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1 INTRODUÇÃO
2 HISTÓRIA DA DANÇA
Não se sabe exatamente como surgiu, o que se sabe é que ela existe desde o início
da humanidade. “A dança nasceu da necessidade de expressão uma emoção, de uma plenitude
particular do ser, de uma exuberância instintiva, de um apelo misterioso que atinge ate o
próprio mundo animal” (CAMINADA, 1999, apud FERREIRA 2004, p17).
Segundo os estudos Fahlbush (1990) apud Bregolato (2000, p. 73), “os primeiros
documentos sobre a origem pré-histórica dos passos de dança, são provenientes de
descobertas das pinturas e esculturas gravadas nas pedras lascadas e polidas das cavernas”. Na
África e no sul da Europa, foram encontradas pinturas rupestres de dançarinos nas paredes das
cavernas. Em determinada época os homens “primitivos” só registravam nas paredes coisas
importantes, como afirma as bases teóricas da arqueologia, ciência que estuda o homem em
suas manifestações artísticas e culturais, tais como “a caça, a alimentação, a vida e a morte, é
possível que essas figuras dançantes fizessem parte de rituais de cunho religioso” (FARO,
1986, p. 13).
Alguns estudiosos como Portinari citado por Ferreira (2004, p. 17), em suas
expressões artísticas e sua leitura histórica aponta a existência da dança antes mesmo da
própria existência do homem, “a dança precedeu o homem”. A dança nasceu da necessidade
que o homem tinha de se expressar e da ligação do homem com os deuses e a natureza. “O
homem se movimenta a fim de satisfazer uma necessidade”. Laban (1978, p. 19). A arte da
dança se fazia presente em todos os acontecimentos do homem primitivo: morte, guerra,
nascimento, colheitas, casamento, acasalamentos e outros e tinha muitos significados.
Segundo, Caminada (1999) apud Ferreira (2005, p. 17):
abordagem analítica ao movimento negro pela dança. No campo das ciências, pesquisadores
acreditam que estudando a dança de várias culturas, dentre elas a de origens afro, os estilos e
formas de dançar de um povo/nação podem revelar muita coisa sobre seus costumes, valores e
em geral seu modo de vida. Os antropólogos e arqueólogos “assumem que o homem
‘primitivo’ dançava como sinal de exuberância física, rudimentar tentativa de comunicação e,
posteriormente, já como forma de ritual”. (PORTINARI, 1989 apud FERREIRA, 2004, p.
18). Para FARO (1986, p. 13) “A arqueologia não deixa de indicar a existência da dança como
parte integrante de cerimônias religiosas, parecendo correto afirma-se que a dança nasceu da
religião, se é que não nasceu junto com ela”. Assim como as ciências sociais mantêm a
relevância de estudo sobre o surgimento da dança afro e suas influências na construção
cultural do povo brasileiro, manifestações essas ainda presentes em cultos religiosos não só de
ordem africana, como também no sincretismo que envolve as demais religiões no país. Ainda
Faro (1986, p. 13) nos relata que:
faziam parte da educação de seus jovens. Na Idade Média, a igreja proibiu as danças teatrais,
essas danças apresentavam movimentos sensuais e exuberantes que ia de encontro aos
dogmas do catolicismo arcaico. Essa proibição tinha como objetivo abolir a dança teatral e o
culto aos deuses. Em fugas as normas impostas pelo clero, os dançarinos continuavam a
dançar e realizavam suas apresentações em aldeias e feiras, fazendo com que a dança teatral
se mantivesse viva. Já no final da Idade Média a dança passa a se tornar parte dos
acontecimentos festivos da sociedade monárquica e clerical.
No Renascimento a cultura ganha força pelo retorno da filosofia greco-romana, o
humanismo manifesta-se pela arte e a dança teve um grande desenvolvimento. Os nobres
Italianos começaram a contratar mestres de dança para criar espetáculos, que serviam de
entretenimento entre a nobreza. Nessa época essas danças eram chamadas de “balletti” ou
“balli”. Os nobres ofereciam os espetáculos uns aos outros e cada um queria preparar o
melhor e maior espetáculo. Grandes personalidades como Leonardo da Vinci eram
convidados a participar criando os figurinos. Nessa época a dança passou a ter um significado
filosófico, acreditavam que a harmonia dos movimentos da dança refletia a harmonia no
governo, na natureza e no universo, pensamento de centralização de poder e ordem exercida
pela coroa e seus governantes como princípios literários da burguesia européia. O movimento
que deu grande importância à liberdade de expressão individual e pessoal foi o Romantismo,
a dança passa a partir desse movimento a ter outras características, a maioria dos balés se
apresentavam em torno das lendas de deuses (a) e mitos, mas com o Romantismo passaram a
tratar de pessoas comuns. Muitos enredos de balés do século XIX tinham como personagens
seres imaginários, como fadas e sílfides (espíritos do ar).
No século XIX, as danças sociais, começaram a se popularizarem na América e na
Europa, levados pela expansão cultural das nações colonizadoras, enriquecendo a formação de
povos/nações mesmo que por mecanismo de desigualdades sociais. Outra vez, a nobreza em
vez de lançar moda, imitava os camponeses que dançavam valsas e polcas. A partir de 1900, a
dança começa apresentar várias formas e estilos. Com a chegada da dança moderna, que tem
como base a liberdade de expressão, a dança passa por um grande momento de transformação
e experimentação, é necessário uma abordagem critica que muitos dos modelos expressivos
da arte da dança têm seu cunho eurocêntrico e de aculturação, uma postura de posse cultural
dos mais inúmeros elementos surgidos em suas camadas de população com menor
acessibilidade à corte. Na atualidade temos a dança contemporânea que é “tudo aquilo que se
faz hoje dentro dessa arte. Não importam o estilo, procedência, os objetivos nem a forma. È
tudo aquilo que é feito em nosso tempo, por artistas que nele vivem”, FARO (1986, p. 124)
16
Tem sido contínuo - atualmente, chega a ser vertiginoso, com uma incrível
variedade de propostas que nos dão à medida exata, não apenas das pesquisas que
sobre ela se realizam, mas, principalmente, de sua constante e permanente
atualização. Isso nos permite dizer que a dança, em suas diversas manifestações,
está de tal modo ligada à raça humana que só se extinguirá quando esta deixar de
existir.
Os negros africanos utilizavam a dança para os fatos existentes na sua vida. Para
eles, transmitir o saber era de fundamental importância, o que era feito através da
dança. Todos os fatos ocorridos, como nascimento, plantio, colheita, saúde, morte,
eram comemorados pelos ancestrais com a dança. Na África do Sul, nos conflitos
raciais, os negros dançavam contra o regime que os oprimiam. Até mesmo nos
cultos religiosos, o candomblé, a dança está presente. (Citado por OLIVEIRA,
1992, p. 31).
Observamos que a dança é considerada pelo o povo Africano, algo sagrado, que vai
além do entendimento humano. Então, porque essa dança é tão marginalizada? Apesar desses
fatos serem decorrentes de uma formação histórica social em que o negro é inferiorizado por
ideologia racista do sistema políticos/colonialistas brasileiro, apontando-o sempre como um
elemento de submissão aos mais variados dogmas culturais de raízes eurocêntricas.
19
Já a coletividade estar presente na vida dos povos africanos não só em suas danças
como em todos seus modos próprios de vida. Nas características de vida em coletividade o
Assman citado por Lima (2007, p. 01) diz que:
Não se tem registro de quando e onde se dançou pela primeira vez em Açailândia,
mas acreditamos que desde o surgimento da cidade as manifestações dançantes se fazem
presentes. De acordo com o relato do historiógrafo Evangelista Mota, assim que surgiu a
cidade de Açailândia que na época era distrito de Imperatriz – MA, tinha um clube na cidade
que foi considerado o primeiro clube social, onde aconteciam freqüentemente festas de forró,
e “as pessoas dançavam um forró meio corrido e deslizado”.
No ano de 1982, o médico Walter Maxuel que chegou a cidade no ano anterior,
relatou que soube da existência de uma manifestação cultural de bumba meu boi na cidade,
como ele era brincante de bumba meu boi na cidade de São Luís, capital do estado do
Maranhão, foi logo saber informações sobre essa manifestação cultural, e, assim ele descreve
a brincadeira:
Foto 01 – Caminhada do grupo Dançarte com o grupo Abanjá nas ruas de Açailândia 2005
Fonte: CDVDH
___________________
1. Nome dado à cidade de Açailândia pela grande concentração de siderúrgicas.
3 HISTÓRIA DA DANÇA NA EDUCAÇÃO
Embora as Diretrizes situem a dança como uma das linguagens do ensino de arte
nas escolas, ela é apresentada ora como complemento das aulas de música,
sobretudo quando se estudam as manifestações populares, ora como conteúdo da
Educação Física, quando aparece nas comemorações cívicas do calendário escolar.
Quando a dança finalmente é oferecida no ambiente escolar como uma atividade
em si, aparece como disciplina optativa de caráter extracurricular.
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Podemos entender que o próprio PCN, não trata a dança como uma área de
conteúdos e conhecimentos específicos, sendo sempre colocada ou apresentada através de
outras áreas. Não é interesse nosso nesse trabalho apresentar a dança como disciplina
especifica, mas, é imprescindível que não deixemos de perceber a importância que a mesma
exerce sobre quem a pratica. Não podemos deixar que os educandos não a vivencie, sendo
importante entendermos que a mesma exerce um papel de fundamental importância no
desenvolvimento do ser humano como um todo.
Durante a pesquisa sobre o assunto dentro do PCN artes, podemos perceber como
tem sido tratado a dança e como ela é apresentada para os nossos professores e alunos. A
ineficácia do conteúdo apresentado é contrária aos anseios dos alunos e não sastifazem as
necessidades dos professores de outras áreas do conhecimento que se apropriam da dança
como processo de educação, assim sendo, a dança passa apenas por um momento de mostra
em eventos da escola, deixando de assumir seu papel na construção do aprendizado e
verificado para orientar uma pratica de dança que venha a satisfazê-los, provocando um
processo que vá além do movimento. Segundo Marques, (2001, p. 38) “a necessidade de
valorização da arte como forma de conhecimento indispensável ao ser humano é, para mim,
inegável e inquestionável”.
“O ser humano dançou antes de falar”. Esta foi sua primeira manifestação social
que sempre serviu para auxiliá-lo a afirmar-se como membro da sociedade observa Collier
(2008). Se o ser humano dançou antes de falar, então a dança foi primeira forma de
comunicação usada pelo homem. “Cada cultura transportou seu conteúdo às mais diferentes
áreas como a Arte, a Musica e a Pintura. Dentre elas, as danças absorveram a maior parte
dessa transferência”. (CAVASIN, 2003, p. 11). Em várias épocas e povos aqui relatados,
percebemos que a dança, sempre foi usada para educar. Os povos acreditavam que a dança
desenvolvia habilidades no homem, e que essas habilidades poderiam ser usadas também, na
caça, lutas, colheitas e em vários outros momentos.
Com todos os dados históricos acima apresentados, podemos perceber a dança
sempre acompanhada de um ato de ensinar e aprender, tanto na parte religiosa, quanto
profana. Para Nóbrega (1992) apud OLIVEIRA (2007) “Os negros africanos utilizavam a
dança para os fatos existentes na sua vida, para eles, transmitir o saber era de fundamental
importância, o que era feito através da dança”.
Desde o Renascimento a dança exerceu um papel importante no processo
civilizatório da e na educação. Os nobres também tiveram parte nesse processo de evolução
histórico/educacional da dança. Para Tarkoviski (1988), citado por SANTOS; FIGUEREDO,
26
“a dança é uma das expressões significativas que integra o campo de possibilidades artísticas,
contribuindo para a ampliação da aprendizagem e a formação humana”.
Para Béjart, citado por Garaudy, (1980, p. 10):
Dançar é tão importante para uma criança quanto falar, contar ou aprender
geografia. É essencial para a criança, que nasce dançando, não desaprender essa
linguagem pela influência de uma educação repressiva e frustrante... O lugar da
dança é nas casas, nas ruas, na vida.
A dança, em minha opinião, tem como finalidade a expressão dos sentimentos mais
nobres e mais profundos da alma humana. Aqueles que nascem dos deuses em
nós... A dança deve implantar em nossas vidas uma harmonia que cintila e pulsa.
Ver a dança apenas como diversão agradável e frívola é degradá-la.
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Foto 03 - Coreografia Bate Lata e Retirante Ruralista – Vila Bom Jardim – Açailândia – MA.
Fonte: CDVDH
A idéia do CDVDH sempre foi desenvolver o ser humano com um todo, não só na
dança, mas, o grupo não tinha a mesma intenção, na verdade o grupo queria mesmo era
aprender a dançar para desenvolver seus potenciais como dançarino(a)s. Com o passar do
tempo, fomos percebendo que tínhamos que ir além dos movimentos de dança. Foi uma
mudança inicialmente difícil e árdua, pois nós somos submetidas a um verdadeiro massacre
pelas redes de comunicação, que bombardeiam nossa mente usando músicas superficiais
apelando para exploração do corpo, como é o caso do “Tchan” e os “Funks” de hoje “O
processo, assim, torna-se bem mais importante que o produto” Marques (2005, p. 113). O
grande desafio era buscar alternativas para resgatar a verdadeira essência da dança e descobrir
como usá-la como mecanismo de conscientização e denuncias. A partir desse momento,
surgiram diferentes coreografias, diferentes temas, músicas selecionadas e escolhidas por uma
equipe de acordo com os trabalhos que se desenvolvia no CDVDH.
Mas é necessário que ele mesmo conheça a si próprio, tenha uma visão crítica,
saiba a extensão do seu potencial, reconheça as suas virtudes e também os seus
pontos frágeis, para que possam ser trabalhados, superados ou quando na
impossibilidade, conviver em harmonia com eles. (SAMPAIO, 2001, p.21)
interpretada pela banda Beijo) em 2001, Pérola Negra (música interpretada por Daniela
Mercury) em 2002.
Canto das Três Raças (de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, interpretada por
Clara Nunes) em 2003.
Foto 05 - coreografia Canto das Três raças, espaço cultural do CDVDH – Açailândia – MA.
Fonte: CDVDH
Viver e não ter a vergonha de ser feliz (o que é, o que é? Interpretado por
Gonzaguinha) 2004, o espetáculo – A Perseguição contra a Libertação, em 2005.
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Foto 06 – A Perseguição contra a Libertação, em 2005, quadra da Igreja São Francisco em Açailândia – MA.
Fonte: CDVDH
Comemoração do aniversario do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos
Humanos de Açailândia, “10 anos de CDVDH” em 2006.
Foto 08 – Espetáculo Quilombagem em 2007, Teatro João do Vale em São Luís – MA.
Fonte: CDVDH
Foto 09 – Espetáculo O outro lado da história em 2008, espaço cultural do CDVDH – Açailândia – MA.
Fonte: CDVDH
Nas inúmeras apresentações que o grupo já realizou, acreditamos ter levado uma
mensagem de amor, indignação, alegria, denúncia e grito de liberdade, expressando nossos
sentimentos, idéias e indignações através da Arte à Serviço de uma Cultura Libertadora, de
forma lúdica, sem o detrimento da técnica. Desde a sua criação, já passaram mais de mil
crianças e adolescentes pelo grupo. No inicio, era apenas uma (01) turma mista de crianças e
adolescentes e um (01) educador. Hoje o grupo cresceu e são mais de 170 crianças e
adolescentes inseridos diretamente no grupo, sendo 06 turmas de dança: 02 de crianças de 07
a 12 anos e 04 turmas de adolescentes e jovens de 13 a 22 anos, divididas por níveis de
aprendizagem - iniciantes, intermediarias e avançadas, com 03 educadores(a) Obs.: as duas
educadoras foram iniciadas e formadas no grupo e começaram como voluntárias.
Foto 10 Turma Afixirê – Nível avançado – Foto 11 Turma Arte Movimento Negro – Nível
Adolescentes e jovens – Sede CDVDH Intermediário – Adolescentes - Sede CDVDH
Fonte: CDVDH Fonte: CDVDH
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Foto 12 Turma Arte Negra – Nível Intermediário - Foto 13 Turma Balé Negro – Nível Iniciante -
Adolescentes – Núcleo do Jacu Crianças e Adolescentes – Sede CDVDH
Fonte: CDVDH Fonte: CDVDH
Fonte: CDVDH
descrições das ações de trabalho para o ano seguinte as previsões financeiras. Esse
projeto é feito pela coordenação das atividades culturais. Se projeto for aprovado, a
verba é destinada ao CDVDH em duas parcelas: uma no inicio do ano e outra no
meio do ano após prestação de contas do primeiro semestre;
_____________
2. Uma organização não governamental para o desenvolvimento (ONGD) católica, de voluntários.
Nasceu como uma campanha pontual contra a fome e a partir de 1978 tem plena personalidade jurídica,
canônica e civil, como organização, passando a se chamar Manos Unidas.
2. As Avaliações e Planejamentos: A equipe das atividades culturais, dança, teatro e
capoeira, se reúnem durante uma semana para avaliar as ações do ano ou semestre
anterior e discutir e planejar a ação para o semestre ou ano seguinte;
3. As Inscrições: Para se inscrever no grupo DANÇARTE, os educandos (menor de
idade) têm que se dirigir acompanhados dos pais ou responsáveis até a sede do
CDVDH ou ao núcleo onde será realizada a atividade, preencher uma ficha de
inscrição, as inscrições serão feitas pelos educadores com a ajuda de alguns
voluntários, nos anos anteriores às inscrições eram feitas pela coordenação;
4. O Diagnóstico: è realizado com o objetivo de saber os anseios individuais de cada
educando, as características de cada turma e suas expectativas;
5. As aulas: começam com uma parte teórica sobre dança: origem, função,
classificação e outros. Depois partimos para abordagem pratica da dança:
aquecimento, alongamento, aula “conteúdos específicos” e relaxamento; As aulas
seguem uma seqüência progressiva, para iniciar as aulas é necessário que os
educandos estejam usando uma vestimenta que não comprometa a realização dos
movimentos, essa vestimenta é doada pelo projeto após a chegada da primeira parte
do recuso e é composto por camiseta e calça/corsário; Antes de começar à aula,
realizamos uns momentos espirituais, com uma oração, respeitando todas as
manifestações religiosas;
6. Das Formações: acontecem uma vez por mês e é realizada por uma equipe de
adolescentes que compõe as atividades culturais. Geralmente as palestras são
ministradas por educandos que já participam das atividades a mais de um ano;
7. As Apresentações: é uma outra etapa importante nesse processo, na preparação das
coreografias os educandos participam da construção junto com o educador, os
mesmos pesquisam, questionam e criam as coreografias. Tais coreografias são
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O grupo conta hoje com uma equipe de três educadores, para ser um educador
de dança do grupo precisa passar por um verdadeiro caminho de mudanças intrapessoais.
Tem que ser um educador como descreve Freire (2007): “As palavras a que falta a
corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo”. Um
educador no CDVDH e no grupo DANÇARTE, tem que assumir que os seus atos falarão
muito mais que suas palavras, seu comportamento muito mais que os seus passos de dança.
O educador de dança tem que ser um exemplo de vida, assumindo um comportamento de
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1 Como você acha que o grupo Dançarte contribui com a formação humana dos
educandos?
Educadora 01: Abrindo nossa mente para enxergar o mundo lá fora e construir
a nossa própria identidade. Além de aprender a dançar; Educadora 02: A questão das
formações que eles recebem e podem está usando lá fora na vida. Coordenação: Ao longo
destes anos, pude perceber que a auto-estima, a relação com o seu corpo e do outro, a
socialização tem crescido de uma forma bem perceptível e isso vem se estendendo para o
meio social em que eles vivem. Família 01: Depois que ela começou a participar das aulas
ela melhorou muito em casa e na escola. Família 02: Antes dela participar do grupo, ela era
muito quieta agora ela está mais animada e interessada e melhorou muito a socialização
com os colegas. Família 03: Minha filha desenvolveu muito, cresceu pessoalmente e minha
sobrinhase tornou-se mais responsável com os seus afazeres, acho que isso é por causa das
aulas no grupo. Agente do Bairro: Os meninos que estão envolvidos nas atividades se
distanciam das drogas e da prostituição. O que é ensinado não é só dança, mas a viver e ter
dignidade. Professor 01: O que dar para percebermos é que eles não aprendem só a dançar;
Professor 02: Com o aceso à arte e a cultura de forma gratuita.
não os vejo fazendo isso. Família 02: Às vezes sim às vezes não, mas acredito que é mais
pra sim. Família 03: O grupo Dançarte trabalha a pessoa como um todo procura
desenvolver e conscientizar o caráter humano de cada participante. Agente do Bairro:
Sim, os que participam se comunicam mais.
3 Você acha que a ideologia do CDVDH e do grupo Dançarte “defender a vida onde
for mais ameaçada e os direitos humanos onde forem menos reconhecidos com
atenção privilegiada aos mais pobres e oprimidos” é verdadeiramente vivida dentro
do grupo? Justifique sua resposta.
Educadora 01: Não é vivida. Eu acredito que o entendimento com o objetivo
eles tem, mas, falta mais tempo ou uma abertura de mente maior para ter isso como foco
principal para começar a viver a filosofia do Centro; Educadora 02: Ainda não, muitos
estão no grupo pela dança, ainda não amadureceram como ser humano para abraçar a causa
do CDVDH; Coordenação: Acredito que este artigo constado no Estatuto do CDVDH é o
combustível que faz mover as ações do nosso dia-a-dia. Não poderia ser diferente com as
atividades culturais, neste caso a dança. Digo isso porque todas as coreografias trabalhadas
ao longo destes oito anos, todas as musicas selecionadas para tais montagens tem uma
proposta que é levar uma mensagem de vida, esperança e arte, sobretudo para os menos
favorecidos; Agente do Bairro: Minha resposta é não, mas não sei dizer por quê.
Professor 01: De positivo destacamos o acesso à arte e a cultura; Negativo é que o grupo
poderia se destacar mais no cenário regional e nacional; Professor 02: Eu acho que só em
possibilitar que esses jovens artistas se apresentem com uma identidade cultural definida é
um avanço; Negativo é que eles precisam se preparar mais; Família 01: Positivo é o
aprendizado que eles podem ter; De negativo acho que tem alguns que vem para a aula e
ficam brincando; Família 02: Positivo, estimula o interesse pelo aprendizado na escola;
Negativo, muitas crianças não levam as aulas a sério; Família 03: Positivo é a organização
como um todo e negativo às vezes sem perceber deixando algumas crianças magoadas;
Agente do Bairro: Positivo é as próprias aulas e a participação deles e negativo tem
momentos que me acho excluída, isso pra mim é negativo.
Partindo das informações apresentadas pelos entrevistados, se faz necessário
justificarmos a escolha desses questionamentos, por entendemos que a entrevista com
pessoas de acesso aos educandos foi primordial para descobrirmos como, e se o grupo
Dançarte contribui com a formação humana dos educandos, nossas questões norteadoras se
construíram por base da filosofia do grupo e vivencias com a comunidade pesquisada.
Demonstrar esse diálogo com os entrevistados nos permitiu visualizarmos os
resultados do ponto de vista positivo e negativo, sobre a fala aqui apresentada é perceptível
pontos discordantes no momento de convivência direta entre família, professores,
coordenação, este fato se revela pela postura de função de contato exercido por cada
entrevistado, além de pontuarmos sobre a convivência, é instigante a rotina no que se refere
à filosofia aplicada como processo de ensino/aprendizagem aos educandos, muitos se
encontram no Centro de Defesa pela arte de aprender a dançar, sem ao menos conseguir
assimilar tais modificações em um espaço de tempo inicial, que beneficiem sua própria
conduta de vida, é comum observado pelas entrevistas, as mudanças comportamentais a
quem já participa do grupo em tempo de permanência continua, no resgate de valores, no
desenvolvimento da cidadania plena, e pontuarmos apenas os momentos positivos desse
encontro não nos garantiriam a sobrevivência do mecanismo de trabalho e o ordenamento
das estruturas funcionais pelo CDVDH.
Na base foco da pesquisa, manteve a abordagem quantitativo com o método
estático para apresentar o resultado da entrevista realizada com 73 educandos que
compreende o gênero masculino e feminino entre a faixa etária de 07 a 23 anos sendo
selecionados por amostragem das atividades vinculadas em um período de 01 semana com
intuito de analisar aspectos de formação sócio educacional aos que estão no grupo num
41
espaço de 02 meses aos mesmos que estão num período de 07 anos. Os dados apresentados
abaixo percorrem dois momentos, um que se direciona a questionarem os educandos antes
da sua entrada no grupo e o segundo depois de sua estada no grupo, também podemos
refletir nos resultados colhidos quanto à experiência e capacidade de entendimento
atendendo aos seus limites de idade, sexo, religião e intelectualidade.
No quadro demonstrativo segue questões norteadoras para entrevista com os
alunos do grupo Dançarte, foi selecionado questões comparativas na estruturação e leitura
dos gráficos apresentados em seqüência.
Questionário de pesquisa com o grupo DANÇARTE
Antes de entrarem no grupo você apresentava? SIM NÃO
Depois que você entrou no grupo DANÇARTE, o que mudou? SIM NÃO
Depois que você entrou no grupo DANÇARTE, o que mudou? SIM NÃO
% %
a) Sua relação com as outras melhoraram? 95,89 4,11
b) Passou a ser mais comprometido em suas atividades? 93,15 6,85
c) Aumentou sua capacidade de expressão? 94,52 5,48
d) Melhorou o aproveitamento em atividades ou disciplinas da escola? 89,04 10,96
e) Passou a ser uma pessoa mais criativa? 94,52 5,48
f) Passou a ser uma pessoa mais critica? 73,97 26,03
g) Melhorou o comportamento de insegurança ou medo? 84,93 15,07
Gráfico 02: Depois que você entrou no grupo Dançarte, o que mudou.
Gráfico 04: Depois que você entrou no grupo Dançarte, o que mudou.
Gráfico 06: Depois que você entrou no grupo Dançarte, o que mudou.
Muitos dos problemas enfrentados com alunos de baixa renda se restringem na fala
do educador pela sua dificuldade em se concentrar nas atividades escolares e no índice de
repetência, assim como, de desistência escolar, apesar dos processos avaliativos não
estarem em discussão nessa proposta de pesquisa verificamos que as atividades
disciplinares vinculadas a atividades artístico-culturais têm valorizado o mecanismo de
ensino e facilitado resultados com os mesmo, em dados 61,64% tinham inúmeras
dificuldades escolares, a coordenação verificou menor evasão e mais tranqüilidade para
transmissão dos conteúdos em 89,04% dos participantes do grupo. Ler Gráficos 07 e 08.
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Gráfico 08: Depois que você entrou no grupo Dançarte, o que mudou.
Gráfico 10: Depois que você entrou no grupo Dançarte, o que mudou.
Gráfico 12: Depois que você entrou no grupo Dançarte, o que mudou.
perseverança e real mudança em 84,93% dos educandos, esses dados são diagnosticado
pelos acompanhamentos com seus familiares. Ver Gráficos 13 e 14.
Gráfico 14: Depois que você entrou no grupo Dançarte, o que mudou.
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6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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afro: construção resgate e preservação étnico cultural de um povo. [sl:sn,sd].
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VIANNA, Klauss. A dança. colaboração de Marco Antonio de Carvalho 2. ed. São Paulo:
Summus, 2005.
55
ANEXOS
56
2. SITUAÇÃO ECONÔMICA:
___menos de um salário; __ um salário __mais de um salário __ ñ consta informação
3. CONDIÇÕES DE MORADIA:
57
4.POLITICAS PÚBLICAS:
__ Bolsa Família; ____ Vale Gás; __ Bolsa Escola; ____ PETI;
_______________ outro, qual? ___; Ñ consta
OBS.:
APÊNDICE
Nome completo:
Turma:
Idade:
Quanto tempo participa do grupo Dançarte?
Observações:
Observações: