência do funcionário, mas também, o reflexo sobre a produtividade em
equipe, tendo-se, então, a preocupação em substituição do funcionário
na atividade, pois tais situações podem influenciar negativamente o cli-
ma organizacional. (BANDINI; MACIEL; LUCCA, 2015).
Andreyeva; Luedicke e Wang (2014) relacionaram a obesidade
com seus custos atribuídos ao absenteísmo nos Estados Unidos. Os re-
sultados sugeriram que a obesidade está associada a um aumento signi-
ficativo do absenteísmo entre os trabalhadores americanos, que custa à
população cerca de US $ 8,65 bilhões por ano.
A obesidade também impõe um encargo financeiro considerável
aos estados, representando 6,5% -12,6% dos custos totais do absenteís-
mo no local de trabalho. Curiosamente, esses resultados são quase idên-
ticos aos dados sobre o papel da obesidade nas despesas com cuidados
de saúde. Especificamente, estima-se que, 9,3% de todos os custos de
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 239
o presenteísmo foram maiores do que os custos com o absenteísmo, numa
proporção de custos de 1,0% com o absenteísmo e 6,8% com o presen-
teísmo, para 10,1% da força de trabalho nos Estados Unidos, em 2002.
Alguns benefícios inquestionáveis dos programas de promoção da
saúde e qualidade de vida são responsáveis pela redução do absenteísmo,
dos acidentes de trabalho, de adoecimentos, do presenteísmo e dos cus-
tos com assistência médica. Os líderes empresariais já percebem a saúde
dos trabalhadores como um verdadeiro patrimônio para a empresa e que
o valor despendido com a prevenção da saúde é um investimento, pois
custa menos do que o valor gasto com indenizações, ações trabalhistas,
afastamentos e acidentes de trabalho.
A legislação trabalhista brasileira é bastante abrangente, bem como
a tributação associada à legislação previdenciária, gerando impactos sig-
nificativos para a gestão das empresas. A realidade é que os empresários
precisam conhecer as bases dessas regulamentações, pois as penalidades
e tributações estarão diretamente ligadas à necessidade de um planeja-
mento estratégico das ações de saúde e segurança da empresa.
Nos dias atuais, são exigidas das empresas atuação e visão mais
abrangentes, que possam ir além do seguimento dos requisitos legais.
Uma remuneração justa, condições dignas de trabalho, capacitações e
desenvolvimento, oportunidade de crescimento profissional, acrescidos
da compatibilidade com atividades pessoais e familiares do trabalhador,
são aspectos exigidos das empresas do século XXI (SIMURRO; OGATA,
2015).
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 243
Compreendendo ROI e VOI
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 245
demandam tratamentos longos, complexos e de alto custo. Assim, parte
do interesse da empresa ter o conhecimento do retorno sobre o investi-
mento em saúde, principalmente o quanto de custo será evitado como
gasto da empresa em médio e longo prazo.
Nesse contexto, Ogata (2017b) complementa que,
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 247
Benefícios tangíveis e intangíveis do
investimento em saúde e segurança
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 249
das organizações. São elas que fundam e iniciam as organizações;
são elas que impulsionam; e também são elas que levam as orga-
nizações ao sucesso ou à bancarrota, dependendo da sua atuação
positiva ou negativa, cooperativa ou conflitiva.
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 251
Nesse contexto, surge a importância dos Programas de Promoção
da Saúde para combater o problema, principalmente dentro das empre-
sas. Organizações com investimentos em políticas de bem-estar e de pro-
moção da saúde apresentaram crescimento cerca de 5% superior, quando
comparadas a outras. A implementação desses programas dentro das em-
presas proporciona não só à saúde para os colaboradores, como também
trata a saúde econômico-financeira das organizações, conforme aponta
Ogata (2017a). Segundo ele, existem evidências de que os programas
de saúde trazem retorno financeiro positivo, todavia, não é imediato,
contudo, nenhum dos estudos sobre a temática apresentou um retorno
sobre o investimento no primeiro ano. A partir do terceiro ano pós-im-
plementação do programa, é que foi possível identificar diminuição nas
internações, melhor controle das doenças crônicas não transmissíveis,
além de contribuir para um clima organizacional saudável e, automati-
camente, o engajamento dos funcionários. Nessa máxima, é relevante
integrar os programas de promoção da saúde com os programas de saúde
e segurança da empresa, uma vez que os funcionários que têm um estilo
de vida saudável diminuem o seu risco ocupacional.
As decisões relativas à saúde, segurança e qualidade de vida no
trabalho, bem como a escolha e o acompanhamento de indicadores de
impacto relativos ao tema, devem ser elevados a uma posição estratégica
nas empresas, para que se perceba o valor desses investimentos.
ECONOMIA
PARA SAÚDE E SEGURANÇA 253
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PARA SAÚDE E SEGURANÇA 255
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FATORES
PSICOSSOCIAIS
257
PANOR AMA DOS FATORES
PSICOSSOCIAIS RELACIONADOS AO
AMBIENTE DE TR ABALHO
A
Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST),
introduzida pelo Decreto nº 7.602/2011, pauta-se pelos seguin-
tes objetivos: promoção da saúde, melhoria da qualidade de
vida do trabalhador, e a prevenção de acidentes e de danos à saúde ad-
vindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio
da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho.
No final da década de 1970, a Organização Mundial da Saúde
(OMS), realizou um fórum interdisciplinar em Estocolmo, com o obje-
tivo de discutir a influência dos fatores psicossociais na saúde, formular
medidas e propor políticas de saúde inclusivas baseadas nesses fatores.
Em 1980, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a OMS
publicaram documento em que chamavam a atenção dos efeitos ad-
versos dos fatores psicossociais relacionados ao trabalho (Organização
Internacional do Trabalho, 1986). Segundo esse documento, ambas as
organizações internacionais concordavam que “(...) o crescimento e pro-
gresso econômico não dependiam apenas da produção, mas também das
condições de vida e trabalho, saúde e bem-estar dos trabalhadores e seus
familiares”. O documento citava que não apenas os riscos físicos, quími-
FATORES
PSICOSSOCIAIS
259
cos e biológicos tinham importância na saúde do trabalhador, mas vários
riscos psicossociais presentes no trabalho.
De acordo com a OIT, na Europa, o estresse ocupa a segunda po-
sição entre os problemas de saúde relacionados ao trabalho, afetando
cerca de 40 milhões de pessoas. Ainda de acordo com a OIT, 50 a 60%
de todos os dias de trabalho perdidos no continente estariam ligados a
esta condição.
No Brasil, de acordo com a Previdência Social, os transtornos
mentais e comportamentais ocupam a terceira causa de incapacidade
para o trabalho, considerando a concessão de auxílio-doença e aposen-
tadoria por invalidez, constatado no período de 2012 a 2016.
Com esta breve introdução pode-se perceber que os impactos dos
fatores psicossociais relacionados ao trabalho, embora abordados por
organizações de reconhecimento nacional e internacional como OIT e
OMS já há algumas décadas, é assunto relativamente recente no Brasil, o
que denota uma necessidade de se falar e conhecer mais a respeito.
Assim, para se mostrar um panorama amplo sobre os fatores psi-
cossociais relacionados ao trabalho, este capítulo está estruturado em
quatro temas principais:
1. transformações no mundo do trabalho;
2. a importância de se abordar os fatores psicossociais no trabalho;
3. o cenário da saúde mental no Brasil e no mundo, e,
4. necessidades futuras em gestão de riscos e/ou de fatores
psicossociais.
FATORES
PSICOSSOCIAIS
261
De maneira mais ampla, cabe destacar que a prevenção de riscos
psicossociais e a proteção à saúde mental dos trabalhadores podem ser
abordadas por meio de:
FATORES
PSICOSSOCIAIS
263
A OIT definiu os fatores psicossociais (perigos) em 1984, em termos de “inte-
rações entre e no ambiente do trabalho, o conteúdo do trabalho, as condições
organizacionais e as capacidades, necessidades, cultura e considerações pesso-
ais extra emprego que podem, através de percepções e experiências, influencias
Saúde, desempenho no trabalho e satisfação no trabalho”. (ILO, 2016)
FATORES
PSICOSSOCIAIS
265
pois, à medida que os locais de trabalho evoluem e se modificam, pode-
rão também emergir novos riscos (COX, 1993).
Mais recentemente, em decorrência dos altos índices de problemas
de saúde relacionados às condições de trabalho na Europa especialmente
aos problemas de doença que dizem respeito aos adoecimentos mentais,
a OMS convocou países membros da Comunidade Europeia a proporem
um modelo de prevenção, gestão e intervenção que promovesse maior
bem-estar e, consequentemente, menor adoecimento dos trabalhado-
res: o Guia de Orientações do Modelo Europeu para Gerenciamento de
Riscos Psicossociais - PRIMA-EF (LEKA; COX, 2008). Considera-se
que o adoecimento associado aos fatores psicossociais tem distintas etio-
logias, condicionado por diferentes elementos, levando em conta que a
natureza desses fatores é complexa e multicausal, pois abrange questões
associadas ao gênero, idade, estado civil, escolaridade e estilo de vida, so-
madas às características do meio ambiente e do trabalho (LEKA; COX,
2008).
Para finalizar, ressalta-se que os fatores psicossociais têm poten-
cialidade de gerar consequências negativas para a saúde, em sua maioria
mais duradouras do que as LER/DORT, embora possam não ser tão facil-
mente identificados ou relacionados ao trabalho quanto os acidentes de
trabalho. Manifestam-se através de problemas tais como: absenteísmo,
presenteísmo, rotatividade de pessoal, estresse relacionado ao trabalho,
assédio moral, assédio sexual, transtornos depressivos, transtornos an-
siosos, transtornos de humor, transtornos mentais e comportamentais
devido ao uso de substâncias psicoativas e álcool, esquizofrenia, dentre
outros. Diante do exposto, a próxima seção tratará do cenário da saúde
psicossocial no Brasil e no mundo.
FATORES
PSICOSSOCIAIS
267
De acordo com a OIT, e como dito no início deste capítulo, o es-
tresse ocupa a segunda posição entre os problemas de saúde relacionados
ao trabalho, afetando cerca de 40 milhões de pessoas. Ainda de acordo
com a organização, entre 50 e 60% de todos os dias de trabalho perdidos
no continente estariam ligados a esta condição. No Brasil, os transtornos
mentais e comportamentais foram a terceira causa de incapacidade para
o trabalho, considerando a concessão de auxílio-doença e aposentadoria
por invalidez, no período de 2012 a 2016 (Sistema Único de Benefícios
– SUB).
O impacto do estresse pode variar de acordo com a resposta indi-
vidual, no entanto, é preciso atentar para o fato de que níveis elevados
de estresse podem contribuir para o desenvolvimento de deficiências re-
lacionadas à saúde (tais como doenças cardiovasculares, distúrbios mus-
culoesqueléticos, burnout, depressão, ansiedade e suicídio) e comporta-
mentos de coping (enfrentamento) danosos à saúde (tais como abuso de
álcool e drogas, maior uso de tabaco, dieta insalubre, insuficiente ativi-
dade física e distúrbios do sono).
A OMS (WHO, 2002a) trata o estresse como um problema de
saúde pública reconhecido como uma questão global que afeta todas
as profissões e todos os trabalhadores, tanto nos países desenvolvidos
quanto nos países em desenvolvimento. Em função deste quadro, no
ano de 2016 a OMS lançou como tema da campanha do Dia Mundial
da Segurança e Saúde no Trabalho, celebrado dia 28 de abril: “Estresse
no trabalho: um desafio coletivo”. O relatório chama a atenção para as
tendências globais atuais sobre o estresse relacionado com o trabalho e
seus impactos, visando aumentar a sensibilização para a magnitude do
problema no novo contexto do mundo do trabalho (ILO, 2016).
Em levantamento realizado pela OMS, identificou-se que o estres-
se ocupacional é determinado pela organização, pelo design e pelas rela-
ções de trabalho e ocorre quando as demandas do trabalho não estão em
acordo ou excedem as capacidades, recursos ou necessidades do indiví-
duo de lidar com elas. Ou, ainda, quando o conhecimento ou as habili-
FATORES
PSICOSSOCIAIS
269
psicossociais são mais complexos de gerir do que os tradicionais riscos de
saúde e segurança no trabalho (EU-OSHA, 2010a).
A EU-OSHA (2014a) ressalta que enfrentar o estresse e os riscos
psicossociais pode custar grandes somas às organizações. No entanto, ig-
norá-los pode resultar em custos ainda maiores, afetando o desempenho
e levando ao presenteísmo e absenteísmo. Ainda, enfrentar longos perí-
odos de estresse pode desencadear sérios problemas de saúde, tais como
doenças cardiovasculares ou musculoesqueléticas, aumentando ainda
mais os custos incorridos. Vale ressaltar que há custos para os indivíduos
(deficiência de saúde, menor renda e qualidade de vida reduzida), para
as organizações (absenteísmo, presenteísmo, produtividade reduzida, ou
alto turnover de pessoal) e para a sociedade (custos com despesas mé-
dicas, seguridade social, as baixas por doença, perda de produtividade
devido à morte prematura, perda de anos de vida em relação à esperança
de vida e efeitos na economia).
Os custos diretos e indiretos apenas começam a ser quantificados.
Ainda assim, alguns países desenvolvidos avaliam o impacto econômico
do estresse ocupacional, padrões comportamentais associados e distúr-
bios de saúde mental. Por exemplo, na Europa, em 2002, o custo estima-
do do estresse ocupacional ultrapassava a marca de 20 milhões de euros
por ano. Já os custos na Europa com depressão relacionada com o tra-
balho, segundo a Executive Agency for Health and Consumers (MATRIX,
2013), era de 617 milhões de euros por ano (dados de 2013), o que inclui
os custos para os empregadores de absenteísmo e presenteísmo (272 mi-
lhões de euros), perda de produtividade (242 milhões de euros), custos
com assistência médica (63 bilhões de euros) e os custos do bem-estar
social sob a forma de pagamentos de benefícios por invalidez (39 milhões
de euros).
No Brasil, o Anuário Estatístico da Previdência Social - AEPS
(PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2015) divulgou dados sobre auxílios-do-
ença urbanos ativos no Brasil em 2015 de acordo com a Classificação
Internacional de Doenças (CID-9 e CID-10). Quando codificados com
FATORES
PSICOSSOCIAIS
271
Como pode se observar na Tabela 3, se comparado ao custo mé-
dio anual de afastamento por transtornos mentais e comportamentais de
2013, o aumento em termos de quantidade foi de 1,22% (de 2013 para
2014), já em relação a valores a diferença foi de 6,84% em (2014) a mais
do que no ano anterior (2013). Em 2015 houve diminuição de 3,95%
da quantidade de auxílios-doença urbanos com relação a 2104, porém o
valor aumentou 2,36%.
É preciso lembrar que esta realidade pode mudar dentro de alguns
anos, pois cada vez são maiores as estatísticas acerca dos transtornos
mentais e comportamentais relacionados ao trabalho, e mesmo os que
não têm relação direta, acabam por interferir direta ou indiretamente no
trabalho, como nos casos de absenteísmo e afastamentos. Sabe-se que os
transtornos mentais e comportamentais ocupam a terceira posição entre
os adoecimentos que mais afastam (MENDES; GHIZONI; ARAÚJO,
FATORES
PSICOSSOCIAIS
273
Necessidades futuras em gestão de
fatores psicossociais: conceito e
tendências
FATORES
PSICOSSOCIAIS
275
276
Gestão de Programas de Qualidade de Vida
Figura 3 Um modelo para a gestão de riscos psicossociais
Fonte: adaptado de COX (2000)
tal como já é realizado com outros riscos no local de trabalho; passando
pela adoção de medidas de prevenção e controle coletivas e individuais
com envolvimento dos trabalhadores e seus representantes na sua imple-
mentação (vide Tabela 5).
Adicionalmente, ressalta-se que é importante melhorar a capa-
cidade de enfrentamento dos trabalhadores, aumentando seu controle
FATORES
PSICOSSOCIAIS
277
sobre suas tarefas; melhorar a comunicação organizacional; permitir a
participação dos trabalhadores na tomada de decisões; construir sistemas
de apoio social para os trabalhadores no local de trabalho; considerar as
inter-relações entre as condições de trabalho e de vida privada; avaliar
as necessidades da organização, levando em consideração as interações
organização/indivíduo e indivíduo/organização ao avaliar os requisitos de
saúde dos trabalhadores. A OMS recomenda a inclusão de uma combi-
nação de gestão do risco psicossocial e promoção da saúde para que se
alcance uma eficaz promoção da saúde mental. Esse patamar é alcançado
à medida que é proporcionado apoio social, sentimento de inclusão e de
realização de um trabalho com significado, encontrar sentido no trabalho
realizado, ter condições para tomar decisões no trabalho e ter condições
para organizar o trabalho de acordo com o seu próprio ritmo, para citar
alguns.
Um exemplo de modelo de gestão de riscos psicossociais que leva
em conta esses fatores é o Modelo europeu para gestão de riscos psi-
cossociais – PRIMA-EF (Psychosocial Risk Management Excellence
Framework). Este modelo, no nível empresarial, apresenta os aspectos-
-chave e as etapas na gestão de riscos psicossociais no trabalho, forne-
cendo uma base para a elaboração de políticas relevantes, indicadores e
planos de ação focados na prevenção e na gestão de riscos psicossociais
que incluem o estresse ocupacional, a violência, o bullying e o assédio
moral e sexual no local trabalho (WHO, 2008). A aplicação do PRIMA-
EF às empresas segue o exposto na figura 4. No modelo proposto são
incorporados cinco elementos importantes:
i. Foco explícito em uma determinada população de trabalhado-
res (grupo, local de trabalho ou conjunto de operações);
ii. Avaliação de riscos para se obter um panorama que possibi-
lite a compreensão da natureza do problema e de suas causas
subjacentes;
iii. Concepção e implementação de ações dedicadas a extinguir
ou diminuir os riscos;
279
iv. Avaliação das ações implementadas e lições aprendidas;
v. Gestão ativa e atenta do processo.
FATORES
PSICOSSOCIAIS
281
CONSIDER AÇÕES FINAIS
FATORES
PSICOSSOCIAIS
283
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FATORES
PSICOSSOCIAIS
285
Expediente
Expediente 287
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUALIDADE DE VIDA - ABQV
Presidente
Eloir Edilson Simm
Vice-Presidente
Sâmia Aguiar Brandão Simurro
Diretores de Eventos
Cecilia Cibella Shibuya
Silvia Teresa da Silva Santos Marchetti
Diretoria Técnica
Alberto José Niituma Ogata
Diretoria Administrativo-Financeira
Leandro Buso
Equipe Técnica
Cleber Gonçalves Pereira Dutra
Evelyn Muniz Amaral