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Se Inserindo No Currículo
Assim, de acordo com Gunn (2001), as identidades dos indivíduos não são
determinadas apenas pelas suas próprias experiências pessoais, mas também são
afetadas pelas comunidades culturais às quais pertencem. As influências culturais
atuam significativamente na formação da identidade de um sujeito, corrobora ao
permitir perceber valores, crenças e práticas que os indivíduos adotam e internalizam,
sendo um artefato que não existe fora do currículo, mas o constitui como significativo.
Além disso, Gergen (2009) ressalta que a história social de uma comunidade
ou grupo também influencia a forma como as pessoas se relacionam, uma vez que
experiências passadas, fazem parte da subjetividade e particularidade do sujeito de
hoje.
O gênero.
Essa relação pode ser observada quando inserida num contexto histórico
notável, como antes do movimento sufragista, que surgiu no final do século XIX e
início do século XX. Em que o contexto social da época representava a mulher, tendo
enfoque na branca/de classe social/casada/conservadora, como uma figura de
fragilidade, passividade, amabilidade, além da necessidade de uma figura masculina.
O “outro” que além dos silêncios que carrega, não é voz de muitos “outros”. Os
“outros” são compostos por vozes negras, pobres, sem direitos e que, enquanto na
busca de um “outro” pelo falar, pelo trabalhar, busca o descanso e a dignidade de ter
o que comer e o que vestir por meio de um trabalho árduo e não visto.
Inquietações de um meio
O saber histórico, até esse ponto, se distingue de datas de livros, mas abraça
os processos que decorrem das narrativas, e como as mesmas se representam. A
narrativa de descoberta que desdobra significâncias e apagamentos, o novo
significado do invadir e o apagar de um povo. A narrativa do crescimento que
traspassa a humanidade ao inseri-la no comercio, quando se vende gente com toda
ou mais humanidade que um povo pode ter. A narrativa do ensinar que compactua
com o extermínio de uma língua, de uma cultura e de um modo de existir.
Esse meio que normaliza uma porcentagem, que de acordo com Cerqueira
(2021) numa média de 56 mil assassinatos por ano, 53% do total são jovens, dos
quais 77% são negros e 93% são homens. Não se mantendo dentro apenas dessa
perspectiva, mas que observa, de acordo com De Araujo et al (2023) acréscimos de
300% em taxas de feminicídio em regiões do país. Assim como, de acordo com
Mendes (2020), detém dados de uma estimativa de 8.027 mil indivíduos LGBT+
assassinados num período de 55 anos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO AGRICULTURA E AMBIENTE - IEAA
CAMPUS VALE DO RIO MADEIRA - CVRM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E
HUMANIDADES – PPGECH
Vozes essas que soam em conversas não monitoradas, em salas com portas
que não estão fechadas. Vozes essas que transitam entre o A e o colega diferente.
Que permeiam os muros de escolas e as cozinhas vazias, que dançam entre cantigas
e traços de cor. A voz que se “modela” em tentativas prontas, mas que cantam em
outras frequências. O ser docente apresentado no presente contexto, se entrelaça nas
mínimas e densas discursões elaboradas, não se forma apenas no academicamente,
mas se produz dentro de seu meio e se ressignifica dentro de sua voz.
Ainda que, tal qual como o gênero, abordado como “socialmente construído”,
permeie em impasses ‘projetados’ e entendidos como ‘prontos’, essa construção e
significação, amparado no campo, se problematiza como um objeto. O objeto (ser
docente) que em sua prática descreve sua construção, que em sua narrativa
compartilha suas identidades, essas que se formam e se transformam, ainda que se
defenda como uma ideia de “fixa”, se modifica em experiencias corriqueiras.
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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO AGRICULTURA E AMBIENTE - IEAA
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E
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REFERENCIA
Cerqueira, Daniel Atlas da Violência 2021 / Daniel Cerqueira et al., — São Paulo:
FBSP, 2021.
FONSECA, Tania Mara Galli; NASCIMENTO, Maria Lívia do; MARASCHIN, Cleci.
Pesquisar na diferença: um abecedário. Porto Alegre: Sulina, p. 263, 2012.
MENDES, Wallace Góes; SILVA, Cosme Marcelo Furtado Passos da. Homicídios da
população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros
(LGBT) no Brasil: uma análise espacial. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 1709-
1722, 2020.