A palavra autismo deriva do grego “autós”, que significa “de si mesmo”, e do
prefixo -ismo; pelo francês “autisme”, com sentido de autismo. Descrito pela primeira vez pelo psiquiatra austríaco, Leo Kanner, depois de ter estudado onze crianças de 2 a 11 anos de idade, que antes do diagnostico eram consideradas esquizofrênicas. Esse transtorno foi denominado primeiramente como “Distúrbio Autístico do Contato Afetivo”, como Kanner relata em seu artigo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) segundo a "Associação de Amigos do Autista (AMA), é “um distúrbio do desenvolvimento que se caracteriza por alterações presentes desde idade muito precoce, tipicamente antes dos três anos de idade, com impacto múltiplo e variável em áreas nobres do desenvolvimento humano como as áreas de comunicação, interação social, aprendizado e capacidade de adaptação”. Basicamente é um distúrbio do neurodesenvolvimento que compromete o comportamento social, a comunicação e linguagem. É chamado de espectro pois abrange uma diversidade de comportamentos, níveis de funcionamento cognitivo, habilidades sociais e de comunicação, além de diferentes padrões de comportamento repetitivo. Alguns indivíduos com autismo podem ter dificuldades significativas em diversas áreas do desenvolvimento, enquanto outros podem exibir talentos ou habilidades excepcionais em certos aspectos. É estimado que no Brasil mais de dois milhões de pessoas têm autismo, segundo a Organização Pan- Americana da Saúde (OPAS) uma a cada 160 crianças tem transtorno espectro autista. A maior incidência é em meninos e pode ser percebido alguns sinais nos primeiros meses de vida da criança. Algumas pesquisas cientificas indicam que uma das causas são os fatores ambientais e genéticos. O autismo resulta de uma anomalia no desenvolvimento cerebral que ocorre no início da formação do feto. Vale ressaltar que por conta de ser causado por fator genético, cada um tem uma função diferente e única. Duas pessoas podem fazer parte do mesmo nível do autismo, porém cada um tem uma dificuldade diferente. É importante lembrar que o transtorno não é hereditário, ou seja, não é passado de pai para filho. O diagnóstico do autismo é feito por meio de uma avaliação clínica que envolve a observação direta do comportamento do paciente e entrevistas com os responsáveis. Os sintomas típicos do TEA manifestam-se antes dos 3 anos de idade, sendo possível diagnosticar por volta dos 18 meses, geralmente os pais percebem os sinais quando a linguagem não se desenvolve adequadamente. No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), para uma pessoa ser diagnosticada com autismo na infância, é preciso apresentar dificuldade na comunicação e comportamentos repetitivos, mesmo que essas dificuldades diminuam durante a infância, o autismo se enquadra em três categorias dentro do desse manual como Deficiência Social, Dificuldades de linguagem e comunicação e Comportamentos repetitivos e/ou restritivos. O DSM-5 é essencial para o diagnostico não apenas do TEA, mas sim de outros transtornos mentais. De acordo com algumas pesquisas, é feito um tratamento multidisciplinar para o autismo, pois cada caso de transtorno deve ser adaptado visando a necessidade do paciente. Os principais tratamentos não farmacológicos é a intervenção do fonoaudiólogo, terapia ocupacional, terapia comportamental, acompanhamento pedagógico e atividade física. O autismo não tem cura, pois é uma condição neurológica e não uma doença.
Níveis do Autismo
Existem dois manuais no Brasil que consideram o autismo como um Transtorno
de Desenvolvimento, são eles o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID (Classificação Internacional de Doenças). O manual DSM incluiu todos os tipos de autismo sob a mesma classificação, denominada "Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). No entanto, o CID detalha cada uma de suas subcategorias, que são: autismo infantil, autismo atípico, síndrome de Rett, síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância e transtorno geral do desenvolvimento não especificado. Os níveis do autismo podem ser definidos como Grau Severo (nível 3), Grau Moderado (nível 2) e Grau Leve (nível 1).
O nível 3 do TEA é chamado de Autismo Severo, onde as pessoas
diagnosticadas com esse nível precisam de mais atenção e cuidado com as atividades consideradas mais fáceis do dia a dia, com graves déficits na comunicação e interação social, muitas vezes com comportamentos restritos e repetitivos. O autismo severo é mais perceptível do que os outros níveis, pois os sinais podem ser percebidos com mais facilidade. Pouco ou nenhum contato visual, resistência ao toque, não desenvolver a fala ou ter desenvolvimento tardio, são alguns sinais do Grau 3 do autismo. É indicado que logo após perceber esses sinais, os responsáveis levem a criança para o pediatra, neurologista infantil ou psiquiatra infantil. Lembrando que quanto antes começar o tratamento, maior será o desenvolvimento. Enfatizando que todas as pessoas no espectro do autismo têm a capacidade de aprender e se desenvolver, independentemente do nível de suporte necessário. Acreditar no potencial de desenvolvimento da criança autista é uma das principais atitudes que a família deve adotar. Autismo nível 2 de suporte também pode ser chamado de autismo moderado, diferente do nível 1, o autismo moderado precisa de um pouquinho mais de ajuda com algumas atividades diárias. É preciso entender que cada pessoa tem sua individualidade, então cada um necessita de um tipo de suporte. Os sinais de autismo moderado não são muito diferentes do autismo severo, porém são menos perceptíveis. Existe uma equipe multidisciplinar que pode emitir um diagnóstico de autismo, são eles terapeuta ocupacional, psicólogo, enfermeiro, fonoaudiólogo, nutricionista, entre outros. A pessoa com nível 2 de autismo pode apresentar dificuldade moderada na comunicação e linguagem funcional e na interação social. O TEA nível 1 também é chamado de autismo leve, diferente dos outros níveis a pessoa não precisa de apoio com as tarefas básicas do dia a dia e não depende tanto de outras pessoas. Alguém com grau leve costuma ter hiperfoco, um dos principais sinais desse transtorno, é muito comum crianças ficarem focadas em apenas uma coisa e ter movimentos repetitivos. Pessoas com autismo apresentam muita dificuldade na comunicação, geralmente conseguem manter uma conversa quando falam sobre coisas que gostam. Dificuldade na socialização é muito comum, vários autistas contam apresentam dificuldade em sair de sua zona de conforto, logo, a interação social é muito difícil para eles. O diagnóstico de autismo leve é dado por um neuropediatra ou psiquiatra infantil.
Impactos do Diagnósticos nas Famílias
A psicóloga Mayra Gaiato relata que geralmente os sinais de autismo são
percebidos pelas mães, os pais na maioria das vezes ficam em fase de negação pois é muito difícil aceitar que seu filho tem algum tipo de problema. Médicos apontam que grande parte das famílias quando recebem o diagnóstico, choram e expressam decepção, a grande preocupação dos pais é o preconceito que seu filho pode sofrer por conta do transtorno. Estudos mostram que depois do diagnóstico os pais acabam desenvolvendo um estresse maior, baixa autoestima, sensação de culpa, falta de confiança e muitas outras emoções. Outros médicos contam que a qualidade de vida das famílias muda, visto que dependendo do grau desse transtorno muitas vezes um dos responsáveis param de trabalhar para oferecer apoio e atenção maior ao filho, fazendo assim que a renda diminua. Símbolo do Transtorno do Espectro Autista
Dia 2 de abril é marcado como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo,
determinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007. É uma forma de conscientizar outras pessoas sobre a existência desse transtorno, visando a inclusão e quebra de qualquer tipo de preconceito. A fita de quebra-cabeça colorida é o símbolo mais conhecido e usado, foi criado em 1999. As peças do quebra cabeça é uma forma de mostrar a diversidade de cada um, suas cores representam esperança. O quebra cabeça não é muito aceito pela comunidade autista, porém é um símbolo da sociedade autista. Esse símbolo é visto em vários lugares pela cidade, como forma de mostrar os direitos e prioridades que uma pessoa autista possui. A cor azul foi escolhida como símbolo do autismo pois é comum nos meninos, segundo pesquisas a cada quatro meninos uma menina tem esse transtorno.