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Introdução:

Segundo Fahlbusch, para mostrar suas emoções e leva-las ao exterior, o ser humano recorreu
a dança em seu meio mais rudimentar, algo que acompanha a sociedade muito bem. A dança
para o homo sapiens primitivo serviu como autoafirmação na sociedade e manifestação social,
apresentando suas capacidades físicas e seus sentimentos. A dança tinha caráter lúdico e
ritualístico, participando de tudo que era importante e significativo na sociedade antiga.
Robinson para demonstrar as várias aplicações e a gênese da dança no mundo
contemporâneo, elaborou um diagrama indicado por ela de árvore da dança, usado por outros
autores, como Strazzacappa e Sborquia e Gallardo. Strazzacappa reconhece que o desenho
dessa árvore mostra as várias ramificações que fazem parte da dança, que recebem diferentes
funções a partir de 3 coisas: a expressão, a recreação e o espetáculo. Ele afirma que a
expressão é a motivação essencial da dança. No tronco de recreação, aparecem as danças de
salão, a ginástica rítmica e o jazz. Como forma de atualizar a árvore, Strazzacappa acrescentou
outras danças, como as populares brasileiras, a valsa, o tango o bolero, danças regionais e
especificas, que ele introduziu na expressão e ramificou para a área de recreação como para o
espetáculo. Entende-se que a dança não é só uma forma de arte, privilégio de alguns, mas algo
mais democrático, a dança como linguagem, que deve ser ensinada, aprendida e vivenciada.
Entendendo o quê e o por que fazer o movimento, leva o indivíduo a ter consciência da dança
como recurso social. Assim é necessário levar a dança como meio pedagógico, possibilitando o
indivíduo se expressar criativamente, pois, como é dito por vários autores, como Barreto,
Saraiva et al, Sborquia e Gallardo, que é pelo processo criativo que o indivíduo se emancipa. A
dança, assim, é considerada um importante meio do ser humano lidar com suas necessidades,
desejos e expectativas, além de garantir maior conhecimento cultural, social e corporal.

O ensino nas escolas

As escolas, a muito tempo, valorizaram e valorizam os valores intelectuais acima dos corporais.
Isso resultou em uma visão rasa da Cultura corporal na sociedade, que veem nas escolas as
disciplinas artísticas como lúdicas e supérfluas. Algo incorreto, pois é pelo corpo que nos
expressamos e interagimos com o mundo. Atualmente, estudiosos veem que a compreensão
dos valores formativos e criativos da dança melhoraram, o que leva a um aumento das ações
corporais. Desse modo, vários autores descrevem a importância do processo da escolarização
da dança, assim as escolas poderão formar indivíduos conscientes de suas possibilidades
corporal-expressivas. Para Sborquia e Gallardo, o estudo e a compreensão da dança corporal
vão muito além do ato de dançar, não sendo composta por danças em festas sazonais, como
passatempo ou centralizada no espetáculo e no aprimoramento técnico. Concordando com
esses autores, existe a proposta de dança livre no academicismo. Essas mudanças não buscam
negar artes tradicionais, mas sim mostrar que arte não deve ser só contemplada e vista à
distância, mas sim aprendida, contemplada e experimentada. Entretanto, não deve ser uma
receita de bolo, seguida sem pensar, mas uma forma de auxiliar, acrescentando para o
processo de ensino aspectos ligados ao corpo, à dança e à pluralidade corporal. Para Sborquia
e Gallardo, acima de tudo, a escola deve dá importância aos valores e vivências corporais que
as pessoas trazem consigo. Nesse sentido, Marques (2003) aborda que, para se fazer escolhas
significativas, seria interessante levarmos em consideração o contexto dos alunos, respeitando
suas próprias escolhas, opiniões, criações e possibilidades, para a formação de cidadãos com
uma visão mais crítica, autônoma e participativa desta sociedade em que vivemos.
Dança no contexto da Educação Física
A Educação Física é uma área muito importante, que precisa se adaptar às mudanças da
sociedade. Ela lida com diversos conhecimentos sobre o corpo, que são produzidos e usados
pelas pessoas o tempo todo. É necessário refletir sobre como essa área pode acompanhar
essas transformações e usar esses saberes para atender melhor às necessidades dos alunos.

Então, a Educação Física como matéria escolar, precisa ser bem estruturada e relacionar com a
vida das pessoas. Isso é feito usando teoria e prática na educação. A dança por exemplo, é uma
atividade que contribui significativamente para o desenvolvimento total do ser humano.

A dança seria o melhor meio para se trabalhar a linguagem corporal em um ambiente escolar,
sendo aplicada de melhor maneira através de um educador que possui como formação a
Licenciatura em Dança em uma matéria com o foco na dança.

O Brasil é um país com diferentes realidades. Enquanto em algumas regiões a dança é algo
comum, em outras, não existe sequer oferta de graduação nesta área. Como solução, em
regiões como aquelas que não possuem graduação nesta área, a Educação Física seria o
melhor meio para aplicar a dança de forma educativa.

Durante muito tempo, a área da dança esteve preocupada com movimentos estereotipados e
no melhor desempenho possível, de forma profissional. Porém hoje, existem outros caminhos
que levam por exemplo, a maneira de se expressar.

Uma escola que vai além de simplesmente ouvir os alunos, mas que os encoraja a se expressar
e criar constantemente. Um ambiente que valoriza a prática pedagógica da Educação Física e
reconhece a importância da linguagem corporal, especialmente através da dança, promovendo
a autonomia dos estudantes, permitindo que eles sejam ativos no processo de aprendizagem,
e otimizando as possibilidades e potencialidades de movimentos e consciência corporal dos
alunos.

É importante também, que o professor questione, discuta e adapte as ideias propostas pelos
seus alunos sempre que necessário, para aprimorar e encaixar as ideias da melhor forma
possível.

Esses métodos abrem também, uma oportunidade para que o profissional de Educação Física
construa um currículo diversificado para atingir seus objetivos como educador.

Apesar de todos os benefícios já comprovados, e mesmo com o crescimento da dança no país,


a prática da dança em aulas de Educação Física ainda se realiza de maneira restrita no âmbito
escolar. Principalmente devido ao despreparo na formação de profissionais da área, já que, os
cursos de licenciatura de Educação Física possuem como foco conteúdos de modalidades
esportivas na formação de professores.

Os planos de curso de Educação Física possuem um foco reduzido nos conteúdos de dança em
relação a outros da área, existindo poucas atividades como foco na maioria das propostas
escolares.

A falta de incentivo em dança durante a vida escolar dos alunos acaba trazendo o sentimento
de insegurança para os alunos que não se sentem preparados para trabalhar com a dança na
escola, pela falta de experiência e contato com a dança.
A falta de espaços físicos na maioria das escolas para desenvolver a dança e que, em muitos
casos, os professores trabalham com a dança sem estarem preparados. São mais motivos que
fazem com que tenha pouca utilização desta atividade.

É preciso que se entenda que a dança na escola é uma área do conhecimento, que precisa ser
estudada e compreendida, e não vista apenas como entretenimento.

Considerações Finais
O artigo focou na dança na escola, dança na Educação Física, e as reflexões para os caminhos
da educação.

A dança incluída na disciplina de Educação Física traz a possibilidade da elaboração de um


currículo que não esteja restrito a modalidades esportivas e abre espaço para trabalhar com
danças de diversas maneiras. Oferecendo também um aporte teórico mais fundamental para a
formação dos profissionais de educação física, tirando o estereotipo de atuador apenas em
quadras de esporte.

É necessário também o compromisso do educador de trazer uma prática pedagógica coerente


com a realidade dos alunos, buscando desenvolver a capacidade criativa, crítica, autônoma e
consciente dos alunos, além da descoberta pessoal de habilidades.

É importante que esteja envolvido toda a comunidade escolar com o comprometimento e


compartilhamento de ideias para que atinja o maior número de pessoas com a educação da
melhor qualidade possível.

Espera-se que a disciplina se desenvolva levando a discussões, novas ideias, aprofundamento


do conhecimento da dança, e mais autonomia profissional na busca de uma formação
acadêmica mais coerente do processo educativo e social.

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