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Introdução

Neste trabalho temos como objetivo discutir a partir da pesquisa bibliográfica


a dança como conteúdo de ensino nas aulas de Educação Física escolar
problematizando alguns desafios da prática pedagógica na atualidade. Considerando
este estudo que envolve a dança trazemos algumas questões. Por que as pessoas
dançam ou não? Quais os benefícios que a dança pode proporcionar aos praticantes?
Quais as condições de aplicabilidade da dança na escola?
Em busca destas respostas decidimos estudar o tema de forma mais
aprofundada. A dança sempre fez parte da vida humana e antes mesmo do homem falar
ele se expressava corporalmente por meio da dança ritualística buscando aproximar-se
das forças da natureza. Tavares (2005, p. 93) explica que existem indícios de que o
homem dança desde os tempos mais remotos. Todos os povos, em todas as épocas e
lugares dançaram para expressar revolta ou amor, reverenciar deuses, mostrar força ou
arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver.
Com o passar dos anos, a dança foi sendo cada vez mais conhecida e
valorizada. Atualmente, é um importante conteúdo de ensino e aprendizagem nas aulas
de Educação Física escolar, no entanto, é pouco explorado, ou ainda é desenvolvido de
forma descontextualizada.
A Educação Física, segundo o Coletivo de Autores (1992, p. 41), possui
conhecimentos específicos a serem tratados pedagogicamente, sistematizados no
contexto escolar. Dentre esses conteúdos, materializados na expressão corporal como
linguagem, encontra-se a dança.
Segundo Verderi (2000, p. 59), a dança pode criar condições para que se
estabeleçam relações interativas, propiciando o conhecimento do próprio corpo e de
suas possibilidades como forma de compreensão crítica e sensível do mundo que nos
rodeia. No entanto, o trabalho com este conteúdo na escola, muitas vezes, se restringe
as apresentações em festividades escolares, “as dancinhas”, ou seja, coreografias
elaboradas exclusivamente pelos professores a serem incorporadas de forma
“mecânica”, as quais não têm significado para os alunos, pois são tratadas de forma
superficial.
De acordo com Marques (2007, p. 101), um repertório de dança bem ensaiado
não cumpre o papel artístico e educativo. A dança na escola tem o compromisso de
“ampliar a visão e as vivências corporais dos alunos em sociedade a ponto de torná-lo
um sujeito criador-pensante de posse de uma linguagem artística transformadora”.
Ressaltamos aqui a importância da dança como patrimônio histórico cultural
da humanidade e como linguagem artística que possibilita o desenvolvimento da
criatividade, de uma forma de expressão poética de idéias, sentimentos, visões de
mundo.
Não podemos nos esquecer também de que a dança já faz parte do contexto
dos Parâmetros Curriculares Nacionais tanto de Educação Física como de Arte, ou seja,
uma prática da cultura corporal a ser desenvolvida de forma interdisciplinar na escola.
(BRASIL, 1997; 1998).
No entanto, Marques (2007) ressalta que na maioria dos casos os professores
não sabem o que, como ou até mesmo por que ensinar dança na escola, refletindo as
lacunas na formação profissional em Educação Física. Portanto, admite-se que as
propostas pedagógicas na área da dança-educação deverão propiciar metodologias
não-diretivas que possibilitem aos alunos a expressão corporal, a criatividade, a
autonomia, a fim de que possam a partir da vivência desta manifestação compreender
e ampliar seus conhecimentos sobre a realidade em que vivem.
Diante de tais concepções, abordaremos inicialmente, a história da dança,
enfatizando alguns pontos como o surgimento e suas origens, desde os tempos
primitivos e sua evolução no decorrer dos séculos até os dias atuais, apresentando sua
construção histórica no Brasil, mostrando as diferentes culturas através das danças
folclóricas de cada região.
No segundo momento, desenvolvemos a temática da dança na escola como
conteúdo da Educação Física. Situamos as análises sobre o que os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) – Educação Física (BRASIL, 1998) afirmam sobre a
dança e quais os benefícios que sua aplicação nas aulas de Educação Física escolar
poderão proporcionar.
Esperamos que este trabalho possa trazer suas contribuições, desafiando os
professores de Educação Física para uma reflexão sobre a importância da dança tanto
no âmbito escolar, como no contexto do lazer.
1. Pelos caminhos da história da dança: alguns apontamentos
A dança é considerada uma das artes mais antigas. É a única que dispensa
qualquer material como ferramenta, pois depende somente do corpo e da vitalidade
humana para cumprir sua função, conforme analisou Nascimento (2002).
De acordo com o Langendonck (2009) na Era Primitiva, entre 9000 e 8000
A.C, nos períodos Paleolítico e Mesolítico, a dança estava relacionada diretamente à
sobrevivência, no sentido de que os homens vivendo em tribos isoladas e se
alimentando de caça, pesca e frutos colhidos da natureza, criavam rituais em formas de
dança, buscando impedir que eventos naturais pudessem prejudicar suas práticas.
Segundo Cavasin (2004 apud CAMINADA 1999, p. 22), na forma mais
elementar, a dança se manifesta através de movimentos que imitam as forças da
natureza que parecem mais poderosas ao homem e que trazem consigo a idéia de que
esta imitação tornará possível a incorporação de poderes sobrenaturais.
Na mesma direção, Portinari (1989) afirma que a dança estava presente
celebrando as forças da natureza bem como as mudanças das estações. Contudo, até
hoje não se tem clareza de quando e por que o homem dançou pela primeira
vez. Na medida em que arqueólogos conseguem traduzir inscrições dos povos pré-
históricos, elas nos indicam a existência da dança como parte integrante de cerimônias
religiosas, permitindo afirmarmos que talvez esta tenha nascido concomitantemente à
religião.
Dançar pode significar uma tentativa de comunicação, de expressão de
sentimentos e idéias, ou de rituais, como bater as mãos e os pés ritmicamente para
aquecer os corpos antes da caça e dos combates. “A dança nasce com o homem. Já
nas cavernas, ele batia os pés ritmicamente para se aquecer e comunicar. Em todas as
civilizações se dança, de maneira diferente e por vários motivos” (BOGÉA, 2002, p.48).
Antropólogos e arqueólogos assumem que o homem primitivo dançava como
sinal de exuberância física, rudimentar tentativa de comunicação e, posteriormente, já
como forma de ritual. Dançou-se assim desde tempos imemoriais, em trono de fogueira
e diante de cavernas: gestos rítmicos, repetitivos, ás vezes levado ao paroxismo,
serviam para aquecer os corpos antes da caça e do combate. Nas mais remotas
organizações sociais, a dança estava presente, celebrando as forças da natureza,
investidas bélicas, mudanças das estações. (PORTINARI, 1989, p.17)
Segundo as afirmações de Langendonck (2009), foram encontradas gravuras
de figuras dançando nas cavernas de Lascaux, na medida em que usavam essas
inscrições para relatar aspectos do dia-a-dia e de sua cultura, relacionada à caça, pesca,
morte e rituais religiosos, podendo dizer que essas figuras dançantes fizeram parte
desses rituais.
As danças primitivas eram executadas pelos homens das cavernas e seus
movimentos ficaram registrados na arte rupestre, isto é, em desenhos gravados em
rochas e paredes das cavernas.
Durante a Idade Média, na Índia e na China, a dança se apresentava de várias
formas. Na adoração de divindades, os dançarinos usavam máscaras e trajes coloridos
que acentuavam o poder de representação e de abstração.
Nas palavras de Cavasin (2004), podemos afirmar que os dançarinos
executavam movimentos acompanhados por cantos. Dançavam durante o ano novo
lunar, por ocasião das colheitas e para louvar os deuses.
Na Grécia antiga, o ideal de perfeição consistia na harmonia entre corpo e
espírito, os gregos deram muita importância à dança, pois desde os primórdios ela
aparece em mitos, cerimônias, literatura e como matéria obrigatória na formação do
cidadão. Além disso, a dança também era muito vinculada aos jogos, especialmente os
olímpicos. O corpo dos adolescentes simbolizava beleza aos gregos, considerado fonte
de inspiração para os artistas. Era preciso exercitar-se no esporte e na arte da dança
para se ter um corpo esbelto.
Sabemos que no império romano a dança teatral se dava através de
espetáculos variados que se apresentavam dançarinos que se considerarmos hoje
seriam apresentações circenses com acrobatas e saltimbancos. Já na Índia e China a
corte contava com os serviços dos escravos bailarinos para distrair a nobreza.
Durante vários séculos, essas manifestações artísticas, eram apresentadas
apenas para as nobrezas de cada sociedade, apenas com o passar dos anos o povo foi
tendo acesso ás exibições, transformando-se assim em teatro popular aquilo que até
então era privilégio de uma pequena minoria. (MOURA, 2007)
Segundo Nascimento (2002), no Renascimento a dança teatral, extinta em
séculos anteriores, por que predominava a participação feminina, reapareceu com força
nos cenários cortesãos e palacianos. Grandes modificações ocorreram, pois a partir
delas, passaram a ser utilizados elementos macabros, como fantoches com membros
disformes. Com isso, a igreja interveio de forma austera, reprimindo todas essas
manifestações de dança, pois a mesma representava o pecado aos olhos dessa
Instituição.
A dança clássica, como informou Bogèa (2002, p. 48), nasceu mais
aristocrática, nas cortes da Renascença, na segunda metade do século XVI. Primeiro
na Itália, depois na França, com o incentivo da Rainha Catarina de Médicis.
Já no século XIX, na França criou-se a contradança que definiram as danças
das cortes. As danças foram criando suas formas peculiares que se transformaram na
quadrilha, Valsa, Polca, Mazurca, Scottidh, Pás-de-quatro entre outras.
No século XX, surgiu o Boston, Cake-Walk, Maxixe, One Step, Fox-Trot e
Tango. A dança se expandiu também fora do espetáculo, principalmente nas tradições
populares.
Nascimento (2002) acredita que as danças folclóricas são originadas das
danças de cunho religioso, de dentro dos templos para as praças públicas. Dessa forma,
as manifestações religiosas passaram a tomar um caráter de manifestações populares.
A dança moderna surgiu a partir da idéia de contestação dos artifícios do balé
e de sua falta de contextualização aos problemas sociais da época. Ela se manifestou
num mundo governado por máquinas onde o ser humano buscava relações mais
sensíveis com a sociedade e consigo mesmo. (PORTINARI, 1989)
As reformas concebidas por Fokine que libertou os movimentos exagerados
dos gestos mímicos seguiam as aspirações dos pioneiros da dança moderna, mas os
passos e as posições do balé permaneceram os mesmos. Nijisky tentou ir mais longe
se utilizando de movimentos diferentes, mas aquela altura já estava familiarizado com
inovações da dança moderna. Depois dele, outros coreógrafos fizeram empréstimo á
dança moderna, tendência que se mantém até hoje e pode ser constatada em inúmeras
obras. Apesar da união ocasional, o balé dito clássico e a dança moderna seguiam e
seguem caminhos distintos, na visão de Portinari (1989, p. 133).
O balé veio para o Brasil com a corte de D.João VI, no inicio de século XIX.
Alguns dos grandes espetáculos que então se dançavam na Europa foram vistos por
aqui. Bem mais tarde, já em 1909, os balés Russos de Diaghilev passaram pelo Rio de
Janeiro, apresentaram no recém-fundado Teatro Municipal. Nijinski causou grande
sensação. Nos anos seguintes, o Municipal continuou a receber convidados, entre eles
uma bailarina russa maravilhosa, Maria Olenawa, e a companhia de Anna Pavlova.
(BOGÉA, 2002, p.77)
Atualmente, podemos classificar a dança de três formas distintas: folclórica,
étnica e teatral como ressalta Moura (2007), pois, durante alguns séculos a dança era
privilégio dos homens, e somente no decorrer dos anos é que as mulheres passaram a
praticá-la.
Hoje temos quatro tipos grandes de dança: danças clássicas, danças de salão,
danças moderna e danças rítmica (NASCIMENTO, 2002).
Na próxima parte, discutiremos os aspectos relativos à dança no contexto
brasileiro, suas origens e inserção cultural na nossa sociedade.
1.2. A dança no Brasil: algumas reflexões
A dança no Brasil originou-se dos mais variados lugares. Há uma mistura de
ritmo e som que faz as pessoas criarem cada vez mais passos e modos diferentes de
dançar. Por exemplo, os índios do Brasil, segundo Bogêa (2002), têm seus rituais
dançados ao som dos atabaques. Alguns aspectos de suas danças são preservados
até hoje.
No Brasil, a dança ligada à Educação Física surge na década de 1920 por
agregação de movimentos ginásticos em suas bases elementares. Já em 1940, foi
incluída na formação de professores de educação física, e gerou um núcleo que liderou
a disseminação da dança em diferentes modalidades, posteriormente tornando-se parte
dos currículos de licenciatura. Continuou a passar por transformações e em 1980 foi
reformulado a licenciatura e o bacharel, confirmando a necessidade dos professores de
educação física desenvolverem saberes e competências em relação à dança e suas
diferentes manifestações.
Para Marques (2007), nas décadas de 1980 e 1990, propostas de dança foram
contestadas por filósofos do minimalismo. Este se refere a uma série de movimentos
artísticos e culturais que percorreram diversos momentos do século XX. Preocuparam-
se em exprimir através de seus mais fundamentais elementos, especialmente nas artes
visuais, no design, na música e na própria tecnologia, o formalismo que descreve uma
ênfase da forma sobre o conteúdo, atestada pela ausência do coreógrafo e da recusa
de técnicas codificadas em prol do significado da dança. No período de 1990 surgem
evidencias de que o método dança educação vinha sendo fortalecido como proposta ao
trabalho corporal.
O Brasil é um país que tem na sua cultura popular expressões significativas,
que possibilitam inúmeras oportunidades de aprendizagem através de músicas, danças
e festas populares.
Côrtes (2000) afirma que as manifestações da cultura popular se modificam
juntamente com as mudanças da sociedade em que estão inseridas, sendo parte
fundamental dos diversos modos de pensar, sentir e agir de um povo, presentes em seu
contexto sociocultural historicamente construído.
No Brasil temos as classificações das danças por região onde cada uma
possui sua dança tradicional assim como as festas. A seguir, vamos citar algumas
danças das regiões com base no trabalho de Cortês (2000).
• Norte: Carimbó, Retumbão, Lundu da Ilha do Marajó, Xote Bragantino,
Vaqueiros do Marajó, Marabaixo, Batuque, Siriá, Boi-de-Máscara.
• Nordeste: Guerreiro, Frevo, Xaxado, Quilombo, Caninha Verde,
Maracatu, Caboclinhos, Ciranda, Coco, Capoeira.
• Centro-Oeste: Catira, Chupim, Cururu, Siriri, Engenho de Maromba,
Cavalhada.
• Sudeste: Ticumbi, Congos, Congados ou Congadas, Moçambique,
Catopês, Jongo, Caboclinhos ou Caiapós, Folias de Reis, Marujos, São Gonçalo,
Calango Mineiro.
• Sul: Caranguejo, Chimarrita, Pezinho, Balaio, Maçanico, Rancheira, Pau-
de-Fita, Tatu, Chula, Tirana do Lenço.
• Danças do Fandango Paranaense: Xará-Grande, Anu, Tonta e
Recortado.
Desta forma, iremos explicar uma dança de cada região concordando com as
idéias de Côrtes (2000).
• Na região Norte, o Carimbó é considerado um gênero musical de origem
indígena, porém, como diversas outras manifestações culturais brasileiras, miscigenou-
se e recebeu outras influências, principalmente negra. Seu nome, em tupi, refere-se ao
tambor com o qual se marca o ritmo, o carimbó. Surgida em torno de Belém na zona do
Salgado (Marapanim, Curuçá, Algodoal) e na Ilha de Marajó, passou de uma dança
tradicional para um ritmo moderno, influenciando a lambada e o zouk.

Figura 1. Dança típica da região Norte denominado como Carimbo


Na região do Nordeste, temos o frevo que é um ritmo musical e uma dança
brasileira com origens no estado de Pernambuco, misturando marcha, maxixe e
elementos da capoeira. Este estilo pernambucano de carnaval é um tipo de marchinha
bastante acelerada, que, ao contrário de outras músicas carnavalescas, não possui
letra, sendo simplesmente tocada por uma banda que segue os blocos carnavalescos
enquanto a multidão se diverte dançando. Apesar de parecerem simples ao olhar, os
passos do frevo são bem complicados, pois, esta dança inclui: gingados, malabarismos,
rodopios, passinhos miúdos e muitos outros passos complicados. Para complementar
a beleza da dança, eles usam uma sombrinha ou guarda-chuva aberto enquanto
dançam.

Figura 2. Dança típica da região do Nordeste denominada como Frevo


Temos também na região do Centro-Oeste a Catira ou cateretê, uma dança
do folclore brasileiro em que o ritmo musical é marcado pela batida dos pés e mãos dos
dançarinos, de origem híbrida, com influências indígenas, africanas e européias, a catira
(ou "o catira") tem suas raízes em Mato Grosso, Goiás e norte de Minas. A coreografia
é executada na maioria das vezes por homens (boiadeiros e lavradores) e pode ser
formada por seis a dez componentes e mais uma dupla de violeiros, que tocam e cantam
a moda.
Figura 3. Dança típica da região do Centro-Oeste denominada como Catira
Já na região Sudeste, o Ticumbi representa uma manifestação folclórica que
ocorre anualmente no estado do Espírito Santo, principalmente na cidade de Conceição
da Barra. Consiste na execução de coreografias por um grupo de pessoas trajadas
segundo as tradições pelas ruas da cidade, acompanhados de música executada por
pandeiros. Suas raízes remontam a cerimônias africanas, mas atualmente é executado
em homenagem ao santo católico Benedito.
Figura 4. Dança típica da região Sudeste denominada como Ticumbi
Temos ainda na região Sul a Chimarrita, também chamada Chamarrita ou
Limpabanco. É uma dança típica do folclore gaúcho. Originária dos Açores e Ilha da
Madeira, a chimarrita é uma das danças mais populares do fandango gaúcho. Além do
Rio Grande do Sul, a chimarrita também é dançada e cantada nos estados de São Paulo
e Paraná, ao som de "harmônica" (gaita). Indumentária: traje à moda gaúcha. Também
se encontra a chimarrita no Uruguai, onde é considerada um dos ritmos de raiz mais
populares.
Figura 5. Dança típica da região Sul denominada como Chimarrita
Conforme citado por Toneli (2007), a Dança de Salão, é um exemplo de Dança
Popular também conhecida como Dança Social ou de Sociedade. É a dança praticada
nos bailes e reuniões sociais que tem o objetivo de socializar e divertir. Quanto à sua
nomenclatura, explica que o termo de salão, é devido à necessidade de salas grandes,
para que se possam realizar as evoluções das danças.
Mesmo reconhecendo as dificuldades para especificar os locais de ocorrência
de muitas danças, Côrtes (2000), acredita que deve ser adotada a divisão do Brasil em
regiões proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por agrupar
os estados com traços físicos, humanos, econômicos, sociais e históricos comum, e ser
amplamente utilizada nas escolas, permitindo que este trabalho seja fidedigno a sua
proposta maior.
Atualmente, a dança na perspectiva da cultura corporal é promotora de
desenvolvimento e autonomia corporal que segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1998) – PCNs de Educação Física, a dança se classifica como um
de seus conteúdos, possibilitando o desenvolvimento da cultura corporal na comunidade
escolar.
Nas palavras de Pereira (2006), a Educação Física não exclui o conteúdo de
dança de seu campo de atuação. Ao contrário, é esta que ela vem tentando incluir na
formação do currículo escolar. O ensino de dança na escola deve ser também de
responsabilidade do professor de Educação Física.
2. A dança na escola: desafios da prática pedagógica
Consideramos a educação formal como possibilidade de socialização de
conhecimentos sistematizados e a dança como um conteúdo da Educação Física,
expressão da corporeidade de nossos alunos.
Para Laban (1990, p. 108), quando criamos e nos expressamos por meio da
dança ao executarmos e interpretarmos seus ritmos e formas, preocupamo-nos
exclusivamente com o próprio movimento.
Por isso, pensamos na importância da aprendizagem do movimento e da
exploração da capacidade de se movimentar, defendendo a presença da dança na
escola de forma criativa. No entanto, cabe questionarmos: Qual o sentido da dança na
escola?
Barreto (2004) destaca os diferentes motivos que justificam a importância e a
viabilização do ensino de dança na escola: propiciar o autoconhecimento; estimular
vivências da corporeidade na escola; proporcionar aos educandos relacionamentos
estéticos com as outras pessoas e com o mundo; incentivar a expressividade dos
indivíduos; possibilitar a comunicação não verbal e os diálogos corporais na escola;
sensibilizar as pessoas, contribuindo para que elas tenham uma educação estética,
promovendo relações mais equilibradas e harmoniosas diante do mundo,
desenvolvendo a apreciação e a fruição da dança. (BARRETO, 2004, p. 66)
De acordo com Ferreira (2009), a dança na escola aparece como facilitadora
de momentos de prazer, espontaneidade e criatividade, respeitando a individualidade e
limitações de cada um, e estimulando o desenvolvimento dos alunos forma consciente
e integral.
Visto a importância do ensino da dança na escola, discutiremos na sequencia
a dança segundo os PCNs.
2.1. A dança nos PCNs de Educação Física
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p.13) são referenciais
para a Educação no Ensino Fundamental em todo o País, que tem como função orientar
os professores em sua prática pedagógica.
Segundo o Coletivo de Autores (1992, p. 41), “a Educação Física é uma
disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área
denominada de cultura corporal”. No PCN de Educação Física (1997, p. 23), “dentre as
produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física
em seus conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta”.
A partir da afirmação acima de que a dança sendo um conteúdo da Educação
Física, podemos falar sobre a dança nos PCNs.
De acordo com Marques (2007, p. 15), “em 1997, a Dança foi incluída nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e ganhou reconhecimento nacional como
forma de conhecimento a ser trabalhado na escola”.
Os PCNs são, portanto uma alternativa para que professores que porventura
desconheçam as especificidades da dança como área do conhecimento possam atuar
de modo a ter alguns indicativos para não comprometer em demasia a qualidade do
trabalho artístico-educativo em sala de aula (MARQUES, 2007, p.36).
Os conteúdos de Educação Física no Ensino Fundamental nos PCNs (1997),
são divididos em três blocos: esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rítmicas e
expressivas; e conhecimentos sobre o corpo. A dança está inserida no bloco das
atividades rítmicas e expressivas como uma manifestação da cultura corporal.
Segundo os PCNs este bloco de conteúdos acima citado irá contemplar:
... as manifestações da cultura corporal que tem como características comuns
a intenção de expressão e comunicação mediante gestos e a presença de estímulos
sonoros como referência para o movimento corporal. Trata-se das danças e brincadeiras
cantadas. (BRASIL, 1997 b, p.51)
De acordo com o PCN de Educação Física (1997), o conteúdo dança faz parte
do documento de Arte, sendo que, a dança nos PCNs de Educação Física só vem a
complementar o bloco de dança do documento de Arte, onde o professor encontrará
mais subsídios para o trabalho da dança como linguagem artística.
Segundo Barreto (2004, p. 119), as atividades a serem trabalhadas no bloco
de atividades rítmicas e expressivas são as danças brasileiras, urbanas e eruditas, as
danças e coreografias associadas a manifestações musicais, brincadeiras de roda e
ciranda.
Os PCNs (1997) sugerem uma lista de danças e outras atividades rítmicas
e/ou expressivas: danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé, catira,
bumba meu boi, maracatu, xaxado, etc.; danças urbanas: rap, funk, break, pagode,
danças de salão; danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz; danças
e coreografias associadas a manifestações musicais: blocos de afoxé, olodum,
timbalada, trios elétricos, escolas de samba; lengalengas; brincadeiras de roda,
cirandas; escravos-de-jó.
Os PCNs afirmam que, por meio das danças e brincadeiras os alunos poderão
conhecer as qualidades do movimento expressivo, conhecer algumas técnicas de
execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capazes de improvisar, de construir
coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas
manifestações expressivas.
Discutiremos na seqüência quais os benefícios que a dança pode proporcionar
sendo aplicada como conteúdo nas aulas de Educação Física nas escolas.
2.2. Benefícios da dança na escola
A escola é uma instituição voltada à educação formal que tem como objetivo
sistematizar conhecimentos, assim como o legado cultural produzido pelo homem ao
longo do tempo, visando à formação humana e crítica dos cidadãos.
Rangel (1996) afirma que é na escola que o indivíduo tem acesso a um número
bastante diversificado de informações, conhecimentos, normas, valores e atitudes.
Neste contexto, a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno
possa desenvolver todos os domínios do comportamento humano.
Para que o professor contribua efetivamente na formação de estruturas
corporais mais complexas, ele poderá se utilizar da dança, tanto no aspecto biológico
que é sua especificidade, mas também na questão da formação humana.
É possível afirmar ainda segundo Friedrich (2001), que a dança como
processo educacional pode contribuir para o aprimoramento das habilidades básicas,
dos padrões fundamentais do movimento, no desenvolvimento das potencialidades
humanas e sua relação com o mundo.
Nas palavras de Manfio; Paim (2008), a dança é um conteúdo muito
importante para que o aluno consiga desenvolver seu autoconhecimento, liberar as
tensões, além de proporcionar um encontro da coordenação e da harmonia dos
diferentes movimentos corporais.
O trabalho da dança educacional segundo Rangel (1996), quando preocupado
em deixar fluir dos educandos suas emoções, seus anseios e desejos dos movimentos
que não necessariamente envolvam a técnica, permitirá que o sujeito se revele e
desperte para o mundo, numa relação consigo e com os outros, de forma consciente.
De acordo com Manfio; Paim (2008) temos na dança educação uma
oportunidade de desenvolvermos atividades corporais artísticas na escola, com o
objetivo de desenvolvimento não apenas das capacidades motoras das crianças, mas
como de suas capacidades imaginativas e criativas.
A dança pode propiciar o autoconhecimento, estimular vivência da
corporeidade na escola, proporcionar aos educando relacionamentos estéticos com as
outras pessoas e com o mundo, incentivar a expressividade dos indivíduos, possibilitar
a comunicação não verbal e os diálogos corporais na escola, sensibilizar as pessoas
contribuindo para que elas tenham uma educação estética, promovendo relações mais
equilibradas e harmoniosas diante do mundo desenvolvendo a apreciação e a fruição
da dança. (BARRETO, 2008, p.66)
Ao vivenciarmos a dança, seja em expressão artística, recreativa, expressão
humana, de sentimentos, entre outras, podemos dizer que tais concepções podem
enriquecer muito o trabalho do professor conjunto à educação física, considerando que
ambas as áreas são complementares.
Segundo Pereira (2006), apesar de áreas distintas, cada qual possuindo seu
próprio campo de conhecimento e objeto de estudo, a dança é considerada como um
conteúdo a ser trabalhado pela educação física escolar.
A dança pode contribuir para a área da educação física na medida em que,
através da experiência artística e da apreciação, estimula no individuo os exercícios da
imaginação e da criação de formas expressivas despertando a consciência estética,
como um conjunto de atitudes mais equilibradas diante do mundo. (BARRETO, 2004,
p.117)
Devemos ressaltar que a dança pode ser desenvolvida pela educação física
também em outros espaços de prática no lazer como: clubes, academias, escolas
especializadas de dança.
Nas palavras de Santos (2005), cada vez mais a dança vem sendo incluída
nos currículos escolares ou extra-escolares. Devido aos métodos e processos livres
utilizados por esta disciplina, as crianças têm a possibilidade de aprender pelas
experiências do próprio corpo, e agirem livremente no espaço em que vivem, interagindo
com as pessoas que as cercam.
Considerações finais
Após o levantamento bibliográfico, verificamos que a dança é um conteúdo
que pode ser aplicado tanto nas escolas nas aulas de Educação Física como também
no contexto do lazer, em clubes e escolas especializadas de dança, trazendo inúmeros
benefícios aos seus praticantes.
Constatamos também a importância da presença da dança no âmbito escolar,
pois além de ser uma vivência corporal prazerosa e saudável, poderá proporcionar o
bem-estar, a interação, trabalhando aspectos motores, psicológicos e cognitivos,
contribuindo para o fortalecimento do vínculo social e afetivo.
Concluímos assim, que a dança pode favorecer a formação humana, fazendo
com que os alunos conheçam essa arte, vivenciando suas diferentes manifestações.
Então por que não começarmos hoje essa prática que traz tantos benefícios.
Referências
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Paulo: Autores associados, 2004.
• BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Educação física /Secretaria de educação Fundamental._Brasília: MEC/ SEF,
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• BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
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• CAVASIN, C. R. A dança na aprendizagem. Curso de Pós-Graduação em
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• COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física.
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• CORTES, G. P. Dança Brasil: festas e danças populares. Belo Horizonte:
Leitura, 2000.
• FERREIRA, S. S. Dança na escola: um processo de criação. Campinas:
UNICAMP, 2009. 80 p. Dissertação (Mestrado), Curso de Pós-Graduação em
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• FRIEDRICH, J. C. A Dança de salão nas aulas de Educação Física.
Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1912-
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