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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

DANÇA É POLÍTICA PARA A


CULTURA CORPORAL
AUTORIA: Marina Souza Lobo Guzzo; Conrado Augusto Gandara Federici; Odilon José Roble;
Vinicius Demarchi Silva Terra

-ENSAIO DE 2015

Profa. Msa.: Elisângela Rotelli


▪ É visível e crescente na Educação Física encontrarmos propostas de intervenção metodológica pedagógica que
utilizam a dança como principal eixo de ação e reflexão, entendidas como conteúdo da cultura corporal.

METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA (1992)


▪ A partir da definição de que a dança, o ritmo, a expressividade corporal é algo a ser trabalhado pelo
profissional de Educação Física, dessa forma se tornou comum encontrarmos no currículo e na formação dos
profissionais da área a disciplina pertencente ao currículo.

▪ O que este estudo buscou como objetivo foi encontrar as pesquisas (poucas nesse caso) que trabalhe a dança a
partir de uma potência política-transformadoras para/com o corpo circula nos cursos e conteúdos de formação,
pesquisa e prática profissional.
DANÇA DENTRO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
- QUAL ENTENDIMENTO TEMOS DA DANÇA? QUAL VOCÊS TINHAM E QUAL TEM AGORA?

- POR QUE EXISTE UMA SEPARAÇÃO TÃO GRANDE ENTRE A DANÇA PRODUZIDA ARTISTICAMENTE
E A DANÇA FEITA E PENSADA NA EDUCAÇÃO FÍSICA??
▪ A dança enquanto produção artística, como política do corpo, traçando uma narrativa histórica linear sobre o
percurso da sua prática é trazer a compreensão por um corpo híbrido.
- UM CORPO HÍBRIDO= que se apresenta na sociedade contemporânea, com efeitos e influências dos adventos
tecnológicos de comunicação.

▪ Quando colocamos um olhar histórico sobre um objeto, ele acontece por um determinado ângulo - um ângulo
pessoal de professor/pesquisador - e desse olhar, a intenção é contribuir com possíveis diálogos entre a
produção de dança contemporânea e sua relação com a Educação Física.

▪ A estrutura histográfica pode apresentar certa linearidade, propositalmente desenhada a partir de


acontecimentos e autores que desenharam essa linearidade.
DANÇA ESPETÁCULO
▪ A dança é reconhecida como uma atividade que já existia em sociedades primitivas, mas sua estruturação
como campo sistematizado de conhecimento e espetáculo está situada principalmente a partir do século XVII,
com surgimento do balé clássico.

▪ Na virada do século XIX para o século XX, o termo balé estava associado à dança espetacular. Como sendo a
única forma de sistematização ou espetacularização do corpo dançante, sem falar das danças tradicionais e
camponeses de cada país e região que era apresentadas de maneira “livre”.

NOVOS SENTIDOS E SIGNIFICADOS


▪ O balé foi uma invenção do Renascimento italiano, conforme documentos datados do século XV.
BALÉ BURGUÊS (PALAVRA ELITE)
▪ O próprio termo balé refere-se a uma circulação de discursos e repertórios sobre a dança da época.
Segundo Monteiro, encontra-se relacionado a Balletti, que seria o diminutivo de Ballo, utilizado
na Itália renascentista para designar “danças executadas num salão de baile por uma elite cortesã”
(MONTEIRO, 1998, op. cit. 170)

▪ A dança e a prática corporal e discursiva transformou-se de maneira relacionada aos


movimentos políticos da monarquia e da elite burguesa, profissionalizou-se entre os
séculos XVI e XVII e afastou-se dos sentidos que ela possuía inicialmente para a
população de maneira geral.
▪ Passou a existir um distanciamento das pessoas a partir da profissionalização da dança. Essa
profissionalização fez surgir novos papéis: os mestres de dança, os bailarinos profissionais, regras e elevação
do nível técnico. Essa profissionalização exigiu uma nova forma de comunicação com o público em um
duplo sentido: sobre a maneira como a dança era feita e sobre o que ela almejava tratar

A PREOCUPAÇÃO EXPRESSIVA / DESCONSTRUÇÃO DO ESPETÁCULO


O começo da quebra deste paradigma segundo grande parte da literatura
pesquisada, aponta para o trabalho de François Delsarte (1811-1871). A dança é
cada vez mais marcada por sua característica expressiva e pelos estudos das
possibilidades do corpo para realizar a comunicação dessas expressões.

 AS INFLUÊNCIAS
a) o corpo todo é mobilizado para a expressão, especialmente o torso,
considerado “motor do gesto” pelos dançarinos modernos,
b) dos movimentos de contração e relaxamento dos músculos é que resultam a
expressão.
c) todos os sentimentos têm traduções corporais: a extensão do corpo está
relacionada ao sentimento de auto-realização, ao dobrar o corpo, traduz-se um
sentimento de anulação etc.
Também os estudos de Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950) interessam a
esse período de múltiplas vozes da história da dança e influenciaram
especificamente a escola germânica de dança expressionista

Como músico e pedagogo, Dalcroze desenvolveu uma nova


abordagem para o movimento: a rítmica. Para ele, o corpo é um
ponto de passagem entre pensamento e música. A partir daí,
desenvolveu uma série de exercícios corporais para educar seus alunos em
sentido musical completo
Isadora Duncan (1877-1927)foi
revolucionária quando colocou
outras questões à dança: a
subjetividade de cada bailarino,
a expressão pessoal e a
realização au-têntica de
vocabulários próprios, que
também fariam parte dessa forma
de arte e deveriam ser, dessa
maneira, apresentados e
trabalhados
A DANÇA É POLÍTICA?

consciência política: um conjunto de dimensões psicológicas sociais que


inter-relacionam significados e informações, levando o indivíduo a
orientar-se e tomar decisões que representem o melhor curso de ação
dentro de contextos específicos”
▪ Após os anos 70, com a transformação conceitual da cultura do mundo ocidental, a dança foi influenciada
pela ideia de “dança de autor”. Isso significa que cada intérprete, criador, coreógrafo começa a transformar
seu treinamento corporal, sua técnica para construir seu próprio caminho autoral na dança.

▪ Não é uma preocupação pelo gesto, mas sim pelo conteúdo do que esse movimento pretende expressar.
Técnicas alternativas são incorporadas para trabalhar o corpo.

▪ Práticas orientais: como yoga, kung-fu, artes marciais são formas transformadas como uma base de uma
construção do corpo que vá representar uma criação.
A DANÇA ENQUANTO POLÍTICA-

Um conjunto de princípios estéticos e filosóficos elegiam um “grande criador”, que antes era o ponto gerador
para uma obra coreográfica, ou um corpo dançante, a partir da historiografia de grandes mestres da dança
moderna (NOME PARA O SEMINÁRIO).

ENTÃO, a apropriação política da dança pelos dançarinos é o que, segundo autores da área, caracteriza a dança
contemporânea hoje.
- Ou seja, uma atitude a partir de seu próprio ponto de vista da realidade, com um engajamento crítico nas
maneiras de fazer dança.
- Essa postura instiga a busca por movimentos, formas, performances e apresentações que alterem e reflitam
maneiras de entender o mundo.

▪ A dança pode ser política para a cultura corporal a partir do movimento crítico que faz em relação à realidade,
questionando ou propondo possibilidades de ação e transformação da maneira pela qual existimos.

▪ A dança como forma de comunicação e discurso, e principalmente como arte, tem o papel de
testemunhar e co-construir os sentidos da vida no presente
DANÇAS URBANAS
DANÇAS URBANAS
▪ O modo de vida dos jovens nas grandes metrópoles traz em seu bojo expressões de dança afeitas a um
cenário urbano, onde a gestualidade fala menos de uma tradição herdada e mais de uma forma de estar no
mundo ligada à estética das culturas jovens. Neste cenário despontam as danças de rua, originalmente
ligadas ao universo do movimento hip hop.

▪ Existem várias concepções acerca da identidade, sendo que elas variam de acordo com o povo, valores
éticos e morais, etnia, língua, costumes, religião, culinária e traços específicos.

▪ Falar de identidade é perceber mudanças e diversidade de comportamentos. Por exemplo, ao estudar a


identidade cultural das Danças Urbanas, estou falando de um grupo de indivíduos que interiorizaram
determinados significados e valores dessa cultura para si, isto é, de um grupo de indivíduos unidos pelo
movimento Hip-Hop e por suas características específicas, que vão desde vestimentas até comportamentos.
▪ Compreendida como uma forma e um espaço de reflexão sobre as condições e necessidades coletivas,
mesmo quando ela não se propõe a isso de maneira específica.

▪ Por ser uma manifestação artística complexa, ela possui uma rede de materialidades e
sociabilidades que a sustentam e a cada espetáculo constrói-se uma maneira coletiva de narrar, posicionar-se,
recortar a realidade.
A DANÇA NA ESCOLA

Metodologia do Ensino da Educação Física (Coletivo de Autores, 1992)

▪ Dança é o quinto elemento pertencente a Cultura Corporal do Movimento apresentada na obra e


dela as subdivisões são feitas pela seriação da fase escolar.
2.5.1 Ciclo de Educação Infantil (Pré-Escolar) e Ciclo de Organização da Identificação da Realidade (1ª a 3ª
séries do Ensino Fundamental)

a) Danças de livre interpretação de músicas diferentes para relacionar-se com o universo musical.
→ É recomendável, todavia, a identificação das relações espaço temporais durante a interpretação e o
reconhecimento das inter-relações pessoais durante a interpretação coletiva de uma música.

b) Danças de interpretação de temas figurados


→ Sugere-se estimular a construção coletiva dos espaços de representação e das coreografias e a
apresentação da produção/criação para a escola e comunidade.
2.5.2 A Dança no Ciclo de Iniciação à Sistematização do Conhecimento (4ª a 6ª séries do Ensino Fundamental)

a) Danças com interpretação técnica da representação de temas da cultura nacional e internacional.

b) Danças com conteúdo relacionado à realidade social dos alunos e da comunidade;


→ Sugere-se estimular a identificação das relações dos personagens da dança com o tempo e a construção
coletiva dos espaços de representação e das coreografias
2.5.3 A Dança no Ciclo de Ampliação da Sistematização do Conhecimento (7ª a 8ª séries do Ensino
Fundamental)

a) Danças técnica e expressivamente aprimoradas e/ou mímicas, com temas que atendam às necessidades e
interesses dos alunos, criados ou não por eles próprios.
→ É importante promover a compreensão da corporeidade como suporte da expressão/comunicação, bem
como estimular a criação de grupos de dança/mímica com organização e funcionamento de responsabilidade dos
próprios alunos, com ampla interação com a comunidade.
2.5.4 A Dança no Ciclo de Aprofundamento da Sistematização do Conhecimento (1ª a 3ª séries do Ensino
Médio)

a) Danças que impliquem conhecimento aprofundado científico/técnico/artístico da dança e da expressão


corporal em geral.
→ Sugere-se estimular o aperfeiçoamento dos conhecimentos/habilidades da dança para utilizá-los como
meio de comunicação/informação dos interesses sócio-político-culturais da comunidade.
RUDOLF VON LABAN
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