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07 a 09 de Maio de 2012
INTRODUÇÃO
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possibilidade para tal compreensão depende da análise das representações dos sujeitos
envolvidos, de sua história, de seu grupo e da cultura da qual pertencem.
Com estas preocupações apresentamos as possibilidades e contribuições da
Teoria das Representações Sociais como possibilidade de dar visibilidade, analisar e
discutir questões referentes as diferenciações no que diz respeito as categorias gênero,
corpo e sexualidade que, entre outras, orientam as práticas educativas em espaços
institucionalizados – a escola, por exemplo - articulando as representações sociais às
próprias práticas sociais, entre estas, as práticas corporais e esportivas.
Investigar a escola enquanto campo de produções políticas e sociais é
fundamental para a identificação de discursos e relações de poder presentes em
diferentes grupos e sociedades. Conforme afirmam Trindade e Souza (2009, p. 225)
“quem quiser compreender nossos povos e culturas não poderá evitar a tarefa de
analisar a instituição escolar e os processos de escolarização”.
Partilhamos das idéias de Jovchelovitch (2004) e entendemos que as relações
sócio-culturais são as bases da formação de saberes expressas nas formas
representacionais enquanto estrutura dialógica. As formas de representação ‘são partes’
do processo representacional relacionado ao/em um contexto em que se configuram.
Portanto, a análise da forma representacional dos sujeitos/atores sociais é
imprescindível quando propomos entender o sentido e o significado de práticas
corporais e esportivas e as relações com as categorias gênero, corpo e sexualidade.
Para a autora citada anteriormente, representação mental é a integração de
significante e significado que produz tais sentidos e significados. As representações
sociais aparecem como construções contextualizadas de sujeitos sociais à respeito de
objetos socialmente valorizados, podem ser identificadas através dos saberes populares
e do senso comum. É uma forma de conhecimento particular que elabora
comportamentos e comunicações entre os indivíduos no contexto social.
É emergencial chamarmos a atenção para necessárias reflexões sobre questões
relacionadas, a representação de corpo e a constituição das identidades de gênero e da
sexualidade nas escolas. Portanto, entendemos ser importante apresentarmos algumas
das concepções de corpo durante a história ocidental até que cheguemos às
manifestações corpóreas na contemporaneidade, ou seja, o corpo pós-moderno, como
descreve Ghiraldelli Jr. (2007).
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modo, são sempre criadas e/ou reforçadas expectativas para o que é mais adequado a
cada sexo. Através do aprendizado de papéis, cada um/uma deveria conhecer o que é
considerado adequado (e inadequado) para um homem ou para uma mulher numa
determinada sociedade, e responder a essas expectativas. (LOURO, 2003, p.24).
Os significados construídos para o gênero irão moldar em homens e mulheres os
comportamentos, as atitudes, os movimentos corporais, as falas e os lugares
determinados a cada um, naturalizando as noções do que é masculino e do que é
feminino e gerando normas e expectativas sociais para os modos de ser mulher e para os
modos de ser homem. Em torno de sua associação com sexo, corpo e sexualidade, é
edificada uma visão binária, dicotômica e fixa para as identidades de gênero. Como
argumentou Louro (2001, p.11.):
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seja, é experimentada nos pensamentos, nas fantasias, desejos, crenças dentre vários
outros, envolvendo o corpo, a história e a cultura. Por tudo, a sexualidade é bem mais
ampla do que a representação que diferentes grupos sociais possuem (OLIVEIRA;
GOMES; PONTES; SALGADO, 2009).
Para Trindade e Souza (2009, p. 229) “a perspectiva essencialista e naturalista
sobre as diferenças [...] e o sistema de representações que orienta as práticas educativas
é composto por representações de objetos sociais diferentes dos que tomam parte nas
negociações intrafamiliares, o que sem dúvida, contribui para a produção de práticas
educativas também diferentes”.
As mulheres, ao praticarem atividades determinadas e normatizadas
arbitrariamente como ‘parte do mundo masculino’, as torna integrantes de uma minoria,
ou seja, é um grupo social minoritário quando comparado práticas sociais designadas às
mulheres e, ainda, às praticas esportivas à elas designadas. Desta forma, jovens
adolescentes jogadoras de futebol provoca o desafio e a motivação para a análise sobre
o processo de diferenciação nas próprias diferenças. As mulheres que jogam futebol
acabam sendo esteriotipadas.
Conforme Moscovici (2009), os esteriótipos são categorias de discriminação
entre grupos “cuja função consiste em opor os “semelhantes” preferidos aos
“diferentes” menosprezados, e distinguir aqueles que não são como nós, como as
conseqüências que nos são bastante familiares, para evocá-las uma vez mais (p.21). Isto
provoca uma relação assimétrica entre as minorias e a maioria pautadas, muitas vezes,
pelo fenômeno de perseguição. Ao nosso entender, a perseguição é uma prática que
pode se manifestar e se realizar de diferentes formas. Este fenômeno se manifesta por
julgamentos arbitrários e ações contingentes, às vezes extremas, contra minorias
humilhadas ininterruptamente, cuja experiência é ficar a mercê do outro – maioria
dominante. “A exclusão, a discriminação ou a identidade que interessam a Psicologia
Social são apenas manifestações desta perseguição que é, para assim dizer, a origem e a
prova de cada minoria” (MOSCOVICI, 2009, p. 25)
A justificação da maioria sobre as minorias está ancorada no que Moscovici
(2009) denomina de themata emblemático. São três os thematas apresentados. O
primeiro o themata do puro ou do impuro, que define a minoria como uma anomalia
diante da maioria. Outro é o themata dos estigmas que, em última instância, é um modo
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apresenta como o ‘modelo do NÃO ser’ e assim, ancontramos a minoria por meio das
thematas e figuras rejeitadas, mas familiares, que servem como ponto de ancoragem.
O núcleo figurativo das jogadoras de futebol é compreendido pelas mesmas
características atribuídas aos homens jogadores de futebol (algumas características já
foram mencionadas anteriormente). No senso comum as representações sociais sobre as
jogadoras de futebol parte da seguinte premissa: ‘o futebol é ‘coisa’ de homem.. logo,
mulheres que jogam futebol são masculinas’. A escola reproduz e perpetua estas
representações.
Alves-Mazzotti (1994) descreve que os universos de opiniões se constituem em
três dimensões: atitude, informação e capo de representação (ou imagem). As atividades
representativas constituídas pelos processos representacionais (objetivação e
ancoragem) são processos psicossociais cujo objetivo é tornar familiar o que é distante e
ausente. Esta familiarização se dá por mecanismos de rotulação, classificação e
categorização. As representações são de natureza social a partir de proposições, reações
e avaliações e se organizam de formas diferentes em classes sociais, culturas e grupos.
A análise de representações sociais abre possibilidades na constituição de
conhecimentos acerca de diferentes pensamentos do ser humano sobre as questões mais
diversas, assim como de fenômenos em diferentes tempos e espaços permeados pelas
relações sociais dos indivíduos em seus grupos. Entre tais questões podemos destacar
àquelas que nos remetem a busca de sentido e o significado da própria vida, da vida do
outro e, principalmente da vida em comum e nas relações sociais estabelecidas nos
grupos sociais em que cada um vive e, ainda, em grupos diferentes.
A psicologia social é um campo de possibilidade de estudos da reconstrução de
objetos e situa o sujeito/ator social numa realidade social e material. Conforme Alves-
Mazzotti, o processo de reconstrução é uma preparação para a ação, pois ao
reconstituem os elementos no qual o comportamento terá lugar integrando-o a uma rede
de relações às quais o objeto está ligado. Há no imaginário social existência de um
‘quadro cultural’ que matricia a produção imaginativa do grupo e forma a identidade
social.
Em síntese, as pesquisas em representações sociais – quadros de referências -
procuram responder a uma dupla questão central: 1) como o social interfere na
elaboração psicológica que constitui a representação e como esta elaboração interfere no
social; 2) quais as questões que a pesquisa se propõe a responder? Os quadros de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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KEHL, M. R. Três perguntas sobre o corpo torturado (Prefácio). In: KEIL, I.; TIBURI,
M. (orgs). O corpo torturado. Porto Alegre: Escritos Editora, 2004.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade,
Porto Alegre, v.16, n.2, p.5-22, jul./dez. 1990.
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SOARES, C.L. Corpo, conhecimento e educação. In: SOARES, C.L. (org). Corpo e
história. 2 ed. Campinas: Autores Associados, 2004.
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