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PRÉ-PROJETO DE PESQUISA
Ventura (2008) revela que nos anos 80 surge uma nova perspectiva na Educação
Física na tentativa de romper com pressupostos positivas com a reabertura política abrindo
espaço para uma teoria educacional crítica baseada na Escola de Frankfurt, defendida por
Saviani. Libâneo (1988 apud GHIRALDELLI JR, 2007) defendia que a educação física não
se limita somente em realizar o movimento. Se esta se insere no contexto, escolar deve
contribuir para ampliar a consciência crítica e social do aluno por meio da sua participação
ativa na prática social.
Ao analisar o conceito de Pierre Bourdieu sobre o habitus, Ortiz (1983) define que
o mesmo conforma e orienta as ações e na medida em que é produto das relações sociais,
asseguram a reprodução dessas mesmas relações objetivas.
Ortiz (1983) também esclarece sobre a questão de gostos de classe e estilo de vida
para explicar o habitus. Segundo ele, estilo de vida é um conjunto unitário de experiências
distintas que determinam a lógica de cada um em relação a subespaços simbólicos, mobília,
vestimentas, linguagem. Então, os gostos, propensões e aptidões se distinguem de acordo com
as classes. Dessa forma, a escolha entre o bar e o lar, a bebida e abstinência dependem das
ambições e oposições entre as classes populares e burguesas. Esse exemplo é utilizado na
tentativa de explicar como as práticas constituem naturalidade dependendo do estilo de vida
que cada ser mantém de acordo com sua classe.
Ortiz (1983) afirma ainda que o habitus, enquanto produto a história, produz
práticas individuais e coletivas, e produz história em conformidade com os esquemas
engendrados pela história. Discorre ainda que, o princípio da continuidade e regularidade
concedido ao mundo social são sistemas de disposições do passado, que sobrevivem no
presente e se perpetuam no futuro.
Não tão otimista quanto Rousseau, mas seu admirador, o educador alemão
Emanuel Kant, acreditava que o homem não podia ser considerado totalmente bom, mas,
capaz de elevar-se por meio da educação pautada em princípios da disciplina, didática,
formação moral e da cultura (GADOTTI, 2001).
Por meio do movimento escolanovista, o professor assume o papel de mediador,
permitindo a aprendizagem pela descoberta. (PCN, 1997). O ambiente é um meio
estimulador, valorizando aspectos psicológicos do sentimento, da subjetividade. (ABREU et.
al. 2003).
A Educação Física sempre foi pautada em princípios das ciências naturais, com
valorização de um corpo saudável, estético, forte para atender os interesses do trabalho.
Percebemos as influências da pedagogia tecnicista nos objetivos da Educação Física. Diante
do exposto, fica evidente que a Educação Física brasileira se vincula ao eixo paradigmático da
aptidão física. (CASTELLANI FILHO, 1988).
Dessa forma, podemos concluir que, apesar das dificuldades diante das idéias
fixadas no decorrer do tempo e levando em consideração as finalidades da Educação Física
nesse contexto, não podemos desconsiderar as possibilidades de um novo posicionamento
diante das situações expostas por meio de uma atuação crítica nas aulas. É importante fazer o
aluno compreender o sentido e significado de suas ações e fazê-lo perceber-se como sujeito
capaz de transformar sua realidade. É primordial a atuação do professor na problematização
da realidade e na atuação para a sua transformação.
BETTI, Mauro; ZULIANI, Luis Roberto. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes
pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v.1, n.1, p. 73 – 81, 2002.
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 8. Ed. São Paulo: Editora Ática, 2001.
SETTON, Maria das Graças Jacintho. A teoria de Bourdieu: uma leitura contemporânea.
Revista Brasileira de Educação, n.20, São Paulo,2002. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n20/n20a05. Acesso em: maio.2017.