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PROJETO DANÇA INCLUSIVA “NÓS EM MIM”

LIMA,Marlini Dorneles¹; LIMA, Amanda Fonseca de ²; SILVA, Dayane de


Paula³; RIBEIRO, Jessica Dias4; SILVA Karine Sousa da;CUNHA Maycon
Vasconcelos 5

Palavras-chave: dança, inclusão, corpo

Introdução (justificativa, base teórica e objetivos)


Pensar no corpo e suas singularidades provoca pensar na diversidade
de corpos e também no corpo que pode dançar presente nos discursos
construídos ao longo da história e legitimadas pelas manifestações de dança, as
quais trazem marcas de um corpo quase sempre virtuoso, hábil, perfeito para as
exigências técnicas impostas pela execução de algumas danças. Cenário este
que acaba demonstrando a exclusão de alguns corpos que não se enquadram
neste perfil. Corpos estes que trazem na sua corporeidade, marcas da idade, da
condição social ou de alguma deficiência, seja ,ela cognitiva, física, sensorial e
ou múltipla.

Exemplo claro dessa situação, é a condição da pessoa com deficiência,


que com sua característica singular é corpo sobre todas as formas. No momento
em que este é estigmatizado, social, cultural e afetivamente seu corpo deixa de
ser considerado como um ser que se movimenta e que participa como qualquer
outro que não apresenta sinais corporais que o evidencie como diferente. Ao
olhar para um corpo e enxergar apenas as suas marcas, é estar limitando-o e
reduzindo-o a nada, sendo que o mais importante não é saber se este corpo
esta respondendo a regras impostas pela sociedade e, sim, se este esta se
sentindo corpo em todos os momentos do seu viver (ROCHA, 2008).

Torna-se fundamental que o corpo com “deficiência” tenha oportunidade


de se conhecer e de se perceber enquanto e como corpo sob todos os aspectos
que não somente o aspecto físico, que ela possa se perceber e, principalmente,
se gostar e se apreciar enquanto corpo singular em sua existência.

Assmann apud Rocha (2008), ao relacionar o corpo deficiente com a


corporeidade coloca que não há porque dizer ou acreditar que estes corpos são
reproduções de ineficiência ou de improdutividade. São corpos vivos que

 Resumo revisado por Marlini Dorneles de Lima. Código: FEF-149 Projeto de Dança Inclusiva

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Universidade Federal de Goiás, marlini@unochapeco.edu.br
possuem os seus sistemas ativados em funcionamento, podendo assim
apresentar alguns sistemas desativados. No entanto, isso não significa que
deixam de seres auto-organizativos, são seres que agem e se relacionam pela
percepção do mundo que o cerca, que respondem ao mundo, fazendo leitura,
sonhando, inventando, transformando e percebendo com o próprio “eu” que
cada um é no seu tempo e espaço.

É necessário considerar também que a partir de estudos sobre o corpo


que dança ao longo da história podemos compreender que a dança se torna um
objeto privilegiado de análise da construção histórica e cultural, cujos sujeitos
dançantes são marcados corporalmente por praticas socioculturais específicas
de cada época, plenas de características de seu tempo o que possibilita uma
construção e reconstrução do corpo que dança, do corpo impregnado de
significados, preconceitos e posturas que em ultima analise representam um
diálogo entre arte, ciência, sociedade, cultura e educação.

Pensar em inclusão é pensar em relações humanas que se constrói na


ordem da complexidade, da corporeidade, do poder e da incompletude, pois
parte-se do princípio que a mesma articula e tenciona elementos da história de
nossa civilização, da ordem política, social e econômica, cultural e filosófica.
Neste sentido vislumbrar e planejar práticas pedagógicas inclusivas no
ato de educar corpos dançantes significa também compreender que há uma
intencionalidade pedagógica, que parte sim de ferramentas didáticas, postura
atitudinal e conceitual de dança, corpo, arte educação, num processo dinâmico
de desvelar possibilidades inclusivas.
As autoras Gaio e Góis (2006, p. 20) afirmam que “dança é educação
quando assume o compromisso de informar e formar cidadãos críticos e
conhecedores do papel social que representam num dado espaço e tempo.”
Muito embora precisa contextualizar e questionar a respeito das condições
dadas ao corpo sujeito deficiente para que o mesmo assuma esta postura,
qual seu interesse também em assumir esta postura diante ao mundo.
Desta forma, se acredita que há muitas questões que antecedem e que
acompanham esta reflexão sobre praticas pedagógicas na perspectiva de
inclusão tornando um desafio para todos os educadores que atuam com dança,
ou será que ainda permanecerá uma pratica em dança baseada na reprodução
de movimentos, de os valores presentes na sociedade que trazem a diferença
como uma desvantagem, que buscam incessantemente a homogeneização e
rendimento dos corpos pautado em padrões que regem a dança há séculos
como a superação do humano.
Pensar em inclusão e em praticas pedagógicas é também pensar em
formação continuada de professores que já atuam na escola, e até mesmo em
escolas especiais, pois estes corpos que irão ensinar dança precisam também
se (re) conhecer enquanto corpo que se comunica, que necessita se perceber,
expressar sua corporeidade quanto uma possibilidade de educação estética,
assim trabalhar o professor na sua dimensão corporal, na sua expressividade,
na sensibilidade é também pensar em potencializar praticas inclusivas.

Vale também ressaltar que algumas escolas e instituições procuram a


universidade bem como a Faculdade de Educação Física, e atualmente o curso
de Dança em busca de estudos, pesquisas e ações que deem conta desta
discussão, do ensino da dança pautada neste corpo singular, que tem em suas
diferenças muitos impeditivos para pratica corporal. E em contrapartida os
estudos desenvolvidos nos cursos de Educação Física e Dança, necessitam
dialogar com outros espaços e assim ampliar suas reflexões no intuito de sair
da sala de aula com estas experiências pedagógicas e artística no que se refere
a dança inclusiva.

Desta forma o objetivo do projeto de extensão é oferecer um espaço de


trabalho com a dança inclusiva pensando na singularidade, o que nos une, o
que nos diferencia nas dimensões dos corpos tendo ou não uma deficiência
(física, mental ou sensorial), do papel do artista docente, do acadêmico que se
reconhece e se redescobre na dança. Como também possibilitar pesquisas de
ordem metodológica do ensino da dança no campo da educação inclusiva;
Fomentar o debate no curso de licenciatura em dança e na comunidade em
geral as discussões sobre corpo, dança e inclusão; Possibilitar a comunidade e
as pessoas com deficiência um espaço para a vivência em dança; Desenvolver
processos criativos tendo como pressuposto a pesquisa de movimento de
diferentes corpos dançantes, explorando o que nós temos do outro e o que o
outro tem de nós, e assim legitimar as corporeidade vivas e entrelaçadas que
forma hoje a sociedade e que em muitos momentos é mascarada pela
tendência de uma hegemonia de corpos e atitudes; Estabelecer parcerias com
instituições e escolas que desenvolvem trabalhos na área da dança e da
inclusão;
Metodologia
Esta proposta foi construída na aproximação e dialogo, com alguns eixos
partindo de alguns autores como Barreto (2005) que trata dos objetivos do
ensino da dança na escola e os princípios da inclusão de Sassaki (1997), desta
forma as aulas de dança inclusiva pauta-se:

Na dança, observando os seguintes princípios e conteúdos:


Autoconhecimento, incentivar as diferentes possibilidades de diálogos
corporais; Educar a sensibilidade; Criação e improvisação coletiva;
Coreografias, apreciação e fruição em dança.

A respeito dos princípios da inclusão, como: Aprender a conviver com a


diversidade humana; Respeitar e valorizar as diferenças; Compreensão e
cooperação; Mudança de postura, de atitude frente ao outro; Observamos que
traçar o diálogo entre estes aspectos proporciona pensarmos numa pratica
pedagógica que ao objetivar o autoconhecimento dos corpos, assim como
possibilitar a descoberta de movimentos para além dos já preestabelecidos
enquanto uma técnica determinada de dança, ampliando assim o vocabulário
de movimentos e, sobretudo a partir da capacidade de cada um.

O público alvo são pessoas com deficiência (física , mental e sensorial)


que já participam dos projetos da FEF- do Projeto Dando Asas e da
comunidade em geral; Acadêmicos dos cursos de dança, Educação Física
entre outros; Alunos (as) e professores (as) das instituições parcerias que
realizam atividades nestes locais que optarem por participar das aulas de
dança.

Resultados e discussão

O projeto teve inicio em 2011, porém este ano estamos adotando esta
metodologia e atuando em outros espaços além do contexto da universidade,
por entender que é essencial que as ações de extensão junto a comunidade e
a outras instituições na área da educação aconteçam. Podemos perceber
durante este período que as vivências e experiências na dança inclusiva atua
no sentido de possibilitar um espaço de convivência de pessoas que muitas
vezes não tem espaços sociais de trocas e de experiências com dança, os
adultos e jovens que buscaram as aulas de dança na universidade acabam
estabelecendo uma nova relação com seu corpos, seu sentido e significado na
troca com o outro.

Conclusões

Assim, concluímos que precisamos urgentemente questionar, se o caminho


é redescobrir outra dança, ou então adotar em nossos trabalhos educacionais e
artísticos outra postura dançante dilatando o conceito de dança, de corpo e de
intencionalidades dançantes e transformadoras frente ao mundo, que transforma
e é transformado pela arte, pela educação e pelas relações humanas sobre tudo.
Partindo desse ponto de vista surge o projeto de dança inclusiva “Nós em mim” o
qual nasce com a ideia da inclusão de diferentes corpos dançantes, explorando
o que nós temos do outro e o que o outro tem de nós, e assim pensar na
constituição de corporeidades vivas, entrelaçadas. Mas os “nos” também podem
representar nossas couraças, preconceitos que precisamos desatar. O grupo
trabalha pensando na singularidade, no que nos une o que nos diferencia, como
podemos nos reconhecer nas diferenças, as dimensões do corpo, o processo
inicial de investigar-se a si e ao outro, o papel do artista docente, do acadêmico
que se reconhece e se redescobre na dança.

Referências Bibliográficas
BARRETO, D. Dança... Ensino, sentidos e possibilidades na escola. 2ed. Campinas, SP: Autores
Associados, 2005.

GAIO, R; GÓIS, A. A. F. Dança, Diversidade e Inclusão Social: sem limites para dançar! In:
TOLOCKA, R. E; VERLENGIA, R. (orgs). Dança e Diversidade Humana. Campinas, SP: Papirus,
2006.

ROCHA. D. Caminhos e Possibilidades: Uma Proposta de Dança na Perspectiva Educacional


para Pessoas com Deficiência Visual. Monografia de Conclusão de Curso. Universidade
Comunitária Regional de Chapecó – UNOCHAPECO- Chapecó/SC, 2008.

SASSAKI, R.K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: Ed.WVA,1997.

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